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HISTÓRIA - objetivo

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1HISTÓRIA
História integrada
Módulos
1 – Administração Colonial
2 – Economia Colonial – Caracterís ti cas Gerais e Açúcar
3 – União Ibérica e Invasões Francesa, Inglesa e
Holandesa
4 – Domínio Holandês e Restauração
5 – Bandeirismo e Interiorização
6 – Mineração
7 – Independência das Treze Colônias
8 – Movimentos Emancipacionistas
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1
Palavras-chave:
Administração Colonial • Capitanias • Foral
• Donatário • Gov. Geral
• Localismo
1. Início da colonização
Após um período de relativo abandono, Portugal
altera seus planos para o Brasil e procura desenvolver
uma colonização sistemática. Essa mudança se explica
por uma série de fatores. Os empreendimentos orientais
não eram mais tão lucrativos, em razão da distância e
dos seus altos custos de manutenção; os franceses
estavam rondando o litoral do Brasil e não aceitavam o
Tratado de Tordesilhas, por isso a ocupação das terras
era fundamental para garantir a sua posse; naquela
época, os espanhóis encontravam metais preciosos na
sua parte do Novo Mundo.
2. Regime de capitanias
hereditárias
A partir de 1534, teve início o referido regime, criado
por D. João III, ainda que, desde o início do século,
Fernando de Noronha já tivesse recebido uma capitania,
a de São João (atual ilha de Fernando de Noronha).
Naquela década, o Brasil foi inicialmente dividido em 14
ca pi ta nias, com 15 lotes, doadas a 12 donatários
(Martim Afon so recebeu duas partes, e Pero Lopes, três
partes). Posteriormente, ocorreram novas subdivisões.
Essa forma de administração das terras coloniais já havia
sido adota da com sucesso nas ilhas do Atlântico.
O regime possuía como bases jurídicas os seguintes
documentos: a carta de doação (documento de conces -
são e conjunto de deveres dos donatários); e a carta
foral (direitos e tributos devidos ao rei, mais os deveres
e direitos dos colonos). Segundo os documentos
básicos do sistema, os do na tá rios possuíam juris di ção
civil de sesmarias; direito de exportar certo número de
índios e escravos; di rei to sobre parte de determinados
impostos. Por outro lado, pagariam impostos à Coroa, e
a capitania era ina lie nável, podendo, no entanto, ser
read quirida pelo rei. Tal sistema, de modo geral, fracas -
sou, visto que apenas duas capitanias alcan çaram certo
desen vol vimento: a de Pernambuco, per ten cente a
Duarte Coelho, e a de São Vicente, de Martim Afonso de
Sousa, ambas em função da agricultura ca na viei ra e da
instala ção de engenhos. Na de São Vicente, houve a
Donatário: o recebedor e senhor de uma capitania-geral ou donatária.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 23/10/2020 16:23 Página 1
2 HISTÓRIA
ajuda propor cionada pela Coroa; e a de Per nam buco foi
favore cida, também, pela exploração do pau-brasil e pela
capacidade administrativa de Duarte Coelho, que soube
captar a amizade dos chefes indígenas locais. Entre as
principais razões do insucesso do regime de capitanias,
temos: a falta de recursos eco nô mi cos dos donatários,
acarretando o desinteresse pela terra; a vastidão do
território recebido em contraste com as obri ga ções e
encargos; a hostilidade dos indígenas; a dis tân cia da
Metrópole; dificuldades quanto ao clima e à natu re za
tropical; e, fundamental men te, a ausência de um órgão
centralizador, coordenador das ações dos dona tá rios, por
parte da Coroa Portuguesa.
A divisão do Brasil em donatárias correspondeu aos interesses lusos
de ocupação sistemática do litoral brasileiro.
O sistema de capitanias não foi uma forma de feuda -
lismo, visto que os donatários deviam grande obediência
a um rei absolutista português, sendo, portanto, verda -
dei ros agentes metropolitanos ou mandatários reais que
admi nis travam as capitanias. A produção agrícola desti -
nava-se a um mercado de consumo europeu (extro ver ti -
do) vinculado ao desenvolvimento do capitalismo, o que
não é uma carac terística do mundo econômico feudal
(introvertido).
Capitania de São Vicente.
O regime de capitanias não foi extinto com a criação
do Governo-Geral, em 1548. Paulatinamente, a Coroa foi
tomando de volta algumas capitanias, dando origem às
Capitanias da Coroa, por meio de compra, confisco, ou
em razão do abandono. O regime, como um todo, so -
mente seria extinto em 1759, pelo Marquês de Pombal.
3. Governo-Geral
Foi criado em 1548, pelo rei D. João III, mas somen -
te instalado no Brasil em 1549, em face do fracasso das
capitanias.
Com a criação do Governo-Geral do Brasil, a coroa portuguesa passou
a centralizar os esforços da empresa colonizadora.
O governador era nomeado pelo rei por um período
de quatro anos, possuindo três auxiliares básicos: o ouvi -
 dor-mor, encarregado dos negócios da Justiça; o pro ve -
dor-mor, dos negócios das Finanças; e o capitão-mor,
da defesa do litoral. Todos compunham o deno mi na do
Con selho de Governo, que tinha por fina lidade global
criar um órgão administrativo centralizador da ação colo -
ni zadora. Durante o domínio espanhol (1580-1640), o 
cargo de governador-geral passou a ser deno mi na do
vice-rei; e foi novamente adotado a partir de 1720. Após
1642, com a criação do Conselho Ultramarino, es se
órgão ficava encarregado da administração de todas as
terras coloniais lusitanas e das nomeações dos cargos
Confisco: apreensão de um bem em pro veito do fisco. 
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 2
3HISTÓRIA
do Con se lho de Governo, no Brasil. De acordo com o
Regi mento de Tomé de Sousa, de 1548, o obje ti vo
básico da criação do novo regime era a centralização
administra ti va. Nele, encontramos os encargos básicos
do go vernador: fun dar cidades; pacificar os indígenas e
punir os revol to sos; construir for tes e fisca li zar os
armamen tos, a arreca da ção dos impostos, bem co mo a
explo ração do pau-bra sil (mono pólio régio); com ba ter a
penetração dos cor sá rios; doar ses ma rias; e pra ti car a
justiça superior.
Principais governadores-gerais: o primeiro gover -
nador-geral foi Tomé de Sousa (1549/53), que em 1549
fundou a primeira cidade, Salvador, contando com a
valiosa colaboração de Diogo Álvares Correia ("Cara mu -
ru"). Tomé de Sousa trouxe consigo colonos, degredados
e seis missionários jesuítas chefiados pelo padre
Manuel da Nóbrega, que, em 1549, fundou o pri mei ro
colégio. Em 1551, foi criado o primeiro bispado do Brasil
(D. Pero Fernandes Sardinha). Na parte econômica,
houve o desenvolvimento da cana-de-açúcar, contando,
até mesmo, com a mão de obra escrava negra, e da pe -
cuária, com a introdução das primeiras cabeças de gado.
O segundo governador foi Duarte da Costa
(1553/58), que conheceu durante sua administração
inúmeros distúrbios. Houve, em 1555, a invasão fran ce -
sa no Rio de Janeiro, comandada por Villegaignon, que
fundou a colônia da França Antártica.
O filho do governador, D. Álvaro da Costa, entrou em
choque com o bispo Sardinha. Este último, chamado
pelo rei, quando se retirava do Brasil, naufragou e foi
trucidado pelos índios antropófagos caetés. Com a
chegada do seminarista José de Anchieta e sob a chefia
do Pe. Manuel de Paiva, em janeiro de 1554, os jesuítas
fundaram o Colégio de São Paulo de Piratininga, futura
vila homônima.
A primeira grande invasão francesa ocorreu em 1555,
no Rio de Janeiro, onde os franceses estabele ceram
uma colônia denominada França Antártica. Os
franceses (em número inicial de aproximadamente
600 pessoas) estavam sob o comando do almirante
Nicolau Durand de Villegaignon, havendo uma
grande participação de huguenotes (calvinistas
franceses, que constituíam um dos grupos da
oposição político-religiosa na França). Apesar de
serem oposicio nistas, receberam apoio do rei Hen -
rique II, por meio da mediação do almirante Gaspar
de Coligny. Após alguns desenten di mentos entre os
huguenotes e os católicos, em 1559, o comando saiu
das mãos de Villegaignon, passando para Bois-le-
Comte. Os franceses, desde o início, contavam com
o apoio dos índios tamoios, que os ajudavam na
luta contra a Coroa Portu guesa.
Antropófagos: aqueles que comem carnehumana.
Oscar Pereira da Silva (1867-1939). Fun da ção de São Paulo.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 3
4 HISTÓRIA
O terceiro governador, Mem de Sá (1558/72), em
1560, con se guiu derrotar os franceses, mas estes se
refugiaram nas aldeias indígenas, retornando às ilhas da
Baía de Guana bara logo depois, a fim de reconstruir a
colônia.
Em 1563, chegaram reforços de Portugal, coman da -
dos pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá, e o
movimento de expulsão tomou novo impulso. Aliando-se
aos índios temiminós, chefiados por Arariboia, e com a
adesão dos jesuítas Nóbrega e Anchieta (que em 1563
haviam conseguido neutralizar a Confederação dos Ta -
moios por intermédio do Armistício de Iperoig), Estácio
de Sá fundou, em 1o. de março de 1565, a po voação de
São Sebastião do Rio de Janei ro (que se tornou,
pouco de pois, a segunda cidade do Brasil), para facilitar
as ope ra ções contra os invasores. Estácio de Sá, porém,
foi feri do mortalmente quando alcançava a vitória em
Uru çu-Mirim. A derrota final dos franceses ocorreu, em
1567, sob o comando do próprio governador Mem de
Sá.
Em 1570, a Coroa nomeou D. Luís de
Vasconcelos governador-geral em substituição a Mem
de Sá, mas ele não chegou a tomar posse, pois foi
morto em alto-mar pelos franceses. Mem de Sá
governou até 1572, quando faleceu em Salvador, fato
que fez com que o rei D. Sebastião dividisse o Brasil
em dois governos.
