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solução de conflitos jurídicos - conteudo 3

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SOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
JURÍDICOS
Eduardo Zaffari
Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional 
e em Direito Público
Mestre em Direito
Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin — CRB 10/2147
Z17s Zaffari, Eduardo Kucker.
Solução de conflitos jurídicos / Eduardo Kucker Zaffari, 
Martha Luciana Scholze ; [revisão técnica: Gustavo da Silva
Santanna]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
166 p. : il. ; 22,5 cm.
ISBN 978-85-9502-522-6
1. Direito. I. Scholze, Martha Luciana. II.Título.
CDU 34
Solucoes de Conflitos Juridicos_BOOK.indb 2 15/08/2018 10:35:32
Técnicas negociais 
utilizadas em mediação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Explicar a importância do emprego das técnicas de mediação.
  Definir o que é escuta ativa, rapport, parafraseamento, caucus e 
brainstorming.
  Identificar casos práticos utilizando as técnicas de mediação.
Introdução
A mediação foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro como um 
importante instrumento de pacificação social e um meio alternativo ao 
Poder Judiciário para resolução de conflitos pela autocomposição. Nesse 
sentido, a mediação se constitui em técnica negocial e, ao mesmo tempo, 
emprega técnicas negociais em seu desenvolvimento.
O mediador judicial ou extrajudicial pode desenvolver habilidades espe-
cíficas para auxiliar no reestabelecimento da comunicação e na realização 
da autocomposição. Técnicas como a escuta ativa, o rapport, o parafrase-
amento, o caucus e o brainstorming são fundamentais para a mediação. 
O princípio da confidencialidade impede que as mediações tenham seu 
conteúdo divulgado. Entretanto, ocasionalmente, são divulgados casos 
práticos em que a mediação resolveu conflitos de forma célere, restaurando 
o diálogo entre os conflitantes. Tais casos são exemplos que comprovam 
a eficácia da mediação, sua rapidez e adequação à solução de conflitos.
Neste capítulo, você vai estudar a mediação e a importância do em-
prego das técnicas negociais para a resolução de conflitos. Você tam-
bém vai explorar as técnicas de escuta ativa, rapport, parafraseamento, 
caucus e brainstorming. Por fim, você vai verificar exemplos de casos que 
empregaram a mediação com sucesso em detrimento das soluções do 
Poder Judiciário.
Importância do emprego das técnicas 
de mediação
A mediação é reconhecida como um dos mais relevantes meios alternativos 
de resolução de confl itos (MARCs), também conhecidos como ADRs, da 
expressão norte-americana alternative dispute resolutions. Ela tem servido 
como importante instrumento da Política Judiciária Nacional de tratamento 
adequado dos confl itos de interesses no âmbito do Poder Judiciário brasileiro. 
Introduzida pela Resolução nº. 125, de 29 de novembro de 2010, do Conse-
lho Nacional de Justiça (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2010), a 
mediação ganhou regulamentação especial na Lei nº. 13.140, de 26 de junho 
de 2015 (BRASIL, 2015a), o marco legal da mediação, e na Lei nº. 13.105, de 
16 de março de 2015, o Código de Processo Civil (CPC) (BRASIL, 2015b).
A insatisfação dos jurisdicionados com o Judiciário, decorrente de sua 
crise devido à lentidão, aos altos custos, à massificação e à falta de recursos 
materiais e humanos, levou ao incremento dos meios alternativos. A solução 
judicial nem sempre é cumprida a partir dos meios judiciais tradicionais, o que 
demonstra que, sem a participação daquele que deve cumprir a obrigação na 
construção da solução, menores são as probabilidades de eficiência. Ou seja, 
por meio da desjudicialização, como já se vem admitindo para situações que 
antes ficavam sob o “monopólio” do Poder Judiciário — como o inventário e 
o divórcio extrajudiciais —, os conflitos podem ser solvidos de forma célere, 
pela via negocial. Os conflitos resolvidos pela via consensual tendem a ter 
maior efetividade, devido ao cumprimento espontâneo das partes que se com-
prometem voluntariamente, reestabelecendo-se a comunicação e as relações 
dos conflitantes a um custo muitas vezes menor.
