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1HISTÓRIA
História integrada
Módulos
1 – Administração Colonial
2 – Economia Colonial – Caracterís ti cas Gerais e Açúcar
3 – União Ibérica e Invasões Francesa, Inglesa e
Holandesa
4 – Domínio Holandês e Restauração
5 – Bandeirismo e Interiorização
6 – Mineração
7 – Independência das Treze Colônias
8 – Movimentos Emancipacionistas
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Palavras-chave:
Administração Colonial • Capitanias • Foral
• Donatário • Gov. Geral
• Localismo
1. Início da colonização
Após um período de relativo abandono, Portugal
altera seus planos para o Brasil e procura desenvolver
uma colonização sistemática. Essa mudança se explica
por uma série de fatores. Os empreendimentos orientais
não eram mais tão lucrativos, em razão da distância e
dos seus altos custos de manutenção; os franceses
estavam rondando o litoral do Brasil e não aceitavam o
Tratado de Tordesilhas, por isso a ocupação das terras
era fundamental para garantir a sua posse; naquela
época, os espanhóis encontravam metais preciosos na
sua parte do Novo Mundo.
2. Regime de capitanias
hereditárias
A partir de 1534, teve início o referido regime, criado
por D. João III, ainda que, desde o início do século,
Fernando de Noronha já tivesse recebido uma capitania,
a de São João (atual ilha de Fernando de Noronha).
Naquela década, o Brasil foi inicialmente dividido em 14
ca pi ta nias, com 15 lotes, doadas a 12 donatários
(Martim Afon so recebeu duas partes, e Pero Lopes, três
partes). Posteriormente, ocorreram novas subdivisões.
Essa forma de administração das terras coloniais já havia
sido adota da com sucesso nas ilhas do Atlântico.
O regime possuía como bases jurídicas os seguintes
documentos: a carta de doação (documento de conces -
são e conjunto de deveres dos donatários); e a carta
foral (direitos e tributos devidos ao rei, mais os deveres
e direitos dos colonos). Segundo os documentos
básicos do sistema, os do na tá rios possuíam juris di ção
civil de sesmarias; direito de exportar certo número de
índios e escravos; di rei to sobre parte de determinados
impostos. Por outro lado, pagariam impostos à Coroa, e
a capitania era ina lie nável, podendo, no entanto, ser
read quirida pelo rei. Tal sistema, de modo geral, fracas -
sou, visto que apenas duas capitanias alcan çaram certo
desen vol vimento: a de Pernambuco, per ten cente a
Duarte Coelho, e a de São Vicente, de Martim Afonso de
Sousa, ambas em função da agricultura ca na viei ra e da
instala ção de engenhos. Na de São Vicente, houve a
Donatário: o recebedor e senhor de uma capitania-geral ou donatária.
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2 HISTÓRIA
ajuda propor cionada pela Coroa; e a de Per nam buco foi
favore cida, também, pela exploração do pau-brasil e pela
capacidade administrativa de Duarte Coelho, que soube
captar a amizade dos chefes indígenas locais. Entre as
principais razões do insucesso do regime de capitanias,
temos: a falta de recursos eco nô mi cos dos donatários,
acarretando o desinteresse pela terra; a vastidão do
território recebido em contraste com as obri ga ções e
encargos; a hostilidade dos indígenas; a dis tân cia da
Metrópole; dificuldades quanto ao clima e à natu re za
tropical; e, fundamental men te, a ausência de um órgão
centralizador, coordenador das ações dos dona tá rios, por
parte da Coroa Portuguesa.
A divisão do Brasil em donatárias correspondeu aos interesses lusos
de ocupação sistemática do litoral brasileiro.
O sistema de capitanias não foi uma forma de feuda -
lismo, visto que os donatários deviam grande obediência
a um rei absolutista português, sendo, portanto, verda -
dei ros agentes metropolitanos ou mandatários reais que
admi nis travam as capitanias. A produção agrícola desti -
nava-se a um mercado de consumo europeu (extro ver ti -
do) vinculado ao desenvolvimento do capitalismo, o que
não é uma carac terística do mundo econômico feudal
(introvertido).
Capitania de São Vicente.
O regime de capitanias não foi extinto com a criação
do Governo-Geral, em 1548. Paulatinamente, a Coroa foi
tomando de volta algumas capitanias, dando origem às
Capitanias da Coroa, por meio de compra, confisco, ou
em razão do abandono. O regime, como um todo, so -
mente seria extinto em 1759, pelo Marquês de Pombal.
3. Governo-Geral
Foi criado em 1548, pelo rei D. João III, mas somen -
te instalado no Brasil em 1549, em face do fracasso das
capitanias.
Com a criação do Governo-Geral do Brasil, a coroa portuguesa passou
a centralizar os esforços da empresa colonizadora.
O governador era nomeado pelo rei por um período
de quatro anos, possuindo três auxiliares básicos: o ouvi -
dor-mor, encarregado dos negócios da Justiça; o pro ve -
dor-mor, dos negócios das Finanças; e o capitão-mor,
da defesa do litoral. Todos compunham o deno mi na do
Con selho de Governo, que tinha por fina lidade global
criar um órgão administrativo centralizador da ação colo -
ni zadora. Durante o domínio espanhol (1580-1640), o
cargo de governador-geral passou a ser deno mi na do
vice-rei; e foi novamente adotado a partir de 1720. Após
1642, com a criação do Conselho Ultramarino, es se
órgão ficava encarregado da administração de todas as
terras coloniais lusitanas e das nomeações dos cargos
Confisco: apreensão de um bem em pro veito do fisco.
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3HISTÓRIA
do Con se lho de Governo, no Brasil. De acordo com o
Regi mento de Tomé de Sousa, de 1548, o obje ti vo
básico da criação do novo regime era a centralização
administra ti va. Nele, encontramos os encargos básicos
do go vernador: fun dar cidades; pacificar os indígenas e
punir os revol to sos; construir for tes e fisca li zar os
armamen tos, a arreca da ção dos impostos, bem co mo a
explo ração do pau-bra sil (mono pólio régio); com ba ter a
penetração dos cor sá rios; doar ses ma rias; e pra ti car a
justiça superior.
Principais governadores-gerais: o primeiro gover -
nador-geral foi Tomé de Sousa (1549/53), que em 1549
fundou a primeira cidade, Salvador, contando com a
valiosa colaboração de Diogo Álvares Correia ("Cara mu -
ru"). Tomé de Sousa trouxe consigo colonos, degredados
e seis missionários jesuítas chefiados pelo padre
Manuel da Nóbrega, que, em 1549, fundou o pri mei ro
colégio. Em 1551, foi criado o primeiro bispado do Brasil
(D. Pero Fernandes Sardinha). Na parte econômica,
houve o desenvolvimento da cana-de-açúcar, contando,
até mesmo, com a mão de obra escrava negra, e da pe -
cuária, com a introdução das primeiras cabeças de gado.
O segundo governador foi Duarte da Costa
(1553/58), que conheceu durante sua administração
inúmeros distúrbios. Houve, em 1555, a invasão fran ce -
sa no Rio de Janeiro, comandada por Villegaignon, que
fundou a colônia da França Antártica.
O filho do governador, D. Álvaro da Costa, entrou em
choque com o bispo Sardinha. Este último, chamado
pelo rei, quando se retirava do Brasil, naufragou e foi
trucidado pelos índios antropófagos caetés. Com a
chegada do seminarista José de Anchieta e sob a chefia
do Pe. Manuel de Paiva, em janeiro de 1554, os jesuítas
fundaram o Colégio de São Paulo de Piratininga, futura
vila homônima.
A primeira grande invasão francesa ocorreu em 1555,
no Rio de Janeiro, onde os franceses estabele ceram
uma colônia denominada França Antártica. Os
franceses (em número inicial de aproximadamente
600 pessoas) estavam sob o comando do almirante
Nicolau Durand de Villegaignon, havendo uma
grande participação de huguenotes (calvinistas
franceses, que constituíam um dos grupos da
oposição político-religiosa na França). Apesar de
serem oposicio nistas, receberam apoio do rei Hen -
rique II, por meio da mediação do almirante Gaspar
de Coligny. Após alguns desenten di mentos entre os
huguenotes e os católicos, em 1559, o comando saiu
das mãos de Villegaignon, passando para Bois-le-
Comte. Os franceses, desde o início, contavam com
o apoio dos índios tamoios, que os ajudavam na
luta contra a Coroa Portu guesa.
Antropófagos: aqueles que comem carnehumana.
Oscar Pereira da Silva (1867-1939). Fun da ção de São Paulo.
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4 HISTÓRIA
O terceiro governador, Mem de Sá (1558/72), em
1560, con se guiu derrotar os franceses, mas estes se
refugiaram nas aldeias indígenas, retornando às ilhas da
Baía de Guana bara logo depois, a fim de reconstruir a
colônia.
Em 1563, chegaram reforços de Portugal, coman da -
dos pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá, e o
movimento de expulsão tomou novo impulso. Aliando-se
aos índios temiminós, chefiados por Arariboia, e com a
adesão dos jesuítas Nóbrega e Anchieta (que em 1563
haviam conseguido neutralizar a Confederação dos Ta -
moios por intermédio do Armistício de Iperoig), Estácio
de Sá fundou, em 1o. de março de 1565, a po voação de
São Sebastião do Rio de Janei ro (que se tornou,
pouco de pois, a segunda cidade do Brasil), para facilitar
as ope ra ções contra os invasores. Estácio de Sá, porém,
foi feri do mortalmente quando alcançava a vitória em
Uru çu-Mirim. A derrota final dos franceses ocorreu, em
1567, sob o comando do próprio governador Mem de
Sá.
Em 1570, a Coroa nomeou D. Luís de
Vasconcelos governador-geral em substituição a Mem
de Sá, mas ele não chegou a tomar posse, pois foi
morto em alto-mar pelos franceses. Mem de Sá
governou até 1572, quando faleceu em Salvador, fato
que fez com que o rei D. Sebastião dividisse o Brasil
em dois governos.
4. Divisão do Brasil em dois
governos
A primeira divisão foi de 1572 a 1578 em: Governo
do Norte, entregue a D. Luís de Brito e Almeida, com
sede em Salvador; e Governo do Sul, entregue a D.
Antônio Salema, com sede no Rio de Janeiro. Em 1578,
em face do fracasso da divisão, ocorreu uma reuni fica -
ção, com a nomeação de um só governador (Lourenço
da Veiga). De 1608 a 1612, durante a fase do domínio
espanhol, ocorreu uma divisão idêntica à primeira e uma
nova reunificação. Em 1621, houve uma nova divisão em
dois: Estado do Brasil (capital: Salvador até 1763 e,
depois, Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão (capital:
São Luís e, após 1737, Belém, sendo que o Estado
passou a de no mi nar-se Estado do Grão-Pará e
Maranhão). A reu nificação, em 1775, foi feita pelo
Marquês de Pombal.
5. Câmaras Municipais
No âmbito geral do Brasil, o órgão básico era o Con -
selho de Governo, mas nas cidades passaram a existir
as Câmaras Municipais (ou Conselhos Munici pais),
presididas por um juiz e formadas por três verea do res
(homens-bons), eleitos por meio de sorteio entre os
membros da aristocracia rural.
Os juízes eram os escolhidos pela própria cidade
(juízes ordinários), ou os denominados juízes de fora,
letra dos nomeados para o cargo pela Coroa. O símbolo
dessa autonomia adminis trativa municipal era o pelou -
rinho, marco construído na praça principal da cidade.
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5HISTÓRIA
6. A Política na Colônia
Durante o período colonial brasileiro, de modo geral,
encontramos o choque político entre duas forças. De um
lado, temos o denominado localismo político, que visa -
va a uma descentralização política. Era represen tado
pela força dos grandes senhores de terras e es cravos: a
aristocracia rural, com interesses regionais divergentes,
mas uma uniformização decorrente das pró prias
relações de produção e políticas. Essa força local era
expressada por meio da ação concreta das Câmaras
Municipais, formadas pelos “homens-bons”, isto é,
elementos da elite aristocrática rural local. Do outro lado,
encontramos o centralismo político, força centrípeta,
visando à unidade política, representado pelos órgãos
governamentais portugueses e caracterizado pelo
fisca lis mo. Tais tendências centralizadoras eram expres -
sadas pelo Governo-Geral ou por algum outro órgão
gover na mental de funções locais, como a Intendência
das Minas.
Até meados do século XVII, houve uma relativa
coexistência e harmonia entre as duas forças acima ci ta -
das; mas, a partir da Restauração Portuguesa (1640),
ocor reu um enorme crescimento das forças centrali za -
doras, que passaram a expressar o crescente fiscalismo
e absolutismo portugueses. A partir desse momento,
ocor reu a tendência de um desencontro de interesses
entre os colonos e a Coroa Portuguesa.
Na administração colonial portuguesa, destaca-
se, portanto, o seu caráter eminentemente fiscalista,
além de ser incoerente, desordenada, inepta e marcada,
até mes mo, por momentos de grande corrupção e pelas
superpo sições de órgãos governamentais (e suas
funções), acar retando confusão das competências.
José Wasth Rodrigues (1891-1957). Paço Municipal, em 1628.
7. O estatuto jurídico da Colônia
A base jurídica da Colônia estava assentada num es -
ta tuto, idêntico ao da Metrópole, isto é, seguia as deno -
mi nadas Ordenações Reais, conjuntos de leis publi ca -
das pelo Estado português, que possuíam como carac -
terística a ação centralizadora e absolutista. As primeiras
foram as Ordenações Afonsinas (1446), alteradas em
1512 pelas Ordenações Manuelinas e, em 1603, pelas
Ordenações Filipinas. Tinham por inspiração originária o
Código Romano e o direito de Justiniano.
8. Cronologia
1534 – Implantação do regime de capitanias here ditárias.
1549 – Tomé de Sousa, primeiro governador-geral; fundação da ci da de de Salvador.
1553 – Duarte da Costa, segundo governador-geral.
1554 – Fundação de São Paulo.
1555 – Instalação da França An tár tica na Baía da Guanabara.
1558 – Mem de Sá, terceiro gover nador-geral.
1565 – Fundação da cidade do Rio de Janeiro.
1567 – Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro.
Exercícios Resolvidos
� (UERJ – MODELO ENEM) – GOVERNO
DO ESTADO ACU SA O PREFEITO CESAR
MAIA DE DI FAMAR A POLÍCIA EM ARTIGO
“O procurador-geral do Estado do Rio, Fran -
cesco Conte, pediu ontem à Justiça agilidade
no processo aberto na quarta-feira contra o
prefeito Cesar Maia, que atacou a política de
segu rança pública do governo estadual em
artigo publicado no dia 15 de agosto na seção
‘Tendências/Debates’ da Folha.”
(Folha de S.Paulo, 24 ago. 2001.)
Os conflitos entre as várias instâncias político-ad -
ministrativas não constituem um problema ex -
clusivo dos dias de hoje. Desde a época colo -
nial, cada instância administrativa desejava o
poder para si, tornando-se cenário de dispu tas
diversas. O seguinte órgão local da admi nis tra -
ção constituía-se como espaço de nego cia ção
política, no Brasil colonial:
a) Câmara Municipal.
b) Tribunal da Relação.
c) Capitania Hereditária.
d) Conselho Ultramarino.
Resolução
As Câmaras Municipais foram os primeiros
orgãos adminis trativos criados no Brasil e, com
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6 HISTÓRIA
a implantação do Governo-Geral, a partir de
1548, passaram a lutar constantemente em
busca de autonomia.
Resposta: A
� (UNESP – MODELO ENEM) – “O Brasil
foi dividido em quinze quinhões, por uma série
de linhas paralelas ao equador que iam do
litoral ao meridiano de Tordesilhas, sendo os
quinhões entregues (...) [a] um grupo
diversificado, no qual havia gente da pequena
nobreza, burocratas e comer cian tes, tendo em
comum suas ligações com a Coroa.”
(Boris Fausto, História do Brasil.)
No texto, o historiador refere-se às
a) câmaras setoriais.
b) sesmarias.
c) colônias de povoamento.
d) capitanias hereditárias.
e) controladorias.
Resolução
A descrição oferecida pelo texto identifica o
sistema de ca pitanias hereditárias, estrutura
criada por Portugal, implantada com sucesso
nas ilhas atlânticas e que, posteriormente,
seria utilizada no Brasil para transferir a parti -
culares os custos da colonização.
Resposta: D
� Do que tratavam as cartas de doação e a foral?
RESOLUÇÃO:
Na carta de doação, o rei transferia o direito de uso da terra que
lhe pertencia. Na foral, estabelecia os direitos e deveres do dona -
tário.
� Sobre o regime de capitanias hereditárias, respon da:
a) quais os fatores que levaram o governo português a im plan -
tá-las?
b) quais os motivos que as levaram ao fracasso?
RESOLUÇÃO:
a) O governo queria implantar umsistema que já tinha dado certo
nas ilhas atlânticas e transferir os custos da colonização a
particulares, garantindo, assim, a posse da terra.
b) Ausência de centralização político-administrativa, falta de re -
cursos dos donatários, distância da Metrópole e hos ti li da de
indígena.
Exercícios Propostos
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7HISTÓRIA
� (UFRS – MODELO ENEM) – As Câmaras Municipais foram
instituições fundamentais em todos os lugares onde houve a
presença do Império ultramarino lusitano. Na América
portuguesa não foi diferente, pois nas principais aglomerações
urbanas elas exerciam um papel político essencial.
Considere as seguintes afirmações, referentes à caracte ri za -
ção dessas instituições.
I. Eram os canais de expressão política das elites locais, dos
“homens-bons” residentes nas diferentes vilas coloniais.
Atra vés da ocupação dos cargos na Câmara, essas elites
expres savam suas demandas junto aos poderes centrais,
como os governadores e a própria Coroa.
II. Eram órgãos legislativos dedicados à aplicação das
Ordenações Filipinas, sendo a eleição para os cargos ca ma -
rá rios feita pelo voto direto e democrático do conjunto da
po pu lação.
III. Eram corpos deliberativos para os quais podia ser elegível a
maior parte da população, excetuando-se somente os es -
cravos africanos e os indígenas.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
a) Apenas I.
b) Apenas III.
c) Apenas I e II.
d) Apenas I e III.
e) Apenas II e III.
RESOLUÇÃO:
A afirmativa II está incorreta, pois as Câmaras Municipais foram
orgãos administrativos criados antes da União Ibérica (1580-1640),
quando foram implantadas as ordenações filipinas. A escolha dos
seus representantes era reservada aos membros da elite, os
chamados “homens-bons”.
A afirmativa III está incorreta, porque somente os homens-bons
poderiam votar e serem votados.
Resposta: A
� (UFPR – MODELO ENEM) – "O ser senhor de engenho é
título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido,
obedecido e respeitado por muitos". Essa frase de João
Antônio Andreoni (conhecido como Antonil), escrita no seu
livro Cultura e opu lência do Brasil por suas drogas e minas,
refere-se aos:
a) ricos comerciantes que lidavam com os negócios de ex por -
tação e importação.
b) lavradores assalariados que plantavam a cana-de-açúcar.
c) trabalhadores livres dos engenhos: artesãos, barqueiros,
capatazes.
d) grandes proprietários das fábricas de manufaturas têxteis.
e) proprietários das terras que formavam a aristocracia agrária,
de grande poder econômico e político.
RESOLUÇÃO:
Também conhecidos como “homens-bons” ou ainda “homens de
cabedal”, ou seja, de posses e riquezas.
Resposta: E
� Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os
mortos é uma prática quase íntima, que diz
respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de
uma persona lidade conhecida. Entretan to, isso nem sempre foi
assim. Para um historiador, os sepulta mentos são uma fonte
de informações importantes para que se compreenda, por
exemplo, a vida política das sociedades.
No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepulta mentos,
a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desva lori -
zadas, porque o mais importante era a democracia experi -
mentada pelos vivos.
b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os
rituais fúnebres, preocupando-se mais com a sal vação da
alma.
c) no Brasil Colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas
era regido pela observância da hierarquia social.
d) na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos
de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos.
e) no período posterior à Revolução Francesa, devido às
grandes perturbações sociais, abandona-se a prática do luto.
RESOLUÇÃO:
A forte hierarquização da sociedade colonial brasileira transpa -
recia não só no posicionamento dos vivos durante os serviços
religiosos (os “homens-bons” e suas famílias ocupavam os
assentos mais próximos do altar), mas também no dos mortos.
Com efeito, os mem bros das famílias influentes tinham suas
sepulturas no interior das igrejas, ao passo que os mortos de
menor expressão social eram enterrados nos terrenos circun -
vizinhos, com uma simples cruz a marcar o local da inumação.
Resposta: C
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8 HISTÓRIA
1. Características gerais
Em consequência do tipo de colonização desenvol -
vida por Portugal no Brasil, uma colônia de exploração,
encontramos as características gerais a seguir.
Foi uma economia integrada ao sistema capita lis ta
nascente, fornecendo ao seu centro produtos vege tais
tropicais, alimentos, matérias-primas e miné rios. Conse -
quentemente era complementar, especia li za da, alta -
mente depen dente do mercado consumidor metro po -
litano e basicamente extrovertida, ou seja, de expor tação.
Foi caracterizada, também, por ser uma econo mia preda -
tória, isto é, altamente desgastante em rela ção aos
recursos naturais da colônia. Essa carac te rística de pre -
dadora esteve relacionada à própria utilização de prá ticas
agrícolas rudimentares, tais como a queimada ou coivara,
que acar retaram um rápido es go tamento da terra.
O escambo no século XVIII
A produção colonial estava baseada na grande pro -
priedade monocultora. O surgimento da grande pro -
prie dade no Brasil não está relacionado apenas à exi -
gência de uma produção em larga escala objetivando o
lucro pela exportação de produtos tropicais, mas
também a deter mi na dos fatores históricos de origem,
como as doações das grandes áreas na forma de
sesmarias (pertencentes a deter minada capitania
hereditária); à neces sidade de ocupação efetiva do
território; e – prin cipalmente – às exigências criadas pela
cana-de-açúcar, produto ini cialmente cultivado no Brasil
e que se tornou a base da nossa colonização inicial. O
referido produto, possuindo uma baixa produti vi dade
por unidade ter ritorial de plantio, não seria lucrativo.
Necessaria mente, para sê-lo, teve de ser cultivado em
larga escala de produção.
No Brasil, a grande propriedade domi nan te foi o
denominado lati fún dio (gran de pro priedade, carac -
terizada pelo uso de muita mão de obra, por técnicas
precá rias e por baixa produti vi da de). Em algumas re -
giões, como Bahia e Pernam bu co, na épo ca do apo geu
da cana-de-açúcar, entre os séculos XVI e XVII, desenvol -
veram-se algumas grandes pro prie da des do tipo plan -
tation (menos mão de obra, téc nicas mais aperfeiçoa -
das e alta produtividade), mas que não chegaram a ter a
mes ma produtividade que as famosas plantations da
região antilhana.
Outra característica ge ral foi a predo minân cia do
trabalho escra vo. A implantação des se novo escra vis mo
es tá adequada às exi gên cias do sistema capita lista nas -
cente e de sua efetivação na periferia do sistema colonial,
ou seja, foi fundamental para realizar a acumu la ção de
capitais. No Bra sil, a mão de obra es cra va abran geu dois
tipos: a indígena (ou escravismo ver me lho); e a negra
africana. A primeira, apesar de toda uma reação contrária
dos padres jesuítas, foi praticada até 1758, quando ocorreu
a abolição do escravismo indígena em face do decreto
neste sentido publicado pelo Marquês de Pombal. A mão
de obra escrava negra já era adotada pelos portu gueses
nas ilhas do Atlântico, sendo, portan to, o tráfico negreiro
preexistente ao descobri mento do Brasil (re monta a aproxi -
madamente 1440). No Brasil, as primeiras levas de
escravos negros foram introduzidas na década de 1530,
mas o tráfico negreiro se tornou mais intenso a partir de
1550, com a dina mização da agricul tu ra cana vieira no
Nordeste, na Bahia e no Rio de Janeiro. A pre do mi nân cia
da escravidão africana explica-se pela alta lucra tividade que
este comércio proporcionava ao Estado português, e não
pela produtivi da de em relação ao indí gena, como se
justificava anti ga mente. Ao che garem ao Brasil, os
africanos eram submetidos às mais cruéis formas de
submis são. Muitos deles resis tiram a esse trabalhocom -
pul sório, por meio de fugas, revoltas, suicídio, mutilações
e “corpo mole”. Do século XVI até a abolição do tráfico
(1850), foram introduzidos e ficaram no Brasil quase
3.500.000 negros, divididos, basica men te, em virtude de
sua origem, em dois grupos: sudane ses e bantos.
O último aspecto geral da nossa economia foi o fato de
ter sido carac terizada por períodos ou fases, em que se
sobressai um “produto-rei ou cha ve”. Tais perío dos econô -
micos são chamados por alguns estudiosos de ciclos.
2
Palavras-chave:Economia Colonial –
Características Gerais e Açúcar
• Sociedade Patriarcal
• Pacto Colonial • Escravidão
• Açúcar • Pecuária
Coivara: ato de queimar mato ou lavoura para limpar o terreno a ser plantado, adu ban do-o com a própria cinza.
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9HISTÓRIA
2. Cana-de-açúcar
A fase canavieira abrangeu da segunda metade do
século XVI até o final do século XVII, e a época do apo -
geu do açúcar corresponde ao período de 1570 a 1650.
A agricultura canavieira foi o fator que determinou a
colonização portu guesa no Brasil e consequen temente a
criação de formas político-administrativas aqui desen -
volvidas pelo Estado português, como a criação das ca -
pitanias here ditárias, dos governos gerais e a intro duç ão
do elemento escravo negro.
A introdução da cana-de-açúcar por Martim Afonso
de Sousa, no início da década de 1530, encontrou uma
con juntura favorável externa e internamente. Na Europa,
naquela época, havia ocorrido um aumento geral dos
preços e um crescimento da demanda, havendo por tan -
to um mercado favorável. Interna mente, há diversos
fatores explicativos do desenvol vi mento da agricultura
cana vi e ira, tais como: a experiência anterior adquirida
pelos portugueses nos engenhos instalados nas ilhas do
Atlân tico; as condições naturais propícias, principal -
mente no Nordeste, onde são encontradas boas carac te -
rís ticas cli ma tológicas e pedológicas (solo de massapê
do litoral do Nordeste); facilidade de obtenção da mão de
obra escra va negra nas colônias portuguesas da Áfri ca;
mercado consumidor em expansão, com boa pe ne tra ção
dos fla men gos, que eram os principais distri bui dores do
produto na Europa; facilidade de aquisição dos capitais
flamen gos para o financiamento dos grandes engenhos.
Áreas de produção açucareira
Na agricultura e no mundo canavieiros, de ve ser des -
ta cada a in ten sa par ti cipação dos fla men gos. Estes atua -
vam em diversos setores e etapas de produção do
açúcar: fi nan ciamento de capi tais; produção de ma te riais
pa ra engenhos; transporte do açúcar para a Europa; co -
mér cio negreiro; refina ção do açú car e distribui ção do
produto nos cen tros consumi dores europeus.
Nas principais regiões produtoras – Bahia, Pernam -
buco, outras regiões do Nordeste e Rio de Janeiro –, en -
con tramos a instalação da unidade produtora, que eram
os engenhos. Estes podiam ser basicamente de dois
tipos: o engenho – d'água ou real; e o engenho trapi che,
movido por força animal (no Nordeste, engenhos deste
último tipo também eram chamados de banguês). Em
ambos os tipos, eram encontradas as denominadas
“casas”, ou seja, espécie de compartimentos que
constituíam a grande unidade produtora. Destacavam-se
a denominada casa da moenda, a casa das fornalhas e a
casa de purgar. Além desses enge nhos, existiam
peque nas unidades produtoras: as enge nho cas ou
molinetes.
No mundo canavieiro, formavam-se diversos tipos
de fazendas ou pro priedades. Existiam os engenhos
ou a grande propriedade senhorial (latifúndio ou
plantation). Nessas grandes fazendas, eram construídas
de três a quatro edificações caracterizadoras da época: a
ca sa-grande, a senzala, a capela e o engenho pro -
priamente dito. Existiam também as fazendas livres,
médias e peque nas propriedades, e as denominadas fa -
zendas obri ga das. Estas últimas eram tre chos de terras
cedidas pelos senhores de engenho a um colono,
mediante a obri ga ção deste de moer a cana no engenho
central. Na oportunidade, entre 50% e 60% da produção
ficavam para o senhor da terra.
Esses tipos de propriedades fundiárias estão intima -
mente ligados ao apa recimento de camadas e tipos
sociais característicos do mundo agrícola do Nor deste
(jagun ços, dependentes, cangaceiros etc.).
Era em torno dessas propriedades que gravitava
toda a vida fundamen talmente rural desses primeiros
séculos da História brasileira. Desse mundo é que resul -
tou a própria formação social e étnica do Brasil. Nasceu
uma sociedade basi camente rural, patriarcal, con ser -
va do ra, escravista, em crescente miscigena ção com
os elemen tos indígenas e negros e rigidamente estrati -
fi cada, ou seja, com pouca mobilidade social.
A economia canavieira pode, portanto, ser caracteri -
zada pela existência da grande propriedade escravista;
pela aplicação de grande capital inicial (de inves timento
normalmente estrangeiro); pela grande concentração de
renda nas mãos senhoriais; e pela baixa produtividade,
em face das técnicas rudimentares de pre paro do solo.
Na segunda metade do século XVII, teve início o
Flamengo: o mesmo que holandês, ou batavo.
Casa de purgar: local onde se drenava a massa pastosa para separar o açúcar do melaço.
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10 HISTÓRIA
processo de decadência da produção canavieira. Suas
principais causas estão relacionadas ao aumento da
concorrência, caracterizada pelo aumento da produção
da região anti lhana, fato este estreitamente rela cio na do
à introdução de capitais e melhores técnicas imple men -
tadas pelos holandeses, que em grande parte tinham
sido expulsos do Nordeste do Brasil, em 1654. Outros
fatores atuaram na decadência: a queda de preços do
produto no mercado europeu, acompanhada de uma
crise econômica nas metrópoles, fato que veio a reduzir
o consumo.
A decadência abrangeu a segunda metade da quele
sé cu lo de tal forma que, ao chegar ao século XVIII, o
Brasil, que havia sido o primeiro exportador mundial de
açúcar, passou a ocupar a quinta posição. A cana-de-açú -
car somente recuperou uma posição considerável um
século depois, ou seja, no final do século XVIII, com a
decadência da mineração do ouro.
3. Atividades subsidiárias
Entre as principais atividades subsidiárias, encon -
tramos a agricultura de subsistência e a pecuária.
Agricultura de subsistência
Atividade independente do setor exportador, com
predominância de pequenas e médias propriedades que
se utilizavam de mão de obra livre, do agregado e princi -
pal mente do pequeno arrendatário de terras. Nesse
setor, havia uma pequena produtividade e um baixo nível
de renda.
A produção de gêneros de subsis tência – mandioca,
milho, batata, cará, arroz e inhame – des tinava-se funda -
men tal mente ao consumo nos engenhos e aos centros
urbanos, como o ocor rido na época da mineração.
Pecuária
A principal fina lida de do gado intro du zi do no Brasil,
desde o século XVI, era sua uti lização como força mo -
triz, como animal de tra ção e transporte (ani mal de
tiro), e em segundo plano é que se des ti nava à alimen -
ta ção por meio da pro du ção das carnes em conserva:
car ne-seca, carne de sol e o char que do Sul do Brasil.
A pecuária foi uma atividade subsidiária ou à
grande lavoura de exportação, como a da cana, ou à
mineração e centros urbanos, a partir do século XVIII.
As principais re giões pecuaristas foram:
• Sertão do Nor des te e Vale do São Fran cisco.
Nessas regiões a mão de obra da pe cuária extensiva,
de baixo índice técnico, era livre, represen ta da pelos
vaqueiros e seus auxiliares, os "fábricas". Advinda do
sertão do Nordeste, a pecuá ria atingiu a região do
Maranhão, Piauí e o Vale do Rio São Francisco, cogno -
minado de o Rio dos Currais, onde ocorreu a formação
de grandes fazendas pecuaristas em face das
melhores condições naturais de pasto, água e sal-
gema (séculos XVI e XVII).
• Outra região foi o sul de Minas Gerais, onde era
encontrada uma pecuária com técnica superior,
fazendas com cercados, pastosmais bem cuidados,
rações extras para o gado e a utilização da mão de obra
escrava. O grande merca do era representado pelas
zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma di -
versificação da pro du ção: gado bovino, muar, suíno,
caprino e equino (sé cu lo XVIII).
• Campos Gerais, correspondendo ao interior de
São Paulo e Paraná, foi outra região de pecuária, com
a produção de animais de tiro para a região mine -
radora, no século XVIII. Há predominância da mão de
obra livre, cons tituída de tropeiros.
• A última região foi o Rio Grande do Sul, que,
desde o século XVIII, com a colonização açoriana,
iniciou a criação de gado. Mão de obra predominan -
temente livre, mas havendo paralelamente a utilização
de es cra vos negros e indígenas nas missões
jesuíticas. Desen volvi men to da indústria do charque e
da criação de gado bovino, muar, equino e ovino.
Expansão territorial provocada pela pecuária (século XVIII)
Rio
Ama
zona
s
Belém
Fortaleza
Natal
Jaguaribe
Salvador
Jaguaçu
São Luís
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Rio Paraíba
Rio Tietê
Rio Paranapanema
Rio de Janeiro
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PECUÁRIA
Atividades subsidiárias: atividades de segunda impor tância que
reforçam aquelas que são principais, de apoio ou complementar.
Agricultura de subsistência: agri cul tura de produtos desti na dos ao
sustento cotidiano.
Força motriz: aquela que tem a capaci dade de mover.
Tropeiros: aqueles que conduziam as tropas de animais.
Charque: carne de vaca salgada e em mantas.
Muar: mulas.
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11HISTÓRIA
� (UEL – MODELO ENEM) – Examine o quadro abaixo.
(Johann Moritz Rugendas, Família de Plantador, 1812.
In L. de M. Souza (org.) História da vida privada no Brasil: cotidiano e
vida privada na América portuguesa. São Paulo: Compa nhia das
Letras, 1997, p. 100.)
Com base nesse quadro, que retrata o interior de uma residên cia abas -
tada do mundo rural, é correto afirmar:
a) Nas moradias mais ricas, os escravos eram impe di dos de con viver
com as crian ças bran cas nos apo sen tos da casa.
b) Nos primeiros sé cu los da colonização, as ca sas mais abas tadas
pos suíam um mo biliário lu xuoso que aco mo dava confortavelmente
os mo radores.
c) Por se tratar de uma so ciedade sem estra ti fi cação social, o convívio
entre bran cos e negros decorreu sem maiores tensões, favo recen -
do reuniões permeadas de cordialidade.
d) Os moradores da colônia deram grande importância à privacidade,
separando, para tanto, as mulheres do convívio com escravos e
demais membros da família.
e) Embora existissem domicílios de vários ti pos de norte a sul da
colônia, eram inevitáveis a presença de escravos e a sua con vi -
vência com os senhores e demais membros da família.
Resolução
Os escravos eram os braços e pernas dos senhores de engenho,
afinal, para os brancos, o trabalho braçal era consi de ra do aviltante. A
depreciação do trabalho foi um dos elementos formadores do pen -
samento social brasileiro.
Resposta: E
� (PUC-RIO – MODELO ENEM) – “Cos tu mam alguns senho res dar
aos escravos um dia em cada semana para plantarem para si,
mandando algumas vezes com eles o feitor para que não se
descuidem. E isto serve para que não padeçam fome, nem cerquem
cada dia a casa de seu senhor pedindo-lhes a ração de farinha. Porém
não lhes dar farinha nem dia para a planta rem, e querer que sirvam de
sol a sol no partido, de dia e de noite com pouco descanso no engenho,
como se admitirá no Tribunal de Deus sem castigo?”
(Antonil. Cultura e opulência do Brasil por
suas drogas e minas. 1711.)
A partir da citação anterior e de seus conhe ci mentos sobre a sociedade
colonial da América Portuguesa, examine as afirmativas a seguir.
I. Na sociedade colonial, o prestígio social residia em ser senhor de
terras e de homens, e a possibilidade de riqueza vinha da atividade
comercial.
II. Os senhores de engenho permitiam que alguns de seus escravos
possuíssem uma lavoura de subsistência, inclusive com direito à
venda de excedentes.
III. Apesar da violência que marcava o coti dia no dos enge nhos, os
escravos conse gui ram, em certa medida, criar e recriar laços cul -
turais próprios, vários deles herdados de suas raízes africanas.
IV. Diante do risco de punições pelos se nho res – surras, aprisio namen -
to com correntes de ferro, aumento do trabalho etc. – as tentativas
de fugas escravas diminuíram ao longo do período colonial.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) Somente as afirmativas I e III estão cor retas.
c) Somente as afirmativas I, II e III estão cor retas.
d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
Resolução
A afirmativa IV está incorreta, porque as fugas de escravos não
cessaram, apesar de todo o aparato repressivo, estruturado pelos
se nhores.
Resposta: C
4. Cronologia
1533 – Fundação do Engenho do Governador ou dos Erasmos, em São Vicente, por Martim Afonso de Sousa.
1534 – Introdução do gado na capitania de São Vicente.
1535 – Primeiro engenho de açú car em Olinda.
1538 – Chegada ao Brasil dos pri mei ros escravos africanos.
1568 – Início do tráfico regular de escravos negros para o Nordeste do Brasil.
Exercícios Resolvidos
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12 HISTÓRIA
� No Nordeste brasileiro colonial, compare as áreas de
produção açuca reira e pastoril.
RESOLUÇÃO:
O açúcar era produzido no litoral nordestino, com trabalho
escravo e voltado para o mercado externo.
A pecuária ocupava o interior, utilizava trabalho livre e era voltada
para o mercado interno.
� Explique a importância dos flamengos na agromanufatura
do açúcar.
RESOLUÇÃO:
Os flamengos praticavam o tráfico negreiro, produziam materiais
para os engenhos e distribuiam o açúcar na Europa.
� (FUVEST-FGV) – A escravidão indígena adotada no início
da colonização do Brasil foi progressivamente abandonada e
substituída pela africana, entre outros motivos, devido
a) ao constante empenho do papado na defesa dos índios
contra os colonos.
b) à bem-sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios.
c) à completa incapacidade dos índios para o trabalho.
d) aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos
capitais particulares e à Coroa.
e) ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem para o
Brasil em busca de trabalho.
RESOLUÇÃO:
Antigamente, explicava-se a escravidão pela resistência física do
negro e sua melhor adaptação ao trabalho agrícola.
Resposta: D
O açúcar e suas técnicas de produção foram
levados à Europa pelos árabes no século VIII,
durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das
Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando.
Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e
produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a
ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a
figurar nos dotes de princesas casadoiras.
(CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716).
São Paulo: Atual, 1996.)
Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar
foi o produto escolhido por Portugal para dar início à
colonização brasileira, em virtude de:
a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vanta joso.
b) os árabes serem aliados históricos dos portugue ses.
c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente.
d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse
produto.
e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo
semelhante.
RESOLUÇÃO:
Devido ao fracasso do comércio de especiarias, tornado evidente
por volta de 1530, a Coroa Portuguesa decidiu iniciar a
colonização do Brasil, com base na grande lavoura de exportação
(fator de fixação de colonos no território brasileiro, facilitando a
defesa contra eventuais ataques estrangeiros). Optou-se pelo
cultivo da cana-de-açúcar porque o produto resultante alcançaria
preçosvantajosos nos mercados europeus. Além disso, Portugal
já dominava as técnicas do plantio de cana e da produção de
açúcar, já praticados nos Açores, Madeira e Cabo Verde.
Resposta: A
Exercícios Propostos
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13HISTÓRIA
� (UFC – MODELO ENEM) – Leia o texto a seguir.
“A barbarização ecológica e populacional acompanhou as
marchas colonizadoras entre nós, tanto na zona canavieira
quanto no sertão bandeirante; daí as queimadas, a morte ou a
preação dos nativos. Diz Gilberto Freyre, insuspeito no caso
porque apologista da colonização portuguesa no Brasil e no
mundo: 'O açúcar eliminou o índio'. Hoje poderíamos dizer: o
gado expulsa o posseiro; a soja, o sitiante; a cana, o morador.
O projeto expansionista dos anos 70 e 80 foi e continua sendo
uma reatualização em nada menos cruenta do que foram as
incursões militares e econômicas dos tempos coloniais”.
(Alfredo Bosi. Dialética da colonização.
São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 22.)
A partir da leitura do texto, pode-se concluir, corretamente, que
a) os princípios republicanos garantiram, no século XX, uma
ocupação territorial, feita com base na realocação
econômica, nos centros urbanos, dos sujeitos expulsos
pelas novas atividades implantadas no interior do país.
b) o impacto ambiental e social das atividades econômicas
implantadas é um problema que surgiu recentemente, a
partir da mecanização das práticas agrícolas e pastoris.
c) a marginalização social e econômica de alguns grupos
constitui um dos efeitos das atividades econômicas desen -
volvidas no Brasil desde o período colonial.
d) o desenvolvimento da atividade açucareira na colônia
alterou as condições naturais do território, ao introduzir o
plantio em áreas extensas, o que reverteu em ganhos para
as comunidades locais.
e) a introdução de atividades modernas, desde a colônia, vem
substituindo a ocupação predatória do meio ambiente, pelos
nativos, por outra mais racional que, ao otimizar os recursos
naturais, garante sua renovação.
RESOLUÇÃO:
A lógica capitalista (de acordo com o pensamento marxista) pro -
duz o enriquecimento de alguns e gera inevitavelmente a pobreza
de outros.
Resposta: C
”Torna-se claro que quem descobriu a África
no Brasil, muito antes dos europeus, foram os
próprios africanos trazidos como escravos. E esta desco berta
não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se
também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há
razões para pensar que os africanos, quando misturados e
transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a
existência entre si de elos culturais mais profundos.”
(R. Slenes. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do
Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92. Adaptado.)
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de
diferentes partes da África, a experiência da escravidão no
Brasil tornou possível a
a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
b) superação de aspectos culturais africanos por antigas
tradições europeias.
c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
d) manutenção das características culturais específicas de
cada etnia.
e) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.
RESOLUÇÃO:
A alternativa corrobora as afirmações do texto, nas quais o
brazilianist Robert Slenes detecta, entre os escravos negros
trazidos para o Brasil, o surgimento de uma identidade cultural
forjada por sua própria condição de escravos. Essa unidade
africana sobrepôs-se às diferenças etnoculturais das diversas -
populações transplantadas do continente negro para o Brasil.
Resposta: A
� ”Em um engenho sois imitadores de Cristo
crucificado porque padeceis em um modo
muito semelhante o que o mesmo Salvador padeceu na sua
cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois
madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não
faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma
vez, servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a
esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de
noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as
vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos;
Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado,
e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites,
as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a
vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência,
também terá merecimento de martírio.”
(A. Vieira. Sermões. Tomo XI.
Porto: Lello & Irmão, 1951. Adaptado.)
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma
relação entre a Paixão de Cristo e
a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos bra -
sileiros.
b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) o papel dos senhores na administração dos engenhos.
e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.
RESOLUÇÃO:
O Padre Antônio Vieira – o maior orador sacro da língua portu -
guesa – estabelece um paralelismo entre a Paixão de Cristo e o
sofrimento dos escravos nos trabalhos da produção de açúcar no
Brasil Colônia. E, embora demonstre compaixão pelos maus-tra -
tos infligidos aos cativos, o jesuíta encerra sua fala con cla mando
os negros a ter paciência, pois sua resignação os aproxi maria
ainda mais do martírio de Jesus. Ou seja, os métodos de trabalho
vigentes são criticados duramente, mas o sistema escra vista
acabava sendo admitido.
Resposta: E
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14 HISTÓRIA
1. A União das Coroas Ibéricas
Esta fase é conhecida pelas denominações de Perío -
do Habsburgo, Filipino, União Ibérica ou Domínio Espa -
nhol.
Após a morte de D. Sebastião I, em 1578, em
Alcácer Quibir, no norte da Áfri ca, o trono português (de
1578 a 1580) ficou com seu tio-avô, o cardeal D. Hen ri -
que, que veio a falecer nesta última data. Felipe II, rei da
Espanha, era o parente mais próximo com direito a
ocupar o trono. Contando com o apoio da nobreza e da
burguesia por tuguesa, ordenou ao duque de Alba, em
1580, a invasão de Portugal.
Entre as consequências da união das Coroas Ibé ri -
cas, destacam-se a constituição de um grande Império
Colo nial Ibérico, que provocou, entretanto: o desman te -
la men to do Império Luso no Oriente; e a formação da
“Invencível Armada”, que, diante da sua derrota, em
1588, não só acarretou uma grande decadência militar
em Portugal, como também arrastou este país para os
conflitos desastrosos com a Inglaterra, a França e princi -
palmente a Holanda. Apesar do domínio espanhol em
Portugal, este manteve sua autonomia adminis tra tiva,
mas foi atingido por uma grande crise econô mica. Outra
consequência foi o fecha men to dos portos ibéri cos aos
navios flamengos, inclu sive nas colônias, boi co tando
desta forma o comércio açucareiro. Tal boicote e con fis -
co dos navios flamengos acar retaram as invasões ho lan -
desas no Brasil e em outras colônias por tu guesas, onde
a Holanda tinha capitais investidos. No Brasil, além
desses fatos, ocorreu a su pres são tempo rá ria dos li mi -
tes de Tordesilhas, a expan são territorial, a interrupção
do tráfico negreiro devido às inva sões holan desas e o
consequente incremento da escra vi dão indígena.
2. Ataques e invasões
Entre os fatores básicos que justificam as inva sões
e ataques estrangeiros ao Brasil, encontramos, ini cial -
mente, a estipulação do Tratado de Tordesilhas (junho de
1494), firmado entre Espanha e Portugal, a partir do qual
ocorreu uma marginalização da Inglaterra, da França e da
Holanda em relação à partilha das terras recém-conquis -
ta das, provocando por parte desses países diversas
repre sá lias. Em um segundo momento, temos a União
das Coroas Ibéricas (1580-1640), que provocou uma
grande reação daqueles países aos monopólios ibéricos
Boicote: punição feita, geralmente, em represália, recu san do manter relações co merciais ou sociais.
Invasões e ataques estrangeiros: presen ça em território brasileiro de indi víduos que não eram de naciona li da de por tu gue sa, com vistas ao saque
e à posse de terras.
Extensão do Império Espanhol
3
Palavras-chave:União Ibérica e Invasões
Francesa, Inglesa e Holandesa
• Império Luso-Espanhol
• Dom Sebastião • Corsários
• França Equinocial
• Guerra Brasílica
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15HISTÓRIA
estabe le cidos em relação ao comércio e à navegação
coloniais. As principais invasões e ataques empreen -
didos por Inglater ra, França e Holanda ocor reram durante
o domínio espa nhol (relacionando-se com as rivalidades
da política euro peia) e arrastaram Portugal nos
desastrosos conflitos que envolviam a Espanha.
3. As invasões inglesas
Desde a década de 1530, havia um comércio ilícito
mantido pelos ingleses diretamente com os indígenas.