4. Divisão do Brasil em dois
governos
A primeira divisão foi de 1572 a 1578 em: Governo
do Norte, entregue a D. Luís de Brito e Almeida, com
sede em Salvador; e Governo do Sul, entregue a D.
Antônio Salema, com sede no Rio de Janeiro. Em 1578,
em face do fracasso da divisão, ocorreu uma reuni fica -
ção, com a nomeação de um só governador (Lourenço
da Veiga). De 1608 a 1612, durante a fase do domínio
espanhol, ocorreu uma divisão idêntica à primeira e uma
nova reunificação. Em 1621, houve uma nova divisão em
dois: Estado do Brasil (capital: Salvador até 1763 e,
depois, Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão (capital:
São Luís e, após 1737, Belém, sendo que o Estado
passou a de no mi nar-se Estado do Grão-Pará e
Maranhão). A reu nificação, em 1775, foi feita pelo
Marquês de Pombal.
5. Câmaras Municipais
No âmbito geral do Brasil, o órgão básico era o Con -
selho de Governo, mas nas cidades passaram a existir
as Câmaras Municipais (ou Conselhos Munici pais),
presididas por um juiz e formadas por três verea do res
(homens-bons), eleitos por meio de sorteio entre os
membros da aristocracia rural.
Os juízes eram os escolhidos pela própria cidade
(juízes ordinários), ou os denominados juízes de fora,
letra dos nomeados para o cargo pela Coroa. O símbolo
dessa autonomia adminis trativa municipal era o pelou -
rinho, marco construído na praça principal da cidade.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 18:06 Página 4
5HISTÓRIA
6. A Política na Colônia
Durante o período colonial brasileiro, de modo geral,
encontramos o choque político entre duas forças. De um
lado, temos o denominado localismo político, que visa -
va a uma descentralização política. Era represen tado
pela força dos grandes senhores de terras e es cravos: a
aristocracia rural, com interesses regionais divergentes,
mas uma uniformização decorrente das pró prias
relações de produção e políticas. Essa força local era
expressada por meio da ação concreta das Câmaras
Municipais, formadas pelos “homens-bons”, isto é,
elementos da elite aristocrática rural local. Do outro lado,
encontramos o centralismo político, força centrípeta,
visando à unidade política, representado pelos órgãos
governamentais portugueses e caracterizado pelo 
fisca lis mo. Tais tendências centralizadoras eram expres -
sadas pelo Governo-Geral ou por algum outro órgão
gover na mental de funções locais, como a Intendência
das Minas.
Até meados do século XVII, houve uma relativa
coexistência e harmonia entre as duas forças acima ci ta -
das; mas, a partir da Restauração Portuguesa (1640),
ocor reu um enorme crescimento das forças centrali za -
doras, que passaram a expressar o crescente fiscalismo
e absolutismo portugueses. A partir desse momento,
ocor reu a tendência de um desencontro de interesses
entre os colonos e a Coroa Portuguesa.
Na administração colonial portuguesa, destaca-
se, portanto, o seu caráter eminentemente fiscalista,
além de ser incoerente, desordenada, inepta e marcada,
até mes mo, por momentos de grande corrupção e pelas
superpo sições de órgãos governamentais (e suas
funções), acar retando confusão das competências.
José Wasth Rodrigues (1891-1957). Paço Municipal, em 1628.
7. O estatuto jurídico da Colônia
A base jurídica da Colônia estava assentada num es -
ta tuto, idêntico ao da Metrópole, isto é, seguia as deno -
mi nadas Ordenações Reais, conjuntos de leis publi ca -
das pelo Estado português, que possuíam como carac -
terística a ação centralizadora e absolutista. As primeiras
foram as Ordenações Afonsinas (1446), alteradas em
1512 pelas Ordenações Manuelinas e, em 1603, pelas
Ordenações Filipinas. Tinham por inspiração originária o
Código Romano e o direito de Justiniano.
8. Cronologia
1534 – Implantação do regime de capitanias here ditárias.
1549 – Tomé de Sousa, primeiro governador-geral; fundação da ci da de de Salvador.
1553 – Duarte da Costa, segundo governador-geral.
1554 – Fundação de São Paulo.
1555 – Instalação da França An tár tica na Baía da Guanabara.
1558 – Mem de Sá, terceiro gover nador-geral.
1565 – Fundação da cidade do Rio de Janeiro. 
1567 – Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro.
Exercícios Resolvidos
� (UERJ – MODELO ENEM) – GOVERNO
DO ESTADO ACU SA O PREFEITO CESAR
MAIA DE DI FAMAR A POLÍCIA EM ARTIGO
“O procurador-geral do Estado do Rio, Fran -
cesco Conte, pediu ontem à Justiça agilidade
no processo aberto na quarta-feira contra o
prefeito Cesar Maia, que atacou a política de
segu rança pública do governo estadual em
artigo publicado no dia 15 de agosto na seção
‘Tendências/Debates’ da Folha.”
(Folha de S.Paulo, 24 ago. 2001.)
Os conflitos entre as várias instâncias político-ad -
ministrativas não constituem um problema ex -
clusivo dos dias de hoje. Desde a época colo -
nial, cada instância administrativa desejava o
poder para si, tornando-se cenário de dispu tas
diversas. O seguinte órgão local da admi nis tra -
ção constituía-se como espaço de nego cia ção
política, no Brasil colonial:
a) Câmara Municipal.
b) Tribunal da Relação.
c) Capitania Hereditária.
d) Conselho Ultramarino.
Resolução
As Câmaras Municipais foram os primeiros
orgãos adminis trativos criados no Brasil e, com
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 5
6 HISTÓRIA
a implantação do Governo-Geral, a partir de
1548, passaram a lutar constantemente em
busca de autonomia.
Resposta: A
� (UNESP – MODELO ENEM) – “O Brasil
foi dividido em quinze quinhões, por uma série
de linhas paralelas ao equador que iam do
litoral ao meridiano de Tordesilhas, sendo os
quinhões entregues (...) [a] um grupo
diversificado, no qual havia gente da pequena
nobreza, burocratas e comer cian tes, tendo em
comum suas ligações com a Coroa.”
(Boris Fausto, História do Brasil.)
No texto, o historiador refere-se às
a) câmaras setoriais.
b) sesmarias.
c) colônias de povoamento.
d) capitanias hereditárias.
e) controladorias.
Resolução
A descrição oferecida pelo texto identifica o
sistema de ca pitanias hereditárias, estrutura
criada por Portugal, implantada com sucesso
nas ilhas atlânticas e que, posteriormente,
seria utilizada no Brasil para transferir a parti -
culares os custos da colonização.
Resposta: D
� Do que tratavam as cartas de doação e a foral? 
RESOLUÇÃO:
Na carta de doação, o rei transferia o direito de uso da terra que
lhe pertencia. Na foral, estabelecia os direitos e deveres do dona -
tário.
� Sobre o regime de capitanias hereditárias, respon da:
a) quais os fatores que levaram o governo português a im plan -
tá-las?
b) quais os motivos que as levaram ao fracasso?
RESOLUÇÃO:
a) O governo queria implantar umsistema que já tinha dado certo
nas ilhas atlânticas e transferir os custos da colonização a
particulares, garantindo, assim, a posse da terra.
b) Ausência de centralização político-administrativa, falta de re -
cursos dos donatários, distância da Metrópole e hos ti li da de
indígena.
Exercícios Propostos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 6
7HISTÓRIA
� (UFRS – MODELO ENEM) – As Câmaras Municipais foram
instituições fundamentais em todos os lugares onde houve a
presença do Império ultramarino lusitano. Na América
portuguesa não foi diferente, pois nas principais aglomerações
urbanas elas exerciam um papel político essencial.
Considere as seguintes afirmações, referentes à caracte ri za -
ção dessas instituições.
I. Eram os canais de expressão política das elites locais, dos
“homens-bons” residentes nas diferentes vilas coloniais.
Atra vés da ocupação dos cargos na Câmara, essas elites
expres savam suas demandas junto aos poderes centrais,
como os governadores e a própria Coroa.
II. Eram órgãos legislativos dedicados à aplicação das
Ordenações Filipinas, sendo a eleição para os cargos ca ma -
rá rios feita pelo voto direto e democrático do conjunto da
po pu lação.
III. Eram corpos deliberativos para os quais podia ser elegível a
maior parte da população, excetuando-se somente os es -
cravos africanos e os indígenas.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) Apenas II e III.
RESOLUÇÃO:
A afirmativa II está incorreta, pois as Câmaras Municipais foram
orgãos administrativos criados antes da União Ibérica (1580-1640),
quando foram implantadas as ordenações filipinas. A escolha dos
seus representantes era reservada aos membros da elite, os
chamados “homens-bons”.
A afirmativa III está incorreta, porque somente os homens-bons
poderiam votar e serem votados.
Resposta: A
� (UFPR – MODELO ENEM) – "O ser senhor de engenho é
título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido,
obedecido e respeitado por muitos". Essa frase de João
Antônio Andreoni (conhecido como Antonil), escrita no seu
livro Cultura e opu lência do Brasil por suas drogas e minas,
refere-se aos:
a) ricos comerciantes que lidavam com os negócios de ex por -
tação e importação.
b) lavradores assalariados que plantavam a cana-de-açúcar.
c) trabalhadores livres dos engenhos: artesãos, barqueiros,
capatazes.
d) grandes proprietários das fábricas de manufaturas têxteis.
e) proprietários das terras que formavam a aristocracia agrária,
de grande poder econômico e político.
RESOLUÇÃO:
Também conhecidos como “homens-bons” ou ainda “homens de
cabedal”, ou seja, de posses e riquezas.
Resposta: E
� Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os
mortos é uma prática quase íntima, que diz
respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de
uma persona lidade conhecida. Entretan to, isso nem sempre foi
assim. Para um historiador, os sepulta mentos são uma fonte
de informações importantes para que se compreenda, por
exemplo, a vida política das sociedades. 
No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepulta mentos,
a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desva lori -
zadas, porque o mais importante era a democracia experi -
mentada pelos vivos.
b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os
rituais fúnebres, preocupando-se mais com a sal vação da
alma.
c) no Brasil Colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas
era regido pela observância da hierarquia social.
d) na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos
de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos.
e) no período posterior à Revolução Francesa, devido às
grandes perturbações sociais, abandona-se a prática do luto.
