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1HISTÓRIA História integrada Módulos 1 – Administração Colonial 2 – Economia Colonial – Caracterís ti cas Gerais e Açúcar 3 – União Ibérica e Invasões Francesa, Inglesa e Holandesa 4 – Domínio Holandês e Restauração 5 – Bandeirismo e Interiorização 6 – Mineração 7 – Independência das Treze Colônias 8 – Movimentos Emancipacionistas Im ag e B ro ke r / E as yp ix B ra si l 1 Palavras-chave: Administração Colonial • Capitanias • Foral • Donatário • Gov. Geral • Localismo 1. Início da colonização Após um período de relativo abandono, Portugal altera seus planos para o Brasil e procura desenvolver uma colonização sistemática. Essa mudança se explica por uma série de fatores. Os empreendimentos orientais não eram mais tão lucrativos, em razão da distância e dos seus altos custos de manutenção; os franceses estavam rondando o litoral do Brasil e não aceitavam o Tratado de Tordesilhas, por isso a ocupação das terras era fundamental para garantir a sua posse; naquela época, os espanhóis encontravam metais preciosos na sua parte do Novo Mundo. 2. Regime de capitanias hereditárias A partir de 1534, teve início o referido regime, criado por D. João III, ainda que, desde o início do século, Fernando de Noronha já tivesse recebido uma capitania, a de São João (atual ilha de Fernando de Noronha). Naquela década, o Brasil foi inicialmente dividido em 14 ca pi ta nias, com 15 lotes, doadas a 12 donatários (Martim Afon so recebeu duas partes, e Pero Lopes, três partes). Posteriormente, ocorreram novas subdivisões. Essa forma de administração das terras coloniais já havia sido adota da com sucesso nas ilhas do Atlântico. O regime possuía como bases jurídicas os seguintes documentos: a carta de doação (documento de conces - são e conjunto de deveres dos donatários); e a carta foral (direitos e tributos devidos ao rei, mais os deveres e direitos dos colonos). Segundo os documentos básicos do sistema, os do na tá rios possuíam juris di ção civil de sesmarias; direito de exportar certo número de índios e escravos; di rei to sobre parte de determinados impostos. Por outro lado, pagariam impostos à Coroa, e a capitania era ina lie nável, podendo, no entanto, ser read quirida pelo rei. Tal sistema, de modo geral, fracas - sou, visto que apenas duas capitanias alcan çaram certo desen vol vimento: a de Pernambuco, per ten cente a Duarte Coelho, e a de São Vicente, de Martim Afonso de Sousa, ambas em função da agricultura ca na viei ra e da instala ção de engenhos. Na de São Vicente, houve a Donatário: o recebedor e senhor de uma capitania-geral ou donatária. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 23/10/2020 16:23 Página 1 2 HISTÓRIA ajuda propor cionada pela Coroa; e a de Per nam buco foi favore cida, também, pela exploração do pau-brasil e pela capacidade administrativa de Duarte Coelho, que soube captar a amizade dos chefes indígenas locais. Entre as principais razões do insucesso do regime de capitanias, temos: a falta de recursos eco nô mi cos dos donatários, acarretando o desinteresse pela terra; a vastidão do território recebido em contraste com as obri ga ções e encargos; a hostilidade dos indígenas; a dis tân cia da Metrópole; dificuldades quanto ao clima e à natu re za tropical; e, fundamental men te, a ausência de um órgão centralizador, coordenador das ações dos dona tá rios, por parte da Coroa Portuguesa. A divisão do Brasil em donatárias correspondeu aos interesses lusos de ocupação sistemática do litoral brasileiro. O sistema de capitanias não foi uma forma de feuda - lismo, visto que os donatários deviam grande obediência a um rei absolutista português, sendo, portanto, verda - dei ros agentes metropolitanos ou mandatários reais que admi nis travam as capitanias. A produção agrícola desti - nava-se a um mercado de consumo europeu (extro ver ti - do) vinculado ao desenvolvimento do capitalismo, o que não é uma carac terística do mundo econômico feudal (introvertido). Capitania de São Vicente. O regime de capitanias não foi extinto com a criação do Governo-Geral, em 1548. Paulatinamente, a Coroa foi tomando de volta algumas capitanias, dando origem às Capitanias da Coroa, por meio de compra, confisco, ou em razão do abandono. O regime, como um todo, so - mente seria extinto em 1759, pelo Marquês de Pombal. 3. Governo-Geral Foi criado em 1548, pelo rei D. João III, mas somen - te instalado no Brasil em 1549, em face do fracasso das capitanias. Com a criação do Governo-Geral do Brasil, a coroa portuguesa passou a centralizar os esforços da empresa colonizadora. O governador era nomeado pelo rei por um período de quatro anos, possuindo três auxiliares básicos: o ouvi - dor-mor, encarregado dos negócios da Justiça; o pro ve - dor-mor, dos negócios das Finanças; e o capitão-mor, da defesa do litoral. Todos compunham o deno mi na do Con selho de Governo, que tinha por fina lidade global criar um órgão administrativo centralizador da ação colo - ni zadora. Durante o domínio espanhol (1580-1640), o cargo de governador-geral passou a ser deno mi na do vice-rei; e foi novamente adotado a partir de 1720. Após 1642, com a criação do Conselho Ultramarino, es se órgão ficava encarregado da administração de todas as terras coloniais lusitanas e das nomeações dos cargos Confisco: apreensão de um bem em pro veito do fisco. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 2 3HISTÓRIA do Con se lho de Governo, no Brasil. De acordo com o Regi mento de Tomé de Sousa, de 1548, o obje ti vo básico da criação do novo regime era a centralização administra ti va. Nele, encontramos os encargos básicos do go vernador: fun dar cidades; pacificar os indígenas e punir os revol to sos; construir for tes e fisca li zar os armamen tos, a arreca da ção dos impostos, bem co mo a explo ração do pau-bra sil (mono pólio régio); com ba ter a penetração dos cor sá rios; doar ses ma rias; e pra ti car a justiça superior. Principais governadores-gerais: o primeiro gover - nador-geral foi Tomé de Sousa (1549/53), que em 1549 fundou a primeira cidade, Salvador, contando com a valiosa colaboração de Diogo Álvares Correia ("Cara mu - ru"). Tomé de Sousa trouxe consigo colonos, degredados e seis missionários jesuítas chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega, que, em 1549, fundou o pri mei ro colégio. Em 1551, foi criado o primeiro bispado do Brasil (D. Pero Fernandes Sardinha). Na parte econômica, houve o desenvolvimento da cana-de-açúcar, contando, até mesmo, com a mão de obra escrava negra, e da pe - cuária, com a introdução das primeiras cabeças de gado. O segundo governador foi Duarte da Costa (1553/58), que conheceu durante sua administração inúmeros distúrbios. Houve, em 1555, a invasão fran ce - sa no Rio de Janeiro, comandada por Villegaignon, que fundou a colônia da França Antártica. O filho do governador, D. Álvaro da Costa, entrou em choque com o bispo Sardinha. Este último, chamado pelo rei, quando se retirava do Brasil, naufragou e foi trucidado pelos índios antropófagos caetés. Com a chegada do seminarista José de Anchieta e sob a chefia do Pe. Manuel de Paiva, em janeiro de 1554, os jesuítas fundaram o Colégio de São Paulo de Piratininga, futura vila homônima. A primeira grande invasão francesa ocorreu em 1555, no Rio de Janeiro, onde os franceses estabele ceram uma colônia denominada França Antártica. Os franceses (em número inicial de aproximadamente 600 pessoas) estavam sob o comando do almirante Nicolau Durand de Villegaignon, havendo uma grande participação de huguenotes (calvinistas franceses, que constituíam um dos grupos da oposição político-religiosa na França). Apesar de serem oposicio nistas, receberam apoio do rei Hen - rique II, por meio da mediação do almirante Gaspar de Coligny. Após alguns desenten di mentos entre os huguenotes e os católicos, em 1559, o comando saiu das mãos de Villegaignon, passando para Bois-le- Comte. Os franceses, desde o início, contavam com o apoio dos índios tamoios, que os ajudavam na luta contra a Coroa Portu guesa. Antropófagos: aqueles que comem carnehumana. Oscar Pereira da Silva (1867-1939). Fun da ção de São Paulo. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 3 4 HISTÓRIA O terceiro governador, Mem de Sá (1558/72), em 1560, con se guiu derrotar os franceses, mas estes se refugiaram nas aldeias indígenas, retornando às ilhas da Baía de Guana bara logo depois, a fim de reconstruir a colônia. Em 1563, chegaram reforços de Portugal, coman da - dos pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá, e o movimento de expulsão tomou novo impulso. Aliando-se aos índios temiminós, chefiados por Arariboia, e com a adesão dos jesuítas Nóbrega e Anchieta (que em 1563 haviam conseguido neutralizar a Confederação dos Ta - moios por intermédio do Armistício de Iperoig), Estácio de Sá fundou, em 1o. de março de 1565, a po voação de São Sebastião do Rio de Janei ro (que se tornou, pouco de pois, a segunda cidade do Brasil), para facilitar as ope ra ções contra os invasores. Estácio de Sá, porém, foi feri do mortalmente quando alcançava a vitória em Uru çu-Mirim. A derrota final dos franceses ocorreu, em 1567, sob o comando do próprio governador Mem de Sá. Em 1570, a Coroa nomeou D. Luís de Vasconcelos governador-geral em substituição a Mem de Sá, mas ele não chegou a tomar posse, pois foi morto em alto-mar pelos franceses. Mem de Sá governou até 1572, quando faleceu em Salvador, fato que fez com que o rei D. Sebastião dividisse o Brasil em dois governos. 