Tal fato constituiu a causa básica dos ataques ingleses,
que objetivavam o saque praticado por piratas, corsários
e almirantes ingleses, principalmente na fase do governo
da rainha Elizabeth I (Isabel).
Em 1583, o almirante Edward Fenton entrou em
Santos, mas foi repelido. Em 1586, entretanto, Thomas
Cavendish, na noite de Natal, ocupou a Vila de San tos,
saqueando-a e exigindo o pagamento de um resgate. No
ano seguinte, tentou um novo ataque a Santos, mas sem
sucesso. Em 1587, ocorreu um ataque fraca s sado à cidade
de Salvador, chefiado por Robert Withrington e Lister. Em
1595, nova expedição, comandada pelo inglês James
Lancaster, tendo a participação do corsário francês Venner,
atacou com grande sucesso o povoado de Recife.
4. As invasões fran cesas
Desde o período pré-colonial já ocorriam in cur sões
francesas, prin ci pal mente no litoral do Nordeste e do
Rio de Janeiro, onde prati ca vam o contrabando do
pau-brasil e con ta vam com a colabo ra ção indí gena.
A França Equi no cial
(Maranhão – 1612-1615)
A segunda ten ta tiva de se formar uma colônia
francesa no Brasil foi no Ma ranhão. A origem des sa colô -
nia re mon ta ao ano de 1594, quando alguns náu fra gos
franceses, li de ra dos por Jacques Riffault, es ta be le ce -
ram-se na região. Um outro francês, Charles de Vaux,
que havia sido aprisio na do no Ceará, regres sou à França
e difun diu a ideia de ser cri a da uma colônia fran ce sa na
região do Ma ranhão, área ain da a ban donada. Em 1612,
chegou ao Ma ra nhão uma expedi ção co man dada pelo
nobre Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière,
contan do com a participação de diversos outros fidalgos.
Os franceses estabeleceram as bases da colônia, que
recebeu o nome de França Equinocial, sendo, em 1612,
fundado o Forte de São Luís (futura cidade).
A expulsão dos franceses ocorreu em 1615, após
um acordo firmado entre eles e os portugueses (estes
últimos não o cumpriram).
Ataques de corsários
ao Rio de Janeiro (1710-1711)
Esses ataques es tão relacionados à co bi ça des per -
tada pela Fran ça sobre o ouro que saía pelo porto do
Rio de Ja nei ro e a um pretexto que está vinculado à
posição de Portugal, contrário às pretensões do rei
francês Luís XIV, na Guerra de Sucessão da Espanha.
Em repre sá lia a tal postura, em 1710 foi organizado um
ataque ao Rio de Ja nei ro, sob o comando de Jean
Duclerc, que foi der rota do, preso e posteriormente
assassinado por motivos par ticulares. Em 1711,
ocorreu um novo ataque, desta vez sob o comando de
Duguay-Trouin, corsário vincula do ao rei da França, o
qual, em poucos dias, contando com 18 navios,
apossou-se da cidade, que foi enorme mente
saqueada, e exigiu tam bém um vultoso resgate pago
em ouro.
Áreas ocupadas pelos franceses no Brasil
A presença francesa e a conquista do
litoral do Norte-Nor deste
Algumas regiões do Norte e do Nordeste do Brasil
tiveram seu povoamento iniciado devido aos ataques
realizados pelos portugueses contra as bases
francesas estabelecidas no litoral dessas regiões. Tal
foi o caso da Paraíba, onde os portugueses, para
expulsar os fran ce ses, em 1584, fundaram, por meio
Corsário: piratas que possuíam a “Carta do Corso”, uma auto ri zação para realizar ataque contra nações inimigas.
Contrabando: comércio de mercadorias sem o paga mento de direitos.
Equinocial: antiga denominação da Linha do Equador.
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16 HISTÓRIA
de Frutuoso Barbosa, o Forte de Filipeia de Nossa
Senhora das Neves, que veio a dar origem à terceira
cidade do Brasil (atual João Pes soa). Nessa região, os
portugueses contaram com o apoio dos índios
tabajaras, chefiados por Piragibe.
Outra região foi a do Rio Grande do Norte, onde,
em 1597, Jerônimo de Albuquerque fundou o Forte
dos Reis Magos (atual cidade de Natal) para fazer
frente aos fran ceses, que já há algum tempo faziam da
região seu reduto. Os índios potiguares davam grande
apoio aos invasores. Na região do Ceará, ocorreram
fatos idênti cos, pois os franceses constantemente
frequen tavam seu litoral. Em 1603, Pero Coelho iniciou
os ata ques aos fran ce ses e indí genas, mas não foi
bem-suce dido. A con quista ocorreu em 1611, com
Mar tim Soares Moreno (fun dador de Forta le za).
Todos esses fa tos estão inseridos na História da
conquista das regiões seten trio nais do Brasil.
5. As invasões holandesas
As relações mantidas por Portugal com os Países
Baixos eram bem intensas antes da própria
colonização do Brasil. Na análise da economia colo nial
brasi leira foi desta ca do o papel de grande importância
dos holan de ses na montagem da em pre sa canavieira
coloniza dora, na quali da de de fi nan ciadores, trans por -
tadores, refina dores e dis tri bui do res do açúcar do
Brasil no mercado europeu. Foi des ta cado também o
papel que desem pe nha vam no denominado "comércio
triangular" entre Europa, África e Brasil (incluindo o
tráfico negreiro). O iní cio da União Ibérica, entre tanto,
veio modificar enor me mente este qua dro, na medida
em que a situação po lí tica entre os dois países se
alterou so bre ma neira em virtu de dos decretos pu bli -
cados pelo rei Fili pe II da Espa nha, boi co tan do o co -
mér cio açucareiro fla mengo com o Brasil.
A invasão holandesa na Bahia
(1624-1625)
Vinte e seis navios da WIC, com 3.300 ho mens,
sob o comando de Jacob Willekens, tendo o des ta que
do almi ran te Pieter Heyn e do governador Johan van
Dorth, inva di ram a Bahia. Esta foi es colhida por ser um
grande centro pro du tor de açúcar e a capital da
colônia. A notícia da vinda dos holandeses já havia sido
anunciada, mas, apesar de um rela tivo preparo para a
chegada destes, o governador Diogo Mendonça
Furtado não conseguiu evitar a queda de Salvador. A
população, sob a liderança do bispo D. Marcos
Teixeira, retirou-se para o interior, onde organizou
diversos grupos de guerrilhas. Os portu gue ses
receberam, logo depois, a ajuda de Matias de
Albuquerque, proveniente de Pernambuco. O
movimen to de guerrilha dos habitantes locais teve
sucesso e a situa ção dos holandeses tornava-se cada
vez mais problemática. Tornou-se insustentável
quando chegou à Bahia uma imensa esquadra luso-
espanhola (aproxima damente 12 mil soldados) organi -
zada pelo rei Filipe IV e co mandada por D. Fradique de
Toledo Osório. Em 1625, os holandeses eram
derrotados e ex pul sos da Bahia – episó dio que ficou
co nhe cido como Jor na da dos Vassalos.
Em 1628, entretanto, Pieter Heyn atacou barcos
es pa nhóis car rega dos de prata nas Antilhas. Este e
outros ataques (como um novo saque ao porto de
Salvador, em 1627) cria ram condições para a WIC se
reestruturar e preparar um novo e maior ataque, agora
em uma região menos protegida e a maior produtora
de açúcar do Brasil.
Invasão e conquista dos holandeses no Nordeste
A invasão holandesa em
Pernambuco (1630-1654)
Com 56 navios gran des e 7.300 soldados, a WIC
realizou a sua se gun da invasão, agora sob o comando
de Diederik van Waerdenburgh e Hendrick Lonck. Os
400 soldados de Pernam bu co nada puderam fazer
diante de tão desigual situação. Dessa forma, os
holandeses não en con traram resistência pa ra penetrar
na capitania (fe ve rei ro de 1630). O governador dePernambuco, Matias de Albu quer que, deu ordem de
retirada à popu la ção, incendiando os armazéns e
navios e realizando a fuga mais para o interior ("fuga da
terra arrasada"). Nesse local organizaram a resistência,
formando o famoso Arraial do Bom Jesus. O movi -
mento guerrilheiro que reunia senhores de engenho,
Regiões setentrionais: refere-se a re giões do Norte.
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17HISTÓRIA
6.Cronologia
1578 – Morte do rei D. Sebastião na Batalha de
Alcácer Quebir, na África.
1580 – Morte do cardeal-rei D. Hen rique; extinção da
Dinastia de Avis e início da União lbérica (Do -
mínio Filipino).
1588 – Derrota da “Invencível Ar ma da”.
1591 – Thomas Cavendish sa queia Santos e São
Vicente.
1595 – James Lancaster saqueia o Recife.
1602 – Criação da Companhia Holandesa das Índias
Orientais.
1612 – Fundação da França equi no cial.
1621 – Criação da Companhia Holandesa das Índias
Ocidentais.
1624 – Invasão holandesa na Bahia.
1630 – Invasão holandesa em Per nam buco.
� (UFMG – MODELO ENEM) – Analise este quadro:
Evolução do número de engenhos de açúcar em cada Capitania
(Francisco Bethencourt;
Kirti Chauduhuri. História da expansão portuguesa.
Lisboa: Círculo de Leitores, 1998, p. 316.)
A partir dessas informações sobre a evolução do número de engenhos
açucareiros no Brasil, entre 1570 e 1629, é correto afirmar que
a) a expulsão dos holandeses da Bahia pro vo cou a retração da
produção açucareira nessa Capitania.
b) a invasão holandesa no Nordeste açucareiro destruiu a base
produtiva instalada pelos por tugueses na região.
c) a substituição do trabalho escravo indígena pelo africano não
alterou a produção de açúcar na região de São Paulo.
d) a expansão da área açucareira em Pernam buco ocorreu, de forma
significativa, durante o período da União Ibérica.
Resolução
A União Ibérica (1580-1640) foi o período em que Portugal e Espanha
estavam sob o domínio Habsburgo.
Obs.: Pela tabela se observa um crescimento nas capitanias de
Pernambuco, Itamaracá e Pa raí ba entre os anos de 1612 e 1629,
portanto an terior à invasão holandesa de Pernambuco (1630-54).
Resposta: D
� (MODELO ENEM) – “Em 1580, instalou-se uma crise sucessória
em Portugal. Em 1578, o rei Dom Sebastião I morrera na batalha de
Alcacer-Quibir, no Marrocos contra os mouros, no norte da África, não
deixando herdeiros. Assumira o trono português, como regente, o
cardeal Dom Hen ri que, seu tio-avô, que morreu em 1580. Extinguia-se
com ele a dinastia de Avis. Vários candidatos, por ligações de paren -
tesco, apre sen taram-se para a sucessão. Felipe II, rei da Espanha, por
ser neto de Dom Manuel, o Venturoso, e tio de D. Sebas tião, julgava-
se o candidato com mais direito ao trono português. Assim, as forças
espanholas invadiram Por tu gal, em 1580, e Felipe II tomou a Coroa
por tuguesa, unindo Portugal e Espanha. Este fato ficou conhecido
como União Ibérica, que se estendeu até 1640.”
(Disponível em: <http://brasil-imperio.blogspot.com/2009/01/unio-
ibrica-e-expanso-oficial-do-brasil.html>.
Acesso em: 14 ago. 2009.)
Sobre a União Ibérica, é correto afirmar:
a) A morte de D. Sebastião levou imediata men te a um suces sor
espanhol.
b) D. Felipe II era sobrinho de D. Sebastião.
c) Em 1578 começa a União Ibérica e se encerra em 1640.
d) A dinastia de Avis continua a existir com D. Felipe II.
e) União Ibérica foi a união entre Portugal e Espanha sob o comando
de Felipe II.
Resolução
Com a crise sucessória em Portugal, provocada pela falta de um
herdeiro luso direto, o rei da Espanha impôs o seu comando sobre
Portugal. Esse período se estendeu de 1580 até 1640.
Resposta: E
Capitania 1570 1503 1612 1629
Pará, Ceará,
Maranhão
– – – –
Rio Grande – – 1 –
Paraíba – – 12 24
Itamaracá 1 – 10 18
Pernambuco 23 66 99 150
Sergipe – – 1 –
Bahia 18 33 50 8
Ilhéus 8 3 5 4
Porto Seguro 5 1 1 –
Espírito Santo 1 6 8 8
Rio de Janeiro – 3 114 60
São Vicente,
Santo Amaro
4 6 – –
Total 60 118 201 350
escravos, índios e a popu lação de Olinda e Recife
denominou-se Guerra Brasílica.
O Arraial do Bom Jesus conseguiu algumas
vitórias, mas em abril de 1632 Domingos Fernandes
Calabar, profundo conhecedor da região e participante
do “Arraial”, deixou de apoiar os portugueses e se
uniu aos invasores, denunciando o local do centro de
resis tên cia. O Arraial do Bom Jesus foi der rotado e os
holan deses estenderam suas conquis tas para outras
regiões do litoral nordestino, desde o Rio Grande do
Norte até a Paraíba. Matias de Albuquerque ordenou a
retirada para Alagoas e no caminho retomou Porto
Calvo, onde der rotou os holandeses. Aprisionou
Calabar e mandou execu tá-lo. Essas vitórias, en tre -
tanto, foram infrutíferas, pois os holan de ses obtiveram
uma vitória funda men tal em Mata Redonda. Em 1637,
a WIC entregou a adminis tração do Brasil holandês ao
conde João Mau rício de Nassau.
Exercícios Resolvidos
Arraial: acampamento, especialmente de tropas.
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18 HISTÓRIA
� Quais motivos levaram à formação da União Ibérica?
RESOLUÇÃO:
Após a morte de D. Sebastião (rei de Portugal), Felipe II (rei da
Espanha), que era parente mais próximo com direito a ocupar o
trono, ordenou a invasão de Portugal e uniu as coroas ibéricas.
� Quais as consequências da União Ibérica para o Brasil?
RESOLUÇÃO:
Anulação do Tratado de Tordesilhas, interrupção do tráfico
negreiro e invasões inglesas, francesas e holandesas.
� Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda
escreveram uma peça para teatro chamada
Calabar, pondo em dúvida a reputação de traidor que foi
atribuída a Calabar, pernambucano que ajudou decisivamente
os holande ses na invasão do Nordeste brasileiro, em 1632.
“– Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal,
nação que explorava a colônia onde Calabar havia nascido?
Calabar, mulato em uma sociedade es cra vista e discri mi -
natória, traiu a elite branca?”
Os textos referem-se também a esta personagem.
Texto I: “...dos males que causou à Pátria, a História, a inflexí -
vel História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os
séculos”.
(Visconde de Porto Seguro. In A. Souza Júnior. Do Recôncavo aos
Guararapes. Rio de Janeiro: Bibliex, 1949.)
Texto II: “Sertanista experimentado, em 1627 procu rava as
minas de Belchior Dias com a gente da Casa da Torre; ajudara
Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido,
e desertara em consequência de vários crimes praticados...“
(os crimes referidos são o de contrabando e roubo).
(P. Calmon. História do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.)
Pode-se afirmar que:
a) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e
chegam às mesmas conclusões.
b) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com
relação à suposta traição de Calabar, e o texto II mostra uma
posição contrária à atitude de Calabar.
c) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de
Calabar, e a peça demonstra uma posição indiferente em
relação ao seu suposto ato de traição.
d) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição
de Calabar, ao contrário do texto I, que conde na a atitude de
Calabar.
e) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o
texto I atribui a Calabar, enquanto o texto II des creve ações
positivas e negativas dessa perso na gem.
RESOLUÇÃO:
A alternativa se explica por si mesma. Deve-se apenas observar,
para esclarecimento, que o texto de Rui Guerra e Chico Buarque
foi escrito num contexto de oposição ao regime militar brasileiro
e seus valores, que enfatizavam a visão tradicionalista e ufanista
de nossa História. O visconde de Porto Seguro representa esse
mesmo pensamento tradicional, inserido na estrutura conserva -
dora do Segundo Reinado. Já Pedro Calmon – um historiador do
século XX – demonstra uma visão mais objetiva a respeito do
personagem Calabar.
Resposta: E
� ”Quando tomaram a Bahia, em 1624-5, os
holandeses promoveram também o bloqueio
naval de Benguela e Luanda, na costa africa na.Em 1637,
Nassau enviou uma frota do Recife para capturar São Jorge da
Mina, entreposto português de comércio do ouro e de escravos
no litoral africano (atual Gana). Luanda, Benguela e São Tomé
caíram nas mãos dos holandeses entre agosto e novembro de
1641. A captura dos dois polos da eco nomia de plantações
mostrava-se indispensável para o imple mento da atividade
açucareira.”
(L.F. Alencastro. Com quantos escravos se constrói um país?
In Revista de História da Biblioteca Nacional.
Rio de Janeiro, ano 4, n. 39, dez. 2008. Adaptado.)
Os polos econômicos aos quais se refere o texto são
a) as zonas comerciais americanas e as zonas agrícolas
africanas.
b) as zonas comerciais africanas e as zonas de transfor mação
e melhoramento americanas.
c) as zonas de minifúndios americanas e as zonas comer ciais
africanas.
d) as zonas manufatureiras americanas e as zonas de en -
treposto africano no caminho para a Europa.
e) as zonas produtoras escravistas americanas e as zonas
africanas reprodutoras de escravos.
RESOLUÇÃO:
A produção açucareira do Nordeste brasileiro neces sitava de mão
de obra escrava. Para a Companhia das Índias Orientais holan de -
sa, que atacou a Bahia de 1624 a 1625 e ocupou Pernambuco de
1630 a 1654, era importante controlar as zonas africanas for ne -
cedoras (e não “reprodutoras”) de escravos. Daí a conquista,
pelos flamengos, das localidades africanas menciona das no texto.
Resposta: E
Exercícios Propostos
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19HISTÓRIA
1. Administração Nassoviana
(1637-1644)
Nassau imprimiu um sentido expansionista, ocu -
pan do o Nordeste até o Ma ranhão. Na África tomou
São Jorge da Mina e feitorias em Angola para assegurar
a vinda da mão de obra escrava negra. Falhou, entretan to,
nas tentativas de conquistar a Bahia, em 1638. Enquanto
a luta prosseguia no Brasil, a Restauração Por tu guesa
(visando derrubar o domínio espanhol) iria mo dificar sen -
si velmente as relações entre Portugal e Holanda.
Durante a denominada Guerra da Restauração, Por -
tu gal contou com o apoio de Inglaterra, França e Holanda
e tal fato exigiu de Portugal a elaboração de diversos
tratados e acordos. Em relação à Holanda, tivemos a
Trégua dos Dez Anos (1641-1651), acordo que tentava
justificar a contraditória e ambígua situação luso-fla -
menga: na Europa (Portugal), os dois países estavam
aliados contra a Espanha; no Brasil, os holandeses ocu -
pa vam sete capitanias (do Mara nhão a Sergipe). Essa
paradoxal situação de paz foi bem aproveitada por Nas -
sau em sua obra administrativa.
A política nas soviana carac te rizou-se pelas re lações
cordiais com a po pu la ção, princi pal men te com os se nho -
res de enge nho, de quem procurou ganhar a simpatia fi -
nan ciando enge nhos, encampando suas dívidas, co bran -
do juros baixos e recuperando engenhos aban do nados.
Consequentemente, aumentou a produção cana vi ei ra.
Nassau procurava dar garantias a uma justiça mais igua -
li tária e uma maior liberdade de culto, além de ter pu -
blicado normas protegendo a alimentação dos escravos
(obrigatoriedade de cultivo de 200 covas de mandioca
para os escravos). Politicamente, criou o Conselho dos
Escabinos, espécie de Câmara Municipal constituída
pelos senhores locais, mas dirigida por um membro da
WIC, o esculteto. Nassau cuidou ainda de obras de
embelezamento de Recife e culturais, como a criação do
Observatório Astronômico e da Biblioteca.
A política de Nassau, entretanto, entrou em choque
com os interesses da WIC. Esta considerava a sua
administração muito dispendiosa e personalista. Nassau,
pressionado, acabou por se demitir em 1643, mas
somente no ano seguinte retirou-se de Pernambuco.
2. A Insurreição Pernambucana
(1645-1654)
Após uma fase inicial de reação ao invasor (1630-35)
e um período de acomodação (1635-45), teve início em
1645 uma forte reação visando à expulsão dos holan de -
ses. Tal movimento já se fazia sentir desde 1642 no Mara -
nhão; com a saída de Nassau, alastrou-se a tendência
liberta do ra entre os pernambucanos.
As causas básicas da Insurreição Pernambucana
estão no endividamento dos senhores de engenho,
cobrança das dívidas de forma diferente da que vinha
sendo feita, queda no preço do açúcar e reflexos de
catástrofes naturais sobre a produção canavieira.
Escabino: membro da Câmara Municipal criada pelos ho lan de ses durante o período de dominação em Pernambuco.
Maurício de Nassau, que governou as áreas de conquistas holande -
sas no Brasil entre 1637 e 1644.
4
Palavras-chave:Domínio
Holandês e Restauração
• União Ibérica
• Nassau • Tolerância religiosa
•Brasil holandês
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 19
20 HISTÓRIA
Diante das primeiras reações revolucionárias, o rei
de Portugal, D. João IV, censurou a atitude dos líderes
da insurreição – João Fernandes Vieira, o negro
Henrique Dias, André Vidal de Negreiros e Filipe
Camarão (índio Poti) –, chamando-os de “maus
vassalos” por não res peitarem o acordo firmado na
Tré gua dos Dez Anos. Consequentemente, até 1651, o
movimento recebeu de Portugal apenas um apoio não
oficial.
Após uma primeira vitória no Morro das Tabocas,
conseguida pelo senhor de engenho João Fernandes
Vieira, e graças à hábil política de André Vidal de Ne -
grei ros, que chegou da Bahia com "tropas media -
doras", os holan deses sofre ram novas derrotas. Dessa
forma, Ala goas e Sergipe foram libertados. Em Per -
nam buco, em 1648 e 1649, ocorreram as duas
Batalhas de Guara ra pes, com significativas vitórias dos
insurretos.
Em 1653, o rei de Portugal enviou reforços, sob o
co mando de Pedro Jaques de Magalhães. Recife,
cerca do, assistiu a uma nova derrota holandesa. A
rendição final ocorreu em 1654, quando os ho lan deses
capitu la ram na Campina do Taborda.
A guerra dos holandeses contra os ingleses de
Oliver Cromwell (1651-54), devido à decretação do Ato
de Navegação (1651) pela Inglaterra, contribuiu para o
enfraquecimento dos flamengos.
Consequências
Entre as principais consequências da expulsão dos
flamengos do Brasil, temos uma de ordem econômica: o
início da decadência da produção canavieira (a partir de
aproximadamente 1660), devido à concorrência da pro -
du ção antilhana. As Antilhas devia sua crescente produ -
ção à introdução de uma tecnologia mais aprimo rada,
levada pelos holandeses da WIC, expulsos do Brasil. Ao
ter mi nar o século, o Brasil, que anteriormente era o
primeiro produtor mundial de açúcar, colocava-se em
quinto lugar, tendo à sua frente regiões antilhanas, como
a Jamaica.
Outra consequência interna foi o despertar do sen ti -
mento nativista, visto que, após a intensa participação na
guerra contra os in va so res, os habitantes de Pernam -
buco, depois de 1654, voltavam ao jugo português. O
mo vimento insurrecional evidenciava condições de
maior participação e orga niza ção política por parte dos
pernambucanos.
Outra consequência interna diz respeito ao acordo
en tre Portugal e Holanda, firmando o Tratado de Paz de
Haia (1661), graças à mediação inglesa. Segundo tal
tratado, a Holanda recebia uma indenização de 4 milhões
de cruzados e a cessão pelos portugueses das ilhas
Molucas e do Ceilão, recebendo ainda o direito de co -
mer ciar com mais liberdade nas possessões portu -
guesas, devido à perda do ”Brasil holandês”.
3. Restauração Portuguesa
Em 1640, ocorreu a Restauração Portuguesa (fim
da União Ibérica), movimento liderado pelo Duque de
Bragança, que, contando com o apoio de Inglaterra,
França e Holanda, conseguiu derrotar as tropas de
Filipe IV da Espanha, ascendendo ao trono português
com o nome de D. João IV (iniciando a Dinastia de
Bragança). As causas da Restauração estão
relacionadas à deca dên cia em que o país se
encontrava. O movimento ar rastou-se até 1668, tendo
por base econômica a ajuda do Brasil, que aderiu à
Restauração por intermédio dos gover nadores do Rio
de Janeiro e de Salvador.
Para garantir a Restauração e sua vitória, D. João
IV iniciou uma política de alianças com a Inglaterra, a
França e a Holanda, que em seu sentido global
produziu uma enorme dependência de Portugal em
relação a esses países, principalmente em relação à
Inglaterra. Com a Holanda, D. João IV assinou a
Trégua dos Dez Anos (1641 a 1651), enquanto os
holandeses ocupavam o Nor des te brasileiro. Em 1661
(após a expulsão dos holan de ses do Brasil), Portugal
firmou com a Holanda um tratado de paz (Tratado de
Haia), pelo qual cedia a ela as ilhas Molucas, o Ceilão
e uma indenização de 4 mi lhões de cruzados pela
perda do Nordeste brasileiro.
Com a Inglaterra foram assinados vários tratados,
que levaram, progres siva mente, à total subordinação
econô mi ca de Portugal. Em 1642, foram redu zidas as
tarifas alfandegárias que incidiam sobre as
manufaturas inglesas e per mitiu-se o comércio direto
com o Brasil, salvo com relação aos produtos
estancados.
Tratado de Methuen – Panos e Vinhos
O Tratado de Methuen, em 1703, consagrou em de -
finitivo o domínio econômico da Inglaterra no mun do
português.
Esse último tratado versava sobre os panos in gle -
ses e os vinhos portugueses, um dos principais
produtos de exportação do reino. Daí a denominação
de Tratado dos Panos e Vinhos. Por ele, os panos
ingleses receberiam tarifas preferenciais nos portos
portugue ses; em contrapartida, o vinho português
receberia uma redução nas taxas, quando fosse
admitido no mercado inglês. O Trata do de Methuen
teve consequências desastrosas pa ra Portugal,
arruinando suas manufaturas, gerando, assim, a
dependência dos produtos ingleses e conduzindo os
portugueses a catastrófica especialização na produ ção
vinícola, o que ge rou em pouco tempo crises de
abastecimento.
Brasil holandês: área do Nordeste ocu pada pelos holandeses entre 1630 e 1654.
Ascendendo: subindo.
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21HISTÓRIA
No Brasil, ocorreram importantes transformações na
política administrativa após a Restauração. Houve um
enrijecimento progressivo do Pacto Colonial, com
aumento da centralização do poder, fim da autonomia
municipal, quebra da “relativa harmonia” entre colônia e
Metrópole, através das revoltas nativistas e, principal -
mente após 1642, com a centrali zação empreendida
pelo Conselho Ultramarino.
Enrijecimento: endurecimento de arro cho.
4. Cronologia
1637 – Início do governo de Nas sau.
1640 – Edital de Maurício de Nas sau proibindo a pro dução do açúcar sem o plantio paralelo da mandioca.
– Fim da União Ibérica (Res tauração Portugue sa); expulsão dos jesuítas de São Paulo.
1642 – Criação do Conselho Ultra marino.
1645 – Início da Insurreição Per nam bucana.
1654 – Expulsão dos holandeses do Brasil.
� (FUVEST – MODELO ENEM)
Este quadro, pintado por Frans Post por volta de 1660, pode ser correta -
men te relacionado
a) à iniciativa pioneira dos ho lan deses de cons trução dos pri meiros
engenhos no Nor des te.
b) à riqueza do açúcar, alvo prin cipal do interesse dos ho lan deses no
Nordeste.
c) à condição especial dis pen sada pelos ho lan deses aos es cravos
africanos.
d) ao início da exportação do açú car para a Eu ropa por deter minação de
Maurício de Nassau.
e) ao incentivo à vinda de holandeses para a cons tituição de pequenas
propriedades rurais.
Resolução
Durante a dominação holandesa em Pernam bu co, ocorreu a adminis -
tração de Maurício de Nassau (1637-1644), o qual trouxe para o Brasil
o pintor Frans Post, autor da tela “O engenho com capela”, reprodu zi -
da na prova. O artista chegou ao Brasil em 1637, com 24 anos de
idade, e to mou parte em diversas ex pe dições, com o objetivo de
montar uma grande coleção de desenhos com motivos brasileiros para
o seu mecenas.
Resposta: B
� (UFMG – MODELO ENEM) – Leia o texto.
“Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca do ad -
ministrador. Seu período é o mais brilhante de presença estrangeira.
Nassau renovou a administração (...). Foi relativamente tolerante com
os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do culto. Como também
com os judeus (depois dele não houve a mesma tolerância, nem com
os católicos e nem com os judeus – fato estranhável, pois a Compa -
nhia das Índias contava muito com eles, como acionistas ou em pos -
tos eminentes). Pensou no povo, dan do-lhe diversões, melhorando
as condi ções do porto e do núcleo urbano (...), fazendo museus de
arte, parques botânicos e zooló gicos, observatórios astronômicos.”
(Francisco lglésias)
Esse texto refere-se
a) à chegada e instalação dos puritanos in gle ses na Nova lnglaterra,
em busca de liberdade religiosa.
b) à invasão holandesa no Brasil, no período de União lbérica, e à
fundação da Nova Holanda no nordeste açucareiro.
c) às invasões francesas no litoral fluminense e à instalação de uma
sociedade cosmopolita no Rio de Janeiro.
d) ao domínio flamengo nas Antilhas e à criação de uma sociedade
moderna, influencia da pelo Renascimento.
e) ao estabelecimento dos sefardins, expulsos na Guerra da Recon -
quista lbérica, nos Países Baixos e à fundação da Com panhia das
Índias Ocidentais.
Resolução
A União Ibérica (1580-1640) fez com que Portugal rompes se relações
com a Holanda, que até então comercia li za va o açúcar bra si lei ro, mas
se encontrava em guerra com a Es pa nha. Em consequência, a Com pa -
nhia das Ín dias Ocidentais, formada por capitais ho lan de ses, atacou o
Nordeste Brasileiro, principal região produtora de açúcar. Nassau admi -
nis trou o Brasil holandês entre os anos de 1637 e 1644.
Resposta: B
Exercícios Resolvidos
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22 HISTÓRIA
� O que foi a Insurreição Pernambucana?
RESOLUÇÃO:
Movimento de rebeldia dos colonos pernambucanos em face da
cobrança das dívidas com os holandeses após a demissão do
Conde Maurício de Nassau.
� (FUVEST) – Na segunda metade do século XVII Portugal
encontrava-se em grave crise econômica.
a) Explique os motivos dessa crise.
RESOLUÇÃO:
A União Ibérica, com a perda de significativa parte do Império
Oriental e entrepostos africanos; as concessões comerciais para a
Inglaterra e a crise da economia açucareira por causa da concor -
rência holandesa nas Antilhas.
b) De que forma o Brasil contribuiu para solucioná-la?
RESOLUÇÃO:
Do Brasil viria a salvação de Portugal, por uma maior cen traliza -
ção administrativa e um rígido controle fiscal, ou por qualquer
outro meio que resultasse em maiores recursos para o Estado.
� (FUVEST) – Foram, respectivamente, fatores importantes
na ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na sua poste -
rior expulsão:
a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os de -
sen tendimentos entre Maurício de Nassau e a Companhia
das Índias Ocidentais.
b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o
endividamento dos senhores de engenho com a Companhia
das Índias Ocidentais.
c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência
e não aceitação do domínio estrangeiro pela população.
d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial
e o fim da dominação espanhola em Portugal.
e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança
de interesses da Companhia das Índias Ocidentais.
RESOLUÇÃO:
O interesse dos holandeses no Brasil era controlar a produção
do açúcar.
Resposta: B
� (PUC-CAMP – MODELO ENEM) – “(...) a pré-história das
nossas letras interessa como reflexo da visão do mundo e da
linguagem que nos legaram os primeiros observadores do país.
É graças a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos
grupos sociais nascentes, que captamos as condições pri -
mitivas de uma cultura que só mais tarde poderia contar com
o fenômeno da palavra-arte.”
(Alfredo Bosi. História concisa da Literatura Brasileira.
São Paulo: Cultrix, 1970, p. 15.)
Dentre os muitos observadores do país, que se dedicaram a
fazer tomadas diretas da paisagem, do índio e dos grupos
sociais nascentes, temos artistas holandeses como Frans Post
e Albert Eckhout. Tais artistas vieram ao Brasil, no século XVII,
em função da
a) Companhia de Jesus, que estimulou a difusão de obras
artísticas que retratavama beleza do Brasil, a fim de
desmis tificar a ideia de "selvageria" associada à natureza e
ao indígena.
b) administração pombalina, que valorizou a produção artística
e científica desenvolvida por estrangeiros, no Brasil,
exercendo o chamado "despotismo esclarecido".
c) chamada Missão Francesa, que foi constituída por artistas e
cientistas de várias nacionalidades, encarregados de
registrar a geografia, as raças, a flora e a fauna brasileiras.
d) Companhia das Índias Ocidentais, que se empenhou em
avaliar economicamente a riqueza natural brasileira, para
atender aos interesses comerciais da Coroa Portuguesa.
e) administração nassauviana, que procurou desenvolver a
vida cultural da "Nova Holanda", patrocinando a vinda e a
produção de artistas, cientistas, escritores e teólogos.
RESOLUÇÃO:
Erudito e humanista, Maurício de Nassau interessava-se pelas
ciências e pelas artes. Tão logo foi nomeado pela Companhia das
Índias Ocidentais como administrador da Nova Holanda (parte do
nordeste do Brasil), reuniu um grupo de cientistas, teólogos,
arquitetos, médicos e pintores para trazer consigo ao Brasil.
Resposta: E
Exercícios Propostos
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23HISTÓRIA
� A partir da Restauração Portuguesa, a política co lonial por -
tuguesa passou a ser assinalada pelo enrijecimento. O principal
órgão político-adminis trativo encarregado da governança das
colônias e que demonstrava o rigor dessa nova política colonial
era o(a)
a) Conselho das Índias.
b) Casa de Contratação.
c) Tribunal do Santo Ofício.
d) Conselho Ultramarino.
e) Conselho Consultivo de Administração Colonial.
RESOLUÇÃO:
Portugal adota uma política ainda mais centralizadora, passando
a controlar a colônia diretamente da Europa.
Resposta: D
(MODELO ENEM) – “No dia 1.° de dezembro de 1640,
eclodiu por fim em Lisboa a revolta, imediatamente apoiada
por muitas comunidades urbanas e concelhos rurais de todo o
país, levando à instauração da Casa de Bragança no trono de
Portugal. Finalmente, um sentimento profundo de autonomia
estava a crescer e foi consumado na revolta de 1640, na qual
um grupo de conspiradores da nobreza aclamou o duque de
Bragança como Rei de Portugal, com o título de D. João IV
(1640-1656), dando início à quarta Dinastia – Dinastia de
Bragança.”
(Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Restauracao_da_Independencia>.
Acesso em: 14 ago. 2009.)
A partir do texto, podemos afirmar que
a) retrata o momento de independência do Brasil e a forte
reação portuguesa.
b) o sentimento nacionalista foi fundamental para o fim da
União Ibérica.
c) o duque de Bragança se opôs à independência portuguesa.
d) a Dinastia de Bragança foi favorável à união com a Espa nha.
e) as comunidades urbanas e rurais lutaram contra a restau ração.
RESOLUÇÃO:
Depois de muitos anos de dominação espanhola, os portugueses
não aguentavam mais o desdém com as causas lusitanas nem o
aumento dos impostos decretado por Felipe III.
Resposta: B
� (PUC) – A invasão e a ocupação holandesas no Nordeste
do Brasil, ocorridas durante o período da União Ibérica = (1580-
1640),
a) derivaram dos conflitos territoriais entre Portugal e
Espanha, que fragilizaram o controle português sobre a
colônia.
b) foram resultado das disputas entre Holanda e Inglaterra
pelo controle da navegação comercial atlântica.
c) derivaram dos interesses holandeses na produção e
comercialização do açúcar de cana.
d) foram resultado do expansionismo naval espanhol, que
desrespeitou os limites definidos no Tratado de Tordesilhas.
e) derivaram da corrida colonial, entre as principais po tências
europeias, na busca de fontes de matérias-pri mas e carvão.
RESOLUÇÃO:
O advento da União Ibérica alinhou Portugal com a política
externa da Espanha, o que obrigou o primeiro a romper sua
parceria com os flamengos no comércio açucareiro. Prejudi cados
em sua lucrativa partici pa ção na comercialização do açúcar
brasileiro, os Países Baixos, por meio da Companhia das Índias
Ocidentais, procurou apoderar-se do Nordeste Brasileiro –
principal produtor de açúcar na época – e das bases para o tráfico
negreiro que os portugueses mantinham no litoral atlântico
africano.
Resposta: C
Leia a seguir um trecho do Tratado de Methuen de 1703:
“I. Sua Majestade ElRey de Portugal promete tanto em Seu
próprio Nome, como no de Seus Sucessores, de admitir para
sempre daqui em diante no Reyno de Portugal os Panos de lãa,
e mais fabricas de lanifício de Inglaterra, como era costume até
o tempo que forão proibidos pelas Leys, não obstante qualquer
condição em contrário.
II. He estipulado que Sua Sagrada e Real Majestade Britanica,
em seu próprio Nome e no de Seus Sucessores será obrigada
para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os
Vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum
(haja Paz ou Guerra entre os Reynos de Inglaterra e de França),
não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes vinhos...”
Levando-se em consideração seus conhecimentos sobre o
tema e o trecho exposto acima, é possível afirmar que tal
tratado:
a) denota a preocupação de ambas nações em destacar o
direito divino de seus reis, sempre referidos com letras
maiúsculas ou com o titulo de “sagrada”.
b) foi estabelecido num momento em que a Inglaterra vivia
sua revolução burguesa, com o rei tentando se aliar com
esta classe através de acordos econômicos com outras
nações.
c) significava uma tentativa de Portugal recuperar sua
economia (abalada desde o fim da União Ibérica) e da
Inglaterra estabelecer relações vantajosas para sua
crescente produção.
d) mostra a instabilidade da política externa do período, tendo
em vista a preocupação em fixar o acordo apenas em
momentos de paz, sendo desvalidado em caso de guerra.
e) Destaca a necessidade inglesa e importar a lã portuguesa,
pois a Revolução Industrial já estava em andamento na
Inglaterra e a demanda por matéria prima era grande.
RESOLUÇÃO:
O Tratado de Methuen foi feito dentro de um contexto de
recuperação econômica portuguesa e de crescimento industrial
inglês. Assim, ambos buscavam vantagens comerciais, que
alimentassem seus desejos imediatos. No longo prazo, no
entanto, o Tratado teve consequências desastrosas para as
manufaturas portuguesas, deixando a nação dependente dos
produtos ingleses.
Resposta: C
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24 HISTÓRIA
1. A interiorização da
colonização
Considerações gerais
Até meados do século XVI, apenas certo trecho do
litoral brasileiro – e ainda assim de forma intermitente –
foi povoado pelos portugueses, de São Vicente a Itama -
ra cá. Isso justifica a expressão de Frei Vicente do Sal -
vador, autor da primeira História do Brasil: “Os portu -
gueses an da vam como caranguejos, arra nhando o
litoral”. Entre tan to, a expansão dos horizontes geográ -
ficos do Brasil, com o consequente povoamento das
regiões con quis ta das (par tin do do litoral para o interior),
obedeceu a alguns princípios gerais:
• Condições econômicas
Enquanto o prin cipal interesse foi a agricultura, ape -
nas uma faixa lito rânea, de dez a vin te léguas, era co -
nhe cida e po voa da; a interio ri za ção da coloni za ção efe ti -
vou-se com a pe cuá ria (sé culos XVI-XVII) e o com plexo
mi ne rador (século XVIII).
Área de Exploração das drogas do sertão.
• Necessidade de ter ritó rio contínuo
Tal necessidade se devia a motivos de se gu ran ça e
de interesse econô mi co co muns, pois a conti nui dade
territorial facilitaria o inter câm bio da produção, haja
vista a colonização de Sergipe e Alagoas, bem como a
conquista do tre cho en tre Laguna e Rio Grande do Sul.
• Aproveitamento dos rios navegáveis
Particularmente, dos Rios São Francisco, Tietê e
Paraí ba do Sul.
• Agentes humanos
O elemento humano responsável pela expansão ter -
ritorial foi representado pe los bandeirantes (expe dicio -
ná rios militares encarregados do apresamento de in dí ge -
nas e da descoberta de ouro e pedras preciosas), pelos
boiadeiros (em buscade pastagens para o gado, em uma
ocupação do solo vinculada à contiguidade das pro prie -
dades), pelos tropeiros (que comercializavam gado
entre as regiões Sul e Sudeste), pelos missionários (por
meio da cateque se e da fundação de missões) e pelas
milícias portuguesas (visando à conquista do Norte e do
Nordeste do Brasil).
A expansão oficial
Entende-se por expansão territorial oficial o proces -
so de anexação e ocupa ção de vastíssimas áreas promo -
vido pela Metrópole.
O ponto de par tida dessa expan são oficial foi a luta
contra os fran ceses na épo ca da fundação da Fran ça
Antártica (1555-67). Contudo, a fase mais importante da
ampliação territorial coordenada pela Metrópole ocorreu
durante o domínio filipino (1580-1640).
Durante o sé cu lo XVI e o início do século XVII, a com -
pe tição entre as metró poles eu ro peias para a aqui sição de
colô nias do Novo Mun do, particu lar men te en tre as nações
marginalizadas pelo Tratado de Tordesilhas, resul taria na
tentativa de ocupação de territórios na Amé ri ca; o Brasil
tornou-se um dos principais alvos durante o longo perío do
da dominação espanhola. Temendo a per da de parte da
co lônia, a Coroa viu-se obrigada a expul sar os inva sores e
criar núcleos de po voa mento naquelas regiões.
Fundação da Colônia
do Sacramento (1680)
Esse acontecimento está diretamente vinculado à
im por tância comercial da região. Por um lado, a velha
ideia dos portugueses no sentido de expandir a co -
lonização até a região do Prata e, por outro, o inte resse
econômico da Inglaterra visando a criar uma "ponta de
lança" para o contrabando na região platina, o que
possibilitaria a he ge monia comercial inglesa em território
hispano-ame ri cano. Efetivamente, a colônia foi fundada
em 1680 por Manuel Lobo, o que acabaria provocando
intensos con fli tos diplomáticos que se estenderam até
princípios do século XIX.
Intermitente: que sofre interrupções; não contínuo.
Intercâmbio: trocas.
Contiguidade: continuidade.
Ponta de lança: ponto de partida.
5
Palavras-chave:
Bandeirismo e Interiorização • Expansionismo • Entradas• Bandeirantes • Missões
• Quilombo • Preação
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25HISTÓRIA
2. Entradas e bandeiras
As entradas e bandeiras, movimentos de expansão
geográfica, proporcio na ram ao Brasil sua atual confi gu -
ração. A diferenciação entre os dois tipos de pe netração
para o interior é mais tradicional que efetiva. As en tra -
das seriam de origem e organização oficiais e não ultra -
pas sariam a linha demarcatória do Tra tado de Tor de -
silhas; as bandeiras resultariam da ação de particulares
e deslo cariam nossos limites para além de Tordesilhas.
Entradas
Podemos destacar as seguintes:
– Américo Vespúcio: primeira entrada (1503 a
1504), na região de Cabo Frio;
– Em 1531, Martim Afonso de Sousa ordena uma
entrada no Rio de Janeiro;
– Expedição de Antônio Dias Adorno, em 1574, por
ordem do governador-geral Luís de Brito, atingindo a
região leste de Minas e apresando sete mil indígenas;
– Entrada de Belchior Dias Moreia: atingiu a Chapa -
da Diamantina e o São Francisco, per ma necendo oito
anos no sertão e dando origem à lenda do descobri -
mento de minas de prata (1595).
Bandeiras
A penetração dos vicentinos para o Rio Grande do
Sul, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso foi facilitada
pelos rios que corriam para o interior (Tietê, Paraíba e
Ribeira); isolados no planalto, sem poderem exportar
seus produtos de clima temperado, desenvolveram uma
agricultura de subsistência, além de estarem livres de
ataques estrangeiros; a pobreza da região fomentava a
necessidade de procurar novas riquezas: índios vendá -
veis e metais preciosos.
Ciclo da caça ao índio (preação)
Inicialmente, a caça ao índio assumiu a forma de
suprimento da carência de mão de obra para a pres tação
de serviços domésticos aos próprios paulistas. Logo,
porém, transformou-se em atividade lucrativa, destinada
a complementar as necessidades de braços escravos
para a lavoura nordestina.
João Batista da Costa (1865-1927). Casa e capela de Antônio Raposo
Tavares.
Na primeira me ta de do século XVII, os ín dios vol ta -
ram-se prin cipal mente contra as missões (ou "redu ções")
jesuíticas espa nho las, re sul tando na destrui ção de vários
es ta beleci men tos mis sio nários, como os de Guairá,
Itatim e Tape, por Antô nio Ra po so Ta va res. A forma ção
de um verdadeiro "ci clo de caça ao índio" está dire ta men -
te rela cio nada com a escas sez de mão de obra du rante
o domínio fili pino, uma vez que as fontes forne ce do ras
de ne gros a fri ca nos caíram nas mãos dos holan de ses.
O declínio da caça ao índio ocorreu a partir da se gun da
metade do século XVII, quando os portugueses reto ma ram
dos holandeses as regiões africanas, possibili tan do o aten -
dimento das exigên cias de mão de obra escrava no Brasil.
Almeida Jú nior (1850-1899). A Partida da Monção.
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26 HISTÓRIA
Ciclo do bandeirismo de contrato
A ação de bandeirantes contratados pelo gover na -
dor-geral ou por parti cu lares do Nor deste, a fim de
combater in dí genas inimigos e quilombos de ne gros
fugi dos, é uma fase que cor res pon de, principalmente, à
segunda me ta de do século XVII.
O principal acontecimento ligado a este ciclo do
bandeirismo foi a destruição do Qui lom bo dos Palma -
res, efetivada pelo paulista Do min gos Jorge Velho.
Grande ciclo do ouro
e dos diamantes (séc. XVIII)
Inicialmente, os vicentinos se dedicaram à pro cura
do chamado ouro de lavagem, encon trando-o nos
arredo res de São Paulo, Iguape, Paranaguá, Curitiba e
San ta Catarina.
Entretanto, a atuação dos bandeirantes paulistas na
procura de metais preciosos aca bou por se concretizar
em fins do século XVII, quando foram reali za das as
primeiras desco ber tas de ouro e, no século XVIII,
quando se encontraram diamantes. Esse fato foi o fator
domi nante para a ocupação da região Centro-Oeste.
Mapa das principais bandeiras no período de colônia, indicando a ultrapas sagem da linha de Tordesilhas.
Quilombos: lugar cercado e fortificado no qual os es cra vos se refu -
gia vam da es cra vidão.
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27HISTÓRIA
3. Os tratados de limites
A expansão territorial do Brasil atingiu seu apogeu nos séculos XVII e XVIII, com a ocupação de territórios que
pertenciam à Espanha. Esse fato iria repercutir nas relações diplomáticas dos dois países ibéricos, dando origem a uma
série de tratados de limites.