RESOLUÇÃO:
A forte hierarquização da sociedade colonial brasileira transpa -
recia não só no posicionamento dos vivos durante os serviços
religiosos (os “homens-bons” e suas famílias ocupavam os
assentos mais próximos do altar), mas também no dos mortos.
Com efeito, os mem bros das famílias influentes tinham suas
sepulturas no interior das igrejas, ao passo que os mortos de
menor expressão social eram enterrados nos terrenos circun -
vizinhos, com uma simples cruz a marcar o local da inumação. 
Resposta: C
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 7
8 HISTÓRIA
1. Características gerais
Em consequência do tipo de colonização desenvol -
vida por Portugal no Brasil, uma colônia de exploração,
encontramos as características gerais a seguir.
Foi uma economia integrada ao sistema capita lis ta
nascente, fornecendo ao seu centro produtos vege tais
tropicais, alimentos, matérias-primas e miné rios. Conse -
quentemente era complementar, especia li za da, alta -
mente depen dente do mercado consumidor metro po -
litano e basicamente extrovertida, ou seja, de expor tação.
Foi caracterizada, também, por ser uma econo mia preda -
tória, isto é, altamente desgastante em rela ção aos
recursos naturais da colônia. Essa carac te rística de pre -
dadora esteve relacionada à própria utilização de prá ticas
agrícolas rudimentares, tais como a queimada ou coivara,
que acar retaram um rápido es go tamento da terra.
O escambo no século XVIII
A produção colonial estava baseada na grande pro -
priedade monocultora. O surgimento da grande pro -
prie dade no Brasil não está relacionado apenas à exi -
gência de uma produção em larga escala objetivando o
lucro pela exportação de produtos tropicais, mas
também a deter mi na dos fatores históricos de origem,
como as doações das grandes áreas na forma de
sesmarias (pertencentes a deter minada capitania
hereditária); à neces sidade de ocupação efetiva do
território; e – prin cipalmente – às exigências criadas pela
cana-de-açúcar, produto ini cialmente cultivado no Brasil
e que se tornou a base da nossa colonização inicial. O
referido produto, possuindo uma baixa produti vi dade
por unidade ter ritorial de plantio, não seria lucrativo.
Necessaria mente, para sê-lo, teve de ser cultivado em
larga escala de produção.
No Brasil, a grande propriedade domi nan te foi o
denominado lati fún dio (gran de pro priedade, carac -
terizada pelo uso de muita mão de obra, por técnicas
precá rias e por baixa produti vi da de). Em algumas re -
giões, como Bahia e Pernam bu co, na épo ca do apo geu
da cana-de-açúcar, entre os séculos XVI e XVII, desenvol -
veram-se algumas grandes pro prie da des do tipo plan -
tation (menos mão de obra, téc nicas mais aperfeiçoa -
das e alta produtividade), mas que não chegaram a ter a
mes ma produtividade que as famosas plantations da
região antilhana.
Outra característica ge ral foi a predo minân cia do
trabalho escra vo. A implantação des se novo escra vis mo
es tá adequada às exi gên cias do sistema capita lista nas -
cente e de sua efetivação na periferia do sistema colonial,
ou seja, foi fundamental para realizar a acumu la ção de
capitais. No Bra sil, a mão de obra es cra va abran geu dois
tipos: a indígena (ou escravismo ver me lho); e a negra
africana. A primeira, apesar de toda uma reação contrária
dos padres jesuítas, foi praticada até 1758, quando ocorreu
a abolição do escravismo indígena em face do decreto
neste sentido publicado pelo Marquês de Pombal. A mão
de obra escrava negra já era adotada pelos portu gueses
nas ilhas do Atlântico, sendo, portan to, o tráfico negreiro
preexistente ao descobri mento do Brasil (re monta a aproxi -
madamente 1440). No Brasil, as primeiras levas de
escravos negros foram introduzidas na década de 1530,
mas o tráfico negreiro se tornou mais intenso a partir de
1550, com a dina mização da agricul tu ra cana vieira no
Nordeste, na Bahia e no Rio de Janeiro. A pre do mi nân cia
da escravidão africana explica-se pela alta lucra tividade que
este comércio proporcionava ao Estado português, e não
pela produtivi da de em relação ao indí gena, como se
justificava anti ga mente. Ao che garem ao Brasil, os
africanos eram submetidos às mais cruéis formas de
submis são. Muitos deles resis tiram a esse trabalhocom -
pul sório, por meio de fugas, revoltas, suicídio, mutilações
e “corpo mole”. Do século XVI até a abolição do tráfico
(1850), foram introduzidos e ficaram no Brasil quase
3.500.000 negros, divididos, basica men te, em virtude de
sua origem, em dois grupos: sudane ses e bantos.
O último aspecto geral da nossa economia foi o fato de
ter sido carac terizada por períodos ou fases, em que se
sobressai um “produto-rei ou cha ve”. Tais perío dos econô -
micos são chamados por alguns estudiosos de ciclos.
2
Palavras-chave:Economia Colonial –
Características Gerais e Açúcar
• Sociedade Patriarcal 
• Pacto Colonial • Escravidão
• Açúcar • Pecuária 
Coivara: ato de queimar mato ou lavoura para limpar o terreno a ser plantado, adu ban do-o com a própria cinza.
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9HISTÓRIA
2. Cana-de-açúcar
A fase canavieira abrangeu da segunda metade do
século XVI até o final do século XVII, e a época do apo -
geu do açúcar corresponde ao período de 1570 a 1650.
A agricultura canavieira foi o fator que determinou a
colonização portu guesa no Brasil e consequen temente a
criação de formas político-administrativas aqui desen -
volvidas pelo Estado português, como a criação das ca -
pitanias here ditárias, dos governos gerais e a intro duç ão
do elemento escravo negro.
A introdução da cana-de-açúcar por Martim Afonso
de Sousa, no início da década de 1530, encontrou uma
con juntura favorável externa e internamente. Na Europa,
naquela época, havia ocorrido um aumento geral dos
preços e um crescimento da demanda, havendo por tan -
to um mercado favorável. Interna mente, há diversos
fatores explicativos do desenvol vi mento da agricultura
cana vi e ira, tais como: a experiência anterior adquirida
pelos portugueses nos engenhos instalados nas ilhas do
Atlân tico; as condições naturais propícias, principal -
mente no Nordeste, onde são encontradas boas carac te -
rís ticas cli ma tológicas e pedológicas (solo de massapê
do litoral do Nordeste); facilidade de obtenção da mão de
obra escra va negra nas colônias portuguesas da Áfri ca;
mercado consumidor em expansão, com boa pe ne tra ção
dos fla men gos, que eram os principais distri bui dores do
produto na Europa; facilidade de aquisição dos capitais
flamen gos para o financiamento dos grandes engenhos.
Áreas de produção açucareira
Na agricultura e no mundo canavieiros, de ve ser des -
ta cada a in ten sa par ti cipação dos fla men gos. Estes atua -
 vam em diversos setores e etapas de produção do
açúcar: fi nan ciamento de capi tais; produção de ma te riais
pa ra engenhos; transporte do açúcar para a Europa; co -
mér cio negreiro; refina ção do açú car e distribui ção do
produto nos cen tros consumi dores europeus.
Nas principais regiões produtoras – Bahia, Pernam -
buco, outras regiões do Nordeste e Rio de Janeiro –, en -
con tramos a instalação da unidade produtora, que eram
os engenhos. Estes podiam ser basicamente de dois
tipos: o engenho – d'água ou real; e o engenho trapi che,
movido por força animal (no Nordeste, engenhos deste
último tipo também eram chamados de banguês). Em
ambos os tipos, eram encontradas as denominadas
“casas”, ou seja, espécie de compartimentos que
constituíam a grande unidade produtora. Destacavam-se
a denominada casa da moenda, a casa das fornalhas e a
casa de purgar. Além desses enge nhos, existiam
peque nas unidades produtoras: as enge nho cas ou
molinetes.
No mundo canavieiro, formavam-se diversos tipos
de fazendas ou pro priedades. Existiam os engenhos 
ou a grande propriedade senhorial (latifúndio ou
plantation). Nessas grandes fazendas, eram construídas
de três a quatro edificações caracterizadoras da época: a
ca sa-grande, a senzala, a capela e o engenho pro -
priamente dito. Existiam também as fazendas livres,
médias e peque nas propriedades, e as denominadas fa -
zendas obri ga das. Estas últimas eram tre chos de terras
cedidas pelos senhores de engenho a um colono,
mediante a obri ga ção deste de moer a cana no engenho
central. Na oportunidade, entre 50% e 60% da produção
ficavam para o senhor da terra.
Esses tipos de propriedades fundiárias estão intima -
mente ligados ao apa recimento de camadas e tipos
sociais característicos do mundo agrícola do Nor deste
(jagun ços, dependentes, cangaceiros etc.).
Era em torno dessas propriedades que gravitava
toda a vida fundamen talmente rural desses primeiros
séculos da História brasileira. Desse mundo é que resul -
tou a própria formação social e étnica do Brasil. Nasceu
uma sociedade basi camente rural, patriarcal, con ser -
va do ra, escravista, em crescente miscigena ção com
os elemen tos indígenas e negros e rigidamente estrati -
fi cada, ou seja, com pouca mobilidade social.
A economia canavieira pode, portanto, ser caracteri -
zada pela existência da grande propriedade escravista;
pela aplicação de grande capital inicial (de inves timento
normalmente estrangeiro); pela grande concentração de
renda nas mãos senhoriais; e pela baixa produtividade,
em face das técnicas rudimentares de pre paro do solo.
Na segunda metade do século XVII, teve início o
Flamengo: o mesmo que holandês, ou batavo. 
Casa de purgar: local onde se drenava a massa pastosa para separar o açúcar do melaço.
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10 HISTÓRIA
processo de decadência da produção canavieira. Suas
principais causas estão relacionadas ao aumento da
concorrência, caracterizada pelo aumento da produção
da região anti lhana, fato este estreitamente rela cio na do
à introdução de capitais e melhores técnicas imple men -
tadas pelos holandeses, que em grande parte tinham
sido expulsos do Nordeste do Brasil, em 1654. Outros
fatores atuaram na decadência: a queda de preços do
produto no mercado europeu, acompanhada de uma
crise econômica nas metrópoles, fato que veio a reduzir
o consumo.
