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Políticas Culturais no Brasil atual

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Políticas 
 
O Ministério da Cultura tem o enorme desafio de formular e implementar 
políticas públicas para um dos campos de atuação indubitavelmente mais 
fascinantes, complexos e, por outro lado, marcado pela falta de tradição no 
desenvolvimento das mesmas. A gestão do Ministro Gilberto Gil assumiu este 
desafio como parte do seu entendimento de que é indispensável para o 
fortalecimento do setor cultural brasileiro que a ação pública do Estado neste 
campo seja feita com base em políticas públicas coerentes e consistentes, 
formuladas e implementadas de modo democrático. 
 
A complexidade do campo cultural é notável. São inúmeras as linguagens e 
suportes de expressão a serem contemplados: teatro, música, dança, cinema, 
comunicação de massa, artes plásticas, fotografia, escultura, artesanato, livros, 
patrimônio cultural (material e imaterial), circo, museus etc., cada um com a 
sua complexidade e especificidade a ser considerada. Uma política abrangente 
também deve considerar as dimensões transversais a estas linguagens e 
suportes: deve pensar em termos de políticas de capacitação profissional, 
criação, produção, circulação e financiamento da cultura. Temos também 
diferentes públicos ou segmentos culturais que devem ser enfocados pelas 
políticas públicas de cultura: povos indígenas e afro-descendentes, juventude, 
portadores de necessidades especiais, comunidades marginalizadas das 
grandes cidades e para as comunidades GLBT. 
 
É indispensável, portanto, que concebamos e implementemos políticas para o 
setor cultural em termos de premissas e diretrizes políticas que dêem coerência 
e consistência ao conjunto de instrumentos institucionais pelos quais se dá a 
ação pública do Estado - tais como programas, projetos, editais, leis, decretos 
e portarias, dentre outros, e que são as formas concretas como as políticas 
públicas são implementadas. 
 
Todas estas ações convergem no sentido de dotar o Brasil de instituições 
sólidas e democráticas na promoção da ação cultural e artística. E nesse 
cenário, o Estado brasileiro tem uma missão intransferível de protagonismo na 
articulação e fortalecimento do que a sociedade brasileira projeta, compõe, 
filma, modela e produz no setor cultural. 
 
Neste contínuo processo de transformação da cena cultural brasileira, partimos 
da premissa de que o processo de formulação e de implementação de políticas 
públicas deve ser o mais democrático possível. Sem isso, as políticas perdem 
um componente relevante de sua legitimidade diante da sociedade. As 
Câmaras Setoriais e os diferentes Conselhos existentes e em consolidação no 
âmbito da ação do MinC dão expressão prática a esta premissa. 
 
A segunda diretriz política com que trabalhamos é que o Estado tem uma série 
de responsabilidades intransferíveis no campo cultural brasileiro. Operando 
uma concepção menos ideologizada e mais pragmática das atribuições do 
Estado nacional no contexto contemporâneo, é possível indicar ao menos dez 
frentes relevantes para a ação do setor público no campo cultural. 
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A terceira diretriz fundamental com que operamos é a de que a cultura é um 
componente central da estratégia de desenvolvimento efetivamente sustentável 
do Brasil. Desde a posse do Ministro Gil, o Ministério da Cultura tem 
empreendido um esforço consistente para deslocar a cultura para o centro da 
agenda política, econômica e social do país, consolidando-a como uma 
dimensão crucial e indispensável do desenvolvimento econômico e social que 
tanto almejamos. Trata- se de retirar a cultura do papel de subalternidade a que 
havia sido relegada pelos governos antecessores. 
Partimos também de uma concepção ampliada da cultura, em que são 
identificadas dez frentes de ação do Estado no campo cultural: 
 
1.Promover o reconhecimento da diversidade cultural, no Brasil e no mundo, e 
garantir a livre expressão dessas manifestações; 
2.Promover e assegurar condições de justiça social, tendo em mente a cultura 
como um direito fundamental para a plena constituição da cidadania; 
3.Promover as condições de estímulo e fomento às atividades culturais; 
4.Garantir e fiscalizar o cumprimento de contratos e de preceitos legais no 
âmbito da cultura; 
5.Promover arranjos institucionais e de mecanismos de regulação econômica 
adequados ao pleno desenvolvimento das atividades culturais; 
6.Promover a salvaguarda e proteção do patrimônio cultural (material e 
imaterial) brasileiro; 
7.Representar internacionalmente o país nas instâncias de negociação 
internacional; 
8.Promover a integração da cultura com a educação com vistas ao 
aperfeiçoamento qualitativo do sistema de educação do país; 
9.Contribuir para a democratização da sociedade por meio de diálogo e 
deliberação democrática; e 
10. Construir mecanismos transparentes de ação e informação do setor 
cultural. 
 