Até mesmo o surgimento das formas alternativas de solução de conflitos 
se deu fora dos tribunais, como explica Tartuce (2018, p. 160). Diante da in-
satisfação dos jurisdicionados, as lides comerciais passaram a ser negociadas 
diretamente entre os envolvidos, propagando-se para outras áreas de impasse, 
como nos conflitos sindicais (convenções coletivas, acordos sindicais). A partir 
dos anos 1970, os norte-americanos institucionalizaram diferentes formas para 
a resolução dos conflitos e, em Conferência realizada em 1976, o professor 
emérito da Escola de Harvard Frank Sanders sugeriu que os tribunais america-
nos tivessem “várias portas”, o que levou essa forma alternativa de resolução 
de conflitos a ser designada também de justiça multiportas.
Técnicas negociais utilizadas em mediação2
O CPC de 2015 (BRASIL 2015b, documento on-line) estabelece, entre as suas normas 
fundamentais, que o Estado promoverá a solução consensual dos conflitos:
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão 
a direito.
§ 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual 
dos conflitos.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual 
de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defenso-
res públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial.
No entanto, mesmo sendo a solução dos conflitos pela via privada muito 
mais antiga e tendo estado muito mais tempo nas mãos privadas, a solução 
pela via negocial é considerada alternativa à jurisdicional, considerando-se 
a justiça estatal como padrão. Mesmo quando a solução se dá em meio a 
procedimento judicial, considera-se que a solução por qualquer dos meios 
preconizados na Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos 
conflitos de interesses será alternativa.
Um dos pontos fundamentais na mediação, reconhecido em todos os ins-
trumentos que tratam sobre esse importante meio de solução de conflitos, é 
a autonomia de vontade daqueles que participam. A autodeterminação traz 
à mediação uma maior probabilidade de eficiência e um protagonismo aos 
conflitantes, responsabilizando-os pelo conflito, pela solução e pelo outro. Há 
uma valorização do princípio da dignidade da pessoa humana, na medida 
em que são as próprias partes interessadas que têm o poder de decidir sobre 
o seu destino, sem a interferência estatal.
O marco legal da mediação, Lei nº. 13.140/2015 (BRASIL, 2015a), prescreve como princípio 
informador a autonomia de vontade das partes, nos termos de seu art. 2º: “A mediação 
será orientada pelos seguintes princípios: [...] V — autonomia da vontade das partes;”.
3Técnicas negociais utilizadas em mediação
O mediador, terceiro imparcial que serve de canal para que as partes pos-
sam retomar o diálogo, tem a responsabilidade de empregar todas as técnicas 
possíveis para que as partes possam construir uma solução para o litígio que 
mais lhes convenha. Nas palavras de Tartuce (2018, p. 257): 
As atividades de falar, escutar, questionar e responder devem ser apropriada-
mente praticadas pelo terceiro imparcial para promover o diálogo, identificar 
os interesses envolvidos na relação interpessoal e colaborar para a retomada 
de conversações produtivas.
O § 3º do art. 166 do CPC prescreve expressamente a aplicação de técnicas 
negociais para a criação de um ambiente favorável à autocomposição. O uso 
de técnicas negociais no procedimento de mediação, além de recomendável, 
não compromete a imparcialidade do mediador, o qual as usa para o reesta-
belecimento do diálogo. É importante salientar que, na mediação, as técnicas 
negociais não são utilizadas exclusivamente pelo mediador, mas igualmente 
pelas partes envolvidas, as quais, mesmo sem treinamento adequado, poderão 
fazeruso delas a partir da orientação do mediador.