A decadência abrangeu a segunda metade da quele
sé cu lo de tal forma que, ao chegar ao século XVIII, o
Brasil, que havia sido o primeiro exportador mundial de
açúcar, passou a ocupar a quinta posição. A cana-de-açú -
car somente recuperou uma posição considerável um
século depois, ou seja, no final do século XVIII, com a
decadência da mineração do ouro.
3. Atividades subsidiárias
Entre as principais atividades subsidiárias, encon -
tramos a agricultura de subsistência e a pecuária.
Agricultura de subsistência
Atividade independente do setor exportador, com
predominância de pequenas e médias propriedades que
se utilizavam de mão de obra livre, do agregado e princi -
pal mente do pequeno arrendatário de terras. Nesse
setor, havia uma pequena produtividade e um baixo nível
de renda.
A produção de gêneros de subsis tência – mandioca,
milho, batata, cará, arroz e inhame – des tinava-se funda -
men tal mente ao consumo nos engenhos e aos centros
urbanos, como o ocor rido na época da mineração.
Pecuária
A principal fina lida de do gado intro du zi do no Brasil,
desde o século XVI, era sua uti lização como força mo -
triz, como animal de tra ção e transporte (ani mal de
tiro), e em segundo plano é que se des ti nava à alimen -
ta ção por meio da pro du ção das carnes em conserva:
car ne-seca, carne de sol e o char que do Sul do Brasil.
A pecuária foi uma atividade subsidiária ou à
grande lavoura de exportação, como a da cana, ou à
mineração e centros urbanos, a partir do século XVIII.
As principais re giões pecuaristas foram:
• Sertão do Nor des te e Vale do São Fran cisco.
Nessas regiões a mão de obra da pe cuária extensiva,
de baixo índice técnico, era livre, represen ta da pelos
vaqueiros e seus auxiliares, os "fábricas". Advinda do
sertão do Nordeste, a pecuá ria atingiu a região do
Maranhão, Piauí e o Vale do Rio São Francisco, cogno -
minado de o Rio dos Currais, onde ocorreu a formação
de grandes fazendas pecuaristas em face das
melhores condições naturais de pasto, água e sal-
gema (séculos XVI e XVII).
• Outra região foi o sul de Minas Gerais, onde era
encontrada uma pecuária com técnica superior,
fazendas com cercados, pastosmais bem cuidados,
rações extras para o gado e a utilização da mão de obra
escrava. O grande merca do era representado pelas
zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma di -
versificação da pro du ção: gado bovino, muar, suíno,
caprino e equino (sé cu lo XVIII).
• Campos Gerais, correspondendo ao interior de
São Paulo e Paraná, foi outra região de pecuária, com
a produção de animais de tiro para a região mine -
radora, no século XVIII. Há predominância da mão de
obra livre, cons tituída de tropeiros.
• A última região foi o Rio Grande do Sul, que,
desde o século XVIII, com a colonização açoriana,
iniciou a criação de gado. Mão de obra predominan -
temente livre, mas havendo paralelamente a utilização
de es cra vos negros e indígenas nas missões
jesuíticas. Desen volvi men to da indústria do charque e
da criação de gado bovino, muar, equino e ovino.
Expansão territorial provocada pela pecuária (século XVIII)
Rio
Ama
zona
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Belém
Fortaleza
Natal
Jaguaribe
Salvador
Jaguaçu
São Luís
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Rio Paraíba
Rio Tietê
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PECUÁRIA
Atividades subsidiárias: atividades de segunda impor tância que
reforçam aquelas que são principais, de apoio ou complementar.
Agricultura de subsistência: agri cul tura de produtos desti na dos ao
sustento cotidiano.
Força motriz: aquela que tem a capaci dade de mover.
Tropeiros: aqueles que conduziam as tropas de animais.
Charque: carne de vaca salgada e em mantas.
Muar: mulas.
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11HISTÓRIA
� (UEL – MODELO ENEM) – Examine o quadro abaixo.
(Johann Moritz Rugendas, Família de Plantador, 1812. 
In L. de M. Souza (org.) História da vida privada no Brasil: cotidiano e
vida privada na América portuguesa. São Paulo: Compa nhia das
Letras, 1997, p. 100.)
Com base nesse quadro, que retrata o interior de uma residên cia abas -
tada do mundo rural, é correto afirmar:
a) Nas moradias mais ricas, os escravos eram impe di dos de con viver
com as crian ças bran cas nos apo sen tos da casa.
b) Nos primeiros sé cu los da colonização, as ca sas mais abas tadas
pos suíam um mo biliário lu xuoso que aco mo dava confortavelmente
os mo radores.
c) Por se tratar de uma so ciedade sem estra ti fi cação social, o convívio
entre bran cos e negros decorreu sem maiores tensões, favo recen -
do reuniões permeadas de cordialidade.
d) Os moradores da colônia deram grande importância à privacidade,
separando, para tanto, as mulheres do convívio com escravos e
demais membros da família.
e) Embora existissem domicílios de vários ti pos de norte a sul da
colônia, eram inevitáveis a presença de escravos e a sua con vi -
vência com os senhores e demais membros da família.
Resolução
Os escravos eram os braços e pernas dos senhores de engenho,
afinal, para os brancos, o trabalho braçal era consi de ra do aviltante. A
depreciação do trabalho foi um dos elementos formadores do pen -
samento social brasileiro. 
Resposta: E
� (PUC-RIO – MODELO ENEM) – “Cos tu mam alguns senho res dar
aos escravos um dia em cada semana para plantarem para si,
mandando algumas vezes com eles o feitor para que não se
descuidem. E isto serve para que não padeçam fome, nem cerquem
cada dia a casa de seu senhor pedindo-lhes a ração de farinha. Porém
não lhes dar farinha nem dia para a planta rem, e querer que sirvam de
sol a sol no partido, de dia e de noite com pouco descanso no engenho,
como se admitirá no Tribunal de Deus sem castigo?”
(Antonil. Cultura e opulência do Brasil por 
suas drogas e minas. 1711.)
A partir da citação anterior e de seus conhe ci mentos sobre a sociedade
colonial da América Portuguesa, examine as afirmativas a seguir.
I. Na sociedade colonial, o prestígio social residia em ser senhor de
terras e de homens, e a possibilidade de riqueza vinha da atividade
comercial.
II. Os senhores de engenho permitiam que alguns de seus escravos
possuíssem uma lavoura de subsistência, inclusive com direito à
venda de excedentes.
III. Apesar da violência que marcava o coti dia no dos enge nhos, os
escravos conse gui ram, em certa medida, criar e recriar laços cul -
turais próprios, vários deles herdados de suas raízes africanas.
IV. Diante do risco de punições pelos se nho res – surras, aprisio namen -
to com correntes de ferro, aumento do trabalho etc. – as tentativas
de fugas escravas diminuíram ao longo do período colonial.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) Somente as afirmativas I e III estão cor retas.
c) Somente as afirmativas I, II e III estão cor retas.
d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
Resolução
A afirmativa IV está incorreta, porque as fugas de escravos não
cessaram, apesar de todo o aparato repressivo, estruturado pelos
se nhores.
Resposta: C
4. Cronologia
1533 – Fundação do Engenho do Governador ou dos Erasmos, em São Vicente, por Martim Afonso de Sousa.
1534 – Introdução do gado na capitania de São Vicente. 
1535 – Primeiro engenho de açú car em Olinda.
1538 – Chegada ao Brasil dos pri mei ros escravos africanos.
1568 – Início do tráfico regular de escravos negros para o Nordeste do Brasil.
Exercícios Resolvidos
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12 HISTÓRIA
� No Nordeste brasileiro colonial, compare as áreas de
produção açuca reira e pastoril.
RESOLUÇÃO:
O açúcar era produzido no litoral nordestino, com trabalho
escravo e voltado para o mercado externo.
A pecuária ocupava o interior, utilizava trabalho livre e era voltada
para o mercado interno.
� Explique a importância dos flamengos na agromanufatura
do açúcar.
RESOLUÇÃO:
Os flamengos praticavam o tráfico negreiro, produziam materiais
para os engenhos e distribuiam o açúcar na Europa.
� (FUVEST-FGV) – A escravidão indígena adotada no início
da colonização do Brasil foi progressivamente abandonada e
substituída pela africana, entre outros motivos, devido 
a) ao constante empenho do papado na defesa dos índios
contra os colonos.
b) à bem-sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios.
c) à completa incapacidade dos índios para o trabalho.
d) aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos
capitais particulares e à Coroa.
e) ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem para o
Brasil em busca de trabalho.
RESOLUÇÃO: 
Antigamente, explicava-se a escravidão pela resistência física do
negro e sua melhor adaptação ao trabalho agrícola.
Resposta: D
	 O açúcar e suas técnicas de produção foram
levados à Europa pelos árabes no século VIII,
durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das
Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando.
Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e
produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a
ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a
figurar nos dotes de princesas casadoiras.
(CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716).
São Paulo: Atual, 1996.)
Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar
foi o produto escolhido por Portugal para dar início à
colonização brasileira, em virtude de:
a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vanta joso.
b) os árabes serem aliados históricos dos portugue ses.
c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.
d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse
produto.
e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo
semelhante.
RESOLUÇÃO:
Devido ao fracasso do comércio de especiarias, tornado evidente
por volta de 1530, a Coroa Portuguesa decidiu iniciar a
colonização do Brasil, com base na grande lavoura de exportação
(fator de fixação de colonos no território brasileiro, facilitando a
defesa contra eventuais ataques estrangeiros). Optou-se pelo
cultivo da cana-de-açúcar porque o produto resultante alcançaria
preçosvantajosos nos mercados europeus. Além disso, Portugal
já dominava as técnicas do plantio de cana e da produção de
açúcar, já praticados nos Açores, Madeira e Cabo Verde.
Resposta: A
Exercícios Propostos
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13HISTÓRIA
� (UFC – MODELO ENEM) – Leia o texto a seguir.