A separação dos domínios ibéricos na América havia sido estabelecida em 1494, com a assinatura do Tratado de
Tordesilhas. Tornou-se inoperante durante o domínio filipino, permitindo as penetrações em regiões muito além dos
limites fixados entre as duas nações.
Com a restauração da monarquia portuguesa em 1640, o problema dos limites ibéricos voltou a existir. Já no século
XVII, para garantir seus domínios na América e evitar penetrações espanholas no Sul do Brasil, Portugal fundou em
1680 a Colônia do Sacra men to. Em 1681, era assinado o primeiro tratado diplo mático entre Portugal e Espanha a
respeito desse ponto de apoio lusi ta no no Rio da Prata.
No século XVIII eclo diu a Guerra de Sucessão Es -
pa nho la, cujo trono era disputado pelo duque de
Anjou e pelo arquiduque Carlos de Habsburgo. Es te
contava com o apoio da Inglaterra, do Sacro Im pé rio,
da Holanda e de Por tu gal. A luta terminou com o
reconhe cimento do duque de Anjou como rei da
Espanha, com o nome de Filipe V. Em con tra partida,
a Espanha, pelo segundo Tratado de Utrecht (1715),
reconhecia a per ma nência dos portugueses na Co lô -
nia do Sacra men to. Porém, os atri tos na Região
Platina, entre por tugue ses e espanhóis, continuaram.
Em 1750, foi cele bra do o Tratado de Madri. A
atuação do brilhante diplo mata luso-brasileiro Ale xan -
dre de Gusmão, defen den do o princípio do uti
possidetis (a propriedade deriva da posse sem
contestação), foi de extre ma importância para a
consolidaçãode um ter ritó rio três vezes maior do que
aquele fixado pelo Tratado de Tordesilhas. Porém, a
condição exigida pelos espanhóis para acei tarem o
princípio do uti possidetis foi a entrega da Colônia do
Sa cramento. Em troca, a Espanha cedia a Portugal a
região de Sete Povos das Missões.
As fronteiras do Brasil depois de assinado o Tratado
de Madri, confirmado pelo Tratado de Badajós
As fronteiras do Brasil depois de
assinado o Tratado de Santo Ildefonso
Sete Povos das Missões e Sacramento foram as principais áreas de litígio
dos tratados ibéricos pós-1640.
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28 HISTÓRIA
As demarcações do Tratado de Madri foram aceitas
quase unanimemente, exceto pelos jesuítas da região de
Sete Povos. Quando as tropas de demarcação se aproxi -
ma ram, os índios guaranis, insuflados pelos missio ná -
rios, rebelaram-se contra elas. Foi a Guerra Guaraní -
tica. Em decorrência desse fato, foi assinado em 1761 o
Tratado ou Convênio de El Pardo, que anulava a cláu -
sula do tratado anterior, referente ao Sul do Brasil.
Com a ascensão de D. Maria I ao trono, portu gueses
e espanhóis resolveram retomar as discussões sobre as
fronteiras na Região Platina. Em 1777, foi as sinado o
Tra ta do de Santo Ildefonso, que outorgava à Espanha
direi tos de soberania sobre a Colônia do Sacra mento e a
região de Sete Povos das Missões. Mesmo após a as -
sina tu ra do tratado de 1777, porém, colonos brasileiros
ocu pa ram a região de Sete Povos, resultando na assina -
tura do Tratado de Badajós (1801), que confir mou as
fron teiras demarcadas anteriormente pelo Tratado de
Madri.
� (UNIFESP – MODELO ENEM) – “A substância do Tratado [de
Madri, 1750] consiste em concessões mútuas e na partilha de um
imenso território despovoa do. Nós cedemos a Portugal o que não nos
serve e para eles será de grande utilidade; e Portugal nos cede a
Colônia e o rio da Prata que não os beneficia e nos destrói.”
(Francisco de Auzmendi, oficial maior da Secretaria dos Negócios
Estrangeiros da Espanha e partícipe do Tratado.)
Essa interpretação do autor
a) ignora as vantagens que a Espanha obteve com o Tratado, haja vista
a tentativa de Por tugal reconquistar a região em 1809.
b) demonstra a cordialidade existente entre Portugal e Es panha nas
disputas pela posse de seus territórios ame ricanos.
c) silencia sobre o fato de que o entendimento entre Portugal e
Espanha resultava prejudicial para a Inglaterra.
d) defende o acordo por ser parte interessada no mesmo, pois foi
pago pelo governo portu guês para que a Espanha o aceitasse.
e) revela que Portugal e Espanha souberam pre servar com muita
habilidade seus interes ses coloniais no Novo Mundo.
Resolução
Mera interpretação de texto, pois o oficial rela ta as vantagens para as
duas nações ibéricas.
Cabe lembrar que o Tratado de Madri redefiniu as possessões
territoriais após o acordo de Tordesilhas (1494) e deu ao Brasil quase o
seu tamanho atual.
Resposta: E
Monções
Tipo de bandeira que utilizava os rios navegáveis para penetrar no interior do Brasil. Partindo do Rio Tietê, os
paulistas chegavam até Cuiabá, no Mato Grosso. Essa importante via serviu para dar acesso aos garimpos da região
e abastecê-la com suprimentos.
Quilombo dos Palmares
Localizado na Serra da Barriga, no atual Estado de Alagoas, é considerado o maior e mais importante quilombo
já existente no Brasil. Sua origem é incerta, mas seu período áureo corresponde à conquista do Nordeste brasileiro
pelos holandeses até o reinado de Zumbi. O nome deriva da cobertura das casas que uti lizavam a folha de uma
palmeira abundante na região.
Macaco, Subupira, Osenga, Zumbi, Acotirene, Tabo cas, Danbrabanga e Andalaquituche são algumas das aldeias
que compunham o quilombo. A quantida de da sua população é incerta e compunha-se de ne gros ex-escravos,
mulatos, mamelucos, índios e até alguns brancos. Como o número de mulheres era pequeno, permitia-se a
poliandria.
Sua economia era autossuficiente, com uma prós pera agricultura e a criação de pequenos animais. Caso
produzissem excedentes, negociavam com as vilas portuguesas próximas.
Seus principais líderes foram Acotirene, Ganga-Zum ba e Zumbi. Quando Ganga-Zumba aceitou um acor do com os
portugueses para abandonar o qui lom bo, Zumbi recusou-se a aceitá-lo e passou a liderar a resis tência, que chegou
a ameaçar o domínio portu guês.
Um forte ataque apoiado por canhões, sob o co man do de Domingos Jorge Velho, levou à destruição do
quilombo e Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695. Contudo, muitos estudiosos afirmam que o lo cal
continuou habitado até o fim do Segundo Rei nado.
4. Cronologia
1606 – Destruição das reduções je suí ticas de Guairá
por Manuel Preto e Antônio Ra poso Tavares.
1693 – Descoberta de ouro em Minas Gerais pelo
paulista Antônio Rodrigues Arzão.
1695 – Destruição final do Quilom bo dos Palmares
por expedição de Do min gos Jorge Velho.
1715 – Tratado de Utrecht.
1750 – Tratado de Madri.
1777 – Tratado de Santo Ildefonso.
1801 – Tratado de Badajós.
Exercícios Resolvidos
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29HISTÓRIA
� Diferencie entradas e bandeiras.
RESOLUÇÃO:
As entradas eram expedições oficiais do governo português e não
podiam ultrapassar os limites de Tordesilhas, enquanto as ban dei -
ras eram expedições de particulares para além de Tordesilhas.
� Quais os principais ciclos do Bandeirismo?
RESOLUÇÃO:
Caça ao índio, bandeirismo de contrato e mineração.
� O mapa a seguir apresenta parte do contorno
da América do Sul destacando a bacia ama -
zônica. Os pontos assinalados repre sentam
fortificações militares instaladas no século XVIII pelos
portugueses. A linha indica o Tratado de Tordesilhas revogado
pelo Tratado de Madri, apenas em 1750.
(Carlos de Meira Mattos. Geopolítica e teoria de fronteiras. Adaptado.)
Pode-se afir mar que a cons trução dos fortes pe los por tu gue -
ses vi sa va, prin ci pal men te, dominar
a) militarmente a ba cia hidro grá fica do Ama zonas.
b) economica men te as grandes rotas co merciais.
c) as fronteiras entre nações indígenas.
d) o escoamento da produção agrícola.
e) o potencial de pesca da região.
� (PUC-CAMP – MODELO ENEM)
No que se refere à faixa escura a leste, é cor reto afirmar que a ocupação
e povoamento dessa faixa
a) ocorrem desde a vinda das expedições ex plo ratórias no litoral e ligam-
se à exploração eco nômica do pau-brasil.
b) têm início em meados do século XVIII e associam-se ao sucesso das
capitanias do Nordeste e do Sudeste.
c) vêm desde a época colonial e expressam a ligação econô mica em
relação aos centros mundiais do capitalismo, desde sua formação.
d) resultam da invasão do litoral pelos imi gran tes europeus e associam-
se à desestruturação econômica do feudalismo.
e) têm origem econômica na indústria açu ca reira e ligam-se à integração
gradativa do índio e do negro à sociedade brasileira.
Resolução
A ocupação do litoral marca o início da coloni za ção pela faci li dade de
escoamento da pro dução.
Resposta: C
(José William Vesentini. Geografia: série Brasil.
São Paulo: Ática, 2003. p. 181. Adaptado.)
Exercícios Propostos
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30 HISTÓRIA
RESOLUÇÃO:
A localização das fortificações assinaladas no mapa mostra clara -
men te que elas circundam a área da Bacia Amazônica que os
portugueses tencionavam controlar. Nesse contexto, a posição
das fortificações, situadas nos limites do território em que se
praticava a coleta das “drogas do sertão”, destinava-se a repelir
pos síveis ataques dos espanhóis ou dos franceses (estes últimos
na região do Amapá).
Resposta: A
� (UNESP – MODELO ENEM) – Observe o mapa e res pon da.
(Atlas histórico escolar, Fename/MEC, 1980. Adaptado.)
a) O meridiano de Tordesilhas, enquanto esteve em vigor, obs -
truiu a efetiva ocupação do interior do território brasileiro.
b) As riquezas do Vice-Reinado do Rio da Prata atraíram muitos
aventureiros em busca de fortuna fácil e que acabaram por
se fixarna região sul do Brasil.
c) A busca por pau-brasil e terras férteis para a cana-de-açúcar
impulsionou a derrubada da mata atlântica e a fixação do
colonizador no sertão nordestino.
d) Apesar do aspecto extensivo da atividade, a pecuária de -
sem penhou importante papel no processo de interiorização
da ocupação.
e) O intenso povoamento da região norte causou sérios pro -
blemas para a Metrópole, que não dispunha de meios para
abastecer a área.
RESOLUÇÃO:
O mapa apresenta as atividades econômicas desenvolvidas
durante o Brasil Colônia. As drogas do sertão, a mineração e a
pecuária cooperaram para a expansão e a ocupação de porções
territoriais além do limite de Tordesilhas.
Resposta: D
�
( L. Bethel. História da América. v. I. São Paulo: Edusp, 1997.)
As terras brasileiras foram divididas por meio de tratados entre
Portugal e Espanha. De acordo com esses tratados, iden tifi -
cados no mapa, conclui-se que
a) Portugal, pelo Tratado de Tordesilhas, detinha o con trole da
foz do rio Amazonas.
b) o Tratado de Tordesilhas utilizava os rios como limite físico
da América portuguesa.
c) o Tratado de Madri reconheceu a expansão portuguesa
além da linha de Tordesilhas.
d) Portugal, pelo Tratado de San Ildefonso, perdia territó rios na
América em relação ao de Tordesilhas.
e) o Tratado de Madri criou a divisão administrativa da América
Portuguesa em Vice-Reinos Oriental e Oci dental.
RESOLUÇÃO:
O Tratado de Madri (1750), com base no princípio romano do uti
possidetis, reconheceu o domínio de Por tugal sobre os vastos
territórios espanhóis ocupa dos por aquele país a oeste do
Meridiano de Torde si lhas. Com esse acordo, o Brasil adquiriu
praticamente sua configuração atual, com exceção do Acre (com -
prado à Bolívia em 1903) e dos Sete Povos das Missões (ocupados
pelos riograndenses em 1794).
Resposta: C
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31HISTÓRIA
”A moderna ‘conquista da Amazônia’ inverteu
o eixo geo gráfico da colonização da região.
Desde a época colonial até meados do século XIX, as correntes
principais de população movimentaram-se no sentido Leste-
Oeste, estabelecendo uma ocupação linear articulada. Nas
últimas décadas, os fluxos migratórios passaram a se verificar
no sentido Sul-Norte, conectando o Centro-Sul à Amazônia.”
(N. B. Olic. Ocupação da Amazônia, uma epopeia inacabada.
Jornal Mundo, ano 16, n. 4, ago. 2008. Adaptado.)
O primeiro eixo geográfico de ocupação das terras amazônicas
demonstra um padrão relacionado à criação de
a) núcleos urbanos em áreas litorâneas.
b) centros agrícolas modernos no interior.
c) vias férreas entre espaços de mineração.
d) faixas de povoamento ao longo das estradas.
e) povoados interligados próximos a grandes rios.
RESOLUÇÃO:
O processo de ocupação da Amazônia teve início com a criação do
forte de Belém, em 1616. A partir dessa cidade, a ocupação
amazônica se interiorizou, utili zando os vales fluviais como eixo
de penetração e assentamento, ato que caracteriza a distribuição
populacional da região até hoje.
Resposta: E
� Iniciou-se em 1903 a introdução de obras de
arte com representações de bandeirantes no
acervo do Museu Paulista, mediante a
aquisição de uma tela que homenageava o sertanista que
comandara a destruição do Quilombo de Palmares. Essa
aquisição, viabilizada por verba estadual, foi simultânea à
emergência de uma interpretação histórica que apontava o
fenômeno do sertanismo paulista como o elo decisivo entre a
trajetória territorial do Brasil e de São Paulo, concepção essa
que se consolidaria entre os historiadores ligados ao Instituto
Histórico e Geográfico de São Paulo ao longo das três
primeiras décadas do século XX.
MARINS, P. c. G. Nas matas com pose de reis: a representação de
bandeirantes e a tradição da retratística monárquica europeia.
Revista do LEB, n. 44, tev. 2007.
A prática governamental descrita no texto, com a escolha dos
temas das obras, tinha como propósito a construção de uma
memória que
a) afirmava a centralidade de um estado na política do país.
b) resgatava a importância da resistência escrava na história
brasileira.
c) evidenciava a importância da produção artística no contexto
regional.
d) valorizava a saga histórica do povo na afirmação de uma
memória social.
e) destacava a presença do indígena no desbravamento do
território colonial.
RESOLUÇÃO:
Considerando que o bandeirismo foi um fenômeno histórico
paulista com enorme importância para a formação do território
brasileiro, a representação da figura do bandeirante como um
personagem heroico fazia parte da construção de uma identidade
que conferia a São Paulo um papel central na formação da nação.
Obs.: Domingos Jorge Velho, que é o bandeirante represen tado
na tela de 1903 (de autoria do pintor paulista Benedito Calixto),
não tomou parte nas expedições de expansão territo rial saídas de
São Paulo, pois sua participação restringiu-se ao chamado
“bandeirismo de contrato”, relacionado com o combate a
quilombos e a tribos indígenas hostis no interior do nordeste.
Resposta: A
“Os tropeiros foram figuras decisivas na
formação de vilarejos e cidades do Brasil
colonial. A palavra tropeiro vem de "tropa" que,
no passado, se referia ao conjunto de homens que
transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII,
muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas.
O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo
auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde,
em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu
grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por
isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e
produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída
por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá
e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido).
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com
pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa
e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da
cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado
pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.”
Disponível em http://www.tribunadoplanalto.com.br.
Acesso em: 27 nov. 2008.
A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está
relacionada à
a) atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam
nas minas.
b) atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros
que viviam nas regiões das minas.
c) atividade mercantil exercida pelos homens que
transportavam gado e mercadoria.
d) atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que
necessitavam dispor de alimentos.
e) atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da
exploração do ouro.
RESOLUÇÃO:
Trata-se de uma questão que exige habilidade de intelecção de
texto por parte do candidato, utilizando a temática da história da
alimentação, associada ao tropeirismo.
Resposta: C
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32 HISTÓRIA
1. Mineração: o brilho do ouro
A época da mineração (ouro e diamantes)
abrangeu fundamentalmente o século XVIII, e o seu
apogeu cor respondeu mais ou menos ao período
compre endido entre 1750 e 1770.
As principais regiões de exportação do ouro foram
Minas Gerais, que teve sua exploração inicial a partir
de 1693, com Antônio Rodrigues Arzão, em Caeté
(pró ximo a Sabará); Mato Grosso, a partir de 1718,
quan do Pascoal Moreira Cabral Leme atingiu a região
de Cuiabá; e em Goiás, a partir de 1725, com
Bartolomeu Bueno da Silva Filho, na região de Goiás
Velho. Antes dessa época, já tinham ocorrido
explorações (desde o século XVI) nas regiões de São
Paulo, Paraná, Ceará e Bahia, relacionadas ao
denominado ouro de lavagem.
O ouro que foi explorado no século XVIII foi de no -
mi nado ouro de aluvião, tendo como principais carac -
terísticas o baixo nível técnico (técnicas rudi men tares)
e o rápido esgotamento das jazidas. As duas formas
mais encontradas de exploração foram a faiscação (ga -
rim po individual) e a lavra (pequenaempresa explo -
radora com utilização da mão de obra escrava negra e
uma técnica mais apurada).
Legislação aurífera
Em 1603, foi publicada a Carta Régia que declarava
a livre exploração, mediante o pagamento do quinto.
Em 1702, surgiu o Regimento do ouro,
regulamentando e dis ci plinando a exploração e a
distribuição das terras aurí feras. Na organização da
distribuição das jazidas, era feita uma divisão em
datas, trechos de terra doados para a prática de
exploração, mediante o sistema de sorteio, pro movido
pelo prin cipal órgão con tro la dor e fisca li zador: a
Intendência das Minas.
Principais tributos
Quanto aos im pos tos, inicial men te e xis tia o quin to.
Para me lhor efe ti var sua co brança, em 1720 foram cria -
das as Ca sas de Fun dição (que so men te começaram a
funcio nar em Vila Rica em 1725), com a finalidade de
transformar o ouro em barras timbradas e quintadas. Em
1730, o quinto foi reduzido de 20% para 12%, mas em
1735 foi criado um novo imposto: a capi tação, que
corres pon dia a 17g de ouro por escravo que o mi ne rador
possuísse.
A partir de 1750 (época do apogeu), o governo es -
ti pu lou uma cota fixa de 100 arrobas anuais de ouro,
a qual incidia sobre toda a região aurífera. Esse tributo
estava relacionado à finta – um tributo já anterior -
mente estipulado e lançado em proporção aos ren di -
mentos de cada morador da região aurí fera –, quinto
presumível. Evidentemente, esse exorbitante tributo
provo cou uma série de protestos da população de
Minas Gerais e, com o esgotamento das jazidas,
ocorreram deficits de arrecadação. Em 1765, foi criada
a derrama, ou seja, o deficit deveria ser pago na forma
de doação de bens pes soais dos moradores, o que
acarretou maiores movi mentos de rebeldia, que num
crescendo foram as sumindo conse quên cias polí ticas:
conflitos entre os colonos e os repre sentantes do
governo metropolitano devido ao aumento do
fiscalismo tributário. O ápice desses movimentos
contra o governo luso esteve vinculado ao nosso
primeiro movimento de eman cipação, que foi a
Inconfidência Mi nei ra, orga ni za da para 1789,
exatamente quando seria cobra da uma enorme
"derrama".
2. Diamantes
O diamante foi considerado, também, um monopólio
da Coroa e teve sua exploração iniciada por volta de
1729, quando Bernardo da Fonseca Lobo encontrou
jazidas no Arraial do Tijuco (atual Diamantina, em Minas
Gerais).
Em 1733, foi criado o Distrito Diamantino, única
área demarcada e em que se podiam explorar legal -
men te as jazidas. Tal região era controlada pela
Intendência dos Diamantes. Ante o intenso
contrabando e o alto valor do produto, em 1771 foi
decretada a Real Extra ção: esta somente seria
empreendida diretamente e por conta da Coroa, que
passou a se utilizar de escravos alugados.
Posteriormente, com nova liberação, foi criado o Livro
de Capa Verde, contendo o registro dos explo ra dores,
e o Regimento dos Diamantes. O mono pólio esta tal
sobre os diamantes vigorou até 1832.
Aluvião: depósito de cascalho, areia e argila, que se forma junto às
margens ou foz dos rios, proveniente do trabalho de erosão das
enchentes ou enxurradas.
Jazida: depósito de uma ou mais subs tâncias úteis, como com bus tí -
veis e miné rios.
Faiscação: tipo de garimpo na beira dos rios, onde o sol faiscava os
grãos (de ouro) maiores.
Lavra: lugar onde se extrai ouro ou dinamite.
Data: área de exploração mineral desti na da aos proprie tá rios de no
mínimo doze es cravos, correspondendo a 4.356m2 cada uma.
6
Palavras-chave:
Mineração • Estanco • Aluvião • Fiscalismo • Mercado interno
• Urbanização
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33HISTÓRIA
Uma das consequências
da mineração foi o barroco,
que, apesar de tardio no
Brasil, produziu maravilhosas
obras, como o Anjo
Esvoaçante, atribuída a
Francisco Vieira Ser vas.
3. Consequências da mineração
A exploração aurífera provocou importantes conse -
quên cias políticas, sociais, econômicas e adminis tra -
tivas, que se re fletiram de forma acentuada sobre a vida
co lo nial brasi lei ra.
• A mineração acarretou uma grande imigração
por tu guesa, além de uma verdadeira “corrida do ouro”
para Minas Gerais. Ao longo do século XVIII, houve o
des lo ca mento de, aproximadamente, 800 mil portu gue -
ses para o Brasil, o que correspondia a 40% da
população da Metrópole.
• Paralelamente, ocorreu o desenvolvimento de um
comércio interno de escravos (sentido Nordeste para o
Centro-Leste), chegando a Minas Gerais aproximada -
men te 600 mil negros.
• A "corrida do ouro" para Minas Gerais, Mato Gros -
so e Goiás acarretou uma penetração e consequente
povoa mento do interior do Brasil. Como não poderia
deixar de ser, todos esses aspectos provocaram um
deslo ca mento do centro de gravidade econômica, social
e política, do Nordeste para a região Centro-Leste (eixo
Minas Gerais – Rio de Janeiro).
• Uma consequência administrativa foi a mudança
da capital do Brasil, de Salvador para o Rio de Janeiro, a
partir de 1763, em face do decreto do Marquês de Pom bal.
• A mineração, em relação ao período anterior, acar -
retou um maior desenvolvimento comercial associa do a
um maior desenvolvimento urbano (no eixo Minas
Gerais – Rio de Janeiro). Toda essa dinamização econô -
mi ca e social propiciou o surgimento de maiores opor -
tunidades no mercado interno e, consequente men te,
maior mobi lidade social, principal mente se contras ta da
com o enor me hermetismo da sociedade canavieira.
• O fluxo populacional-urbano, por seu turno, acar -
retou um grande cresci men to demográfico, fazendo
com que a população brasileira tivesse uma verdadeira
"explosão", pois, se no começo do século XVIII era de
apro ximadamente 330 mil habitantes, ao findar do
século da mineração era de 3.300.000 habitantes.
• Com o apare ci mento do pequeno e médio pro -
prie tário (urbano e rural) e uma maior divisão de trabalho,
a mineração gerou uma menor concen tração de renda
em relação à que existia. Inicialmente ocorreu uma infla -
ção e alta nos preços dos produtos alimentícios, mas
depois houve o desen vol vimento de uma rica lavoura de
subsis tên cia e da pecuária como ativi dades subsidiária e
perifé rica.
• Todas as consequências anteriores refletiam-se
nos movimentos culturais e intelectuais. Ocorreu o
surgi mento da escola mineira, relacionada ao arcadismo:
o desenvol vimento das artes e da arquitetura (estilo
barroco do Mestre Valentim, no Rio de Janeiro, e de
Antônio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho", em Minas
Gerais); a música, prin ci pal mente sacra bar roca, com o
Padre José Maurício Nunes Gar cia e o mineiro José Joa -
quim Emérico Lo bo de Mes qui ta; e a mú si ca popular:
mo di nha (ori gem lu si ta na), can tigas de ninar (origem
lusitana) e o lundu (origem afri cana).
Barreta e
barra de ouro.
Hermetismo: qualidade do que é inteiramente fechado.
4. Cronologia
1693 – Descoberta do ouro em Mi nas Gerais por Antônio Rodrigues.
1700 – Descoberta das minas em Sa bará por Borba Gato.
1719 – Descoberta de ouro em Cuia bá; criação das casas de fundição.
1725 – Descoberta de ouro em Goiás.
1729 – Descoberta de diamantes em Minas Gerais.
1733 – Demarcação do Distrito Dia mantino.
1735 – Substituição do quinto pela capitação.
1740 – Instituição do regime de con tratação de diamantes.
1751 – Fim da capitação e resta be lecimento do quinto, co bra do pelo regi me de fintas (cobran ças por esti ma ti va).
1765 – Instituição da derrama.
1771 – Criação da Real Extração de Diamantes.
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34 HISTÓRIA
� Aponte os principais tributos cobrados sobre as áreas de
mineração.
RESOLUÇÃO:
Quinto (inicialmente correspondia a 20% do total da ex plo ra ção e,
a partir de 1720, passou a corresponder a 12% do to tal); capitação;
e as 100 arrobas anuais.
� Quais as principais consequências do período mine rador
para a vida interna da colônia?
RESOLUÇÃO:
Grande imigração portuguesa, desenvolvimento do comércio in -
terno de escravos, interiorização da colônia, mudançada ca pital
para o Rio de Janeiro, relativa urbanização e cres ci men to
demográfico.
� (UFRRJ – MODELO ENEM) – “Cada ano, vêm nas frotas quanti -
dade de portugueses e de estrangeiros, para passarem às minas. Das
cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil, vão brancos, pardos e
pretos, e muitos índios, de que os pau lis tas se servem. A mistura é
toda a condição de pessoas (...).”
(Antonil. Cultura e opulência do Brasil. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1967, p. 264.)
O processo de ocupação do sertão e extração de ouro e diamantes ao
longo do século XVIII permitiu
a) a articulação econômica de regiões até en tão dispersas,
juntamente com a formação de um mercado interno.
b) a perpetuação do sistema de feitorias, ape sar da desapro vação da
Coroa Portuguesa.
c) o rompimento do Tratado de Methuen assinado entre Portugal e
Inglaterra.
d) a eliminação do comércio de contrabando nas relações entre
Metró pole e colônia.
e) o aprofundamento das relações comerciais entre o Brasil e as 13
colônias inglesas na América.
Resolução
A atividade mineradora provocou um ajun ta men to populacional em
torno de áreas de ga rim po e, consequentemente, alterou significa -
tivamente uma das características da economia colonial – a produção
voltada para o mercado externo.
Resposta: A
� (UFRS – MODELO ENEM) – Observe o gráfico a seguir, rela tivo à
produção aurífera no Brasil do século XVIII.
Com base nos dados do gráfico, considere as seguintes afir ma ções.
I. O auge da produção de ouro em Minas Gerais foi atingido ainda na
primeira metade do século XVIII, mas, na segunda metade do
século, a extração aurífera na capitania entrou em declínio
acentuado.
II. A produção aurífera conjunta de Goiás e de Mato Grosso suplantou
durante alguns períodos a produção de ouro da capitania de Minas
Gerais.
III. A produção aurífera de Goiás atingiu seu ápice ao mesmo tempo
em que ocorria a queda nos rendimentos do ouro produzido na
região de Minas Gerais.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
a) Apenas I. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III. e) I, II e III.
Resolução
A afirmativa II está incorreta, porque a linha repre sentando a produção
mineira nunca foi suplantada.
Resposta: C
Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
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35HISTÓRIA
� As minas de ouro do Brasil, na realidade, serviram para
alimentar a industrialização inglesa. Portugal teve acesso à
riqueza, porém não teve condições de retê-la, em razão do
escoa men to de quase sua totalidade para a Inglaterra. Um
tratado entre Portugal e In gla ter ra pos sibi litou a evasão do ouro
das Gerais para mãos inglesas.
Estamos nos referindo
a) ao Tratado de Comércio e Navegação.
b) ao Tratado de Utrecht.
c) ao Tratado de Methuen, ou Panos e Vinhos.
d) ao Tratado de Haia.
e) ao Tratado de Madri.
RESOLUÇÃO:
Esse tratado provocou um deficit na balança comercial por tu -
guesa e o ouro brasileiro serviu para suprir a diferença.
Resposta: C
� (MODELO ENEM) – Segundo Caio Prado Júnior, em
História Econômica do Brasil, "ao contrário do que se deu na
agricultura e em outras ativi da des da colônia (como na
pecuária), a mineração foi submetida desde o início a um
regime especial de minuciosa e rigo ro sa disciplina".
Com o estabelecimento desse regime especial para a explo ra -
ção do ouro, o governo português visava
a) eliminar o sistema tributário metropolitano que não benefi -
cia va a Coroa.
b) estimular o aparecimento de novas áreas agrícolas, amplian -
do a exportação para a Metrópole.
c) impedir a emigração portuguesa para a colônia, para pre ser -
var a exploração do ouro só para os reinóis.
d) impulsionar a produção aurífera determinando a desativação
das Casas de Fundição.
e) incentivar a produção do ouro, assegurando os lucros da
Coroa, e evitar o contrabando e a sone gação.
RESOLUÇÃO:
O rigoroso controle fiscal da região era fundamental para dar a
Por tugal mais tranquilidade econômica após a Restau ração.
Resposta: E
� (2019) “A partir a segunda metade do século
XVIII, o número de escravos recém chegados
cresce no Rio e se estabiliza na Bahia.
Nenhum lugar servia tão bem à recepção de escravos quanto
o Rio de Janeiro.”
(FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão.
O Globo, 5 abr. 2015. Adaptado.)
Na matéria, o jornalista informa uma mudança na dinâmica do
tráfico atlântico que está relacionada à seguinte atividade:
a) Coleta de drogas do Sertão.
b) Extração de metais preciosos.
c) Adoção da pecuária extensiva.
d) Retirada de madeira do litoral.
e) Exploração da lavoura de tabaco.
RESOLUÇÃO:
O deslocamento do tráfico de escravos africanos da Bahia para o
Rio de Janeiro, na segunda metade do século XVIII, foi uma
consequência da exploração aurífera realizada em Minas Gerais,
tendo como principal porto de escoamento o Rio de Janeiro. A
mudança da capital brasileira de Salvador para o Rio constituiu
um indício significativo dessa alteração nas rotas do tráfico
negreiro.
Resposta: B
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36 HISTÓRIA
1. Introdução
A evolução do capitalismo comercial acabou criando suas próprias contradi ções. Na Europa, a burguesia to mou
consciência de sua importância, buscando o rom pi mento com os entraves mercantilistas e absolu tistas. Ao tentar
legitimar seu po der, criou sua própria ideo lo gia, o iluminismo, utilizando a lógica e o ra cio na lis mo para justificar a
ascensão ao poder.
A colonização inglesa na América do Norte que deu origem às Treze Colônias.
Lógica: coerência de raciocínio, de ideias; conjunto de estudos que tem por fim deter minar categorias racionais válidas para a apreensão da
realidade, concebida como uma totalidade em permanente transforma ção.
7
Palavras-chave:Independência
das Treze Colônias
• Iluminismo • Impostos
• Boston Tea Party • Autonomia
• Leis intoleráveis
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37HISTÓRIA
No âmbito externo, as sementes das abomináveis
ideias francesas atravessa ram o oceano, encontrando na
América um campo fecundo para sua germinação. Es sas
ideias foram difundidas no Novo Mundo, contri buin do
decisivamente para o rom pi mento do pacto colonial, ou
seja, o fim da exploração da colônia por sua Metró po le.
A Inglaterra, mãe do liberalismo político, acabou sen -
do alvo de suas próprias ideias. Nas Treze Colônias da
América, surgiu o primeiro clamor aos princípios da
liberdade, lançando a fagulha do liberalismo que acabou
acendendo a fogueira das rebeliões coloniais.
O movimento de inde pen dência dos Estados Unidos
inaugurou, dessa forma, a falência do Antigo Re gime,
influenciando com seus ideais a eclosão da maior re vo -
lução da história do Ocidente: a Revolução Francesa.
2. A colonização
inglesa na América
No século XVI, Portugal e Espanha eram as mais im -
por tantes potências da Europa, detentoras da desco ber -
ta do Novo Mundo. A preocupação mercantilista orien -
tou a exploração do novo continente, em busca de pro -
du tos tropicais e, prin ci palmente, de metais preciosos.
Os territórios considerados menos valiosos aos interes -
ses ibéricos foram relegados, cabendo aos países margi -
na li za dos pelo Tratado de Tordesilhas a investida sobre
essas regiões.
Coube à Inglaterra, no século XVII, a colonização da
costa litorânea atlântica do atual território dos Estados
Unidos. A formação das Treze Colônias Inglesas da Amé -
rica processou-se de forma bastante diferente dos in -
teresses ibéricos, que visavam primordialmente à ex -
ploração de riquezas naturais para o abastecimento de
seus mercados.
A conturbada situação política e religiosa da In gla -
terra naquele período, marca do por violentas perse gui -
ções, provocou a fuga de dissidentes puritanos, que
bus ca vam na América uma nova atmosfera, longe das
sis temáticas perseguições. Vi nham com a finalidade de
fixar-se, sem o espírito aventureiro de “fazer a colônia”,
isto é, enri que cer e voltar para a Europa.
Os imigrantes fundaram no nortedos Estados Uni -
dos, na fronteira próxima ao Canadá, a Nova Inglaterra. A
existência de clima e solo semelhantes aos da Inglaterra
pos sibilitou o desenvolvimento de uma agricultura de
subsistência, baseada na pe que na propriedade; apesar
da existência de um grande número de indentured
servants (servos de contrato), predominava a mão de
obra livre e assalariada. In de pen dentemente disso, a
sociedade dessa região apresentava uma grande homo -
ge neidade em com paração com a do sul.
A colonização do sul, propícia para a produção de
gêneros tropicais, deu-se em bases mercantilistas. A
fun ção histórica dessas colônias era atender às neces si -
dades da Metrópole, inseridas no contexto da plantation:
lati fún dio, monocultura e trabalho escravo, voltadas para
os interesses do mercado externo.
Dessa forma, enquanto nas colônias do centro-norte
se desenvolveu uma co lo nização de povoamento, o sul
era tipicamente marcado pelas colônias de explo ra ção.
Cabe ressaltar que, independentemente das diferenças
regionais e coloni za do ras, até o século XVIII as Treze
Colô nias gozaram de certa dose de autono mia, pois seus
governadores, que representavam os interesses me tro -
po li ta nos, eram em sua maioria eleitos pela popu lação
local. Cada uma das colônias tinha uma liberdade abso -
luta em relação às outras e apresentava-se ao poder real
totalmente separada das demais.
O comércio triangular praticado pela Nova Inglaterra.
O desenvolvimento das colônias do norte ultrapas -
sou suas frontei ras. Foram organizados os triângulos co -
mer ciais, cuja finalidade era co mer cializar produtos,
ame ri canos no exterior, onde adquiriam novos pro du tos,
que revendiam em outras regiões; desses locais, tra ziam
equipamentos e mer ca do rias necessárias ao cres cimen -
to interno. Um desses comércios mais di nâ micos con -
sistia em vender peixe, madeira e gado nas Antilhas,
onde com pra vam melaço e rum; a bebida era então
enviada à África para a compra de escravos, intro duzidos
nas colônias do sul ou nas Antilhas.
Abomináveis ideias francesas: termo utilizado para fazer referência
às ideias ilu ministas.
Puritano: ramo mais radical do protes tan tismo calvi nista, pois pre -
tendia interpretar melhor que ninguém o sentido literal das Escrituras.
Indentured servants: emigrantes que, em troca de passagem,
trabalhavam sem re muneração para os co lonos por um perío do de três
a sete anos, conseguindo a partir daí sua liberdade.
Melaço: líquido viscoso obtido a partir da cana-de-açú car; mel de
engenho.
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38 HISTÓRIA
3. A mudança na
política colonial
As divergências pela hegemonia mundial, existentes
na Europa entre a França e a Inglaterra, acabaram che -
gando à América, provocando conflitos pela explo ra ção
do comércio colonial. Em 1756, teve início a Guerra dos
Sete Anos, na qual a Inglaterra, envolvida em outros
palcos do conflito, deixou praticamente aos colo nos a
defesa de suas possessões na América.
A luta contra os fran ce ses e seus aliados indígenas
des per tou nos colonos um forte sen ti mento de autocon -
fian ça, assim como a cons ciên cia de sua força militar.
Pela pri mei ra vez, as Treze Colônias uni ram-se em torno
de um ideal comum. Vá rios líderes mili ta res surgiram
nes se conflito, destacando-se a fi gu ra do aris tocrata
George Washington.
A Inglaterra saiu vitoriosa do conflito contra a França,
contraindo, porém, uma forte crise econômica devido
aos gastos militares. Procurando recuperar seu erário
bas tante abalado, os ingleses adotaram uma nova
política administrativa so bre suas colônias, caracterizada
pelo arrocho. A liberdade comercial que os colo nos até
então possuíam restringiu-se às rígidas práticas do pacto
colonial.
Com o término da Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra
proibiu a apropriação de terras situadas a Oeste, entre as
regiões dos Montes Alleghany e o Mississippi, e entre a
Flórida e o Quebec, justificando serem reservas indí ge -
nas, o que causou for te descontentamento entre os co -
lo nos, ávidos por novas terras.
No ano seguinte, 1764, a Inglaterra promulgou a Lei
do Açúcar, que esta be lecia uma taxa sobre o melaço
comercializado pelos colonos com outras nações. Novas
restrições mercantilistas surgiram quando, em 1765, foi
aprovada a Lei do Selo, pela qual a Metrópole inglesa
obrigava que vários produtos, como jornais, revistas,
baralhos e livros, fossem sobretaxados com um selo.
A recusa do governo britânico em retirar os impostos
provocou forte reação dos colonos, que passaram a
boicotar os produtos ingleses e a queimar publica men te
os selos. Apesar de atenderem às exigências coloniais,
em 1767 os ingleses im pu seram novas restrições, prin ci -
pal mente a Lei do Chá, que dava o monopólio de co mer -
cialização do produto à Companhia das Índias Orientais.
Essa medida provocou um grave incidente. No ano
de 1773, um grupo de colonos jogou ao mar um grande
carregamento de chá em protesto à lei. O episó dio,
conhecido como Boston Tea Party, provocou fortes
represálias da Inglaterra. O governo inglês decretou as
Leis Intoleráveis, determinando a interdição do porto de
Boston; o julgamento dos culpados em tribunais no
exterior – em outras colô nias ou na própria Inglaterra; e
a obrigação imposta aos colonos de alojar tropas
inglesas em território americano.
Nesse momento, teve início o processo que
culminaria com a independência dos Estados Unidos.
4. O processo de independência
As Leis In to le rá veis pro vo ca ram a convo ca ção do
Primeiro Con gresso Con ti nen tal de Fi la dél fia, que se
reuniu em 1774, quando uma pe ti ção foi enviada ao Par -
la mento Bri tânico so li ci tan do a revo ga ção das leis. Com
a recusa do rei Jorge III em atender às reivin dica ções
coloniais, no ano seguinte os ameri canos reuniram-se no
Segundo Congresso Con ti nen tal de Filadélfia, com pro -
postas nitidamente separatistas.
Em 1775, teve início oficialmente a guerra, sendo
George Washington nomea do coman dan te das forças
rebeldes. Em 4 de julho de 1776, foi publicada a Decla -
ra ção de Independência, por Thomas Jefferson, o qual
con tinha a Declaração dos Direitos do Homem, baseada
em princípios iluministas.
Após a vitória inglesa nas primeiras batalhas, em
outubro de 1777 os ame ri ca nos obtiveram a grande
vitória de Saratoga, o que permitiu a Benjamin Franklin
conseguir o apoio da França e da Espanha. Na Batalha de
Yorktown, os ingleses fo ram derrotados; em 1783, com
o Tratado de Versalhes, a Inglater ra re conheceu a
indepen dência dos Estados Unidos da América,
elaborando sua Constituição em 1787.
Arrocho: pressão ou coação exagerada. Petição: ato de pedir; requerimento.
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39HISTÓRIA
5. Cronologia
Séc. XVII – Início da colonização da Amé rica do Nor te.
1757-63 – Guerra dos Sete Anos.
1764 – Lei do Açúcar e Ato de Qué bec.
1765 – Publicação de A Riqueza das Nações, de Adam Smith; Lei do Selo.
1767 – Atos Townshend.
1773 – Lei do Chá; Boston Tea Party.
1774 – Leis Intoleráveis; Primeiro Congresso Conti nental de Filadélfia.
1775 – Início da luta entre ingleses e colonos; Segundo Congresso Continental de Filadélfia.
1776 – Declaração de Indepen dên cia das Treze Colônias.
1781 – Vitória decisiva dos norte-americanos em Yorktown.
� (UFF – MODELO ENEM) – “Con si deramos evidentes as seguintes
verdades: que todos os homens fo ram criados iguais; que receberam
de seu Criador certos direitos inalienáveis; que entre eles estão os
direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade.”
(Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 4
jul. 1776.)
Essa passagem denota
a) o desejo do Congresso Continental de de le gados das Treze
Colônias no sentido de empreender reformas profundas na
sociedade do novo país.
b) a utilização de categorias do Direito Natural Racional, no contexto
das ideias do iluminismo.
c) que o Congresso Continental, apesar de rebelde à lnglater ra,
permanecia fiel ao ideário doabsolutismo, pois deste emanavam os
ideais que defendia.
d) influência das reformas empreendidas no século XVIII pelos
chamados "déspotas escla re cidos" da Europa.
e) que os delegados das Treze Colônias ti nham uma concep ção
ingênua e equivo ca da das sociedades humanas.
Resolução
O trecho da Declaração de Independência dos EUA é uma adaptação
do pensamento de John Locke (pai do iluminismo), primeiro a justificar
de forma racional o direito de rebelião contra um governo estabelecido.
Resposta: B
� (PUC-PR – MODELO ENEM) – Leia o texto a seguir e extraia a
ideia central:
“São verdades incontestáveis para nós: todos os homens nascem
iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalie náveis, entre os
quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para
assegurar esses direitos se constituíram homens-governo cujos
poderes justos emanam do consen timento dos gover nados; sempre
que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao
povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo
cujos princípios básicos e organização de poderes obedeçam às
normas que lhes pareçam mais próprias para promover a segurança e
a felicidade gerais.”
(Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos da
América,
Ministro das Relações Exteriores, EUA.)
A ideia central do texto é:
a) A forma de governo estabelecida pelo povo deve ser preservada a
qualquer preço.
b) A realização dos direitos naturais indepen dem da forma, dos
princípios e da organi zação do governo.
c) Cabe ao povo determinar as regras sob as quais será governado.
d) Todos os homens têm direitos e deveres.
e) Cabe aos homens-governo estabelecer as regras para o povo.
Resolução
Na verdade, o texto fala do governo como expressão da vontade dos
governados, ou seja, um governo não deve se impor de forma
arbitrária.
Resposta: C
Exercícios Resolvidos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 39
40 HISTÓRIA
� Qual é a relação entre a Guerra dos Sete Anos, entre a
França e a Inglaterra, e o processo de independência dos Esta -
dos Unidos?
RESOLUÇÃO:
Após a Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra (vito rio sa, porém endi -
vi dada) iniciou uma política de aumento de impostos sobre as co -
lô nias, acabando com a autonomia dos colonos e gerando um
sen ti mento separatista.
� (UFES – MODELO ENEM) – A Declaração de Indepen -
dência das Treze Colônias Inglesas da América do Norte, em 4
de julho de 1776, da qual Thomas Jefferson foi relator,
consagrou, em seu texto, o princípio do(a)
a) direito de reação à tirania, inspirado em Locke.
b) negação do contrato social, nos termos expostos por
Rousseau.
c) separação da Igreja do Estado, conforme o pensamento de
Mably.
d) ilustração monárquica, defendida por Diderot.
e) utilitarismo, preconizado por Benthan, Mill e William James.
RESOLUÇÃO:
Locke afirmava que todo ser humano nasce com três direitos: à
vida, à liberdade e à propriedade. A função do governo é garantir
os direitos naturais do cidadão; caso viole algum deles, o cidadão
adquire um quarto direito, o de rebelar-se.
Resposta: A
� ”Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que
vieram inicialmente a constituir os Estados
Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e
justificavam a ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profun da -
mente subversivas para a época, afirmavam a igualdade dos
homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis, o direi -
to à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o
poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles
direitos, derivava dos gover nados.
Esses conceitos revolucionários que ecoavam o iluminis -
mo foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos
mais tarde, em 1789, na França.”
(Emília Vioti da Costa. Apresentação da coleção. In Wladimir Pomar.
Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003. Adaptado.)
Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA
e da Revolução Francesa, assinale a opção correta.
a) A independência dos EUA e a Revolução Francesa inte -
gravam o mesmo contexto histórico, mas se baseavam em
princípios e ideais opostos.
b) O processo revolucionário francês identificou-se com o
movimento de independência norte-americana no apoio ao
absolutismo esclarecido.
c) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas
sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos
considerados essenciais à dignidade humana.
d) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte
influência no desencadeamento da indepen dência norte-ame -
ricana.
e) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o ca -
minho para as independências das colônias ibéricas situadas
na América.
RESOLUÇÃO:
Apesar da incoerência entre os princípios expostos na Declaração
de Independência dos Estados Unidos e a continuidade do escra -
vismo naquele país, pode-se aceitar que as Revoluções
Norte-Americana e Francesa incorporavam as ideias fundamen -
tais do pensamento iluminista: liberdade e igualdade de direitos,
dentro obviamente de uma perspectiva burguesa.
Resposta: C
Exercícios Propostos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 40
41HISTÓRIA
� Na década de 30 do século XIX, Tocqueville
escreveu as seguintes linhas a respeito da
moralidade nos EUA: "A opinião pública norte-
americana é particularmente dura com a falta de moral, pois
esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica
a harmonia doméstica. que é tão essencial ao sucesso dos
negócios. Nesse sentido. pode-se dizer que ser casto é uma
questão de honra".
TOCQUEVILLE A. Democracy in America. Chicago: Encyclopedia
Britannica, Inc., Great Books 44. 1990 (adaptado).
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte-
americanos do seu tempo
a) buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas.
b) tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento
rápido.
c) valorizavam um conceito de honra dissociado do
comportamento ético.
d) relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o
progresso econômico.
e) acreditavam que o comportamento casto perturbava a
harmonia doméstica.
RESOLUÇÃO:
Outra interpretação de texto, pois no enunciado existe o seguinte
trecho: “A opinião pública norte-americana é parti cular mente
dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à
busca do bem-estar e preju di ca a harmonia doméstica, que é tão
essencial ao sucesso dos negócios.”
