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ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E SERVIÇOS AULA 6 Profª Mary Silva 0 CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos estudar os sistemas de produção, de que modo as organizações produzem, além dos diferentes tipos de sistemas de produção: sob encomenda, em lotes e contínua. Em seguida, vamos estudar a modernização dos sistemas de produção, ou seja, o que já temos em termos de sistemas de produção e as novas tendências tecnológicas que trarão mudanças na produção das organizações. Depois, dando sequência no assunto, vamos conhecer o que é e como funciona a indústria 4.0. Veremos que a base tecnológica da indústria 4.0 é formada por sistemas cibernéticos, internet das coisas e big data. Por último, vamos estudar com mais detalhes a internet das coisas, pois ela já faz parte da nossa vida e cada vez mais se torna presente, mesmo que não percebamos. Também falaremos sobre big data, que está relacionado ao gigantesco volume de dados (estruturados e não estruturados) que, de alguma forma, impactam nos negócios e nas organizações. O principal objetivo desta aula é entender os diversos tipos de sistemas de produção e sua relação com as novas tecnologias. Desse modo, tem como objetivos específicos orientar os estudantes da disciplina para que tenham condições de: escolher o sistema mais adequado para a produção da empresa em que atuam ou vão atuar; adaptarem-se e orientarem os funcionários que futuramente estiverem sob seu comando sobre os modernos sistemas de produção. TEMA 1 – SISTEMAS DE PRODUÇÃO Vamos focar a produção (não a empresa) como um sistema funcionando. Cada organização escolhe um determinado sistema de produção para executar suas operações ou produzir seus produtos da melhor forma possível, para garantir eficiência e eficácia. Chiavenato (2014, p. 70) define sistema de produção: O sistema de produção é a maneira pela qual a empresa organiza seus órgãos e realiza suas operações de produção, adotando uma interdependência lógica entre todas as etapas do processo produtivo, desde o momento em que os materiais e as matérias primas saem do almoxarifado até chegar ao depósito como produto acabado. A Figura 1 mostra como é essa interdependência no sistema de produção. 1 Figura 1 – Interdependência do almoxarifado, da produção e do depósito no sistema de produção Fonte: Chiavenato, 2014, p. 71. Chiavenato (2014, p. 70) explica que, para que o sistema funcione, “as entradas e os insumos que vêm dos fornecedores ingressam na empresa por meio do almoxarifado de materiais e matérias-primas”, onde são estocados até serem usados na produção. A produção vai processar e transformar “os materiais e matérias-primas em produtos acabados para serem estocados no depósito até a sua entrega aos clientes e consumidores”. Assim, fica clara a interdependência entre almoxarifado, produção e depósito. Se houver alguma alteração em um deles, causará interferências sobre os outros, pois cada um corresponde a um subsistema do sistema de produção, estando os três intimamente ligados, inter-relacionados e interdependentes. Eles devem trabalhar de modo coordenado, balanceado, ajustado e perfeitamente integrado. No entanto, não podemos deixar de comentar que em administração de produção temos o seguinte princípio: “tudo o que está parado e inerte não produz valor”. Ou seja, materiais, matérias-primas e produtos acabados devem ficar em estoque ou parados somente o tempo que for necessário. Hoje, muitas empresas estão tentando reduzir ou até mesmo eliminar a função do almoxarifado e do depósito de produtos acabados. Isso pode ocorrer se os fornecedores e distribuidores tomarem parte nos processos de produção, participando ativamente deles (Chiavenato, 2014, p. 71). Para Chiavenato (2014, p.72), temos tipos diferentes de sistemas de produção. São eles: sob encomenda, em lotes e contínua. 2 1.1 Sistema de produção sob encomenda De acordo com Chiavenato (2014, p. 72), esse sistema é utilizado por empresas que produzem apenas depois de formalizado o pedido ou a encomenda dos produtos. Somente depois de realizado o contrato a empresa planeja e produz o solicitado. Primeiramente, a empresa disponibiliza seus produtos ou serviços ao mercado. Ao receber o pedido ou o contrato solicitando a produção, ela se prepara para a produção. Nesse momento, “o plano é oferecido para a cotação do cliente – como o orçamento preliminar ou a cotação para a concorrência pública ou particular” – passando a ser usado no planejamento do trabalho que atenderá ao cliente. Isso ocorre quando se encomenda a construção de uma fábrica, de uma hidrelétrica, de uma rodovia, de aviões especiais, de navios de grande porte, entre outros similares. Conforme Chiavenato (2014, p.73), o planejamento do sistema de produção sob encomenda envolve três aspectos: 1. Relação das matérias-primas necessárias: lista de todos os materiais e matérias-primas necessários para executar o trabalho encomendado. 2. Relação da mão de obra especializada: relação completa do trabalho a ser realizado, dividido em número de horas para cada funcionário especializado. 