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1 
 
 
 
2 
OBSERVAÇÕES INICIAIS 
 
O corte, neste momento, segue estimado em 77 pontos para ampla 
concorrência (sem as anulações). Os nossos professores entendem que 6 questões, em 
especial, estão envolvidas em maiores polêmicas a serem apreciada (01, 17, 34, 76, 84 
e 99)1 e, portanto, podem ter suas situações alteradas na fase recursal, o que deixa em 
aberto uma nova nota de corte. 
Após este estudo, o candidato poderá vislumbrar a possibilidade de um 
aumento em sua nota final. Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a 
cada 2 (duas) questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um) 
ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço 
no certame. Guardem esta informação! 
Aos alunos da turma de reta final MPSE 2022, pedimos que não deixem de reler 
os conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será 
importante nos próximos desafios (e também para 2ª fase do concurso, aos que 
prosseguirão). Como perceberam, o estudo em sprint final foi revertido em pontos 
decisivos. Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo 
em menor prazo. Os feedbacks recebidos pós-prova comprovam que novamente 
teremos uma invasão megeana, com muitos alunos em sua primeira oportunidade em 
2ª fase. 
Em nossa análise sobre caminhos pós-prova MPSE, entendemos que esse 
direcionamento pode orientar da melhor forma. Sobre a nota de corte de ampla 
concorrência (estimada entre 77), diante das polêmicas apontadas como possíveis 
anulações, estimamos que até 76 pontos seria possível imaginar uma chance de 2ª fase. 
Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso, 
entrar imediatamente no Clube do MP (que iniciou há 1 mês sua turma 2022.2) ou que 
foque nas retas finais de MPMG e MPPA. 
SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO MPSE NÃO SE DESESPERE! 
O Clube Do MP 2022 é uma solução incrível que irá acompanhá-lo durante toda 
sua preparação para carreira (com estudo otimizado da lei seca, materiais de doutrina 
resumida, simulados específicos para carreira, videoaulas e muito mais). Além do apoio 
de nossa equipe, com a experiência de já ter comemorado a aprovação de mais de 500 
alunos, por tempo ininterrupto em estudo constante e atento a todo cenário dos 
concursos para MP e suas novidades abordadas em cada prova e edital. 
O clube conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do 
concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma 
personalizada e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado. Vale a pena 
 
1 Outras questões podem apresentar polêmicas não comentadas neste arquivo, diante do curto tempo 
para apresentação, e incidirem em recursos e anulações. 
 
3 
conferir! Além disso, já teremos em breve MPMG com regulamento já publicado e 
MPPA com banca já escolhida. 
CLUBE DO MP 2022 
https://clube.mege.com.br/assine-clube-mp/ 
 
A SEGUNDA FASE É LOGO ALI! 
Por fim, vale ressaltar que já estamos com inscrições abertas para turma de 2ª 
fase MPSE (onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas 
personalizadas) focada em uma preparação completa para este desafio. 
As inscrições já estão abertas em nosso site e você ainda poderá utilizar o 
cupom de desconto MPSE10 para garantir sua vaga 10% no carrinho de compra! 
 
Os links para inscrição nas turmas de 2ª fase seguem em nossa área de cursos: 
TURMA 1 (com correções) 
https://loja.mege.com.br/proposta/mpse2fasecomcorrecao 
TURMA 2 (Sem correções) 
https://loja.mege.com.br/proposta/mpse2comespelhos 
 
Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do MPSE. 
Uma tradicional e obrigatória revisão para todo concurseiro de promotoria. 
Bons estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
https://clube.mege.com.br/assine-clube-mp/
https://loja.mege.com.br/proposta/mpse2fasecomcorrecao
https://loja.mege.com.br/proposta/mpse2comespelhos
 
4 
CONSTITUCIONAL 
1. Entre interpretações alternativas e plausíveis, deverá o intérprete constitucional 
prestigiar aquela que permita a atuação da vontade constitucional, evitando, no limite 
do possível, soluções que se refugiem no argumento da não autoaplicabilidade da 
norma ou na ocorrência de omissão do legislador. 
Luis Roberto Barroso. Curso de direito constitucional contemporâneo: 
os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9.ª ed. São 
Paulo: Saraiva Educação, 2020. 
O princípio hermenêutico que traduz a lição presente nesse fragmento de texto é o da 
(A) razoabilidade ou proporcionalidade. 
(B) presunção de constitucionalidade das leis e atos normativos. 
(C) unidade da Constituição. 
(D) máxima efetividade. 
(E) força normativa 
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO 
RESPOSTA: D 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA. 
O princípio da razoabilidade ou proporcionalidade não se trata de um Princípio 
hermenêutico 
(B) INCORRETA. 
A questão faz referência a princípios hermenêuticos, não caracterizando presunção de 
constitucionalidade das leis e atos normativos 
(C) INCORRETA. 
O Princípio da Unidade da Constituição diz que a Constituição deve ser 
interpretada de modo a evitar conflitos, contradições e antagonismos entre suas normas 
(refinamento da interpretação sistemática). Impõe a interpretação em conjunto com as 
demais normas. 
Segundo o princípio da unidade da Constituição, não há antinomias reais no 
texto da Constituição. As antinomias são apenas aparentes, pois a Constituição é um 
complexo de normas que mantêm entre si vínculos de essencial coerência. (Ponto 3 de 
Direito Constitucional do Clube do MP 2022.1) 
(D) CORRETA. 
 
5 
Na aplicação da Constituição, deve ser dada preferência às soluções 
concretizadoras de suas normas, que as tornem mais eficazes e permanentes. Deve 
haver, assim, uma primazia das soluções que possibilitem a atualização das normas 
constitucionais, garantindo-lhes eficácia e permanência. 
Tal princípio, idealizado por Konrad Hesse, empenha-se em demonstrar que 
não há de se verificar uma derrota da Constituição quando colocada em oposição aos 
fatores reais de poder (opõe-se, no ponto, ao conceito sociológico de Constituição de 
Lassale). Deve-se ter em vista a chamada vontade da constituição. Assim, como norma 
jurídica, a Constituição possui força normativa suficiente para, coercitivamente, impor 
as suas determinações. 
ATENÇÃO! Principal utilização prática - afastar interpretações divergentes, que 
enfraqueçam a força normativa da Constituição. 
(Ponto 3 de Direito Constitucional do Clube do MP 2022.1) 
(E) INCORRETA – PASSÍVEL DE RECURSO 
O princípio da Máxima efetividade diz que a interpretação eleita deve ser a que 
dá a maior efetividade possível ao direito, para que cumpra a sua função social (STF, 
AgRg na Rcl 2600/SE). Trata-se de princípio vinculado especificamente aos direitos 
fundamentais (implícito no art. 5º, § 1º, da CF). 
Eficácia social = a norma cumpre sua finalidade, atingindo o objetivo para o 
qual foi criada - realização de efeitos concretos. (Ponto 3 de Direito Constitucional do 
Clube do MP 2022.1) 
 
2. Acerca do direito constitucional intertemporal, julgue os itens a seguir. 
I Segundo a teoria da recepção, uma nova Constituição revoga toda a legislação anterior 
com ela incompatível. 
II O fenômeno da desconstitucionalização significa que as normas constitucionais de 
uma Constituição revogada permanecem no mundo jurídico como normas ordinárias. 
III A repristinação não é admitida no direito brasileiro. 
Assinale a opção correta. 
 
(A) Apenas o item II está certo. 
(B) Apenas o item III está certo. 
(C) Apenas os itens I e II estão certos. 
(D) Apenas os itens II e III estão certos. 
 
6 
(E) Todos os itens estão certos. 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
I. Item correto. 
Ao ser promulgada uma nova constituição as normas infraconstitucionais que são 
materialmente compatíveis com ela são recepcionadas sob o regime desta nova 
Carta Magna. Já as normas infraconstitucionaismaterialmente incompatíveis com a 
nova constituinte perdem seu fundamento de validade antigo, e portanto, sua 
vigência. O princípio da unidade do ordenamento jurídico não admite a convivência 
simultânea de normas materialmente incompatíveis entre si. O instituto da recepção 
também deve ser usado às hipóteses de promulgação de emendas constitucionais, 
não havendo qualquer justificativa plausível para que fique restrito apenas aos casos 
de surgimento de uma nova constituição. 
II. Item correto 
De acordo com a Teoria da Desconstitucionalização, as normas 
constitucionais que não sejam materialmente constitucionais e que tenham 
compatibilidade com a nova ordem constitucional vigente podem ser mantidas com 
natureza de lei, desconstitucionalizando-se. Em regra, a teoria da 
desconstitucionalização NÃO é admitida no direito brasileiro. 
A aplicação da Teoria da Desconstitucionalização deve ter previsão 
expressa, a exemplo do que ocorre com a Constituição de Portugal (art. 292). No 
Brasil, o art. 147 da Constituição de 1967 do Estado de SP também trazia tal 
possibilidade. (Ponto 2 de Direito Constitucional do Clube do MP 2021.2) 
III. Item incorreto 
A repristinação, em sua forma expressa, é admitida sim no direito brasileiro. 
Sendo assim, vejamos: 
A repristinação consiste no restabelecimento de uma condição anterior. No 
direito, o fenômeno ocorre quando uma norma restaura sua vigência em virtude da 
revogação da norma que a revogou. Admite-se, como regra, apenas a repristinação 
expressa. 
A repristinação tácita não é admitida no âmbito Constitucional em virtude da 
preservação dos princípios da segurança jurídica e da estabilidade das relações 
sociais, uma vez que o permanente refluxo de normas revogadas geraria dificuldades 
insuperáveis na aplicação do direito, dessa forma a repristinação de normas 
constitucionais só é admitida em quando há previsão expressa nesse sentido. No 
âmbito das normas infraconstitucionais a LINDB também veda a repristinação tácita 
ao preceituar que, salvo disposição em contrário , a lei revogada não se restaura por 
ter a lei revogadora perdido a sua vigência (art. 2º, § 3º). Em síntese: como regra 
geral a repristinação só é admitida nos casos em que uma terceira norma, ao revogar 
a anterior (segunda norma), prevê expressamente a restauração da vigência da 
 
7 
primeira norma revogada. (Curso de Direito Constitucional , Marcelo Novelino, 
2021, p. 156). 
 