 
Programas e Ações 
 
 
Nos últimos 3 anos, o Ministério da Cultura - MinC tem priorizado a 
construção e implementação de políticas claras e duradouras para a área 
cultural. Esse esforço tem por finalidade evitar a sazonalidade, reforçar o foco 
no cidadão, sedimentando uma orientação pública de longo prazo em favor da 
Cultura. 
 
A nova diretriz do MinC baseou-se em uma concepção mais ampliada de 
Cultura, considerando-a em suas três dimensões: 1) enquanto produção 
simbólica (foco na valorização da diversidade, das expressões e dos valores 
culturais); 2) enquanto direito e cidadania (foco nas ações de inclusão social 
por meio da Cultura); e 3) enquanto Economia (foco na geração de empregos e 
renda, fortalecimento de cadeias produtivas e regulação). Essas dimensões 
passaram a nortear as ações do MinC, como tripé fundamental para o 
desenvolvimento das novas políticas culturais sob responsabilidade do Órgão. 
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Deve-se agregar, ainda, outra dimensão política-institucional que trata da 
reformulação das estruturas físicas e operacionais do Órgão, para dotá-lo de 
mecanismos necessários à realização de suas ações. Insere-se nesse 
contexto, também, a sistematização das políticas públicas para o setor, como a 
criação das Câmaras Setoriais - onde representantes das áreas de teatro, 
música, livro e leitura, dança, artes visuais e circo aprofundam propostas 
setoriais para aperfeiçoamento da ação pública em cada um desses 
segmentos; do Sistema MinC – fórum criado internamente pelo Órgão para 
aproximar e fortalecer o debate entre os responsáveis pelas ações da Pasta; 
do Plano Nacional de Cultura e dos Sistemas Nacional e Federal de Cultura – 
que estabelecerão as parcerias entre os diferentes entes governamentais para 
detectar oportunidades, evitar sobreposição de esforços e integrar a ação 
pública em todo o território nacional. 
 
O incentivo e fomento a programas, projetos e ações é outro aspecto 
cristalizado no Ministério da Cultura por intermédio da Lei de Federal de 
Incentivo à Cultura e da Lei do Audiovisual. O Fundo Nacional Cultura destina 
recursos a projetos culturais por meio da cessão a fundo perdido enquanto o 
Mecenato viabiliza benefícios fiscais para investidores que apóiam projetos 
culturais sob forma de doação ou patrocínio. Estes mecanismos são 
operacionalizados pela Secretaria de Incentivo e Fomento à Cultura e pela 
Secretaria de Audiovisual, em parceria com a Agência Nacional de Cinema – 
ACINE. 
 
Essa seção não pretende esgotar todo o universo das políticas do MinC, mas 
demonstrar, de modo sintético, o alcance e o objetivo de seus programas e 
ações. Aqui, você encontrará iniciativas direcionadas à juventude das periferias 
das cidades ou de regiões com maior acúmulo de situações de risco; ações 
voltadas para as comunidades negras, indígenas e para outros segmentos 
sociais; ações de preservação do patrimônio material e imaterial do País; ações 
de fomento a projetos cinematográficos e audiovisuais; ações destinadas à 
ampliação do acesso da população aos bens e serviços culturais, dentre tantas 
outras. 
 
 
Sistema Nacional de Cultura 
 
 
 
Desde o início de 2005,a União, por intermédio do Ministério da Cultura, vem 
assinando protocolos de intenções com Estados e Municípios para a 
implantação do Sistema Nacional de Cultura (SNC). Cerca de 2000 municípios 
e 21 estados já oficializaram ao MinC sua adesão ao Sistema. 
 
Como parte deste processo, entre setembro e dezembro de 2005, 60 mil 
pessoas de mais de 1100 municípios brasileiros realizaram encontros 
municipais, estaduais e nacional que integraram a 1ª Conferência Nacional de 
Cultura (acesse o Relatório). A criação de órgãos gestores e conselhos de 
cultura entrou na agenda de vários Municípios e Estados. No âmbito federal, o 
próximo passo será a instalação do Conselho Nacional de Política Cultural, 
http://www.cultura.gov.br/foruns_de_cultura/conferencia_nacional_de_cultura/index.php?p=12913&more=1&c=1&pb=1
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reconfigurado pelo Decreto nº 5.520/2005 – que também instituiu o Sistema 
Federal de Cultura, para a integração de órgãos, programas e ações culturais 
do Governo Federal. 
 
Confira, abaixo do mapa, os principais documentos e informações relacionados 
ao Sistema Nacional de Cultura. Entenda melhor o processo, baixando os 
textos do Caderno das Oficinas do SNC. 
 
Clique no mapa abaixo e acompanhe o processo de adesão dos Estados e 
Municípios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16.03.05 
Sistema Nacional de Cultura 
Entes federados, sociedade civil e a construção de uma política pública de cultura. 
A criação do Sistema Nacional de Cultura (SNC) é uma das principais metas da 
atual gestão federal no campo da cultura. Estados, Distrito Federal (DF) e 
Municípios, representados pelos respectivos secretários de cultura, vêm definindo, 
com a União, uma agenda para coordenar planos e ações públicas para a cultura 
em todo o país. 
 