3. Processo de produção: plano detalhado da sequência cronológica, indicando cada tipo de mão de obra ou cada tipo de máquina deve trabalhar e quando cada tipo de material ou matéria-prima deve estar disponível para ser utilizado no trabalho. Desse modo, Chiavenato (2014, p. 73) explica que quando a produção é realizada por pequenas quantidades ou unidades, temos um sistema de produção sob encomenda, em que o produto vai sendo modificado no decorrer da execução do trabalho. Nesse caso, “o processo de produção é pouco padronizado e pouco automatizado. Os operários utilizam uma variedade de ferramentas e instrumentos. A produção envolve operação de mão de obra intensiva, isto é, muita mão de obra e muita atividade artesanal”. O Quadro 1 apresenta características e respectivos exemplos do sistema de produção sob encomenda. Quadro 1 – Características do sistema de produção sob encomenda Característica Exemplo Cada produto é único e específico Navios, edifícios, fábricas 3 Cada produto exige uma variedade de máquinas e equipamentos, dispositivos de transporte, oficina-base Na construção de navios, a oficina-base é o pátio de construção Na construção civil é o canteiro de obras Cada produto exige uma variedade de operários especializados Eletricistas, soldadores, carpinteiros, marceneiros, encanadores etc., que nem sempre tem serviço constante Cada produto tem uma data definida de entrega Prazos acordados com o cliente É difícil fazer previsões de produção Cada produto exige um plano de produção específico Requer administradores e especialistas altamente competentes Supervisores de oficina-base capazes de assumir as atividades de cada contrato, como planejamento da produção, da mão de obra e dos custos Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014, p. 73-74. Assim, é importante ressaltar que “o sucesso da produção sob encomenda depende da habilidade do administrador ou especialista encarregado de cada contrato ou encomenda” (Chiavenato, 2014, p. 74). 1.2 Sistema de produção em lotes De acordo com Chiavenato (2014, p. 74-75), o sistema de produção em lotes ocorre nas “empresas que produzem uma quantidade limitada de um tipo de produto de cada vez”, que chamamos de lote de produção. Cada lote de produção é calculado no sentido de “atender a um determinado volume de vendas previsto para um determinado período”. Ao terminar um lote de produção, inicia-se imediatamente outro lote, e assim sucessivamente. Cada lote deve ter uma identificação, que pode ser número ou código. Cada lote tem um plano de produção específico feito antes do recebimento do pedido do cliente. Esse sistema é utilizado em indústrias de eletrodomésticos, cerâmica, têxteis, brinquedos, motores elétricos etc.Nesse sistema, os operários, geralmente, trabalham “em linhas de montagem ou operando máquinas que podem desempenhar uma ou mais operações sobre o produto”, como ocorre na produção com máquinas operadas manualmente e linhas de montagem padronizadas. O Quadro 2 apresenta as características do sistema de produção em lotes. Quadro 2 – Características do sistema de produção em lotes Características Exemplos A fábrica é capaz de produzir bens com diferentes características Indústria têxtil – produz tecidos variados com diferentes padronagens e características. Cada tipo de tecido é produzido em um lote de produção. 4 As máquinas são agrupadas em baterias do mesmo tipo. O trabalho passa de uma bateria para outra em lotes de produção intermitente Cada bateria de máquinas é um departamento ou seção ou célula. Em cada lote de produção as máquinas e ferramentas devem ser modificadas Adaptadas e arranjadas para atender aos diferentes produtos Permite uma utilização regular e plana da mão de obra Não há grandes picos de produção Exige grandes áreas de estocagem Tanto para produtos acabados como para materiais em processamento ou em vias de serem processados É necessário um plano de produção bem feito e que possa integrar novos lotes de produção à medida que outros sejam completados O plano de produção deve ser constantemente replanejado e atualizado Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014, p. 75-76. O sucesso do sistema de produção em lotes depende de um plano de produção bem elaborado e bem executado. 1.3 Sistema de produção contínua Para Chiavenato (2014, p. 76), “o sistema de produção contínua é utilizado por empresas que produzem determinado produto, sem modificações, por um longo período. O ritmo de produção é acelerado e as operações são executadas sem interrupção ou mudança”. Ocorre quando, mesmo com o passar do tempo, é produzido o mesmo produto, não havendo necessidade de mudanças no processo produtivo, mesmo que vá sendo aperfeiçoado continuamente. Por exemplo, indústrias de papel e celulose, cimento, detergentes. O Quadro 3 apresenta as características do sistema de produção contínua. Quadro 3 – Características do sistema de produção contínua O produto é mantido em produção por longo período sem modificações. A produção contínua facilita o planejamento detalhado de matéria-prima na quantidade suficiente e no tempo certo. Exige máquinas e ferramentas altamente especializadas e dispostas em formação linear e sequencial para a produção de cada componente do produto final Alto grau de padronização de máquinas, ferramentas, materiais, métodos e processos Programável por longos períodos, permitindo a divisão de operações de montagem com a quantidade exata de trabalho para cada operário, com base no tempo padrão e ciclo de produção Proporciona economia nos custos de produção por produzir em grandes quantidades Facilita ações corretivas para solucionar rapidamente quaisquer problemas de paralisação no processo produtivo. Facilita a verificação diária do rendimento de produção em todos os pontos do processo Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2014, p. 76-77. 5 O sistema de produção contínua terá sucesso se tiver um planejamento detalhado de tudo o que é necessário antes de iniciar a produção de um novo produto. TEMA 2 – MODERNIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Quando uma organização define e caracteriza o que pretende produzir, em termo de bens ou serviços, precisa planejar e desenhar o sistema de produção mais adequado. O sistema deve ser perfeitamente apropriado ao que será produzido, o que é fundamental para o sucesso da produção. Nas últimas décadas, os sistemas de produção estão sendo impulsionados como nunca poderiam imaginar os administradores do passado. Isso por causa da tecnologia da informação e de computadores com tecnologia avançada, o que conduz a administração da produção a desenvolver nos conceitos, tais como células de produção, CAD/CAM, MRP, competição baseada no tempo, intercâmbio eletrônico de dados, foco em serviços e consórcio modular. 