 
3. Um partido político ajuizou ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 
perante o Supremo Tribunal Federal (STF) contra acórdão do Tribunal de Contas da 
União (TCU) que afastou a subvinculação de verbas para pagamento de salários dos 
professores, estabelecida na legislação federal, aos valores de complementação de 
fundo da educação pagos pela União aos estados e aos municípios por força de 
condenação judicial. 
Com base nessa situação hipotética, assinale a opção correta. 
(A) A ADPF pode ser conhecida, pois não apresenta qualquer vício de ordem processual. 
(B) O acórdão do TCU não pode ser objeto de controle de constitucionalidade. 
(C) Por ter natureza normativa, o acórdão só poderia ser atacado por meio de ação 
direta de inconstitucionalidade. 
(D) Por sua natureza administrativa, o acórdão só poderia ser objeto de controle de 
legalidade. 
(E) A ADPF não deve ser conhecida, pois o partido político não é legitimado para propô-
la. 
RESPOSTA: A 
COMENTÁRIOS 
(A) CORRETA 
O Plenário do STF nos autos da ADPF 528 julgou constitucional a decisão dada pelo TCU, 
nos seguintes termos: 1. A orientação do TCU que afasta a incidência da regra do art. 22 
da Lei 11.494/2007 aos recursos de complementação do FUNDEB pagos por meio de 
precatórios encontra-se em conformidade com os preceitos constitucionais que visam a 
resguardar o direito à educação e a valorização dos profissionais da educação básica. 2. 
O caráter extraordinário da complementação dessa verba justifica o afastamento da 
subvinculação, pois a aplicação do art. 60, XII, do ADCT, c/c art. 22 da Lei 11.494/2007, 
implicaria em pontual e insustentável aumento salarial dos professores do ensino 
básico, que, em razão da regra de irredutibilidade salarial, teria como efeito pressionar 
o orçamento público municipal nos períodos subsequentes sem o respectivo aporte de 
novas receitas derivadas de inexistentes precatórios , acarretando o investimento em 
salários além do patamar previsto constitucionalmente, em prejuízo de outras ações de 
ensino a serem financiadas com os mesmos recursos. 
(B) INCORRETA 
 
8 
Acórdão do TCU pode ser objeto de controle concentrado subsidiário de 
constitucionalidade, à vista ADPF 528 em comento. 
(C) INCORRETA 
Ação direta de inconstitucionalidade não é via eleita para o pleito, conforme afirma esta 
alternativa. Segundo a CF/88, art. 102, I, a, cabe ADI de lei ou ato normativo FEDERAL 
ou ESTADUAL, e a ADC de lei ou ato normativo FEDERAL, apenas. 
(D) INCORRETA 
Não é, especificamente, por ter natureza administrativa que tal decisão emanada do 
TCU pode ser objeto de controle de legalidade. Ora, é o próprio TCU, nos termos do art. 
70, §1º e incisos da CF/88, quem tem propriedade para avaliar a legalidade de atos 
administrativos. 
(E) INCORRETA 
A lei que regula o processo e julgamento da ADPF é a 9.882/99. Segundo o art. 2º desta 
legislação, podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental os 
mesmos legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade. Ora, nos termo do art. 
103, VIII da CF/88, podem propor ADI e ADC os partidos políticos com representação no 
Congresso Nacional. Da mesma forma, em consonância com a Carta Magna, prevê a Lei 
9.868/99, responsável pela definição do processo nos autos de ADIs, ADCs e ADOs. 
 
4. De acordo com o art. 40, § 1.º, da Lei Complementar n.º 73/1993, o parecer editado 
pelo advogado-geral da União, aprovado pelo presidente da República e publicado no 
Diário Oficial da União vincula a administração federal, cujos órgãos e entidades ficam 
obrigados a lhe dar fiel cumprimento. Com base nesse dispositivo legal, é correto afirmar 
que o referido parecer 
(A) não pode ser objeto de controle de constitucionalidade. 
(B) pode ser atacado, dada a sua natureza normativa, por meio de ação direta de 
inconstitucionalidade. 
(C) não pode ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade, em razão de sua 
natureza administrativa. 
(D) só pode ser objeto de controle de legalidade. 
(E) só pode ser atacado por meio de controle difuso de constitucionalidade. 
RESPOSTA: B 
_______________________________________________________________________ 
COMENTÁRIOS 
 
9 
Parecer normativo da Consultoria-Geral da República, aprovado pelo 
Presidente da República pode ser objeto de impugnação mediante ação direta de 
inconstitucionalidade (ADI 4/DF). 
Segundo o art. 22, § 2º e art. 23 do Decreto 92.889/86 este parecer, quando 
aprovado pelo Presidente, assume força normativa, assim, teoricamente, poderia ser 
objeto de ADI. 
 
5. O poder constituinte originário 
A) é juridicamente ilimitado 
B) deriva de ordem jurídica anterior 
C) deve obedecer ao princípio da separação dos poderes. 
D) só ocorre por meio de processo revolucionário. 
E) deve obedecer a cláusulas pétreas 
 
RESPOSTA: A 
COMENTÁRIOS 
(A) CORRETA 
Hoje prevalece que o PCO é ilimitado juridicamente, - Ele é ilimitado 
juridicamente, assim não tem que respeitar os limites postos pelo direito anterior. Trata-
se da concepção clássica, que já sofreu novas interpretações, como veremos a seguir. 
A natureza jurídica do Poder Constituinte Originário é controvertida. Para a 
concepção jusnaturalista, trata-se de um poder jurídico (ou de direito). De acordo com 
essa corrente, o PCO estaria subordinado aos princípios do direito natural. 
Noutro giro, a concepção positivista não admite a existência de qualquer 
outro direito além daquele posto pelo Estado. Nesse sentido, o PCO é anterior e se 
encontra acima de toda equalquer norma jurídica, devendo ser considerado um poder 
político/histórico (extraordinário ou de fato). 
Ou seja, o entendimento majoritário é que sim, ele é ilimitado juridicamente, 
no entanto possui limitação metajurídica, implicações circunstanciais impositivas, 
derivadas de pressões de grupos sociais, econômicos, políticos (Seriam os “fatores reais 
de poder”, conforme teoria de Ferdinand Lassalle sobre a concepção sociológica de 
constituição). 
 
(B) INCORRETA. 
 
10 
Conforme o escólio de SARLET, MARINONI e MITIDIERO: “o poder constituinte 
acaba assumindo a feição de uma categoria pré-constitucional, capaz de, por força de 
seu poder e de sua autoridade, elaborar e fazer valer uma nova constituição”. 
O poder constituinte originário (PCO), também denominado inicial, inaugural, 
genuíno ou de 1º grau, é aquele que inaugura ou instaura uma nova ordem jurídica em 
um Estado, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente. 
O PCO possui as seguintes características: 
 
- Inicial - Inaugura um novo ordenamento, instaurando uma 
nova ordem jurídica. 
- Autônomo - A estruturação da nova Constituição será 
determinada, autonomamente, por quem exerce o poder 
constituinte originário. 
- Ilimitado Juridicamente - Ele é ilimitado juridicamente, assim 
não tem que respeitar os limites postos pelo direito anterior. 
Trata-se da concepção clássica, que já sofreu novas 
interpretações, como veremos a seguir. 
- Soberano e Incondicionado na Tomada de Suas Decisões – 
Não tem que se submeter a qualquer forma prefixada de 
manifestação. 
- Permanente - A doutrina aponta que o PCO não se “esgota” 
com a elaboração de uma nova constituição, mas permanece 
em “estado de latência”, podendo novamente se manifestar 
em um novo “momento constituinte”. 
- Inalienável - Sua titularidade não é passível de transferência. 
- Poder político/histórico. 
 
(C ) INCORRETA. 
A Separação dos poderes é uma cláusula pétrea explicita, vide resposta da letra E. 
(D) INCORRETA. 
Tipos de Poder Constituinte Originário: 
- Histórico - É aquele que é o primeiro da história de um Estado 
(“verdadeiro poder constituinte originário”, conforme doutrina). 
O Poder Constituinte Originário Histórico cria o Estado e 
determina suas regras e limites. No Brasil, exemplo de 
manifestação do Poder Constituinte Originário Histórico é a 
 
11 
Constituição de 1824, que inaugurou uma ordem constitucional 
para o país recém independente, marcando a sua soberania. 
- Revolucionário - É aquele que se segue ao primeiro, que quebra 
a estrutura existente anteriormente. A expressão revolução 
indica momentos de crises, de ruptura drástica. A doutrina 
aponta que a “revolução” não precisa ser necessariamente 
armada, bélica, podendo ser pacífica, desde que represente uma 
profunda mudança na ordem político-social vigente. Nesse 
sentido, a própria Constituição de 1988 pode ser entendida 
como fruto do poder constituinte originário revolucionário, 
porquanto, embora elaborada por manifestação de uma 
Assembleia Nacional Constituinte (democrática), rompeu com o 
regime militar anterior. 
 