Resposta: D
� Na democracia estado-unidense, os cidadãos
são incluí dos na sociedade pelo exercício pleno
dos direitos po lí ticos e também pela ideia geral
de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que
esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo
aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se
cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir social mente
os cidadãos é
a) submeter o indivíduo à proteção do governo.
b) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
c) estimular a formação de propriedades comunais.
d) vincular democracia e possibilidades econômicas indi -
viduais.
e) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham
propriedades.
RESOLUÇÃO:
São características da sociedade estado-unidense, a livre
iniciativa e a liberdade individual de escolha incluindo, nesse
contexto, o direito à propriedade. Como consequência, inclui-se o
exercício dos direitos políticos e cabe ao governo garantir esses
direitos.
Resposta: D
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42 HISTÓRIA
1. Contexto geral
A Época Moderna, demarcada tradicionalmente
entre 1453 e 1789, constitui uma unidade completa, um
sistema com uma estrutura própria. No plano eco nô mi -
co, assistimos ao aparecimento do capitalismo comer -
cial, da política mercantilista e do sistema colonial. De
modo geral, podemos também designar essa época por
Antigo Regime, definido pelo Estado Absolutista e pela
sociedade estamental.
A segunda metade do século XVIII e o início do XIX
foram marcados pela crise do sistema colonial tradi cio -
nal, em função dos reflexosda própria política europeia,
agravados por fatos diretamente vinculados às colô nias
da América. É neste quadro que se insere um con junto
de acontecimentos, configurando uma crise mais ampla,
a do Antigo Regime.
Essa crise se dá, em nível econômico, pela pas -
sagem do capitalismo comercial para o industrial, com a
Revolução Industrial necessitando da ampliação do
mercado consumidor para seus produtos; e pela substi -
tui ção da política mercantilista pelo liberalismo econô -
mico. No plano social, é marcada pela ascensão e afirma -
ção da burguesia por meio da manipulação das massas
po pu lares, com a Revolução Francesa; simul taneamen -
te, des ponta uma nova classe social: o proletariado. No
plano político, a crise é marcada pela liquidação das mo -
nar quias absolutistas tanto na Inglaterra quanto na
França e pelo nascimento do Estado liberal burguês, es -
ta belecido segundo critérios censitários. No plano religi -
oso, assistimos à desvin culação da Igreja do Estado e ao
fim da intolerância religiosa. No plano cultural, temos o
triunfo da razão, com o movimento iluminista.
Também se faz necessário considerar a ruptura do
equilíbrio político europeu que ocorreu na época da for -
mação do Império napoleônico. O jogo de forças entre a
França e a Inglaterra mantinha sob sua tutela os países
pos suidores de imensos impérios coloniais, no caso
Por tugal, que se ligou à Inglaterra, e a Espanha, que
bus cou a proteção da França. Ao invadir a Península Ibé -
ri ca, Napoleão expõe a fragilidade das Metrópoles e
pos sibi lita um ambiente favorável aos movimentos de
liber tação.
Por fim, os anos de dominação colonial exigiram dos
colonizadores alguns investimentos nas colônias, o que
provocou um pequeno desenvolvimento, que aos pou -
cos foi se tornando contrário aos seus objetivos iniciais:
a exploração e a dependência em relação à Metrópole. O
grande dilema é que para explorar as colônias era
necessário desenvolvê-las, e este desenvolvimento traz
o ideal da emancipação. Seguindo o exemplo das Treze
Colônias Inglesas – marco inicial da crise do sistema
colo nial tradicional –, tornaram-se independentes as
colônias espanholas da América e o Brasil.
No Brasil, no século XVIII, em função do endure ci men -
to da política colonial lusitana durante a fase de maior
exploração aurífera, acentuava-se a dissociação entre os
interesses metropolitanos e coloniais. Ocorria a tomada
de maior consciência por parte dos colonos, em determi -
nadas regiões, da crescente espoliação desen volvida
pela Metrópole. Entre os fatos que contribuíram para
agravar tal situação, podemos citar a decretação do Alvará
de Proibição das Manufaturas Brasileiras, em 1785, e o
início do processo de cobrança da derrama do ouro.
2. Principais movimentos
Entre os principais movimentos emancipacionistas,
que já possuem um caráter questionador do sistema
colonial, o de maior importância foi a In con fidência ou
Con juração Mineira, em 1789. Nessa rebelião encon -
tramos di versos antecedentes, como o crescente abuso
do fiscalismo português na região aurífera, acom -
panhado pelo acirramento da dominação político-militar
lusa. As influências das ideias liberais (do Movimento
das Luzes) e da independência dos Estados Unidos são
nítidas nas manifestações dos participantes. Estes eram
em sua maioria letrados: alguns estudantes brasileiros
na Europa, tais como José Joaquim da Maia, que tentou
o apoio de Thomas Jefferson; os poetas Cláudio Manuel
da Costa, Inácio de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio
Gonzaga; os doutores José Álvares Maciel, Domingos
Vital Barbosa e Salvador Amaral Gurgel; os padres Ma -
nuel Rodrigues da Costa, José de Oliveira Rolim e Carlos
de Toledo Piza; e alguns militares, como o tenente-co -
ronel Francisco de Paula Freire de Andrade e o alferes
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Nos planos dos conjurados, grandemente idealistas,
mas caracterizados pelo despreparo militar e por certa
inconsistência ideológica, evidenciavam-se, no entanto,
alguns princípios teóricos, como o ideal emanci pacio -
nista vinculado a uma forma republicana de gover no.
Este teria como sede a cidade de São João del Rey.
Quanto à abolição da escravidão, porém, não chegaram
a um acordo. Desde a composição de seus participantes,
Estamental: sociedade marcada pela existência de or dens sociais com raríssima mobilidade social.
8
Palavras-chave:Movimentos
Emancipacionistas
• Crise do Antigo Regime
• Brasilidade/separatismo
• Conjura e inconfidência
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43HISTÓRIA
a conspiração perdia-se em um emaranhado de ideias
vagas, chegando os conspiradores a definir apenas o de se -
nho de uma nova bandeira (Libertas Quae Sera Tamen),
e planos em relação ao incremento à natalidade sobrepu -
nham-se à organização militar do próprio mo vi mento.
A eclosão da revolução tinha na cobrança da “der -
rama” (596 arrobas) do ouro o seu pretexto. Em maio de
1789, porém, a conjura foi denunciada pelos portu gue -
ses Joaquim Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Correia
Pamplona. Foi iniciada uma enorme devassa dirigida
pelo próprio governador, Visconde de Barba ce na, que se
prolongou até 1792; finalmente, após decreto de
D. Maria I comutando a pena de morte dos incon fiden -
tes, foi executado Tiradentes, o único para o qual a
sentença foi mantida.
Apesar de seu caráter idealista e intelectualizado,
esse movimento foi a primeira contestação mais conse -
quente ao sistema colonial português.
Em 1794, ocorreu a Conjuração do Rio de Janeiro,
que não ultrapassou o nível de meras reuniões de inte -
lectuais, sobretudo da Sociedade Literária, liderados pelo
Dr. Mariano Pereira da Fonseca e influenciados pelos
"abo mi náveis princípios franceses" (liberdade, igualdade
e fraternidade).
Importante movimento emancipacionista ocorreu
em 1796, com a Conjuração Baiana ou dos Alfaiates; a
influência da Loja Maçônica "Cavaleiros da Luz" fornecia
o sentido intelectualizado do movimento. Os seus
líderes, Cipriano Barata, Francisco Muniz Barreto,
Pe. Agostinho Gomes e tenente Hermógenes de Aguiar,
contavam, no entanto, com uma boa participação de
elementos provenientes das camadas populares, como
os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos
Lira ou os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das
Virgens. Nesse movimento havia um fator que o diferen -
ciou dos demais: o seu caráter social mais po pu lar,
propugnando a igualdade racial e contando com uma
grande participação de mulatos e negros. Em 1799, no
entanto, após devassa, os principais representantes das
camadas mais simples foram executados, sendo
absolvidos os intelectuais.
Outro movimento emancipacionista foi a Conspi -
ração dos Suaçunas, em Pernambuco (1801), em que a
presença de intelectuais e padres ficava mais uma vez
patenteada. Seus líderes, padres Manuel Arruda Câmara
(da Sociedade Areópago de Itambé), João Ribeiro e
Migue linho (ambos do Seminário de Olinda), eram in -
fluen cia dos pelas ideias liberais da época. O movi mento
per maneceu, porém, no plano ideológico, tendo sido aba -
fado pela ação das ideias das autoridades por tuguesas,
que prenderam seus participantes, entre os quais se des -
tacavam os irmãos Francisco de Paula e Luís Fran cisco
de Paula Cavalcanti, do Engenho Suaçuna, mem bros da
elite local, mas que pouco depois foram soltos.
Ainda em Pernambuco, em 1817, eclodiu outro mo -
vi men to emancipacio nista: a Revolução Pernambu -
cana, com tendência republicana e grande partici pação
da maçonaria. Entre seus líderes (intelectuais, militares e
clé ri gos), desta cavam-se o comerciante Domingos José
Martins, o capitão José de Barros Lima ("o Leão
Coroado"), o Dr. José Luís de Mendonça e novamente os
padres Migue linho e João Ribeiro e até mesmo o
paulista Antônio Carlos de Andrada. Os revolucio nários
chegaram a organizar um governo provisório repu bli cano
ba seado em uma lei orgânica, inspirada nas Cons titui -
ções francesas. A rebelião chegou a receber a adesão de
outras regiões do Nordeste, mas foi violentamenteabafada pela ação do Conde dos Arcos, governador da
Bahia, que atuou como representante direto da Família
Real Portuguesa, que estava no Brasil.
Os movimentos emancipacionistas, apesar de terem
grande significado para o processo de independência do
Brasil, não conseguiram alcançar uma repercussão
global, ficando restritos a determinadas áreas regionais
do território brasileiro. Toda essa ação revolucionária
também não implicou o fim das economias periféricas,
visto que, com a independência, surgiu um novo
colonialismo "li beral", da Inglater ra, relacionado com a
Revolução Industrial e com a criação de áreas eco nô -
micas de influência e controle britânicos.
Autos de devassa da Inconfidência Mi nei ra.
Museu da Inconfidência. Edição de 1792 da
obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio
Gonzaga.
Libertas Quae Sera Tamen: expres são latina que sig ni fi ca “liberdade ainda que tardia”.
Devassa: ato de invadir e pôr a descoberto o que estava defeso ou vedado; sindicância, inquérito.
Comutando: trocando, permutando.
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44 HISTÓRIA
A leitura da sentença
de Tiradentes.
Pintura de Leopoldino Faria, 1921.
� (FGV – MODELO ENEM) – O movimento
político organizado na Bahia em 1789 incluía
em seu bojo e na sua liderança mulatos e
negros livres ou libertos, ligados às profissões
urbanas, como artesãos ou soldados, bem
como alguns escravos.
“Os conspiradores defendiam a pro cla ma -
ção da Repú blica, o fim da escravidão, o
livre-co mércio especialmente com a França, o
aumento do salário dos militares, a punição de
padres contrários à liberdade. O movimento
não chegou a se concretizar, a não ser pelo lan -
ça mento de alguns panfletos e várias arti cu -
lações. Após uma tentativa de se obter o apoio
do governador da Bahia, começaram as prisões
e delações. Quatro dos principais acusados
foram enforcados e esquar tejados. Outros
receberam penas de prisão ou banimento.”
O texto anterior refere-se à:
a) Conjuração dos Alfaiates.
b) Balaiada.
c) Revolução Praieira.
d) Sabinada.
e) Inconfidência Mineira.
Resolução
A Conjuração Baiana foi um movimento eman -
ci pa cionista de caráter popular e igualitário.
Resposta: A
� (CESGRANRIO – MODELO ENEM) – Du -
rante as últimas dé ca das do século XVIII, a
colônia portuguesa na América foi palco de
movi mentos como a In con fidência Mineira
(1789), a Conjuração do Rio de Janeiro (1794) e
a Conjuração Baiana (1798). A respeito desses
movimentos pode-se afirmar que:
a) demonstravam a intenção das classes pro -
prie tárias, adeptas das ideias liberais de
seguirem o exemplo da Revolução Ameri ca -
na (1776) e proclamarem a indepen dência,
construindo uma sociedade democrática em
que todos os homens seriam livres e iguais.
b) expressavam a crise do Antigo Sistema
Colonial através da tomada de consciência,
por parte de diferentes setores da socie -
dade colonial, de que a exploração exercida
pela Metrópole era contrária aos seus in -
teresses e responsável pelo empobreci -
mento da colônia.
c) denunciavam a total adesão dos colonos às
pressões da burguesia industrial britânica a
favor da independência e da abolição do
tráfico negreiro para se constituir, no Brasil,
um mercado de consumo para os manu -
faturados.
d) representavam uma forma de resistência
dos colonos às tentativas de recolonização
em pre endidas, depois da Revo lução do
Porto, pelas Cortes de Lisboa, liberais em
Portugal, que que riam reaver o monopólio
do comércio com o Brasil.
e) tinham cunho separatista e uma ideologia
marcadamente nacionalista, visando à liber -
tação da colônia da Metrópole e à formação
de um Império no Brasil através da união
das várias regiões até então desunidas.
Resolução
Os movimentos emancipacionistas estão in -
seridos no contexto da crise geral do Antigo
Regime. Apesar de majoritariamente elitistas, a
Conjuração Baiana apresenta uma vertente
popular destes movimentos.
Resposta: B
5. Cronologia
1789 – Inconfidência Mineira; que da da Bastilha e iní cio da Revolução Francesa.
1792 – Execução de Tiradentes.
1792-94 – Fase popular da Revo lu ção Francesa.
1794 – Conjuração do Rio de Janei ro.
1798 – Conspiração dos Alfaiates.
1801 – Conspiração dos Sua çu nas (PE).
1817 – Revolução Pernambucana.
Exercícios Resolvidos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 44
45HISTÓRIA
� Caracterize os movimentos emancipacionistas.
RESOLUÇÃO:
Movimentos que queriam o rompimento definitivo do pacto colo -
nial, foram influenciados pelo iluminismo e possuíam o ideal de
brasi li dade.
Nota: consciência de ser um explorado, sem conteúdo nacio -
nalista.
� Diferencie a Inconfidência Mineira da Conjura Baiana.
RESOLUÇÃO:
Mineira: foi elitista, influenciada pela independência dos EUA e
manteve a escravidão.
Baiana: foi popular, influenciada pela Revolução Francesa (fase
popular) e abolicionista.
� Entre as propostas defendidas pela Inconfidência Mineira,
pode-se indicar
a) a independência do Brasil e o estabelecimento de um go -
verno republicano.
b) o término das concessões especiais à Inglaterra,
constantes nos Tratados de Comércio e Amizade.
c) a mudança da sede do governo da Bahia para Minas Gerais.
d) a restrição à produção manufatureira, que impedia a con -
cen tração de recursos nas atividades mine radoras.
e) a abolição da escravatura no Brasil, mediante in de nização
aos proprietários.
RESOLUÇÃO:
Os mineiros eram emancipacionistas e republicanos.
Resposta: A
� (UECE – MODELO ENEM) – “Cada hum soldado he cida -
dão mormente os homens pardos e pretos que vivem
escornados, e abando nados, todos serão iguaes, não haverá
diferença, só haverá liberdade, igualdade e fraternidade.”
(Manifesto dirigido ao "Poderoso e Magnífico Povo Bahiense
Republicano", em 1798. Cit. por Joana Neves e
Elza Nadai. História do Brasil: da Colônia à República.
13. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. p. 119.)
Assinale a opção que melhor expressa as diferenças entre a
Conjuração Baiana e a Inconfidência Mineira:
a) Os mineiros eram mais radicais do que os baianos com
relação à escravidão, pois defendiam não só liberdade dos
negros mas sua participação no governo.
b) Enquanto em Minas os revoltosos evitavam tocar em ques -
tões delicadas como a escravidão, na Bahia a influência da
Revolução Francesa era mais marcante.
c) A revolta na Bahia foi liderada e apoiada por setores ins truí -
dos da população, o que ditou seu tom mais moderado,
mas em Minas a população pobre foi às ruas e expulsou as
lideranças conciliadoras.
d) A influência da Independência dos EUA foi mais intensa na
revolta baiana, enquanto que, em Minas, a presença dos
ideais franceses foi mais forte.
RESOLUÇÃO:
A Revolta dos Alfaiates foi um movimento influenciado pelas
ideias iluministas e pela fase popular da Revolução Francesa, dos
quais retirou seus ideais de igualdade e abolição da escravatura.
Resposta: B
Exercícios Propostos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 45
46 HISTÓRIA
� (UnB – adaptada – MODELO ENEM) – “A Inconfidência
Mineira não foi um fato isolado. Ela está integrada ao contexto
social, político e econômico do Brasil colonial. Na Capitania de
Minas Gerais, houve muitos outros, e também importantes,
movimentos rebeldes. Considerando a História do Brasil como
um todo, a Inconfidência Mineira também não foi única: ela se
coloca ao lado de movimentos como a Conjuração dos
Alfaiates (Bahia, 1798), a Conjuração do Rio de Janeiro (1794)
e a Revolução Pernambucana de 1817, entre outros que
também enfren taram a dominação colonial.”
(Carla Anastasia. Os temas da liberdade e da Republicana na
Inconfidência Mineira. Adaptado.)
Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue os
itens seguintes.
I. Ao contrário do movimento de Vila Rica, fortemente mar ca -
do pela participação das elites locais, a Conjuração Baiana
teve um cunho essencialmente popular.
II. Todos os movimentos citados no texto inscrevem-se no
quadro geral de crise do antigo sistema colonial, quadro esse
que também refletiaas transformações vividas pela Europa
a partir da Revolução Industrial e das revoluções liberais
burguesas.
III. A Revolução Pernambucana de 1817, que eclodiu durante a
permanência do Estado português no Brasil, traçou uma
linha libertária que teve prolongamento na Confederação do
Equador, dois anos após a Independência.
IV. A imagem de Tiradentes, cultuada durante o período monár -
quico, sofreu forte oposição por parte daqueles que procla -
maram a República, pelo que poderia inspirar contra o novo
regime.
Estão corretos:
a) I, II e III apenas. b) II, III e IV apenas.
c) I, II e IV apenas. d) Todos estão corretos.
e) Todos estão incorretos.
RESOLUÇÃO:
O item IV está incorreto, porque no período monárquico Tiraden -
tes era considerado um inimigo da Coroa. Foi somente na Procla -
ma ção da República que a imagem de Tiradentes foi tomada pelos
militantes do republicanismo como um mártir da Indepen dência,
na luta contra a monarquia.
Resposta: A
”No clima das ideias que se seguiram à Revolta
de São Domingos, o descobrimento de planos
para um levante armado dos artífices mulatos na Bahia, no ano
de 1798, teve impacto muito especial; esses planos demons -
travam aquilo que os brancos conscientes tinham já começado
a compreender: as ideias de igualdade social estavam a
propagar-se numa sociedade em que só um terço da população
era de brancos e iriam inevi tavelmente ser interpretados em
termos raciais.”
(K. Maxwell. Condicionalismos da Independência do Brasil.
In M. N. Silva (coord.) O Império luso-brasileiro, 1750-1822.
Lisboa: Estampa, 1966.)
O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas
das lideranças populares da Conjuração Baiana (1798) levaram
setores da elite colonial brasileira e novas posturas diante das
reivindicações populares. No período da Independência, parte
da elite participou ativamente do processo, no intuito de
a) instalar um partido nacional, sob sua liderança, ga rantindo
participação controlada dos afro-brasileiros e inibindo novas
rebeliões de negros.
b) atender aos clamores apresentados no movimento baiano,
de modo a inviabilizar novas rebeliões, garan tindo o controle
da situação.
c) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a
promoção de mudanças exigidas pelo povo sem a
profundidade proposta inicialmente.
d) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor
libertário, o que terminaria por prejudicar seus interes ses e
seu projeto de nação.
e) rebelar-se contra as representações metropolitanas,
isolando politicamente o Príncipe Regente, instalando um
governo conservador para controlar o povo.
RESOLUÇÃO:
Os processos de independência nas Américas geral men te foram
conduzidos pelas elites locais (sendo exceção a rebelião popular
de escravos e libertos no Haiti). O receio de subversão da ordem
latifundiária e escravista fez com que as elites se unissem em
torno da construção de Estados que garantissem sua con dição
socioeconômica privilegiada.
Isso ocorreu não apenas na América Hispânica, mas também no
Brasil.
Resposta: D
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 46
47HISTÓRIA
1. Introdução
A industrialização alterou sensivelmente a paisagem europeia. Sheffield, Inglaterra, 1850.
1
Palavras-chave:Revolução Industrial –
Pioneirismo Inglês
• Acúmulo de capital
• Matérias-primas
• Cercamentos • Estado liberal
• Evolução tecnológica
Educação Artística
Módulos
1 – Revolução Industrial –
Pioneirismo Inglês
2 – Revolução Industrial – Consequências
3 – Iluminismo e Despotismo Esclarecido
4 – Revolução Francesa –
das Origens à Revolução Burguesa
5 – Fase Popular e Contrarrevolução
Burguesa
6 – Era Napoleônica
7 – Congresso de Viena
8 – Ideias Sociais e Políticas do Século XIX
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C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 23/10/2020 16:27 Página 47
48 HISTÓRIA
No final do século XVII, com o desen vol vimento do
capi talismo co mercial e das práticas mercan tilistas, a
burguesia se afirmava como a classe eco no mi ca mente
dominante em quase todos os países da Europa Oci -
dental. A ascensão eco nô mica da burguesia deveu-se,
em grande par te, à acumulação de riquezas pro ve nien -
tes dos empreen dimentos ma rí ti mos e dos monopólios
comerciais con cedidos pe los monarcas, no proces so de
forma ção do Estado Absolutista.
O grande afluxo de metais pre ciosos e o cresci -
mento da população euro peia dila taram so brema neira o
mercado con sumidor. O desequilíbrio entre as ne ces si -
da des de consumo e a pro dução provo cou a decadência
do sistema arte sa nal inde pen dente e o surgimento da
produ ção manufatu reira doméstica.
A fundação de impérios coloniais na Época Moderna
inundou a Europa com novas matérias-pri mas, utili za -
das am plamente na produção de ma nu faturas. As prá ti -
cas mercantilistas estimulavam a produção para ex por ta -
ção, com a fina li da de de garantir uma balança comercial
favorável. Ao mesmo tempo, os pro dutos que até então
eram considerados artigos de luxo tornaram-se de con -
sumo mais popu lar. As transformações ocorridas na pas -
sagem do século XVII para o XVIII, ca rac terizadas pela
mudança da socie da de rural para a sociedade urbana, do
trabalho artesanal e manufatureiro para o trabalho as -
salariado na organi za ção fabril, envol vendo um rápido pro -
gresso tecnológico, culminaram na Revolução Industrial.
2. Conceito e etapas da
industrialização
O conceito de Revolução Industrial é bastante
amplo. Designa um conjunto de transformações ocor -
ridas na Inglaterra, no século XVIII. Essas modificações
fo ram tão profundas que merecem ser rotuladas de
revolu cio nárias, pois trans for ma ram radicalmente as
estruturas econô mi ca, social e política europeias.
Costumamos demarcar a Revolução Industrial, que
co meçou no século XVIII e chega até os nossos dias, em
três períodos.
Durante o primeiro, que abrange de 1750 a 1850, a
revolução se ateve, pratica men te, à Ingla ter ra. Nesse pe -
río do, sur giram as pri meiras máquinas movidas a vapor.
De 1830 a 1900, a revolução difundiu-se pela Europa
e pela América, atingindo Bélgica, França, Ale manha,
Itália e Estados Unidos. Surgiram novas formas de ener -
gia, como a hidroelétrica, e novos combustíveis, como a
gasolina. A técnica foi aprimorada e a produção cresceu.
De 1900 em diante, várias inovações surgiram, co -
mo a energia atômica, meios de comunicação mais
rápidos, produção industrial em massa e o desen volvi -
mento da informática e da engenharia genética.
3. Do artesanato à manufatura
A indústria pode ser considerada simplesmente
como a transformação das matérias-primas para que
passam ser consu midas pelo homem. Antes de as trans -
formações se rem efetuadas pelas máquinas, o que
chamamos maquino fa tu ra, existiam o arte sa nato e a
manufatura.
O artesanato é uma forma de produção industrial
muito simples. Não há divi são de trabalho, isto é, todas
as fases da produção são feitas pela mesma pessoa. Por
exemplo, na indústria de tecidos, a mesma pessoa que
faz os fios é quem os tece.
Como o artesão trabalhava sozinho em sua casa
com o auxílio da família, essa fase da indústria é cha ma -
da doméstica.
A manufatura representou um estágio mais
avançado. Constituía uma con centração de numerosos
trabalhadores sob a dire ção de um chefe, em um mes -
mo local, com o objetivo de completar a fase final de pre -
pa ração de um pro du to, como, por exemplo, o tingi men -
to do te ci do. Aqui já existe uma especia li za ção do tra ba -
lho. Cada trabalhador era encar regado de uma tarefa
específica, o que au mentava a capacidade produtiva.
A passagem da indústria doméstica para a manu -
fatureira foi marcada pela trans formação do artesão em
trabalhador assalariado. Isso ocorreu quando os arte sãos
deixaram de comprar a matéria-prima e possuir má -
quinas próprias, pas san do a recebê-las de um grande
comerciante. O produto era manufaturado a preço fi xo,
contratado entre o comerciante e o artesão, que, nesse
caso, recebia apenas umpagamento pelo trabalho da
transformação da matéria-prima.
A diferença entre a manufatura e a maquinofatura,
que caracteriza a Revolu ção Industrial, é exatamente o
uso das máquinas em substituição às ferramentas uti li -
zadas pelos homens, afastando de uma forma definitiva
os trabalhadores dos meios de produção, ou seja, a
definitiva separação entre o capital e o trabalho.
4. O início da industrialização
na Inglaterra
Desde a segunda metade do século XVI, a Inglaterra
da rainha Elizabeth já começava a despontar como uma
forte candidata à hegemonia europeia. A pirata ria e com
a derrota da Invencível Armada da Espanha pareciam
confirmar esse favoritis mo, porém foi com os Atos de
Navegação, decretados por Oliver Cromwell, e com a
frago rosa derrota da marinha holandesa, na segunda
metade do século XVII, que a Inglaterra assumiu
definitivamente a liderança do comércio europeu.
Matéria-prima: produto em seu estado natural, essencial para o desenvolvi men to da industrialização, tais como ferro e carvão.
Revolucionário: relativo a revolução; trans formação radical, e geralmente, vio len ta, de uma estrutura política, econô mi ca e social.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 48
49HISTÓRIA
A Inglaterra e seus principais polos econômicos na fase da Revolução
Industrial.
No início do século XVIII, os ingleses expandiram o
seu comércio em escala mundial, favorecidos por acor -
dos comerciais, como o Tratado de Methuen (“Pa nos e
Vinhos”), em 1703, que assegurou ao reino britânico
grande parte do ouro brasileiro. O ouro do Brasil foi para
a Inglaterra via Portugal.
Esse assustador desenvolvimento econômico per -
mitiu que a burguesia inglesa rompesse precocemente
as amarras do absolutismo e as restrições impostas pela
política mercantilista, ascendendo ao poder com a Revo -
lução Gloriosa, de 1688-1689. Com a promulgação do Bill
of Rights, o poder do rei foi bastante limitado, ins tau -
rando-se uma monarquia parlamentar, que implan tou
definitivamente na ilha o liberalismo político e econômico.
A natureza foi extremamente generosa com os
ingleses no processo de indus tria lização, pois lhes deu
enormes jazidas de ferro e carvão, matéria-prima indis -
pen sável para a construção e o funcionamento das má -
qui nas nas grandes indústrias. A posição insular lhes
permitiu também manterem-se à margem das convul -
sões que assolaram a Europa nos séculos XVII e XVIII e
aca ba ram prejudicando as economias europeias. Con -
vém ressaltar ainda que o clima bastante úmido era um
forte aliado da indústria têxtil, uma vez que dava mais
flexibilidade às suas fibras, que podiam resistir aos pri mi -
ti vos teares mecânicos.
O interesse da burguesia capitalista e a abundância
de capitais permitiram a fundação, em 1694, do Banco
da Inglater ra, que facilitava os empréstimos para os
industriais, pois a taxa de juros cobrada era relativa men -
te baixa. Dessa forma, tornava-se possível o investimen -
to na construção de máquinas cujos custos demoravam
muito para serem compensados.
No final do século XVII, a importância industrial da
Inglaterra era secundária. A classe de pequenos proprie -
tá rios, os yeomen, era bastante numerosa. A terra na
qual trabalhavam lhes pertencia ou era arrendada há
muito tempo, tendo eles direito costumeiro de utilizá-la.
Além de ao trabalho agrícola e ao pastoreio, dedicavam-
se tam bém a preparar a lã e a tecê-la. Era o artesão
inglês quem possuía a matéria-prima e a máquina de fiar.
A substituição das antigas técnicas feudais provocou
o desaparecimento da agri cultura comunal e do sistema
de campo aberto, o que permitiu maior
aprovei ta mento do cultivo do solo e o
aumento da produtividade.
Essa Revolução Agrícola possibi litou a
melhoria nas condições de vida, per mi -
tindo um grande cresci mento popula -
cional. A burguesia, vitoriosa contra a
rea le za, empreen deu os cercamentos
das terras (enclosure), pro vo cando o
desapa re ci mento dos yeomen, que
abando na ram os campos, empreen -
dendo o êxodo rural. Essa grande
população se concentrou nas cidades,
à dis posição das ma nu faturas urbanas,
constituindo a mão de obra barata e
abun dante utilizada nos pri mór dios da
Revolução Indus trial.
Tratado de Methuen: tratado firmado en tre Portugal e Inglaterra, no
início do sé cu lo XVIII, no qual a nação lusa comprava manufaturados
têxteis ingleses, em troca da exportação de vinho.
Bill of Rights: ou Declaração dos Direi tos, documento pelo qual o
Parla mento se impõe ao rei.
Comunal: relativo a comuna; co mu ni da de, comunitária.
Encontros de inventores tornaram-se co muns na Inglaterra.
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50 HISTÓRIA
O puritanismo e o calvinismo in glês haviam feito
progressos nos anos precedentes. Essas crenças esti -
mulavam a acumulação, a poupança e o enri que cimen to,
pois eram consideradas evidências da salvação divina.
5. A indústria têxtil do algodão
e as invenções
O desenvolvimento industrial da Inglaterra está
ligado à indústria de lã. O po der político procurou pro te -
gê-la, regulando o comércio e a indústria. Por isso, a le -
gis lação que pesava sobre essa indústria era enorme. A
produção do tecido de lã exi gia várias etapas especia li -
zadas. Começava pela escolha, limpeza e tingimento.
Em seguida, vinha o processo de pentear, fiar, tecer e
dar os retoques finais no te cido pronto.
O algodão foi a principal matéria-prima da Revolução Industrial Inglesa.
O comércio inglês no Orien te colocou os comer -
cian tes em contato com o algo dão e com o tecido feito
a partir dessa planta. Essa indústria superou ra pi da men -
te a pro du ção lanífera, em razão da abun dância de plan -
tações, tan to no Oriente quan to nos Estados Unidos,
então co lônia da Inglaterra. Além disso, não havia ne nhu -
ma legis lação impedindo a expansão dessa indústria,
como aconteceu com a fa bri ca ção de tecidos de lã. Foi,
portanto, na maquinofatura do algodão que se con cen -
tra ram os esforços dos empresários industriais.
As invenções que tornaram possível a maquino -
fatura não foram obras do aca so. Um novo invento
condicio na va o aumento da produção, gerando capitais
que pode riam ser aplicados em outras experiências, que
resultavam em novas inven ções, e assim por diante.
Devemos considerar ainda um dese qui líbrio no pro -
cesso produtivo, resultante da criação de novas máqui -
nas. Equivale a dizer que, quando uma invenção esti mu -
la va a rea li zação do processo produtivo, pro vocava um
desequilíbrio nas fases pos te rio res, que não podiam
acompanhar o ritmo da fase anterior, impondo, assim,
no vas modificações nas demais fases.
Há, portanto, uma espécie de ciclo: invenção, au -
men to da produção, criação de capitais, desequilíbrios
nas fases produtivas, investimentos em novas inven -
ções, progresso tecnológico, aumento da produção etc.
O processo de mecanização da indústria têxtil
demonstrou muito bem esse me ca nismo. O surgimento
da lançadeira volante, por John Kay, em 1733, au mentou
a capacidade de tecelagem. Os fios começaram a
escassear. James Har grea ves criou a spinning jenny, em
1764, aumentando a produção de fios. Essa má quina era
uma roca de fiar que fazia vários fios ao mesmo tempo,
com o problema de tornarem-se quebradiços, o que
dificultava a tecelagem. A water fra me, de Richard
Arkwright, em 1769, produzia fios grossos, e o fato de
ser mo vida a água tornava-a bastante econômica.
A spinning jenny e a water frame foram combinadas
em uma única máquina, por Samuel Crompton, em
1779, a mule. O problema foi resolvido, pois a nova in -
venção fabricava fios finos e resistentes. Entretanto,
novo desequilíbrio foi ge ra do, pois sobravam fios que os
teares manuais não conseguiam fiar.
Surgiram, então, novas tentativas de aumentar a
capacidade de tecer. O mais importante invento nessa
fase da industrialização surgiu no ano de 1769, quando
James Watt inventou a máquina a vapor a partir das ex -
periên cias desenvolvidas anteriormente por Newcomen.
Finalmente, em 1785,Edmund Cartwright in ven tou o
tear mecânico.
A necessidade de construção de máquinas de me -
tal, em substituição às de madeira, estimulou a
metalurgia do ferro e do aço, que por sua vez não
poderiam desen volver-se sem os progressos na técnica
de produzir carvão. Lanífero: referente a lã; que produz lã.
6. Cronologia
1694 – Fundação do Banco da In gla terra.
1733 – Invenção da lançadeira vo lante, por John Kay.
1760-1850 – Primeira Revolução In dustrial.
1764 – Invenção da spinning jenny, por James Hargreaves.
1768 – James Watt inventa a má quina a vapor.
1769 – Invenção da water frame, por Richard Arkwright.
1779 – Invenção da mule, por Sa muel Crompton.
1785 – Edmund Cartwright inven ta o tear mecânico.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 50
51HISTÓRIA
� (PUC-CAMP – MODELO ENEM) – Consi -
de re as proposições a seguir.
I. “O progresso econômico foi conseguido à
custa da ruína dos pequenos produtores e,
como as manufaturas não podiam, particu -
lar mente nos primeiros tempos, absorver
toda a massa de camponeses expulsos da
terra, muitos foram obrigados a vaguear
pelo país à procura de trabalhos ocasionais
e, se não encontrassem, tinham que se
entregar à mendicância, ao roubo e à
pilhagem.”
II. “Na agricultura, o processo de acumulação
realizava-se sobretudo através das transfor -
ma ções agrárias conhecidas como cer -
camento. Essas refletem o avanço do
capitalismo no campo e, portanto, a trans -
formação da proprie dade agrícola em
empresa, administrada segundo os critérios
do lucro (...).”
III. “Para ele (Marglin), a reunião dos traba lha -
do res na fábrica não se deveu a nenhum
avan ço das técnicas. Pelo contrário, o que
estava em jogo era justamente um
alargamento do controle e do poder por
parte do capitalista sobre o conjunto de
trabalhadores que ainda detinham os
conhecimentos técnicos e impu nham a
dinâmica do processo produtivo...”
IV. “A alienação fundamental reside nas
relações de produção: a divisão social do
tra ba lho e a apropriação individual dos
meios cole ti vos de produção provocam
uma situação infra-humana em que o
homem é explorado pelo homem.”
V. “O progresso tecnológico não dependeu
só de um tipo qualquer de expansão econô -
mica, téc nica ou científica, mas da criação da
fábrica, isto é, de um sistema fabril mecani -
zado, a produzir em quantidade tão rapi -
damen te decrescente a ponto de não
depender de uma demanda exis tente, mas
de criar o seu próprio mercado.”
Segundo Hobsbawm, "a Revolução Industrial
assinala a mais radical transformação da vida
humana já registrada". Em relação à referida
transformação,
a) somente IV é correto.
b) somente V é correto.
c) somente I e III são corretos.
d) somente II e IV são corretos.
e) I, II, III, IV e V são corretos.
Resolução
O texto apresenta um pequeno resumo sobre
a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra na
metade do século XVIII.
Resposta: E
� (MACKENZIE – MODELO ENEM) – Na
Idade Média, o sistema de produção basea -
va-se na cooperação. Na Idade Moderna, até
por volta de 1760, a manu fa tura foi caracterís -
tica do sistema de pro du ção. A partir de 1760,
aproximadamente, inicia-se a era da grande
indústria.
(Carlos Guilherme Mota)
Dentre as características dos três sistemas de
produção citados no texto, respectivamente,
destacamos:
a) No primeiro, não havia separação entre o
ca pital e o tra ba lho; no segundo, já se ob -
serva uma divisão social do trabalho preli -
minar; no terceiro, o uso da máquina leva ao
extremo a separação entre o capital e o
trabalho.
b) Na Alta Idade Média, a produção destina -
va-se a um mercado em constante expan -
são, sob as ordens dos senhores feudais;
na Idade Moderna, aprofunda-se a rigidez
do controle sobre a produção nas manufa -
turas; na Idade Contemporânea, os meios
de produção são controlados pela burguesia.
c) Na Primeira Revolução Industrial, o surgi -
mento das máquinas; na Segunda
Revolução Industrial, o avanço dos meios
de transportes marítimos e ferroviários; na
Terceira Revolução Industrial, os avanços
ultrarrápidos das novas tecnologias, a
robótica e a biotecnologia.
d) No primeiro sistema de produção citado,
temos relações servis de produção; durante
o segundo, começam a ser organizadas as
associações de comerciantes, Trade Union;
no terceiro, temos a perda da indepen dên -
cia econômica da classe dos trabalhadores.
e) No período feudal, temos a supremacia da
burguesia na ordem econômica; na Idade
Mo derna, ocorrerá a ascensão de uma
classe de ricos comerciantes e de ban quei -
ros; após a Revolução Industrial, teremos a
superação da divisão social do trabalho.
Resolução
A alternativa descreve respectivamente as for -
mas de produção artesanal (oficinas medie -
vais), ma nu fatureira e maquinofatu reira (ou
industrial).
Resposta: A
A mecanização foi ex tre mamente impor tan te para acelerar o pro cesso
produtivo.
As estradas de ferro di minuíram o tempo de percurso dos produtos.
Exercícios Resolvidos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 51
52 HISTÓRIA
� Por que a Revolução Industrial começou na Inglater ra?
RESOLUÇÃO:
Porque a Inglaterra possuía capital acumulado, mão de obra
abundante e barata, Banco da Inglaterra, religião puritana,
burguesia no poder, máquinas, mercados consumidores,
matérias-primas, carvão e ferro etc.
� O que diferencia a fase produtiva da manufatura em rela -
ção ao artesanato?
RESOLUÇÃO:
Artesanato: o artesão realiza todas as fases do processo
produtivo.
Manufatura: inicia-se uma divisão do trabalho, na qual o artesão se
limita a transformar a matéria-prima com o uso de fer ramen tas.
� Entre os fatores que fizeram da Inglaterra o berço pro pício
à eclosão da Revolução Industrial, podemos citar, exceto:
a) as condições sociais e políticas favoráveis da épo ca;
b) a criação do Banco da Inglaterra, permitindo que a Nação se
tornasse o maior centro capitalista da épo ca;
c) o sistema corporativo, que não chegara a se enrai zar desde
a Idade Média;
d) a supremacia naval inglesa, que assegurava o con tro le das
rotas de distribuição de mercadorias;
e) o absolutismo monárquico, essencial para o desen vol vimen -
to das atividades industriais.
RESOLUÇÃO:
O absolutismo já fora superado pela monarquia parlamentarista,
que criou um Estado favorável ao desenvolvimento econômico.
Resposta: E
� Até o século XVII, as paisagens rurais eram
marcadas por atividades rudimentares e de
baixa produtividade. A partir da Revolução
Industrial, porém, sobretudo com o advento da revolução
tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor
agropecuário.
São, portanto, observadas consequências econômicas, sociais
e ambientais inter-relacionadas no período posterior à
Revolução Industrial, as quais incluem
a) a erradicação da fome no mundo.
b) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas
urbanas.
c) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os
recursos energéticos.
d) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos
na agricultura.
e) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário
da economia, em face da mecanização.
RESOLUÇÃO:
Com a revolução tecnológica, a demanda por matérias-primas e
recursos energéticos aumentou exponencial mente, exigindo uma
reorientação na produção agropecuária, que deixou de gerar,
quase que exclusivamente, produtos alimentícios, passando a
suprir a indústria com a produção de matérias-primas (algodão,
oleagionosas etc), e recursos energéticos (etanol, por exemplo).
Resposta: C
Exercícios Propostos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 52
53HISTÓRIA
� (FUVEST – MODELO ENEM) – “…cabanas ou pequenas
moradias espalhadas em grande número, nas quais residem os
trabalhadores empregados, cujas mulheres e filhos estão
sempre ocupados, cardando, fiando etc., de forma que, não
havendo desempregados, todos podem ganhar seu pão, desde
o mais novo ao mais velho.”
(Daniel Defoe. Viagem por toda a ilha da Grã-Bretanha, 1724.)
Essa passagem descreve o sistema de trabalho
a) manufatureiro,no qual um empregador reúne num único
local dezenas de trabalhadores.
b) da corporação de ofício, no qual os trabalhadores têm o
controle dos meios de produção.
c) fabril, no qual o empresário explora o trabalho do exército
industrial de reserva.
d) em domicílio, no qual todos os membros de uma família
trabalham em casa e por tarefa.
e) de cogestão, no qual todos os trabalhadores dirigem a
produção.
RESOLUÇÃO:
O texto mencionado refere-se a uma situação anterior à
Revolução Industrial, que começou na Inglaterra por volta de
1760. Trata-se, portanto, do chamado sis te ma doméstico de
produção, que aliás coexistiu na época com o sistema das
manufaturas (mencionado na alternativa a, mas que não está
descrito no texto).
Resposta: D
”Homens da Inglaterra, por que arar para os
senhores que vos mantêm na miséria?
Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que
vossos tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses
parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem
vosso sangue?”
(Shelley. Os homens da Inglaterra. Apud L. Huberman. História da
Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.)
A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico
Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições
socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa
durante a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada
a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada da
riqueza dos patrões.
b) no salário dos operários, que era proporcional aos seus
esforços nas indústrias.
c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo
proletariado.
d) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.
e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a
produziam.
RESOLUÇÃO:
O poeta Percy Shelley, amigo de Byron, mostra-se sensível às
mazelas do “capitalismo selvagem” presente na Revolução In dus -
trial Inglesa, embora ele próprio pertencesse à camada
dominante. Todavia, sua visão é sobretudo emocional, embora
possamos associá-la às críticas formuladas na época pelos
primeiros socialistas utópicos.
Resposta: E
� ”A prosperidade induzida pela emergência das
máquinas de tear escondia uma acentuada
perda de prestígio. Foi nessa idade de ouro que os artesãos, ou
os tecelões temporários, passaram a ser denominados, de
modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto em alguns
ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados lado
a lado com novos imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-
tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se
concentrar na atividade de tecer. Reduzidos à completa
dependência dos teares mecani zados ou dos fornecedores de
matéria-prima, os tecelões ficaram expostos a sucessivas
reduções dos rendimentos.”
(E. P. Thompson. The making of the english working class.
Harmondsworth. Penguin Books, 1979. Adaptado.)
Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revo lução
Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque
a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas
relações sociais.
b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inex pe -
rientes.
c) os novos teares exigiam treinamento especializado para
serem operados.
d) os artesãos, no período anterior, combinavam a tece lagem
com o cultivo de subsistência.
e) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos
lugares dos antigos artesãos nas fábricas.
RESOLUÇÃO:
Com o advento dos teares a vapor, os artesãos-tecelões e os
pequenos produtores independentes de lã, inca pa zes de concorrer
com a nova produção industrial, viram-se compelidos a trabalhar
nas fábricas têxteis em condições análogas às dos operários não
qualificados – inserindo-se nas relações de trabalho capitalistas
pelo viés da subordinação ao capitalismo selvagem.
Obs.: O gabarito oficial considera correta a alterna tiva d, embora
o texto transcrito não dê a entender que os “pequenos fazen -
deiros-tecelões” tivessem uma produção de subsistência (por que
eles não poderiam se dedicar, por exemplo, à pequena criação de
ovelhas?). Ademais, a alternativa d desconsidera os “velhos
artesãos”, que certamente não se confundiam com os “pequenos
fazendeiros-tecelões”. Seria prefe rível, portanto, a alternativa a.
Resposta: A
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54 HISTÓRIA
1. Introdução
O surgimento da maquinofatura tornou obrigatória a
reunião dos operários em um só lugar, a fábrica, que
exigia grande concentração de mão de obra, pois era
muito mais econômico produzir em grande escala.
As fábricas na Inglaterra acabaram por aniquilar os
artesãos e a indústria do més tica, em decorrência dos
baixos preços das mercadorias (fruto da utilização das
máquinas), bem como dos baixos salários pagos aos
trabalhadores incipien tes. Os antigos artesãos não
possuíam condições financeiras de serem os donos das
máquinas, em razão de seu alto custo, que as tornava
aces síveis somente aos que possuíssem gran des capitais.
Dessa forma, deu-se a separação entre o capital e o
trabalho. Os antigos arte sãos passaram a formar uma
imensa massa de trabalhadores urbanos, que somente
possuía a força de trabalho para vender, constituindo
uma nova classe so cial de no minada proletariado. Os
meios de produção – capital, matéria-prima e insta la ções
– estavam em mãos de uma minoria de capitalistas, que
contratavam o tra ba lho e, em contrapartida, remune ra -
vam o trabalhador por meio de um salário.
Ao mesmo tempo em que a Inglaterra se trans for -
mava no principal produtor e exportador de produtos
manufaturados, a população dos centros urbanos crescia
con sideravelmente. A cidade de Londres tornou-se um
dos principais centros de mo gráficos do país. Sua
população ultrapassava um milhão de habitantes.
Houve também uma tendência à concentração
industrial em certas regiões do país. A preferência recaía
sobre as regiões que possuíam carvão. Assim, sur giu a
Inglaterra Negra, do Norte e do Oeste, dominada pela
indústria, em oposição à Inglaterra Verde, do Sul e do
Sudoeste, dominada pela agricultura e pastoreio.
2. A indústria e os problemas
sociais
Nas regiões mais industrializadas, a urbanização foi
mais violenta: a falta de ha bi tações era enorme e os
aluguéis, elevadíssimos. Os trabalhadores se aglome ra -
vam em um só quarto e várias famílias moravam juntas
em total promiscuidade.
Na segunda metade do século XVIII, as condições
dos trabalhadores ingleses eram péssimas, por causa
das grandes jornadas de trabalho, que se elevavam a
14 horas diárias, quase ininterruptas, e aos baixos
salários. Não havia qualquer assistência aos desem -
pregados ou enfermos, nem qualquer regula mentação
para o trabalho de crianças e mulheres, que concorriam
com os homens, deixando-os sem emprego.
