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Aprendizagem

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IMAGEM 
PESSOAL
Sabine Heumann
Aprendizagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir aprendizagem humana, enfatizando sua natureza 
multiparadigmática. 
 � Descrever as teorias cognitivas de aprendizagem. 
 � Explicar a aprendizagem social sob a lente da teoria cognitiva social 
de Albert Bandura. 
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar o conceito de aprendizagem. Há diversas 
abordagens para se compreender esse conceito, o que dá a ele uma 
natureza multiparadigmática. A compreensão dos processos de apren-
dizagem favorece o entendimento do ser humano de uma maneira mais 
aprofundada, por isso, estudar tal conceito é fundamental e desperta o 
interesse de diferentes áreas. 
Neste texto, você aprenderá a definir aprendizagem humana, dando 
ênfase à natureza multiparadigmática do conceito, a descrever as teorias 
cognitivas de aprendizagem e a explicar a aprendizagem social, de acordo 
com a lente da teoria cognitiva social de Albert Bandura. 
Aprendizagem humana: um conceito 
multiparadigmático
O conceito de aprendizagem é discutido por diversas perspectivas teóricas. 
Desde o século XIX muitas teorias foram propostas para explicar esse fe-
nômeno. Algumas foram superadas, atualizadas e transformadas em novas 
perspectivas, entretanto, observa-se que atualmente muitas coexistem, dando 
uma característica multiparadigmática ao conceito. Ou seja, há diferentes 
abordagens para tratar desse mesmo fenômeno, sob diferentes aspectos 
(ILLERIS, 2013). 
Rotta, Bridi Filho e Bridi (2016) destacam que a aprendizagem é objeto 
de estudo de diferentes ciências, tais como a psicologia, a pedagogia e a 
neurologia. Isso ocorre devido à sua importância para a cultura, visto que 
todos os seres humanos precisam aprender formal ou informalmente. Na 
atualidade, a escolarização e a apropriação do conhecimento sistematizado é 
uma obrigatoriedade na nossa sociedade e essa característica tem trazido um 
olhar mais atento a esses processos. 
De acordo com Rotta, Bridi Filho e Bridi (2016), a obrigatoriedade da aprendizagem 
para todos os seres humanos amplia a percepção desse conceito. A aprendizagem 
é considerada um fenômeno presente da infância até a velhice. Ou seja, entende-se 
que uma pessoa aprende durante todo o ciclo vital. 
De acordo com Feldman (2015), Gazzaniga, Heatherton e Halpern (2018), 
a aprendizagem pode ser entendida, de uma maneira ampliada, como uma 
mudança relativamente permanente no comportamento humano em decorrência 
de uma experiência. Na mesma linha de compreensão, Illeris (2007) define 
aprendizagem como um processo que leva a uma mudança permanente na 
capacidade de um organismo vivo qualquer, que não seja decorrente unicamente 
do amadurecimento biológico ou do envelhecimento. 
Vale destacar ainda, de acordo com Gazzaniga, Heatherton e Halpern 
(2018), que a aprendizagem ocorre quando a experiência torna o sujeito mais 
bem preparado ou adaptado para lidar com o meio em situações futuras. Ou 
seja, nem toda a mudança pode ser considerada aprendizagem, ela precisa 
resultar em uma melhor adaptação ou preparação para lidar com algo ou com 
alguma situação, isto é, a aprendizagem requer uma melhoria. Nesse sentido, 
a capacidade de aprender é essencial para o ser humano, determinando desde 
o desenvolvimento de habilidades básicas, como andar e falar, até habilida-
des complexas, como se relacionar com outras pessoas ou realizar cirurgias 
cardíacas. 
Aprendizagem2
A aprendizagem é definida como uma mudança relativamente permanente no 
comportamento do ser humano, fruto de uma experiência. Entretanto, é importante 
destacar que nem sempre é fácil identificar mudanças no comportamento decorrentes 
da aprendizagem. Além disso, há casos em que o comportamento muda, porém essa 
mudança não pode ser considerada como aprendizagem. Algumas mudanças são fruto 
da maturação do organismo, por exemplo, quando um indivíduo se torna maior ou 
mais forte e, por isso, consegue desempenhar melhor uma atividade. Ou então fruto 
de uma situação momentânea, como o que ocorre com o comportamento de alguém 
que está cansado devido à fadiga ou falta de interesse. Em ambos os casos, está se 
falando de mudanças comportamentais, mas não de aprendizagem (FELDMAN, 2015). 
Desde o nascimento o ser humano já está preparado para aprender. En-
tretanto, os bebês apresentam um processo de aprendizagem mais simples 
chamado de habituação. Consiste na adaptação a um estímulo, como o que 
ocorre quando um bebê vê um brinquedo colorido pela primeira vez. Naquele 
momento o estímulo (brinquedo) chama muito a sua atenção, porém, com o 
passar do tempo, aquele estímulo já não surte o mesmo efeito, ou seja, o bebê 
se adapta ou se habitua àquela informação. Os adultos continuam apresentando 
o processo de habituação, contudo, a aprendizagem também passa a ocorrer 
de maneiras mais complexas (FELDMAN, 2015). 
