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QUEIMADURAS 2023 1 Introdução Queimaduras consistem em lesões cutâneas de origem térmica, química, elétrica ou radioativa que podem ocorrer por atrito ou fricção. Tais agentes atuam nos tecidos de revestimento do corpo, levando à destruição parcial ou total da pele, sendo capaz de atingir camadas mais profundas, como o tecido celular subcutâneo, músculos, tendões, nervos, ossos e capilares sanguíneos (Barbosa, Nishimura, Racanicchi, & Oliveira, 2021; Brasil, 2019; Castro et al., 2013; Luz et al., 2021; Rocha, Canabrava, Adorno, & Gondim, 2016). 2 2 Classificação das Queimaduras As queimaduras podem ser classificadas em relação à sua profundidade e extensão. 3 Classificação das Queimaduras PRIMEIRO GRAU ESPESSURA SUPERFICIAL Afeta somente epiderme, sem formar bolhas. Vermelhidão, dor, edema, descamam 4-6 dias SEGUNDO GRAU ESPESSURA PARCIAL – SUPERFICIAL E PROFUNDA Afeta epiderme e derme, com bolhas ou flictenas. Base da bolha rósea, úmida, dolorosa (superf.). Base da bolha branca, seca, indolor (profunda). Restauração das lesões entre 7 e 21 dias. TERCEIRO GRAU ESPESSURA TOTAL Indolor. Placa esbranquiçada ou enegrecida. Textura coreácea. Não reepitelizam, necessitam de enxertia de pele (indicado no II Grau profundo). 4 4 Classificação das Queimaduras PRIMEIRO GRAU SEGUNDO GRAU TERCEIRO GRAU 5 5 EXTENSÃO DA QUEIMADURA E REGRA DOS “NOVE” Superfície palmar do paciente (incluindo os dedos) representa cerca de 1% da SCQ. ÁREAS NOBRES / QUEIMADURAS ESPECIAIS: Ocular, auricular, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, coxofemoral, joelho, tornozelo), genital; assim como queimaduras profundas, que atingem estrutura profunda como osso, músculo, tendão, nervo e/ou vaso desvitalizado. 6 Superfície Corpórea Queimada - SCQ 6 7 8 Tratamento Imediato de Emergência Interromper o processo de queimadura. Remover roupas, joias, anéis, piercing, próteses. Cobrir as lesões com tecido limpo. 9 Vias aéreas (avaliação): Avaliar presença de corpos estranhos, verificar e retirar qualquer tipo de obstrução. Respiração: Aspirar vias aéreas superiores, se necessário. Administração de O2 a 100% (máscara umidificada) e na suspeita de intoxicação por CO2 manter por 3h. Suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado, face acometida, rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia, queimadura nas vibrissas, insuficiência respiratória. 10 10 Cabeceira elevada (30°). Intubação orotraqueal: Escala de coma Glasgow <8; PaO2 <60; PaCO2 >55 na gasometria, dessaturação <90%; edema importante de face e orofaringe. Expor a área queimada. 11 11 ACESSO VENOSO Obter preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso mesmo em área queimada. Somente na impossibilidade desta, utilizar acesso venoso central SONDA VESICAL DE DEMORA Para controle de diurese para queimaduras acima de 20% em adultos e 10% em crianças. 12 12 ATENÇÃO 13 13 Nas primeiras 24h não se usa colóide, diurético ou droga vasoativa. PARKLAND 2-4ml x %SCQ x kg 2ml: idosos, IRC, ICC 4ml: crianças e adultos jovens. SOLUÇÃO Cristalóides - RL 50% em 8h; 50% em 16h. DIURESE 0,5 a 1ml/kg/h Elétrico: 1,5ml/kg/h Glicemia em crianças e diabéticos HIDRATAÇÃO ATENÇÃO TRATAMENTO DA DOR “ " 14 ENDOVENOSO ADULTOS: Dipirona - 500 mg a 01 grama EV Morfina- 1ml(10mg) diluída em 9 ml SF 0,9%,, dar até 01mg para cada 10kg de peso. CRIANÇAS: Dipirona – 15 – 25 mg/kg EV Morfina= 0,1mg/kg/dose (solução diluída). 15 15 Medidas Gerais e Tratamento da Ferida 16 Cabeceira elevada; pescoço em hiperextensão; membros superiores elevados e abduzidos, se lesão em pilares axilares. Administração da profilaxia do Tétano (Toxóide tetânico), da úlcera de estresse (bloqueador receptor H2) e do tromboembolismo (heparina SC). Limpeza da ferida com água e clorexidina 2%. Na falta deste, água e sabão neutro. 17 17 Não usar antibiótico sistêmico profilático em queimaduras. Não usar corticosteroides. Queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar escarotomia para melhorar expansão. Em feridas em fase granulativa utilizar o meio menos traumático possível. 