(E) INCORRETA. 
O poder Constituinte originário não deve obedecer as cláusulas pétreas, 
justamente por ter como uma de suas principais característica ser um Poder Inicial, pois 
inaugura um novo ordenamento, instaurando uma nova ordem jurídica, não se 
submetendo a nenhuma obediência ao ordenamento jurídico anterior. No entanto, o 
Poder Constituinte Derivado é criado e instituído pelo PCO, sendo portanto limitado e 
condicionado, nesse sentido assim, deve obedecer às regras impostas pelo originário, 
sendo, nesse sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos. Razão 
pela qual o PCD é impedido de alterar o conteúdo das cláusulas pétreas. 
 
6. Segundo o STF, os tratados internacionais de direitos humanos, quando incorporados 
ao direito interno, têm status de 
(A) norma supralegal, se incorporados com base no § 3.º do artigo 5.º da Constituição 
Federal de 1988. 
(B) emenda constitucional, se incorporados com base no § 2.º do artigo 5.º da 
Constituição Federal de 1988. 
(C) norma supralegal, se incorporados com base no § 2.º do artigo 5.º da Constituição 
Federal de 1988. 
(D) lei ordinária, se incorporados com base no § 3.º do artigo 5.º da Constituição Federal 
de 1988. 
(E) lei ordinária, se incorporados com base no § 2.º do artigo 5.º da Constituição Federal 
de 1988. 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
 
12 
Resposta que abrange todas as alternativas: 
Para o STF, os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos e 
que não tenham sido aprovados conforme o art. 5º, § 3º, da CF, possuem status de 
norma supralegal, ou seja, estão acima das leis (paralisam toda a legislação 
infraconstitucional contrária), mas abaixo da Constituição Federal. 
Cabe lembrar que os tratados internacionais sobre direitos humanos que sejam 
aprovados na forma do art. 5º, § 3º, da CF, ingressam no nosso ordenamento jurídico 
com status de Emenda Constitucional, conforme previsto na própria Carta Magna. 
(Ponto 4 de Direito Constitucional do Clube do MP 2022.1) 
Nesse sentido, no caso específico trazido pela questão trata-se de Tratados 
Internacionais com status supralegal, uma vez que não são aprovados através do §3º 
do art. 5º da CF (quórum qualificado de Emendas Constitucionais). 
 
REQUISITOS para que o tratado internacional alcance status de emenda 
constitucional: 
- requisito material = conteúdo de direito humano. 
- requisito formal = aprovação em 2 turnos, por 3/5 dos membros do SF e da CD. 
 
Esquematizando os níveis dos TRATADOS INTERNACIONAIS na ordem 
jurídica pátria: 
 
CONSTITUCIONAL SUPRALEGAL LEI ORDINÁRIA 
- tratados de direitos 
humanos, aprovados com 
o quórum qualificado das 
ECs. 
- Exemplos de tratados 
aprovados na forma do 
art. 5º, §3º, da CF: 
Convenção sobre os 
Direitos das Pessoas com 
Deficiência e de seu 
Protocolo Facultativo, 
assinados em Nova York; 
Tratado de Marraquexe 
para Facilitar o Acesso a 
- tratados de direitos 
humanos, NÃO aprovados 
com o quórum qualificado 
das Ecs. 
- Caso mais emblemático: 
Pacto de San José da Costa 
Rica. 
- Em razão do 
reconhecimento do seu 
status supralegal, paralisa 
a legislação interna com 
ele conflitante, como a 
hipótese do depositário 
infiel (STF, RE 466.343 e SV 
25 – “É ilícita a prisão civil 
de depositário infiel, 
- demais tratados 
internacionais (não de 
direitos humanos). 
* não podem tratar de 
matéria reservada à Lei 
Complementar. 
 
 
13 
CONSTITUCIONAL SUPRALEGAL LEI ORDINÁRIA 
Obras Publicadas para 
Pessoas Cegas. 
Convenção 
Interamericana contra o 
Racismo, a Discriminação 
Racial e Formas 
Correlatas de 
Intolerância (Decreto nº 
10.932/2022). 
OBS: Já caiu em prova: 
quais atos aprovados na 
forma do art. 5, §3º, da 
CF? Atualmente, são 
eles: DLG nº 186, de 2008 
, DEC 6.949, de 2009 , DLG 
261, de 2015, Decreto nº 
10.932/2022. 
qualquer que seja a 
modalidade de depósito”). 
- OBS: parte da doutrina 
defende que os tratados 
internacionais que versem 
sobre Direito Tributário e 
sobre Direito Processual 
Civil também teriam status 
supralegal, por força, 
respectivamente, dos arts. 
98 do CTN e 13 do 
CPC/2015. 
 
(Ponto 4 de Direito Constitucional do Clube do MP 2022.1) 
 
7. No que diz respeito ao Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos, 
assinale a opção correta. 
(A) O Brasil não reconheceu a competência jurisdicional da Corte Interamericana de 
Direitos Humanos. 
(B) Se o ato violador de direitos humanos for cometido por um estado-membro da 
Federação brasileira, caberá a este responder e apresentar defesa perante a 
ComissãoInteramericana de Direitos Humanos. 
(C) Apenas Estados-parte da Organização dos Estados Americanos podem apresentar 
petições de denúncia ou queixa à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
(D) Queixa ou denúncia pendente de análise em outra instância internacional não 
impede sua admissão pela Comissão Interamericanade Direitos Humanos. 
(E) Antes de submeter um caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, é 
necessário, como regra, que tenham sido interpostos e esgotados os recursos da 
jurisdição interna do Estado-parte. 
 
RESPOSTA: E 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/CONGRESSO/DLG/DLG-186-2008.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm
 
14 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA 
O art. 5º da CF/88 afirma que o Brasil se submeterá à jurisdição internacional, nos 
pontos aderidos pelo Estado brasileiro. 
(B) INCORRETA 
O Estado presta informações, e não faz especificamente a defesa, nos termos da 
Convenção Interamericana de Direitos Humanos. 
(C) INCORRETA 
Estados e indivíduos, individualmente, podem acionar a Comissão. O mesmo não ocorre 
quanto à Corte Interamericana. 
(D) INCORRETA 
De acordo com o art. 46, 1, c, da CIDH, para que uma petição ou comunicação 
apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão é 
necessário que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro 
processo de solução internacional. 
(E) CORRETA 
Também fundamentada à luz do art. 46 da CIDH. Segundo o ponto 1, a, para que uma 
petição ou comunicação apresentada à Comissão seja admitida é necessário, dentre 
outros, que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de 
acordo com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos. É 
importante, ademais, salientar que a própria CIDH faz ressalva à tal viabilidade 
procedimental. 
 
8. Não obstante a formulação e a execução de políticas públicas dependam de opções 
políticas a cargo daqueles que, por delegação popular, receberam investidura em 
mandato eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta, nesse domínio, a 
liberdade de conformação do legislador, nem a de atuação do Poder Executivo. É que, 
se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara 
intenção de neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos 
e culturais, afetando, como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou 
de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível 
consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma 
existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-
se-á, como precedentemente já enfatizado — e até mesmo por razões fundadas em um 
imperativo ético-jurídico —, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em 
ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente 
recusada pelo Estado. 
 
 
15 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. Arguição de descumprimento de 
preceito fundamental n.º 45, Relator: Celso de Melo, 2004. 
 
Com base no exposto anteriormente, julgue os seguintes itens, em relação ao direito ao 
mínimo existencial. 
I O direito ao mínimo existencial tem uma dimensão defensiva, algo que o Estado não 
pode subtrair do indivíduo. 
II O direito ao mínimo existencial tem uma dimensão prestacional, algo que cumpre ao 
Estado assegurar mediante prestações de natureza material. 
III O conteúdo do direito ao mínimo existencial ultrapassa a noção de mínimo vital ou 
de sobrevivência, de forma a também resguardar uma dimensão sociocultural. 
 
Assinale a opção correta. 
 
(A) Apenas o item I está certo. 
(B) Apenas o item III está certo. 
(C) Apenas os itens I e II estão certos. 
(D) Apenas os itens II e III estão certos. 
(E) Todos os itens estão certos. 
RESPOSTA: E 
 
COMENTÁRIOS 
De acordo com Marcelo Novelino (2021, p. 535): 
“A expressão mínimo existencial surgiu na Alemanha , em uma decisão do 
Tribunal Federal Administrativo de 1953, sendo posteriormente incorporada na 
jurisprudência do Tribunal Federal Constitucional daquele país. Deduzido a partir dos 
princípios da dignidade da pessoa humana, da liberdade material e do Estado Social, o 
termo designa um conjunto de bens e utilidades básicas imprescindíveis a uma vida 
humana digna. No âmbito dos direitos sociais Ana Paula de Barcellos (2002) aponta à 
saúde, a educação. A assistência aos desamparados (alimentação, vestuário e abrigo) e 
o acesso à justiça como direitos integrantes do mínimo existencial, e que, por 
conseguinte, devem ter prioridade na formulação e execução das políticas públicas. 
(...) Há quem atribua caráter absoluto ao mínimo existencial, não o sujeitando 
a reserva do possível. Nesse sentido o entendimento do Ministro Celso de Mello ao 
 
16 
ressaltar a impossibilidade de invocação, pelo Poder Público, da cláusula de reserva do 
possível sempre que puder resultar, de sua aplicação, comprometimento do núcleo 
básico que qualifica o mínimo existencial.”(dimensão defensiva) 
Diante disso, resta claro que o mínimo existencial em seu cerne trata da 
dignidade da pessoa humana. No entanto, ela é mais amplo e abarca também direitos 
sociais básicos, essenciais e indispensáveis a uma existência digna, revelando sua forte 
dimensão prestacional. 
Por fim, Flavio Martins Nunes Júnior (2019, p. 1294) esclarece: 
[...] Não se pode confundir mínimo existencial com o mínimo vital ou mínimo de 
sobrevivência, pois este é um corolário do direito à vida 9ar. 5º, caput, da Constituição 
Federal. Não permitir que alguém morra de fome, embora seja o primeiro e mais básico 
aspecto do mínimo existencial, com ele não se confunde. O mínimo existencial é um 
conjunto de garantias materiais para uma vida condigna, que implica deveres de 
abstenção e ação por parte do Estado. Confundir o mínimo existencial com o mínimo 
vital (de sobrevivência física) é reduzir o mínimo existencial ao direito à vida. Ora, o 
direito ao mínimo existencial é muito mais que isso: “implica uma dimensão 
sociocultural, que também constitui elemento nuclear a ser respeitado e promovido, 
razão pela qual determinadas prestações em termos de direitos culturais haverão de 
estar sempre incluídas no mínimo existencial.” 
 