A mediação, propriamente dita, é uma técnica de autocomposição do 
conflito, mas, conforme preceitua Bacellar (2017, p. 122), “a mediação, como 
um método consensual, não é intuitiva e só funciona se trabalhada com téc-
nica. Inclusive, antes ainda de ter início o processo formal, deve haver um 
planejamento do ambiente”. Assim, antes de iniciado o processo de mediação, 
o mediador deverá orientar os conflitantes sobre a possibilidade de sessões 
conjuntas e individuais, sobre o procedimento a ser adotado e, mais impor-
tante, sobre os princípios informadores. Não será necessário informar o uso 
das técnicas negociais, tampouco quais eventualmente serão usadas, pois isso 
dependerá da necessidade. Além disso, tal informação poderia transparecer aos 
mediandos uma ausência de informalidade, contrariando uma das principais 
diretrizes da mediação, a informalidade.
Diferentes tipos de mediação são utilizados, dependendo da prática do 
mediador, do conflito e da finalidade pretendida, não sendo as mesmas exclu-
dentes. Bacellar (2017, p. 108) classifica quatro diferentes tipos de mediação, 
sendo a primeira a mais utilizada:
Mediação da Escola de Harvard. Essa modalidade de mediação é con-
siderada a mediação clássica e desenvolve-se em fases bem-defi nidas e 
estruturadas, com base em princípios que buscam desvelar interesses aco-
Técnicas negociais utilizadas em mediação4
bertados por posições. Usa as técnicas negociais desenvolvidas pela Escola 
de Harvard, buscando a solução por meio de ganhos mútuos.
Mediação circular-narrativa. Conhecido também como modelo Sara Cobb. 
Deve-se buscar uma visão sistêmica, com foco não apenas nas pessoas en-
volvidas, mas também em suas historicidades e relações sociais pertinentes, 
pois o confl ito não se dá de forma isolada relacionando-se com outros fatores 
nem sempre identifi cáveis de imediato.
Mediação transformativa. Conhecido como modelo de Bush e Folger, essa 
forma de mediação busca transformar a atitude adversarial dos envolvidos em 
uma postura colaborativa, confi ando na capacidade das partes de identifi car os 
interesses envolvidos e de decidir pelo reestabelecimento do vínculo para, a partir 
daí, encontrar uma solução que atenda aos interesses de todos os envolvidos.
Mediação avaliadora. Essa modalidade se diferencia das demais porque 
o mediador, depois de cumpridas todas as etapas da mediação e recolhidas 
todas as propostas de solução criadas pelos envolvidos, emite sua opinião de 
solução de confl ito, como forma de viabilizar o acordo.
Além de consistirem em diferentes técnicas de mediação, a escuta ativa, 
o rapport, o parafraseamento, o caucus e o brainstorming serão excelentes 
ferramentas negociais, as quais poderão ser aprendidas pelo mediador e, depois 
de conquistadas como habilidades, trarão excelentes resultados à mediação. 
Estudaremos essas técnicas a seguir.
O que é escuta ativa, rapport, parafraseamento, 
caucus e brainstorming
As técnicas negociais que podem ser utilizadas na mediação são habilidades 
que podem ser aprendidas e praticadas para se obter sucesso no processo de 
negociação, especialmente para o reestabelecimento da comunicação. Técnicas 
como a escuta ativa, o rapport, o parafraseamento, o caucus e o brainstorming 
são muito úteis.
A escuta ativa é a técnica pela qual o ouvinte busca compreender e se 
comunicar com base no sentido e no motivo de mensagens verbais e não verbais 
para a compreensão de informações ocultas na comunicação. Essa técnica 
parte da ideia de que todos têm a necessidade de ser ouvidos e considerados 
pelos demais. A boa comunicação é representada pela necessidade que o outro 
5Técnicas negociais utilizadas em mediação
tem de se expressar. Deve-se escutar a linguagem dos envolvidos como um 
todo, para que possam ser identificados os interesses em questão, como afirma 
Spengler (2017, p. 61), que explica que:
[...] através dessa técnica, o mediador garante a quem fala que ela está sendo 
escutada, demonstra aceitação das emoções, permite que as explore, escla-
recendo o que realmente sente e por que, além de fisiologicamente estimular 
a liberação da tensão, deixando-a expressar-se emocionalmente. Escutar 
ativamente é, antes de tudo, ouvir sem julgar.