A utilização do trabalho feminino e do infantil agra -
vou ainda mais os problemas socioeconômicos; o de -
sem prego e a fome foram acompanhados de outros fla -
gelos sociais, como a prostituição, o alcoolismo e a ex -
plo ração dos filhos pelos pais, que buscavam na família
uma prole numerosa para assegurar a sua sobrevivência.
3. A reação do proletariado
O antagonismo entre os trabalhadores e os patrões
teve início. Ambos procu ra vam organizar-se para a luta.
Na primeira metade do século XVIII, havia surgido na
Inglaterra o clube dos tecedores e artesãos, que teve um
caráter temporário, pois desapareceu após terem
conseguido suas reivindicações.
A união entre os trabalhadores e os artesãos, por
volta de 1760, que provocou a destruição das máquinas,
foi, igualmente, uma manifestação temporária, movida
pela fome e pela falta de trabalho. Os poucos artesãos
que ainda restavam rebela vam-se contra as fábricas, que
haviam retirado todas as possibilidades de continua rem
traba lhan do como antes. Procuraram destruir as
máquinas e as fábricas, como, em 1769, em Lancashire.
As sociedades mais importantes de trabalhadores
começaram a aparecer nos centros de produção mais
intensa, como Lancashire, Yorkshire e Manchester. O
interesse comum levou-osà união. Em tempo de crise,
os trabalhadores ajuda vam-se mutuamente.
Em 1799, foi criada uma lei proibindo as associa -
ções. A oposição foi muito forte, e a lei, abolida. Apesar
das leis contrárias, as sociedades operárias se multi -
plicavam. No início do século XIX, uma nova reação dos
trabalhadores contra os baixos salários e as péssimas
condições resultou na destruição das máquinas e fábri -
cas, sendo o movimento co nhe cido como ludistas.
Em 1824, foram sus pen sas as repressões con tra a
organização dos traba lha do res e revo ga das todas as leis
que im pe diam a formação das associações, denomi na das
trade unions, que progrediam lentamente, dando força aos
operá rios em suas reivindica ções. Em 1830, foi feito um
relatório que procura va mostrar as con di ções de trabalho
na Inglaterra: o relatório Sadler. Alguns proble mas foram
resol vi dos, como a regulamentação de idade para o
trabalho das crianças e das mulhe res, por exem plo.
Incipiente: que está no começo; princi pian te.
Associação: grupo de pessoas que se submetem a um regulamento a fim de exer cer uma atividade comum ou defender inte res ses comuns; agremiação.
2
Palavras-chave:Revolução Industrial –
Consequências
• Capital x trabalho
• Operariado • Exploração
• Reivindicações
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 54
55HISTÓRIA
� (PUC-CAMP – MODELO ENEM) – “No desenvolvimento das
forças produtivas, ocorre um estágio em que nascem forças produtivas
e meios de circu la ção que só podem ser nefastos no quadro das
relações existentes e não são mais forças pro dutivas, mas sim forças
destrutivas (a máquina e o dinheiro) – e, em ligação com isso, nasce
uma classe que suporta todos os ônus da so ciedade, sem gozar das
suas vantagens...”
O texto descreve um processo que pode ser associado
a) às causas sociais que explicam o surgi mento da Revolução
Industrial.
b) às transformações técnicas levadas a efeito pela Revolução
Industrial.
c) aos efeitos sociais da Revolução Industrial, consubstan ciados na
diferença crescente entre ricos e pobres.
d) ao mecanismo que levou a Revolução In dus trial a responder pela
concentração do capital nas atividades mercantis.
e) ao desenvolvimento tecnológico da Revo lu ção Industrial, que
trouxe como con sequên cia a necessidade de moder nização nas
relações sociais.
Resolução
O texto apresenta uma visão marxista a res peito do sistema produtivo
industrial, no qual a apropriação do lucro e da mais-valia pela bur guesia
relega ao operário a menor parte da riqueza por ele gerada.
Resposta: C
� A Revolução Industrial ocor rida no final do século
XVIII transformou as relações do homem com o
trabalho. As máquinas mudaram as formas de
trabalhar, e as fábri cas concentraram-se em regiões próximas às
matérias-primas e grandes portos, originando vastas concen trações
humanas. Muitos dos operários vinham da área rural e cumpriam
jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes em condi -
ções adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lenta men te ao
longo do século XIX e a diminuição da jornada de trabalho para oito
horas diárias concretizou-se no início do século XX.
Pode-se afirmar que as conquistas no início desse século, decorrentes
da legislação traba lhista, estão relacionadas com
a) a expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monár -
quicos constitucionais.
b) a expressiva diminuição da oferta de mão de obra, devido à
demanda por trabalha dores especializados.
c) a capacidade de mobilização dos traba lha dores em defesa dos seus
interesses.
d) o crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a
representação operária nos par lamentos.
e) a vitória dos partidos comunistas nas elei ções das principais
capitais europeias.
Resolução
A classe proletária surgida com o início da Revo lução Industrial, na
segunda metade do século XVIII, era um grupo social novo, sem identi -
dade consolidada e oprimido pelo “capi talismo sel va gem”.
Preocupados inicialmente com sua própria sobre vi vência em
condições adversas, os trabalhadores demoraram para adquirir a cons -
ciência de classe que lhes daria coesão na luta por melhores condições
de trabalho e de vida. Isso ocorreu a partir da segunda metade do
século XIX, com a organização do movimento operário, embasado
ideologica mente nas diversas correntes do pensa mento socialista.
Resposta: C
A abertura de redes de canais e rios e as ferrovias surgiram como
neces si dade de uma economia industrial.
4. Cronologia
1760-1850 – Primeira fase da Re volução Industrial.
1769 – Destruição de máquinas e fábricas na
Inglaterra.
1797 – Lei Speenhamland ga ran tia a subsistên -
cia mínima ao homem que não fosse
capaz de se sus ten tar.
1799 – Proibição das trade unions.
1811 – Movimento ludista criado por Ned Ludd.
1830 – Movimentos swing e cart ista.
1850-1900 – Segunda fase da Revolução Industrial.
Exercícios Resolvidos
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56 HISTÓRIA
� Quais as mudanças ocorridas com a Revolução In dus trial?
RESOLUÇÃO:
Separação definitiva entre capital e trabalho, divisão do trabalho,
trabalho alienado, surgimento do proletariado, divisão da
sociedade em classes, destruição progressiva da natureza,
desenvolvimento das ideias liberais que conduziriam à Crise do
Sistema Colonial.
� ”A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros,
Tudo se transformava em lucro. As cidades
tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas
lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua
ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas
e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando
mais a escravização do homem que seu poder.”
DEANE, P. A Revolução Industrial.
Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).
Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços
tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial
Inglesa e as características das cidades industriais no início do
século XIX?
a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas
transformava as cidades em espaços privilegiados para a
livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.
b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano
aumentava a eficiência do trabalho industrial.
c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de
transporte facilitava o deslocamento dos traba lhadores das
periferias até as fábricas.
d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas
revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do
período, transformando as cidades em locais de
experimentação estética e artística.
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais
ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos
marcados por péssimas condições de moradia, saúde e
higiene.
RESOLUÇÃO:
O desenvolvimento acelerado das primeiras fases da Revolu ção
Industrial, a partir do século XVIII, causou o crescimento
assombroso e caótico das cidades, fazendo surgir favelas e
poluição, e colaborando com as péssimas condições de moradia,
saúde e higiene. Observe-se que a alternativa A está correta, mas
insere-se em menor proporção no contexto descrito pelo
cabeçalho, coisa que a alternativa E melhor faz.
Resposta: E
� O grande desenvolvimento decorrente da Revolução In -
dustrial, na Inglaterra, teve como consequência social, no início
do século XIX,
a) o encurtamento das jornadas de trabalho para oito horas.
b) a introdução de máquinas e o desenvolvimento dos trans -
por tes.
c) o crescimento do proletariado em condições de vi da pre cárias.
d) a formação de correntes migratórias dos centros urbanos
para o campo.
e) o decréscimo demográfico, em virtude do aumen to da mor -
talidade infantil.
RESOLUÇÃO:
Os operários trabalhavam por longas jornadas, recebiam baixos
salários, viviam em péssimas condições de moradia e inexistia
uma legislação trabalhista.
Resposta: C
� “(...) Quando chegávamos a Bolton (...) encontramos no
caminho várias centenas de homens. Creio que eram
aproximadamente uns quinhentos; e como pergun tás se mos a
umdentre eles por que se encontravam reu ni dos em tão
grande número, responderam-nos que iam destruir as
máquinas e que fariam o mesmo em to do o país (...).”
(Carta do industrial inglês Wed g wo od a Thomas Bentley, 1769.)
A introdução das máquinas na Inglaterra provocou, de
imediato, violentas reações por parte dos traba lha dores, na
medida em que se fez acompanhar
a) do desemprego, da exploração desenfreada do tra ba lho de
mulheres e crianças, de baixos salários e da ausência de
regulamentação do trabalho.
b) do desemprego, de baixos salários, da regulamenta ção do
trabalho e do desaparecimento das corporações de ofício.
c) do excesso de oferta de empregos, de baixos salá rios, da
ausência de regulamentação do trabalho e da fraca atuação
do Partido Trabalhista.
d) da separação do trabalhador dos meios de produ ção, do fim
da manufatura, do Movimento Cartis ta e da eliminação dos
partidos trabalhistas.
e) do cercamento das áreas comunais, do desem pre go e da
substituição do sistema artesanal pelas indús trias
domésticas.
RESOLUÇÃO:
Essas características identificam o capitalismo selvagem.
Resposta: A
Exercícios Propostos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 56
57HISTÓRIA
� Até o século XVII, as paisagens rurais eram
marcadas por atividades rudimentares e de
baixa produtividade. A partir da Revolução Industrial, porém,
sobretudo com o advento da Revolução Tecnológica, houve um
desenvolvimento contínuo do setor agropecuário.
São, portanto, observadas consequências econômicas, sociais
e ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revo -
lução Industrial, as quais incluem
a) a erradicação da fome no mundo.
b) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas
urbanas.
c) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os
recursos energéticos.
d) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos
na agricultura.
e) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário
da economia, em face da mecanização.
RESOLUÇÃO:
Com a Revolução Tecnológica, a demanda por matérias-primas e
recursos energéticos aumentou exponencial mente, exigindo uma
reorientação na produção agropecuária, que deixou de gerar,
quase exclusivamente, produtos alimentícios, passando a suprir a
indústria com a produção de matérias-primas (algodão, oleagi -
nosas etc.) e recursos energéticos (etanol, por exemplo).
Resposta: C
“…Um operário desenrola o arame, o outro o
endireita, um terceiro corta, um quarto o afia
nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a
cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes;
…”
(Adam Smith. A riqueza das nações: investigação sobre a sua
natureza e suas causas. v. I. São Paulo: Nova Cultural, 1985.)
(Jornal do Brasil, 19 fev. 1997.)
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguin tes
afirmações:
I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são
sub metidos os operários.
II. O texto refere-se à produção informatizada e o qua drinho, à
produção artesanal.
III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade
industrial não depende do conhecimento de todo o
processo por parte do operário.
Dentre essas afirmações, apenas
a) I está correta. b) II está correta.
c) III está correta. d) I e II estão corretas.
e) I e III estão corretas.
RESOLUÇÃO:
O texto de Adam Smith (século XVIII) data do início da Revolução
Industrial, na qual a divisão do trabalho teria enorme importância
para aumentar a produtividade. Essa tendência atingiu seu auge
na atualidade, pois a especialização do traba lhador dentro da
linha de mon tagem o exclui de um co nhecimento mais amplo do
processo de que ele faz parte.
Resposta: E
� ”A poluição e outras ofensas ambientais ainda
não tinham esse nome, mas já eram
largamente notadas no século XIX, nas grandes cidades
inglesas e continentais. E a própria chegada ao campo das
estradas de ferro suscitou protestos. A reação antimaquinista,
protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a batalha
atual dos am bientalistas. Esse era, então, o combate social
contra os miasmas urbanos.”
(M. Santos. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e
emoção. São Paulo: Edusp, 2002. Adaptado.)
O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe modi -
ficações na paisagem e nos objetos culturais vivenciados pelas
sociedades. De acordo com o texto, pode-se dizer que tais
movimentos sociais emergiram e se expressaram por meio
a) das ideologias conservacionistas, com milhares de adeptos
no meio urbano.
b) das políticas governamentais de preservação dos objetos
naturais e culturais.
c) das teorias sobre a necessidade de harmonização entre
técnica e natureza.
d) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e
poluentes.
e) da contestação à degradação do trabalho, das tradições e da
natureza.
RESOLUÇÃO:
O texto faz alusão aos movimentos sociais do início do século
XIX, destacando os movimentos luddistas, uma referência a um
de seus líderes, Ned Ludd, contrários aos avanços tecnológicos da
1.a Revolução Industrial, mediante invasão de fábricas e quebra de
máquinas, pois eram consideradas responsáveis pelo desempre -
go e pelas péssimas condições de trabalho.
Portanto, havia contestação à degradação do trabalho, como o
uso da mão de obra de baixa qualificação profissional, enquanto
a tradição artesanal e manufatureira mantinha o trabalhador
como dono de seu instrumento de trabalho, envolvendo o traba -
lho familiar e especializado. Com a máquina, o trabalhador muda
a sua rotina, que passa a ser adequada ao ritmo da máquina,
como se ele fosse apenas uma peça em suas engrenagens. Muitas
vezes, havia a preferência pelo trabalho infantil, com salários
muito mais reduzidos do que os dos adultos, fato que provocava
desemprego.
No contexto atual, destacam-se os movimentos contrários ao
desemprego estrutural provocado pelos avanços tecnológicos da
3.a e da 4.a Revolução Industrial, assim como os protestos con trá -
rios à degradação ambiental.
Resposta: E
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58 HISTÓRIA
1. Introdução
O século XVIII foi marcado por uma revolução não só
no pensamento filosófico, mas também no modo de vida
europeu. Naquele século, a Europa vi ven ciou a Revo lução
Industrial Inglesa e a tomada do poder político pela
burguesia, brilhantemente exemplificada pela Revolução
Francesa e o marco da queda do Antigo Regime.
Era o Século das Luzes, que marcava o início de
uma nova era, a ser conduzida pela burguesia, que se
firmou socialmente como classe econômica du ran te a
Idade Moderna.
O iluminismo foi a filosofia que inspirou a burguesia
nessas mudanças de rumos históricos.
A crise do sistema colonial tradicional, na América,
faz parte de um quadro mui to mais amplo, que é o
quadro de crise do Antigo Regime na Europa.
As transformações econômicas e políticas ocorridas
no século XVIII afe taram tanto as metrópoles europeias
quanto as colônias na América.
Na Europa, a crise do Antigo Regime fez-se sentir
com o surgimento das ideias iluministas e com a Re vo -
lução Industrial Inglesa, que, em um primeiro momento,
marcaram a ruptura da aliança rei-burguesia.
Realizada a acumulação capitalista pela burguesia
mercantil, o Estado Absolutista e a política econômica
mercantilista tornaram-se obstáculos ao pleno desenvol -
vi mento do modo de produção capitalista.
2. Pensadores ilustrados
O século XVII e os pais do iluminismo
Desde o século XVII, as bases da filosofia iluminista
vinham sendo formu ladas por pensadores que passaram
a contestar a ordem estabelecida. Podemos considerar
como fundadores do pensamento iluminista René Des -
cartes, Isaac Newton e John Locke.
• René Descartes (1596-1650) – publicou, em
1637, O Discurso sobre o Mé todo, obra que o coloca
como "pai do racionalismo moderno". Nessa obra, Des -
cartes afirma que o conhecimento deve ser buscado por
meio da razão, mas não se trata de uma razão simplista,
pois o método serve justamente para tornar o conhe -
cimento resultado de uma razãocientífica. Propõe que
se tenha como princípio para a reflexão filo sófica uma
dúvida universal indiscutível (axioma) e, a partir dessa,
seja utilizado o método de dedução mate mática para
atingir a verdade. Dessa forma, Descartes introduzia
uma visão mecanicista do universo em todas as áreas da
Ciência.
• Isaac Newton (1642-1727) – físico, levando
adiante os estudos de Galileu, Copérnico, Kepler e
Descartes, aprofundou a visão de universo mecanicista.
Para Newton, o universo possui leis físicas invariáveis
que regem seus movimentos. O estado de repouso de
um corpo é relativo, e o estado de movimento é
absoluto. Com suas ideias, revolucionou o modo de
pensar, ainda preso a concepções medievais de universo
estático.
• John Locke (1632-1704) – filósofo inglês e
teórico da Revolução Gloriosa (1688), é considerado o
pai do liberalismo político. O combate ao abso lu tismo é
feito por Locke em duas grandes obras: O Primeiro
Tratado so bre o Governo Civil (1689) e o Se gun do Tra ta -
do sobre o Governo Civil (1690). Nessas obras, Locke
coloca que o estado de sociedade e o poder político
nascem de um contrato entre os homens livres e iguais.
Antes desse pacto ser feito, os homens viviam em es -
tado natural, no qual possuíam direitos também naturais,
como a igualdade (segundo Locke, ”nascemos livres na
mesma medida em que nascemos racionais”) e o direito
à propriedade privada (para o filósofo, “todo homem
possui uma propriedade em sua própria pessoa, de tal
forma que a fadiga de seu corpo e o trabalho de suas
mãos são seus”). Assim, defende o princípio de que a
propriedade resulta do trabalho realizado pelo homem,
daí o seu direito de torná-la privada. Outro direito natural
que os homens possuem é o de liberdade e resistência
à tirania. Esses direitos estarão constantemente amea -
ça dos se os homens permanecerem no estado natural,
em que o poder é exercido individualmente. Daí a neces -
sidade de fazerem um contrato, abrindo mão do poder
individual, em nome de uma força coletiva que exerça a
função de fazer cumprir os direitos naturais. Dessa
forma, os homens passam do estado natural para o
estado de sociedade, no qual as leis são aprovadas por
mútuo consentimento, executadas por juízes imparciais,
e o poder político é outorgado a um governante pelos
indivíduos que fizeram e se incorporaram ao pacto.
Antigo Regime: termo utilizado para designar as Monar quias
Nacionais Abso lu tis tas.
Estático: paralisado.
Fadiga: cansaço.
Outorgado: imposto.
3
Palavras-chave:Iluminismo e
Despotismo Esclarecido
• Racionalismo • Liberalismo
• Antiabsolutismo
• Anticlericalismo • Três poderes
• Vontade da maioria
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59HISTÓRIA
O século XVIII e os pensadores políticos
O século XVIII marcou o apogeu das ideias ilumi nis -
tas, que inspiraram movimentos como a inde pendência
dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.
A Revolução Intelectual que vinha sendo gestada
chegava ao seu ápice. For mu laram-se as concep ções
políticas – liberalismo po lí tico – e as concepções eco nô -
mi cas – o liberalismo eco nômico –, que nortea ram a bur -
gue sia no pro ces so de tomada do po der.
Denis Diderot (1713-1784) – es critor e divulgador da filosofia
ilu mi nista. Organi zou com D’Alem bert a Enciclopédia.
Com a participação de inte lec tuais de todos os
ramos da Ciên cia, Denis Diderot e Jean D’Alembert
concebe ram a Enci clo pédia, o principal meio de di fu são
das ideias ilus tradas. Era uma obra imensa, que pretendia
reunir todo o co nhecimento racional formu lado na época.
Frontispício da Enciclopédia,
obra que buscou reunir todo o
conhecimento racional
produzido até o século XVIII.
Mas os prin ci pais ata ques ao Estado Abso lu tis ta
seriam feitos por três filó sofos: Voltaire, Mon tes quieu e
Rousseau.
• Voltaire (1694-1778) – filó so fo que ata cou
violenta mente a cen trali za ção do Estado Abso lu tis ta e a
Igreja Ca tólica e defendeu, da mesma forma, o direito às
li ber dades indivi duais. Uma caracte rís ti ca marcante de
Voltaire era o fato de que usava do humor e da sátira pa -
ra colocar suas críticas.
Entre suas máximas sobre o absolutismo estão a
per gunta: “O que é o otimismo?”; e a resposta: “É sus -
tentar que tudo vai bem, quando tudo vai mal!” Apesar
das fu riosas críticas, defendia a manutenção de um
governo monár quico, mas com poderes limitados.
• Montesquieu (1689-1755) – celebrizou-se pela
obra O Es pí rito das Leis, pu blicada em 1748, na qual
defendia a separação dos po de res como única forma de
garantir a liberdade po lí ti ca. Montesquieu visuali za va três
formas de governo existen tes: a republicana, a des pó ti -
ca e a mo nár quica. O go ver no re pu bli ca no resultava da
deten ção do poder pelo povo (democra cia) ou por uma
parcela do povo (aris to cracia), mas não era aceito por
Mon tes quieu, que o con side rava fadado ao fracasso,
pois se o poder fosse en tregue ao povo, este não sa -
beria man ter a República, e se o poder fosse entregue a
uma parcela do povo, esta gover naria em benefício
próprio. O despo tismo con siste em um
regime de go ver no no qual todos
os homens são subordinados a
um homem; esse regime é
con testado por Montesquieu,
que o con sidera resultado
das paixões pessoais de um
úni co ho mem. O regime
mo nárquico é incon venien -
te, pois ape nas um go verna
com leis fixas e es tabe le -
cidas (ins titui ções), e apenas
a detenção do poder não bas ta
– o mo narca exerce um poder
baseado em sua honra pes soal.
Charles du Secondat. Barão de Montes quieu
(1689-1755) – ilumi nista francês.
Diante da incapacidade desses modelos em esta -
belecer uma verdadeira har monia política, Montesquieu
preconiza a formação de um quarto regime, deno minado
governo moderado, em que o poder se fundamenta na
lei, que é a garantia da liberdade política. Para Mon -
tesquieu, "A liberdade é o direito de fazer tudo o que as
leis permitem; e, se um cidadão pudesse fazer o que
elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros
teriam também esse poder". O governo proposto en -
contra o poder dividido em três instâncias – executiva,
legislativa e judiciária –, que mantêm entre si relações de
interdependência e, ao mesmo tempo, uma ins tância
coíbe a outra de ultrapassar suas funções ou cometer
abusos contra a sociedade.
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60 HISTÓRIA
• Jean Jacques Rousseau (1712-1778) – é sem
dúvida o mais brilhante dos filó sofos fran ceses do século
XVIII. Dono de uma vasta obra, publicou, em 1755, O
Dis curso sobre a Origem e os Fundamentos da Desi gual -
dade entre os Homens, no qual afirma que os ho mens,
quando viviam no estado de natureza, eram bons, hu ma -
ni tários e satis faziam suas necessidades com o que a
natureza lhes pro pi ciava. Ao passar para o estado social,
os homens ganham capacidade de se desen volver mais
rapida mente, ampliando seus horizontes, mas a própria
sociedade cor rompe os homens, colocando-os, em
termos morais, em situação inferior àquela em que se
encon tra vam quando no estado de natureza. Nesse
sentido, Rousseau passou a defender que o homem
deve retor nar ao estado natural, não em termos de de -
sen vol vi mento, mas em termos de voltar a ter os sen -
timentos que o tornavam digno. Outro aspecto da obra é
o que trata da passagem do estado de natureza para o
estado social, momento em que se funda a propriedade
privada, assim descrito por Rousseau: "Tal foi ou deveu
ser a origem da sociedade e das leis, que deram novos
entraves ao fraco e novas forças ao rico, destruíram
irremediavelmente a liberdade natural, fixaram para
sempre a lei da propriedade e da desi gualdade, fizeram
de uma usurpação sagaz um direito irrevogável e, para
proveito de alguns am biciosos, sujeitaram doravante
todo gênero humano ao trabalho, à servidão e à mi séria".
Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778), filó sofo
iluminista belga que
apresentou pro postas
populares e democráticas.
Em 1762, publicou O Contrato Social, que inicia
afir mando: "o homem nasce livre e em toda parte encon -
tra-se a ferros". Para Rousseau, o poder político deve ser
legitimado por meio de um contrato feito entre homens
em condição de igualdade; eles abririam mão do poder
indi vi dual em favorecimento da “vontade geral” (que é
“uma força real, superior à ação de qualquer vontade
particular”). Dessa vontade geral, resultariam um go ver -
no legitimado e leis que garantiriam a liberdade de todos
os indivíduos.
Iluminismo na América
Quando afirmamos que o liberalismo político foi o
conjunto de ideias que influenciou a independência da
América, precisamos ter claro que a América estava
viven cian do os efeitos da política absolutista europeia;
as elites e as camadas sociais que participaram dos
movi men tos de independência diferen ciavam-se, e
muito, em relação aos interesses políticos das classes
sociais que depu se ram o Estado Absolutista na Europa.
Na própria América, temos de considerar o desen -
vol vimento desigual das colônias de povoamento e de
exploração, que acabaram por propiciar diferentes in -
teres ses em romper com as metrópoles.
Somente tendo em vista esses fatos é que iremos
entender os limites que o liberalismo político encontrou
na América, principalmente nas áreas de explo ração,
pois a maior parte dos movimentos constituiu a ruptura
dos laços de subor dinação em relação às metrópoles,
deixando de lado os aspectos teóricos do ilu minismo
que propunham a formação de um Estado que consi -
deras se a parti cipação política mais ampla.
3. Pensadores econômicos
Se, no campo político, o Estado Absolutista foi des -
truí do pelas "abominá veis" ideias francesas, no cam po
econô mi co, a prática desse Estado, o mercantilismo,
tam bém não foi poupada.
O liberalismo econômico destruiu os pressupostos
mer cantilistas, pondo fim às crenças no metalismo, no
inter vencionismo estatal, no monopólio e no protecio -
nismo de mercados.
Na França, surgiram as primeiras contestações ao
mercantilismo pelos teóricos Quesnay e Gournay, os
pais da escola fisiocrata. Para a escola econômica fran -
cesa, a natureza é a produtora fundamental de riquezas,
pois dela deriva a pro dução da subsistência humana e de
matérias-primas. Assim, os agricultores cons tituíam a
única classe produtora de riquezas. Ao produzir e vender
matérias-primas e alimentos, tinham em suas mãos o
produto que circulava e mantinha ativa toda a sociedade,
gerando impostos ao Estado, empregos nas indústrias,
salários e produtos manufaturados, que acabavam re -
tornando às mãos dos agricultores por meio da compra.
Aos fisiocratas coube a formulação do lema: “laissez
faire, laissez passer, le monde va de lui même” (deixai
fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo).
Na Inglaterra, Adam Smith (1723-1790) publicou,
em 1765, A Riqueza das Nações, defen den do que a eco -
no mia funciona por si mesma, não sen do necessária a
inter ven ção do poder po lí ti co, que desvia os recursos
nacio nais pa ra fins pes soais. Para ele, o mer ca do possui
re gras próprias, que a tuam como uma “mão invisível”,
man tendo estável sua lei básica de fun cio na men to: a o -
ferta e a pro cura. Criti cou, ainda, o meta lismo, defen -
Usurpação: roubo.
Irrevogável: que não pode ser mudado.
Vontade geral: vontade da maioria.
Abomináveis: detestáveis.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 60
61HISTÓRIA
dido pe los mercantilistas, o qual pregava que a riqueza
nacional poderia ser traduzida na quan tidade de ouro e
prata que o país possuísse. Para Smith, a riqueza de uma
nação é gerada pelo trabalho livre em geral. Nesse
aspecto, discorda dos fisiocratas, que con si deram
apenas o trabalho agrícola como produtivo.
Ao não apontar a forma pela qual o trabalho gera
riqueza, que é a exploração do trabalho assalariado,
Adam Smith deixou uma lacuna em sua obra. Porém,
po de mos dizer que, em relação aos fisiocratas, seu pen -
sa mento é mais abrangente para o capitalismo.
4. O Despotismo Esclarecido
Estimulados pelos filósofos da Ilustração, numero -
sos príncipes procuraram pôr em prática as novas ideias,
procurando governar de acordo com a razão, segundo os
interesses do Estado, mas sem abandonar seu poder
absoluto. Essa aliança de princípios filosóficos e poder
monárquico deu origem a um regime típico do século
XVIII: o despotismo esclarecido.
Frede ri co II (1716-1786) foi rei da
Prússia de 1740 até falecer.
Filósofo, dis cí pu lo de Voltaire
e indife ren te à religião, deu
liber da de de culto. Estimu -
lou o en si no bási co, tendo
ele mes mo baixado o prin -
cípio de instru ção primária
obri gató ria para todos.
Apesar de os jesuí tas es ta -
rem sendo expul sos de
quase todos os países da
Europa, pelas suas liga ções
com o papado, atraiu-os por
causa de suas qualidades como
educadores. A tortura foi
abolida e um novo código de
jus tiça foi organi za do. Exigia obe diên cia total às or dens,
mas permitia li ber dade de falar e de culto. Pro cu rou
estimular a eco no mia ado tando medidas prote cio nis tas,
contrárias às ideias ilumi nistas, pre ser vando a or dem
social existen te. A Prús sia per ma neceu um Estado feudal,
com servos sujeitos à classe do mi nante dos pro -
prietários, chama dos junkers.
Catarina II (1729-1796), imperatriz russa, reinou de
1762 a 1796. Atraiu os filósofos france ses à sua corte,
man tendo com eles cor respondência regu lar. Anunciou
grandes refor mas,
que jamais realizou na
prática, apesar de ter
con ce di do li ber dade
reli gio sa e preo cu par-
se em desen vol ver a
educação das altas
clas ses sociais. O es -
sencial per ma ne ceu
como era, ou me lhor,
foi agra vado, pois a
ser vi dão não foi
abolida e os direi tos
dos pro prie tários so -
bre os servos da terra
foram aumen ta dos,
inclusive a con dena -
ção à morte. Me lho -
rou a adminis tração e
estimulou a coloni zação da Rússia me ri dional, na Ucrâ nia
e no Volga. Talvez o resulta do úni co de sua política tenha
sido a polidez da alta sociedade rus sa, completamente
afrancesada nos usos e costu mes.
José II (1741-1790), imperador da Áustria de 1765 a
1790, foi o tipo mais aca ba do do despotismo escla re -
cido. Fez numerosas refor mas ditadas pela razão: aboliu
a escravidão; deu igual da de a todos perante a lei;
uniformizou a administração em todo o Império; e deu
liberdade de culto e direito de emprego aos católicos.
Houve reações às suas refor mas na Hungria e um
levante dos belgas nos Países Baixos.
Na Espanha, o ministro Aranda pôs em execução uma
série de reformas: o co mércio foi liberado inter namente;
as indústrias de luxo e de tecidos de algodão foram estimu -
ladas; e a administração foi dinamizada com a criação dos
intenden tes, que fortaleceram o poder do rei Carlos III.
Em Portugal, destaca-se Sebastião José de Carvalho
e Melo, o Marquês de Pombal, como representante
desse estilo de governo, durante o reinado de D. José I.
No geral, a tentativa de realizar reformas com base
em ideias iluministas (reformismo ilustrado) fracas sou.
As mudanças eram apenas aparentes, sem alterar a
essência do governo, que continuava absolutista; a aris -
to cracia resistiu a essa tentativa, por ser a maior pre ju di -
ca da; e muitos recuaram diante da possibilidade de go -
ver nos represen tativos ou de manifestações populares,
bem como do péssimo exemplo da Revolução Francesa.
Frederico II, da Prússia.
Catarina II, déspota esclarecida da Rússia.
Lacuna: espaço que não foi preenchido.
Intendente: funcionário que fiscalizava as províncias; pessoa que dirige ou adminis tra.
5. Cronologia
1734 – Publicação de Cartas In gle sas, de Voltaire.
1748 – Publicação de O Espírito das Leis, de Montesquieu.
1751-72 – Publicação da Enci clo pédia, dirigida por Diderot e D’Alembert.
1762 – Publicação de O Contrato So cial, de Rousseau.
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62 HISTÓRIA
� (UNESP – MODELO ENEM) – “Os filó so -
fos adulam os monarcas e os mo narcas adulam
os filósofos.”
Assim se refere o historiador Jean Touchard à
for ma de Estadoeuropeu que floresceu na
segunda metade do século XVIII. Os “reis filó so -
fos”, temendo revoluções sociais, in tro du zi ram
re formas inspiradas nos ideais iluminis tas.
Estas observações se aplicam:
a) às Monarquias Constitucionais.
b) ao Despotismo Esclarecido.
c) às Monarquias Parlamentares.
d) ao Regime Social-Democrático.
e) aos Principados ítalo-germânicos.
Resolução
O texto descreve os reis absolutistas (déspo -
tas) que se uti li za vam de algumas ideias da
Ilus tra ção (esclarecidos) para mo der nizar e
reformar o Estado.
Resposta: B
� (MODELO ENEM) – Adam Smith, autor
de A Riqueza das Na ções (1776), re fe rin do-se à
produção e à aquisição de riquezas, obser vou:
“Não é com o ouro ou a prata, mas com o tra ba -
lho que toda a riqueza do mundo foi provida na
origem, e seu valor, para aqueles que a pos -
suem e desejam trocá-la por novos produtos, é
precisamente igual à quantidade de trabalho
que permite alguém adquirir ou dominar.”
Os pontos de vista de Adam Smith opõem-se
às concepções
a) mercantilistas, que foram aplicadas pelos
diversos estados absolutistas europeus.
b) monetaristas, que acompanharam historica -
mente as economias globalizadas.
c) socialistas, que criticaram a submissão dos
traba lhadores aos donos do capital.
d) industrialistas, que consideraram as má -
quinas o fator de criação de riquezas.
e) liberais, que minimizaram a importância da
mão de obra na produção de bens.
Resolução
O mercantilismo foi a política econômica segui -
da pelos Es ta dos europeus ocidentais (e não
apenas pelos “Estados ab so lutistas”, pois a
Inglaterra e a Holanda não se incluíam nessa
classificação) durante a Idade Moderna. Além
de defender o intervencionismo, o protecio -
nismo e a ma nutenção de uma balança comer -
cial favorável, o mer cantilismo valorizava o me -
talismo, isto é, a crença de que o ouro e a prata
(metais amoedáveis) constituíam a riqueza de
um país. Ora, no século XVIII, o metalismo já
demonstrara sua fragilidade, tendo em vista os
casos da Espanha e de Portugal. Por essa
razão, os novos economistas do iluminismo
passaram a con siderar, como base da riqueza
nacional, os recursos naturais de um país
(fisiocratismo) ou, no caso de Adam Smith, o
trabalho (entendido como know-how, isto é,
conhecimento técnico).
Resposta: A
� No século XVIII, o que propunham os filósofos ilu ministas
em relação às estruturas política e social do minantes na Europa
Ocidental?
RESOLUÇÃO:
Política: o fim da concentração do poder nas mãos do rei.
Sociedade: a organização da sociedade com base no critério
econômico.
� “Embora discordassem muito entre si, os filósofos apli ca -
vam o método de Descartes, baseado na razão e no espírito
crítico à política e à religião, exaltando a razão e o progresso em
oposição à tradição.”
Explique a importância de René Descartes para o pensamento
iluminista.
RESOLUÇÃO:
A racionalidade como base do processo de produção do saber.
� O que distinguia Rousseau dos demais filósofos do perío -
do da Ilustração era
a) sua defesa dos chamados direitos naturais.
b) seus ataques à burguesia e, em especial, à propriedade.
c) seu apoio ao despotismo esclarecido.
d) sua descrença na soberania popular.
e) suas críticas ao absolutismo e à economia liberal.
RESOLUÇÃO:
Rousseau foi o único a falar em “vontade da maioria”, o que,
evidentemente, não se referia à burguesia.
Resposta: B
Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 62
63HISTÓRIA
”Para que não haja abuso, é preciso organizar
as coisas de maneira que o poder seja contido
pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o
mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo,
exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as
resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências
dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo,
Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a
efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma
mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes
concomitantemente.”
(B. Montesquieu. Do espírito das leis.
São Paulo: Abril Cultural, 1979. Adaptado.)
A divisão e a independência entre os poderes são condições
necessárias para que possa haver liberdade em um Estado.
Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às
instituições do governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos
de um governante eleito.
RESOLUÇÃO:
Montesquieu, um dos principais filósofos da Ilustração, propôs a
tripartição de poderes como solução para o estabelecimento de
um regime político baseado na harmonia, no equilíbrio e na
independência entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
Resposta: D
� ”É verdade que nas democracias o povo
parece fazer o que quer; mas a liberdade
política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em
mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade
é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão
pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais
liberdade, porque os outros também teriam tal poder.”
(Montesquieu. Do Espírito das Leis.
São Paulo: Nova Cultural, 1997. Adaptado.)
A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz
respeito
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as
decisões por si mesmo.
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à
conformidade às leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse
caso, livre da submissão às leis.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido,
desde que ciente das consequências.
e) ao direito do cidadão de exercer sua vontade de acordo com
seus valores pessoais.
RESOLUÇÃO:
No texto, Montesquieu fala sobre a verdade democrática (que se
diferencia da liberdade política) e estabelece uma diferenciação
entre independência e liberdade, com a indagação: o que é
liberdade? Na sua concepção, é fazer tudo o que a lei permite: o
cidadão não pode fazer aquilo que é proibido pelas leis. Portanto,
trata-se de uma liberdade condicionada aos parâmetros legais.
Resposta: B
Texto para as questões
e �.
O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas
características de uma determinada corrente de pensamento.
“Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme
dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e
posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele
mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e
sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder?
Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza
tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está
constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo
todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na
maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o
proveito da propriedade que possui nesse estado é muito
inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a
abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de
temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura
de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão
já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da
vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.”
(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.)
Do ponto de vista político, podemos con si derar
o texto como uma tentativa de justificar:
a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
b) a origem do governo como uma propriedade do rei.
c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natu -
reza humana.
d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e
aos direitos.
e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual
acima da propriedade.
RESOLUÇÃO:
O texto do Lockecompara o estado de natureza e o es ta do em
sociedade, ressaltando as vantagens do se gun do ao afirmar que
ele assegurava os direitos à vida, à liberdade e à propriedade.
Resposta: D
� Analisando o texto, podemos concluir que se
trata de um pensamento:
a) do liberalismo.
b) do socialismo utópico.
c) do absolutismo monárquico.
d) do socialismo científico.
e) do anarquismo.
RESOLUÇÃO:
John Locke, autor do texto citado, é considerado o “Pai do
iluminismo” e, portanto, precursor das ideias liberais que
caracterizaram o pensamento burguês do século XVIII.
Resposta: A
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64 HISTÓRIA
1. O processo da revolução
No século XVIII, o regime feudal agonizava em toda
a Europa Ocidental. Em muitos países, porém, como na
França, a aristocracia detinha grande parte das pro prie -
dades, e sobreviviam ainda muitos resquícios feu dais.
A partir de 1730, a população europeia cresceu ex -
traor di nariamente. Apesar da introdução de novas téc ni -
cas de cultivo e de novos produtos, as propostas de fen -
didas pelos fisiocratas não alteraram o panorama geral
da agricultura, e as inovações ficaram restritas às terras
dos grandes proprietários. Dessa forma, as crises
agrícolas eram constantes, provocando a ruína dos
pequenos proprietários e periódicas crises de fome.
O desenvolvimento do comércio e da indústria for ta -
le cera a burguesia, que era deten tora de grandes
riquezas e passou a aspirar ao poder político e a
questionar os pr ivi lé gios da nobreza. Já os camponeses
preten diam libertar-se das obrigações feudais que
deviam aos senhores.
A França tinha naquela época apro ximadamente 25
mi lhões de habi tantes, dos quais mais de 20 mi lhões
moravam nos campos. Essa imensa massa po pulacional
for ma va uma sociedade de esta mentos que sobreviveu
da Idade Média, dividindo-se em três “ordens” ou
“Estados”. O Pri mei ro Es tado era
formado pelo clero, com cerca de
120 mil pessoas; o Segundo Es -
tado, pela nobreza, represen tado
por apro xi madamen te 350 mil
pessoas; e o Terceiro Esta do repre -
sentava 98% da po pula ção e era
formado pela bur gue sia, por po bres
urbanos (sans-culottes), cam po -
ses li vres e servos. Cabe ressaltar
que, en quan to o clero e a nobreza
for mavam as cama das privilegiadas
da socie dade, o Terceiro Estado
assumia os ônus dos impos tos e
das contribuições para o sustento
do Estado Absolu tista.
A vitória da Inglaterra na Guerra
dos Sete Anos (1756-1763) foi prejudicial pa ra a França,
que perdeu parte de seu império colonial. Os gastos com
o envio de ajuda mili tar e financeira para a guerra de
independência dos Esta dos Unidos completaram a ruína
financeira do Estado francês.
A partir de 1770, crises sucessivas afligiram a
França. Faltavam produtos agrí colas e os preços exor bi -
tantes davam origens a revoltas. O absolutismo monár -
qui co era incapaz de administrar o Estado, repousando
suas finanças em uma pre cá ria arrecadação de im pos -
tos. O Terceiro Estado, explorado ao máximo, passou a
reivindicar a igualdade civil e a abolição dos privilégios
concedidos ao clero e à nobreza.
Os filósofos aproveitaram esses problemas sociais
em suas críticas, apresen tan do soluções bem radicais,
principalmente Rousseau, que pregava a soberania do
povo. Em nenhum lugar da Europa os filósofos foram tão
lidos como na França. Suas ideias eram difundidas pelas
sociedades culturais formadas na época: salas de leitura,
lojas maçônicas e sociedades agrárias.
Vários outros problemas se associaram para tornar a
crise ainda mais aguda. O acordo feito em 1786, abrindo
o comércio francês aos ingleses, levou à falência várias
indústrias, por causa da concorrência; a péssima colheita
do ano de 1788 di mi nuiu a produção de alimentos e
provocou uma alta violenta nos preços, o que gerou
fome; e o inverno do ano de 1789 foi também muito ri -
goroso. De tudo isso, resultou uma massa de mendigos
que percorriam os campos, esfaimados. As revol tas su -
cederam-se nas cidades. A Revolução estava às portas!
As dificuldades financeiras do Estado levaram o con -
tro lador – geral das finan ças, Calonne, a convocar a
Assembleia dos Notáveis, em fevereiro de 1787. Essa
Assembleia era composta por notáveis, isto é, repre -
sentantes das duas primeiras ordens sociais: clero e
nobreza. Um dos privilégios dessas ordens era a isenção
de impostos e Calonne pretendia convencê-los a abdicar
desse direito, devido às difi cul dades financeiras.
Os notáveis não abriram mão dos seus direitos e
ainda provocaram várias re vol tas de protesto em pro vín -
cias onde seu poder era mais forte, como Gre no ble,
Dijon, Toulouse e Rennes. Calonne foi substituído por
Necker, mi nistro de re co nhe cida capacidade, que
con venceu Luís XVI a convocar a As sem bleia dos Esta -
dos-Gerais, composta por notáveis e pelo Terceiro
Estado, representado pela burguesia.
A eleição foi realizada em abril de 1789, coincidindo
com as revoltas ge radas pelas péssimas colheitas. Os
elei tores escreveram suas queixas e es peranças em
cadernos especiais, chamados cadernos de queixas.
Sans-culotte.
Sans-culottes: referência à po pu lação pobre de Paris que, em vez das
cal ças tradi cionais, usavam calças compridas e lis tradas.
Exorbitante: exagerado, grande.
Abolição: ação de acabar, pôr fim.
Maçônico: pertencente à maç o naria; so ciedade secreta, original -
mente influen cia da pelo ilumi nis mo; seus membros defendiam os
princípios da liberdade e igualdade; atual mente, tem finalidade predo -
mi nan te men te fi lan tró pi ca e frater nal.
4
Palavras-chave:Revolução Francesa – das
Origens à Revolução Burguesa
• Desigualdade social
• Privilégios • Fome
• Declaração dos direitos
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65HISTÓRIA
2. A marcha da revolução
Os Estados-Gerais reuniram-se em Ver sa lhes em
5 de maio de 1789. Foram eleitos 291 depu tados para
o Primeiro Estado, 270 para o Se gun do, e o Terceiro
Es ta do era representado por 578. Como os votos
eram por Estado social, o clero e a no breza sempre
levavam vantagens, votando juntos contra o Terceiro
Estado, que passou a reivindicar votações individuais.
Os notáveis insis tiam em voto por Esta do, tendo o
apoio do rei.
O Terceiro Estado, revoltado com a situa ção,
reuniu-se separadamente na sala de jogo da pela, em
20 de junho, tendo jurado não se dis persar enquanto o
rei não aceitasse uma Cons tituição que limitasse seus
poderes.
Luís XVI cedeu, mandando o clero e a nobreza se
juntarem ao Terceiro Estado, surgindo assim a Assem -
bleia Nacional Constituinte. O rei queria ganhar tempo, pois pretendia juntar tropas para dis per sar a As sembleia. Os
produtos alimen tícios come çavam a faltar, surgindo revol tas nas cidades e nos campos. Em julho de 1789, o Terceiro
Estado era muito temido.
A reunião de tropas próximas a Paris e a demissão de Necker provo caram a insurreição. No dia 14 de julho, a
Bastilha, símbolo da tirania, onde eram mantidos os pre sos políticos, foi tomada. Não era uma simples revol ta, como
acreditava o rei Luís XVI. Era a própria revo lução!
Luís XVI visitou Paris, tentando acalmar a situação. Nas províncias, en tre tanto, o movimento se alas trava. Os
camponeses rebela vam-se contra os senhores. Tanto a nobreza e o clero quanto o Terceiro Estado temiam pelo que pu -
desse acontecer.
Assim, devido à pressão criada pela Revolta Cam ponesa (4 de agosto de 1789), aboliram-se os direitos feudais. No
dia 26 do mesmo mês, foi apro va da a De claração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Os pontos básicos eram
liberdade, igualdade, inviola bilidade da propriedade e direito de resistir à opressão.
Como Luís XVI se recusou a sancionar estes últi mos decretos, o povo de Pa ris, a comuna, marchou em direção
ao Palácio de Versalhes e trouxe o rei para a cidade, a fim de ratificar as decisões da Assembleia Nacional Constituinte.
A Assembleia dos Estados-Gerais, Parlamento francês que reunia represen -
tantes do clero, da nobreza e do TerceiroEstado.
Pela: bola utilizada pela nobreza para jo gar em uma sala reservada para essa fina li dade.
Sancionar: dar san ção a; con fir mar, apro var, ra ti ficar.
Comuna: popu la ção que faz parte da menor subdi vi são admi nistra tiva do território fran cês.
Luís XVI, monarca absolutista que foi gui lho tinado
em 1793 durante a Revolução France sa.
Tábua contendo os dezessete artigos da
De cla ração dos Direitos do Homem e do
Ci da dão.
Maria Antonieta, esposa de Luís XVI.
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66 HISTÓRIA
Em 1790, com a Constituição Civil do Clero, os bens
eclesiásticos foram con fis ca dos, servindo de lastro para
a emissão dos assignats.
A Constituição ficou pronta em setembro de 1791 e
mo di ficou com ple tamen te a organização social e admi -
nistrativa da França.
3. As primeiras mudanças
A França passava a ser uma monarquia cons ti tucio -
nal. O Poder Executivo caberia ao rei, e o Legis lativo,
à Assembleia, que passaria a funcionar regular men te.