9. A respeito do Ministério Público, julgue os itens a seguir. 
 
I O Ministério Público possui autonomia funcional e administrativa, sendo regido pelos 
princípios da unidade, da indivisibilidade e da independência funcional. 
II É vedado ao Ministério Público defender os direitos e interesses de populações 
indígenas. 
III É vedado ao Ministério Público representar judicialmente entidades públicas. 
Assinale a opção correta. 
 
(A) Apenas o item II está certo. 
(B) Apenas o item III está certo. 
(C) Apenas os itens I e II estão certos. 
(D) Apenas os itens I e III estão certos. 
(E) Todos os itens estão certos. 
RESPOSTA: D 
 
17 
COMENTÁRIOS 
I. ITEM CORRETO 
(Ponto 11 de Direito Constitucional do Clube do MP 2021.2): 
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO - O Ministério Público 
rege-se por três princípios institucionais expressos, quais sejam: unidade, 
indivisibilidade e independência funcional. 
PRINCÍPIOS regentes do MP: 
- unidade = os membros do MP integram um só órgão, sob chefia una (dentro de 
cada MP), sendo a divisão meramente funcional. Quando um membro do MP se 
manifesta, ele fala em nome da instituição (presenta o MP), isto é, o representante 
(ou presentante) é a própria instituição no exercício de suas funções. 
- indivisibilidade = dentro da respectiva carreira, os membros do MP se substituem 
uns pelos outros sem maiores formalidades. Assim, por exemplo, o ato realizado por 
membro de MP de foro incompetente dispensa ratificação (STF, HC 85.137). 
- independência funcional = internamente, no plano funcional, NÃO há hierarquia 
(não há chefia funcional, apenas administrativa) – não existe subordinação 
hierárquica no exercício das atribuições constitucionais. Nesse sentido, por exemplo, 
promotor de justiça que passa a atuar no processo decorrente de desmembramento 
oriundo do TJ está livre para alterar a denúncia anteriormente oferecida pelo PGJ(STF, informativo 893). 
II. ITEM INCORRETO 
Art. 129, V, da CF/88 
São funções institucionais do Ministério Público: 
(...) 
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; 
III. ITEM CORRETO 
Art. 129, V, da CF/88 
São funções institucionais do Ministério Público: 
(...) 
X - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua 
finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de 
entidades públicas. 
 
 
18 
10. O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa 
grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente 
(CF, art. 5.º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada, 
observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados 
na própria Constituição da República. 
Brasil. Supremo Tribunal Federal. Ação direta de inconstitucionalidade 
n.º 2213-MC, 
relator: min. Celso de Mello. Diário da Justiça da União, 23 abr. 2004. 
 
Tendo como referência o fragmento de texto precedente, julgue os próximos itens, 
relativos à função social da propriedade. 
 
I Poderá ser objeto de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária 
o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. 
II Não cumpre a função social o imóvel rural que não mantém níveis satisfatórios de 
produtividade. 
III A propriedade rural cumpre sua função social se estiver em conformidade com o 
plano diretor do município em que estiver inserida. 
 
Assinale a opção correta. 
 
(A) Apenas o item II está certo. 
(B) Apenas o item III está certo. 
(C) Apenas os itens I e II estão certos. 
(D) Apenas os itens I e III estão certos. 
(E) Todos os itens estão certos. 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
I. ITEM CORRETO 
 
Art. 184 da CF/88 
Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o 
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa 
 
19 
indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, 
resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja 
utilização será definida em lei. 
 
II. ITEM CORRETO 
Parágrafo 1º do artigo 2º da Lei n. º 4.504/64 (Estatuto da Terra) 
 Art. 2º(...) 
§1º. A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, 
simultaneamente: 
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim 
como de suas famílias; 
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; 
c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que 
a possuem e a cultivam. 
 
II. TEM INCORRETO 
Art. 182 da CF/88 
Nesse caso, § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às 
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. 
11. Assinale a opção correta em relação à prerrogativa concedida aos 
governadores de estado. 
(A) Os governadores de estado respondem perante o Superior Tribunal de Justiça pelas 
infrações penais comuns. 
(B) Os governadores de estado são imunes à prisão, nas infrações comuns, enquanto 
não sobrevier sentença penal condenatória 
(C) Governador de estado não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício 
da função. 
(D) Há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para recebimento 
da denúncia ou queixa contra o governador do estado. 
(E) Governador de estado responde perante o STF pelas infrações penais comuns 
cometidas no exercício da função. 
RESPOSTA: A 
 
20 
COMENTÁRIOS 
(A) CORRETA 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e 
nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do 
Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, 
os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os 
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério 
Público da União que oficiem perante tribunais; 
(B) INCORRETA. 
Constituição Federal prevê no artigo 86 a imunidade da prisão do Presidente. 
Segundo o § 3º desse artigo, “Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas 
infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão”. 
Portanto, não cabe prisão preventiva do Presidente. Aplicar-se-ia essa 
imunidade também ao Governador, em razão do princípio da simetria? NÃO! Esse é o 
posicionamento do STF. A imunidade do presidente é exclusivamente dele, pois é o 
único chefe de Estado, não se aplicando a governadores e prefeitos. 
(C) INCORRETA. 
Não é possível aplicar o art. 86, § 4º, da CF/88 para o Presidente da Câmara dos 
Deputados, considerando que a garantia prevista neste dispositivo é destinada 
expressamente ao chefe do Poder Executivo da União (Presidente da República). 
Desse modo, por se tratar de um dispositivo de natureza restritiva, não é 
possível qualquer interpretação que amplie a sua incidência a outras autoridades, 
notadamente do Poder Legislativo. 
STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 
816). 
Veja o que diz o § 4º do art. 86 da CF/88: 
Art. 86 (...) 
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado 
por atos estranhos ao exercício de suas funções. 
 Governadores e Prefeitos não gozam da imunidade penal relativa prevista no § 4º do 
art. 
"Por se tratar de exceção ao princípio republicano, esta prerrogativa somente pode ser 
contemplada pela Constituição da República, não podendo ser estendida pelas 
Constituições estaduais a Governadores e Prefeitos. A nosso ver, o caráter excepcional 
 
21 
desta norma impõe uma exegese estrita, o que impede a extensão desta imunidade 
temporária ao Vice-Presidente." (NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito 
Constitucional. São Paulo: Método, 2014, p. 1326). 
(D) INCORRETA. 
Conforme entendimento do STJ: 
Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ 
receba denúncia ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por 
crime comum. Em outras palavras, não há necessidade de prévia autorização da ALE 
para que o Governador do Estado seja processado por crime comum. Se a Constituição 
Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado 
criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional. Assim, é vedado às 
unidades federativas instituir normas que condicionem a instauração de ação penal 
contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa Legislativa. Se o STJ 
receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará automaticamente 
suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual? NÃO. O afastamento do cargo 
não se dá de forma automática. O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, 
irá decidir, de forma fundamentada, se há necessidade de o Governador do Estado ser 
ou não afastado do cargo. Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo, o STJ 
poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, 
proibição de ausentar-se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). 
STF. Plenário. ADI 4777/BA, ADI 4674/RS, ADI 4362/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. 
p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2017 (Info 872). 
STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863). 
STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. 
p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863). 
 
(E) INCORRETA. 
Não responde ao STF e sim ao STJ, vide resposta da Letra A. 
 
12. Caso o governo do estado edite, com o fim de regulamentardeterminada lei 
estadual, decreto que exorbite o poder regulamentar e crie uma obrigação não prevista 
na referida lei, a Assembleia Legislativa 
(A) poderá revogar parte do decreto por meio de resolução 
(B) poderá revogar todo o decreto por meio de resolução. 
(C) poderá revogar todo o decreto por meio de decreto legislativo. 
(D) nada poderá fazer, em respeito ao princípio da separação dos poderes. 
 