“A barbarização ecológica e populacional acompanhou as
marchas colonizadoras entre nós, tanto na zona canavieira
quanto no sertão bandeirante; daí as queimadas, a morte ou a
preação dos nativos. Diz Gilberto Freyre, insuspeito no caso
porque apologista da colonização portuguesa no Brasil e no
mundo: 'O açúcar eliminou o índio'. Hoje poderíamos dizer: o
gado expulsa o posseiro; a soja, o sitiante; a cana, o morador.
O projeto expansionista dos anos 70 e 80 foi e continua sendo
uma reatualização em nada menos cruenta do que foram as
incursões militares e econômicas dos tempos coloniais”.
(Alfredo Bosi. Dialética da colonização. 
São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 22.)
A partir da leitura do texto, pode-se concluir, corretamente, que
a) os princípios republicanos garantiram, no século XX, uma
ocupação territorial, feita com base na realocação
econômica, nos centros urbanos, dos sujeitos expulsos
pelas novas atividades implantadas no interior do país.
b) o impacto ambiental e social das atividades econômicas
implantadas é um problema que surgiu recentemente, a
partir da mecanização das práticas agrícolas e pastoris.
c) a marginalização social e econômica de alguns grupos
constitui um dos efeitos das atividades econômicas desen -
volvidas no Brasil desde o período colonial.
d) o desenvolvimento da atividade açucareira na colônia
alterou as condições naturais do território, ao introduzir o
plantio em áreas extensas, o que reverteu em ganhos para
as comunidades locais.
e) a introdução de atividades modernas, desde a colônia, vem
substituindo a ocupação predatória do meio ambiente, pelos
nativos, por outra mais racional que, ao otimizar os recursos
naturais, garante sua renovação.
RESOLUÇÃO:
A lógica capitalista (de acordo com o pensamento marxista) pro -
duz o enriquecimento de alguns e gera inevitavelmente a pobreza
de outros. 
Resposta: C
 ”Torna-se claro que quem descobriu a África
no Brasil, muito antes dos europeus, foram os
próprios africanos trazidos como escravos. E esta desco berta
não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se
também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há
razões para pensar que os africanos, quando misturados e
transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a
existência entre si de elos culturais mais profundos.”
(R. Slenes. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do
Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92. Adaptado.)
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de
diferentes partes da África, a experiência da escravidão no
Brasil tornou possível a
a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
b) superação de aspectos culturais africanos por antigas
tradições europeias.
c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
d) manutenção das características culturais específicas de
cada etnia.
e) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.
RESOLUÇÃO:
A alternativa corrobora as afirmações do texto, nas quais o
brazilianist Robert Slenes detecta, entre os escravos negros
trazidos para o Brasil, o surgimento de uma identidade cultural
forjada por sua própria condição de escravos. Essa unidade
africana sobrepôs-se às diferenças etnoculturais das diversas -
populações transplantadas do continente negro para o Brasil.
Resposta: A
� ”Em um engenho sois imitadores de Cristo
crucificado porque padeceis em um modo
muito semelhante o que o mesmo Salvador padeceu na sua
cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois
madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não
faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma
vez, servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a
esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de
noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as
vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos;
Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado,
e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites,
as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a
vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência,
também terá merecimento de martírio.”
(A. Vieira. Sermões. Tomo XI. 
Porto: Lello & Irmão, 1951. Adaptado.)
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma
relação entre a Paixão de Cristo e
a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos bra -
sileiros.
b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) o papel dos senhores na administração dos engenhos.
e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.
RESOLUÇÃO:
O Padre Antônio Vieira – o maior orador sacro da língua portu -
guesa – estabelece um paralelismo entre a Paixão de Cristo e o
sofrimento dos escravos nos trabalhos da produção de açúcar no
Brasil Colônia. E, embora demonstre compaixão pelos maus-tra -
tos infligidos aos cativos, o jesuíta encerra sua fala con cla mando
os negros a ter paciência, pois sua resignação os aproxi maria
ainda mais do martírio de Jesus. Ou seja, os métodos de trabalho
vigentes são criticados duramente, mas o sistema escra vista
acabava sendo admitido.
Resposta: E 
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14 HISTÓRIA
1. A União das Coroas Ibéricas
Esta fase é conhecida pelas denominações de Perío -
do Habsburgo, Filipino, União Ibérica ou Domínio Espa -
nhol.
Após a morte de D. Sebastião I, em 1578, em
Alcácer Quibir, no norte da Áfri ca, o trono português (de
1578 a 1580) ficou com seu tio-avô, o cardeal D. Hen ri -
que, que veio a falecer nesta última data. Felipe II, rei da
Espanha, era o parente mais próximo com direito a
ocupar o trono. Contando com o apoio da nobreza e da
burguesia por tuguesa, ordenou ao duque de Alba, em
1580, a invasão de Portugal.
Entre as consequências da união das Coroas Ibé ri -
cas, destacam-se a constituição de um grande Império
Colo nial Ibérico, que provocou, entretanto: o desman te -
la men to do Império Luso no Oriente; e a formação da
“Invencível Armada”, que, diante da sua derrota, em
1588, não só acarretou uma grande decadência militar
em Portugal, como também arrastou este país para os
conflitos desastrosos com a Inglaterra, a França e princi -
palmente a Holanda. Apesar do domínio espanhol em
Portugal, este manteve sua autonomia adminis tra tiva,
mas foi atingido por uma grande crise econô mica. Outra
consequência foi o fecha men to dos portos ibéri cos aos
navios flamengos, inclu sive nas colônias, boi co tando
desta forma o comércio açucareiro. Tal boicote e con fis -
co dos navios flamengos acar retaram as invasões ho lan -
desas no Brasil e em outras colônias por tu guesas, onde
a Holanda tinha capitais investidos. No Brasil, além
desses fatos, ocorreu a su pres são tempo rá ria dos li mi -
tes de Tordesilhas, a expan são territorial, a interrupção
do tráfico negreiro devido às inva sões holan desas e o
consequente incremento da escra vi dão indígena.
2. Ataques e invasões
Entre os fatores básicos que justificam as inva sões
e ataques estrangeiros ao Brasil, encontramos, ini cial -
mente, a estipulação do Tratado de Tordesilhas (junho de
1494), firmado entre Espanha e Portugal, a partir do qual
ocorreu uma marginalização da Inglaterra, da França e da
Holanda em relação à partilha das terras recém-conquis -
ta das, provocando por parte desses países diversas
repre sá lias. Em um segundo momento, temos a União
das Coroas Ibéricas (1580-1640), que provocou uma
grande reação daqueles países aos monopólios ibéricos
Boicote: punição feita, geralmente, em represália, recu san do manter relações co merciais ou sociais.
Invasões e ataques estrangeiros: presen ça em território brasileiro de indi víduos que não eram de naciona li da de por tu gue sa, com vistas ao saque
e à posse de terras.
Extensão do Império Espanhol
3
Palavras-chave:União Ibérica e Invasões
Francesa, Inglesa e Holandesa
• Império Luso-Espanhol 
• Dom Sebastião • Corsários
• França Equinocial 
• Guerra Brasílica
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15HISTÓRIA
estabe le cidos em relação ao comércio e à navegação
coloniais. As principais invasões e ataques empreen -
didos por Inglater ra, França e Holanda ocor reram durante
o domínio espa nhol (relacionando-se com as rivalidades
da política euro peia) e arrastaram Portugal nos
desastrosos conflitos que envolviam a Espanha.
3. As invasões inglesas
Desde a década de 1530, havia um comércio ilícito
mantido pelos ingleses diretamente com os indígenas.
Tal fato constituiu a causa básica dos ataques ingleses,
que objetivavam o saque praticado por piratas, corsários
e almirantes ingleses, principalmente na fase do governo
da rainha Elizabeth I (Isabel).
Em 1583, o almirante Edward Fenton entrou em
Santos, mas foi repelido. Em 1586, entretanto, Thomas
Cavendish, na noite de Natal, ocupou a Vila de San tos,
saqueando-a e exigindo o pagamento de um resgate. No
ano seguinte, tentou um novo ataque a Santos, mas sem
sucesso. Em 1587, ocorreu um ataque fraca s sado à cidade
de Salvador, chefiado por Robert Withrington e Lister. Em
1595, nova expedição, comandada pelo inglês James
Lancaster, tendo a participação do corsário francês Venner,
atacou com grande sucesso o povoado de Recife.
4. As invasões fran cesas
Desde o período pré-colonial já ocorriam in cur sões
francesas, prin ci pal mente no litoral do Nordeste e do 
Rio de Janeiro, onde prati ca vam o contrabando do 
pau-brasil e con ta vam com a colabo ra ção indí gena.
A França Equi no cial
(Maranhão – 1612-1615)
A segunda ten ta tiva de se formar uma colônia
francesa no Brasil foi no Ma ranhão. A origem des sa colô -
nia re mon ta ao ano de 1594, quando alguns náu fra gos
franceses, li de ra dos por Jacques Riffault, es ta be le ce -
ram-se na região. Um outro francês, Charles de Vaux,
que havia sido aprisio na do no Ceará, regres sou à França
e difun diu a ideia de ser cri a da uma colônia fran ce sa na
região do Ma ranhão, área ain da a ban donada. Em 1612,
chegou ao Ma ra nhão uma expedi ção co man dada pelo
nobre Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière,
contan do com a participação de diversos outros fidalgos.
Os franceses estabeleceram as bases da colônia, que
recebeu o nome de França Equinocial, sendo, em 1612,
fundado o Forte de São Luís (futura cidade).
A expulsão dos franceses ocorreu em 1615, após
um acordo firmado entre eles e os portugueses (estes
últimos não o cumpriram).
Ataques de corsários
ao Rio de Janeiro (1710-1711)
Esses ataques es tão relacionados à co bi ça des per -
tada pela Fran ça sobre o ouro que saía pelo porto do
Rio de Ja nei ro e a um pretexto que está vinculado à
posição de Portugal, contrário às pretensões do rei
francês Luís XIV, na Guerra de Sucessão da Espanha.