2.1 Células de produção Conforme Chiavenato (2014, p. 88), hoje, no ambiente de produção, o trabalho está se configurando em uma atividade conjunta, solidária e coordenada, não mais aquele trabalho solitário e individual do passado. Isso é possível por causa do trabalho em equipe. O conceito de células de produção surgiu na década de 1970, na Volvo. A manufatura se baseia em estações de trabalho (workstations) dispostas em forma de U para permitir maior velocidade de produção. Cada estação de trabalho é encarregada de executar uma operação inteira e cada equipe é constituída de pessoas polivalentes e multifuncionais que participam de todo o processo (Chiavenato, 2014, p. 88). Nesse caso, não há mais a necessidade de especialização individual em determinada atividade, todos na célula são encarregados de planejar, controlar e produzir com qualidade. 2.2 CAD/CAM De acordo com Chiavenato (2014, p. 88), CAD/CAM são tecnologias de informação aplicadas na produção e operações: CAD – Computer-Aided Design – usado para desenhar e projetar produtos. 6 CAM – Computer-Aided Manufacturing – usado para planejar, executar e controlar as operações. O CAD e CAM juntos formam o MIC (Manufatura Integrada por Computador). 2.3 MRP MRP – Manufacturing Resources Planning – significa planejamento dos recursos de manufatura. Trata-se de um sistema de planejamento e controle da produção realizado por computador. Também é chamado de MRP II para se diferenciar do MRP (Material Requirement Planning), usado para planejamento de materiais. EsSas novas tecnologias de produção informatizadas estão favorecendo sistemas flexíveis de produção baseados em tempo real, proporcionando mecanismos rápidos para tomada de decisão por meio de sistemas de apoio e suporte de decisão. No caso, as pessoas precisam ser melhor qualificadas e capacitadas para trabalhar com dados. De acordo com Chiavenato (2014, p. 89), “o MRP utiliza softwares sofisticados e apoia-se em um plano de abastecimento externo e interno de materiais a partir de uma visão estática e pouco mutável da fábrica”. Por isso, é recomendado para ambientes de produção sob encomenda ou em pequenos lotes, ou seja, produção não repetitiva. O MRP II possui um plano-mestre para estoques de materiais e componentes, disponibilidade de equipamentos que geram ordens de compras e ordens de produção, além de restrições de pessoal. 2.4 Competição baseada no tempo No mundo dos negócios, tempo é dinheiro. Por isso, hoje, além de concorrerem em razão do preço e da qualidade, bens e serviços também entram na corrida contra o tempo: a rapidez de resposta. Chiavenato (2014, p. 89) explica: A TBC (time-based competition) estende os princípios do JIT a cada faceta do ciclo de produção de um produto, desde o início da pesquisa e desenvolvimento (P&D), passando pela manufatura ou operações e chegando ao mercado e distribuição, envolvendo também a logística. A TBC considera duas forças impulsionadoras: a aplicação do JIT por meio do ciclo de expedição do produto, e a eficácia que depende da proximidade com o cliente (conhecimento do cliente e habilidade em usar esse conhecimento para responder às demandas do cliente). 7 O uso da tecnologia e uma boa administração da produção e operações contribuem para a concorrência baseada no tempo, encurtando-o drasticamente. 2.5 Intercâmbio eletrônico de dados EDI (Electronic Data Interchange) são processos que enviam pedidos automaticamente, orientam e monitoram todo o processo produtivo de acordo com os pedidos dos clientes. Chiavenato (2014, p. 90) cita o exemplo da Federal Express (FedEx), que criou “o conceito de expedição noturna de malotes e encomendas”, no qual em todas as áreas da organização (vendas, marketing, engenharia, compras, serviços, manufaturae P&D) são formadas equipes de produto. “As pessoas de cada equipe podem ou não trabalhar em um só local, mas sua constante interação virtual agiliza o desenvolvimento de produtos, melhora a qualidade e reduz custos”. Isso significa que equipes assim, sendo bem coordenadas eletronicamente, podem conquistar resultados melhores em todas as áreas, facilitar a produção e operações, além de melhorar a qualidade. 2.6 Foco em serviços Foco em serviços também é conhecido como usina de serviços ou fábrica de serviços. De acordo com Chiavenato (2014, p. 90), “representa uma tendência no sentido de competir não somente com base nos produtos, mas também com base nos serviços relacionados com os produtos”. Muitas organizações industriais hoje estão investindo em serviços de suporte a seus produtos no mercado, tais como serviços de instalação, assistência técnica, pós-venda e até mesmo de manutenção em alguns casos. É uma forma que encontraram para atrair, satisfazer e reter clientes. 