22 
(E) poderá revogar parte do decreto por meio de decreto legislativo. 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA 
Não é a resolução o meio adequado. 
(B) INCORRETA 
Não é a resolução o meio adequado. 
(C) CORRETA 
A questão versa sobre a teoria dos poderes implícitos, que garante, nos termos da 
CF/88, as mesmas garantias do Congresso Nacional ao Poder Legislativo Estadual. 
Segundo o art. 49, V da CF/88, é competente o Congresso Nacional sustar os atos 
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de 
delegação legislativa. O poder regulamentar referido, para fins de explanação, é aquele 
também tipificado na CF/88, no artigo 84. Sendo assim, o Legislativo Estadual poderá 
revogar o decreto estadual dito na questão. 
(D) INCORRETA 
Poderá revogar, com base na teoria dos poderes implícitos tralhada alhures. 
(E) INCORRETA 
Não é outro decreto legislativo o meio idôneo para excluir a exorbitação do Poder 
Executivo 
 
DIREITO PENAL 
13. Antônio, visando matar Carlos, desferiu tiros na direção deste, o que lhe causou a 
morte. Todavia, alguns disparos, por clara culpa, atingiram Francisco, que não faleceu, 
mas perdeu o braço por amputação em decorrência dos ferimentos. 
Nesse caso, Antônio deverá responder por 
(A) lesão corporal culposa em concurso material com homicídio doloso consumado. 
(B) homicídio doloso consumado na forma continuada. 
(C) tentativa de homicídio em concurso material com homicídio doloso consumado. 
(D) homicídio doloso consumado em concurso formal próprio com tentativa de 
homicídio. 
(E) homicídio doloso consumado em concurso formal com lesões corporais culposas. 
 
23 
RESPOSTA: E 
 
Trata-se de concurso formal de crimes na modalidade própria (art. 70 do CP) em que o 
agente realiza uma conduta típica, que produz dois ou mais resultados, sem atuar com 
desígnios autônomos. Em outras palavras, o agente não deseja praticar dois crimes com 
uma única conduta. 
Por razões de política criminal, o legislador quis punir menos severamente aquele que 
não tem intenção de produzir um segundo resultado. Aplicando-se, no tocante as penas, 
a regra da exasperação. 
Nesse sentido, em relação a Carlos, Antônio responderá por homicídio doloso, 
porquanto efetuou os disparos com consciência e vontade de matar. Não obstante, em 
relação Francisco, por ter agido com culpa, responderá apenas pelos atos até então 
praticados, qual seja: lesão corporal culposa. 
 
O agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. 
O concurso formal se subdivide em: 
Concurso formal perfeito ou próprio Concurso formal imperfeito ou impróprio 
O agente realiza a conduta típica, que 
produz dois ou mais resultados, sem atuar 
com desígnios autônomos. Em outras 
palavras, o agente não deseja praticar dois 
crimes com uma única conduta 
O agente, mediante uma única conduta, 
pratica dois crimes, por ele desejados (ou 
seja, dolosamente), atuando, portanto, 
com desígnios autônomos. 
 
Lembre-se deste macete: aqui o agente 
quer matar DOIS COELHOS COM UMA 
CAJADADA SÓ. 
Por razões de política criminal, o legislador 
quis punir menos severamente aquele que 
não tem intenção de produzir um segundo 
resultado. Aplicando-se, no tocante as 
penas, a regra da exasperação. Vejamos: 
Art. 70. Quando o agente, mediante uma 
só ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a 
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, 
somente uma delas, mas aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto até 
metade. 
Soma-se as penas. Aplica-se o sistema 
cúmulo material previsto no art. 69. 
 
Art. 70 do CP, segunda parte: ‘‘As penas 
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, 
se a ação ou omissão é dolosa e os crimes 
concorrentes 
resultam de desígnios autônomos, 
consoante o disposto no artigo anterior. 
 
24 
Nesse sentido, a regra é benéfica. 
Ocorre que, por vezes, a exasperação 
torna-se menos vantajosa e, 
especialmente nesse caso, será possível 
aplicar a regra do concurso material, qual 
seja: o cúmulo material. É o que dispõe o 
CP, senão vejamos: 
Art. 70. (...) 
Parágrafo único. Não poderá a pena 
exceder a que seria cabível pela regra do 
art. 69 deste Código (que dispõe sobre o 
concurso material). 
Parágrafo único. Não poderá a pena 
exceder a que seria cabível pela regra do 
art. 69 deste Código. 
 
COMENTÁRIOS 
 
14. Assinale a opção que apresenta os elementos do crime culposo. 
(A) conduta humana voluntária, violação de um dever objetivo de cuidado e assunção 
de um risco permitido que gera um resultado naturalístico previsível. 
(B) conduta humana voluntária, violação de um dever objetivo de cuidado, resultado 
naturalístico involuntário e previsível, e nexo causal. 
(C) conduta humana involuntária, violação de um dever objetivo de cuidado, resultado 
naturalístico voluntário e previsível, e nexo causal. 
(D) conduta humana involuntária, representação clara da vontade do agente, resultado 
naturalístico previsível e nexo causal. 
(E) conduta humana involuntária, violação de um dever objetivo de cuidado, resultado 
naturalístico imprevisível e nexo causal. 
RESPOSTA: B 
COMENTÁRIOS 
Consoante doutrina majoritária, são elementos do crime culposo: 
 
I) Conduta humana voluntária; 
II) Infração ao dever objetivo de cuidado; 
 
25 
Calçado no princípio da confiança, espera-se que todos atuem com cuidado, para não 
prejudicar terceiros. Ex.: espera-se que os motoristas parem no sinal vermelho. 
 
III) Resultado naturalístico involuntário; 
Via de regra, os crimes culposos são materiais, portanto, para que estejam 
consumados, exige-se modificação física no mundo exterior. 
 
IV) Nexo causal entre conduta e resultado; 
V) Previsibilidade objetiva do resultado; 
Possibilidade de se antever o perigo advindo da conduta. A Previsibilidade objetiva 
deve ser analisada de acordo com aquilo que se espera do homem médio. 
 
VI) Tipicidade. 
A culpa é sempre expressa. 
Art. 18, parágrafo único, CP– “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser 
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. 
 
 
15. Um indivíduo foi condenado por furto qualificado, na modalidade tentada, à pena 
de 1 ano e 6 meses. Na análise de antecedentes penais, verificou-se que ele era 
reincidente, pois havia sido condenado pela prática de lesões corporais culposas, cuja 
sentença transitou em julgado antes da prática do furto, mas os elementos subjetivos 
eram, apesar disso, favoráveis. 
Nessa situação, o juiz deve 
(A) substituir a pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos e multa 
ou por duas restritivas de direitos. 
(B) impor o regime inicial semiaberto, sem possibilidade de substituição da pena 
privativa de liberdade. 
(C) impor o regime inicial fechado, sem possibilidade de substituição da pena privativa 
de liberdade. 
(D) substituir a pena privativa de liberdade por multa ou por pena restritiva de direitos. 
 
26 
(E) impor o regime inicial aberto, sem possibilidade de substituição da pena privativa de 
liberdade. 
RESPOSTA: A 
COMENTÁRIOS 
(A) CORRETA. 
De acordo com o Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem 
as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a 4 anos e o crime não for 
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena 
aplicada, se o crime for culposo; 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta sociale a personalidade do condenado, 
bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja 
suficiente. 
§ 2º na condenação igual ou inferior a 1 ano, a substituição pode ser feita por multa ou 
por 1 pena restritiva de direitos; se superior a 1 ano, a pena privativa de liberdade pode 
ser substituída por 1 pena restritiva de direitos e multa ou por 2 penas restritivas de 
direitos. 
Na condenação IGUAL OU 
INFERIOR a 1 ano 
a substituição pode ser feita 
por: 
multa 
OU 
1 pena restritiva de direitos. 
aplica-se independentemente de cominação na 
parte especial 
Na condenação SUPERIOR a 1 
ano a PPL pode ser 
substituída por: 
1 pena restritiva de direitos + multa 
ou 
2 restritivas de direitos 
aplica-se independentemente de cominação na 
parte especial 
 
 
(B) INCORRETA. ‘‘O réu reincidente, condenado a pena inferior a quatro anos e com 
circunstâncias judiciais favoráveis, poderá iniciar o cumprimento em regime semiaberto. 
Artigos 33 e 59 do Código Penal.[...] A fixação do regime inicial de cumprimento de pena 
 
27 
pressupõe, conforme o artigo 33, § 3o do Código Penal, a análise das circunstâncias 
judiciais previstas no artigo 59 do mesmo diploma legal. Assim, o réu reincidente 
condenado a menos de 4 (quatro) anos que tenha todas as circunstâncias judiciais 
favoráveis, com pena aplicada no mínimo legal, poderá iniciar o cumprimento da pena 
em regime semiaberto, conforme interpretação dos artigos 33 e 59 do Código Penal." 
(EREsp 182680 SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 
22/11/2000, DJ 18/12/2000)’’. 
Nesse mesmo sentido é a Súmula 269 do STJ que aduz: 
‘‘ É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a 
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.’’ 
Súmula 719 do STF - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a 
pena aplicada permitir exige motivação idônea. 
 
(C) INCORRETA. De acordo com a “Súmula 269 do STJ 
(D) INCORRETA. Vide comentários anteriores. 
(E) INCORRETA. De acordo com a “Súmula 269 do STJ. Vide comentários anteriores. 
 