18 18 ESTUDO EXPERIMENTAL COMPARATIVO ENTRE DIFERENTES CURATIVOS À BASE DE PRATA EM QUEIMADURAS DE 2º. GRAU EM RATOS Utilizou-se 45 e, após queimadura por escaldo, foram tratados com soro fisiológico, sulfadiazina de prata, Aquacel®, Mepilex® e Actcoat®. Os ratos foram sacrificados e a área queimada foi enviada para análise histopatológica, sem o conhecimento de qual curativo foi utilizado. Os critérios de avaliação foram: epitelização; extensão da área cicatrizada; infiltrado inflamatório crônico; neoformação vascular; proliferação fibroblástica, fibras elásticas e colágeno jovem. 19 PORTELLA, D. L.; SOLLA, M. F.; ALCÂNTRA, D. G.; GONELLA, H. A.; RODRIGUES, J. M. da S. Estudo experimental comparativo entre diferentes curativos à base de prata em queimaduras de 2º. grau em ratos. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, [S. l.], v. 18, n. Supl., p. 101, 2016. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/29861. Acesso em: 29 maio. 2023. 19 Apesar da diferença estatisticamente significante para neoformação vascular entre os grupos, não foi possível identificar qual grupo difere dos demais. A presença de infiltrado inflamatório foi maior nos ratos tratados com sulfadiazina de prata e com Actcoat® que nos ratos tratados com Mepilex®. As feridas apresentaram-se epitelizadas entre o 9º e 12º dia, sem preponderância de um curativo específico. O grupo controle apresentou menor resposta inflamatória comparado aos curativos de prata. 20 PORTELLA, D. L.; SOLLA, M. F.; ALCÂNTRA, D. G.; GONELLA, H. A.; RODRIGUES, J. M. da S. Estudo experimental comparativo entre diferentes curativos à base de prata em queimaduras de 2º. grau em ratos. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, [S. l.], v. 18, n. Supl., p. 101, 2016. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/29861. Acesso em: 29 maio. 2023. 20 21 CUIDADOS LOCAIS COM AS FERIDAS DAS QUEIMADURAS Rossi LA, Menezez MAJ, Gonçalves N, Ciofi-Silva CL, Farina-Junior JA, Stuchi RAG. Cuidados locais com as feridas das queimaduras. Rev Bras Queimaduras2010;9(2):54-59 Como em qualquer tipo de lesão tecidual, após a ocorrência da queimadura, o organismo responde com uma série de eventos fisiológicos, numa tentativa de restabelecer a continuidade epitelial. Entretanto, há necessidade de intervenções para que o processo de reparação tecidual prossiga sem complicações que possam retardá-lo, assim como manter a perfusão tecidual adequada e a integridade da pele em áreas não queimadas. 22 22 As queimaduras sempre foram consideradas contaminadas por estarem, frequentemente, contaminadas com sujidades do local de ocorrência da injúria, pela presença de colonização imediata por micro-organismos e pela rápida proliferação em decorrência da grande quantidade de tecido desvitalizado. Não há evidências de que o uso de antissépticos para limpeza das feridas provocadas pela queimadura seja benéfico. Não é possível "esterilizar" uma ferida com o uso de antisséptico, mesmo se fosse possível mantê-lo em contato com a ferida por um longo período de tempo. 23 23 A redução da carga bacteriana está mais associada a um desbridamento efetivo do que ao uso de antissépticos. Os antissépticos têm indicação na redução da carga bacteriana, mas têm citotoxicidade comprovada, ficando a indicação reservada para lesões nas quais não haja tecidos viáveis ou nas quais o risco de infecção superar o objetivo inicial de promoção de reparação tecidual. 24 24 CURATIVOS Os curativos abertos são caracterizados pela colocação de uma cobertura primária ou apenas pela aplicação do agente tópico. As coberturas, materiais ou produtos utilizados para tratar ou ocluir a ferida, podem ser primáriasou secundárias. O método aberto é mais utilizado em pacientes críticos com mobilidade limitada e em locais de difícil oclusão, como face e orelha. Apresenta grande risco de levar o paciente a hipotermia, sobretudo em grandes queimados, requerendo maior temperatura externa, necessidade de diversas aplicações diárias e dificuldade de manipulação do paciente. 25 25 26 Os curativos oclusivos se caracterizam pela aplicação de uma cobertura primária seguida por outra secundária. Esse tipo de curativo tem como vantagem permitir a mobilização do paciente. O curativo oclusivo tem como vantagem diminuir a perda de calor e fluidos por evaporação pela superfície da ferida, além de auxiliar no desbridamento e absorção do exsudato presente, sobretudo na fase inflamatória da cicatrização. 27 Rossi LA, Menezez MAJ, Gonçalves N, Ciofi-Silva CL, Farina-Junior JA, Stuchi RAG. Cuidados locais com as feridas das queimaduras. Rev Bras Queimaduras2010;9(2):54-59 27
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