4. Divisão do Brasil em dois governos A primeira divisão foi de 1572 a 1578 em: Governo do Norte, entregue a D. Luís de Brito e Almeida, com sede em Salvador; e Governo do Sul, entregue a D. Antônio Salema, com sede no Rio de Janeiro. Em 1578, em face do fracasso da divisão, ocorreu uma reuni fica - ção, com a nomeação de um só governador (Lourenço da Veiga). De 1608 a 1612, durante a fase do domínio espanhol, ocorreu uma divisão idêntica à primeira e uma nova reunificação. Em 1621, houve uma nova divisão em dois: Estado do Brasil (capital: Salvador até 1763 e, depois, Rio de Janeiro) e Estado do Maranhão (capital: São Luís e, após 1737, Belém, sendo que o Estado passou a de no mi nar-se Estado do Grão-Pará e Maranhão). A reu nificação, em 1775, foi feita pelo Marquês de Pombal. 5. Câmaras Municipais No âmbito geral do Brasil, o órgão básico era o Con - selho de Governo, mas nas cidades passaram a existir as Câmaras Municipais (ou Conselhos Munici pais), presididas por um juiz e formadas por três verea do res (homens-bons), eleitos por meio de sorteio entre os membros da aristocracia rural. Os juízes eram os escolhidos pela própria cidade (juízes ordinários), ou os denominados juízes de fora, letra dos nomeados para o cargo pela Coroa. O símbolo dessa autonomia adminis trativa municipal era o pelou - rinho, marco construído na praça principal da cidade. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 18:06 Página 4 5HISTÓRIA 6. A Política na Colônia Durante o período colonial brasileiro, de modo geral, encontramos o choque político entre duas forças. De um lado, temos o denominado localismo político, que visa - va a uma descentralização política. Era represen tado pela força dos grandes senhores de terras e es cravos: a aristocracia rural, com interesses regionais divergentes, mas uma uniformização decorrente das pró prias relações de produção e políticas. Essa força local era expressada por meio da ação concreta das Câmaras Municipais, formadas pelos “homens-bons”, isto é, elementos da elite aristocrática rural local. Do outro lado, encontramos o centralismo político, força centrípeta, visando à unidade política, representado pelos órgãos governamentais portugueses e caracterizado pelo fisca lis mo. Tais tendências centralizadoras eram expres - sadas pelo Governo-Geral ou por algum outro órgão gover na mental de funções locais, como a Intendência das Minas. Até meados do século XVII, houve uma relativa coexistência e harmonia entre as duas forças acima ci ta - das; mas, a partir da Restauração Portuguesa (1640), ocor reu um enorme crescimento das forças centrali za - doras, que passaram a expressar o crescente fiscalismo e absolutismo portugueses. A partir desse momento, ocor reu a tendência de um desencontro de interesses entre os colonos e a Coroa Portuguesa. Na administração colonial portuguesa, destaca- se, portanto, o seu caráter eminentemente fiscalista, além de ser incoerente, desordenada, inepta e marcada, até mes mo, por momentos de grande corrupção e pelas superpo sições de órgãos governamentais (e suas funções), acar retando confusão das competências. José Wasth Rodrigues (1891-1957). Paço Municipal, em 1628. 7. O estatuto jurídico da Colônia A base jurídica da Colônia estava assentada num es - ta tuto, idêntico ao da Metrópole, isto é, seguia as deno - mi nadas Ordenações Reais, conjuntos de leis publi ca - das pelo Estado português, que possuíam como carac - terística a ação centralizadora e absolutista. As primeiras foram as Ordenações Afonsinas (1446), alteradas em 1512 pelas Ordenações Manuelinas e, em 1603, pelas Ordenações Filipinas. Tinham por inspiração originária o Código Romano e o direito de Justiniano. 8. Cronologia 1534 – Implantação do regime de capitanias here ditárias. 1549 – Tomé de Sousa, primeiro governador-geral; fundação da ci da de de Salvador. 1553 – Duarte da Costa, segundo governador-geral. 1554 – Fundação de São Paulo. 1555 – Instalação da França An tár tica na Baía da Guanabara. 1558 – Mem de Sá, terceiro gover nador-geral. 1565 – Fundação da cidade do Rio de Janeiro. 1567 – Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Exercícios Resolvidos � (UERJ – MODELO ENEM) – GOVERNO DO ESTADO ACU SA O PREFEITO CESAR MAIA DE DI FAMAR A POLÍCIA EM ARTIGO “O procurador-geral do Estado do Rio, Fran - cesco Conte, pediu ontem à Justiça agilidade no processo aberto na quarta-feira contra o prefeito Cesar Maia, que atacou a política de segu rança pública do governo estadual em artigo publicado no dia 15 de agosto na seção ‘Tendências/Debates’ da Folha.” (Folha de S.Paulo, 24 ago. 2001.) Os conflitos entre as várias instâncias político-ad - ministrativas não constituem um problema ex - clusivo dos dias de hoje. Desde a época colo - nial, cada instância administrativa desejava o poder para si, tornando-se cenário de dispu tas diversas. O seguinte órgão local da admi nis tra - ção constituía-se como espaço de nego cia ção política, no Brasil colonial: a) Câmara Municipal. b) Tribunal da Relação. c) Capitania Hereditária. d) Conselho Ultramarino. Resolução As Câmaras Municipais foram os primeiros orgãos adminis trativos criados no Brasil e, com C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 5 6 HISTÓRIA a implantação do Governo-Geral, a partir de 1548, passaram a lutar constantemente em busca de autonomia. Resposta: A � (UNESP – MODELO ENEM) – “O Brasil foi dividido em quinze quinhões, por uma série de linhas paralelas ao equador que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas, sendo os quinhões entregues (...) [a] um grupo diversificado, no qual havia gente da pequena nobreza, burocratas e comer cian tes, tendo em comum suas ligações com a Coroa.” (Boris Fausto, História do Brasil.) No texto, o historiador refere-se às a) câmaras setoriais. b) sesmarias. c) colônias de povoamento. d) capitanias hereditárias. e) controladorias. Resolução A descrição oferecida pelo texto identifica o sistema de ca pitanias hereditárias, estrutura criada por Portugal, implantada com sucesso nas ilhas atlânticas e que, posteriormente, seria utilizada no Brasil para transferir a parti - culares os custos da colonização. Resposta: D � Do que tratavam as cartas de doação e a foral? RESOLUÇÃO: Na carta de doação, o rei transferia o direito de uso da terra que lhe pertencia. Na foral, estabelecia os direitos e deveres do dona - tário. � Sobre o regime de capitanias hereditárias, respon da: a) quais os fatores que levaram o governo português a im plan - tá-las? b) quais os motivos que as levaram ao fracasso? RESOLUÇÃO: a) O governo queria implantar umsistema que já tinha dado certo nas ilhas atlânticas e transferir os custos da colonização a particulares, garantindo, assim, a posse da terra. b) Ausência de centralização político-administrativa, falta de re - cursos dos donatários, distância da Metrópole e hos ti li da de indígena. Exercícios Propostos C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 6 7HISTÓRIA � (UFRS – MODELO ENEM) – As Câmaras Municipais foram instituições fundamentais em todos os lugares onde houve a presença do Império ultramarino lusitano. Na América portuguesa não foi diferente, pois nas principais aglomerações urbanas elas exerciam um papel político essencial. Considere as seguintes afirmações, referentes à caracte ri za - ção dessas instituições. I. Eram os canais de expressão política das elites locais, dos “homens-bons” residentes nas diferentes vilas coloniais. Atra vés da ocupação dos cargos na Câmara, essas elites expres savam suas demandas junto aos poderes centrais, como os governadores e a própria Coroa. II. Eram órgãos legislativos dedicados à aplicação das Ordenações Filipinas, sendo a eleição para os cargos ca ma - rá rios feita pelo voto direto e democrático do conjunto da po pu lação. III. Eram corpos deliberativos para os quais podia ser elegível a maior parte da população, excetuando-se somente os es - cravos africanos e os indígenas. Qual(is) está(ão) correta(s)? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III. RESOLUÇÃO: A afirmativa II está incorreta, pois as Câmaras Municipais foram orgãos administrativos criados antes da União Ibérica (1580-1640), quando foram implantadas as ordenações filipinas. A escolha dos seus representantes era reservada aos membros da elite, os chamados “homens-bons”. A afirmativa III está incorreta, porque somente os homens-bons poderiam votar e serem votados. Resposta: A � (UFPR – MODELO ENEM) – "O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado por muitos". Essa frase de João Antônio Andreoni (conhecido como Antonil), escrita no seu livro Cultura e opu lência do Brasil por suas drogas e minas, refere-se aos: a) ricos comerciantes que lidavam com os negócios de ex por - tação e importação. b) lavradores assalariados que plantavam a cana-de-açúcar. c) trabalhadores livres dos engenhos: artesãos, barqueiros, capatazes. d) grandes proprietários das fábricas de manufaturas têxteis. e) proprietários das terras que formavam a aristocracia agrária, de grande poder econômico e político. RESOLUÇÃO: Também conhecidos como “homens-bons” ou ainda “homens de cabedal”, ou seja, de posses e riquezas. Resposta: E � Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os mortos é uma prática quase íntima, que diz respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de uma persona lidade conhecida. Entretan to, isso nem sempre foi assim. Para um historiador, os sepulta mentos são uma fonte de informações importantes para que se compreenda, por exemplo, a vida política das sociedades. No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepulta mentos, a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desva lori - zadas, porque o mais importante era a democracia experi - mentada pelos vivos. b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os rituais fúnebres, preocupando-se mais com a sal vação da alma. c) no Brasil Colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas era regido pela observância da hierarquia