O poder seria dividido entre esses dois órgãos. A
monarquia continuaria here ditária e a Assembleia seria
composta por deputados, com mandatos de dois anos.
Os elei tores precisavam ter uma riqueza mínima para
exercer o direito de voto, o que dava um caráter
burguês a essa primeira fase revolu cionária.
Luís XVI negou-se a aceitar es sa Constitui ção, sen -
do, porém, obrigado a assinar o do cu men to em julho
de 1791. No dia 20 de junho, o rei tentou fugir da
França para dar início a uma
contrarre vo lução de fora do país.
Foi preso em Varennes e
reconduzido a Paris.
A obra da Constituição foi
valiosa. Completou a abo li ção do
feudalismo, su pri mindo as
antigas ordens sociais, e
estabeleceu a igualdade civil. A
escravidão so mente foi mantida
nas colônias. Os direitos eram
iguais no que dizia respeito ao
exercício de cargos públicos.
Os bens da Igreja foram
nacio nalizados com vistas a pagar
os débitos públicos que se
tinham agravado du rante a
revolução. As terras foram
vendidas à burguesia e aos
proprietários cam poneses. Alguns
trabalhadores rurais tam bém
estavam em condições de
adquirir terras.
A Igreja foi reorganizada. Não tendo mais ren das
de ri va das das pro priedades, o sustento teria de ser ga -
rantido pelo Estado. O clero foi trans for ma do em uma
ins tituição civil, mantida por salá rios pagos pelo
Estado. Tanto o papa quanto a maior parte da Igreja da
França rejeitaram a medida.
A administração foi modificada. A França passou a
ser dividida em de par ta men tos, distritos, cantões e
co munas. Cada uma dessas regiões seria ad ministrada
por assembleias ele ti vas locais. Os juízes eram
igualmente eleitos no local.
Lastro: depósito em ouro que serve de ga rantia ao papel-moeda.
Assignats: moeda emi ti da durante a Re vo lu ção Fran ce sa.
Cantões: Divisão administrativa de um país, equivalente a Estados no
Brasil.
4.Cronologia
1787 – Revolta dos Notáveis.
1789 – Revolta do Terceiro Estado
– Tomada da Bastilha.
1790 – Confisco dos bens do cle ro.
1791 – Constituição que esta be leceu a Monarquia
Consti tucional.
– Tentativa de fuga e prisão do rei Luís XVI.
1792 – Invasão da França pela Áustria e Prússia.
A tomada da Bastilha, prisão francesa que simbolizava o absolutismo.
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67HISTÓRIA
� (MACKENZIE – MODELO ENEM) – A char -
ge da época, reproduzida abaixo, retrata o jogo
de relações sociais da França pré-revolucionária.
A esse respeito, é correto afirmar que:
a) a França era estru tu rada em uma socie -
dade estamental, dividida em três Estados,
sendo o Terceiro Estado composto, desde
a alta burguesia até as camadas populares,
incidindo sobre estas todas as tributações.
b) apesar de a França ter uma sociedade divi -
dida em esta mentos, não havia conflitos de
classes, pois a Igreja, por meio da teoria do
direito divino, garantia a imobilidade social.
c) o povo permanecia obediente ao seu
monar ca, havendo o respaldo da Igreja, que
doutrinava seus fiéis a se submeterem à
vontade de Deus, que apoiava uma
estrutura social hierar quizada.
d) o povo, que formava o Primeiro Estado,
arcava com as pesadas tributações
impostas pelo monarca absoluto.
e) a estrutura social francesa denunciava ser a
divisão em Ordens correspondente à
realidade existente no país, na qual um
indivíduo poderia ascender socialmente.
Resolução
A charge demonstra as três ordens sociais e o
Terceiro Estado sustentando os outros Esta -
dos (clero e nobreza) em suas costas. O Ter -
ceiro Estado buscava suprimir as desigual -
dades e obter participação política na França.
Resposta: A
� (PUC-SP – MODELO ENEM) – “(...) a
revolução que não se radicaliza morre
melancolicamente, como a burguesa. A rigor,
uma só revolução existe, a que se deflagrou
em 1789: enquanto viveu, ela quis expandir-se,
e, assim, a República Fran ce sa se considerou
e tentou universal - até o momento em que a
pretensão de libertar o mundo se converteu na
de anexá-lo, em que os ideais republicanos se
reduziram ao impe rialismo bonapartista.”
(Renato Janine Ribeiro. A última razão dos
reis. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.)
O motivo pelo qual o conjunto de mudanças
políticas que resultou na implantação do regi -
me repu blicano na França, no século XVIII,
pode, genericamente, ser classificado como
uma revo lução burguesa é o fato de que nesse
processo
a) a estrutura social francesa viu-se reduzida a
uma po la rização entre o bloco de apoio ao
antigo regime – no qual se encontravam a
aristocracia, os camponeses e os trabalha -
dores urbanos – de um lado, e o bloco de
apoio à república operário-burguesa, de
outro.
b) a burguesia conseguiu a adesão ideológica
da aristocracia, especialmente no que
respeita à “abertura das carreiras públicas
aos talentos individuais”, o que possibilitou
a ascen são de seus representantes ao
poder do Estado.
c) o comando da burguesia desde o início se
revelou como irrefutável, uma vez que ela
co lo cou a serviço de seus obje tivos revo -
lucio nários os mais variados setores da
população, – lide rando assim uma restau -
ração do Antigo Regime.
d) as vanguardas operário-camponesas colo -
ca ram-se ao lado da burguesia, pois tinham
claro que suas reivindicações somente al -
can çariam um patamar de consequência nu -
ma sociedade em que as relações burgue -
sas de produção já estivessem desen -
volvidas.
e) os resultados políticos das sucessivas
convulsões sociais geradas nos quadros da
crise do estado monárquico francês foram,
ao final, capitalizados pela burguesia, que
pôde assim dar início à viabilização de seus
interes ses políticos e eco nômicos.
Resolução
Apesar de o texto não contribuir para a escolha
da alternativa correta, a Francesa é consi -
derada a maior dentre as revoluções burgue -
sas devido a sua radicalização e à abrangência
de suas ideias.
Resposta: E
� Como se dividia a sociedade francesa às vésperas da Revolução de 1789?
RESOLUÇÃO:
Em Estados-Gerais, sendo:
Primeiro Estado – clero;
Segundo Estado – nobreza;
Terceiro Estado – burguesia e povo (servos, camponeses e artesãos).
Exercícios Propostos
Exercícios Resolvidos
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 67
68 HISTÓRIA
� (FATEC – MODELO ENEM) – A "Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão", da Revolução Francesa, traz o
seguinte princípio: "Os homens nascem e se conservam livres
e iguais em direitos. As distinções sociais só podem ter por
fundamento o proveito comum".
Tal princípio é decorrente
a) da incorporação das reivindicações da classe média por
maior participação na vida política.
b) do reconhecimento da necessidade de assegurar os direitos
dos vencidos, sem distinção de classes.
c) da incorporação dos camponeses à comunidade dos
cidadãos com direitos sociais e políticos reconhecidos na
lei.
d) da crença popular na perspectiva liberal burguesa de que a
Revolução fora feita por todos e em benefício de todos.
e) da determinação burguesa de levar avante um processo
revolucionário de distribuição da propriedade privada.RESOLUÇÃO:
No início da Revolução, o Terceiro Estado (composto de burgue -
ses e populares) estava unido na luta contra o Antigo Regime. En -
tretanto, logo depois a burguesia buscou isolar-se dos populares
com a finalidade de garantir os seus próprios interesses.
Resposta: D
� ”O que chamam de corte principesca era es -
sen cialmente, o palácio do princípe. Os
músicos eram tão indispensáveis nesses grandes palácios
quanto os pas teleiros, os cozinheiros e os criados. Eles eram o
que se chamava, um tanto pejorativa mente, de criados de libré.
A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha
garantida a subsistência, como acon tecia com as outras
pessoas de classe média na corte; entre os que não se
satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele também se
curvou às circunstâncias a que não podia escapar.”
(Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio.
Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18. Adaptado.)
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se
tradicionalmente em estamentos: nobreza, clero e 3.o Estado,
é correto afirmar que o autor do texto, ao fazer referência a
“classe média”, descreve a sociedade utilizando a noção
posterior de classe social a fim de
a) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos
músicos, que pertenciam ao 3.o Estado.
b) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos,
ao contrário dos demais trabalhadores manuais.
c) indicar que os músicos se encontravam na mesma situação
que os demais membros do 3.o Estado.
d) distinguir, dentro do 3.o Estado, as condições em que viviam
os “criados de libré” e os camponeses.
e) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de
classes entre os trabalhadores manuais.
RESOLUÇÃO:
Embora conceituados pelo autor como “classe média”, os mú -
sicos e outros servidores na corte principesca (no caso, a corte do
príncipe-arcebispo de Salzburgo), por não pertencerem ao Pri -
meiro Estado (clero) nem ao Segundo (nobreza), forçosamente se
enquadravam no Terceiro Estado, juntamente com os demais seg -
men tos sociais do Antigo Regime.
Resposta: C
� ”O fato relevante do período entre 1790 e
1830 é a formação da classe operária.”
“Os 25 anos após 1795 podem ser con si de rados como os
anos da contrarrevolução.”
“[Durante esse período] o povo foi submetido, si mul -
taneamente, à intensificação de duas formas into leráveis de
relação: a exploração econômica e a opres são política.”
As frases transcritas, extraídas de uma obra do historiador E. P.
Thompson, estão relacionadas com um contexto his tó ri co
fundamental para a consti tuição do mundo con tem po râneo.
Nesse contexto, podemos situar
a) o processo da Revolução Industrial Inglesa, que deu uma
nova direção à atividade econômica, e a Revolução
Francesa, que afirmou o futuro pa pel da burguesia como
classe dominante.
b) o feudalismo, que se manteve em certas regiões da Europa
co mo sistema ainda dominante, e o liberalismo de Adam
Smith, que submeteu a economia à orientação do Estado
burguês.
c) o início da Revolução Industrial, que adotou um
direcionamento antiliberal, e a Revolução Fran cesa, que
consolidou o predomínio da bur guesia em todas as
sociedades europeias.
d) o capitalismo monopolista, que logrou deter minar o ritmo do
desenvolvimento do industrialismo, e a Reforma
Protestante, que pôs fim à estrutura do Antigo Regime.
e) o socialismo marxista, que adotou uma postura
revolucionária em relação ao capitalismo burguês, e a
Revolução Russa, que procurou sistematizar uma sociedade
baseada no anarquismo.
RESOLUÇÃO:
Alternativa escolhida por eliminação, pois não expli cita a principal
consequência social do perío do men cio nado, qual seja, o
surgimento e a exploração do pro le tariado pelo capitalismo indus -
trial. De qualquer forma, são mencionados os dois grandes
eventos da época, res ponsáveis pelo direcionamento econômico e
político-so cial dos acontecimentos subsequentes: a con so li dação
do sistema capitalista e o predomínio da burguesia.
Resposta: A
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69HISTÓRIA
1. A Convenção Nacional
Os franceses a van çaram em di re ção a Bél gi ca, re -
gião do Reno, Sa voia e Ni ce.
Internamente, a Con ven ção es ta va dividida entre Gi -
rondinos e Mon ta nhe ses. Os Giron di nos, partido repre -
sen tante da alta burguesia, pre ten diam uma Re pú blica
bur gue sa na Fran ça e a difu são da Revo lução pela Eu -
ropa. Os Mon ta nheses, pe que na bur gue sia apoia da pela
Co muna de Pa ris, li de rados por Ro bes pier re, que riam
mais par tici pa ção política e po der eco nô mi co pa ra as bai -
xas ca ma das da po pu la ção e res tri ção do mo vi men to re -
volu cio ná rio à Fran ça, para sua con so li da ção.
O rei Luís XVI foi jul gado pela Con ven ção em 21 de
ja neiro de 1793 e, a des peito do esforço dos Gi rondinos,
foi con denado à mor te como trai dor.
A guerra ex ter na entrava em sua terceira fa se, quan -
do ocor re ram vá rias derrotas. A Inglater ra uni ra-se à
Áustria e à Prússia. A Fran ça perdeu a Bél gica e o Reno.
Pa ris estava amea çada.
Isso acentuou o poder dos ex tre mis tas, os Monta -
nhe ses. Os Ja co bi nos, núcleo mais radical da Mon ta nha,
eram apoiados pela Co muna de Paris, composta por tra -
ba lha do res, artífices, pequenos pro prietários e tra ba lha -
do res ru rais.
2. O Governo dos Montanheses
O governo da Montanha impôs o Edito do Má ximo,
por meio do ta be lamento dos preços dos pro du tos.
Taxou os ricos, obrigando-os a pa gar mais im postos,
prote gen do os pobres e de sam pa ra dos. Tornou a edu -
cação gratuita e obri gatória. Confiscou as propriedades
dos emi grados e colocou-as à venda para cobrir des -
pesas do Esta do. Chegou a pro por o con fis co de pro prie -
da des de in di víduos sus peitos para se rem dis tri buí das
aos pobres.
Ocorreram revoltas contra es sas medi das. Sur giu
uma guerra na Vendeia e levantes se pa ra tis tas na Nor -
mandia e na Provença. O governo da Mon tanha tomou
me di das drás ticas, implantando o Ter ror. Mais de 30 mil
suspei tos mor re ram nas pri sões, es pe rando jul gamento.
Ao mesmo tempo, o exército re volucionário ascen -
dia a 1 milhão de homens. A guerra entrava em sua quar -
ta fase, após 1794. A vi tó ria so bre os austríacos, em
junho, permitiu a ocupação da Bélgica.
As vitórias deram mais se gu ran ça, pois aca baram
com o extre mis mo, abalando o go verno da Mon ta nha.
Robespierre, líder da Mon ta nha, foi deposto da Con ven -
ção em 26 de julho de 1794. Em março e abril do mes -
mo ano, tinha exe cutado os líde res das camadas in -
feriores que lhe da vam apoio, por se negarem a par -
ticipar do Terror. Sem a Comuna de Paris para sus ten tá-lo,
ficou à mercê dos Gi ron di nos, que come çaram a retomar
o po der.
Teve início a reação termi do ria na. Foram abolidas as
me di das mon ta nhesas: o Edito do Má xi mo, as leis
sociais e os esforços para a igual da de econômica.
Robespierre e Saint-Just foram presos e le va dos à
guilhotina. Era o fim da fase popular da Re vo lução.
Calendário que passou a vigorar na França com o governo da
Con venção que proclamou a República em 22 de setembro de 1792.
3. A República Burguesa
e a Expansão da Revolução
Com os Girondinos no poder, mais conservadores,
uma nova Cons tituição foi organizada. O Poder Exe cu ti vo
passou a ser exercido por um Diretório formado por cinco
Novo Mês
Duração pelo
Calendário
Tradicional
1.° Vendemiário (colheita de uvas) 21/09 a 20/10
2.° Brumário (névoa ou brumas) 21/10 a 20/11
3.° Frimário (geadas) 21/11 a 20/12
4.° Nivoso (neve) 21/12 a 20/01
5.° Pluvioso (chuvas) 21/01 a 20/02
6.° Ventoso (ventos) 21/02 a 20/03
7.° Germinal (germinação das plantas) 21/03 a 20/04
8.° Floreal (flores) 21/04 a 20/05
9.° Plairial (pradarias, campo) 21/05 a 20/06
10.° Messidor (colheitas) 21/06 a 20/07
11.° Termidor (calor) 21/07 a 20/08
12.° Frutidor (frutas) 21/08 a 20/09
5
Palavras-chave:Fase Popular e
ContrarrevoluçãoBurguesa
• Girondinos e Jacobinos
• Conquistas populares • Terror
• Guerras Externas
• Golpismo
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70 HISTÓRIA
membros eleitos por cinco anos, sendo sub sti tuí do um
dos diretores a cada ano. O Po der Legislativo era
exercido por duas câmaras, eleitas por três anos e com
renovação de 1/3 de seus com po nentes a cada ano. A
orga nização adminis tra tiva es tabelecida pela Consti tui ção
de 1791 foi mantida, sen do abo li dos apenas os dis tritos.
Muito provavelmente, esse regi me republicano diri -
gido pela bur gue sia se conso li daria caso não con ti nua s -
sem as guerras externas. Estas de turparam as relações
entre o Di retório e o Conselho Legislativo. Os golpes
políti cos suce de ram-se.
O Diretório discutia nova Constituição, enquanto
explodia o terror bran co no sul e no oeste do país: era a
contrarrevolução dos realistas (partidários da realeza).
Estes tentaram to mar o poder em Paris, mas foram ba -
tidos por um jovem oficial, Napoleão, em 5 de outubro
de 1795. Em 4 de se tembro de 1797, os realistas foram
retirados do Diretório e do Conselho.
O exército francês ocupou o Re no e a Holanda,
impondo a paz aos seus adversários: Prússia e Es panha.
Depois penetrou na Itália, em 1796, e forçou a paz de
Campo Fórmio com a Áustria em 1797.
As ideias revolucionárias continuaram a ser dis -
seminadas. Os diretores haviam herdado a ideia girondi -
na de espalhar a revolução pela Europa. Por esse motivo,
as tropas francesas dominaram os Estados da Igreja e a
Suíça, fundando repúblicas.
Dentre os adversários, o mais inatingível era a Ingla -
terra. A sua in su laridade, aliada à força naval que pos -
suía, tornavam-na quase inexpugnável. Napoleão tentou
en fra que cê-la tomando posse do Egito, cor tan do assim
o comércio inglês com o Oriente. A vitória do Almirante
Nel son, em Abukir, em 16 de agosto de 1798, sobre a
esquadra francesa, pôs os planos a perder.
Nova coligação foi retomada con tra a França:
Áustria, Rússia, Tur quia e Inglaterra constituíram po de -
ro so adversário. Napoleão vol tou à França, em 1798,
para explorar po liticamente seu prestígio mi litar. A inca -
pacidade do Di re tó rio em conter as revoltas, tanto das
baixas ca ma das quanto da aris tocracia, criou con dições
para que o jovem corso as sumisse o poder com o apoio
do exér cito e da bur guesia.
Em 9 de novembro de 1799, Napoleão desfechou o
Golpe de 18 Brumário, destituindo o Di re tório.
4. Cronologia
1793 – Início da Convenção, domi nada pelos
Jacobinos.
– Oficialização da República, morte do rei Luís
XVI e se gun da Constituição.
– Terror contra os inimigos da revolução.
1794 – Deposição de Robespierre.
1795 – Regime do Diretório – terceira Constituição.
– Conspiração dos Iguais.
1797 – Paz de Campo Fórmio.
1799 – Golpe de 18 Brumário, de Napoleão.
Georges Jacques Danton (lado esquerdo), líder da fase radical da Revo lu ção, que disputou com Maximilien François Marie Isidore de
Robespierre (no centro) o destino do governo montanhês. Tudo isso depois do assassinato de Marat por uma girondina.
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71HISTÓRIA
� (UNESP – MODELO ENEM) – “...a Revo -
lução de 1789 não fez nada pelo operário: o
camponês ganhou a terra, o operário está mais
infeliz que outrora e os monarquistas têm
razão quando afirmam que as antigas Corpo -
rações [de Ofício] protegiam melhor o trabalha -
dor do que o regime atual.”
(Jornal Le Matin, 7 mar. 1885.)
Com tal declaração, o escritor francês Émile
Zola fazia um balanço dos efeitos sociais da
Revolução de 1789, referindo-se
a) aos confiscos dos bens dos nobres france -
ses emigrados e à política liberal implemen -
tada pelo Estado.
b) à baixa participação dos trabalhadores
urbanos nas lutas sociais na França do final
do século XIX.
c) ao apoio dos operários ao projeto de Res -
tau ração do absolutismo francês, como ga -
rantia de melhoria social.
d) à liderança política dos camponeses fran -
ceses nas revoluções socialistas e comu -
nistas do século XIX.
e) à política de bem-estar social instituída pelo
Partido Social Democrata francês ao longo
do século XIX.
Resolução
Alternativa escolhida por eliminação, já que
combina uma medida conjuntural da Revolu -
ção Francesa (confisco dos bens dos emigra -
dos) com um desdobramento muito mais
amplo, que se estendeu ao longo do século XIX
(libera lismo eco nômico). Aliás, convém lembrar
que o Estado Francês, durante a Revolução e a
Era Napoleônica, tendeu muito mais para o
intervencionismo do que para o liberalismo.
Resposta: A
� (MACKENZIE – MODELO ENEM) – “(...)
pode não ter sido um fenômeno isolado, mas
foi muito mais fundamental do que os outros
fenômenos contemporâneos, e suas conse -
quên cias foram mais profundas. Em primeiro
lugar, ela se deu no mais populoso e poderoso
Estado da Europa (não considerando a Rússia).
Em 1789, cerca de um em cada cinco euro -
peus era francês. Em segundo lugar, ela foi,
diferen te men te de todas as revoluções que a
pre cederam e a seguiram, uma revolução
social de massa, e incomensuravelmente mais
radical do que qualquer levante comparável.
(...) Em terceiro lugar, entre todas as
revoluções, (...) foi a única ecumênica. Seus
exércitos partiram para revolucionar o mundo;
suas ideias de fato o revolucionaram.”
(Eric Hobsbawm. A era das revoluções.)
A respeito do momento histórico a que se re -
fe re o trecho dado, afirma-se que:
I. Inspirada nos princípios de liberdade, igual -
dade e frater ni da de, a revolução significou a
vitória definitiva sobre os entra ves que re -
presentava ao desenvolvimento socioeco nô -
mico da burguesia, a estrutura de proprie da -
de e de direitos feudais do Ancien Régime.
II. A condução do processo revolucionário
pelos membros da alta burguesia, após o
“golpe do termidor” (1794), assegurou-lhes
a efetivação do projeto político de sua
classe em oposição ao projeto radical dos
representantes da pequena burguesia e
das camadas po pulares.
III. A influência internacional que a revolução
exerceu se de veu a ter sido ela um modelo
his tórico bem-sucedido de coleti vização da
proprie dade das terras, de estatização dos
meios de produção e de estabilização
política por meio do regime de partido único.
Assinale
a) se apenas I é correta.
b) se apenas II é correta.
c) se apenas a III é correta.
d) se apenas I e II são corretas.
e) se I, II e III são corretas.
Resolução
A proposição III é incorreta, porque o projeto bur -
guês concre tizado na Revolução Francesa pres -
supunha a manutenção da propriedade privada.
Resposta: D
“A guilhotina é um ins tru men to utilizado para aplicar
a pena de morte por decapitação.
O aparelho é constituído de uma grande armação reta
(apro ximadamente 4 m de altura) à qual é suspensa uma
lâmina triangular pesada (cerca de 40 kg). A lâmina é
guiada à parte superior da armação por uma corda e fica
mantida no alto até que a cabeça do con de na do seja
colocada sobre uma barra que a impede de se mover. Em
seguida, a corda é liberada e a lâmina cai de uma distância
de 2,3 metros, seccionando o pescoço da vítima. (As
medidas e peso indicados são os das normas francesas).
O aparelho recebeu esse nome em homenagem ao
médico e deputado Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814),
que considerava esse método de execução mais humano
do que o enforcamento ou a decapitação com um ma -
chado. Na realidade, a agonia do enforcado po dia ser
longa, e certas decapitações a machado não cum priam
seu papel ao primeiro golpe, o que au men tava conside -
ravelmente o sofrimento da vítima. Guillotin estimava que
a instantaneidade da punição era a condição necessária e
absoluta de uma morte decente.
Mas não foi ele o inventor des -
se aparelho de cortar ca beças,
usado muitos séculos antes.
Guillotin, na verdade, apenas su -
geriu sua volta na Revolução Fran -
cesa como efi ciente método de
execução hu ma na. O aparelho
serviu para decapitar 2.794 ‘ini -
migos da Revolução’ em Paris.
Joseph-Ignace Guillotin.
O médicoJoseph-Ignace Guillotin não morreu guilho -
tinado, ao contrário do que muitos acreditam.
No primeiro projeto de guilhotina havia uma lâmina
horizontal. Foi o doutor Louis, célebre cirurgião da época,
que preconizou, em um relatório entregue em 7 de março
de 1792, a construção de um aparelho com lâmina
oblíqua, única maneira de matar todos os condenados
com precisão e rapidez, o que era impos sível com uma
lâmina horizontal.”
(Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilhotina e
Joseph-Ignace_Guillotin>. Adaptado.)
Exercícios Resolvidos
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72 HISTÓRIA
� O que foi o Edito do Máximo?
RESOLUÇÃO:
Foi uma lei publicada pelo governo popular, a qual tabelava e
congelava os salários e os preços dos alimentos na França.
� O que foi a “Reação Termidoriana?
RESOLUÇÃO:
Momento em que a burguesia reassume o poder na França,
abolindo as medidas jacobinas.
� (UNESP) – No processo da Revolução Francesa, os
jacobinos representaram
a) o partido de centro, conhecido como Pântano, devido ao
oportunismo e à corrupção que caracterizavam a atuação de
seus membros.
b) a média e a pequena burguesia que procuravam o apoio dos
sans-culottes e sentavam-se à esquerda na Assembleia.
c) o partido independente dirigido por Lafayette.
d) a alta burguesia, e sentavam-se à direita na Assembleia.
e) aqueles que durante o período da Assembleia Le gis lativa
defendiam a monarquia constitucional.
RESOLUÇÃO:
Os jacobinos tinham ideais afinados com a população.
Resposta: B
� Assinale a alternativa correta, relativa à Revolução Fran -
cesa.
a) Um dos estopins da Revolução Francesa foi a con vo cação
da Assembleia dos Estados-Gerais por Luís XVI, em 1789,
com o objetivo de forçar a nobreza e o clero a pagar impostos.
b) Significou a tomada do poder político pela bur gue sia e a
superação das instituições feudais do Antigo Regime,
criando condições para o desen vol vi men to do capita lismo
na França.
c) Significou a tomada da Bastilha pelo povo de Pa ris, em 14
de julho de 1789, manobrado indireta men te pelo clero, que
não via com bons olhos o poder da nobreza.
d) Representou a abolição dos direitos feudais, po rém sem
que os direitos da nobreza e do clero fossem alterados.
e) Apesar de constituir um movimento revo lucioná rio, a Revo -
lu ção Francesa pouco afetou os demais países europeus,
con trolados por forças absolutis tas.
RESOLUÇÃO:
A alternativa resume o significado da Revolução Francesa.
Resposta: B
� (FUVEST – MODELO ENEM) – “Mesmo se o alvo per -
seguido não tivesse sido alcançado, mesmo se a constituição
por fim fracassasse, ou se voltasse progressivamente ao
Antigo Regime, ... tal aconteci men to é por demais imenso, por
demais identificado aos inte resses da humanidade, tem
demasiada influência sobre todas as partes do mundo para que
os povos, em outras circuns tâncias, dele não se lembrem e
não sejam levados a recomeçar a experiência.”
(Kant. O conflito das faculdades, 1798.)
O texto trata
a) do iluminismo e do avanço irreversível do conhecimento
filosófico; revelando-se falso nos seus prognósticos sobre o
futuro político-constitucional.
b) do retorno do Antigo Regime, na Europa, depois do fracas -
so da Revolução Francesa, revelando-se incapaz de
vislumbrar o futuro da história.
c) da Revolução Francesa, dos seus desdobramentos polí ticos
e constitucionais, revelando a clarividência do autor sobre
sua importância e seu futuro.
d) da Revolução Inglesa, do impacto que causou no mundo,
com seus princípios liberais e constitucionais, revelando-se
profético sobre seu futuro.
e) do despotismo ilustrado, dos seus princípios filosóficos e
constitucionais e de seu impacto na política europeia, re ve -
lando caráter premonitório.
RESOLUÇÃO:
Os ideais da Revolução Francesa espalharam-se pela Europa e por
todo o mundo, contaminando-o com seus princípios de Liberdade,
Igual dade e Fraternidade. Por esse motivo, a Revolução Francesa é
con siderada o marco inicial da Idade Contemporânea.
Resposta: C
Exercícios Propostos
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73HISTÓRIA
Algumas transformações que antecederam a
Revolução Francesa podem ser exemplificadas
pela mudança de significado da palavra “restaurante”. Desde o
final da Idade Média, a palavra restaurant designava caldos
ricos, com carne de aves e de boi, legumes, raízes e ervas. Em
1765 surgiu, em Paris, um local onde se vendiam esses caldos,
usados para restaurar as forças dos trabalhadores. Nos anos
que precederam a Revolução, em 1789, multiplicaram-se
diversos restaurateurs, que serviam pratos requintados,
descritos em páginas emolduradas e servidos não mais em
mesas coletivas e malcuidadas, mas individuais e com toalhas
limpas. Com a Revolução, cozinheiros da corte e da nobreza
perderam seus patrões, refugiados no exterior ou
guilhotinados, e abriram seus restaurantes por conta própria.
Apenas em 1835, o Dicionário da Academia Francesa oficializou
a utilização da palavra restaurante com o sentido atual.
A mudança do significado da palavra restaurante ilustra
a) a ascensão das classes populares aos mesmos padrões de
vida da burguesia e da nobreza.
b) a apropriação e a transformação, pela burguesia, de hábitos
populares e dos valores da nobreza.
c) a incorporação e a transformação, pela nobreza, dos ideais
e da visão de mundo da burguesia.
d) a consolidação das práticas coletivas e dos ideais
revolucionários, cujas origens remontam à Idade Média.
e) a institucionalização, pela nobreza, de práticas coletivas e de
uma visão de mundo igualitária.
RESOLUÇÃO:
Interessante questão que aborda um aspecto sociocultural
signifi ca tivo da Revolução Francesa: a ascen são da burguesia,
ocupando o espaço de camada dominante até então preenchido
pela nobreza. Visando legitimar sua nova posição, os burgueses
procuraram incorporar hábitos e atitudes de refinamento até
então privativos dos aristocratas; mas, simultaneamente, ado -
taram costumes populares que se lhe afiguravam con venientes,
como a preparação de refeições nutri tivas, com uma apresentação
mais atraente.
Resposta: B
� ”Em nosso país queremos substituir o
egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os
usos pelos princípios, as conveniências pelos
deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à
desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a
vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à
glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo
mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio
da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos
grandes pela grandeza do homem.”
L. Hunt. Revolução Francesa e vida privada. In: M. Perrot (Org.)
História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra.
vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. Adaptado.)
O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual
o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos
político-sociais envolvidos na Revolução Francesa?
a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo
francês como força política dominante.
b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à
alta burguesia.
c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que
derrotaram as potências rivais e queriam reorganizar a
França internamente.
d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com
os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo
francês.
e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das
camadas populares, que desejavam justiça social e direitos
políticos.
RESOLUÇÃO:
Robespierre foi o dirigente máximo da Revolução Francesa
durante sua fase popular, quando o poder foi assumido pelos
representantes da pequena e média burguesias e dos sans-
coulotes trabalhadores urbanos. Esse grupo político, inicialmente
chamado “montanheses”, com o tempo passou a ser conhecido
pela designação de “jacobinos”, em referência ao grupo político
de Robespierre. Nessa fase, quese radicalizaria como o “Terror”,
foram aprovadas medidas de interesse popular, como o ensino
primário obrigatório e a fixação de tetos para o preço dos
alimentos.
Resposta: E
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74 HISTÓRIA
1. Introdução
Ao assumir o poder, em 1799, Napoleão Bonaparte
instituiu o regime de Con su lado. Apesar de dividir, teori -
camente, o Poder Executivo com outros dois cônsu les,
que tinham apenas caráter consultivo, Napoleão cen -
tralizou os poderes nas próprias mãos. Em seu governo,
exerceu uma verdadeira ditadura militar, enfraquecendo
o poder Legislativo.
Jacques-Louis David (1748-1825), A coroação do imperador Napoleão
Bonaparte, na Catedral de Notre-Dame, quando Napoleão tomou a
coroa do papa Pio VII e colocou-a sobre a própria cabeça.
Em 1802, sua grande popularidade permitiu sub me -
ter a reforma constitucional a um plebiscito, cuja carac -
terística principal era o primeiro cônsul exercer um
mandato vitalício, podendo designar o seu sucessor. Daí
em diante, uma nova Cons tituição legalizou a instituição
do Império, sendo Napoleão Bonaparte coroa do im pe ra -
dor em dezembro de 1804.
2. As realizações napoleônicas
Apesar de ter ins taurado na Fran ça um governo con -
tra o qual lutara a Re vo lu ção, para a gran de mai oria do
povo Na poleão re pre sen tou os ideais na cio nais e parti cu -
la res de tran qui li dade e pros pe ridade, conser van do al gu -
mas refor mas da Re vo lução. Além dis so, em razão dos
es tí mu los con ce didos ao comércio e à indús tria, recebeu
também o apoio da burguesia.
A obra napoleônica foi bastante expressiva e a con -
fiança no Estado deu-se com a fundação do Banco da
França, que recebeu o direito de emitir papel-moeda. Em
1806, porém, surgiu sua mais importante e conhecida
realização, o Có di go Ci vil, que atendia aos anseios
burgueses, re co nhecendo o direi to de propriedade e a
liberdade individual e econômica.
“O exame do Código Napoleônico deixa isso bem
claro. Destinava-se eviden te mente a proteger a proprie -
dade – não a feudal, mas a burguesa. O Código tem
cerca de 2.000 artigos, dos quais apenas 7 tratam do
trabalho e cerca de 800 da propriedade privada. Os sindi -
catos e as greves são proibidos, mas as associações de
empregados permitidas. Numa disputa judicial sobre
salários, o Código de ter mina que o depoimento do pa -
trão, e não o do empregado, é o que deve ser levado em
conta. O Código foi feito pela burguesia e para a bur -
guesia: foi feito pelos donos da propriedade para a
proteção da propriedade.”
(Leo Huberman. História da Riqueza do Homem.
Rio de Janeiro: Zahar, 1974. p. 162.)
3. O Império Napoleônico
Os ideais revo lu cionários que emer giram na França
atin giam agora a Europa. Apesar de ser um país liberal, a
Inglaterra estimulava a formação de coligações contra a
França, esperando conquistar-lhes os mercados e as
colônias. Em 1800, a vitória dos franceses em Marengo,
sobre a Áustria, transformou a Itália – com ex ceção de
Veneza – em domínio napoleônico, sendo assinada a paz
com a Ingla ter ra em Amiens.
Em 1805, Inglaterra, Rússia e Áustria formaram uma
nova coligação. Apesar da vitória napoleônica em Ulm e
Austerlitz, a esquadra francesa foi derrotada em
Trafalgar, pelo almirante inglês Nelson, frustrando
Napoleão e o dissuadindo de invadir a Inglater ra.
Após derrotar a nova coligação, em 1806 Napoleão
dissolveu o Sacro Império Romano-Germânico, fundan -
do a Confederação do Reno. No mesmo ano, após der -
rotar a Prússia, decretou o Bloqueio Continental contra a
Ingla terra. Tratava-se de um projeto que tinha por
finalidade asfixiar o poderio econômico inglês na Europa,
proibindo o comércio e a escala de navios britânicos nos
portos aliados.
Foi para manter o bloqueio que se fez a invasão de
Por tu gal e Es pa nha. A família real portugue sa, fugindo à
invasão francesa, refu giou-se no Bra sil. Em se gui da,
José Bonaparte, irmão de Napoleão, foi co lo cado como
rei do tro no es panhol, provocando for te reação popular
na Es panha.Plebiscito: resolução submetida à apre cia ção do povo.
6
Palavras-chave:
Era Napoleônica • Consulado • Império• Código Civil • Expansionismo
• Bloqueio Continental
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75HISTÓRIA
Aproveitando-se da luta de Na po leão na Espanha, a
Áustria formou, em 1809, uma coligação, po rém foi
derrotada em Wagran, per deu vastos territó rios e
transfor mou-se em po tência secun dária.
Nesse momento, o Império Na po leô nico estava em
seu apo geu, com mais de 70 milhões de ha bi tan tes, dos
quais somente 27 mi lhões eram fran ce ses. O exército
francês parecia imba tível.
Em 1812, porém, a Rús sia rompeu o bloqueio ao co -
mércio inglês e foi invadida por um pode ro so exército.
Ape sar da vitória de Napo leão na Batalha de Mos cou, o
exército foi obri gado a fazer uma re ti rada desastrosa, na
qual mor reram milhares de homens.
Inglaterra, Áustria, Prús sia, Rússia e Suécia, entu sias -
ma das com esse fracasso de Napoleão, forma ram uma
co li gação, der rotan do os fran ceses na Batalha de Leipzig,
em 1813. Napoleão foi então aprisionado na ilha de Elba,
de onde fugiu um ano depois. Ao retornar à Fran ça,
retomou o poder, dando início ao Governo dos Cem
Dias.
A partir daí, enfrentou a última coligação contra a
França, sendo derrotado pelos ingleses em Waterloo, na
Bélgica. O imperador foi novamente aprisionado e exila -
do na ilha de Santa Helena, onde morreu em 1821.
4. Cronologia
1799 – Regime do Consulado.
1801 – Concordata com a Igreja.
1802 – Regime do Consulado Vita lício.
1804 – Proclamação do Império.
1806 – Bloqueio Continental.
1812 – Campanha da Rússia.
1813 – Derrota de Napoleão em Leipzig.
1814 – Abdicação de Napoleão e retiro em Elba.
– Reunião do Congresso de Viena.
1815 – Governo dos Cem Dias, der rota em Waterloo
e pri são em Santa Helena.
– Derrota definitiva de Napo leão Bonaparte.
– Formação da Santa Aliança.
1821 – Morte de Napoleão
� (UFRRJ – MODELO ENEM)
As ordens de Napoleão: soldados franceses queimando impor -
tações britânicas em 1810.
(W. O. Henderson. A revolução industrial.
São Paulo: Verbo/EDUSP, 1979. p. 27.)
A explicação para o quadro anterior está
a) na repulsa da população francesa aos pro du tos ingleses vendidos na
Europa Con ti nen tal, em geral muito caros e de péssima qualidade.
b) no protesto de operários franceses contra o desemprego causado
na Inglaterra pela intro dução de máquinas no pro cesso pro dutivo
(início da chamada “Revolução Industrial”).
c) na disputa, até militar, entre uma Inglaterra já em acelerado estado
de industrialização e uma França que busca o mesmo intento,
abrindo concorrência ao produto inglês.
d) na tentativa francesa de evitar que ma té rias-primas, mais ba ra tas,
oriundas da In gla ter ra, arruinassem os produtos franceses.
e) na revolta dos franceses contra o apoio da do pela mo narquia
inglesa à Família Real por tu guesa quando esta decidiu retornar à
Europa, após sua estadia no Brasil.
Resposta: C
� (UNESP – MODELO ENEM) – Durante o império de Napoleão
Bonaparte (1804-1814), foi instituído um Catecismo, que orientava a
relação dos in di ví duos com o Estado.
“O cristão deve aos prín ci pes que o governam, e nós devemos parti -
cu lar mente a Napoleão 1.o, nosso imperador, amor, respeito,
obediência, fidelidade, serviço militar, os impostos exigidos para a
conservação e defesa do império e de seu trono; nós lhe devemos
ainda orações fer vo rosas pela sua salvação, e pela prosperidade
espiritual e material do Estado.”
(Catecismo Imperial de 1806.)
O conteúdo do Catecismo contradiz o princípio político da cidadania
estabelecido pela Revolu ção de 1789, porque
a) o cidadão participa diretamente das deci sões, sem representantes
políticos e co man dantes militares.
b) a cobrança de impostos pelo Estado im pede que o cidadão tenha
consciência de seus direitos.
c) a cidadania e a democracia são incom pa tí veis com as formas
políticas da monarquia e do império.d) o cidadão foi forçado, sob o bonapartismo, a romper com o
cristianismo e o papado.
e) o cidadão reconhece os poderes esta be lecidos por ele e
obedientes a leis.
Resolução
A Revolução Francesa, durante a fase da Con ven ção Nacional (1792-95),
estabeleceu o prin cípio da sobe ra nia popular; esta seria repre sen tada pelo
con junto dos cidadãos, os quais exer ce riam o sufrá gio nacional. O Império
Napo leô ni co origi nou-se de um plebiscito uni versal (mas culino), mas depois
assumiu feições cen tra liza doras e autocráticas, das quais o citado
“Catecismo” constitui um exemplo emble má tico.
Resposta: E
Exercícios Resolvidos
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76 HISTÓRIA
� Qual era a finalidade de Napoleão Bonaparte, ao de cre tar o
Bloqueio Continental, em novembro de 1806?
RESOLUÇÃO:
Forçar as nações europeias a comprar os produtos da Revo lução
Industrial Francesa e destruir a economia inglesa.
� O que levou as nações absolutistas a se coligarem com a
Inglaterra burguesa para derrotar Napoleão Bonaparte?
RESOLUÇÃO:
O expansionismo burguês realizado por Napoleão, considerado o
inimigo comum das nações europeias.
� O interesse de Napoleão Bonaparte em decretar o Blo -
queio Continental, em 1806, deve-se ao fato de
a) estimular a industrialização na França, reagindo con tra a
hegemonia britânica.
b) ter acesso ao mercado brasileiro, por meio da trans fe rência
da família real para a colônia.
c) deter o processo de independência das colônias fran cesas
na América.
d) impedir a expansão da industrialização no conti nen te ame ri -
cano.
e) bloquear a Inglaterra militarmente, com vistas a uma pos te -
rior invasão.
RESOLUÇÃO:
O interesse de Napoleão era impedir a Europa de consumir
produtos ingleses, deixando os britânicos sem mercado.
Resposta: A
� “6 de abril de 1814. As potências aliadas tendo pro cla mado
que o Imperador Napoleão era o único obs tá culo ao restabe -
lecimento da paz na Europa, o Impe ra dor, fiel ao seu juramen -
to, declara que renuncia por si e por seus herdeiros aos tronos
da França e da Itália e que não há sacrifício algum pessoal, até
o da pró pria vida, que não esteja pronto a fazer, pelos in te res -
ses da França.”
Após assinar esse ato de abdicação, Napoleão I
a) tornou-se duque da Toscana.
b) compareceu perante o Congresso de Viena.
c) foi desterrado em Santa Helena.
d) foi confinado na ilha de Elba.
e) ficou prisioneiro na Inglaterra.
RESOLUÇÃO:
Após a derrota na batalha de Leipzig, Napoleão foi exilado na
ilha-prisão de Elba, de onde mais tarde fugiu.
Resposta: D
� “Aterrei o abismo anárquico e pus ordem no caos” (Napo -
leão Bonaparte). Sobre o período napoleônico na França, entre
1799 e 1815, podemos afirmar que:
a) no 18 Brumário (9 nov. 1799), Napoleão destituiu o Diretório
controlado pelos girondinos, assumin do o poder por meio
do Consulado.
b) no Consulado (1799-1804), o confisco e a distri bui ção de
terras da Igreja aos camponeses pro vo caram o rompimento
das relações entre o clero e o Esta do, expresso na
Concordata de 1801.
c) no Império (1804-1815), a aliança militar com a Áustria e a
Rússia provocou o fim da expansão ter ri torial francesa na
Europa e no norte da África.
d) no período dos “Cem Dias” (1815), Napoleão rati fi cou a paz
com a Inglaterra e a Prússia, acatando a legitimidade das
fron tei ras europeias anteriores à Revolução Francesa.
e) o Decreto de Berlim (1806), ao instituir o Blo queio Con tinen -
tal, restaurou as antigas aris to cra cias e mo nar quias ao gover -
no dos países recém-in va di dos, como Portugal e Espanha.
RESOLUÇÃO:
Napoleão assume o poder por meio de um golpe que o levará ao
poder, promovendo a reorganização da França.
Resposta: A
Exercícios Propostos
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77HISTÓRIA
(UFRS – MODELO ENEM) – Por volta de 1811, o Império
napoleônico atingiu o seu apogeu. Direta ou indiretamente,
Napoleão dominou mais da metade do continente europeu. Tal
conjuntura, no entanto, reforçou os sentimentos nacionalistas
da população dessas regiões. A ideia de nação, inspirada nas
próprias con cep ções francesas, passou a ser uma arma desses
nacio nalistas contra Napoleão.
Assinale a afirmação correta, relativa à conjuntura acima deli neada.
a) Após o bloqueio continental, em todos os Estados sub me -
tidos à dominação napoleônica, os operários e os cam po ne -
ses, beneficiados pela prosperidade econômica, atuaram na
defesa de Napoleão contra o nacionalismo das elites locais.
b) A Inglaterra, procurando manter-se longe dos problemas do
continente, isolou-se e não interveio nos conflitos desenca -
dea dos pelos anseios de Napoleão de construir um Império.
c) A Espanha, vinculada à França pela dinastia dos Bourbon
desde o século XVIII, não reagiu à dominação francesa. Em
no me do respeito às suas tradições e ao seu nacionalismo,
a Es panha aceitou a soberania estrangeira imposta por
Napoleão.
d) Em 1812, Napoleão estabeleceu sólida aliança com o Papa,
provocando a adesão generalizada dos católicos. Tempora -
riamente, os surtos nacionalistas foram controlados, o que
o levou a garantir suas progressivas vitórias na Rússia.
e) Herdeira da Filosofia das Luzes, a ideia de nação, tal como
difundida na França, fundou-se sobre uma concepção uni -
ver salista do homem e de seus direitos naturais. Essa
concepção, porém, pressupunha o princípio do direito dos
povos de dispor sobre si mesmos.
RESOLUÇÃO:
No pensamento iluminista, o governo representa a vontade da
mai oria dos governados. Napoleão feria esse princípio ao invadir
as nações europeias e a submeter estas populações à sua vontade
pessoal.
Resposta: E
� (FUVEST)
Francisco José de Goya y Lucientes, 03 de maio [de 1808] em Madri.
A cena retratada no quadro acima simboliza a
a) estupefação diante da destruição e da mortalidade causadas
por um tipo de guerra que começava a ser feita em escala
até então inédita.
b) Razão, propalada por filósofos europeus do século XVIII, e
seu triunfo universal sobre o autoritarismo do Antigo
Regime.
c) perseverança da fé católica em momentos de adversidade,
como os trazidos pelo advento das revoluções burguesas.
d) força do Estado nacional nascente, a impor sua disciplina
civilizatória sobre populações rústicas e despolitizadas.
e) defesa da indústria bélica, considerada força motriz do
desenvolvimento econômico dos Estados nacionais do
século XIX.
RESOLUÇÃO:
Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, ordenados pelo marechal
Murat em represália ao levante da popu lação madrilenha contra
os ocupantes franceses, ocorrido no dia anterior, foram retratados
por Goya de forma a demonstrar o horror e a perplexidade do
artista diante da brutalidade do acontecimento. Esse episódio foi
o ponto de partida de uma encarniçada luta dos espanhóis contra
as tropas napoleônicas, a qual se estenderia até 1813. Esse
conflito caracterizou-se pela ampla utilização da guerra de
guerrilhas, pelo envolvimento da população civil e pelas
atrocidades praticadas de parte a parte, rompendo as convenções
militares que se haviam consolidado no século XVIII.