2.7 Consórcio modular Para Chiavenato (2014, p. 90), “consórcio modular é o sistema aberto de produção que permite que fornecedores e parceiros trabalhem dentro da planta e no interior do próprio processo produtivo em seus respectivos módulos de maneira integrada”. É uma expansão do conceito de condomínio industrial, no qual fornecedores estão instalados dentro da fábrica ou bem próximos, facilitando a integração na cadeia logística. No consórcio modular, o fornecedor atua como parceiro 8 no sentido de reduzir custos, além de aumentar a produtividade e a eficiência, tornando o sistema produtivo mais flexível. TEMA 3 – IMPACTO DA TECNOLOGIA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO Chiavenato (2014, p. 96) explica que diversas tecnologias podem ser utilizadas pelas empresas para produzir bens ou serviços. Tecnologia seria “um conjunto ordenado de conhecimentos – sejam empíricos ou científicos – resultantes de experiências e observações acumuladas e registradas por meios escritos ou verbais”. A tecnologia corresponde ao conjunto de conhecimentos (know-how, saber fazer) e ao conjunto de manifestações físicas dos conhecimentos (coisas que já foram feitas: equipamentos, máquinas, instalações). Por meio da tecnologia, podemos desenvolver novas técnicas para transformar insumos em resultados, tais como bens e/ou serviços. O desenvolvimento gradativo da tecnologia ocorreu na história da humanidade a partir das necessidades humanas de obter alimento e segurança e, em seguida, conforme podemos observar a partir da Revolução Industrial, da necessidade de produzir mais com menos. A história da humanidade já passou por três revoluções industriais. Agora estamos vivendo uma quarta revolução industrial. Todas elas aconteceram, cada qual em seu contexto local e temporal, como decorrência da tecnologia, do seguinte modo: Primeira Revolução Industrial (1760-1840): foi quando a Inglaterra desenvolveu a máquina a vapor, que deu impulso ao início da industrialização, representada pela indústria têxtil e as ferrovias. A maquinofatura veio para substituir a manufatura, ou seja, a produção artesanal foi deixada de lado quando as máquinas se mostraram capazes de aumentar a produtividade. A máquina a vapor foi inventada pelo inglês Thomas Newcomen, sendo aperfeiçoada e patenteada, em 1765, pelo mecânico escocês James Watt. Foi o início da mecanização nas indústrias. A primeira locomotiva a vapor do mundo foi construída em 1804 pelo engenheiro inglês Richard Trevithick, que puxava cinco vagões contendo 10 toneladas de carga e 70 passageiros, na velocidade de 8 quilômetros por hora. Os trilhos eram de ferro fundido. Em 1814, o mecânico inglês George Stephenson (conhecido como o pai das ferrovias) construiu uma locomotiva chamada Blucher, para transportar 9 materiais das minas. Puxava até trinta toneladas e a velocidade era de 6 quilômetros por hora. Segunda Revolução Industrial (1806 a 1945): foi uma época de progresso nas indústrias: química, de petróleo, elétrica e de aço, possibilitando outras invenções como a prensa móvel, o navio a vapor, o telefone, a energia elétrica, o automóvel e a produção em massa. Foi em 1906 que o primeiro avião, o 14- bis, criado pelo brasileiro Santos Dumont, decolou com sucesso. Terceira Revolução Industrial (1950 a 2000): foi o período após a segunda guerra mundial. Uma época de transformações intensas nos meios de produção, de rapidez no desenvolvimento de tecnologias e ciências da computação que modificaram tanto as economias do mudo todo como a indústria e a sociedade. Destaca-se nesse período o surgimento e avanço da internet. Quarta Revolução Industrial (hoje): em 2011, os alemães criaram o conceito de indústria 4.0, referente às fábricas inteligentes, que são capazes de converter inovações tecnológicas em sistemas automatizados, controle e tecnologia da informação aprimorando os processos de manufatura. Durante esse período que abrange a segunda e a terceira revolução industrial, diferentes tipos de sistemas de produção foram aparecendo, de acordo com as necessidades de cada momento histórico, tais como o taylorismo, fordismo, toyotismo e volvismo. Taylorismo: na Aula 1 desta disciplina, estudamos sobre Frederick Winslow Taylor. Seu principal objetivo era estimular a produção industrial. Ele propôs a especialização das tarefas, o monitoramento do tempo para a realização das operações e incentivos aos trabalhadores que produziam mais. Fordismo: representado por Henry Ford, a partir de 1920. Na indústria automobilística Ford, ele propôs a especialização da função e implantou esteiras para a linha de montagem. Seu objetivo era diminuir o tempo de produção, diminuir custos, aumentar a produtividade e produzir em massa. Toyotismo: é um sistema de produção que foi criado no Japão, em 1970, na fábrica da Toyota, fundamentado na tecnologia da informação e na robótica. O trabalhador não se limita a uma única tarefa, realizando diversas atividades. 10 Dentro desse sistema destaca-se o just-in-time (produzir, transportar e comprar somente na hora certa). Volvismo: implantado na Suécia, por volta de 1970, na fábrica da Volvo, utiliza muitos conceitos do Toyotismo, tais como produção enxuta e sob demanda. Esse sistema é focado na automação, no desenvolvimento, treinamento e aperfeiçoamento do trabalhador. Há preocupação com a saúde física e mental do trabalhador, valorização da criatividade e do trabalho em equipe. 3.1 Diferentes tecnologias Chiavenato (2014, p. 104) explica que o gestor precisa conhecer em profundidade a tecnologia utilizada em sua empresa. Há empresas que utilizam tecnologias sofisticadas, tais como refinarias de petróleo, indústrias siderúrgicas, indústrias químicas ou petroquímicas, as quais necessitam de profissionais especializados em mecânica, engenharia ou química para darem conta da produção, além de utilizarem hardware ou software operacional. Há diversas classificações para a tecnologia. De acordo com Chiavenato (2014, p. 101-102), as tecnologias podem ser classificadas quanto à sua versatilidade em fixa e flexível, conforme verificamos no Quadro 4. Quadro 4 – Tipos de tecnologia quanto à sua versatilidade Tecnologia Como funciona Exemplo Fixa Criada para um único e determinado objetivo. Ela não permite utilização em outros produtos/serviços diferentes porque foi desenvolvida apenas para uma atividade específica. A empresa que emprega tecnologia fixa e imutável é obrigada a escolher ou adaptar os produtos/serviços adequados à tecnologia que dispõe. Geralmente confina a produção a um único