Em repre sá lia a tal postura, em 1710 foi organizado um
ataque ao Rio de Ja nei ro, sob o comando de Jean
Duclerc, que foi der rota do, preso e posteriormente
assassinado por motivos par ticulares. Em 1711,
ocorreu um novo ataque, desta vez sob o comando de
Duguay-Trouin, corsário vincula do ao rei da França, o
qual, em poucos dias, contando com 18 navios,
apossou-se da cidade, que foi enorme mente
saqueada, e exigiu tam bém um vultoso resgate pago
em ouro.
Áreas ocupadas pelos franceses no Brasil
A presença francesa e a conquista do
litoral do Norte-Nor deste
Algumas regiões do Norte e do Nordeste do Brasil
tiveram seu povoamento iniciado devido aos ataques
realizados pelos portugueses contra as bases
francesas estabelecidas no litoral dessas regiões. Tal
foi o caso da Paraíba, onde os portugueses, para
expulsar os fran ce ses, em 1584, fundaram, por meio
Corsário: piratas que possuíam a “Carta do Corso”, uma auto ri zação para realizar ataque contra nações inimigas. 
Contrabando: comércio de mercadorias sem o paga mento de direitos.
Equinocial: antiga denominação da Linha do Equador.
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16 HISTÓRIA
de Frutuoso Barbosa, o Forte de Filipeia de Nossa
Senhora das Neves, que veio a dar origem à terceira
cidade do Brasil (atual João Pes soa). Nessa região, os
portugueses contaram com o apoio dos índios
tabajaras, chefiados por Piragibe.
Outra região foi a do Rio Grande do Norte, onde,
em 1597, Jerônimo de Albuquerque fundou o Forte
dos Reis Magos (atual cidade de Natal) para fazer
frente aos fran ceses, que já há algum tempo faziam da
região seu reduto. Os índios potiguares davam grande
apoio aos invasores. Na região do Ceará, ocorreram
fatos idênti cos, pois os franceses constantemente
frequen tavam seu litoral. Em 1603, Pero Coelho iniciou
os ata ques aos fran ce ses e indí genas, mas não foi
bem-suce dido. A con quista ocorreu em 1611, com
Mar tim Soares Moreno (fun dador de Forta le za).
Todos esses fa tos estão inseridos na História da
conquista das regiões seten trio nais do Brasil.
5. As invasões holandesas
As relações mantidas por Portugal com os Países
Baixos eram bem intensas antes da própria
colonização do Brasil. Na análise da economia colo nial
brasi leira foi desta ca do o papel de grande importância
dos holan de ses na montagem da em pre sa canavieira
coloniza dora, na quali da de de fi nan ciadores, trans por -
tadores, refina dores e dis tri bui do res do açúcar do
Brasil no mercado europeu. Foi des ta cado também o
papel que desem pe nha vam no denominado "comércio
triangular" entre Europa, África e Brasil (incluindo o
tráfico negreiro). O iní cio da União Ibérica, entre tanto,
veio modificar enor me mente este qua dro, na medida
em que a situação po lí tica entre os dois países se
alterou so bre ma neira em virtu de dos decretos pu bli -
cados pelo rei Fili pe II da Espa nha, boi co tan do o co -
mér cio açucareiro fla mengo com o Brasil.
A invasão holandesa na Bahia 
(1624-1625)
Vinte e seis navios da WIC, com 3.300 ho mens,
sob o comando de Jacob Willekens, tendo o des ta que
do almi ran te Pieter Heyn e do governador Johan van
Dorth, inva di ram a Bahia. Esta foi es colhida por ser um
grande centro pro du tor de açúcar e a capital da
colônia. A notícia da vinda dos holandeses já havia sido
anunciada, mas, apesar de um rela tivo preparo para a
chegada destes, o governador Diogo Mendonça
Furtado não conseguiu evitar a queda de Salvador. A
população, sob a liderança do bispo D. Marcos
Teixeira, retirou-se para o interior, onde organizou
diversos grupos de guerrilhas. Os portu gue ses
receberam, logo depois, a ajuda de Matias de
Albuquerque, proveniente de Pernambuco. O
movimen to de guerrilha dos habitantes locais teve
sucesso e a situa ção dos holandeses tornava-se cada
vez mais problemática. Tornou-se insustentável
quando chegou à Bahia uma imensa esquadra luso-
espanhola (aproxima damente 12 mil soldados) organi -
zada pelo rei Filipe IV e co mandada por D. Fradique de
Toledo Osório. Em 1625, os holandeses eram
derrotados e ex pul sos da Bahia – episó dio que ficou
co nhe cido como Jor na da dos Vassalos.
Em 1628, entretanto, Pieter Heyn atacou barcos
es pa nhóis car rega dos de prata nas Antilhas. Este e
outros ataques (como um novo saque ao porto de
Salvador, em 1627) cria ram condições para a WIC se
reestruturar e preparar um novo e maior ataque, agora
em uma região menos protegida e a maior produtora
de açúcar do Brasil.
Invasão e conquista dos holandeses no Nordeste
A invasão holandesa em
Pernambuco (1630-1654)
Com 56 navios gran des e 7.300 soldados, a WIC
realizou a sua se gun da invasão, agora sob o comando
de Diederik van Waerdenburgh e Hendrick Lonck. Os
400 soldados de Pernam bu co nada puderam fazer
diante de tão desigual situação. Dessa forma, os
holandeses não en con traram resistência pa ra penetrar
na capitania (fe ve rei ro de 1630). O governador dePernambuco, Matias de Albu quer que, deu ordem de
retirada à popu la ção, incendiando os armazéns e
navios e realizando a fuga mais para o interior ("fuga da
terra arrasada"). Nesse local organizaram a resistência,
formando o famoso Arraial do Bom Jesus. O movi -
mento guerrilheiro que reunia senhores de engenho,
Regiões setentrionais: refere-se a re giões do Norte.
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17HISTÓRIA
6.Cronologia
1578 – Morte do rei D. Sebastião na Batalha de
Alcácer Quebir, na África.
1580 – Morte do cardeal-rei D. Hen rique; extinção da
Dinastia de Avis e início da União lbérica (Do -
mínio Filipino).
1588 – Derrota da “Invencível Ar ma da”.
1591 – Thomas Cavendish sa queia Santos e São
Vicente.
1595 – James Lancaster saqueia o Recife.
1602 – Criação da Companhia Holandesa das Índias
Orientais.
1612 – Fundação da França equi no cial.
1621 – Criação da Companhia Holandesa das Índias
Ocidentais.
1624 – Invasão holandesa na Bahia.
1630 – Invasão holandesa em Per nam buco.
� (UFMG – MODELO ENEM) – Analise este quadro:
Evolução do número de engenhos de açúcar em cada Capitania
(Francisco Bethencourt; 
Kirti Chauduhuri. História da expansão portuguesa. 
Lisboa: Círculo de Leitores, 1998, p. 316.)
A partir dessas informações sobre a evolução do número de engenhos
açucareiros no Brasil, entre 1570 e 1629, é correto afirmar que
a) a expulsão dos holandeses da Bahia pro vo cou a retração da
produção açucareira nessa Capitania.
b) a invasão holandesa no Nordeste açucareiro destruiu a base
produtiva instalada pelos por tugueses na região.
c) a substituição do trabalho escravo indígena pelo africano não
alterou a produção de açúcar na região de São Paulo.
d) a expansão da área açucareira em Pernam buco ocorreu, de forma
significativa, durante o período da União Ibérica.
Resolução
A União Ibérica (1580-1640) foi o período em que Portugal e Espanha
estavam sob o domínio Habsburgo. 
Obs.: Pela tabela se observa um crescimento nas capitanias de
Pernambuco, Itamaracá e Pa raí ba entre os anos de 1612 e 1629,
portanto an terior à invasão holandesa de Pernambuco (1630-54).
Resposta: D
� (MODELO ENEM) – “Em 1580, instalou-se uma crise sucessória
em Portugal. Em 1578, o rei Dom Sebastião I morrera na batalha de
Alcacer-Quibir, no Marrocos contra os mouros, no norte da África, não
deixando herdeiros. Assumira o trono português, como regente, o
cardeal Dom Hen ri que, seu tio-avô, que morreu em 1580. Extinguia-se
com ele a dinastia de Avis. Vários candidatos, por ligações de paren -
tesco, apre sen taram-se para a sucessão. Felipe II, rei da Espanha, por
ser neto de Dom Manuel, o Venturoso, e tio de D. Sebas tião, julgava-
se o candidato com mais direito ao trono português. Assim, as forças
espanholas invadiram Por tu gal, em 1580, e Felipe II tomou a Coroa
por tuguesa, unindo Portugal e Espanha. Este fato ficou conhecido
como União Ibérica, que se estendeu até 1640.”
(Disponível em: <http://brasil-imperio.blogspot.com/2009/01/unio-
ibrica-e-expanso-oficial-do-brasil.html>.
Acesso em: 14 ago. 2009.)
Sobre a União Ibérica, é correto afirmar:
a) A morte de D. Sebastião levou imediata men te a um suces sor
espanhol.
b) D. Felipe II era sobrinho de D. Sebastião.
c) Em 1578 começa a União Ibérica e se encerra em 1640.
d) A dinastia de Avis continua a existir com D. Felipe II.
e) União Ibérica foi a união entre Portugal e Espanha sob o comando
de Felipe II.
Resolução
Com a crise sucessória em Portugal, provocada pela falta de um
herdeiro luso direto, o rei da Espanha impôs o seu comando sobre
Portugal. Esse período se estendeu de 1580 até 1640.
Resposta: E
Capitania 1570 1503 1612 1629
Pará, Ceará, 
Maranhão
– – – –
Rio Grande – – 1 –
Paraíba – – 12 24
Itamaracá 1 – 10 18
Pernambuco 23 66 99 150
Sergipe – – 1 –
Bahia 18 33 50 8
Ilhéus 8 3 5 4
Porto Seguro 5 1 1 –
Espírito Santo 1 6 8 8
Rio de Janeiro – 3 114 60
São Vicente, 
Santo Amaro
4 6 – –
Total 60 118 201 350
escravos, índios e a popu lação de Olinda e Recife
denominou-se Guerra Brasílica.