16. Paulo, nascido em 15/8/1996, foi denunciado em 24/5/2020, pela prática do crime 
de roubo majorado tentado, que teria sido praticado em 7/4/2016. Recebida a denúncia 
em 30/5/2020, Paulo foi condenado a uma pena de 2 anos e 9 meses pela prática delitiva 
em 20/10/2021, tendo a condenação transitado em julgado em 1/12/2021. 
Nessa situação, a prescrição, segundo a jurisprudência atual do STF, 
(A) já teria ocorrido antes do oferecimento da denúncia. 
(B) ocorrerá em 2 anos após o trânsito em julgado da condenação, quer para a defesa 
quer para a acusação. 
(C) ocorrerá em 4 anos após o trânsito em julgado da condenação, tanto para a defesa 
quanto para a acusação. 
(D) ocorrerá em 6 anos após o trânsito em julgado da condenação para a defesa e para 
a acusação. 
(E) ocorrerá em 8 anos após o trânsito em julgado da condenação, tanto para a defesa 
quanto para a acusação. 
 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
 
28 
Consoante art. 110 do CP, a prescrição, depois de transitar em julgado a sentença 
condenatória, regula-se pela pena aplicada, verificando-se nos prazos fixados do art. 
109. 
Nesse sentido, se Paulo foi condenado a 2 anos e 9 meses, essa pena, em tese, 
prescreveria em 8 anos. Senão vejamos: 
 
 Art. 109. (…) regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, 
verificando-se: 
 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a 
quatro. 
Ocorre que, quando da prática do crime, no ano de 2016, ele tinha 20 anos (Nascido em 
1996). Assim, consoante inteligência do art. 115 do CP, Paulo terá o prazo prescricional 
reduzido de metade (8 anos dividido por 2 = 4). 
Vejamos: 
 Art. 115 do CP: São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso 
era, AO TEMPO DO CRIME, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, 
maior de 70 (setenta) anos 
 
17. Antônio, que pretendia matar Francisco, contratou José, por dinheiro, para executar 
o serviço. Este, por sua vez, convenceu seu amigo Mateus a assassinar Francisco, sem, 
contudo, pagar-lhe por isso, tendo Mateus obtido êxito na empreitada. 
Nessa situação, pela qualificadora de paga ou promessa de recompensa, 
(A) respondem, necessariamente, Antônio, José e Mateus. 
(B) respondem, necessariamente, Antônio e José. 
(C) respondem, necessariamente, José e Mateus. 
(D) responde, necessariamente, Antônio, apenas. 
(E) responde, necessariamente, José, apenas. 
RESPOSTA: E 
COMENTÁRIOS 
Questão passível de anulação. Divergência. 
 
Entendimento da 5ª Turma do STJ: 
 
29 
 
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 
HOMICÍDIO TRIPLAMENTE QUALIFICADO NA FORMA TENTADA. UMA CIRCUNSTÂNCIA 
UTILIZADA PARA QUALIFICAR O DELITO E OUTRAS DUAS PARA AGRAVAR A PENA. PAGA 
OU PROMESSA DE RECOMPENSA. CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER PESSOAL NÃO 
ELEMENTAR DO TIPO PENAL. INCOMUNICABILIDADE AOS MANDANTES. RESSALVA DE 
ENTENDIMENTO PESSOAL DO RELATOR. EXCLUSÃO DA AGRAVANTE. MOTIVO TORPE. 
AUMENTO EM FRAÇÃO SUPERIOR A 1/6 SEM MOTIVAÇÃO ESPECÍFICA. ILEGALIDADE 
CONFIGURADA. PENAS REDIMENSIONADAS. REGIME INICIAL. NECESSIDADE DE EXAME 
PELO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU, OBSERVADA AS NOVAS PENAS APLICADAS, DE FORMA 
A CONFERIR EFICÁCIA AO COMANDO EMITIDO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM 
MANDAMUS ANTERIOR. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE 
OFÍCIO. 1. (...) 3. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 
1.415.502/MG (Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJe 17/2/2017), firmou compreensão no 
sentido de que a QUALIFICADORA DA PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA NÃO É 
ELEMENTAR DO CRIME DE HOMICÍDIO E, EM CONSEQUÊNCIA, POSSUINDO CARÁTER 
PESSOAL, NÃO SE COMUNICA AOS MANDANTES. Ressalva de entendimento pessoal do 
Relator. 4. Hipótese em que a qualificadora prevista no art. 121, § 2º, inciso I, do Código 
Penal - homicídio tentado cometido mediante paga ou promessa de recompensa - foi 
utilizada como agravante (art. 62, inciso IV, do CP) em desfavor dos pacientes, por terem 
atuado como mandantes do crime em exame. 5. Esta Corte possui entendimento no 
sentido de que o aumento da pena em patamar superior a 1/6, em virtude da incidência 
de circunstância agravante, demanda fundamentação concreta e específica para 
justificar incremento em maior extensão (...)(HC 403.263/SP, Rel. Ministro REYNALDO 
SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 13/11/2018, DJe 22/11/2018) 
Entendimento da 6ª Turma: 
 
PROCESSUAL PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO. VÍCIO NA QUESITAÇÃO. NULIDADE RELATIVA. PRECLUSÃO. 
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ. COMUNICAÇÃO DA QUALIFICADORA DE PROMESSA DE 
PAGA AO AUTOR INTELECTUAL DO DELITO. POSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO PELO 
CONSELHO DE SENTENÇA. FALTA DE ALEGAÇÃO DE QUE A DECISÃO DOS JURADOS FOI 
CONTRÁRIA ÀS PROVAS DOS AUTOS. FUNDAMENTOS INATACADOS. INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA 182/STJ. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS NEGATIVAS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE NA FIXAÇÃO DA 
SANÇÃO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. (...)3. NO HOMICÍDIO 
MERCENÁRIO, A QUALIFICADORA DA PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA É 
ELEMENTAR DO TIPO QUALIFICADO, COMUNICANDO-SE AO MANDANTE DO DELITO. 
4. Mostra-se legítimo o aumento da pena-base pelas vetoriais da culpabilidade, dos 
motivos, das circunstâncias e das consequências do delito, na medida em que 
fundamentadas em elementos que extrapolam o tipo penal imputado, demonstrando, 
assim, especial reprovabilidade da conduta. 5. O erro material que não se admite corrigir 
é aquele de decisão certa, ainda que ilógica. A ausência de dúvida, como na espécie em 
que estabelece o magistrado a pena-base certa, base inclusive para o cálculo seguinte 
da pena provisória, não permite discutir o quantum fixado ou discutir direito a decisão 
 
30 
errônea. 6. Agravo regimental improvido. (AgIntno REsp 1681816/GO, Rel. Ministro 
NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 03/05/2018, DJe 15/05/2018) 
 
18. Em se tratando de crimes contra a honra, a retratação do agressor extingue a 
punibilidade 
(A) no crime de calúnia, apenas. 
(B) nos crimes de calúnia e injúria. 
(C) tanto no crime de difamação quanto no de injúria. 
(D) no crime de calúnia e no de difamação. 
(E) nos crimes de calúnia, difamação e injúria. 
RESPOSTA: D 
COMENTÁRIOS 
De acordo com o Art. 143 do CP o querelado que, antes da sentença, se retrata 
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
- A retratação deve ser inequívoca, total e incondicional. 
 - É pessoal e incomunicável, não se transmitindo aos coautores (causa de extinção da 
punibilidade subjetiva). 
- Produz efeitos apenas em âmbito penal, de modo que não afasta a possibilidade de 
demanda cível objetivando a reparação por danos morais. 
- Trata-se de um ato unilateral, que não depende da aceitação do ofendido. 
Nesse sentido, já decidiu o STJ que: “A retratação da calúnia, feita antes da sentença, 
acarreta a extinção da punibilidade do agente independente de aceitação do 
ofendido.” STJ. Corte Especial. APn 912/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 
03/03/2021 (Info 687). 
 
 
19. Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a contemplação lasciva 
de uma criança, por meio da Internet, sem qualquer contato físico, configura 
(A) violação sexual mediante fraude. 
(B) corrupção de menores. 
(C) estupro. 
 
31 
(D) estupro de vulnerável. 
(E) importunação ofensiva ao pudor. 
 
RESPOSTA: D 
COMENTÁRIOS 
 
No informativo 587 foi firmado o entendimento que a contemplação lasciva configura 
ato libidinoso constitutivo dos tipos dos Arts. 213 e 217-A do CP, tratando, em questão, 
do estrupo de vulnerável, sendo irrelevante, para a consumação, que haja contato físico 
entre ofensor e ofendido. 
O crime é punido exclusivamente a título de dolo. Parte da doutrina entende que é 
necessário, ainda, o elemento subjetivo do tipo específico, consistente na vontade de 
satisfação da lascívia (Mirabete, Nucci). Não obstante, prevalece a corrente que aduz 
não se exigir elemento subjetivo específico (Masson), sendo suficiente a vontade de 
submeter a vítima à prática de conjunção carnal ou ato libidinoso. A intenção está ínsita 
no dolo. 
Nesse sentido: 
RECURSO EM HABEAS CORPUS. ESTUPRO DE VULNERÁVEL EM CONTINUIDADE 
DELITIVA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA E ATIPICIDADE 
DA CONDUTA. CONTEMPLAÇÃO LASCIVA DE MENOR DESNUDA. ATO LIBIDINOSO 
CARACTERIZADO. TESE RECURSAL QUE DEMANDA REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. 
AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILEGALIDADE. RECURSO DESPROVIDO. O Parquet classificou 
a conduta do recorrente como ato libidinoso diverso da conjunção carnal, praticado 
contra vítima de 10 anos de idade. Extrai-se da peça acusatória que as corrés teriam 
atraído e levado a ofendida até um motel, onde, mediante pagamento, o acusado teria 
incorrido na contemplação lasciva da menor de idade desnuda. Discute-se se a 
inocorrência de efetivo contato físico entre o recorrente e a vítima autorizaria a 
desclassificação do delito ou mesmo a absolvição sumária do acusado. A maior parte da 
doutrina penalista pátria orienta no sentido de que a contemplação lasciva configura o 
ato libidinoso constitutivo dos tipos dos arts. 213 e 217-A do Código Penal - CP, sendo 
irrelavante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e 
ofendido. O delito imputado ao recorrente se encontra em capítulo inserto no Título VI 
do CP, que tutela a dignidade sexual. Cuidando-se de vítima de dez anos de idade, 
conduzida, ao menos em tese, a motel e obrigada a despir-se diante de adulto que 
efetuara pagamento para contemplar a menor em sua nudez, parece dispensável a 
ocorrência de efetivo contato físico para que se tenha por consumado o ato lascivo que 
configura ofensa à dignidade sexual da menor. Com efeito, a dignidade sexual não se 
ofende somente com lesões de natureza física. A maior ou menor gravidade do ato 
libidinoso praticado, em decorrência a adição de lesões físicas ao transtorno psíquico 
que a conduta supostamente praticada enseja na vítima, constitui matéria afeta à 
dosimetria da pena, na hipótese de eventual procedência da ação penal. In casu, 
revelam-se pormenorizadamente descritos, à luz do que exige o art. 41 do Código de 
 