e específico produto/serviço Indústrias automobilísticas empregam tecnologia fixa cuja modificação exige elevados investimentos, quando se trata de novos modelos de carros. Indústrias de cimento, serviços de processamento de dados e a grande maioria dasindústrias químicas e petroquímicas (não podem mudar o produto porque a tecnologia não permite) Flexível Pode ser utilizada para diversas finalidades. Ocorre na medida em que máquinas, equipamentos, matérias primas, conhecimentos, habilidades e competências podem ser aplicados ou adaptados para a produção de tipos diferentes de produtos/serviços. Permite adaptabilidade e flexibilidade necessárias para que a empresa possa Oficinas e grande parte das linhas de montagem que podem ser facilmente adaptadas para a produção de diferentes produtos/serviços 11 optar por uma variedade de produtos/serviços. Fonte: Adaptado de Chiavenato,2014, p. 101-102. Há, ainda, muitas outras formas de classificação de tecnologias, as quais não necessitam de explicação neste momento, pois dizem respeito a outra temática deste curso. TEMA 4 – INDÚSTRIA 4.0 O conceito de indústria 4.0 surgiu na Alemanha e também é chamado de Smart Factory ou Fábricas Inteligentes. Trata-se de novas estratégias que combinam tecnologia e meios de produção. É uma nova configuração dos processos industriais, a indústria do futuro. De acordo com FOCCOERP (2017): O fundamento básico da indústria 4.0 mostra que as fábricas que conectam máquinas e sistemas tem capacidade e autonomia para agendar manutenções, prever falhas em processos e se adaptar a mudanças inesperadas que ocorrem nas etapas de produção. De acordo com o conceito, as máquinas não são apenas integradas, mas também possuem capacidade para decidir e adequar processos quando necessário. A visão por trás da indústria 4.0 é tornar inteligente e independente cada parte da linha de produção, pois utiliza-se da união de sistemas físicos e informáticos para analisar um grande volume de dados e possibilitar às máquinas um processo de aprendizagem. A base tecnológica da indústria 4.0 é formada por sistemas cibernéticos, internet das coisas e big data. Essas três tecnologias, quando associadas, tornam as etapas de produção mais eficientes e autônomas. Conforme FOCCOERP (2017), hoje estamos vivendo a quarta revolução industrial, o período das fábricas inteligentes, em que presenciaremos muitas mudanças nos meios de produção, provocando impactos nos diversos setores do mercado. As mudanças nos sistemas produtivos que impulsionam a indústria 4.0 são: “avanço exponencial da capacidade dos computadores; imensa quantidade de informação digitalizada; novas estratégias de inovação (pessoas, pesquisa e tecnologia)”. A indústria 4.0 representa uma evolução dos sistemas de produção e, assim, traz alguns benefícios para as indústrias, tais como: 12 redução de erros; mais segurança; economia de energia; fim do desperdício; redução de custos; transparência nos negócios. FOCCOERP (2017) aponta que os avanços tecnológicos, desde primórdios do ano 2000, fizeram com que a indústria 4.0 se tornasse realidade, e também tecnologias em desenvolvimento nas áreas de engenharia e tecnologia de informação, tais como robôs automatizados, manufatura aditiva, simulação, integração horizontal e vertical de sistemas, internet das coisas, big data e analytics, nuvem, segurança cibernética e realidade aumentada. Vejamos o que são cada uma dessas tecnologias. Robôs automatizados: no futuro, os robôs serão mais cooperativos e flexíveis. Além das funções atuais, poderão interagir com os humanos e com outras máquinas. Manufatura aditiva: hoje já estamos vendo peças produzidas por impressoras 3D, sem moldes físicos, apenas com a adição de matéria-prima. As impressoras moldam o produto. Simulação: os operadores podem testar e otimizar processos e produtos na fase de concepção, o que diminui custos e tempo de criação. Integração horizontal e vertical de sistemas: por meio de dados digitais, os sistemas de TI (tecnologia da informação) passam a integrar uma cadeia de valor automatizada. Internet das coisas: são máquinas conectadas por dispositivos e sensores a uma rede de computadores, tornando possível centraliza e automatiza tanto o controle quanto a produção. Big data e analytics: tecnologia capaz de identificar falhas nos processos, facilita a otimização da qualidade da produção, ajuda a economizar energia e faz com que a utilização de recursos na produção seja mais eficiente. Nuvem: já muito utilizada por todos nós atualmente, é um banco de dados que podemos acessar de qualquer lugar do planeta utilizando dispositivos conectados à internet. 13 Segurança cibernética: cada vez mais a TI faz com que os meios de comunicação se tornem mais confiáveis e sofisticados. Realidade aumentada: sistemas que utilizam essa tecnologia podem executar serviços diversificados, tais como selecionar peças em um estoque ou enviar instruções de ajustes por meio de dispositivos móveis. 