O Arraial do Bom Jesus conseguiu algumas
vitórias, mas em abril de 1632 Domingos Fernandes
Calabar, profundo conhecedor da região e participante
do “Arraial”, deixou de apoiar os portugueses e se
uniu aos invasores, denunciando o local do centro de
resis tên cia. O Arraial do Bom Jesus foi der rotado e os
holan deses estenderam suas conquis tas para outras
regiões do litoral nordestino, desde o Rio Grande do
Norte até a Paraíba. Matias de Albuquerque ordenou a
retirada para Alagoas e no caminho retomou Porto
Calvo, onde der rotou os holandeses. Aprisionou
Calabar e mandou execu tá-lo. Essas vitórias, en tre -
tanto, foram infrutíferas, pois os holan de ses obtiveram
uma vitória funda men tal em Mata Redonda. Em 1637,
a WIC entregou a adminis tração do Brasil holandês ao
conde João Mau rício de Nassau.
Exercícios Resolvidos
Arraial: acampamento, especialmente de tropas. 
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18 HISTÓRIA
� Quais motivos levaram à formação da União Ibérica?
RESOLUÇÃO: 
Após a morte de D. Sebastião (rei de Portugal), Felipe II (rei da
Espanha), que era parente mais próximo com direito a ocupar o
trono, ordenou a invasão de Portugal e uniu as coroas ibéricas.
� Quais as consequências da União Ibérica para o Brasil?
RESOLUÇÃO: 
Anulação do Tratado de Tordesilhas, interrupção do tráfico
negreiro e invasões inglesas, francesas e holandesas.
� Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda
escreveram uma peça para teatro chamada
Calabar, pondo em dúvida a reputação de traidor que foi
atribuída a Calabar, pernambucano que ajudou decisivamente
os holande ses na invasão do Nordeste brasileiro, em 1632.
“– Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal,
nação que explorava a colônia onde Calabar havia nascido?
Calabar, mulato em uma sociedade es cra vista e discri mi -
natória, traiu a elite branca?”
Os textos referem-se também a esta personagem.
Texto I: “...dos males que causou à Pátria, a História, a inflexí -
vel História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os
séculos”.
(Visconde de Porto Seguro. In A. Souza Júnior. Do Recôncavo aos
Guararapes. Rio de Janeiro: Bibliex, 1949.)
Texto II: “Sertanista experimentado, em 1627 procu rava as
minas de Belchior Dias com a gente da Casa da Torre; ajudara
Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido,
e desertara em consequência de vários crimes praticados...“
(os crimes referidos são o de contrabando e roubo).
(P. Calmon. História do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.)
Pode-se afirmar que:
a) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e
chegam às mesmas conclusões.
b) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com
relação à suposta traição de Calabar, e o texto II mostra uma
posição contrária à atitude de Calabar.
c) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de
Calabar, e a peça demonstra uma posição indiferente em
relação ao seu suposto ato de traição.
d) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição
de Calabar, ao contrário do texto I, que conde na a atitude de
Calabar.
e) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o
texto I atribui a Calabar, enquanto o texto II des creve ações
positivas e negativas dessa perso na gem.
RESOLUÇÃO:
A alternativa se explica por si mesma. Deve-se apenas observar,
para esclarecimento, que o texto de Rui Guerra e Chico Buarque
foi escrito num contexto de oposição ao regime militar brasileiro
e seus valores, que enfatizavam a visão tradicionalista e ufanista
de nossa História. O visconde de Porto Seguro representa esse
mesmo pensamento tradicional, inserido na estrutura conserva -
dora do Segundo Reinado. Já Pedro Calmon – um historiador do
século XX – demonstra uma visão mais objetiva a respeito do
personagem Calabar.
Resposta: E
� ”Quando tomaram a Bahia, em 1624-5, os
holandeses promoveram também o bloqueio
naval de Benguela e Luanda, na costa africa na.Em 1637,
Nassau enviou uma frota do Recife para capturar São Jorge da
Mina, entreposto português de comércio do ouro e de escravos
no litoral africano (atual Gana). Luanda, Benguela e São Tomé
caíram nas mãos dos holandeses entre agosto e novembro de
1641. A captura dos dois polos da eco nomia de plantações
mostrava-se indispensável para o imple mento da atividade
açucareira.”
(L.F. Alencastro. Com quantos escravos se constrói um país? 
In Revista de História da Biblioteca Nacional. 
Rio de Janeiro, ano 4, n. 39, dez. 2008. Adaptado.)
Os polos econômicos aos quais se refere o texto são
a) as zonas comerciais americanas e as zonas agrícolas
africanas.
b) as zonas comerciais africanas e as zonas de transfor mação
e melhoramento americanas.
c) as zonas de minifúndios americanas e as zonas comer ciais
africanas.
d) as zonas manufatureiras americanas e as zonas de en -
treposto africano no caminho para a Europa.
e) as zonas produtoras escravistas americanas e as zonas
africanas reprodutoras de escravos.
RESOLUÇÃO:
A produção açucareira do Nordeste brasileiro neces sitava de mão
de obra escrava. Para a Companhia das Índias Orientais holan de -
sa, que atacou a Bahia de 1624 a 1625 e ocupou Pernambuco de
1630 a 1654, era importante controlar as zonas africanas for ne -
cedoras (e não “reprodutoras”) de escravos. Daí a conquista,
pelos flamengos, das localidades africanas menciona das no texto.
Resposta: E 
Exercícios Propostos
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19HISTÓRIA
1. Administração Nassoviana 
(1637-1644)
Nassau imprimiu um sentido expansionista, ocu -
pan do o Nordeste até o Ma ranhão. Na África tomou
São Jorge da Mina e feitorias em Angola para assegurar
a vinda da mão de obra escrava negra. Falhou, entretan to,
nas tentativas de conquistar a Bahia, em 1638. Enquanto
a luta prosseguia no Brasil, a Restauração Por tu guesa
(visando derrubar o domínio espanhol) iria mo dificar sen -
si velmente as relações entre Portugal e Holanda.
Durante a denominada Guerra da Restauração, Por -
tu gal contou com o apoio de Inglaterra, França e Holanda
e tal fato exigiu de Portugal a elaboração de diversos
tratados e acordos. Em relação à Holanda, tivemos a
Trégua dos Dez Anos (1641-1651), acordo que tentava
justificar a contraditória e ambígua situação luso-fla -
menga: na Europa (Portugal), os dois países estavam
aliados contra a Espanha; no Brasil, os holandeses ocu -
pa vam sete capitanias (do Mara nhão a Sergipe). Essa
paradoxal situação de paz foi bem aproveitada por Nas -
sau em sua obra administrativa.
A política nas soviana carac te rizou-se pelas re lações
cordiais com a po pu la ção, princi pal men te com os se nho -
 res de enge nho, de quem procurou ganhar a simpatia fi -
nan ciando enge nhos, encampando suas dívidas, co bran -
do juros baixos e recuperando engenhos aban do nados.
Consequentemente, aumentou a produção cana vi ei ra.
Nassau procurava dar garantias a uma justiça mais igua -
li tária e uma maior liberdade de culto, além de ter pu -
blicado normas protegendo a alimentação dos escravos
(obrigatoriedade de cultivo de 200 covas de mandioca
para os escravos). Politicamente, criou o Conselho dos
Escabinos, espécie de Câmara Municipal constituída
pelos senhores locais, mas dirigida por um membro da
WIC, o esculteto. Nassau cuidou ainda de obras de
embelezamento de Recife e culturais, como a criação do
Observatório Astronômico e da Biblioteca.
A política de Nassau, entretanto, entrou em choque
com os interesses da WIC. Esta considerava a sua
administração muito dispendiosa e personalista. Nassau,
pressionado, acabou por se demitir em 1643, mas
somente no ano seguinte retirou-se de Pernambuco.
2. A Insurreição Pernambucana 
(1645-1654)
Após uma fase inicial de reação ao invasor (1630-35)
e um período de acomodação (1635-45), teve início em
1645 uma forte reação visando à expulsão dos holan de -
ses. Tal movimento já se fazia sentir desde 1642 no Mara -
nhão; com a saída de Nassau, alastrou-se a tendência
liberta do ra entre os pernambucanos.
As causas básicas da Insurreição Pernambucana
estão no endividamento dos senhores de engenho,
cobrança das dívidas de forma diferente da que vinha
sendo feita, queda no preço do açúcar e reflexos de
catástrofes naturais sobre a produção canavieira.
Escabino: membro da Câmara Municipal criada pelos ho lan de ses durante o período de dominação em Pernambuco. 
Maurício de Nassau, que governou as áreas de conquistas holande -
sas no Brasil entre 1637 e 1644.
4
Palavras-chave:Domínio 
Holandês e Restauração
• União Ibérica
• Nassau • Tolerância religiosa
•Brasil holandês
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20 HISTÓRIA
Diante das primeiras reações revolucionárias, o rei
de Portugal, D. João IV, censurou a atitude dos líderes
da insurreição – João Fernandes Vieira, o negro
Henrique Dias, André Vidal de Negreiros e Filipe
Camarão (índio Poti) –, chamando-os de “maus
vassalos” por não res peitarem o acordo firmado na
Tré gua dos Dez Anos. Consequentemente, até 1651, o
movimento recebeu de Portugal apenas um apoio não
oficial.
Após uma primeira vitória no Morro das Tabocas,
conseguida pelo senhor de engenho João Fernandes
Vieira, e graças à hábil política de André Vidal de Ne -
grei ros, que chegou da Bahia com "tropas media -
doras", os holan deses sofre ram novas derrotas. Dessa
forma, Ala goas e Sergipe foram libertados. Em Per -
nam buco, em 1648 e 1649, ocorreram as duas
Batalhas de Guara ra pes, com significativas vitórias dos
insurretos.
Em 1653, o rei de Portugal enviou reforços, sob o
co mando de Pedro Jaques de Magalhães. Recife,
cerca do, assistiu a uma nova derrota holandesa. A
rendição final ocorreu em 1654, quando os ho lan deses
capitu la ram na Campina do Taborda.
A guerra dos holandeses contra os ingleses de
Oliver Cromwell (1651-54), devido à decretação do Ato
de Navegação (1651) pela Inglaterra, contribuiu para o
enfraquecimento dos flamengos.