32 
Processo Penal (...)(RHC 70.976/MS, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA 
TURMA, julgado em 02/08/2016, DJe 10/08/2016) 
 
20. O agente que faz declaração falsa na inscrição definitiva da Ordem dos Advogados 
do Brasil, afirmando que não exercia qualquer atividade profissional 
(A) pratica conduta atípica. 
(B) pratica falsidade material de documento público. 
(C) pratica falsidade ideológica de documento particular. 
(D) pratica falsidade ideológica de documento público. 
(E) pratica falsidade material de documento particular. 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
 
A conduta do agente se subsome ao crime de falsidade ideológica, porquanto insere em 
documento verdadeiro uma declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o 
fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. 
Vejamos: 
Art. 299 do CP - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia 
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser 
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato 
juridicamente relevante. 
No tocante ao documento, se publico ou particular, em situação semelhente, temos 
decisão do STJ a respeito: 
 
PRETENSÃO PUNITIVA ESTATAL. FALSIDADE IDEOLÓGICA PRATICADA EM DOCUMENTO 
PARTICULAR. NATUREZA JURÍDICA DA OAB. NÃO ENOUADRAMENTO ENTRE OS ENTES 
DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. TRANSCURSO DE PRATICAMENTE 10 (DEZ) ANOS DESDE 
A DATA DOS FATOS. CAUSA EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE CARACTERIZADA. 
PROVIMENTO DO RECLAMO. 1.0 Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 3026/DF, 
entendeu que a Ordem dos Advogados do Brasil constitui "um serviço público 
independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no 
direito brasileiro". não constituindo entidade da Administração Indireta. 2. Se a Ordem 
dos Advogados do Brasil não é considerada autarquia, nem faz parte da Administração 
Indireta da União, os documentos por ela emitidos são considerados particulares, pois 
de acordo com o $ 2° do artigo 297 do Estatuto Repressivo, "para efeitos penais, 
equiparam-se a documento público o emanado por entidade paraestatal, o título ao 
 
33 
portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros 
mercantis e o testamento particular" 
 
21. Segundo o STF, é atípico o furto, em razão da proibição da analogia in malam partem, 
de 
(A) cabos elétricos. 
(B) sinal de TV a cabo. 
(C) energia elétrica. 
(D) água tratada. 
(E) animais. 
RESPOSTA: B 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA. 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO DE FIOS CONDUTORES DE ENERGIA ELÉTRICA. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. TIPICIDADE MATERIAL. TEORIA 
CONSTITUCIONALISTA DO DELITO. LESÃO AO BEM JURIDICO TUTELADO. RECURSO 
PROVIDO. 1. O princípio da insignificância surge como instrumento detinterpretação 
restritiva do tipo penal que, de acordo com a dogmática moderna, não deve ser 
considerado apenas em seu aspecto formal, de subsunção do fato à norma, mas, 
primordialmente, em seu conteúdo material, de cunho valorativo, no sentido da sua 
efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal, consagrando os 
postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima. 2. Indiscutível a sua 
relevância, na medida em que exclui da incidência da norma penal aquelas condutas 
cujo desvalor da ação e/ou do resultado (dependendo do tipo de injusto a ser 
considerado) impliquem uma ínfima afetação ao bem jurídico. 3. O furto de fios 
condutores de energia elétrica, avaliados em R$ 125,00, apesar do pequeno valor, não 
se mostra inexpressivo,em virtude do desvalor da ação, pois a subtração deles pode 
ocasionar a interrupção do fornecimento da energia elétrica, gerando uma 
significativa lesão ao bem jurídico tutelado. 
(B) CORRETA. Segundo o STF, O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser 
objeto material do delito previsto no art. 155, § 3º, do Código Penal. Vejamos: 
INTERCEPTAÇÃO OU RECEPTAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SINAL DE TV A CABO. FURTO 
DE ENERGIA (ART. 155, § 3º, DO CÓDIGO PENAL). ADEQUAÇÃO TÍPICA NÃO 
EVIDENCIADA. CONDUTA TÍPICA PREVISTA NO ART. 35 DA L EI 8.977/95. INEXISTÊNCIA 
DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. APLICAÇÃO DE ANALOGIA IN MALAM PARTEM PARA 
COMPLEMENTAR A NORMA. INADMISSIBILIDADE. OBEDIÊNCIA AO PRINCÍPIO 
CONSTITUCIONAL DA ESTRITA LEGALIDADE PENAL. PRECEDENTES. (...) O sinal de TV a 
cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto no art. 
 
34 
155, § 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de 
TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal não se 
admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não 
mencionada na lei (analogia in malam partem), sob pena de violação ao princípio 
constitucional da estrita legalidade. Precedentes. Ordem concedida” (HC 97261/RS, 
Rel. Min. Joaquim Barbosa, 2ª T., j. 12/04/2011, v.u.). 
 
(C) INCORRETA. A energia elétrica pode ser objeto de furto. Nesse sentido, estabelece 
o art. 155, § 3º: “equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que 
tenha valor econômico”. 
Não é outro o entendimento dos Tribunais Superiores, vejamos: 
PENAL. EMBARGOS INFRINGENTES EM APELAÇÃO CRIMINAL. ESTELIONATO. 
DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO DE ENERGIA E ABSOLVIÇÃO POR AFRONTA AO 
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Se o agente desvia a energia elétrica 
de sua fonte natural por meio de ligação clandestina, sem passar pelo medidor, comete 
o crime de furto. Mas se o sistema de medição é alterado, mediante fraude, para que 
aponte resultado menor do que o real consumo, o tipo penal é o de estelionato (AREsp 
1418119/DF). 
(D) INCORRETA. ‘‘(...)No período compreendido entre os dias 25/6/2021 e 27/7/2021, 
na residência situada na Praça Manoel Teixeira Duarte, n° 296, Distrito de Dolearina, 
Município de Estrela do Sul/MG, os denunciados subtraíram, para si, mediante fraude, 
água tratada da Companhia de Saneamento COPASA. (…) Quanto à sua descrição, refere 
a inicial que o paciente, na qualidade de administrador e proprietário de determinada 
empresa, subtraiu para si ou para outrem, mediante fraude, água tratada de 
propriedade da Cedae, explicitando mais adiante, em que consistiu essa fraude, ou seja, 
na manobra conhecida como 'marcha ré' que se faz ao retroceder a marcação antes 
de o funcionário da concessionária chegar, de modo que a água consumida não é 
registrada. Aduz ainda a denúncia que o paciente, como administrador da empresa, ao 
assentir e permitir a realização da fraude, e tendo conhecimento de que se consumia 
água tratada da concessionária pela qual não se pagava, de fato passou a subtrair essa 
água (HC 106.168/RJ).’’ 
(E) INCORRETA. Ao contrário, a opção legislativa foi tratar o abigeato (subtração de 
animais) como qualificadora do furto. Vejamos: 
Art. 155. (…) 
 6º do CP: A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local 
da subtração. 
 
22. Assinale a opção correta em relação ao sujeito ativo dos crimes de tortura, com base 
na Lei n.º 9.455/1997. 
 
35 
 
(A) O crime de tortura-prova é próprio, só podendo ser configurado se praticado por 
funcionário público no exercício do cargo. 
(B) Qualquer indivíduo pode ser sujeito ativo dos crimes de tortura, já que todos eles 
são comuns. 
(C) O crime de tortura-castigo é próprio, devendo o agente exercer guarda, poder ou 
autoridade sobre a vítima. 
(D) A tortura-omissão é crime comum, razão por que é irrelevante a função pública do 
agente. 
(E) Todos os crimes de tortura são próprios, por isso só agentes públicos serão 
considerados sujeitos ativos desses delitos. 
 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA. Consoante a doutrina majoritária, o crime de tortura-prova é comum 
e, portanto, pode ser praticado por qualquer pessoa. 
 