social. d) na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos. e) no período posterior à Revolução Francesa, devido às grandes perturbações sociais, abandona-se a prática do luto. RESOLUÇÃO: A forte hierarquização da sociedade colonial brasileira transpa - recia não só no posicionamento dos vivos durante os serviços religiosos (os “homens-bons” e suas famílias ocupavam os assentos mais próximos do altar), mas também no dos mortos. Com efeito, os mem bros das famílias influentes tinham suas sepulturas no interior das igrejas, ao passo que os mortos de menor expressão social eram enterrados nos terrenos circun - vizinhos, com uma simples cruz a marcar o local da inumação. Resposta: C C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 7 8 HISTÓRIA 1. Características gerais Em consequência do tipo de colonização desenvol - vida por Portugal no Brasil, uma colônia de exploração, encontramos as características gerais a seguir. Foi uma economia integrada ao sistema capita lis ta nascente, fornecendo ao seu centro produtos vege tais tropicais, alimentos, matérias-primas e miné rios. Conse - quentemente era complementar, especia li za da, alta - mente depen dente do mercado consumidor metro po - litano e basicamente extrovertida, ou seja, de expor tação. Foi caracterizada, também, por ser uma econo mia preda - tória, isto é, altamente desgastante em rela ção aos recursos naturais da colônia. Essa carac te rística de pre - dadora esteve relacionada à própria utilização de prá ticas agrícolas rudimentares, tais como a queimada ou coivara, que acar retaram um rápido es go tamento da terra. O escambo no século XVIII A produção colonial estava baseada na grande pro - priedade monocultora. O surgimento da grande pro - prie dade no Brasil não está relacionado apenas à exi - gência de uma produção em larga escala objetivando o lucro pela exportação de produtos tropicais, mas também a deter mi na dos fatores históricos de origem, como as doações das grandes áreas na forma de sesmarias (pertencentes a deter minada capitania hereditária); à neces sidade de ocupação efetiva do território; e – prin cipalmente – às exigências criadas pela cana-de-açúcar, produto ini cialmente cultivado no Brasil e que se tornou a base da nossa colonização inicial. O referido produto, possuindo uma baixa produti vi dade por unidade ter ritorial de plantio, não seria lucrativo. Necessaria mente, para sê-lo, teve de ser cultivado em larga escala de produção. No Brasil, a grande propriedade domi nan te foi o denominado lati fún dio (gran de pro priedade, carac - terizada pelo uso de muita mão de obra, por técnicas precá rias e por baixa produti vi da de). Em algumas re - giões, como Bahia e Pernam bu co, na épo ca do apo geu da cana-de-açúcar, entre os séculos XVI e XVII, desenvol - veram-se algumas grandes pro prie da des do tipo plan - tation (menos mão de obra, téc nicas mais aperfeiçoa - das e alta produtividade), mas que não chegaram a ter a mes ma produtividade que as famosas plantations da região antilhana. Outra característica ge ral foi a predo minân cia do trabalho escra vo. A implantação des se novo escra vis mo es tá adequada às exi gên cias do sistema capita lista nas - cente e de sua efetivação na periferia do sistema colonial, ou seja, foi fundamental para realizar a acumu la ção de capitais. No Bra sil, a mão de obra es cra va abran geu dois tipos: a indígena (ou escravismo ver me lho); e a negra africana. A primeira, apesar de toda uma reação contrária dos padres jesuítas, foi praticada até 1758, quando ocorreu a abolição do escravismo indígena em face do decreto neste sentido publicado pelo Marquês de Pombal. A mão de obra escrava negra já era adotada pelos portu gueses nas ilhas do Atlântico, sendo, portan to, o tráfico negreiro preexistente ao descobri mento do Brasil (re monta a aproxi - madamente 1440). No Brasil, as primeiras levas de escravos negros foram introduzidas na década de 1530, mas o tráfico negreiro se tornou mais intenso a partir de 1550, com a dina mização da agricul tu ra cana vieira no Nordeste, na Bahia e no Rio de Janeiro. A pre do mi nân cia da escravidão africana explica-se pela alta lucra tividade que este comércio proporcionava ao Estado português, e não pela produtivi da de em relação ao indí gena, como se justificava anti ga mente. Ao che garem ao Brasil, os africanos eram submetidos às mais cruéis formas de submis são. Muitos deles resis tiram a esse trabalhocom - pul sório, por meio de fugas, revoltas, suicídio, mutilações e “corpo mole”. Do século XVI até a abolição do tráfico (1850), foram introduzidos e ficaram no Brasil quase 3.500.000 negros, divididos, basica men te, em virtude de sua origem, em dois grupos: sudane ses e bantos. O último aspecto geral da nossa economia foi o fato de ter sido carac terizada por períodos ou fases, em que se sobressai um “produto-rei ou cha ve”. Tais perío dos econô - micos são chamados por alguns estudiosos de ciclos. 2 Palavras-chave:Economia Colonial – Características Gerais e Açúcar • Sociedade Patriarcal • Pacto Colonial • Escravidão • Açúcar • Pecuária Coivara: ato de queimar mato ou lavoura para limpar o terreno a ser plantado, adu ban do-o com a própria cinza. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 8 9HISTÓRIA 2. Cana-de-açúcar A fase canavieira abrangeu da segunda metade do século XVI até o final do século XVII, e a época do apo - geu do açúcar corresponde ao período de 1570 a 1650. A agricultura canavieira foi o fator que determinou a colonização portu guesa no Brasil e consequen temente a criação de formas político-administrativas aqui desen - volvidas pelo Estado português, como a criação das ca - pitanias here ditárias, dos governos gerais e a intro duç ão do elemento escravo negro. A introdução da cana-de-açúcar por Martim Afonso de Sousa, no início da década de 1530, encontrou uma con juntura favorável externa e internamente. Na Europa, naquela época, havia ocorrido um aumento geral dos preços e um crescimento da demanda, havendo por tan - to um mercado favorável. Interna mente, há diversos fatores explicativos do desenvol vi mento da agricultura cana vi e ira, tais como: a experiência anterior adquirida pelos portugueses nos engenhos instalados nas ilhas do Atlân tico; as condições naturais propícias, principal - mente no Nordeste, onde são encontradas boas carac te - rís ticas cli ma tológicas e pedológicas (solo de massapê do litoral do Nordeste); facilidade de obtenção da mão de obra escra va negra nas colônias portuguesas da Áfri ca; mercado consumidor em expansão, com boa pe ne tra ção dos fla men gos, que eram os principais distri bui dores do produto na Europa; facilidade de aquisição dos capitais flamen gos para o financiamento dos grandes engenhos. Áreas de produção açucareira Na agricultura e no mundo canavieiros, de ve ser des - ta cada a in ten sa par ti cipação dos fla men gos. Estes atua - vam em diversos setores e etapas de produção do açúcar: fi nan ciamento de capi tais; produção de ma te riais pa ra engenhos; transporte do açúcar para a Europa; co - mér cio negreiro; refina ção do açú car e distribui ção do produto nos cen tros consumi dores europeus. Nas principais regiões produtoras – Bahia, Pernam - buco, outras regiões do Nordeste e Rio de Janeiro –, en - con tramos a instalação da unidade produtora, que eram os engenhos. Estes podiam ser basicamente de dois tipos: o engenho – d'água ou real; e o engenho trapi che, movido por força animal (no Nordeste, engenhos deste último tipo também eram chamados de banguês). Em ambos os tipos, eram encontradas as denominadas “casas”, ou seja, espécie de compartimentos que constituíam a grande unidade produtora. Destacavam-se a denominada casa da moenda, a casa das fornalhas e a casa de purgar. Além desses enge nhos, existiam peque nas unidades produtoras: as enge nho cas ou molinetes. No mundo canavieiro, formavam-se diversos tipos de fazendas ou pro priedades. Existiam os engenhos ou a grande propriedade senhorial (latifúndio ou plantation). Nessas grandes fazendas, eram construídas de três a quatro edificações caracterizadoras da época: a ca sa-grande, a senzala, a capela e o engenho pro - priamente dito. Existiam também as fazendas livres, médias e peque nas propriedades, e as denominadas fa - zendas obri ga das. Estas últimas eram tre chos de terras cedidas pelos senhores de engenho a um colono, mediante a obri ga ção deste de moer a cana no engenho central. Na oportunidade, entre 50% e 60% da produção ficavam para o senhor da terra. Esses tipos de propriedades fundiárias estão intima - mente ligados ao apa recimento de camadas e tipos sociais característicos do mundo agrícola do Nor deste (jagun ços, dependentes, cangaceiros etc.). Era em torno dessas propriedades que gravitava toda a vida fundamen talmente rural desses primeiros séculos da História brasileira. Desse mundo é que resul - tou a própria formação social e étnica do Brasil. Nasceu uma sociedade basi camente rural, patriarcal, con ser - va do ra, escravista, em crescente miscigena ção com os elemen tos indígenas e negros e rigidamente estrati - fi cada, ou seja, com pouca mobilidade social. A economia canavieira pode, portanto, ser caracteri - zada pela existência da grande propriedade escravista; pela aplicação de grande capital inicial (de inves timento normalmente estrangeiro); pela grande concentração de renda nas mãos senhoriais; e pela baixa produtividade, em face das técnicas rudimentares de pre paro do solo. Na segunda metade do século XVII, teve início o Flamengo: o mesmo que holandês, ou batavo. Casa de purgar: local onde se drenava a massa pastosa para separar o açúcar do melaço. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 9 10 HISTÓRIA processo de decadência da produção canavieira. Suas principais causas estão relacionadas ao aumento da concorrência, caracterizada pelo aumento da produção da região anti lhana, fato este estreitamente rela cio na do à introdução de capitais e melhores técnicas imple men - tadas pelos holandeses, que em grande parte tinham sido expulsos do Nordeste do Brasil, em 1654. Outros fatores atuaram na decadência: a queda de preços do produto no mercado europeu, acompanhada de uma crise econômica nas metrópoles, fato que veio a reduzir o consumo. A decadência abrangeu a segunda metade da quele sé cu lo de tal forma que, ao chegar ao século XVIII, o Brasil, que havia sido o primeiro exportador mundial de açúcar, passou a ocupar a quinta posição. A cana-de-açú - car somente recuperou uma posição considerável um século depois, ou seja, no final do século XVIII, com a decadência da mineração do ouro. 3. Atividades subsidiárias Entre as principais atividades subsidiárias, encon - tramos a agricultura de subsistência e a pecuária. Agricultura de subsistência Atividade independente do setor exportador, com predominância de pequenas e médias propriedades que se utilizavam de mão de obra livre, do agregado e princi - pal mente do pequeno arrendatário de terras. Nesse setor, havia uma pequena produtividade e um baixo nível de renda. A produção de gêneros de subsis tência – mandioca, milho, batata, cará, arroz e inhame – des tinava-se funda - men tal mente ao consumo nos engenhos e aos centros urbanos, como o ocor rido na época da mineração. Pecuária A principal fina lida de do gado intro du zi do no Brasil, desde o século XVI, era sua uti lização como força mo - triz, como animal de tra ção e transporte (ani mal de tiro), e em segundo plano é que se des ti nava à alimen - ta ção por meio da pro du ção das carnes em conserva: car ne-seca, carne de sol e o char que do Sul do Brasil. A pecuária foi uma atividade subsidiária ou à grande lavoura de exportação, como a da cana, ou à mineração e centros urbanos, a partir do século XVIII. As principais re giões pecuaristas foram: • Sertão do Nor des te e Vale do São Fran cisco. Nessas regiões a mão de obra da pe cuária extensiva, de baixo índice técnico, era livre, represen ta da pelos vaqueiros e seus auxiliares, os "fábricas". Advinda do sertão do Nordeste, a pecuá ria atingiu a região do Maranhão, Piauí e o Vale do Rio São Francisco, cogno - minado de o Rio dos Currais, onde ocorreu a formação de grandes fazendas pecuaristas em face das melhores condições naturais de pasto, água e sal- gema (séculos XVI e XVII). • Outra região foi o sul de Minas Gerais, onde era encontrada uma pecuária com técnica superior, fazendas com cercados, pastosmais bem cuidados, rações extras para o gado e a utilização da mão de obra escrava. O grande merca do era representado pelas zonas urbanas mineradoras, o que provocou uma di - versificação da pro du ção: gado bovino, muar, suíno, caprino e equino (sé cu lo XVIII). • Campos Gerais, correspondendo ao interior de São Paulo e Paraná, foi outra região de pecuária, com a produção de animais de tiro para a região mine - radora, no século XVIII. Há predominância da mão de obra livre, cons tituída de tropeiros. • A última região foi o Rio Grande do Sul, que, desde o século XVIII, com a colonização açoriana, iniciou a criação de gado. Mão de obra predominan - temente livre, mas havendo paralelamente a utilização de es cra vos negros e indígenas nas missões jesuíticas. Desen volvi men to da indústria do charque e da criação de gado bovino, muar, equino e ovino. Expansão territorial provocada pela pecuária (século XVIII) Rio Ama zona s Belém Fortaleza Natal Jaguaribe Salvador Jaguaçu São Luís R io A ra gu ai a R io Sã o Fr an ci sc o R io To ca n tin s Rio Paraíba Rio Tietê Rio Paranapanema Rio de Janeiro Santos São VicenteCuritiba Uruguai R io P ar an á P ar ag ua i OCE ANO ATLÂ NTIC O PECUÁRIA Atividades subsidiárias: atividades de segunda impor tância que reforçam aquelas que são principais, de apoio ou complementar. Agricultura de subsistência: agri cul tura de produtos desti na dos ao sustento cotidiano. Força motriz: aquela que tem a capaci dade de mover. Tropeiros: aqueles que conduziam as tropas de animais. Charque: carne de vaca salgada e em mantas. Muar: mulas. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 10 11HISTÓRIA � (UEL – MODELO ENEM) – Examine o quadro abaixo. (Johann Moritz Rugendas, Família de Plantador, 1812. In L. de M. Souza (org.) História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Compa nhia das Letras, 1997, p. 100.) Com base nesse quadro, que retrata o interior de uma residên cia abas - tada do mundo rural, é correto afirmar: a) Nas moradias mais ricas, os escravos eram impe di dos de con viver com as crian ças bran cas nos apo sen tos da casa. b) Nos primeiros sé cu los da colonização, as ca sas mais abas tadas pos suíam um mo biliário lu xuoso que aco mo dava confortavelmente os mo radores. c) Por se tratar de uma so ciedade sem estra ti fi cação social, o convívio entre bran cos e negros decorreu sem maiores tensões, favo recen - do reuniões permeadas de cordialidade. d) Os moradores da colônia deram grande importância à privacidade, separando, para tanto, as mulheres do convívio com escravos e demais membros da família. e) Embora existissem domicílios de vários ti pos de norte a sul da colônia, eram inevitáveis a presença de escravos e a sua con vi - vência com os senhores e demais membros da família. Resolução Os escravos eram os braços e pernas dos senhores de engenho, afinal, para os brancos, o trabalho braçal era consi de ra do aviltante. A depreciação do trabalho foi um dos elementos formadores do pen - samento social brasileiro. Resposta: E � (PUC-RIO – MODELO ENEM) – “Cos tu mam alguns senho res dar aos escravos um dia em cada semana para plantarem para si, mandando algumas vezes com eles o feitor para que não se descuidem. E isto serve para que não padeçam fome, nem cerquem cada dia a casa de seu senhor pedindo-lhes a ração de farinha. Porém não lhes dar farinha nem dia para a planta rem, e querer que sirvam de sol a sol no partido, de dia e de noite com pouco descanso no engenho, como se admitirá no Tribunal de Deus sem castigo?” (Antonil. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. 1711.) A partir da citação anterior e de seus conhe ci mentos sobre a sociedade colonial da América Portuguesa, examine as afirmativas a seguir. I. Na sociedade colonial, o prestígio social residia em ser senhor de terras e de homens, e a possibilidade de riqueza vinha da atividade comercial. II. Os senhores de engenho permitiam que alguns de seus escravos possuíssem uma lavoura de subsistência, inclusive com direito à venda de excedentes. III. Apesar da violência que marcava o coti dia no dos enge nhos, os escravos conse gui ram, em certa medida, criar e recriar laços cul - turais próprios, vários deles herdados de suas raízes africanas. IV. Diante do risco de punições pelos se nho res – surras, aprisio namen - to com correntes de ferro, aumento do trabalho etc. – as tentativas de fugas escravas diminuíram ao longo do período colonial. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas I e III estão cor retas. c) Somente as afirmativas I, II e III estão cor retas. d) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. Resolução A afirmativa IV está incorreta, porque as fugas de escravos não cessaram, apesar de todo o aparato repressivo, estruturado pelos se nhores. Resposta: C 4. Cronologia 1533 – Fundação do Engenho do Governador ou dos Erasmos, em São Vicente, por Martim Afonso de Sousa. 1534 – Introdução do gado na capitania de São Vicente. 1535 – Primeiro engenho de açú car em Olinda. 1538 – Chegada ao Brasil dos pri mei ros escravos africanos. 1568 – Início do tráfico regular de escravos negros para o Nordeste do Brasil. Exercícios Resolvidos C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 11 12 HISTÓRIA � No Nordeste brasileiro colonial, compare as áreas de produção açuca reira e pastoril. RESOLUÇÃO: O açúcar era produzido no litoral nordestino, com trabalho escravo e voltado para o mercado externo. A pecuária ocupava o interior, utilizava trabalho livre e era voltada para o mercado interno. � Explique a importância dos flamengos na agromanufatura do açúcar. RESOLUÇÃO: Os flamengos praticavam o tráfico negreiro, produziam materiais para os engenhos e distribuiam o açúcar na Europa. � (FUVEST-FGV) – A escravidão indígena adotada no início da colonização do Brasil foi progressivamente abandonada e substituída pela africana, entre outros motivos, devido a) ao constante empenho do papado na defesa dos índios contra os colonos. b) à bem-sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios. c) à completa incapacidade dos índios para o trabalho. d) aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos capitais particulares e à Coroa. e) ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem para o Brasil em busca de trabalho. RESOLUÇÃO: Antigamente, explicava-se a escravidão pela resistência física do negro e sua melhor adaptação ao trabalho agrícola. Resposta: D O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras. (CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.) Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar início à colonização brasileira, em virtude de: a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito vanta joso. b) os árabes serem aliados históricos dos portugue ses. c) a mão de obra necessária para o cultivo ser insuficiente. d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização desse produto. e) os nativos da América dominarem uma técnica de cultivo semelhante. RESOLUÇÃO: Devido ao fracasso do comércio de especiarias, tornado evidente por volta de 1530, a Coroa Portuguesa decidiu iniciar a colonização do Brasil, com base na grande lavoura de exportação (fator de fixação de colonos no território brasileiro, facilitando a defesa contra eventuais ataques estrangeiros). Optou-se pelo cultivo da cana-de-açúcar porque o produto resultante alcançaria preçosvantajosos nos mercados europeus. Além disso, Portugal já dominava as técnicas do plantio de cana e da produção de açúcar, já praticados nos Açores, Madeira e Cabo Verde. Resposta: A Exercícios Propostos C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 12 13HISTÓRIA � (UFC – MODELO ENEM) – Leia o texto a seguir. “A barbarização ecológica e populacional acompanhou as marchas colonizadoras entre nós, tanto na zona canavieira quanto no sertão bandeirante; daí as queimadas, a morte ou a preação dos nativos. Diz Gilberto Freyre, insuspeito no caso porque apologista da colonização portuguesa no Brasil e no mundo: 'O açúcar eliminou o índio'. Hoje poderíamos dizer: o gado expulsa o posseiro; a soja, o sitiante; a cana, o morador. O projeto expansionista dos anos 70 e 80 foi e continua sendo uma reatualização em nada menos cruenta do que foram as incursões militares e econômicas dos tempos coloniais”. (Alfredo Bosi. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 22.) A partir da leitura do texto, pode-se concluir, corretamente, que a) os princípios republicanos garantiram, no século XX, uma ocupação territorial, feita com base na realocação econômica, nos centros urbanos, dos sujeitos expulsos pelas novas atividades implantadas no interior do país. b) o impacto ambiental e social das atividades econômicas implantadas é um problema que surgiu recentemente, a partir da mecanização das práticas agrícolas e pastoris. c) a marginalização social e econômica de alguns grupos constitui um dos efeitos das atividades econômicas desen - volvidas no Brasil desde o período colonial. d) o desenvolvimento da atividade açucareira na colônia alterou as condições naturais do território, ao introduzir o plantio em áreas extensas, o que reverteu em ganhos para as comunidades locais. e) a introdução de atividades modernas, desde a colônia, vem substituindo a ocupação predatória do meio ambiente, pelos nativos, por outra mais racional que, ao otimizar os recursos naturais, garante sua renovação. RESOLUÇÃO: A lógica capitalista (de acordo com o pensamento marxista) pro - duz o enriquecimento de alguns e gera inevitavelmente a pobreza de outros. Resposta: C ”Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos. E esta desco berta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos.” (R. Slenes. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92. Adaptado.) Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a experiência da escravidão no Brasil tornou possível a a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira. b) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias. c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos. d) manutenção das características culturais específicas de cada etnia. e) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas. RESOLUÇÃO: A alternativa corrobora as afirmações do texto, nas quais o brazilianist Robert Slenes detecta, entre os escravos negros trazidos para o Brasil, o surgimento de uma identidade cultural forjada por sua própria condição de escravos. Essa unidade africana sobrepôs-se às diferenças etnoculturais das diversas - populações transplantadas do continente negro para o Brasil. Resposta: A � ”Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Salvador padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez, servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.” (A. Vieira. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951. Adaptado.) O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos bra - sileiros. b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana. c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios. d) o papel dos senhores na administração dos engenhos. e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar. RESOLUÇÃO: O Padre Antônio Vieira – o maior orador sacro da língua portu - guesa – estabelece um paralelismo entre a Paixão de Cristo e o sofrimento dos escravos nos trabalhos da produção de açúcar no Brasil Colônia. E, embora demonstre compaixão pelos maus-tra - tos infligidos aos cativos, o jesuíta encerra sua fala con cla mando os negros a ter paciência, pois sua resignação os aproxi maria ainda mais do martírio de Jesus. Ou seja, os métodos de trabalho vigentes são criticados duramente, mas o sistema escra vista acabava sendo admitido. Resposta: E C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 13 14 HISTÓRIA 1. A União das Coroas Ibéricas Esta fase é conhecida pelas denominações de Perío - do Habsburgo, Filipino, União Ibérica ou Domínio Espa - nhol. Após a morte de D. Sebastião I, em 1578, em Alcácer Quibir, no norte da Áfri ca, o trono português (de 1578 a 1580) ficou com seu tio-avô, o cardeal D. Hen ri - que, que veio a falecer nesta última data. Felipe II, rei da Espanha, era o parente mais próximo com direito a ocupar o trono. Contando com o apoio da nobreza e da burguesia por tuguesa, ordenou ao duque de Alba, em 1580, a invasão de Portugal. Entre as consequências da união das Coroas Ibé ri - cas, destacam-se a constituição de um grande Império Colo nial Ibérico, que provocou, entretanto: o desman te - la men to do Império Luso no Oriente; e a formação da “Invencível Armada”, que, diante da sua derrota, em 1588, não só acarretou uma grande decadência militar em Portugal, como também arrastou este país para os conflitos desastrosos com a Inglaterra, a França e princi - palmente a Holanda. Apesar do domínio espanhol em Portugal, este manteve sua autonomia adminis tra tiva, mas foi atingido por uma grande crise econô mica. Outra consequência foi o fecha men to dos portos ibéri cos aos navios flamengos, inclu sive nas colônias, boi co tando desta forma o comércio açucareiro. Tal boicote e con fis - co dos navios flamengos acar retaram as invasões ho lan - desas no Brasil e em outras colônias por tu guesas, onde a Holanda tinha capitais investidos. No Brasil, além desses fatos, ocorreu a su pres são tempo rá ria dos li mi - tes de Tordesilhas, a expan são territorial, a interrupção do tráfico negreiro devido às inva sões holan desas e o consequente incremento da escra vi dão indígena. 2. Ataques e invasões Entre os fatores básicos que justificam as inva sões e ataques estrangeiros ao Brasil, encontramos, ini cial - mente, a estipulação do Tratado de Tordesilhas (junho de 1494), firmado entre Espanha e Portugal, a partir do qual ocorreu uma marginalização da Inglaterra, da França e da Holanda em relação à partilha das terras recém-conquis - ta das, provocando por parte desses países diversas repre sá lias. Em um segundo momento, temos a União das Coroas Ibéricas (1580-1640), que provocou uma grande reação daqueles países aos monopólios ibéricos Boicote: punição feita, geralmente, em represália, recu san do manter relações co merciais ou sociais. Invasões e ataques estrangeiros: presen ça em território brasileiro de indi víduos que não eram de naciona li da de por tu gue sa, com vistas ao saque e à posse de terras. Extensão do Império Espanhol 3 Palavras-chave:União Ibérica e Invasões Francesa, Inglesa e Holandesa • Império Luso-Espanhol • Dom Sebastião • Corsários • França Equinocial • Guerra Brasílica C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 14 15HISTÓRIA estabe le cidos em relação ao comércio e à navegação coloniais. As principais invasões e ataques empreen - didos por Inglater ra, França e Holanda ocor reram durante o domínio espa nhol (relacionando-se com as rivalidades da política euro peia) e arrastaram Portugal nos desastrosos conflitos que envolviam a Espanha. 3. As invasões inglesas Desde a década de 1530, havia um comércio ilícito mantido pelos ingleses diretamente com os indígenas. Tal fato constituiu a causa básica dos ataques ingleses, que objetivavam o saque praticado por piratas, corsários e almirantes ingleses, principalmente na fase do governo da rainha Elizabeth I (Isabel). Em 1583, o almirante Edward Fenton entrou em Santos, mas foi repelido. Em 1586, entretanto, Thomas Cavendish, na noite de Natal, ocupou a Vila de San tos, saqueando-a e exigindo o pagamento de um resgate. No ano seguinte, tentou um novo ataque a Santos, mas sem sucesso. Em 1587, ocorreu um ataque fraca s sado à cidade de Salvador, chefiado por Robert Withrington e Lister. Em 1595, nova expedição, comandada pelo inglês James Lancaster, tendo a participação do corsário francês Venner, atacou com grande sucesso o povoado de Recife. 