Consequências
Entre as principais consequências da expulsão dos
flamengos do Brasil, temos uma de ordem econômica: o
início da decadência da produção canavieira (a partir de
aproximadamente 1660), devido à concorrência da pro -
du ção antilhana. As Antilhas devia sua crescente produ -
ção à introdução de uma tecnologia mais aprimo rada,
levada pelos holandeses da WIC, expulsos do Brasil. Ao
ter mi nar o século, o Brasil, que anteriormente era o
primeiro produtor mundial de açúcar, colocava-se em
quinto lugar, tendo à sua frente regiões antilhanas, como
a Jamaica.
Outra consequência interna foi o despertar do sen ti -
mento nativista, visto que, após a intensa participação na
guerra contra os in va so res, os habitantes de Pernam -
buco, depois de 1654, voltavam ao jugo português. O
mo vimento insurrecional evidenciava condições de
maior participação e orga niza ção política por parte dos
pernambucanos.
Outra consequência interna diz respeito ao acordo
en tre Portugal e Holanda, firmando o Tratado de Paz de
Haia (1661), graças à mediação inglesa. Segundo tal
tratado, a Holanda recebia uma indenização de 4 milhões
de cruzados e a cessão pelos portugueses das ilhas
Molucas e do Ceilão, recebendo ainda o direito de co -
mer ciar com mais liberdade nas possessões portu -
guesas, devido à perda do ”Brasil holandês”. 
3. Restauração Portuguesa
Em 1640, ocorreu a Restauração Portuguesa (fim
da União Ibérica), movimento liderado pelo Duque de
Bragança, que, contando com o apoio de Inglaterra,
França e Holanda, conseguiu derrotar as tropas de
Filipe IV da Espanha, ascendendo ao trono português
com o nome de D. João IV (iniciando a Dinastia de
Bragança). As causas da Restauração estão
relacionadas à deca dên cia em que o país se
encontrava. O movimento ar rastou-se até 1668, tendo
por base econômica a ajuda do Brasil, que aderiu à
Restauração por intermédio dos gover nadores do Rio
de Janeiro e de Salvador. 
Para garantir a Restauração e sua vitória, D. João
IV iniciou uma política de alianças com a Inglaterra, a
França e a Holanda, que em seu sentido global
produziu uma enorme dependência de Portugal em
relação a esses países, principalmente em relação à
Inglaterra. Com a Holanda, D. João IV assinou a
Trégua dos Dez Anos (1641 a 1651), enquanto os
holandeses ocupavam o Nor des te brasileiro. Em 1661
(após a expulsão dos holan de ses do Brasil), Portugal
firmou com a Holanda um tratado de paz (Tratado de
Haia), pelo qual cedia a ela as ilhas Molucas, o Ceilão
e uma indenização de 4 mi lhões de cruzados pela
perda do Nordeste brasileiro.
Com a Inglaterra foram assinados vários tratados,
que levaram, progres siva mente, à total subordinação
econô mi ca de Portugal. Em 1642, foram redu zidas as
tarifas alfandegárias que incidiam sobre as
manufaturas inglesas e per mitiu-se o comércio direto
com o Brasil, salvo com relação aos produtos
estancados.
Tratado de Methuen – Panos e Vinhos
O Tratado de Methuen, em 1703, consagrou em de -
finitivo o domínio econômico da Inglaterra no mun do
português.
Esse último tratado versava sobre os panos in gle -
ses e os vinhos portugueses, um dos principais
produtos de exportação do reino. Daí a denominação
de Tratado dos Panos e Vinhos. Por ele, os panos
ingleses receberiam tarifas preferenciais nos portos
portugue ses; em contrapartida, o vinho português
receberia uma redução nas taxas, quando fosse
admitido no mercado inglês. O Trata do de Methuen
teve consequências desastrosas pa ra Portugal,
arruinando suas manufaturas, gerando, assim, a
dependência dos produtos ingleses e conduzindo os
portugueses a catastrófica especialização na produ ção
vinícola, o que ge rou em pouco tempo crises de
abastecimento.
Brasil holandês: área do Nordeste ocu pada pelos holandeses entre 1630 e 1654.
Ascendendo: subindo. 
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 20
21HISTÓRIA
No Brasil, ocorreram importantes transformações na
política administrativa após a Restauração. Houve um
enrijecimento progressivo do Pacto Colonial, com
aumento da centralização do poder, fim da autonomia
municipal, quebra da “relativa harmonia” entre colônia e
Metrópole, através das revoltas nativistas e, principal -
mente após 1642, com a centrali zação empreendida
pelo Conselho Ultramarino.
Enrijecimento: endurecimento de arro cho.
4. Cronologia
1637 – Início do governo de Nas sau.
1640 – Edital de Maurício de Nas sau proibindo a pro dução do açúcar sem o plantio paralelo da mandioca.
– Fim da União Ibérica (Res tauração Portugue sa); expulsão dos jesuítas de São Paulo.
1642 – Criação do Conselho Ultra marino.
1645 – Início da Insurreição Per nam bucana.
1654 – Expulsão dos holandeses do Brasil.
� (FUVEST – MODELO ENEM)
Este quadro, pintado por Frans Post por volta de 1660, pode ser correta -
men te relacionado
a) à iniciativa pioneira dos ho lan deses de cons trução dos pri meiros
engenhos no Nor des te.
b) à riqueza do açúcar, alvo prin cipal do interesse dos ho lan deses no
Nordeste.
c) à condição especial dis pen sada pelos ho lan deses aos es cravos
africanos.
d) ao início da exportação do açú car para a Eu ropa por deter minação de
Maurício de Nassau.
e) ao incentivo à vinda de holandeses para a cons tituição de pequenas
propriedades rurais.
Resolução
Durante a dominação holandesa em Pernam bu co, ocorreu a adminis -
tração de Maurício de Nassau (1637-1644), o qual trouxe para o Brasil
o pintor Frans Post, autor da tela “O engenho com capela”, reprodu zi -
da na prova. O artista chegou ao Brasil em 1637, com 24 anos de
idade, e to mou parte em diversas ex pe dições, com o objetivo de
montar uma grande coleção de desenhos com motivos brasileiros para
o seu mecenas.
Resposta: B
� (UFMG – MODELO ENEM) – Leia o texto.
“Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca do ad -
ministrador. Seu período é o mais brilhante de presença estrangeira.
Nassau renovou a administração (...). Foi relativamente tolerante com
os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do culto. Como também
com os judeus (depois dele não houve a mesma tolerância, nem com
os católicos e nem com os judeus – fato estranhável, pois a Compa -
nhia das Índias contava muito com eles, como acionistas ou em pos -
tos eminentes). Pensou no povo, dan do-lhe diversões, melhorando
as condi ções do porto e do núcleo urbano (...), fazendo museus de
arte, parques botânicos e zooló gicos, observatórios astronômicos.”
(Francisco lglésias)
Esse texto refere-se
a) à chegada e instalação dos puritanos in gle ses na Nova lnglaterra,
em busca de liberdade religiosa.
b) à invasão holandesa no Brasil, no período de União lbérica, e à
fundação da Nova Holanda no nordeste açucareiro.
c) às invasões francesas no litoral fluminense e à instalação de uma
sociedade cosmopolita no Rio de Janeiro.
d) ao domínio flamengo nas Antilhas e à criação de uma sociedade
moderna, influencia da pelo Renascimento.
e) ao estabelecimento dos sefardins, expulsos na Guerra da Recon -
quista lbérica, nos Países Baixos e à fundação da Com panhia das
Índias Ocidentais.
Resolução
A União Ibérica (1580-1640) fez com que Portugal rompes se relações
com a Holanda, que até então comercia li za va o açúcar bra si lei ro, mas
se encontrava em guerra com a Es pa nha. Em consequência, a Com pa -
nhia das Ín dias Ocidentais, formada por capitais ho lan de ses, atacou o
Nordeste Brasileiro, principal região produtora de açúcar. Nassau admi -
nis trou o Brasil holandês entre os anos de 1637 e 1644.
Resposta: B
Exercícios Resolvidos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 21
22 HISTÓRIA
� O que foi a Insurreição Pernambucana?
RESOLUÇÃO:
Movimento de rebeldia dos colonos pernambucanos em face da
cobrança das dívidas com os holandeses após a demissão do
Conde Maurício de Nassau.
� (FUVEST) – Na segunda metade do século XVII Portugal
encontrava-se em grave crise econômica.
a) Explique os motivos dessa crise.
RESOLUÇÃO: 
A União Ibérica, com a perda de significativa parte do Império
Oriental e entrepostos africanos; as concessões comerciais para a
Inglaterra e a crise da economia açucareira por causa da concor -
rência holandesa nas Antilhas.
b) De que forma o Brasil contribuiu para solucioná-la?
RESOLUÇÃO: 
Do Brasil viria a salvação de Portugal, por uma maior cen traliza -
ção administrativa e um rígido controle fiscal, ou por qualquer
outro meio que resultasse em maiores recursos para o Estado.
� (FUVEST) – Foram, respectivamente, fatores importantes
na ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na sua poste -
rior expulsão:
a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os de -
sen tendimentos entre Maurício de Nassau e a Companhia
das Índias Ocidentais.
b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o
endividamento dos senhores de engenho com a Companhia
das Índias Ocidentais.
c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência
e não aceitação do domínio estrangeiro pela população.
d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial
e o fim da dominação espanhola em Portugal.
e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança
de interesses da Companhia das Índias Ocidentais.
RESOLUÇÃO: 
O interesse dos holandeses no Brasil era controlar a produção
do açúcar.
Resposta: B
� (PUC-CAMP – MODELO ENEM) – “(...) a pré-história das
nossas letras interessa como reflexo da visão do mundo e da
linguagem que nos legaram os primeiros observadores do país.
É graças a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos
grupos sociais nascentes, que captamos as condições pri -
mitivas de uma cultura que só mais tarde poderia contar com
o fenômeno da palavra-arte.”
(Alfredo Bosi. História concisa da Literatura Brasileira. 
São Paulo: Cultrix, 1970, p. 15.)
Dentre os muitos observadores do país, que se dedicaram a
fazer tomadas diretas da paisagem, do índio e dos grupos
sociais nascentes, temos artistas holandeses como Frans Post
e Albert Eckhout. Tais artistas vieram ao Brasil, no século XVII,
em função da
a) Companhia de Jesus, que estimulou a difusão de obras
artísticas que retratavam

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