(B) INCORRETA. Conforme veremos abaixo, os crimes de tortura podem ser próprios ou 
comuns. 
(C) CORRETA. Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência 
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Trata-se de crime próprio, consoante jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 
Senão vejamos: 
RECURSO ESPECIAL. ACÓRDÃO A QUO QUE DESCLASSIFICOU A CONDUTA PERPETRADA 
PELOS RECORRIDOS DE CRIME DE TORTURA-CASTIGO (ART. 1º, II, DA LEI N. 9.455/1997) 
PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL GRAVE. VIOLAÇÃO DO ART. 1º, II, DA LEI N. 
9.455/1997. RECURSO QUE OBJETIVA O RESTABELECIMENTO DA CONDENAÇÃO. 
IMPROCEDÊNCIA. CRIME PRÓPRIO, QUE SÓ PODE SER PERPETRADO POR AGENTE QUE 
OSTENTE POSIÇÃO DE GARANTE (OBRIGAÇÃO DE CUIDADO, PROTEÇÃO OU VIGILÂNCIA) 
COM RELAÇÃO À VÍTIMA. 1. O conceito de tortura, tomado a partir dos instrumentos de 
direito internacional, tem um viés estatal, implicando que o crime só poderia ser 
praticado por agente estatal (funcionário público) ou por um particular no exercício de 
função pública, consubstanciando, assim, crime próprio. 2. O legislador pátrio, ao tratar 
 
36 
do tema na Lei n. 9.455/1997, foi além da concepção estabelecida nos instrumentos 
internacionais, na medida em que, ao menos no art. 1º, I, ampliou o conceito de tortura 
para além da violência perpetrada por servidor público ou por particular que lhe faça as 
vezes, dando ao tipo o tratamento de crime comum. 3. A adoção de uma concepção 
mais ampla do tipo, tal como estabelecida na Lei n. 9.455/1997, encontra guarida na 
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou 
Degradantes, que ao tratar do conceito de tortura estabeleceu -, em seu art. 1º, II -, que: 
o presente artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumento 
internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter dispositivos de 
alcance mais amplo; não há, pois, antinomia entre a concepção adotada no art. 1º, I, da 
Lei n. 9.455/1997 - tortura como crime comum - e aquela estatuída a partir do 
instrumento internacional referenciado. 4. O crime de tortura, na forma do art. 1º, II, 
da Lei n. 9.455/1997 (tortura-castigo), ao contrário da figura típica do inciso anterior, 
não pode ser perpetrado por qualquer pessoa, na medida em que exige atributos 
específicos do agente ativo, somente cometendo essa forma de tortura quem detiver 
outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio). 5. A expressão 
guarda, poder ou autoridade denota um vínculo preexistente, de natureza pública, entre 
o agente ativo e o agente passivo do crime. Logo, o delito até pode ser perpetrado por 
um particular, mas ele deve ocupar posição de garante (obrigação de cuidado, proteção 
ou vigilância) com relação à vitima, seja em virtude da lei ou de outra relação jurídica. 6. 
Ampliar a abrangência da norma, de forma a admitir que o crime possa ser perpetrado 
por particular que não ocupe a posição de garante, seja em decorrência da lei ou de 
prévia relação jurídica, implicaria uma interpretação desarrazoada e desproporcional, 
também não consentânea com os instrumentos internacionais que versam sobre o 
tema. 7. No caso, embora a vítima estivesse subjugada de fato, ou seja, sob poder dos 
recorridos, inexistia uma prévia relação jurídica apta a firmar a posição de garante dos 
autores com relação à vítima, circunstância que obsta a tipificação da conduta como 
crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997.8. Recurso especial 
improvido. (REsp 1738264/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, 
julgado em 23/08/2018, DJe 14/09/2018) 
(D) INCORRETA. A tortura-omissão é crime comum e, portanto, pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
(E) INCORRETA. Consoante exposto alhures, os crimes de tortura podem ser comuns ou 
próprio, a depender da espécie do crime. 
 
23. O particular que, conjuntamente com um funcionário público, sabendo da condição 
deste, patrocina diretamente interesse privado perante a administração fazendária 
pratica 
(A) advocacia administrativa. 
(B) crime previsto na Lei n.º 8.137/1990. 
(C) conduta atípica. 
(D) tráfico de influência. 
 
37 
(E) prevaricação. 
RESPOSTA: B 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA. Não configura advocacia administrativa, pois o tipo penal descrito no 
enunciado é específico previsto na Lei 8.137/1990. 
(B) CORRETA. 
De acordo com o art.3º, III, da Lei nº 8.137/1990, configura-se crime funcional contra a 
ordem tributária. 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos 
no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): 
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração 
fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) 
a 4 (quatro) anos, e multa. 
(C) INCORRETA. 
A conduta não é atípica pois esta tipificada no art. 3º, III, da Lei nº 8.137/1990. 
(D) INCORRETA. 
O tipo previsto no enunciado não se confunde com o tráfico de influência previsto no 
art. 332 do Código Penal. 
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou 
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público 
no exercício da função: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
(E) INCORRETA. 
O tipo previsto no enunciado não se confunde com o crime de prevaricação previsto no 
art. 319 do Código Penal. 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo 
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
PROCESSO PENAL 
24. Indivíduo primário, mas comprovadamente envolvido com atividade criminosa, foi 
preso e condenado pela prática de tráfico de drogas, tendo o juiz decidido por uma pena 
de sete anos. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#titxicapi
 
38 
Nesse caso, 
(A) o juiz deve, obrigatoriamente, impor o regime semiaberto para início de 
cumprimento da pena. 
(B) pode o juiz fixar o regime inicial de cumprimento de pena, com fundamento na 
natureza ou na quantidade da droga. 
(C) é vedada, em razão da natureza do crime, a concessão de indulto e de anistia, 
permitindo-se, entretanto, a outorga da graça. 
(D) o juiz pode substituir a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos. 
(E) a sentença deve ser reformada, por não ter sido aplicada a causa de redução de pena 
prevista no § 4.º do artigo 33 da Lei n.º 11.343/2006, em razão da primariedade e dos 
bons antecedentes do condenado. 
RESPOSTA: B 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA. 
Dispõe o art. 33, §2º, alínea b que “o condenado não reincidente, cuja pena seja superior 
a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime 
semi-aberto”. Desta feita, da análise do verbo “poderá” depreende-se que não há uma 
obrigatoriedade, visto que, no caso concreto, inobstante a pena aplicada, possa haver 
outros motivos que ensejem o agravamento da escolha do regime de cumprimento de 
pena. 
(B) CORRETA. 
O Art. 42 da lei 11.343/06 assevera que: “O juiz, na fixação das penas, considerará, com 
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade 
da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente”. 
O STJ, interpretando esse dispositivo, apontou que a natureza e a quantidade da droga 
devem ser valoradas na primeira etapa da dosimetria da pena. Em assim sendo, o regime 
inicial de cumprimento de pena poderá ser fixado tendo por fundamento a natureza e a 
quantidade da droga. 
(C) INCORRETA. 
A alternativa está incorreta em razão do disposto no art. 5º, XLIII, que afirma: a lei 
considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, 
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes 
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem. 
(D) INCORRETA. 
 
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 Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de 
liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos 
(...). 
Dado o fato de que pena aplicada foi de sete anos, não seria possível a substituição por 
penas restritivas de direito. 
(E) INCORRETA. 
O indivíduo não faz jus à causa de diminuição de pena por não preencher todos os 
requisitos exigidos pelo art. 33, §4º da Lei 11.343/06, visto que se dedica a atividades 
criminosas: Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser 
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, 
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades 
criminosas nem integre organização criminosa. 
 
25. Em relação aos crimes e aos procedimentos previstos na Lei n.º 11.101/2005, 
assinale a opção correta. 
 
(A) Recebida a denúncia oferecida pelo Ministério Público no prazo de 15 dias, o 
processo seguirá o rito comum ordinário previsto no Código de Processo Penal. 
(B) Intimado da sentença que decreta a falência e verificando a ocorrência de crime, o 
Ministério Público oferecerá denúncia instruída com o relatório do contador. 
(C) O processo penal compete ao juiz criminal da jurisdição onde foi decretada a falência, 
concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial. 
(D) Os crimes falimentares são de ação penal pública incondicionada ou condicionada à 
representação do credor habilitado ou do administrador judicial. 
(E) Por expressa vedação legal, os crimes falimentares não admitem propositura de ação 
penal privada subsidiária da pública. 
RESPOSTA: C 
COMENTÁRIOS 
(A) INCORRETA. 
Art. 185 da Lei 11.101/05: Recebida a denúncia ou a queixa, observar-se-á o rito previsto 
nos arts. 531 a 540 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo 
Penal. 
Os artigos mencionados referem-se ao rito comum sumário, logo, a alternativa está 
incorreta. 
 
 
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(B) INCORRETA. 
Art. 186. No relatório previsto na alínea e do inciso III do caput do art. 22 desta Lei, o 
administrador judicial apresentará ao juiz da falência exposição circunstanciada, 
considerando as causas da falência, o procedimento do devedor, antes e depois da 
sentença, e outras informações detalhadas a respeito da conduta do devedor e de outros 
responsáveis, se houver, por atos que possam constituir crime relacionado com a 
recuperação judicial ou com a falência, ou outro delito conexo a estes. 
Parágrafo único. A exposição circunstanciada será instruída com laudo do contador 
encarregado do exame da escrituração do devedor. 
Art. 187. Intimado da sentença que decreta a falência ou concede a recuperação judicial, 
o Ministério Público, verificando a ocorrência de qualquer crime previsto nesta Lei, 
promoverá imediatamente a competente ação penal ou, se entender necessário, 
requisitará a abertura de inquérito policial. 
Desta forma, verifica-se que o que deverá ser instruído com laudo do contador é a 
exposição circunstanciada promovida pelo administrador judicial e apresentada ao juiz. 
(C) CORRETA. 
Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, 
concedida

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