Para que se pratique uma escuta ativa, faz-se necessário que aquele que 
a pratica, seja o mediador, seja qualquer dos conflitantes, siga as seguintes 
orientações:
  limite a própria fala, escute mais do que fale;
  esteja interessado e demonstre esse interesse;
  sintonize-se no outro, concentre-se na pessoa quando ela estiver falando;
  faça perguntas para esclarecer-se;
  contenha a ansiedade e não tire conclusões precipitadas;
  escute ideias, não apenas palavras;
  desligue-se de suas preocupações;
  reaja às ideias, e não às pessoas;
  separe a pessoa do problema e da solução;
  observe a linguagem não verbal; e
  peça retorno ( feedback), faça perguntas enquanto fala.
Bacellar afirma que estudos realizados na Faculdade de Direito de Harvard 
comprovaram que a constante reclamação em negociações de que o outro 
não ouve decorre do fato de que também o reclamante não escuta a pessoa 
de quem reclama, conforme explica Bacellar (2017, p. 125). As pessoas não 
ouvem as outras, não por teimosia, mas tão somente porque não se sentem 
escutadas. Por essa razão, a escuta ativa consiste, muitas vezes, em ficar em 
silêncio, para que se permita a expressão do outro e a atenção ao que este fala.
Rapport, por sua vez, é uma técnica advinda da psicologia, que consiste em 
criar uma empatia e ligação com a outra pessoa. O mediador, já no início do 
procedimento, deve criar um rapport para que seja aceito e consiga conduzir a 
mediação, gozando da confiança dos conflitantes. Cada pessoa terá uma forma de 
construir um rapport com o outro, mas importa estabelecer um elo de confiança 
pautado no interesse no outro e no conflito mediado, conforme afirma Spengler 
Técnicas negociais utilizadas em mediação6
(2017, p. 47). Embora difícil de se definir, posto que representa a construção de 
um elo subjetivo entre pessoas, Bacellar (2017, p. 180) afirma que:
[...] rapport é um relacionamento que se constrói para o bem ou para o mal, 
de forma positiva ou negativa, respeitosa ou desrespeitosa. Pode representar 
uma total empatia ou a sua ausência, dependendo como é construído. Trans-
parece ser (nossa posição) o grau de qualidade obtido no relacionamento 
entre as pessoas.
Algumas regras auxiliam na construção do rapport, como:
  o mediador deve se apresentar, dizer quem é e sua qualificação; deve 
perguntar como as pessoas preferem ser chamadas e dispensar títulos 
formais, para auxiliar na criação de um bom relacionamento;
  anunciar, e se comprometer, logo no início do procedimento, com a 
confidencialidade sobre tudo o que for tratado, para que os conflitantes 
possam estabelecer com o mediador um vínculo de confiança;
  não consignar propostas rejeitadas, pois nada auxiliarão e apenas re-
lembrarão recusas, passos perdidos, que apenas servirão para quebrar 
o vínculo de confiança.
O modelo aristotélico de comunicação prescrito em Retórica aponta para três elementos 
da comunicação (ARISTÓTELES, 2005):
  a pessoa que fala (emissor);
  o discurso que é falado (mensagem); e
  a pessoa que ouve (receptor).
Todos os modelos desenvolvidos posteriormente apenas o tornaram mais complexo, 
usando sempre o modelo do filósofo como fundamento.