4.1 A Indústria 4.0 no Brasil De acordo com FOCCOERP (2017), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) fez uma pesquisa para avaliar a adoção de tecnologias pertinentes à indústria 4.0 no Brasil. Foi apontado que “os principais esforços feitos no país estão na fase de processamentos industriais”. O levantamento foi divulgado em maio de 2016, investigou 2.225 empresas de pequeno, médio e grande porte e apresenta uma visão geral “de como a era da manufatura avançada é encarada pelas indústrias nacionais”. Mostra que dez tipos de tecnologias estão sendo adotadas em diferentes estágios ao longo da cadeia de produção, tais como: 73% das empresas utilizam pelo menos uma tecnologia digital na etapa de processos 47% fazem uso na etapa de desenvolvimento 33% utilizam na criação de novos produtos De acordo com a pesquisa, o setor que está mais evoluído na adoção das novas tecnologias da indústria 4.0 é o de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos: 61% empresas do ramo de eletrônicos, comunicação e equipamentos médicos utilizam ao menos uma das tecnologias listadas e avaliadas 60% das empresas do segmento de máquinas e materiais elétricos fazem uso de alguma dessas tecnologias nos processos produtivos Como podemos observar com a pesquisa realizada, já estamos vivendo a indústria 4.0, por isso, precisamos estar cientes dos impactos dessa mudança. FOCCOERP (2017) aponta que, na economia mundial: Teremos efeitos na maioria das varáveis macroeconômicas, como o PIB, o consumo, o emprego, o padrão de comércio, a inflação e o investimento. Estas mudanças são motivadas por rupturas tano pelo lado da oferta, com mudanças na produção e distribuição de bens e serviços, quanto pelo lado 14 da demanda, graças a novos padrões de consumo e novas necessidades de usuários. Além disso, teremos mudança na maneira como a oferta e a demanda se encontram, ou seja, nas trocas, quando o comércio operará sob um novo panorama altamente globalizado, abrangente, competitivo e com modelos de negócios inovadores. Em relação à oferta de bens e serviços, com a indústria 4.0, é possível que haja grande aumento de produtividade, em virtude da informação e integração, que são tecnologias presentes no sistema, entre elas a internet das coisas e o big data (veremos na sequência). Conforme FOCCOERP (2017), teremos assim uma interligação entre fábricas, o que inclui uma “interligação entre as tecnologias da indústria 4.0 e entre estas tecnologias com o trabalho, insumos, energia e dados empregados na produção”. Por meio dessa integração fabril, o potencial de automação das plantas industriais será ampliado, bem como haverá uma otimização na geração e interpretação de dados. Desse modo, “a integração, a automação e a aplicação da inteligência produzida impactam com um ganho de produtividade via otimização de processos”. Além de aumentar a eficiência no uso e emprego de insumos, “ampliação dos retornos crescentes de escala e diminuição do custo de produção, assim como do custo marginalda produção”. 4.2 Indústria 4.0 e uma nova configuração do trabalho A partir da quarta revolução industrial, certamente haverá mudanças radicais nas formas de trabalho. Muito se discute se a automação substituirá o trabalho humano, pois, se assim for, teremos muita repercussão desse assunto nas mídias mundiais. No entanto, temos que voltar ao passado e relembrar que, em cada uma das revoluções industriais, o trabalho humano foi sendo substituído pela tecnologia, eliminando muitas profissões e criando muitas outras novas. Certamente não será diferente agora. Em pouco tempo, deixarão de existir muitas funções, mas a indústria necessitará de novas. FOCCOERP (2017) argumenta que “ao mesmo tempo em que haverá desemprego, queda dos salários de parte dos trabalhadores via substituição e extinção de empresas, indústrias e cargos de trabalho”, do mesmo modo haverá demanda para cargos e ocupações novas, criação de empresas e indústrias novas e diferentes do que conhecemos. No entanto, “evidências têm apontado que a quarta revolução industrial criará menos trabalho em novas indústrias, frente às três revoluções predecessoras”. É difícil prever quais serão as ocupações do futuro, pois 15 depende de muitos fatores sociais, culturais, demográficos e geopolíticos, mas mesmo assim “as previsões sobre mudanças diretamente ligadas à indústria 4.0 apontam para um aumento de demanda por cargos que exijam criatividade, cognição, decisão sobre incertezas e desenvolvimento de novas ideias”. A CIO (2017) explica que, para atuar nesse novo mundo, haverá grande necessidade de pessoas qualificadas e especializadas nas áreas de programação e desenvolvimento de softwares, engenheiros de rede e especialistas em segurança cibernética. Ao colocarmos na indústria robôs colaborativos (aqueles que atuam ao lado de seres humanos), teremos “uma paisagem tecnológica que vai requerer múltiplos conjuntos de habilidades e, em muitos casos, a combinação dessas habilidades para [...] novas categorias de profissionais de TI”, ou seja, pessoas das mais diversas áreas de conhecimento que “entendam a convergência das tecnologias operacionais e das tecnologias da informação”. Conforme a CIO (2017), a indústria 4.0 precisará de equipes de profissionais com conhecimentos multidisciplinares se unam para solucionar desafios inter- relacionados. Os especialistas “terão que ampliar sua base de conhecimento para incluir não apenas outras tecnologias de TI, mas também tecnologias operacionais como a robótica e automação de processos, que fazem funcionar as fábricas e as linhas de montagem”. TEMA 5 – INTERNET DAS COISAS Conforme explica Zambarda (2014), internet das coisas (Internet of Things – IoT), é a marca de uma revolução tecnológica, cujo objetivo é “conectar os itens usados do dia a dia à rede mundial de computadores”. Hoje já temos meios de transportes, tênis e óculos, eletrodomésticos, maçanetas que estão conectados à internet e outros dispositivos (computadores e smartphones). “A ideia é que, cada vez mais, o mundo físico e o digital se tornem um só, através dispositivos que se comuniquem com os outros, os data centers e suas nuvens”. Temos também os aparelhos vestíveis, por exemplo, Google Glass e Smartwatch que são capazes de transformar a “mobilidade e a presença da internet em diversos objetos em uma realidade cada vez mais próxima”. Conforme Zambarda (2014), desde 1991, existe entre nós a ideia de conectar objetos. A expressão internet das coisas foi proposto por Kevin Ashton em 1999, 16 quando ele escreveu um artigo dizendo que por meio da IoT “será possível acumular dados do movimento de nossos corpos com uma