Os entes federados gozam de autonomia política e administrativa - não possuem 
relação hierárquica entre si. De acordo com os artigos 23 e 24 da Constituição 
Federal, cabem a eles as competências comuns de legislar e proteger o patrimônio 
cultural e de “proporcionar os meios de acesso à cultura.” 
 
Para a constituição de um sistema de cultura efetivamente nacional, torna-se 
imprescindível a consolidação de sistemas próprios dos entes, ou seja, de sistemas 
federal, estaduais e municipais ou intermunicipais de Cultura. Municípios vizinhos 
podem optar pela instituição de sistemas/consórcios em conjunto, estruturarem 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5520.htm
http://www.cultura.gov.br/upload/Projeto_Oficinas_Miolo_1156970790.pdf
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seus sistemas culturais pelas respectivas microrregiões, de forma a garantir as 
condições adequadas de planejamento, gestão e agrupamento das ações e 
instalações culturais. 
 
A viabilização dos sistemas de cultura depende principalmente da participação da 
sociedade civil para a definição de prioridades e o controle e acompanhamento das 
metas programadas. Mais do que isso, por corresponderem pelo maior volume das 
ações e do calendário cultural do país, se deve destinar à sociedade civil parte 
substantiva dos programas culturais fomentados pelo Estado. A sociedade civil 
cumpre, portanto, papel decisivo na construção dos sistemas culturais públicos e do 
Estado democrático. 
 
Durante as reuniões com a sociedade civil, municípios e o Fórum Nacional de 
secretários de Estado da Cultura, em 2004, estabeleceu-se que o SNC será um 
“sistema de articulação, gestão, informação e promoção de políticas públicas de 
cultura, pactuado entre os entes federados, com participação social”. 
 
Sistemas e políticas setoriais 
 
Além da articulação dos sistemas dos entes federados, o SNC resultará da 
estruturação de (sub)sistemas ou políticas setoriais (nas áreas de bibliotecas, 
museus, fomento às artes, em suas variadas linguagens ou agrupamentos de 
linguagens, e promoção do patrimônio cultural – material e imaterial). Tais 
subsistemas contarão, em princípio, com colegiados ou fóruns próprios na União, 
nos estados e municípios (ou respectivas microrregiões), propiciando a formulação 
das políticas setoriais em âmbito local, regional e nacional. 
 
Plano Nacional de Cultura 
 
As formulações dos entes federados e dos diferentes setores da cultura conduzirão 
à consolidação do Plano Nacional de Cultura, a ser debatido com a sociedade, nas 
conferências de cultura nacional, estaduais e municipais, e com a devida 
contribuição e sistematização pelos conselhos de políticas culturais e os colegiados 
setoriais. 
 
Agenda SNC-Governo Federal em 2005 
 
Em 2005, o governo federal, representado pelo Ministério da Cultura, iniciou a 
celebração de protocolos com estados e municípios, visando à implantação do SNC. 
Em 24 de agosto, o Decreto nº 5.520, que institui o Sistema Federal de Cultura e 
reestrutura o Conselho Nacional de Política Cultural, é aprovado. 
 
 
 
 
07.04.05 
Objetivos do SNC 
Implementar uma política pública de cultura democrática e permanente, pactuada entre os 
entes da federação, e com a participação da sociedade civil, de modo a estabelecer e efetivar 
o Plano Nacional de Cultura, promovendo desenvolvimento com pleno exercício dos direitos 
culturais e acesso às fontes da cultura nacional. 
Articulação 
Entre setores público e privado: gestão e promoção pública da cultura; 
Entre entes federados: coordenação para a estruturação do SNC, formação, 
circulação e estruturação de bens e serviços culturais. 
 
Gestão 
Processo democrático: participação da sociedade civil - produtores e usuários - 
http://www.cultura.gov.br/legislacao/outros_documentos/index.php
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nas definições de políticas e investimentos públicos; 
Eficiência: capacitar, avaliar e acompanhar o desenvolvimento dos diferentes 
setores e das instituições públicas e privadas da cultura. 
 
Informação 
Criar o Sistema Nacional de Informações Culturais: dados sobre bens, 
serviços, programas, instituições e execução orçamentária; 
Promover mapeamentos culturais, para o conhecimento da diversidade cultural 
brasileira; 
Aumentar a transparência dos investimentos em cultura. 
 
Promoção 
Difundir e fomentar as artes e o patrimônio cultural brasileiro e universal; 
Promover a circulação nacional e interregional de projetos; 
Promover a transversalidade da política cultural; 
Promover a integração entre a criação, a preservação e a indústria cultural.

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