4. As invasões fran cesas Desde o período pré-colonial já ocorriam in cur sões francesas, prin ci pal mente no litoral do Nordeste e do Rio de Janeiro, onde prati ca vam o contrabando do pau-brasil e con ta vam com a colabo ra ção indí gena. A França Equi no cial (Maranhão – 1612-1615) A segunda ten ta tiva de se formar uma colônia francesa no Brasil foi no Ma ranhão. A origem des sa colô - nia re mon ta ao ano de 1594, quando alguns náu fra gos franceses, li de ra dos por Jacques Riffault, es ta be le ce - ram-se na região. Um outro francês, Charles de Vaux, que havia sido aprisio na do no Ceará, regres sou à França e difun diu a ideia de ser cri a da uma colônia fran ce sa na região do Ma ranhão, área ain da a ban donada. Em 1612, chegou ao Ma ra nhão uma expedi ção co man dada pelo nobre Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière, contan do com a participação de diversos outros fidalgos. Os franceses estabeleceram as bases da colônia, que recebeu o nome de França Equinocial, sendo, em 1612, fundado o Forte de São Luís (futura cidade). A expulsão dos franceses ocorreu em 1615, após um acordo firmado entre eles e os portugueses (estes últimos não o cumpriram). Ataques de corsários ao Rio de Janeiro (1710-1711) Esses ataques es tão relacionados à co bi ça des per - tada pela Fran ça sobre o ouro que saía pelo porto do Rio de Ja nei ro e a um pretexto que está vinculado à posição de Portugal, contrário às pretensões do rei francês Luís XIV, na Guerra de Sucessão da Espanha. Em repre sá lia a tal postura, em 1710 foi organizado um ataque ao Rio de Ja nei ro, sob o comando de Jean Duclerc, que foi der rota do, preso e posteriormente assassinado por motivos par ticulares. Em 1711, ocorreu um novo ataque, desta vez sob o comando de Duguay-Trouin, corsário vincula do ao rei da França, o qual, em poucos dias, contando com 18 navios, apossou-se da cidade, que foi enorme mente saqueada, e exigiu tam bém um vultoso resgate pago em ouro. Áreas ocupadas pelos franceses no Brasil A presença francesa e a conquista do litoral do Norte-Nor deste Algumas regiões do Norte e do Nordeste do Brasil tiveram seu povoamento iniciado devido aos ataques realizados pelos portugueses contra as bases francesas estabelecidas no litoral dessas regiões. Tal foi o caso da Paraíba, onde os portugueses, para expulsar os fran ce ses, em 1584, fundaram, por meio Corsário: piratas que possuíam a “Carta do Corso”, uma auto ri zação para realizar ataque contra nações inimigas. Contrabando: comércio de mercadorias sem o paga mento de direitos. Equinocial: antiga denominação da Linha do Equador. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 15 16 HISTÓRIA de Frutuoso Barbosa, o Forte de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, que veio a dar origem à terceira cidade do Brasil (atual João Pes soa). Nessa região, os portugueses contaram com o apoio dos índios tabajaras, chefiados por Piragibe. Outra região foi a do Rio Grande do Norte, onde, em 1597, Jerônimo de Albuquerque fundou o Forte dos Reis Magos (atual cidade de Natal) para fazer frente aos fran ceses, que já há algum tempo faziam da região seu reduto. Os índios potiguares davam grande apoio aos invasores. Na região do Ceará, ocorreram fatos idênti cos, pois os franceses constantemente frequen tavam seu litoral. Em 1603, Pero Coelho iniciou os ata ques aos fran ce ses e indí genas, mas não foi bem-suce dido. A con quista ocorreu em 1611, com Mar tim Soares Moreno (fun dador de Forta le za). Todos esses fa tos estão inseridos na História da conquista das regiões seten trio nais do Brasil. 5. As invasões holandesas As relações mantidas por Portugal com os Países Baixos eram bem intensas antes da própria colonização do Brasil. Na análise da economia colo nial brasi leira foi desta ca do o papel de grande importância dos holan de ses na montagem da em pre sa canavieira coloniza dora, na quali da de de fi nan ciadores, trans por - tadores, refina dores e dis tri bui do res do açúcar do Brasil no mercado europeu. Foi des ta cado também o papel que desem pe nha vam no denominado "comércio triangular" entre Europa, África e Brasil (incluindo o tráfico negreiro). O iní cio da União Ibérica, entre tanto, veio modificar enor me mente este qua dro, na medida em que a situação po lí tica entre os dois países se alterou so bre ma neira em virtu de dos decretos pu bli - cados pelo rei Fili pe II da Espa nha, boi co tan do o co - mér cio açucareiro fla mengo com o Brasil. A invasão holandesa na Bahia (1624-1625) Vinte e seis navios da WIC, com 3.300 ho mens, sob o comando de Jacob Willekens, tendo o des ta que do almi ran te Pieter Heyn e do governador Johan van Dorth, inva di ram a Bahia. Esta foi es colhida por ser um grande centro pro du tor de açúcar e a capital da colônia. A notícia da vinda dos holandeses já havia sido anunciada, mas, apesar de um rela tivo preparo para a chegada destes, o governador Diogo Mendonça Furtado não conseguiu evitar a queda de Salvador. A população, sob a liderança do bispo D. Marcos Teixeira, retirou-se para o interior, onde organizou diversos grupos de guerrilhas. Os portu gue ses receberam, logo depois, a ajuda de Matias de Albuquerque, proveniente de Pernambuco. O movimen to de guerrilha dos habitantes locais teve sucesso e a situa ção dos holandeses tornava-se cada vez mais problemática. Tornou-se insustentável quando chegou à Bahia uma imensa esquadra luso- espanhola (aproxima damente 12 mil soldados) organi - zada pelo rei Filipe IV e co mandada por D. Fradique de Toledo Osório. Em 1625, os holandeses eram derrotados e ex pul sos da Bahia – episó dio que ficou co nhe cido como Jor na da dos Vassalos. Em 1628, entretanto, Pieter Heyn atacou barcos es pa nhóis car rega dos de prata nas Antilhas. Este e outros ataques (como um novo saque ao porto de Salvador, em 1627) cria ram condições para a WIC se reestruturar e preparar um novo e maior ataque, agora em uma região menos protegida e a maior produtora de açúcar do Brasil. Invasão e conquista dos holandeses no Nordeste A invasão holandesa em Pernambuco (1630-1654) Com 56 navios gran des e 7.300 soldados, a WIC realizou a sua se gun da invasão, agora sob o comando de Diederik van Waerdenburgh e Hendrick Lonck. Os 400 soldados de Pernam bu co nada puderam fazer diante de tão desigual situação. Dessa forma, os holandeses não en con traram resistência pa ra penetrar na capitania (fe ve rei ro de 1630). O governador dePernambuco, Matias de Albu quer que, deu ordem de retirada à popu la ção, incendiando os armazéns e navios e realizando a fuga mais para o interior ("fuga da terra arrasada"). Nesse local organizaram a resistência, formando o famoso Arraial do Bom Jesus. O movi - mento guerrilheiro que reunia senhores de engenho, Regiões setentrionais: refere-se a re giões do Norte. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 16 17HISTÓRIA 6.Cronologia 1578 – Morte do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer Quebir, na África. 1580 – Morte do cardeal-rei D. Hen rique; extinção da Dinastia de Avis e início da União lbérica (Do - mínio Filipino). 1588 – Derrota da “Invencível Ar ma da”. 1591 – Thomas Cavendish sa queia Santos e São Vicente. 1595 – James Lancaster saqueia o Recife. 1602 – Criação da Companhia Holandesa das Índias Orientais. 1612 – Fundação da França equi no cial. 1621 – Criação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. 1624 – Invasão holandesa na Bahia. 1630 – Invasão holandesa em Per nam buco. � (UFMG – MODELO ENEM) – Analise este quadro: Evolução do número de engenhos de açúcar em cada Capitania (Francisco Bethencourt; Kirti Chauduhuri. História da expansão portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998, p. 316.) A partir dessas informações sobre a evolução do número de engenhos açucareiros no Brasil, entre 1570 e 1629, é correto afirmar que a) a expulsão dos holandeses da Bahia pro vo cou a retração da produção açucareira nessa Capitania. b) a invasão holandesa no Nordeste açucareiro destruiu a base produtiva instalada pelos por tugueses na região. c) a substituição do trabalho escravo indígena pelo africano não alterou a produção de açúcar na região de São Paulo. d) a expansão da área açucareira em Pernam buco ocorreu, de forma significativa, durante o período da União Ibérica. Resolução A União Ibérica (1580-1640) foi o período em que Portugal e Espanha estavam sob o domínio Habsburgo. Obs.: Pela tabela se observa um crescimento nas capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Pa raí ba entre os anos de 1612 e 1629, portanto an terior à invasão holandesa de Pernambuco (1630-54). Resposta: D � (MODELO ENEM) – “Em 1580, instalou-se uma crise sucessória em Portugal. Em 1578, o rei Dom Sebastião I morrera na batalha de Alcacer-Quibir, no Marrocos contra os mouros, no norte da África, não deixando herdeiros. Assumira o trono português, como regente, o cardeal Dom Hen ri que, seu tio-avô, que morreu em 1580. Extinguia-se com ele a dinastia de Avis. Vários candidatos, por ligações de paren - tesco, apre sen taram-se para a sucessão. Felipe II, rei da Espanha, por ser neto de Dom Manuel, o Venturoso, e tio de D. Sebas tião, julgava- se o candidato com mais direito ao trono português. Assim, as forças espanholas invadiram Por tu gal, em 1580, e Felipe II tomou a Coroa por tuguesa, unindo Portugal e Espanha. Este fato ficou conhecido como União Ibérica, que se estendeu até 1640.” (Disponível em: <http://brasil-imperio.blogspot.com/2009/01/unio- ibrica-e-expanso-oficial-do-brasil.html>. Acesso em: 14 ago. 2009.) Sobre a União Ibérica, é correto afirmar: a) A morte de D. Sebastião levou imediata men te a um suces sor espanhol. b) D. Felipe II era sobrinho de D. Sebastião. c) Em 1578 começa a União Ibérica e se encerra em 1640. d) A dinastia de Avis continua a existir com D. Felipe II. e) União Ibérica foi a união entre Portugal e Espanha sob o comando de Felipe II. Resolução Com a crise sucessória em Portugal, provocada pela falta de um herdeiro luso direto, o rei da Espanha impôs o seu comando sobre Portugal. Esse período se estendeu de 1580 até 1640. Resposta: E Capitania 1570 1503 1612 1629 Pará, Ceará, Maranhão – – – – Rio Grande – – 1 – Paraíba – – 12 24 Itamaracá 1 – 10 18 Pernambuco 23 66 99 150 Sergipe – – 1 – Bahia 18 33 50 8 Ilhéus 8 3 5 4 Porto Seguro 5 1 1 – Espírito Santo 1 6 8 8 Rio de Janeiro – 3 114 60 São Vicente, Santo Amaro 4 6 – – Total 60 118 201 350 escravos, índios e a popu lação de Olinda e Recife denominou-se Guerra Brasílica. O Arraial do Bom Jesus conseguiu algumas vitórias, mas em abril de 1632 Domingos Fernandes Calabar, profundo conhecedor da região e participante do “Arraial”, deixou de apoiar os portugueses e se uniu aos invasores, denunciando o local do centro de resis tên cia. O Arraial do Bom Jesus foi der rotado e os holan deses estenderam suas conquis tas para outras regiões do litoral nordestino, desde o Rio Grande do Norte até a Paraíba. Matias de Albuquerque ordenou a retirada para Alagoas e no caminho retomou Porto Calvo, onde der rotou os holandeses. Aprisionou Calabar e mandou execu tá-lo. Essas vitórias, en tre - tanto, foram infrutíferas, pois os holan de ses obtiveram uma vitória funda men tal em Mata Redonda. Em 1637, a WIC entregou a adminis tração do Brasil holandês ao conde João Mau rício de Nassau. Exercícios Resolvidos Arraial: acampamento, especialmente de tropas. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 17 18 HISTÓRIA � Quais motivos levaram à formação da União Ibérica? RESOLUÇÃO: Após a morte de D. Sebastião (rei de Portugal), Felipe II (rei da Espanha), que era parente mais próximo com direito a ocupar o trono, ordenou a invasão de Portugal e uniu as coroas ibéricas. � Quais as consequências da União Ibérica para o Brasil? RESOLUÇÃO: Anulação do Tratado de Tordesilhas, interrupção do tráfico negreiro e invasões inglesas, francesas e holandesas. � Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma peça para teatro chamada Calabar, pondo em dúvida a reputação de traidor que foi atribuída a Calabar, pernambucano que ajudou decisivamente os holande ses na invasão do Nordeste brasileiro, em 1632. “– Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal, nação que explorava a colônia onde Calabar havia nascido? Calabar, mulato em uma sociedade es cra vista e discri mi - natória, traiu a elite branca?” Os textos referem-se também a esta personagem. Texto I: “...dos males que causou à Pátria, a História, a inflexí - vel História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os séculos”. (Visconde de Porto Seguro. In A. Souza Júnior. Do Recôncavo aos Guararapes. Rio de Janeiro: Bibliex, 1949.) Texto II: “Sertanista experimentado, em 1627 procu rava as minas de Belchior Dias com a gente da Casa da Torre; ajudara Matias de Albuquerque na defesa do Arraial, onde fora ferido, e desertara em consequência de vários crimes praticados...“ (os crimes referidos são o de contrabando e roubo). (P. Calmon. História do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.) Pode-se afirmar que: a) A peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e chegam às mesmas conclusões. b) A peça e o texto I refletem uma postura tolerante com relação à suposta traição de Calabar, e o texto II mostra uma posição contrária à atitude de Calabar. c) Os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de Calabar, e a peça demonstra uma posição indiferente em relação ao seu suposto ato de traição. d) A peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição de Calabar, ao contrário do texto I, que conde na a atitude de Calabar. e) A peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto I atribui a Calabar, enquanto o texto II des creve ações positivas e negativas dessa perso na gem. RESOLUÇÃO: A alternativa se explica por si mesma. Deve-se apenas observar, para esclarecimento, que o texto de Rui Guerra e Chico Buarque foi escrito num contexto de oposição ao regime militar brasileiro e seus valores, que enfatizavam a visão tradicionalista e ufanista de nossa História. O visconde de Porto Seguro representa esse mesmo pensamento tradicional, inserido na estrutura conserva - dora do Segundo Reinado. Já Pedro Calmon – um historiador do século XX – demonstra uma visão mais objetiva a respeito do personagem Calabar. Resposta: E � ”Quando tomaram a Bahia, em 1624-5, os holandeses promoveram também o bloqueio naval de Benguela e Luanda, na costa africa na.Em 1637, Nassau enviou uma frota do Recife para capturar São Jorge da Mina, entreposto português de comércio do ouro e de escravos no litoral africano (atual Gana). Luanda, Benguela e São Tomé caíram nas mãos dos holandeses entre agosto e novembro de 1641. A captura dos dois polos da eco nomia de plantações mostrava-se indispensável para o imple mento da atividade açucareira.” (L.F. Alencastro. Com quantos escravos se constrói um país? In Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, ano 4, n. 39, dez. 2008. Adaptado.) Os polos econômicos aos quais se refere o texto são a) as zonas comerciais americanas e as zonas agrícolas africanas. b) as zonas comerciais africanas e as zonas de transfor mação e melhoramento americanas. c) as zonas de minifúndios americanas e as zonas comer ciais africanas. d) as zonas manufatureiras americanas e as zonas de en - treposto africano no caminho para a Europa. e) as zonas produtoras escravistas americanas e as zonas africanas reprodutoras de escravos. RESOLUÇÃO: A produção açucareira do Nordeste brasileiro neces sitava de mão de obra escrava. Para a Companhia das Índias Orientais holan de - sa, que atacou a Bahia de 1624 a 1625 e ocupou Pernambuco de 1630 a 1654, era importante controlar as zonas africanas for ne - cedoras (e não “reprodutoras”) de escravos. Daí a conquista, pelos flamengos, das localidades africanas menciona das no texto. Resposta: E Exercícios Propostos C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 18 19HISTÓRIA 1. Administração Nassoviana (1637-1644) Nassau imprimiu um sentido expansionista, ocu - pan do o Nordeste até o Ma ranhão. Na África tomou São Jorge da Mina e feitorias em Angola para assegurar a vinda da mão de obra escrava negra. Falhou, entretan to, nas tentativas de conquistar a Bahia, em 1638. Enquanto a luta prosseguia no Brasil, a Restauração Por tu guesa (visando derrubar o domínio espanhol) iria mo dificar sen - si velmente as relações entre Portugal e Holanda. Durante a denominada Guerra da Restauração, Por - tu gal contou com o apoio de Inglaterra, França e Holanda e tal fato exigiu de Portugal a elaboração de diversos tratados e acordos. Em relação à Holanda, tivemos a Trégua dos Dez Anos (1641-1651), acordo que tentava justificar a contraditória e ambígua situação luso-fla - menga: na Europa (Portugal), os dois países estavam aliados contra a Espanha; no Brasil, os holandeses ocu - pa vam sete capitanias (do Mara nhão a Sergipe). Essa paradoxal situação de paz foi bem aproveitada por Nas - sau em sua obra administrativa. A política nas soviana carac te rizou-se pelas re lações cordiais com a po pu la ção, princi pal men te com os se nho - res de enge nho, de quem procurou ganhar a simpatia fi - nan ciando enge nhos, encampando suas dívidas, co bran - do juros baixos e recuperando engenhos aban do nados. Consequentemente, aumentou a produção cana vi ei ra. Nassau procurava dar garantias a uma justiça mais igua - li tária e uma maior liberdade de culto, além de ter pu - blicado normas protegendo a alimentação dos escravos (obrigatoriedade de cultivo de 200 covas de mandioca para os escravos). Politicamente, criou o Conselho dos Escabinos, espécie de Câmara Municipal constituída pelos senhores locais, mas dirigida por um membro da WIC, o esculteto. Nassau cuidou ainda de obras de embelezamento de Recife e culturais, como a criação do Observatório Astronômico e da Biblioteca. A política de Nassau, entretanto, entrou em choque com os interesses da WIC. Esta considerava a sua administração muito dispendiosa e personalista. Nassau, pressionado, acabou por se demitir em 1643, mas somente no ano seguinte retirou-se de Pernambuco. 2. A Insurreição Pernambucana (1645-1654) Após uma fase inicial de reação ao invasor (1630-35) e um período de acomodação (1635-45), teve início em 1645 uma forte reação visando à expulsão dos holan de - ses. Tal movimento já se fazia sentir desde 1642 no Mara - nhão; com a saída de Nassau, alastrou-se a tendência liberta do ra entre os pernambucanos. As causas básicas da Insurreição Pernambucana estão no endividamento dos senhores de engenho, cobrança das dívidas de forma diferente da que vinha sendo feita, queda no preço do açúcar e reflexos de catástrofes naturais sobre a produção canavieira. Escabino: membro da Câmara Municipal criada pelos ho lan de ses durante o período de dominação em Pernambuco. Maurício de Nassau, que governou as áreas de conquistas holande - sas no Brasil entre 1637 e 1644. 4 Palavras-chave:Domínio Holandês e Restauração • União Ibérica • Nassau • Tolerância religiosa •Brasil holandês C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 19 20 HISTÓRIA Diante das primeiras reações revolucionárias, o rei de Portugal, D. João IV, censurou a atitude dos líderes da insurreição – João Fernandes Vieira, o negro Henrique Dias, André Vidal de Negreiros e Filipe Camarão (índio Poti) –, chamando-os de “maus vassalos” por não res peitarem o acordo firmado na Tré gua dos Dez Anos. Consequentemente, até 1651, o movimento recebeu de Portugal apenas um apoio não oficial. Após uma primeira vitória no Morro das Tabocas, conseguida pelo senhor de engenho João Fernandes Vieira, e graças à hábil política de André Vidal de Ne - grei ros, que chegou da Bahia com "tropas media - doras", os holan deses sofre ram novas derrotas. Dessa forma, Ala goas e Sergipe foram libertados. Em Per - nam buco, em 1648 e 1649, ocorreram as duas Batalhas de Guara ra pes, com significativas vitórias dos insurretos. Em 1653, o rei de Portugal enviou reforços, sob o co mando de Pedro Jaques de Magalhães. Recife, cerca do, assistiu a uma nova derrota holandesa. A rendição final ocorreu em 1654, quando os ho lan deses capitu la ram na Campina do Taborda. A guerra dos holandeses contra os ingleses de Oliver Cromwell (1651-54), devido à decretação do Ato de Navegação (1651) pela Inglaterra, contribuiu para o enfraquecimento dos flamengos. Consequências Entre as principais consequências da expulsão dos flamengos do Brasil, temos uma de ordem econômica: o início da decadência da produção canavieira (a partir de aproximadamente 1660), devido à concorrência da pro - du ção antilhana. As Antilhas devia sua crescente produ - ção à introdução de uma tecnologia mais aprimo rada, levada pelos holandeses da WIC, expulsos do Brasil. Ao ter mi nar o século, o Brasil, que anteriormente era o primeiro produtor mundial de açúcar, colocava-se em quinto lugar, tendo à sua frente regiões antilhanas, como a Jamaica. Outra consequência interna foi o despertar do sen ti - mento nativista, visto que, após a intensa participação na guerra contra os in va so res, os habitantes de Pernam - buco, depois de 1654, voltavam ao jugo português. O mo vimento insurrecional evidenciava condições de maior participação e orga niza ção política por parte dos pernambucanos. Outra consequência interna diz respeito ao acordo en tre Portugal e Holanda, firmando o Tratado de Paz de Haia (1661), graças à mediação inglesa. Segundo tal tratado, a Holanda recebia uma indenização de 4 milhões de cruzados e a cessão pelos portugueses das ilhas Molucas e do Ceilão, recebendo ainda o direito de co - mer ciar com mais liberdade nas possessões portu - guesas, devido à perda do ”Brasil holandês”. 