precisão muito maior que as informações de hoje. Com esses registros, se conseguirá reduzir, otimizar e economizar recursos naturais e energéticos, por exemplo”. Hoje, a Microsoft (2017) explica como a internet das coisas pode ser usada no sentido de termos IoT para manufatura, IoT para cidades inteligentes, IoT para o transporte, IoT para o varejo e IoT para a saúde. Vejamos, então, cada um desses usos. Internet das coisas para a manufatura: Monitoramento de equipamentos para fabricação: sensores podem prever a necessidade de manutenção de peças, de modo a reduzir o tempo de inatividade não planejado, que em consequência reduzirá o tempo de produção. Monitoramento de equipamentos de clientes: é possível criar novos modelos de negócios que fornecem manutenção preditiva e fazem o monitoramento de performance dos equipamentos produzidos pela empresa, de modo que o cliente perceba uma qualidade maior. Melhorar o serviço de campo: é possível ter acesso a dados de sensores para melhorar serviços de campo, garantindo que tanto técnicos quanto ferramentas sejam encaminhados ao local antes que problemas potenciais se tornem problemas maiores. Internet das coisas para cidades inteligentes: Otimização do uso de energia: é possível rastrear o uso e ter redes inteligentes que fornecem uma transmissão de energia confiável, mais ecológica e eficiente, além de reduzir as tarifas para os clientes. Cidades mais seguras: é possível controlar melhor o trânsito, fazer com que os sistemas de emergência sejam mais eficientes e também obter redução no tempo de resposta da polícia e da emergência médica. Edifícios inteligentes: podemos conectar dispositivos e sistemas de construção no sentido de oferecer operação e controle mais eficientes aos moradores, trabalhadores e proprietários de edifícios. 17 Melhoria no serviço de campo: é possível otimizar a eficiência do serviço público, desde os reparos de lâmpadas de rua e manutenção de semáforos, até a otimização das rotas de caminhões de lixo. Internet das coisas para os transportes: Manter a performance do veículo: é possível manter veículos na estrada, monitorando e prevendo necessidades de manutenção, além de corrigir possíveis problemas durante o tempo de inatividade do veículo. Otimizar as operações das frotas: é possível simplificar a logística usando dados e alertas em tempo real para otimizar a roteirização, monitorar a performance e ainda responder imediatamente a atrasos ou problemas à medida que vão acontecendo. Manter o tráfego em movimento: é possível monitorar e processar dados de trânsito em tempo real para auxiliar no gerenciamento de infraestruturas de transportes, avaliar condições da rodovia e aliviar o congestionamento. Internet das coisas para o varejo: Serviços alimentícios: é possível aumentar a eficiência e reduzir custos operacionais, monitorando a qualidade e a segurança, além de melhorar a manutenção dos equipamentos e rastrear suprimentos. Máquinas de venda automática: suas operações podem ser simplificadas, é possível monitorar estoque e uso de suprimentos, além de fazer previsão das necessidades de manutenção da máquina. Supermercados e lojas de varejo: é possível aumentar o crescimento do negócio e a fidelidade à marca, monitorar o estoque, acompanhar o comportamento do consumidor e recomendar produtos. Hotelaria: é possível otimizar as operações e aumentar as receitas, monitorar o uso dos quartos, ajustar as preferências dos hóspedes e detectar quando os suprimentos estão acabando. Estádios: é possível conectar os espectadores aos seus eventos esportivos favoritos, com uso de estatísticas e rastreamento em tempo real. Internet das coisas para a saúde: 18 Atendimento de pacientes: por meio de sensores vestíveis (o paciente veste), os médicos podem acompanhar remotamente e dar retorno em tempo real sobre o estado de saúde do paciente. Ou seja, os pacientes não precisam sair de casa para serem atendidos. Monitoramento de ativos médicos: por meio de uma plataforma na nuvem, é possível rastrear e gerenciar suprimentos e medicamentos. A equipe médica passará menos tempopesquisando e terá mais tempo para atender os pacientes. Manutenção de equipamentos vitais: é possível que problemas com equipamentos sejam corrigidos antes mesmo de ocorrerem, por meio de uma manutenção preditiva remota. Assim, os dispositivos médicos críticos estarão sempre prontos para o uso quando forem necessários. Monitoramento do uso dos equipamentos: é possível instalar sensores nos leitos hospitalares que vão monitorar a temperatura do ambiente e até estações para higienização das mãos. Monitorando o uso dos equipamentos remotamente, os pacientes se sentirão mais seguros, melhorando seu bem- estar. Então, podemos definir internet das coisas (IoT), como sendo o modo como objetos conectados via internet se comunicam entre si (máquina com máquina) e com o usuário (máquina com pessoa), por meio de sensores inteligentes e softwares capazes de transmitir dados para uma rede. É similar a um sistema nervoso gigante que troca informações entre dois pontos ou mais. Qualquer coisa pode ser conectada: automóveis, eletrodomésticos, máquinas, smartphones, entre outros. Podemos ter fábricas conectadas, máquinas conectadas, cadeias de fornecimento conectadas. 