O parafraseamento é uma técnica em que uma pessoa reformula o texto de 
outra utilizando as próprias palavras, mas mantendo a ideia do outro. Realizado 
em sua forma autêntica, para que não seja interpretado pelo parafraseado como 
um deboche ou uma sátira, a paráfrase se constitui em uma importante ferra-
menta, que permitirá demonstrar que o receptor da mensagem compreendeu a 
ideia e que o emissor da ideia está sendo ouvido e compreendido. Isso também 
7Técnicas negociais utilizadas em mediação
dará um feedback ao emissor,para que ele possa repensar a mensagem, depois 
de ouvida a ideia de outra forma.
Observe que, para que os interlocutores conflitantes não rompam a comu-
nicação pela impressão de que um está “roubando a ideia do outro”, e para que 
o receptor da mensagem não se obrigue imediatamente com a ideia proposta, 
até ter certeza de que se trata de uma ideia comum, recomenda-se o uso de 
algumas frases no início de uma paráfrase, como “deixe-me ver se entendi o 
que você disse”, “se entendi direito, você disse...” ou “ajude-me a entender, 
você quer dizer que...”.
Já o caucus consiste em uma expressão que usualmente se aceita como 
advinda das reuniões (Conselhos) realizadas pelas tribos norte-americanas. 
Trata-se da mediação de “sessões privadas/individuais, que consiste em ouvir 
separadamente uma das partes e depois ouvir a outra, garantindo-se sempre a 
confidencialidade e a igualdade entre elas”, conforme esclarece Bacellar (2017, 
p. 127). O art. 19 da Lei da Mediação prescreve ao mediador a possibilidade de 
reunião com os conflitantes tanto de forma conjunta como de forma individual, 
momento em que as partes poderão falar com maior desenvoltura. Consta no 
referido art. que, "No desempenho de sua função, o mediador poderá reunir-se 
com as partes, em conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes 
as informações que entender necessárias para facilitar o entendimento entre 
aquelas”. Tanto o mediador quanto as partes poderão sugerir os encontros 
individuais, os quais estarão sempre resguardados pela confidencialidade. 
O que for falado na sessão individual não poderá ser revelado pelo mediador 
na sessão conjunta, salvo expressa autorização da parte.
Segundo a Lei da Mediação, Lei nº. 13.140/2015 (BRASIL, 2015a, documento on-line), nos 
termos dos §§ 3º e 4º do art. 30, não estão resguardadas pela confidencialidade 
as seguintes hipóteses: 
§ 3º Não está abrigada pela regra de confidencialidade a informação 
relativa à ocorrência de crime de ação pública.
§ 4º A regra da confidencialidade não afasta o dever de as pessoas dis-
criminadas no caput prestarem informações à administração tributária 
após o termo final da mediação, aplicando-se aos seus servidores a 
obrigação de manterem sigilo das informações compartilhadas nos 
termos do art. 198 da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Código 
Tributário Nacional.
Técnicas negociais utilizadas em mediação8
Outra importante técnica negocial utilizada na resolução de conflitos é o 
chamado brainstorming, termo que pode ser traduzido para o português como 
geração de opções. Essa tempestade de ideias sugere a criação conjunta da 
maior quantidade de alternativas possíveis para o conflito, estimulando-se a 
criatividade e valorizando todas as alternativas sugeridas como opções que, 
ao final, poderão contribuir para a solução final eventualmente adotada. Os 
conflitantes vão sugerindo novas ideias (relacionadas ao conflito), umas sobre 
as outras, independentemente de serem a solução final, como em um jogo de 
criatividade. Essa técnica permite que as partes possam ter ideias a partir das 
propostas dos demais.
Casos práticos utilizando a mediação
Um exemplo de aplicação prática da mediação foi a assinatura, pela então 
vice-governadora do Estado do Ceará, Izolda Cela, em 13 de junho de 2018, 
do Termo de Cooperação para a implantação de Núcleos de Mediação Escolar 
em 19 municípios daquele estado. O termo de cooperação, assinado entre o 
Poder Público, o Ministério Público Estadual, a organização internacional 
WeWorld e os dezenove municípios tem como objetivo levar o processo de 
mediação para as escolas, para o tratamento de confl itos entre os alunos.