3. Restauração Portuguesa Em 1640, ocorreu a Restauração Portuguesa (fim da União Ibérica), movimento liderado pelo Duque de Bragança, que, contando com o apoio de Inglaterra, França e Holanda, conseguiu derrotar as tropas de Filipe IV da Espanha, ascendendo ao trono português com o nome de D. João IV (iniciando a Dinastia de Bragança). As causas da Restauração estão relacionadas à deca dên cia em que o país se encontrava. O movimento ar rastou-se até 1668, tendo por base econômica a ajuda do Brasil, que aderiu à Restauração por intermédio dos gover nadores do Rio de Janeiro e de Salvador. Para garantir a Restauração e sua vitória, D. João IV iniciou uma política de alianças com a Inglaterra, a França e a Holanda, que em seu sentido global produziu uma enorme dependência de Portugal em relação a esses países, principalmente em relação à Inglaterra. Com a Holanda, D. João IV assinou a Trégua dos Dez Anos (1641 a 1651), enquanto os holandeses ocupavam o Nor des te brasileiro. Em 1661 (após a expulsão dos holan de ses do Brasil), Portugal firmou com a Holanda um tratado de paz (Tratado de Haia), pelo qual cedia a ela as ilhas Molucas, o Ceilão e uma indenização de 4 mi lhões de cruzados pela perda do Nordeste brasileiro. Com a Inglaterra foram assinados vários tratados, que levaram, progres siva mente, à total subordinação econô mi ca de Portugal. Em 1642, foram redu zidas as tarifas alfandegárias que incidiam sobre as manufaturas inglesas e per mitiu-se o comércio direto com o Brasil, salvo com relação aos produtos estancados. Tratado de Methuen – Panos e Vinhos O Tratado de Methuen, em 1703, consagrou em de - finitivo o domínio econômico da Inglaterra no mun do português. Esse último tratado versava sobre os panos in gle - ses e os vinhos portugueses, um dos principais produtos de exportação do reino. Daí a denominação de Tratado dos Panos e Vinhos. Por ele, os panos ingleses receberiam tarifas preferenciais nos portos portugue ses; em contrapartida, o vinho português receberia uma redução nas taxas, quando fosse admitido no mercado inglês. O Trata do de Methuen teve consequências desastrosas pa ra Portugal, arruinando suas manufaturas, gerando, assim, a dependência dos produtos ingleses e conduzindo os portugueses a catastrófica especialização na produ ção vinícola, o que ge rou em pouco tempo crises de abastecimento. Brasil holandês: área do Nordeste ocu pada pelos holandeses entre 1630 e 1654. Ascendendo: subindo. C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 20 21HISTÓRIA No Brasil, ocorreram importantes transformações na política administrativa após a Restauração. Houve um enrijecimento progressivo do Pacto Colonial, com aumento da centralização do poder, fim da autonomia municipal, quebra da “relativa harmonia” entre colônia e Metrópole, através das revoltas nativistas e, principal - mente após 1642, com a centrali zação empreendida pelo Conselho Ultramarino. Enrijecimento: endurecimento de arro cho. 4. Cronologia 1637 – Início do governo de Nas sau. 1640 – Edital de Maurício de Nas sau proibindo a pro dução do açúcar sem o plantio paralelo da mandioca. – Fim da União Ibérica (Res tauração Portugue sa); expulsão dos jesuítas de São Paulo. 1642 – Criação do Conselho Ultra marino. 1645 – Início da Insurreição Per nam bucana. 1654 – Expulsão dos holandeses do Brasil. � (FUVEST – MODELO ENEM) Este quadro, pintado por Frans Post por volta de 1660, pode ser correta - men te relacionado a) à iniciativa pioneira dos ho lan deses de cons trução dos pri meiros engenhos no Nor des te. b) à riqueza do açúcar, alvo prin cipal do interesse dos ho lan deses no Nordeste. c) à condição especial dis pen sada pelos ho lan deses aos es cravos africanos. d) ao início da exportação do açú car para a Eu ropa por deter minação de Maurício de Nassau. e) ao incentivo à vinda de holandeses para a cons tituição de pequenas propriedades rurais. Resolução Durante a dominação holandesa em Pernam bu co, ocorreu a adminis - tração de Maurício de Nassau (1637-1644), o qual trouxe para o Brasil o pintor Frans Post, autor da tela “O engenho com capela”, reprodu zi - da na prova. O artista chegou ao Brasil em 1637, com 24 anos de idade, e to mou parte em diversas ex pe dições, com o objetivo de montar uma grande coleção de desenhos com motivos brasileiros para o seu mecenas. Resposta: B � (UFMG – MODELO ENEM) – Leia o texto. “Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca do ad - ministrador. Seu período é o mais brilhante de presença estrangeira. Nassau renovou a administração (...). Foi relativamente tolerante com os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do culto. Como também com os judeus (depois dele não houve a mesma tolerância, nem com os católicos e nem com os judeus – fato estranhável, pois a Compa - nhia das Índias contava muito com eles, como acionistas ou em pos - tos eminentes). Pensou no povo, dan do-lhe diversões, melhorando as condi ções do porto e do núcleo urbano (...), fazendo museus de arte, parques botânicos e zooló gicos, observatórios astronômicos.” (Francisco lglésias) Esse texto refere-se a) à chegada e instalação dos puritanos in gle ses na Nova lnglaterra, em busca de liberdade religiosa. b) à invasão holandesa no Brasil, no período de União lbérica, e à fundação da Nova Holanda no nordeste açucareiro. c) às invasões francesas no litoral fluminense e à instalação de uma sociedade cosmopolita no Rio de Janeiro. d) ao domínio flamengo nas Antilhas e à criação de uma sociedade moderna, influencia da pelo Renascimento. e) ao estabelecimento dos sefardins, expulsos na Guerra da Recon - quista lbérica, nos Países Baixos e à fundação da Com panhia das Índias Ocidentais. Resolução A União Ibérica (1580-1640) fez com que Portugal rompes se relações com a Holanda, que até então comercia li za va o açúcar bra si lei ro, mas se encontrava em guerra com a Es pa nha. Em consequência, a Com pa - nhia das Ín dias Ocidentais, formada por capitais ho lan de ses, atacou o Nordeste Brasileiro, principal região produtora de açúcar. Nassau admi - nis trou o Brasil holandês entre os anos de 1637 e 1644. Resposta: B Exercícios Resolvidos C1_2A_Vermelho_HIST_2021_JR 22/10/2020 17:47 Página 21 22 HISTÓRIA � O que foi a Insurreição Pernambucana? RESOLUÇÃO: Movimento de rebeldia dos colonos pernambucanos em face da cobrança das dívidas com os holandeses após a demissão do Conde Maurício de Nassau. � (FUVEST) – Na segunda metade do século XVII Portugal encontrava-se em grave crise econômica. a) Explique os motivos dessa crise. RESOLUÇÃO: A União Ibérica, com a perda de significativa parte do Império Oriental e entrepostos africanos; as concessões comerciais para a Inglaterra e a crise da economia açucareira por causa da concor - rência holandesa nas Antilhas. b) De que forma o Brasil contribuiu para solucioná-la? RESOLUÇÃO: Do Brasil viria a salvação de Portugal, por uma maior cen traliza - ção administrativa e um rígido controle fiscal, ou por qualquer outro meio que resultasse em maiores recursos para o Estado. � (FUVEST) – Foram, respectivamente, fatores importantes na ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na sua poste - rior expulsão: a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os de - sen tendimentos entre Maurício de Nassau e a Companhia das Índias Ocidentais. b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o endividamento dos senhores de engenho com a Companhia das Índias Ocidentais. c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência e não aceitação do domínio estrangeiro pela população. d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial e o fim da dominação espanhola em Portugal. e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança de interesses da Companhia das Índias Ocidentais. RESOLUÇÃO: O interesse dos holandeses no Brasil era controlar a produção do açúcar. Resposta: B � (PUC-CAMP – MODELO ENEM) – “(...) a pré-história das nossas letras interessa como reflexo da visão do mundo e da linguagem que nos legaram os primeiros observadores do país. É graças a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos grupos sociais nascentes, que captamos as condições pri - mitivas de uma cultura que só mais tarde poderia contar com o fenômeno da palavra-arte.” (Alfredo Bosi. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970, p. 15.) Dentre os muitos observadores do país, que se dedicaram a fazer tomadas diretas da paisagem, do índio e dos grupos sociais nascentes, temos artistas holandeses como Frans Post e Albert Eckhout. Tais artistas vieram ao Brasil, no século XVII, em função da a) Companhia de Jesus, que estimulou a difusão de obras artísticas que retratavam
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