Resposta: A
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78 HISTÓRIA
1. A reconstrução da Europa
O Congresso de Viena empreendeu a chamada re -
cons trução da Europa. An tes mesmo de o Congresso se
reunir, tratados importantes tinham sido assinados pelas
potências europeias aliadas vencedoras: os dois tratados
de Paris impostos a Luís XVIII (maio de 1814 e novembro
de 1814), e os tratados co loniais entre Inglaterra e
Holanda.
De setembro de 1814, após a primeira abdicação
de Napoleão, a junho de 1815, passando pela restau -
ração dos Cem Dias do Império, reuniu-se o Con gresso
de Viena, num ambiente festivo, onde se regozijava a
vi tó ria sobre as forças revo lu cio nárias do Império. Par ti -
ci pa vam apenas as grandes potências, representadas
direta men te por seus chefes ou por ministros plenipo -
ten ciá rios.
A Rússia estava representada pelo czarAlexandre I,
assistido pelo ministro Nesselrode; havia o chanceler
Metternich pela Áustria; Castlereagh pela Inglater ra; e
Hardenberg pela Prússia. As discórdias decorrentes dos
interesses pessoais facilitaram o trabalho do ministro
francês Talleyrand.
Dentre os princípios gerais pro pos tos, vingou o
ponto de vista de Talleyrand de que a França deveria
conservar seus limites de 1789, o princípio da
legitimidade. Na verdade, foi a busca do equi líbrio entre
as potências que nor teou as decisões do Con gresso,
prin cí pio que favoreceu extraordina ria men te a França.
O mapa geográfico da Europa foi bastante modifi -
cado, havendo mu dan ças também no quadro colonial.
A Inglaterra assegurou: a supremacia nos mares
graças à anexação das ilhas de Malta e Jônicas, no
Mediter râneo; a Cidade do Cabo e o Ceilão, no
caminho das Índias; e posições nas Antilhas. A
Bélgica, dominada pela França, foi ligada à Holanda
(Países Baixos) com o intuito de anular uma possível
ação da França sobre a Antuérpia, porto privilegiado
do ponto de vista econô mi co.
Os demais aliados também foram recompen -
sados: a Rússia recebeu parte da Polônia, a Finlândia
e a Bes sarábia; a Prússia recebeu grande parte da
região re na na da Alemanha; e a Áustria recebeu a
supremacia política sobre o norte da Itália.
O Tratado de Paris, confirmado pelo Congres so,
impu nha à França o paga men to de uma in de nização de
guerra e a ocupação de seu território por um exér cito
aliado. Os custos de manutenção desse exército recaíam
sobre a França. Suas fron tei ras, não muito atin gi das, per -
mane ciam, grosso modo, as mesmas do An ti go Regi me.
2. A Santa Aliança
A proposta que deu origem à Santa Aliança partiu do
czar Alexandre I. Em 26 de setembro de 1815, o czar da
Rússia, o imperador da Áustria e o rei da Prússia as -
sinaram o tratado em nome da Santíssima Trindade e,
segundo as regras da cari da de cristã, prometiam ajuda
mútua. A França aderiu ao tratado.
Foi o príncipe de Metternich, en tre tanto, que deu à
Santa Aliança prin cípios objetivos. Deveria haver reu niões
periódicas entre as potên cias signatárias do tra ta do, nas
quais se discutiriam pro ble mas relativos à preservação
da ordem estabe le ci da pelo Congresso de Viena. Em
última instância, era uma forma de manter a França sob
vigilân cia e conter os possíveis movimentos revolucioná -
rios e liberais que viessem a eclodir em qualquer ponto
da Eu ro pa. É óbvio, também, que qual quer mo vimento
de caráter sepa ra tista, na cio nal, seria abafado pelo
instrumento da reação europeia, a Santa Aliança.
O primeiro congresso foi reali za do em Aix-la-Chapelle,
em 1818. Decidiu a retirada das tropas de ocu pação da
França, que passou a compor efetivamente a Santa Aliança.
O chamado sistema de Metternich funcionou em
Regozijar: alegrar muito; gozo intenso, gran de satis fa ção.
Plenipotenciário: que tem poderes; en viado de um go verno que leva
poderes para celebrar negociações junto a outro governo.
Renana: relativa à região do Rio Reno, na Alemanha; pertencente à
Renânia.
Signatário: que ou aquele que assina ou subscreve um documento.
O mapa político da Europa, resultado das decisões do Congresso de Viena.
7
Palavras-chave:
Congresso de Viena • Restauração • Legitimidade
• Equilíbrio militar
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79HISTÓRIA
várias oportunidades desde sua criação. Uma associação
de estudantes na Alemanha provocou distúrbios por
oca sião da comemoração do ter cei ro centenário da Re -
for ma Protestante de Lutero. Os Con gressos de
Carisbad e de Viena (1819-1820) organiza ram uma vio -
lenta re pres são, impondo vigilância às univer si da des,
combates às socie dades se cretas de caráter nacio na lista
e censura aos jornais.
As posições liberais de certos militares da Espanha
e do Reino das Duas Si cí lias provocaram revoluções que
resultaram na imposição de Constituições a seus res pec -
tivos soberanos: Fernando VII, da Espanha, e Fernando I,
do Reino das Duas Sicílias. Esses monarcas, porém,
apelaram para a Santa Aliança, que nos Congres sos de
Troppau (1820) e Laybach (1821) decidiu sobre a inter -
ven ção da Áustria nas Duas Sicílias para res taurar o
absolutismo. Quanto à Espanha, o Congresso de Verona
(1822) resolveu que caberia à França a missão de orga -
nizar a intervenção restauradora, o que foi executado sob
o comando do duque de Angoulême.
A supressão dessas duas revoltas liberais pode ser
considerada o último êxito da Santa Aliança. Com
efeito, por volta de 1830, seu poder efetivo havia
desaparecido. A rebelião dos gregos contra os turcos
e a indepen dên cia das colônias latino-americanas não
foram abafadas pela Santa Aliança, o que a
enfraqueceu. No caso da América Latina, os
interesses da Grã-Bretanha tiveram um papel
relevante, pois a independência das colônias
significava para os ingleses a abertura de mercados e
o surgimento de novas áreas de influência política. Por
este motivo, tão logo a Santa Aliança começou a
cogitar a adoção de medidas contra as colônias
rebeladas, a Grã-Bretanha passou a defender o
princípio da não inter venção, colocando-se, na
prática, ao lado dos movi men tos emancipacio nis tas.
Essa ruptura se oficializou com a saída dos ingleses da
Santa Aliança, que na época fora rebatizada como
Quíntupla Aliança.
3. Cronologia
1814 – Abdicação de Napoleão e retiro em Elba.
– Reunião do Congresso de Viena.
1815 – Governo dos Cem Dias, derrota em
Waterloo e prisão em Santa Helena.
– Derrota definitiva de Napo leão Bonaparte.
– Formação da Santa Aliança.
1818 – Primeira reunião da Santa A li an ça.
Charles Maurice de
Talleyrand-Périgord, mi -
nis tro do Exterior
durante o governo de
Na po leão e
representante da
França no Con gres so
de Viena.
Princípio da não intervenção: princípio segundo o qual a San ta
Aliança não teria o direito de intervir nos movi men tos de in de pen -
dência que estavam ocorrendo na Amé rica.
� (MAKENZIE – MODELO ENEM) – “Durante
o Congresso de Viena, estabele ce ram-se as
bases políticas e jurídicas para uma nova
ordenação da Europa, destinada a durar cerca de
um século re don do. O resultado dos pactos
inaugurou uma época na qual os conflitos ex ter -
nos foram poucos; por outro lado, au men taram as
guerras civis e a ‘revolução’ se fez incessante.”
(R. Koselleck)
Entre os objetivos e as decisões do Congresso
de Vie na, podemos assinalar
a) a discussão das indenizações de guerra e a
aprovação do Decreto de Berlim.
b) o restabelecimento do antigo equilíbrio
europeu e o Princípio da Legitimidade.
c) o reconhecimento da independência das
colônias e a extinção da Santa Aliança.
d) o impedimento ao trono das antigas
dinastias e o apoio às novas Repúblicas
Americanas.
e) o apoio incondicional da Inglaterra aos
objetivos da Santa Aliança.
Resolução
O Congresso de Viena, reunido após a queda
de Napo leão, caracterizou-se por sua postura
contrarrevolu cio ná ria. Para restaurar as dinas -
tias destronadas a partir da Revolução Fran -
cesa, foi criado o Princípio da Legi ti midade. Por
outro lado, a destruição do poder militar
napoleônico abriu espaço para o restabe le ci -
mento do equilíbrio político-militar entre as
grandes potências europeias.
Resposta: B
� (MODELO ENEM) – “Os soberanos do
Antigo Regime venceram Napoleão, que eles
viam como o herdeiro da Revolução. A escolha
de Viena para a realização do Congresso, para a
sede de todos os Estados Europeus, foi
simbólica, pois Viena era uma das únicas cidades
que não havia sido sacudida pela Revolução e a
dinastia dos Habsburgos era símbolo da ordem
tradicional, da Con trar re forma e do Antigo
Regime.”
(René Rémond)
Dentre as decisões acordadas no Congresso
de Viena em 1814-1815, podemos assinalar a
a) criação de um organismo multinacional,
deno mi nado Santa Aliança.
b) convocação da Reunião dos Estados-Gerais.
c) criação do Comitê de Segurança Geral.
d) formação da II Coligação antifrancesa.
e) restauração dos princípios revolucionários.
Resolução
O Congresso de Viena, convocadopelos
“Quatro Gran des” (Inglaterra, Áustria, Prússia
e Rússia), após a primeira queda de Napoleão,
em 1814, decidiu criar um organismo ultracon -
ser vador – a Santa Aliança, de caráter inter -
vencionista, militarista e recolonialista.
Resposta: A
Exercícios Resolvidos
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80 HISTÓRIA
� O que defendia o ministro francês Talleyrand no Congres -
so de Viena?
RESOLUÇÃO:
O princípio da legitimidade, segundo o qual as fronteiras
europeias voltariam a ser as mesmas de 1789.
� Como se chamou o organismo criado pelo Congresso de
Viena e o que ele pretendia?
RESOLUÇÃO:
Santa Aliança: exército dos reis absolutistas para reprimir os
movimentos burgueses.
� O Congresso de Viena (1814), organizado com vistas à re -
for mulação do mapa da Europa, teve suas deter mi nações
ques tionadas ao longo do século XIX, porque
a) deu estímulo à divulgação dos ideais defendidos pela Revo -
lu ção Francesa.
b) combateu o princípio da legitimidade das fron tei ras ante -
riores a 1789.
c) reformulou as divisas da França em proveito das na ções que
lhe eram limítrofes.
d) procurou solucionar os problemas de interesse ex clu sivo
das grandes potências.
e) manteve os territórios conquistados por Napoleão em suas
guerras imperialistas.
RESOLUÇÃO:
As grandes potências queriam garantir seus interesses.
Resposta: D
� A Santa Aliança, entendida como o braço armado do Con -
gresso de Viena, propunha, em relação às colô nias luso-espa -
nholas da América,
a) a adoção dos princípios da Doutrina Monroe.
b) a difusão do ideário político e social da Revolução Fran cesa.
c) o apoio irrestrito a todos os movimentos nacio na listas de
caráter separatista.
d) o estabelecimento de um novo colonialismo que atendesse
à industrialização europeia, em franca ex pansão.
e) a restauração do Antigo Sistema Colonial.
RESOLUÇÃO:
A ideia era devolver à Espanha as colônias perdidas durante o
domínio napoleônico.
Resposta: E
� (UFPR – Adaptada – MODELO ENEM) – Utilizando o texto
a seguir, responda à questão.
“Em nome da Santíssima e Indivisível Trindade e conforme as
palavras das Sagradas Escrituras, segundo as quais todos os
homens devem ter-se como irmãos, Suas Majestades o
Imperador da Áustria, o Rei da Prússia e o Imperador da Rússia
permanecerão unidos por laços de verdadeira e indissolúvel
fraternidade: considerando-se compatriotas, em toda ocasião e
em todo lugar, eles se prestarão assistência, ajuda e socorro.”
(Trechos do Art. 1.° do Tratado da Santa Aliança, citado por
R. S. L. Aquino et alii. História das sociedades: das sociedades
modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979.)
Considerando o exposto e a relação entre Napoleão Bonaparte
e a “Santa Aliança”, é correto afirmar:
I. Reunidos no Congresso de Viena em 1814-1815, os
vencedores de Napoleão pretendiam refazer o mapa político
europeu e restabelecer o equilíbrio político no continente
euro peu que existia antes da Revolução Francesa de 1789.
II. A "Santa Aliança" foi um tratado idealizado pelo czar
Alexandre I da Rússia, após a derrota definitiva de Napoleão
e dos franceses, e destinava-se a implantar um sistema de
intervenção nos países ameaçados por revoluções.
III. De maneira geral, as ações da "Santa Aliança" afir ma vam a
ascendência das forças de conservação sobre as forças de
transformação. Estas estavam presentes nas reformas
introduzidas por Napoleão durante suas conquistas na
Europa, como a supressão dos direitos feudais e divulgação
da ideia de igualdade civil.
IV. A conjuntura pós-napoleônica foi marcada pela ação da bur -
guesia em prol dos ideais liberais e nacionais desen cadea -
dos com a Revolução Francesa, e contra a velha ordem
absolutista representada pela Europa do Congresso de
Viena.
Assinale:
a) Se todas estiverem corretas.
b) Se todas estiverem incorretas.
c) Se apenas I e II estiverem corretas.
d) Se apenas II e III estiverem corretas.
e) Se apenas III e IV estiverem corretas.
RESOLUÇÃO:
As alternativas apresentam um resumo das características do
Congresso de Viena e da Santa Aliança.
Resposta: A
Exercícios Propostos
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81HISTÓRIA
1. Introdução
O fenômeno revolucionário de 1848 resultou, ime -
dia tamente, das condições econômicas precárias da Eu -
ro pa. Em seu âmago, era fruto do movimento revo lu cio -
nário apoiado nas tendências liberais, nacionalistas e
socialistas.
De forma geral, os movimentos foram liderados pela
burguesia, apoiada pelo proletariado urbano, sem o qual
não conseguiria tomar o poder. Na França, o caráter
liberal-socialista da Revolução foi mais acentuado; já na
Áustria, na Alemanha e na Itália, predominou o sentido
liberal-nacionalista.
Além do liberalismo, outras tendências políticas do
século XIX merecem des taque: o nacionalismo, que era
o resultado da existência de povos ainda sem uni da de
política ou sem independência, marcado pelas unifica -
ções da Itália e da Ale ma nha; e o socialismo, que resul -
tou, por outro lado, da ampliação da massa traba lha dora
e da crescente proletarização da sociedade, após a Re -
vo lução Industrial, com as consequentes ideias de
igualdade social.
2. As origens do socialismo
Desfile de uma trade-union, associação de trabalhadores que pre ce deu
os sindi catos.
O socialismo resultou das transformações econô mi -
cas e sociais ocorridas na Europa no transcorrer dos
séculos XVIII e XIX. A Revolução Industrial provocou o
cres cimento dos centros urbanos, concentrando uma
enor me massa de traba lha dores que viviam de baixos
salá rios. A miséria os fez pensar em reformas sociais.
Daí surgirem as ideias reformistas de igualização social,
apre sen tando-se soluções para os problemas.
Antes mesmo do século XVIII, vários escritores já
haviam descrito socie da des que viviam na base da
igualdade social, sem a diferença de posses e de rique -
zas. Nessas sociedades, não havia pobres nem ricos e
todos viviam do seu traba lho em igualdade de condições.
Thomas Morus, em sua obra Utopia (1516), idea lizou
uma sociedade imagi ná ria, marcada pela igualdade.
Atacou a propriedade privada, considerando-a responsável
por todos os crimes. Desde então, a palavra “utópico”
pas sou a designar toda teo ria social que pregasse a igual -
dade social sem apresentar meios práticos de conse gui-la.
Nas revoluções inglesas do século XVII, os nive -
ladores e escavadores, à me di da que buscavam igual dade
social, representavam uma tentativa concreta de igual -
dade, portanto de socialismo. Na Revolução Fran cesa,
Gracco Babeuf prega va uma república igual para todos.
Houve várias tentativas de pôr em prática as ideias
socialistas. Na Inglaterra, Robert Owen, rico proprie tá rio,
tentou realizar seus ideais socialistas criando uma comu -
ni dade em Orbiston, na Escócia, e em New Harmony,
nos Estados Unidos. Nessas comu nidades, cada um
recebia um bônus proporcional às horas de traba lho.
As revoluções dos séculos XVIII e XIX propiciaram o
aparecimento de novos pensadores, tais como Fourier,
Saint-Simon, Louis Blanc e Proudhon, deno mi nados
socialistas utópicos ou românticos. Louis Blanc foi o
autor do livro A organização do trabalho. Participou da
Revolução de 1848, na França. Pregava a igualdade
social que, entretanto, só poderia ocorrer se o Estado se
apropriasse de todo o sistema econômico.
Karl Marx, pai do socialismo
científico.
Robert Owen, um dos utópicos de
grande atuação política nos EUA e
na Inglaterra.
8
Palavras-chave:Ideias Sociais e Políticas
do Século XIX
• Livre-iniciativa • Reformismo
• Revolucionário • Libertário
• Igualdade econômica
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82 HISTÓRIA
3. O marxismo
O mais célebre teórico do socialismo foi Karl Marx
(1818-1883). Auxiliado por F. Engels, publicou suas
ideias, às vés pe ras da Revolução de 1848, na Fran ça, no
Manifesto Comu nis ta, dando assim origem ao socia -
lismo científico. Porém, a obra mais importante de Marx
foi O Capital, emque expõe com mais detalhes todas as
suas teorias.
Esse livro
de Marx
expõe com
mais clareza
suas ideias.
Basicamente, as ideias de Marx re pousavam no
materialismo e no princípio de que a história sempre foi
marcada pela exploração de uma classe social por outra,
daí a luta de classes ser a mola mestra da história, dos
acon te ci mentos. A igual dade somente seria atingida se
o proletariado vencesse a burguesia, impondo a ditadura
do proletariado; o Es tado proletário se apossaria dos
bens de produção (má quinas, capital), conduzindo a
sociedade para a igualdade total – o comunismo, último
estágio da evo lu ção histórica.
4 . Anarquismo
O francês P. J. Proudhon escreveu o livro O que é a
propriedade? e a resposta a que chegou foi: “a proprie -
da de é um roubo”. Essa frase compõe uma das mais im -
por tantes afirmações desse pensamento e por isso
muitos o consideram como um pré-anarquista. Entre tan -
to, os fundamentos teóricos do anarquismo foram ela bo -
ra dos por dois russos: Bakunin e Kropotkin.
Anarquismo é a negação de toda e qualquer forma de
poder, portanto o Estado deve ser eliminado, bem como
a propriedade, que se constitui na base de todo poder.
Durante a reunião da Associação Internacional dos
Trabalhadores (I Internacional), os anarquistas e os
socia lis tas se confrontaram, pois Marx insistia na
ditadura do proletariado como etapa necessária e
obrigatória para se chegar ao comunismo, enquanto
Bakunin pregava que, após a Revolução Proletária, o
Estado deveria ser ime dia tamente suprimido, o que
levou os anarquistas a serem conhecidos como
libertários.
5. Doutrina Social Católica
A Igreja Católica também se manifestou sobre as
de si gualdades sociais. O abade francês Robert de
Lamennais foi o primeiro a se posicionar a respeito das
questões sociais. Contudo, por meio da encíclica
Rerum novarum, do papa Leão XIII, a doutrina social
católica atin giu a sua mais alta expressão. Ela propõe a
cari da de cristã para solucionar as desigualdades
sociais, con de nando simultaneamente a ganância
capitalista e o materialismo socialista. Outros
pontífices fizeram afir ma ções dentro dessa linha,
como Pio IX (Quadragesimo anno) e João XXIII (Mater
et magistra).
6. Conclusão
Os socialistas tomaram parte ativa nos
movimentos revolucionários de 1848, sendo
derrotados pela bur gue sia. Isso provocou uma cisão
entre os próprios socia lis tas, surgindo daí várias
tendências diferentes. Os socia listas reformistas
acreditavam não ser necessária uma revolução para se
obter a igualdade social, pois o capi ta lis mo poderia ser
melhorado. Os marxistas e os anar quistas pregavam o
fim do capitalismo.
Somente em 1860 surgiu na Alemanha o primeiro
partido político socialista. Em 1864, realizou-se em
Paris a Primeira Internacional dos Trabalhadores, cujo
objetivo era coordenar a ação do proletariado no
sentido da to ma da do poder em todo o mundo. A partir
de então, prin ci pal mente nos países adiantados da
Europa, o prole tariado tomou consciência de suas
necessidades e, por meios reformistas, anárquicos ou
revolucionários, vem lutando por mudanças.
7. Cronologia
1848 – Publicação do Manifesto Co mu nis ta, de Marx
e Engels.
1852 – Instauração do Segundo Impé rio Fran cês.
1864 – Primeira Associação Inter na cio nal dos Traba -
lha dores.
1891 – Encíclica Rerum Novarum.
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83HISTÓRIA
� (MODELO ENEM) – “O revolucionário
rompeu com todas as leis e códigos morais do
mundo instruído. Se ele vive nesse mundo, fin -
gindo fazer parte dele, é apenas para estar em
melhores condições de destruí-Io; tudo o que
há nesse mundo é igualmente odioso para ele.
Tem de ser frio: deve estar disposto a morrer,
deve preparar-se para resistir a torturas e deve
prontificar-se a esmagar qual quer sentimento
nele surgido, inclusive o de hon ra, no momento
em que este interferir com seu objetivo.”
(Mikhail Bakunin. Catecismo
do revolucionário.)
O fragmento acima foi escrito por um dos mais
impor tantes teóricos da corrente de pensa mento
a) comunista. b) socialista.
c) social-democrata. d) fundamentalista.
e) anarquista.
Resolução
Mikhail Bakunin, embora tivesse participado da
Primeira Internacional fundada por Marx,
distan ciou-se do pensamento marxista ao pro -
por a revolução das massas (sem que o pro le -
ta riado formasse sua van guarda) e ao rejeitar a
“ditadura do proletariado” como etapa neces -
sária para o igualitarismo. Com isso, Bakunin
tornou-se o principal arauto do anarquismo –
corrente radical libertária que teve grande
influência sobre o movimento operário no final
do século XIX e início do XX.
Resposta: E
� (PUC-SP – MODELO ENEM) – Segundo o
historiador Eric Hobsbawn, para o liberalismo
clássico o homem era um animal social apenas
na medida em que coexistia em grande
número. Por isso, considera que o símbolo
literário do "homem" dessa corrente de
pensamento foi Robinson Crusoé, que
conseguiu, após um naufrágio, viver quase três
décadas numa ilha deserta, criando, sozinho,
as condições de sua sobre vivência.
Em consonância com esse perfil, o pensa men -
to liberal pressupõe
a) a crença no progresso, que deveria assegu -
rar, através da intervenção governamental
na atividade econômica, a felici dade e o
conforto ao maior número possível de
pessoas.
b) a crença no racionalismo, na livre-iniciativa e
no progresso, daí decorrendo a neces si dade
de manter a menor interferência go ver -
namental possível na atividade econômica.
c) a crença de que o bem-estar social seria as -
segurado pelo res peito aos costumes
tradicio nalmente aceitos e estabe lecidos.
d) a ideia de que a sociedade seria formada
por uma teia de relações, tornando neces -
sário ao homem agir em função dos seus
seme lhantes.
e) a ideia de que só um governo centralizado e
forte poderia assegurar a liberdade econô -
mica e a obtenção dos objetivos individuais.
Resolução
O liberalismo clássico representava a ideo logia
da burguesia.
Resposta: B
� Quais as bases teóricas do socialismo científico?
RESOLUÇÃO:
As bases eram: a Economia e a História. A partir delas, Marx
formulou suas ideias: luta de classes, a Revolução Proletária e a
mais-valia.
� Corrente política, desenvolvida pelos russos Bakunin e
Kropotkin, defendia que a origem de todos os males sociais,
inclusive o industrialismo e o capitalismo, era a exis tên cia do
Estado. Diante dessa cons ta tação, propunha sua extinção.
Referimo-nos ao
a) socialismo. b) anarquismo. c) liberalismo.
d) comunismo. e) totalitarismo.
RESOLUÇÃO:
O anarquismo é conhecido por muitos como socialismo libertário.
Resposta: B
Exercícios Propostos
Exercícios Resolvidos
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84 HISTÓRIA
� (UFPEl – MODELO ENEM) – As ideias de Proudhon (1809-
1865):
• A propriedade é um roubo e a mãe da tirania;
• Quem quer que ponha as mãos em mim com a intenção
de governar-me é um usurpador e um tirano.
caracterizam o
a) comunismo. b) materialismo histórico.
c) liberalismo. d) socialismo.
e) anarquismo.
RESOLUÇÃO:
O francês Joseph Proudhon é considerado um precursor do
anarquismo. Em seu livro, “O que é a propriedade?”, ele conclui
que “ela é um roubo”, combinando com o axioma libertário de
que “a propriedade é a raiz de todo poder”.
Resposta: E
� ”Na produção social que os homens realizam,
eles entram em determinadas relações
indispensáveis e independentes de sua von tade; tais relações
de produção correspondem a um estágio definido de
desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A
totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da
sociedade – funda mento real, sobre o qual se erguem as
superes truturas política e jurídica, e ao qual correspondem
determinadas formas de consciência social.”
(K. Marx. Prefácio à Crítica da economia política.
In K. Marx. e F. Engels. Textos 3.
São Paulo: Edições Sociais, 1977. Adaptado.)
Para o autor, a relação entre economia e política estabe lecida
no sistema capitalista faz com que
a) o proletariadoseja contemplado pelo processo de mais-valia.
b) o trabalho se constitua como o fundamento real da
produção material.
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o
progresso humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao
desenvolvimento econômico.
e) a burguesia revolucione o processo social de formação da
consciência de classe.
RESOLUÇÃO:
Para Marx, o trabalho é condição fundante do ser humano, forma
única e necessária para transformar a natureza em bens úteis
para promover a vida. Contudo, especificamente no estágio
capitalista, o trabalho é marcado pela forma de exploração do
homem pelo homem e de alienação, devido ao assalariamento e
ao estranha mento em relação ao fruto do trabalho.
Resposta: B
� ”Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu
tantas vezes?
Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha
da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares?”
BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em:
http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.
Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de
Histó ria, o autor censura a memória construída sobre
determinados monumentos e acontecimentos históricos. A
crítica refere-se ao fato de que
a) os agentes históricos de uma determinada sociedade
deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou
grandiosos e, por isso, ficaram na memória.
b) a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de
reis ou dos governantes das civilizações que se
desenvolveram ao longo do tempo.
c) grandes monumentos históricos foram construídos por
trabalha dores, mas sua memória está vinculada aos
governantes das sociedades que os construíram.
d) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência
de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e
distantes no tempo.
e) as civilizações citadas no texto, embora muito importantes,
permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas.
RESOLUÇÃO:
A alternativa constitui uma interpretação do texto de Brecht, um
dramaturgo marxista que incorpora a tese de que a História
deveria priorizar o papel das massas em vez de glorificar os
governantes.
Resposta: C
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85HISTÓRIA
FRENTE 1
Módulo 1 – Administração Colonial
� Por que o Brasil foi dividido em capitanias heredi tá rias?
� Por que as capitanias hereditárias fra cassaram?
� Quais foram as capitanias hereditárias que pros peraram?
Qual foi o caráter político do regime de governo geral?
� A nova política instaurada com a criação do Gover no Geral
se revelou salutar do ponto de vista políti co e admi nis tra tivo,
asseguran do a Portugal o domínio do Brasil e propor cio nando à
colônia condições que permitiram seu rápido florescimento do
ponto de vista fiscal. Todavia, veio confir mar, ple namente, pelo
menos durante o século XVI, o receio que sempre manifestara
a Coroa de vir a despen der com a nova colônia mais do que
dela arrecadasse.
(JAGUARIBE, Hélio. Desenvolvimento econômico e desenvolvimento
político: uma abordagem teórica e um estudo do caso brasileiro.
2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972. p. 123-7.)
Quais os interesses de Portugal ao criar o Go verno Geral no
Brasil?
� A implantação das capitanias heredi tárias no início de
nossa colo ni zação explica-se
I. pela falta de capital do Estado português, que recorria a este
sistema para financiar a colonização.
II. pela necessidade de exportar mão de obra e solucionar a
tensão de mo grá fica em Portu gal.
III. por ser um sistema centralizado e que aten dia aos objetivos
da colonização.
IV. pelo interesse do governo português em recriar um feu da -
lis mo na América.
V. pela participação do governo nos lucros deste em preen -
dimento.
Assinale a alternativa que contenha as afirmações corretas:
a) I e II apenas.
b) I, II e III apenas.
c) I e V apenas.
d) IV e V apenas.
e) todas estão corretas.
� Observe o organograma a seguir.
Ele foi instituído
a) logo após a expedição colonizadora de Martim Afonso de
Sousa no século XVI.
b) após 1640, quando Portugal se separou da Espanha.
c) durante a União Ibérica.
d) por D. João V, à época da mineração.
e) pela dinastia de Avis.
Módulo 2 – Economia colonial
� Por que a metrópole portuguesa “optou” pela agri cul tura
cana vieira?
� O que é plantation?
� O que foram as atividades complemen tares?
Sobre a produção de açúcar, no Brasil colonial,
a) possibilitou o povoamento e a ocupação de todo o ter ritó rio
nacional, enriquecendo gran de parte da população.
b) praticada por grandes, médios e pequenos lavradores, per -
mi tiu a formação de uma sólida classe média rural.
c) consolidou no Nordeste uma economia basea da no lati -
fúndio monocultor e escravo crata, que atendia aos
interesses do sistema português.
d) desde o início permitiu o enriquecimento da Região Sul do
País e foi a base econô mica de sua hegemonia na
República.
e) não exigindo muitos braços, desencorajou a importação de
escravos, libe rando capitais para atividades mais lucrativas.
CONSELHO
ULTRAMARINO
GOVERNO GERAL
CAPITANIAS
HEREDITÁRIAS
CÂMARAS
MUNICIPAIS
Exercícios-Tarefa
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86 HISTÓRIA
� Coube a Portugal a tarefa de encontrar uma forma de uti li -
zação eco nô mica das terras americanas que não fosse a fácil
extração de metais preciosos.
(FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil.
São Paulo: Nacional, 1970. p. 6-8.)
Com base no exposto por Celso Furtado, res ponda:
a) Quais as atividades desenvolvidas inicial mente no Brasil por
Portugal?
b) Qual a nação europeia que explorou metais preciosos no
seu processo colonizador?
� No século XVII, a inserção do Brasil na dinâmica do antigo
sistema colonial impôs uma forma de organização social
assentada no predomínio da monocul tura açucareira de base
escravista. Isso ocorreu porque
a) o açúcar era, àquela época, o único produto co mercializado
pelos portu gue ses nos mer cados euro peus.
b) a montagem desta estrutura produtiva fa vo recia os
objetivos metropo litanos de eli minar toda e qualquer forma
de trabalho livre nas colônias.
c) a criação de latifúndios açucareiros fixou a população ativa
no litoral, possibilitando a ação catequista plane jada pela
me tró pole por tu guesa.
d) o latifúndio escravista atendia aos interes ses da me tró pole
portuguesa de assegurar a produção de açúcar em larga
escala para o mercado externo.
e) a prática comercial portuguesa combinava os interes ses dos
comerciantes lusos aos dos comer ciantes fla men gos, que
lu cra vam com o monopólio da produção de açúcar.
� “O fato de que desde o começo da coloni za ção algu mas
comu nidades se hajam espe cializado na cap tura de escravos
indígenas põe em evidência a importância da mão de obra
nativa na etapa inicial de instalação da colônia. No processo de
acumulação de riquezas, quase sempre o esforço inicial é
relativamente maior. A mão de obra africana chegou para a
expansão da empresa, que já estava instalada. É quando a
rentabilidade do negócio está assegurada que entram em cena,
na escala necessária, os escravos, base de um sistema de
produção mais eficiente e mais densamente capitalizado.”
(FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil.
São Paulo: Nacional, 1986. p. 41-45.)
Caracterize a forma de mão de obra utilizada no Brasil colonial.
Módulo 3 – União Ibérica e invasões
� Por que o Brasil sofreu invasões no pe ríodo colonial?
� Quais foram os efeitos da União Ibérica?
� Caracterize as invasões inglesas.
Por que os franceses invadiram o Ma ra nhão no início do
século XVII?
� Quais foram as consequências da Restauração
Portuguesa, em 1640?
� A ocupação portuguesa do litoral norte e nordeste do
Brasil, em finsdo século XVI e início do século XVII, deu-se em
virtude dos ataques ingleses, franceses e holandeses a esse
território. Sobre estas invasões e ocupações, identifique as
proposições verdadeiras e falsas:
( ) Os franceses invadiram Sergipe d'El Rei, a Paraíba, o
Rio Grande do Norte, o Ceará, o Maranhão e o Grão-
Pará.
( ) Os holandeses ocuparam, por longo tempo, os
territórios da Bahia, Pernam buco, Paraíba e Rio Grande
do Norte.
( ) Franceses, holandeses e ingleses con quistaram todo o
Norte e Nordeste, restando aos portugueses, no século
XVI, o domínio do território abaixo da Bahia.
( ) De todas as invasões do século XVII, a holandesa foi a
mais dura doura, no sentido da permanência da
ocupação. Em Pernambuco, o domínio holandês se
estendeu de 1630 a 1654.
( ) A conquista do Grão-Pará, pelos portugueses, em
1616, permitiu o monopólio do comércio dessa região
para Portugal e obrigou os franceses a se instalar nas
Guianas.
� (FGV – modificada – MODELO ENEM) – “Guerreado por
Madri e pela Holanda, Portugal busca o apoio de Londres,
preferindo a aliança com os distantes hereges à associa ção
com os vizinhos católicos. Dando segui mento vários tratados
bilaterais, os portu gueses facilitam o acesso dos mercadores e
das mercadorias inglesas às zonas sob seu controle na Ásia,
África e América.”
(ALENCASTRO, L.F. de, “A economia
política dos descobrimentos”, NOVAES, A. (org.), A descoberta do homem
e do mundo, São Paulo, Cia. das Letras, 1998, p. 193.)
O trecho do texto de Alencastro refere-se:
a) Ao período inicial da expansão marítima portuguesa, no qual
as rivalidades com a Espanha em torno da partilha da
América levaram a uma aproximação diplomática entre Por -
tugal e Inglaterra.
b) À época da Restauração, que se seguiu à união dinástica
entre as monarquias ibéricas e que obrigou a Coroa
portuguesa a enfrentar tropas espanholas na Europa e
holandesas na América.
c) À época napoleônica, que acabou por definir o início da
aproximação diplomá tica de Portugal com a Inglaterra, em
virtude da articulação franco-espanhola que ameaçava as
colônias portuguesas na América.
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87HISTÓRIA
d) Ao período de Guerras de Religião, durante o qual a monar -
quia portuguesa, por aproximar-se dos calvinistas ingleses,
passou a ser encarada com suspeitas pelo poder pontifício.
e) À época das primeiras viagens portuguesas às Índias,
quando muitas expedições foram organizadas em conjunto
por Inglaterra e Portugal, o que alijou holandeses e espa -
nhóis das atividades mercantis realizadas na Ásia.
Módulo 4 – Invasão holandesa
� Por que os holandeses invadiram o Nordeste brasileiro no
século XVII?
� Cite três realizações de Maurício de Nassau durante a
presença holan desa em Pernambuco.
� Indique as principais razões da insurrei ção pernambucana
contra os holandeses, ocorrida entre 1645 e 1654.
Acerca da presença dos holandeses no Brasil, durante o
período colonial, assinale a alternativa correta.
a) Asseguraram a manutenção do direito e liberdade de culto,
tabelaram os juros e financiaram plantações.
b) Perseguiram judeus e católicos por meio do Tribunal do
Santo Ofício.
c) Aceleraram o processo de unificação po lítica entre Espanha
e Por tugal.
d) Criaram, no Brasil, instituições de crédito, financiando a
industrialização contra os interesses ingleses.
e) Visavam à ocupação pacífica do Nordeste.
� O Quilombo dos Palmares é considerado um dos mais
importantes símbolos da resistência negra à escravidão.
Construído na Serra da Barriga, no atual estado de Alagoas, o
quilombo existiu porque
a) ao dominar o Nordeste os holandeses, contrários à
escravidão, libertaram os negros das senzalas nos
engenhos.
b) o baixo custo dos indígenas, apresados pelos bandeirantes
paulistas tornou desinteressante a escravidão africana.
c) os portugueses libertaram seus escravos com o intuito de
destruir os engenhos e impedir os holandeses de obterem
a técnica de produção de açúcar.
d) os jesuítas auxiliavam a fuga em massa de escravos,
estimulando a resistência negra e a formação de quilombos.
e) os escravos africanos eram estimulados pelos bandei ran tes
a fugirem e assim aumentar a demanda por trabalhadores
escravos indígenas.
� (MACKENZIE–MODELO ENEM) – “(...) o número de
refinarias, na Holanda, passara de 3 ou 4 (1595) para 29 (1622),
das quais 25 encontravam-se em Amsterdã, que se
transformara no grande centro de refino e distribuição do
açúcar na Europa.”
(Elza Nadai e Joana Neves)
A respeito do aumento de interesse, por parte dos holandeses,
não apenas na refinação do açúcar brasileiro, mas também no
transporte e distribuição desse produto nos mercados euro -
peus, acentuadamente no século XVII, é correto afirmar que
a) com a União Ibérica (1580-1640), os holandeses dese javam
conquistar militar mente o litoral nordestino para obter
postos estratégicos na luta contra a Espanha.
b) a ocupação de Salvador, em 1624, por tropas flamengas, foi
um sucesso, do ponto de vista militar, para diminuir o
poderio de Filipe II, rei da Espanha.
c) a criação da Companhia das Índias Ocidentais foi respon -
sável pela conquista do litoral ocidental da África, do
nordeste brasileiro e das Antilhas, visando obter mão de
obra para as lavouras antilhanas.
d) o domínio holandês, no nordeste brasileiro, buscava garantir
o abastecimento de açú car, controlando a principal região
produto ra, pois foi graças ao capital flamengo, que a
empresa açucareira pode ser instalada na colônia.
e) a Companhia das Índias Ocidentais, em 1634, na luta pela
conquista do litoral nordestino, propõe a proteção das
proprie dades brasileiras submetidas à custódia holandesa,
porém, em troca, os brasileiros não poderiam manter sua
liberdade religiosa.
Módulo 5 – Bandeirismo e interiorização
� Estabeleça a relação entre o “domínio espanhol” e o ban -
dei rantismo paulista.
� A expansão da colonização no Brasil acentuou-se na
segunda metade do século XVII, caracterizan do-se pela ocupa -
ção do território. Quais foram os fatores que con tri buíram para
a expansão da colonização para além-litoral?
� Por que a União Ibérica cooperou para a interio rização da
colo ni zação?
Por que os jesuítas colaboraram para a coloni za ção do
interior?
� “Sociedade de reduzidas possibilidades materiais, porém
autossuficien tes, a pequena propriedade facilitou a expansão
do paulista pela inexistência de com pro missos do homem com
o latifúndio. A policultura e o mo des to pastoreio, praticados ao
redor do núcleo urbano de São Paulo, permitiram ao bandei -
rante alimen ta ção sadia, con servando a sua resistência física e
man tendo-o orga nicamente eficiente para enfrentar as longas
caminhadas e as agruras do sertão, em busca do “remédio
para a sua pobreza”: o braço indígena para as lavouras, sem o
qual o branco não podia subsistir. Eis por que o piratiningano
não era capaz de viver sem o sertão. Foi muitas vezes
mandatário do agricultor no apresamento do índio.”
(ELLIS, Myriam. As bandeiras na expansão geográfica.
In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. História geral da civilização brasileira.
São Paulo: Difel, 1985. tomo I, v. I, p. 280-281.)
Baseando-se no texto, identifique um fator que possibilitou a
expan são do bandeirismo e um dos seus ciclos.
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88 HISTÓRIA
� Em 1750, Alexandre de Gusmão, bri lhante diplo mata luso-
brasileiro, com base no princípio do uti possidetis, ne go ciou
um tratado que praticamente re vo gou o Tratado de Tor de silhas.
Uma das cláusulas dizia que a Colônia do Sacra men to, fundada
pelos por tu gue ses, seria incorporada aos domínios espa nhóis.
Em troca, Portugal receberia a região de sete povos das
missões. Esse tratado que definiu nossa atual configuração
geográfica foi assinado em
a) Lisboa. b) Coimbra.
c) Barcelona. d) Badajós. e) Madri.
� (PUCCAMP – MODELO ENEM) – Na Samarra, aliás,
Manuelzão conduzira o início de tudo, havia quatro anos, desde
quando Federico Freyre gostou do rincãoe ali adquiriu seus mil
e mil alqueires de terra asselvajada. — “Te entrego,
Manuelzão, isto te deixo em mão, por desbravar!” E enviou o
gado. Manuelzão: sua mão grande. Sua porfia. Pois ele sempre
até ali usara um viver sem pique nem pouso – fazendo outros
sertões, comboiando boiadas, produzindo retiros provisórios,
onde por pouquinho prazo se demorava – sabendo as poeiras
do mundo, como se navega. Mas, na Samarra, ia mas era
firmar um estabele cimento maior. Sensato se alegrara. Mordeu
no ser. Arreuniu homens e veio, conforme acostumado.
(Guimarães Rosa. Manuelzão)
A atividade econômica à qual Manuelzão se dedicava, descrita
no texto, contribuiu em grande parte, no Brasil colonial, para
a) o povoamento das regiões Centro-Oeste e Sul.
b) o surgimento do bandeirantismo no Su deste.
c) a decadência dos engenhos na província de Minas Gerais.
d) a comercialização das “drogas do sertão” na Região Norte.
e) o estabelecimento de pequenas proprie dades no sertão
nordestino.
Módulo 6 – Mineração
� Caracterize a exploração aurífera no Brasil.
� Cite duas medidas tomadas pelo Estado português que
evidenciem o controle exercido sobre a ativi da de mineradora
no Brasil.
� Por que a extração do ouro entrou em crise na segunda
metade do século XVIII?
Como se realizava a extração de dia mantes no Brasil
Colônia?
� No século XVIII, a produção do ouro provocou muitas
transformações na colônia. Entre elas, po de mos destacar
a) a urbanização da Amazônia, o início da produção de ta ba co
e a introdução do trabalho livre com os imigran tes.
b) a introdução do tráfico africano, a integração do índio e a
desarticulação das relações com a Inglaterra.
c) a industrialização de São Paulo, a produção de café no Vale
do Paraíba e a expansão da criação de ovinos em Minas
Gerais.
d) a preservação da população indígena, a decadência da pro -
dução algodoeira e a intro dução de operários euro peus.
e) o aumento da produção de alimentos, a mudança do eixo
econômico para o centro-sul e a inte gração de novas áreas
por meio da pecuária e do comércio.
� Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre a
tributação do ouro nas Minas no período colonial, exceto:
a) A derrama era a cobrança dos impostos atrasados quando
não eram preenchidas as cotas anuais.
b) A tributação do ouro se verificou inicial mente sob a forma
de cobrança por bateias.
c) A capitação recaía sobre todo escravo empregado nos
trabalhos auríferos.
d) O ouro passou a ser quintado somente a partir da instalação
das Casas de Fundição.
e) O quinto correspondia a uma porcentagem sobre a
produção paga pelos mineradores.
� (UECE – MODELO ENEM) – “A corrida do ouro, entre o
final do século XVII e a primeira década do século XVIII, foi
talvez a maior migração de homens brancos livres na América
Portuguesa ao longo de todo o período colonial. Não há nada
na história do Brasil que se compare a este movimento.”
(ROMEIRO, Adriana. A Febre do Ouro. "Revista Nossa
História". Rio de Janeiro: ano III, n. 36, outubro, 2006, p 13/21.)
No que compete à situação vivida pelos moradores das Gerais
na época da corrida do ouro, considere as seguintes
afirmativas:
I. Nos primeiros tempos, a fome foi companheira fiel dos
povoadores que, desco nhecendo a pobreza da zona mine -
radora, se lançavam na aventura do ouro. Nas ondas de
fome, ocorridas em períodos críticos, os trabalhadores
recorriam à caça para garantir algum sustento.
II. O sal era raro, mas a cachaça era farta. Nas condições em
que trabalhavam (escravos, na maioria) a aguardente
proporcionava um estado de semiembriaguez que tornava
mais suportáveis as condições de trabalho.
III. A imagem caótica típica dos relatos dessa época, não
correspondia à realidade, uma vez que a fluidez geográfica
dos traba lha dores dava-se ao sabor das novas desco bertas
e do esgotamento das velhas lavras.
São corretas
a) apenas I e II
b) apenas I e III
c) apenas II e III
d) I, II e III
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89HISTÓRIA
Módulo 7 – Independência das Treze Colônias
� Diferencie o processo colonizador inglês realizado ao norte
e ao sul das Treze Colônias da América.
� Quais as consequências da Guerra dos Sete Anos para as
Treze Colônias?
� O que foram as Leis do Selo, do Açúcar e do Chá?
O que foram as Leis Intoleráveis?
� “O leitor da Declaração de Independência deve, ainda
hoje, manter-se em guarda contra as qualidades sedutoras do
estilo literário de Jefferson. As verdades que ele considera evi -
den tes por si não o eram absolutamente para seus contempo -
râ neos, ou para as gerações posteriores. A noção de que todos
os homens nascem iguais não foi aceita, na teoria ou na
prática, então ou mais tarde.”
(Beloff, Max. Jefferson e a democracia americana.
Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1964. pp. 58-59.)
A permanência de qual estrutura colonial permite ao autor
questionar a igualdade nos EUA?
� Quando da discussão, no Parlamento inglês, das Leis do
Açúcar e do Selo (1764-1765), os colonos ingleses da América
recu saram as medidas propostas, com base
a) no fato de não estarem representados na assembleia que
votou as taxas.
b) no princípio da isenção de taxas concedido pela Coroa aos
colonos.
c) no direito inalienável dos súditos ingleses em se recusarem
a obedecer a leis injustas.
d) nos direitos naturais do cidadão à vida, à propriedade e à
busca da felicidade.
e) nos prejuízos financeiros advindos do bloqueio aos pro dutos
das Antilhas.
� (UFRS – MODELO ENEM) – Leia a seguir parte da
Declaração de Inde pen dência americana.
“Nós defendemos estas verdades [...]: que todos os homens
nascem iguais; que o Criador os dotou de certos direitos
inalienáveis, entre os quais a vida, a liberdade e a busca da
felicidade; que, para garantir esses direitos, os homens
instituem em seu meio governos cujo justo poder emana do
consentimento dos governados; que, se um governo, não
importa a sua forma, venha a desconhecer esses fins, o povo
tem o direito de modificá-lo ou de aboli-lo e de instituir um novo
governo, que será fundado sobre tais princípios [...].”
(Citado em BERSTEIN, Serge. "Histoire". Paris: Hatier, 1990. p. 46.)