A iniciativa, que já contava com outros vinte e um municípios participantes, 
leva ao ambiente escolar a preocupação com o tratamento de todas as formas 
de violência e incentiva o aprendizado e a prática de uma cultura de não 
violência, com a manutenção dos laços afetivos. Segundo a vice-governadora 
(TEIXEIRA, 2018, documento-online):
Queremos comprometer a todos na melhoria do projeto educacional das crian-
ças. Reconhecemos o efeito das práticas de mediação, mediação de conflitos, 
das práticas ligadas a uma metodologia da construção de uma cultura de paz, 
e uma educação que contribua para o respeito ao outro. Precisamos reduzir, 
cada vez mais, os indicadores perversos relacionados à violência e outros 
tipos de agravos. E, com o que for debatido aqui, temos a certeza que vão 
contribuir no âmbito da escola e isso é necessário para uma escola melhor.
A prática da mediação escolar, que usualmente conta com a participação 
de professores, educadores, advogados e promotores, permite que os conflitos 
surgidos nas escolas e as práticas de bullying sejam tratados, diminuindo-se 
os índices de violência e evasão escolar.
9Técnicas negociais utilizadas em mediação
A Lei nº. 9.870, de 23 de novembro de 1999 (BRASIL, 1999, documento on-line), que 
trata sobre as anuidades escolares, art. 4º, prevê a possibilidade de mediação entre 
estabelecimentos de ensino e associações de pais e alunos:
Art. 4º A Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, 
quando necessário, poderá requerer, nos termos da Lei nº 8.078, de 11 
de setembro de 1990, e no âmbito de suas atribuições, comprovação 
documental referente a qualquer cláusula contratual, exceto dos estabe-
lecimentos de ensino que tenham firmado acordo com alunos, pais de 
alunos ou associações de pais e alunos, devidamente legalizadas, bem 
como quando o valor arbitrado for decorrente da decisão do mediador.
Outro exemplo de aplicação da mediação foi uma disputa envolvendo duas 
empresas de transporte em razão do descumprimento de um acordo comercial, 
que foi notícia no jornal Estadão, em maio de 2018, por ter sido solucionada por 
meio de um processo de mediação. O acordo que pôs fim ao litígio encerrou um 
conflito sobre um valor de R$ 23 milhões e foi intermediado por uma câmara 
privada do Estado de São Paulo (AMORIN, 2018). A solução desse conflito 
empresarial, inclusive, surpreendeu pela rapidez com que a disputa foi resol-
vida: em apenas dois dias, mesmo estando uma das empresas em recuperação 
judicial. Outra grande vantagem obtida pelas partes foi a confidencialidade 
prescrita pela mediação ao processo compositivo. As empresas conseguiram 
compor o conflito em curto espaço de tempo e sem expor dados importantes 
a concorrentes, enquanto as demandas que tramitam no Poder Judiciário não 
estão, em regra, resguardadas pelo sigilo.
Tartuce (2018, p. 364) traz como exemplo de aplicação bem-sucedida dos 
processos de mediação um país. Segundo a autora:
A França, país de larga tradição no uso da mediação, contou com a adoção 
da técnica não apenas de forma institucionalizada de distribuição estatal de 
justiça, mas no âmbito das próprias empresas. Estas passaram a contratar 
mediadores para tratar de problemas que as envolvessem (especialmente no 
tocante a questões ambientais e relações de consumo).
O município de Santos, interior de São Paulo, é outro exemplo de emprego 
da mediação em larga escala, já que inaugurou, em junho de 2018, um espaço 
exclusivo para mediação dentro do prédio da Prefeitura Municipal, destinado à 
Técnicas negociais utilizadas em mediação10
mediação de casos de perturbação ao sossego, brigas entre vizinhos e queixas 
de barulhos, dentre outros conflitos mais voltados ao dia a dia dos munícipes. 