5.1 Big Data A expressão big data refere-se ao gigantesco volume de dados (estruturados e não estruturados) que de alguma forma impactam nos negócios e nas organizações. Segundo Big Data Business (2017), “big data analytics é o trabalho analítico e inteligente de grandes volumes de dados, estruturados ou não estruturados, que são coletados, armazenados e interpretados por softwares de altíssimo desempenho”. O big data analytics faz o cruzamento de dados do ambiente interno e externo das 19 organizações, fornecendo indicadores importantes para orientar as tomadas de decisão. O tempo de processamento é mínimo. Big Data Business (2017) aponta algumas fontes utilizadas por um software de big data analytics: Dados extraídos de ferramentas de Inteligência de Negócios (Business Intelligence – BI); Arquivos de log de servidores web; Conteúdos de mídias sociais; Relatórios empresariais; Textos de e-mails de consumidores à empresa; Indicadores macroeconômicos; Pesquisas de satisfação; Estatísticas de ligações celulares capturadas por sensores conectados à “internet das coisas”; Bases de dados das empresas de cartão de crédito; Programas de fidelidade; Reviews de produtos nos sites das empresas. Desse modo, extraindo e combinando resultados das fontes citadas, soluções de big data analytics podem fornecer informações altamente importantes para tomadas de decisões e melhoria de desempenho de qualquer tipo de organização, seja pública, seja privada. As empresas têm a possibilidade de desenvolver e ofertar produtos totalmente específicos para públicos respectivamente específicos. Por exemplo, big data analytics facilita análises de públicos por região, produtos mais procurados e desejados, para que a empresa possa direcionar as vendas para determinado local, melhorar o sistema de logística na região buscando otimizar o atendimento. Tudo isso em tempo real. Além disso, nesse mesmo exemplo, ao entender melhor o perfil do consumidor local, a empresa poderá buscar mão de obra especializada em tratar com aquele público (Big Data Business, 2017). Por meio do big data analytics, o departamento de marketing das empresas poderá analisar gigantescos volumes de dados que foram gerados por ações e campanhas anteriores, extraindo do montante informações que serão valiosas para serem utilizadas em campanhas futuras. Assim, empresas podem mapear assertivamente os resultados positivos e negativos, o que deve ser alterado ou descartado, otimizando as estratégias organizacionais. E mais, quando um cliente já não tem mais interesse em continuar utilizando um produto ou serviço, ele vai dando sinais por meio do seu comportamento. O “Big Data Analytics, por meio do desenvolvimento do perfil 360º de públicos-alvo, ajuda as empresas a identificarem estes sinais de forma preditiva e a terem tempo de agir para http://www.bigdatabusiness.com.br/business-intelligence-e-big-data-qual-a-diferenca/ http://www.bigdatabusiness.com.br/business-intelligence-e-big-data-qual-a-diferenca/ http://www.bigdatabusiness.com.br/4-objetos-para-voce-entender-na-pratica-o-que-e-internet-das-coisas/ http://www.bigdatabusiness.com.br/e-possivel-utilizar-big-data-para-otimizar-programas-de-fidelidade/ 20 evitar a perda do consumidor” (Big Data Business, 2017). Assim, o setor responsável por aquele tipo de cliente poderá ter tempo suficiente para desenvolver ações que o agradem e façam com que ele volte a sentir a necessidade de continuar consumindo aquele produto ou serviço ou, até mesmo, desenvolvendo novos produtos ou serviços que despertarão o desejo do consumidor. FINALIZANDO Terminamos, então, a última aula de Administração da Produção e Serviços. Vimos os diferentes sistemas de produção e que há uma interdependência do almoxarifado, da produção e do depósito no sistema de produção. Estudamos os três diferentes tipos de sistemas de produção: sob encomenda, em lotes e contínua. Falamos sobre a modernização dos sistemas de produção, em que a tecnologia da informação e os computadores com tecnologia avançada conduzem a administração da produção a desenvolver nos conceitos, tais como células de produção, CAD/CAM, MRP, competição baseada no tempo, intercâmbio eletrônico de dados, foco em serviços e consórcio modular. Também estudamos o impacto da tecnologia nos sistemas de produção e as quatro revoluções industriais, além da necessidade de que o gestor tenha profundo conhecimento da tecnologia utilizada em sua empresa. Na sequência, conhecemos o conceito de indústria 4.0 e as tecnologias responsáveis pelo seu pleno funcionamento, como a indústria 4.0 já está presente no Brasil e como traz modificações na configuração do trabalho. Ao final da aula, estudamos um pouco sobre as duas tecnologias que dão suporte à indústria 4.0: internet das coisas e big data. A internet das coisas conecta as coisas que utilizamos rotineiramente na vida doméstica, na indústria e demais segmentos da economia à rede mundial de computadores. O big data envolve o enorme volume de dados (estruturados e não estruturados) que de alguma forma impactam nos negócios e nas organizações. 21 REFERÊNCIAS BIG DATA BUSINESSS. Big Data Analytics: você sabe o que é? 25 jan. 2017. Disponível em: <http://www.bigdatabusiness.com.br/voce-sabe-o-que-e-big-data- analytics/>. Acesso em: 5 jul. 2018. CHIAVENATO, I. Gestão da produção: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. CIO from IDG (Estratégias de negócios para TI e líderes corporativos). Cinco habilidades necessárias para a Internet das Coisas Industrial. 6 jun. 2017. Disponível em: <http://cio.com.br/tecnologia/2017/06/06/cinco-habilidades- necessarias-para-a-internet-das-coisas-industrial/>. Acesso em: 5 jul. 2018. FOCCOERP. Indústria 4.0: guia completo da indústria do futuro. Disponível em: <https://www.foccoerp.com.br/guia-completo-da-industria-do-futuro/>. Acesso em: 5 jul. 2018. MICROSOFT. Como as indústrias estão usando a internet das coisas. Disponível em: <https://www.microsoft.com/pt-br/internet-of-things>. Acesso em: 5 jul. 2018. ZAMBARDA, P. ‘Internet das coisas’: entenda o conceito e o que muda com a tecnologia. Globo.com, 16 ago. 2014. Disponível em: <http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/08/internet-das-coisas-entenda-o- conceito-e-o-que-muda-com-tecnologia.html>. Acesso em: 5 jul. 2018.
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