Avaliando os princípios da Declaração, que se pretendem de
valor universal, pode-se con cluir que, no plano das ideias, ela
foi especialmente influenciada pela
a) definição de pacto ou contrato social proposta por Locke e
Rousseau, em nome da qual os fundadores dos Estados
Uni dos insis tiram no direito à revolução política contra
governos despóticos.
b) doutrina político-religiosa da escolástica, elaborada, em
especial, por São Tomás de Aquino.
c) defesa da “monarquia esclarecida”, desde que essa garan -
tis se a liberdade política e econômica dos indivíduos.
d) concepção da não separação dos três poderes desenvol vida
por Montesquieu, com o apoio popular, e aplicada ao
conjunto da Federação.
e) perspectiva da extensão dos direitos de igualdade a todos
os homens, independen temente de cor, religião, renda eco -
nômica ou posição política.
Módulo 8 – Movimentos emancipacionistas
� Como foram sentenciados os envolvidos na Conju ração
Mineira?
� O que foi a Revolta dos Alfaiates?
� No final do século XVIII, dois impor tan tes movi mentos de
rebeldia colonial ocor reram no Brasil: a Inconfidência Mineira e
a Baiana. Sobre eles, é válido afirmar:
a) Não foram influenciados pelo pensamento ilumi nista
europeu.
b) Eram movimentos contestatórios da política colonial, sem,
contudo, defender a ideia de independência.
c) Não conseguiram ultrapassar a fase cons pi ratória.
d) Embora a Inconfidência Mineira fosse um movimento
elitista, a Baiana era de caráter popular.
e) Fracassaram militarmente, pois eram apoiados apenas por
elementos das elites.
Povo, o tempo é chegado para defen deres a vossa liber -
dade; o dia da nossa felicidade está para chegar. Animai-vos
que sereis felizes para sempre.
Além da exortação à liberdade, o manifesto protestava con tra
os impostos, exigia aumento de soldo para os soldados e
oficiais, bem como o fim da escravidão,e reivindicava liber da -
de de comércio com todas as nações, “mormente a francesa”.
a) Mencione o nome do movimento ao qual o texto se refere.
b) O que o diferenciava dos chamados “movimentos nati vis -
tas” do século XVII e início do século XVIII?
� A escravidão constituía o limite do liberalismo no Brasil.
Invocava-se o direito de propriedade para preservá-la: “Patrio -
tas, vossas propriedades inda as mais opugnantes ao ideal de
justiça serão sagradas”, dizia o gover no revolu cio ná rio em
1817, numa proclamação que visava a acalmar os pro prietários
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90 HISTÓRIA
temerosos de que a “liberal” revo lução pre tendesse a
“emancipação indistinta dos homens de cor e escravos”.
(COSTA, Emília Viotti da. “Introdução ao estudo da emancipação política do
Brasil”. In: MOTA, Carlos Guilherme. Brasil em perspectiva.
São Paulo: Difel, 1984. p. 90-94.)
Cite algumas características do liberalismo político.
� Em 1798, eclodiu na Bahia a conjuração dos ................... .
Este movimento, ao contrário dos demais, foi amplamente
apoia do por elementos do ........................., tendo a
participação de escravos e de mulheres negras. A conspiração
dos Suassunas de 1801 em Pernambuco, profun da mente
influen ciada pela ............................. (Areópago de Itambé),
também malogrou.
Esse texto trata de dois movimentos eman cipacio nistas que
con denaram o pacto colonial luso. Assinale a alternativa que
preenche correta mente as lacunas.
a) iguais – povo – maçonaria
b) inconfidentes – governo – Igreja
c) alfaiates – povo – maçonaria
d) búzios – exército – Igreja
e) iguais – clero – Igreja
� A Inconfidência Mineira foi um episódio marcado
a) pela influência dos acontecimentos de julho de 1789, a
tomada da Bastilha.
b) pela atitude antiescravista, consensual entre seus par ti -
cipantes.
c) pelo intuito de acabar com o predomínio da Compa nhia de
Comércio do Brasil.
d) pela insatisfação ante a cobrança do im posto sobre bateias.
e) pelas ideias da Ilustração e pela Indepen dên cia dos Estados
Unidos.
FRENTE 2
Módulo 1 – Revolução Industrial – Pioneirismo
� Procure formular um conceito para “Revolução Industrial”.
� Considerando que a Revolução Industrial é um pro ces so,
carac terize as seguintes fases:
a) artesanato;
b) manufatura;
c) maquinofatura.
� Aponte os fatores econômicos, políticos e sociais que per -
mi tiram à Inglaterra ser o pri meiro país a realizar a Revolução
Industrial.
Qual foi o primeiro setor a ser meca ni za do na Revolução
Industrial?
� “Mas é evidente que as igrejas refor madas, com seu
senso do indivíduo, do esforço solitário para a perfeição, do
valor do trabalho e do êxito abençoado por Deus, despertam
nos fiéis o gosto pela iniciativa e inovações econômicas e
sociais.”
(Rioux, J. P. A Revolução Industrial.
São Paulo: Livraria Pioneira, 1975. pp. 40-42.)
Em que medida as Igrejas Reformadas contri buí ram para a Re -
vo lução Industrial?
� Indique uma razão política do pionei rismo inglês na Re -
volução Industrial:
a) A criação da Câmara dos Comuns.
b) Os benefícios da Guerra das Duas Rosas.
c) A participação industrial de Adam Smith.
d) A estabilidade política da Inglaterra.
e) A existência de um grande império colo nial inglês, ca pa ci ta -
do a fornecer as matérias-primas de que a Me tró pole
necessita va.
� (FATEC – MODELO ENEM) – “A pro dução em larga escala
exigia não só a divisão de trabalho e ferramentas especializadas,
mas também um sistema organizado de transporte, comércio e
crédito. Segundo todos os testemunhos contemporâneos, as
comunica ções internas da Inglaterra estavam muito lon ge de
satisfazer as necessidades dos in dus triais. As estradas
inglesas, dependentes, co mo estavam, na construção e
consertos, de fiscais amadores e do estatuto relativo ao
trabalho não especializado, eram, na maior parte das vezes,
impróprias para o tráfego rodoviário; e o transporte mais em uso
era o cavalo de carga, que viajava, às vezes, em filas de mais de
cem, em calçadas de pedra dispostas lado a lado ou ao meio
das estradas.”
(T. S. Ashton)
Dentre outras coisas, o texto se refere ao fato de que:
a) as ferrovias inglesas dependiam, para a sua manutenção, de
trabalhadores não apropria dos à tarefa.
b) a divisão social do trabalho e as ferramen tas especializadas
provocaram um aumento significativo na produção.
c) as necessidades industriais na Inglaterra, apesar de tudo,
eram satisfeitas pelas estradas de pedra.
d) as rodovias inglesas, graças a seu ótimo estado de conser -
vação, foram responsáveis pelo aumento da produção
industrial.
e) as deficiências nas comunicações internas na Inglaterra
eram motivadas pelo péssimo calçamento das estradas,
impróprio para os cavalos de carga.
Módulo 2 – Revolução Industrial –
Consequências
� Qual a diferença entre sociedade esta mental e sociedade
classista?
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91HISTÓRIA
� Quais as diferenças entre a burguesia e o opera riado?
� Quais eram as condições de trabalho à época da
Revolução Industrial.
A Revolução Industrial provocou movi mentos operários
de reação à exploração do trabalho. Defina os seguintes
movimentos:
a) ludismo.
b) cartismo.
c) trade-unions.
� “O debate a respeito dos resultados humanos da Revo lu -
ção Industrial ainda não se libertou inteiramente dessa atitude.
Nossa tendência ainda é perguntar: ela deixou as pessoas em
melhor ou em pior situação? E até que ponto?”
(Hobsbawn, E. J. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo.
Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1969. pp. 74-75.)
Para os marxistas, qual a prin ci pal consequên cia humana
(social) trazida pela Revolução Indus trial?
� (UNESP – MODELO ENEM) – “Não queremos destruir a
vossa fortuna, mas se não arranjardes maneira de nos dardes
trabalho não poderemos deixar de atentar contra vós e contra
as máquinas. (...) Se ao fim de 8 dias não retirardes as lãs das
máquinas para dar trabalho às 500 pessoas que vos batem à
porta e para as quais nem sequer vos dignais olhar, não vos
espanteis se virdes um levantamento cair sobre vós e sobre as
máquinas, de tal modo sofremos, pobres operários, por nós e
pelos nossos filhos.”
(Anúncio anônimo afixado nas ruas de Clermont, França, em 1818.)
O tipo de manifestação descrita está relacio nado
a) ao movimento anarquista.
b) à constituição dos partidos comunistas.
c) às origens dos partidos liberais.
d) à organização dos partidos socialistas.
e) ao movimento ludista.
� (PUCCAMP – MODELO ENEM) – “O século que chega ao
fim, entre a angústia e a utopia de curá-la”, começou a ser
gestado, na verdade, junto com as transformações decor -
rentes da me ca nização da produção, na Primeira Revolução
Industrial.
Analise as afirmações referentes a essas trans for mações.
I. A atividade produtiva passou a se reali zar em grandes
unidades – as fábricas –, com o capital apropriado particular -
mente e a produção socializada devido à intensa divisão de
trabalho.
II. As mulheres e crianças foram em pre ga das em escala
jamais vista até então, e a in ten sidade de seu trabalho, em
horas, aumentou.
III. As fábricas, liberadas da dependência de condições lo cais
propícias à produção de energia eólica e hidráulica,
passaram a se concentrar nas cidades.
IV. O mundo assistiu à corrida colonialista dos países europeus
para as terras da América, Ásia e África, sob o signo do
liberalismo e do capitalismo concorrencial.
Estão corretas somente:
a) I, II e III. b) I, III e IV.
c) I e III. d) II e IV.
e) III e IV
Módulo 3 – Iluminismo e
Despotismo Esclarecido
� O que são os “direitos naturais” segun do John Locke?
� Comente o pensamento de Montesquieu.
� Explique o Contrato Social de Rousseau.
Quais os princípios básicos do libera lismo econô mico?
� “Embora tenha assumido uma forma diferente em cada
Estado, o Despotismo Esclarecido apresentou um traço
comum em todos eles, principalmente nos países cató licos: a
luta para limitar o poder da Igreja e sujeitá-laao Estado. Essa
política religiosa dos soberanos iluministas, que ficou conhe ci -
da como “jurisdicionalismo”, procurou efe ti var nos países
católicos uma interpenetração entre Igreja e Estado, a exemplo
do que já ocorrera nos países protestantes.”
(História das Civilizações. São Paulo: Abril Cultural, 1975. p. 130-132.)
Por que alguns soberanos europeus adotaram o Des potis mo
Esclarecido?
� Os pensadores do liberalismo econô mico, como Adam
Smith, Malthus e outros, defendiam
a) a intervenção do Estado na economia.
b) o mercantilismo como política econômica nacional.
c) a socialização dos meios de produção.
d) a liberdade para as atividades econômicas.
e) a implantação do capitalismo de Estado.
� Adam Smith, em “A Riqueza das Na ções”, assen tou as
bases do libera lis mo econômico, cujos prin cípios são:
a) Igualitarismo, criação dos falanstérios, fazendas co le ti vas
agroindustriais e liberdade de comércio.
b) Colônias autogeridas, erradicação do Es tado, mais-va lia e
autogestão industrial.
c) Capitalismo comercial, absolutismo, meta lismo e inter ven -
ção do Estado na economia.
d) Respeito às leis naturais da economia e liberdade de con -
trato de trabalho, de comércio e de produção.
e) Socialização dos meios de produção, livre concor rên cia, fim
das de si gualdades sociais e nacionalização das fábricas.
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92 HISTÓRIA
� (MACKENZIE – MODELO ENEM) – “Cremos como
verdades evidentes, por si próprias, que todos os homens
nasceram iguais, que re ce be ram do seu Criador alguns direitos
inalienáveis; que entre es ses direitos estão a vida, a liberdade
e a procura da felicidade; que é para assegurar esses direitos
que os Governos foram instituídos...”
(Declaração de Independência dos EUA – 04.07.1776.)
Esta declaração inspirou-se nos ideais do:
a) Neoliberalismo. b) Absolutismo.
c) Iluminismo. d) Positivismo.
e) Estoicismo.
� Para os pensadores do século XVII, pre cur sores do
Iluminismo, a busca do conhe cimento deveria ser guiada pela
razão.
a) Aponte três características do pensamento científico do
século XVII.
b) Cite dois precursores do Iluminismo.
� (MODELO ENEM) – As grandes revolu ções burguesas do
sé culo XVIII refletem, em parte, algumas ideias dos filósofos
ilumi nistas, dentre as quais po demos destacar a que
a) apontou a necessidade de limitar a liber dade individual para
impedir que o excesso degenerasse em anarquismo.
b) acentuou que o Estado não possui poder ilimitado, o qual
nada mais é do que a so matória do poder dos membros da
sociedade.
c) visou defender a tese de que apenas a federalização política
é compatível com a democracia orgânica.
d) mostrou que, sem centralização e depen dência dos poderes
ao Executivo, não há paz social.
e) procurou salientar que a sociedade indus trial somente se
desenvolverá a partir de mi nucioso planejamento
econômico.
Módulo 4 – Revolução Francesa – das origens
à Revolução Burguesa
� Qual é o significado histórico da Re volução Fran cesa?
� Comente a conjuntura social francesa às vésperas da Re -
volução de 1789.
� O que foi o Grande Medo?
No processo revolucionário francês, identifique giron di nos,
jacobinos, planície e montanha.
� “A Bastilha tinha endereço. Identificava-se como o prédio
de número 232 da rua Saint-Antoine, como se fosse apenas
uma imensa hospedaria, cheia de chambres garnies e
hóspedes de diferentes condições ocupando quartos que
variavam de acordo com seus meios e posição. O pátio externo
(exceto duran te o levante de julho) era aberto ao público, que
podia visitá-lo e conversar com o porteiro (alojado numa
guarita), passear pelas lojas que se apinhavam na entrada ou
examinar o progresso da horta do governador.”
(Schama, Simon. Cidadãos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 322-325.)
Qual a importância da queda da Bastilha para o processo revo -
lu cionário francês?
� Do ponto de vista social, pode-se afirmar sobre a Re vo lu -
ção Francesa:
a) Teve resultados efêmeros, pois foi inicia da, dirigida e apro -
priada por uma só classe social, a burguesia, única benefi -
ciária da nova ordem.
b) Fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não con se -
guiu impedir o retorno das forças sociopolíticas do Antigo
Regime.
c) Nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma re -
vo lução burguesa, uma camponesa e uma popular urbana, a
dos chamados sans-culottes.
d) Foi um fracasso, apesar do sucesso polí ti co, pois, ao
assegurar as pequenas proprie dades aos camponeses, atra -
sou, em mais de um século, o processo econômico da
França.
e) Abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa, tanto do
ponto de vista da riqueza quanto do ponto de vista político,
impediu que a burguesia a concluísse.
� (MODELO ENEM) – Da Independência dos Estados
Unidos (1776), da Re vo lução Francesa (1789) e do processo de
independên cia na América Ibérica (1808-1824), pode-se dizer
que todos esses movimentos
a) decidiram implementar a abolição do trabalho es cra vo e da
propriedade privada.
b) tiveram início devido à pressão popular radical e ter minaram
sob o peso de execuções em massa.
c) conseguiram, com o apoio da burguesia ilustrada, via bilizar
a revolução industrial.
d) adotaram ideias democráticas e defen deram a su -
perioridade do homem comum.
e) sofreram influência das ideias ilustradas, mas va riaram no
encaminhamento das so luções políticas.
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93HISTÓRIA
Módulo 5 – Fase popular e Contrarrevolução
Burguesa
� Robespierre, Danton e Marat foram líde res popu lares dire -
ta ou indiretamente ligados ao partido
a) girondino. b) socialista. c) anarquista.
d) jacobino. e) comunista.
� Por que a fase popular é conhecida como a fase do terror?
� O que foi a Conspiração dos Iguais?
O que foi o Golpe do 18 Brumário?
� “Terrível e inesperado retorno do efeito de uma máquina
cujo pai, Guilhotin, teria visto seu próprio nascimento marcado
pelo traumatismo de sua mãe, ouvindo os gritos de um
homem sofrendo o suplício da roda na praça de Saintes... O
mais significativo, no entanto, reside em que, por sua
frequência, o espetáculo da guilhotina modifica no povo os
sentimentos “que ele deve ter”: a eficácia pedagógica da
guilhotina não conseguiu, em ventose do ano II, enraizar a
“consciência pública” esperada.”
(Arasse, Daniel. A guilhotina e o imaginário do terror.
São Paulo: Ática, 1989. p. 128-130.)
O texto identifica qual fase revolucionária? Cite duas medidas
dessa fase.
� Na História da França, o Golpe do 18 Bru mário signi fica
a) o início da Revolução de 1789 com a abolição dos direitos
feudais.
b) o fim da Revolução com a subida de Na poleão ao poder com
o apoio do exército e da alta burguesia.
c) o fortalecimento da participação popular e dos embates
entre Danton e Robespierre.
d) o estabelecimento da igualdade de todos perante a lei com
a aprovação da Declara ção dos Direitos do Homem e do
Cida dão.
e) o início do período do terror.
� (PucCamp–MODELO ENEM) – No con texto da Revolução
Francesa, a organi zação do Governo Revolucionário significou
uma forte centralização do poder: o Comitê de Salvação
Pública, eleito pela Convenção, passou a ser o efetivo órgão do
Governo... . Havia ainda o Comitê de Segurança Geral, que
dirigia a polícia e a justiça, sendo que estava subordinado ao
Tribunal Revolucionário que tinha competência para punir, até a
morte, todos os suspeitos de oposição ao regime. O conjunto
de medidas de exceção adotadas pelo Governo revolucionário
deram margem a que essa fase da Revolução viesse a ser
conhecida como
a) os Massacres de Setembro.
b) o Período do Terror.
c) o Grande Medo.
d) o Período do Termidor.
e) o Golpe do 18 de Brumário.
Módulo 6 – Era napoleônica
� Quais as principais realizações polí ticas de Napoleão?
� Qual a importância do Código Civil Napo leônico?
� Descreva a política externa do Império napole ô nico.
Comente a reação europeia ao governo napoleô nico.
� “Fechei o abismo anárquico e destrinceio caos. Lim pei as
manchas da Revolução, enobreci os povos e forta leci os reis.
Provoquei todas as emulações, recompensei todos os méritos
e dilatei os limites da glória. Tudo isto sempre é alguma coisa.
E em que me poderão atacar que um historiador não me possa
defender? Será nas minhas intenções? Mas é um motivo para
me absolver. O meu despotismo? Mas ele demonstrará que a
ditadura era absolutamente necessária. Dirão que reprimi a
liberdade? Mas ele provará que o desregramento, a anarquia,
as grandes desordens ainda estavam no limiar da porta.”
(Burnat, Jean; Dumont, G. H.; Wanty, Emile. O “Dossier” Napoleão.
Lisboa: Livraria Bertrand, 1962. p. 404.)
Qual a importância de Napoleão Bonaparte para a burguesia
francesa?
� “Milhares de séculos decorrerão antes que as cir cun -
ferências acumuladas sobre a minha cabeça vão encontrar um
outro na multi dão para reproduzir o mesmo espetáculo.”
(Napoleão Bonaparte)
Sobre Napoleão Bonaparte (dirigente da França no período de
1799 a 1815), podemos afir mar que
a) consolidou a revolução burguesa na França pela con ten ção
dos monarquistas e jacobinos.
b) manteve as perseguições religiosas e o con fis co das
proprie dades eclesiásticas inicia das durante a Revolução
Francesa.
c) enfrentou a oposição do exército e dos cam poneses ao se
fazer coroar imperador dos franceses.
d) favoreceu a aliança militar e econômica com a Inglaterra,
visando à expansão de mer cados.
e) anulou diversas conquistas do período revolucionário, tais
como a igualdade entre os indivíduos e o direito de proprie -
dade.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:48 Página 93
94 HISTÓRIA
� (UFMG – MODELO ENEM) – Leia o texto a seguir:
“Antes, Napoleão havia levado o Grande Exér cito à conquista
da Europa. Se nada sobrou do império continental que ele
sonhou fundar, todavia ele aniquilou o Antigo Regime, por toda
parte onde encontrou tempo para fazê-lo; por isso também,
seu reinado prolongou a Revolução, e ele foi o soldado desta,
como seus inimigos jamais cessaram de proclamar.”
(LEFEBVRE, Georges. A Revolução Francesa.
São Paulo: IBRASA, 1966. p. 573.)
Tendo-se em vista a expansão dos ideais re vo lucionários
proporcionada pelas guerras con duzidas por Bonaparte, é
correto afirmar que
a) os governos sob influência de Napoleão investiram no
fortalecimento das corpora ções de ofício e dos monopólios.
b) as transformações provocadas pelas con quis tas napoleô -
nicas implicaram o fortale ci mento das formas de trabalho
compulsório.
c) Napoleão, em todas as regiões conquis ta das, derrubou o
sistema monárquico e implantou repúblicas.
d) o domínio napoleônico levou a uma redefinição do mapa
europeu, pois fundiu pequenos territórios, antes
autônomos, e criou, assim, Estados maiores.
Módulo 7 – Congresso de Viena
� O que foi o Congresso de Viena?
� O que foi a Santa Aliança?
� Quais os nomes das potências que predominaram no
Congresso de Viena?
Quando a Espanha aderiu à Santa Aliança, exigiu ajuda
para recuperar suas ex-colônias na América.
Explique as reações contrárias ao propósito espanhol?
� “Em 1815, acredita-se que tão-somente a França poderia
eventualmente destruir os tratados. Progres siva mente, estes
serão total mente destruídos, mas de uma maneira então
insuspeitada, pela força das nacionalidades, isto é, por essa
“opinião pública” da qual Metternich pressente a existência e
a vitali dade, mas que se julga capaz de derrubar.
Já que só a França parece ameaçar, é con tra ela que se
elabora um sistema embrionário de organização europeia. Esse
sistema é conhe cido pelo nome de “Santa Aliança”, e é assim
que, na época, o designava a linguagem popular.”
(Duroselle, J. B. A Europa de 1815 aos nossos dias.
São Paulo: Livraria Pioneira, 1976. pp. 4-5.)
Com relação ao texto, responda:
a) A que episódio se refere?
b) Qual a importância de Metternich?
� O Congresso de Viena (1814), orga nizado com vistas à
reformulação do mapa da Europa, teve suas determinações
questionadas ao longo do século XIX, porque
a) deu estímulo à divulgação dos ideais defendidos pela Re vo -
lução Francesa.
b) combateu o princípio da legitimidade das fronteiras
anteriores a 1789.
c) reformulou as divisas da França em pro veito das nações que
lhe eram limítrofes.
d) procurou solucionar os problemas de interesse exclusivo
das grandes po tên cias.
e) manteve os territórios conquistados por Napoleão em suas
guerras imperialistas.
� A Santa Aliança, entendida como o braço armado do
Congresso de Viena, propunha, em relação às colônias luso-
espanholas da América,
a) a adoção dos princípios da Doutrina Monroe.
b) a difusão do ideário político e social da Revolução Fran cesa.
c) o apoio irrestrito a todos os movimentos nacionalistas de
caráter sepa ra tista.
d) o estabelecimento de um novo colonia lis mo que atendesse
à indus tria lização europeia, em franca expansão.
e) a restauração do Antigo Sistema Colonial.
� (UFPR-Adaptada-MODELO ENEM) – Uti lizando o texto a
seguir, responda à questão
“Em nome da Santíssima e Indivisível Trindade e conforme as
palavras das Sagradas Escrituras, segundo as quais todos os
homens devem ter-se como irmãos, Suas Majestades o
Imperador da Áustria, o Rei da Prússia e o Imperador da Rússia
permanecerão unidos por laços de verdadeira e indissolúvel
fraterni dade: considerando-se compatriotas, em toda ocasião e
em todo lugar, eles se prestarão assistência, ajuda e socorro.”
(Trechos do Art. 1.° do Tratado da Santa Aliança, citado por AQUINO, R. S. L. et
alii. História das Sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais.
Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979)
O trecho destacado no texto demonstra o caráter interven -
cionista da Santa Aliança no processo de Restauração europeia
após a derrota napoleônica (1814 /1815).
Esta política das grandes potências absolu tis tas não conse -
guiu, porém, impedir por muito tempo o processo histórico que
se desen vol via, então, no continente europeu.
Em perfeita sintonia com o espírito restau ra dor do Congresso
de Viena, a criação da Santa Aliança tinha por objetivo
a) reprimir os movimentos revolucionários e liberais que
eclodissem em qualquer parte do continente europeu.
b) difundir os princípios democráticos e parlamentaristas,
promovendo a moderni za ção das monarquias europeias.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:48 Página 94
95HISTÓRIA
c) garantir a liberdade comercial, tida como elemento indis -
pensável à industrialização e à acumulação de capitais.
d) combater os focos da resistência aris to crá tica, geradores de
tensão social e alimenta do res da oposição burguesa.
e) inibir a formação de alianças entre as prin cipais potências, o
que ameaçava o equilíbrio de forças na Europa.
Módulo 8 – Ideias sociais e políticas do
século XIX
� Comente as origens do socialismo utó pico.
� Por que Marx e Engels definem sua fi lo sofia como cien -
tífica?
� O que é anarquismo?
Qual foi o objetivo da Primeira Interna cional Socialista dos
Tra ba lhadores?
� “Era o ano (...) de Karl Marx (1818-1883), Louis Blanc
(1811-1882) e L. A. Blanqui (1805-1881) (o severo rebelde que
saiu de uma vida na prisão apenas quando liberto pelas revolu -
ções), de Bakunin e mesmo de Proudhon. Mas o que sig -
nificava socialismo para os seus seguidores além de um nome
para uma classe trabalhadora autoconsciente, com suas
próprias aspirações a uma sociedade diferente do capitalismo,
e baseada na sua derrubada? Mesmo seu ini migo não estava
claramente definido. Falava-se muito de ‘classe trabalha dora’ e
mesmo de “proletariado”, mas, durante a revolu ção, nada
sobre ‘capitalismo’.”
(Hobsbawm, Eric. A era do capital, 1848-1875.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. pp. 42-43.)
Relacione os nomes citados no texto com as cor rentes
políticas da época.
� (Unifesp – MODELO ENEM) – “Nas escolas subsidiadas,
ortodoxas, oficiais, es gota-se a potencialidade mental e senti -
mental dos vossos pequeninos, com a masturbação
vergonhosa e constante de mentirosa solida rie dade no
trabalho, na expansãoe nas calamidades pátrias (...) Não
procureis a dor de ter contribuído para a miséria e a abjeção de
vossos Filhos; arrancai-os ao ensino burguês!”
(Jornal O Amigo do Povo, 1904.)
O texto revela a presença, no Brasil, do
a) liberalismo. b) anarquismo.
c) comunismo. d) positivismo.
e) fascismo.
� (MODELO ENEM) – "O monopólio do comércio da colônia,
portanto, com todos os outros expedientes mesquinhos e
malignos do sistema mercan tilista, deprime a indústria de
todos os outros países, mas principalmente a das colônias,
sem que aumente em nada – pelo contrário, diminui – a
indústria do país em cujo benefício é adotado".
(Adam Smith, A riqueza das nações.)
Com o auxílio das informações contidas no texto, julgue os
itens seguintes.
(0) O liberalismo econômico, teoria surgida no final do século
XVIII, opunha-se às práticas mercantilistas que
alimentavam o poder do Estado com a concessão de
mono pó lios, protecionismo e privilégios a determi nados
grupos, defendendo a livre concorrência e o câmbio livre.
(1) Contestando a interferência controladora do Estado na
economia, liberais como Adam Smith viam a atividade
econômica regida por leis naturais, centrando sua filosofia
na lei da oferta e da procura.
(2) Identificado com o capitalismo que as re voluções
burguesas e a Revolução Industrial consolidavam, o
liberalismo defendia a di vi são do trabalho, tanto no plano
interno quanto no internacional.
(3) Embora integrantes de um mesmo contex to histórico,
Iluminismo e liberalismo econô mi co divergiam em um
ponto central: a limi tação do poder estatal, tese não
encampada pelos iluministas.
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96 HISTÓRIA
FRENTE 1
Módulo 1 – Administração Colonial
� Porque o sistema já havia sido implantado com sucesso
por Portugal nas Ilhas Atlânticas (Açores, Madeira e Cabo
Verde). Era imprescindível iniciar a ocupação efetiva do litoral,
impedindo os franceses de se esta be le cer nessas terras. Este
sistema, transferiria a particulares os custos da colo ni za ção,
desonerando as financas reais.
� Por causa do elevado custo da coloni zação; do descaso do
governo com os colonos; da distância; dos ataques de indí -
genas hostis; e do desinteresse da maioria dos donatários.
� Pernambuco e São Vicente.
� A centralização político-administrativa.
� O Governo Geral foi uma medida centralizadora,
implantada com o objetivo de garantir o sucesso da
colonização, viabilizando o sistema de capitanias e obtendo os
lucros desejados pela coroa portuguesa.
� C � B
Módulo 2 – Economia colonial
� Por uma série de fatores: o alto preço de venda do produto
no mercado europeu; a disponibilidade de terras; o clima
favorá vel; e a experiência anterior, bem sucedida, obtida nas
Ilhas Atlânticas.
� Sistema de produção agrícola em larga escala, utilizando a
mão de obra escrava, em grandes propriedades e destinada à
exportação.
� Eram formas de produção econômicas coloniais
importantes (a lavoura de subsis tência e a pecuária), que
internamente davam suporte à atividade principal, destinada ao
mercado externo (cana de açúcar ou mineração).
� C
� a) Num primeiro momento, ocorreu a extração do pau-
brasil, e posteriormente a produção de cana de açú car, que se
tornou determinante pa ra o início da ocupação por tuguesa da
colônia.
b) A Espanha.
D
� Para atingir seus objetivos mercantilistas Portugal adotou a
mão de obra escrava, ini cial mente indígena e posteriormente
afri cana. Esta última, se tornou predo minante, em razão da alta
lucratividade que o tráfico oferecia para a Metrópole.
Módulo 3 – União Ibérica e invasões
� Por causa da União Ibérica, que levou os ini mi gos da
Espanha a tornarem-se inimigos de Portugal; a não aceitação
do Tratado de Tordesilhas; e os atrati vos econômicos
oferecidos pela colônia.
� A anulação temporária do Tratado de Tordesilhas; o início
da atividade bandei rista; as invasões estrangeiras; e a divisão
administrativa colonial brasileira em Vice-Rei nos.
� Ataques piratas e corsários ao litoral do Brasil, sem
interesse em constituir uma co lônia.
� Inicialmente, um grupo de náufragos franceses se
estabeleceu na região. Posteriormente, o governo francês ,
que não aceitava o Tratado de Tordesilhas e era rival dos
ibéricos, decidiu ocupar esta região por estar desabitada de
portugueses.
� O fim da União Ibérica deixou para Portugal uma grave
crise econômico-financeira, o que exigiu uma rigorosa política
de controle administrativo e fiscal sobre a Colônia,
desencadeando uma série de revoltas nativistas no Brasil; a
perda e ocupação de territórios por causa das invasões
estrangeiras, notadamente a permanência dos holandeses no
Nordeste brasileiro.
V, F, F, V, V � B
Módulo 4 – Invasão holandesa
� No início da União Ibérica a Holanda (República das
Províncias Unidas) resolveu declarar-se independente em
relação ao domínio espanhol. Como represália, a Espanha
proibiu Portugal de continuar o comércio do açúcar com os
holandeses, que impedidos de participarem deste lucrativo
empreendimento, resolveram invadir a região produtora a fim
de garantir seus investimentos.
Resolução dos Exercícios-Tarefa
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:48 Página 96
97HISTÓRIA
� A retomada da produção açucareira; a expansão territorial
até Rio Grande do Norte; a reurbanização da cidade do Recife
(Mauriceia); a liberdade religiosa para os judeus; e a promoção
das ciências e das artes no Brasil holandês.
� O retorno de Nassau à Holanda e a mu dan ça na política
administrativa holandesa, que passou a executar as dívidas dos
colonos por tu gueses com a Companhia.
� A � C
D
Módulo 5 – Bandeirismo e interiorização
� Durante o domínio espanhol, o Tratado de Tordesilhas ficou
sem efeito, facilitando as incursões; e as bandeiras paulistas da
“caça ao índio” foram estimuladas, tendo em vista a escassez
de trabalhadores africanos, uma vez que os holandeses
conquistaram as feitorias na África, fornecedoras de escravos
para o Brasil.
� A União Ibérica; as bandeiras; a atividade pecuarista; as
missões jesuítas; a mine ração; a extra ção das drogas do
sertão; a expulsão dos invasores estrangeiros; a Colônia de
Sacramento (atual Montevideo) que serviu de troca com o Sete
Povo das Missões (Rio Grande do Sul); e a assinatura de
Tratados de Limites que redefiniram as possessões luso
hispânicas.
� Porque durante a União Ibérica o Meridiano de Tordesilhas
perdeu o efeito favorecendo o avanço pelo interior da colônia;
com as invasões estrangeiras, Portugal passou a adotar uma
política efetiva de povoamento naquelas regiões.
� Por causas das missões construídas pelo interior da
colônia, desejando a cate quização dos ameríndios.
� Fator que permitiu a expansão bandeirista: a região em
que se localizava a Vila de São Paulo de Piratininga estava
desvinculada da agricultura de exportação, vivendo de uma
economia de subsistência. e a não par ticipação na produção
mercantilista.
Ciclo bandeirante: apresamento ou “caça” ao índio para
vendê-los como escravos.
E � A
Módulo 6 – Mineração
� Utillizava técnicas rudimentares de extra ção e transporte
(bateia e almo creve), mão de obra escrava e sob rígido controle
fiscal.
� Criação de instituições controladoras (Intendência das
Minas e Intendência dos Diamantes), de impostos (quinto e
capitação) e de formas mais eficientes de arrecadação (casas
de fundição, fintas e derrama) para a mineração aurífera.
� Consequência do esgotamento do ouro de aluvião e da
inexistência de técnicas avan çadas para a extração do ouro de
veio (grande profundidade).
� Inicialmente, com a cobrança do “quinto” e mais tarde por
meio do estanco (real extração diamantífera).
� E
D � C
Módulo 7 – Independência das Treze Colônias
� As colônias da Nova Inglaterra, Nova York, Nova Jersey e
Pensilvânia são clas sificadas como de povoamento. Situadas
em uma área de clima tempe ra do, desen volveram uma
agricultura diversificada com vistas ao abastecimento do
mercado interno, utilizando trabalho livre familiar ou a servidãotemporária.
Delaware, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina
do Sul e Geórgia formaram as co lô nias de exploração. O clima
subtropical deu origem a grandes propriedades agrícolas,
monocultoras e escra vis tas, onde a pro du ção era destinada ao
mercado externo.
� Apesar de sair-se vencedora, a Inglaterra precisava
recuperar o erário dos gastos contraídos com a guerra. Para
isso, adotou uma nova política colonial com novos impostos e
com a criação de monopólios.
� Em 1764, são impostas as primeiras medidas restritivas
sobre as colônias; a Lei do Açúcar, que incidia sobre o melaço
importado das Antilhas e sobre artigos de luxo (seda, café,
vinho etc.). A Lei do Selo determinava que todos os
documentos, jornais e periódicos que circulassem na colônia
deveriam ter um se lo da metrópole.
O Parlamento Inglês, em 1773, cedeu o mo nopólio do
comércio de chá à Com pa nhia das Índias Ocidentais, obrigando
os colonos a venderem sua produção de chá por preços muito
baixos.
� O governo inglês reagiu ao episódio “Boston Tea Party”,
em 1774, editando um conjunto de leis que foram
consideradas pelos colonos como ”Leis Intoleráveis”. Elas
decre ta vam o fecha men to do porto de Boston; o pagamento
do chá despejado no mar pelos colonos; a nomeação de um
novo governador para a colônia de Massachusetts, que
passava a ser uma colônia real; a prisão e o julga men to de
todos os colonos envolvidos no epi só dio; e o direito do
Exército de aquar telar tropas, onde considerasse neces sário.
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98 HISTÓRIA
� A manutenção do escravismo após a independência.
A � A
Módulo 8 – Movimentos emancipacionistas
� A quase totalidade dos envolvidos foi destituída de seus
bens e desterrada para a África. Contudo, Tiradentes acabou
senten ciado à morte por enforcamento; posterior mente teve
seu corpo esquartejado e expos to para servir como exemplo de
punição a revoltosos.
� Movimento emancipacionista irrompido na Bahia em 1798,
de caráter popular, republicano, igualitário e abolicionista.
� D
� a) Revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana.
b) Ao contrário das revoltas nativistas, a Revolta dos Alfaiates
apresentou proposta de separação em relação à metrópole.
� O liberalismo defende os governos repre sentativos, a
igualdade jurídica entre os ho mens, além do trabalho livre e
assalariado.
C � E
FRENTE 2
Módulo 1 – Revolução Industrial – Pioneirismo
� Processo de transformações nas forças pro dutivas e nas
relações sociais de produção capitalista, que transferiu a
supremacia do capital comercial para o capital industrial.
Outra definição: Processo de substituição do trabalho
humano e animal por uma máquina.
� a) Primeira fase da produção, quando uma mesma pessoa
compra a matéria-prima, a transforma e põe o produto final
à venda. A produção é do més tica e o artesão utiliza suas
próprias fer ramen tas.
b) Neste momento, buscando aumentar a pro dução, os
artesãos são reunidos em gal pões, onde recebem e
transformam as ma térias-primas ainda utilizando suas
próprias ferramentas. O produto final é recolhido e vendido
por outrem. Cria-se, assim, uma divisão do trabalho: um traz
a matéria-prima ao galpão, o artesão transforma e, outro
recolhe e vende o produto.
c) Na maquinofatura, mantém-se a divisão do trabalho, porém
a atividade de muitos artesãos será substituída por uma
máquina que, por funcionar sozinha, precisa de apenas um
operário para controlá-la.
� Econômicas: Acumulação de capitais resultante do
comércio, da atividade corsária e do tráfico negreiro. Subsolo
rico em minério de ferro (utilizado para a fabricação de
máquinas) e carvão (fonte de energia). Algodão adquirido das
colônias inglesas.
Política: Formação de um Estado liberal burguês
(Parlamentarismo monárquico).
Sociais: Mão de obra abundante e barata oriunda do êxodo
rural provocado pelos cercamentos.
� O setor têxtil.
� Na medida em que estimulavam o trabalho e a
acumulação. Estes se constiuíam em evidências (sinais) da
salvação.
D � C
Módulo 2 – Revolução Industrial –
Consequências
� Em uma sociedade estamental a posição so cial é
determinada pelo nascimento, situação que permanece,
geralmente, inalterada até sua morte. Já uma sociedade
classista é aquela onde a posição social do indivíduo esta
determinada por suas posses; e teoricamnete pode ser
alterada em qualquer momento, permitindo ascen são ou
queda de status.
� A burguesia é a detentora do capital e dos meios de pro -
dução; o proletariado estando despossuído do capital e dos
meios de produção, vende sua força de trabalho para a
burguesia.
� Na segunda metade do século XVIII, a con dição do
trabalhador inglês era pés si ma. As jornadas de trabalho
chegavam a 14 ho ras diá rias; os saláros eram baixís simos; não
havia legislação trabalhista, proteção ao desempregado ou
auxílio doença, nem regula men tação para o trabalho de
crianças e mulheres.
� a) A primeira forma de manifestação operária contrária à
exploração capitalista foi liderada por Ned Ludd, que
considerava a introdução das máquinas no processo pro du ti vo
a causa dos baixos salários e do desem prego. O movimento
acreditava que a mera destruição dos maquinários recon duziria
os trabalhadores à sua condição anterior.
b) Carta enviada ao Parlamento inglês que continha um
conjunto de reivindicações políticas feitas pelo movimento
operário.
c) Associações de trabalhadores (primeiros sindicatos) que lu -
ta vam por melhores salários e condições de tra ba lho, e pela
criação de uma legislação traba lhis ta.
C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:48 Página 98
99HISTÓRIA
� O surgimento do operariado, classe verda deiramente
revolucionária.
E
� A – A afirmativa IV está incorreta porque o capitalismo
liberal (ou concorrencial) foi um dos elementos responsáveis
pelo fim do Sistema Colonial tradicional, vigente nas Américas
desde o século XVI. O neocolo nialismo vigorou, na Ásia e
África, sob a égide do capitalismo monopolista (ou financeiro)
durante meados do século XIX até meados do século XX.
Módulo 3 – Iluminismo e
Despotismo Esclarecido
� Para Locke, os direitos naturais são aqueles que o homem
adquire quando do seu nascimento, a saber: a vida, a liberdade
e a propriedade.
� Montesquieu celebrizou-se pela obra O Espírito das Leis,
publicada em 1748, na qual propugnava a separação dos
poderes em três como única forma de assegurar a liberdade
política.
� Jean Jacques Rousseau, parte da ideia de que os homens,
vivendo ao seu bel-prazer, encontram-se em um estado
(situação) de selvageria (ou de guerra), onde prevalece o poder
do mais forte. A fim de evitar o estado de guerra e permitir uma
convivên cia pacífica (sociedade), os seres humanos devem
estabelecer um Contrato Social, no qual todos devem despojar-
se do poder pessoal e estabelecer a igualdade de direitos. O
governo e a lei desta sociedade serão estabelecidos pela
vontade de uma maioria, aceitos como a representação da
vontade geral.
� Fundamenta-se na liberdade econômica (livre-comércio e
livre-iniciativa), opondo-se aos pres supostos mercantilistas
assentados no intervencionismo estatal.
� A fim de modernizar o Estado absolutista por meio de
reformas superficiais.
D � D
C
� a) Racionalismo, empirismo e experimen ta lismo.
b) Locke e Descartes.
� B
Módulo 4 – Revolução Francesa – das origens
à Revolução Burguesa
� A Revolução Francesa assinala a queda do Antigo Regime,
a ascensão da burguesia ao poder político e a difusão das
ideias burguesas pela Euro pa e América.
� Socialmente, o Terceiro Estado, (composto pela burguesia,
artesãos, camponeses e servos) reclamavam dos privilégios
aristocráticos (clero e nobreza) e buscavam a igualdade jurídica.
� A notícia da destruição da Bastilha propagou-se
rapidamente, aumentando as tensões sociais. Boatos de
origem desco nhecida afirmavam que os aristocratas estavam
aliciando malfeitores para atacar os camponeses. Tais rumores
provocaram uma reação imediata e violenta: bandos de aldeães
passarama saquear e incendiar igrejas e castelos,
assassinando membros da nobreza, pilhando depósitos de
alimentos e destruindo antigos registros senhoriais.
� Girondinos: alta burguesia liberal; jaco bi nos: pequena e
média burguesias, povo, de mocratas; planície: parte da
nobreza e da alta burguesia; montanha: sans-cullottes e
radicais.
� A queda da Bastilha simbolizava a de mo li ção do aparelho
repressor do Estado abso lutista sobre a socie dade, bem como
o início do processo de destruição de todo o Antigo Regime.
C � E
Módulo 5 – Fase popular e Contrarrevolução
Burguesa
� D
� Pelo uso constante e às vezes indiscri mi nados da violência
(guilhotina) para impor as mudanças populares e eliminar as
resis tências ao aprofundamento revolucionário.
� Movimento liderado por Graco Babeuf que pretendia
implantar uma República po pu lar e igua li tária, durante a
contrarre volução bur guesa.
� Golpe que derrubou o governo do Dire tó rio e centralizou o
poder político nas mãos de Napoleão Bonaparte.
� Contexto: fase popular.
Medidas: a lei do máximo, o voto univer sal masculino, a
abolição da escravatura nas colônias francesas.
B � B
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100 HISTÓRIA
Módulo 6 – Era napoleônica
� A reorganização administrativa, fiscal e financeira da
França, assegurando as conquis tas burguesas; a centrali zação
do poder político: e a difusão dos ideais revolucionários pela
Eu ropa.
� Depois do Direito Romano, o Código na poleônico de
Direito Civil cons tituiu a maior fonte do Direito da civi li zação
ocidental ca pi ta lista. O Có di go assegurou os princípios da
Declara ção dos Direitos do Homem e do Ci dadão (1789), de
liberdades indivi duais, igual dade jurídica, Estado leigo e
inviolabilidade da propriedade privada. Pelo Código, a mu lher
ficava submetida ao homem, proibia-se o direito de
associações operárias e restabelecia-se a escravidão nas
colônias (sob pretexto de que era necessária para recuperar a
economia francesa).
� A política externa durante o Império foi marcada pelo seu
expansionismo sobre a Europa e a propagação dos ideais
revolu cio ná rios; pela rivalidade entre França e In glaterra, tendo
como causa a rivalidade industrial e co mer cial, já que a
Revolução Industrial fran ce sa iniciara-se com Napoleão.
� Quando as tropas napoleônicas entravam em um país,
eram saudadas como libertadoras, até perceberem o seu
caráter imperialista, passando a ver Napoleão como invasor e
inimigo nacional.
� Napoleão conso li dou as conquistas bur guesas obtidas
durante a Revolução Francesa.
A � D
Módulo 7 – Congresso de Viena
� Reunião das potências europeias que derrotaram
Napoleão com o propósito de restaurar o Antigo Regime na
Europa.
� Aliança militar formada inicialmente pela Rússia, Prússia e
Áustria a fim de assegurar os interesses reacionários do
Congresso de Viena e combater as revoltas liberais e/ou
nacionalistas que pudessem surgir.
� Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria.
� Foram três reações: a primeira, da Inglaterra, que defendia
a não intervenção da Santa Aliança apoiando as ex-colônias; a
segunda, veio dos Estados Unidos, que no corolário Monroe
também posicionou-se a favor das novas nações latinas; e
Bolivar, que propunha a união dos exércitos das ex-colônias
espanholas para enfrentar a intervenção recolonizadora.
� a) Congresso de Viena.
b) Foi o responsável por formular o “prin cípio Metternich”,
que dava à San ta Alian ça o direito de intervenção em mo vi -
mentos revolucionários bur gue ses.
C � E
A
Módulo 8 – Ideias sociais e políticas do
século XIX
� No século XVI, Thomas Morus, na obra Utopia, apontava a
propriedade como causa da injustiça social. A partir dessa obra,
a palavra utopia passou a ser utilizada para identificar as teorias
que propõem uma sociedade ideal, sem apresentar os meios
de alcançá-la.
� Porque afirmavam que utilizavam as ciências como a
história e a economia para analisar a realidade e propor a
transfor mação social por meio de uma revolução.
� Teoria criada por dois russos, Bakunin e Kropotkin, que
propõe a destruição da pro prie dade privada e do Estado,
negando ainda, toda e qualquer forma de poder.
� Em 1864, realizou-se em Paris a Primeira Internacional
Socialista dos Trabalhadores, uma reunião com o intuito de
organizar a tomada do poder pelo proletariado no mun do
inteiro. A partir de então, os proletários de diversos países
tomaram consciência de suas necessidades e, por meios
reformistas, anár quicos ou revo lucionários, lutaram pelo poder.
� Karl Marx = socialista científico;
Louis Blanc e L. A. Blanqui = socialistas utópicos;
Bakunin e Proudhon = anarquistas.
B
� V V V F – A afirmativa (3) esta incorreta porque não havia
divergência entre os ilumi nistas e liberais, pelo contrário, ambos
se opunham à intervenção do Estado na economia.
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