Segundo notícia veiculada no A Tribuna On-line, em 21 de junho de 2018, 
no ano de 2017 foram realizadas 367 mediações no projeto, das quais 300 
terminaram em acordo. No ano de 2018, até a veiculação da notícia, das 189 
mediações, 170 terminaram em acordo (SANTOS..., 2018). Os membros do 
projeto, vinculados à Ouvidoria, Transparência e Controle, foram treinados 
pela Ordem dos Advogados do Brasil, da Subseção de Santos, no ano de 2017.
1. A mediação é uma importante 
técnica de autocomposição 
do litígio. Ela foi introduzida 
no Brasil por qual razão?
a) Porque o PoderJudiciário não 
tem jurisdição para decidir 
sobre certas questões.
b) Porque a mediação não 
auxilia no reestabelecimento 
da comunicação.
c) Porque, por meio da mediação, 
os conflitantes podem 
reestabelecer a comunicação e 
se responsabilizar pela solução 
do conflito, desafogando o 
Poder Judiciário brasileiro.
d) Porque foi introduzido em 
outros países, e o legislador 
achou interessante copiar ideias 
vindas de outros lugares.
e) Porque a mediação não 
se aplica aos casos que 
poderiam ser decididos 
pelo Poder Judiciário.
2. O sucesso da mediação exige 
pessoas capacitadas. O emprego 
de técnicas é considerado:
a) uma obrigatoriedade, 
pois é previsto em lei.
b) inadmissível, pois tornaria 
a mediação mecânica.
c) eticamente não desejável.
d) uma prática que nada 
auxilia os conflitantes.
e) recomendável, embora 
não obrigatório.
3. A escuta ativa é uma técnica 
negocial. Pode-se dizer 
dessa técnica que:
a) ela é desnecessária, pois é evidente 
que as pessoas ouvem as outras.
b) apenas deve ser utilizada 
com conflitantes surdos.
c) é uma técnica muito útil, que 
pode ser incorporada no dia 
a dia de todas as pessoas.
d) é utilizada apenas por 
teóricos da comunicação.
e) não deve ser usada, restringindo-se 
aos casos em que não haja conflito.
4. Dentre as técnicas negociais 
usualmente utilizadas na mediação, 
o parafraseamento consiste em: 
a) repetir o que o outro diz, sem 
distorcer qualquer palavra.
b) demonstrar ao emissor 
da mensagem que o 
11Técnicas negociais utilizadas em mediação
receptor compreendeu a 
mensagem transmitida.
c) uma técnica que jamais deve 
ser utilizada, pois parece 
uma sátira com o outro.
d) uma técnica que apenas 
atrapalha a comunicação.
e) uma técnica ultrapassada, 
que deve deixar de ser 
usada na mediação.
5. A "tempestade de ideias", conhecida 
como brainstorming, é uma 
técnica negocial que permite:
a) que os conflitantes decidam 
procurar o Poder Judiciário.
b) atrapalhar a negociação, 
em razão da confusão 
que será gerada.
c) que o mediador interrompa 
o processo de mediação.
d) que os conflitantes 
fiquem apenas com as 
suas próprias idei as.
e) a criação de alternativas 
ao impasse.
AMORIN, J. R. N. Avanços na mediação empresarial. Estadão, São Paulo, 5 mai. 2018. 
Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/avancos-da-
-mediacao-empresarial/>. Acesso em: 20 jul. 2018.
ARISTÓTELES. Retórica. Lisboa: Impressão Nacional Casa da Moeda, 2005.
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13Técnicas negociais utilizadas em mediação
http://www.atribuna.com.br/noticias/noticias-detalhe/cidades/santos-
http://www.ceara.gov/
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