Gazzaniga, Heatherton e Halpern (2018) destacam três tipos principais 
de aprendizagem: 
 � Não associativa: quando alguém aprende sobre um estímulo, como 
uma imagem ou um som, e emite uma resposta em decorrência daquele 
estímulo. Um exemplo é o que ocorre quando você ouve um som e vai 
em busca de onde ele está vindo. Fazem parte desse tipo a já mencio-
nada habituação e também a sensibilização – quando a resposta a um 
estímulo aumenta com o passar do tempo.
 � Associativa: quando a pessoa aprende a relacionar/associar um evento 
com outro. Nesse tipo de aprendizagem a pessoa aprende que os estímulos 
do ambiente, as respostas comportamentais que ela emite e as consequ-
ências dessas respostas estão relacionadas. Um exemplo é o que ocorre 
quando você relaciona ter dor dente ao comportamento de ir ao dentista, 
essa relação é considerada uma aprendizagem do tipo associativa. 
 � Por observação: quando alguém adquire ou muda um comportamento 
a partir da observação de como outras pessoas se comportam. Por 
3Aprendizagem
exemplo, quando você assiste a um tutorial de como preparar um prato e 
passa a implementar esse novo repertório de comportamento na sua vida. 
Complementando esse raciocínio, Illeris (2013), na obra Teorias contempo-
râneas da aprendizagem, destaca três dimensões ou esferas da aprendizagem:
1. Conteúdo: diz respeito ao que é aprendido, engloba conhecimentos, 
habilidades, insigths, significados, valores, postura, modo de agir, entre 
outras coisas que contribuem para a compreensão e para a capacidade 
de quem aprende. 
2. Incentivo: esfera relacionada à energia necessária para promover a 
aprendizagem. Engloba sentimentos, motivação, emoções. Sua função 
é garantir o equilíbrio mental. 
3. Interação: diz respeito aos impulsos que dão início ao processo de 
aprendizagem, tais como: percepção, ação, experiência, imitação, par-
ticipação, entre outros. 
Na Figura 1, a seguir, você poderá ver de forma esquemática como as 
dimensões se organizam: 
Figura 1. As três dimensões da aprendizagem. 
Fonte: Illeris (2013, p. 19).
Aprendizagem4
Note que o triângulo evidencia o campo de tensão em que a aprendizagem 
ocorre, entre as três dimensões/esferas, ou seja, para que a aprendizagem 
ocorra é necessário que as três dimensões estejam em interação. Sendo assim, 
de acordo com o autor, no processo de aprendizagem as três esferas precisam 
estar presentes e se relacionar (ILLERIS, 2013). 
Dando continuidade a essa compreensão, Illeris (2013) ainda destaca dois 
processos essenciais na aprendizagem: 
 � Processo externo: remete à interação do indivíduo com o meio no 
qual está inserido.
 � Processo psicológico/interno: remete à aquisição e à elaboração das 
informações disponíveis no meio. 
Para Illeris (2013), esses processos ocorrem em toda forma de aprendiza-
gem, contudo, algumas teorias se dedicam mais à compreensão e explicação 
de um ou de outro processo. Por exemplo, teorias cognitivistas costumam se 
dedicar mais aos processos internos, enfatizando os aspectos mentais. Já as 
teorias de aprendizagemsocial tendem a destacar mais os processos externos, 
de interação do indivíduo com o meio. Destaca-se, nesse sentido, que ambas 
as teorias contribuem para o desenvolvimento da compreensão do conceito 
através de uma abordagem diversificada, demonstrando a característica mul-
tiparadigmática da aprendizagem. 
Na sequência você vai estudar as teorias cognitivas de aprendizagem e, 
posteriormente, verá a teoria de aprendizagem social, também conhecida 
como sociocognitiva. 
As teorias cognitivas de aprendizagem 
Conforme discutido até aqui, há diversas abordagens ou formas de se estudar 
a aprendizagem, o que evidencia a característica multiparadigmática desse 
conceito. Entre as diversas possibilidades, destacam-se neste capítulo as teorias 
ou abordagens cognitivas de aprendizagem. Essas teorias partem do entendi-
mento de que o ato de aprender está relacionado aos processos de pensamento 
ou cognição, ou seja, essas teorias enfatizam os processos mentais (invisíveis) 
que ocorrem quando alguém aprende (FELDMAN, 2015). 
5Aprendizagem
As abordagens cognitivas da aprendizagem surgem como um contraponto às abor-
dagens behavioristas. Nas behavioristas, entende-se que a aprendizagem ocorre a 
partir da interação entre: 
 � estímulo (situação presente ou antecessora); 
 � resposta (ação do indivíduo);
 � consequência (alteração no ambiente consequente àquela resposta). 
De acordo com essas abordagens, a aprendizagem de um novo comportamento 
ocorre em função das consequências que determinada ação têm no meio, limitando-se 
ao que é possível ser observado. 
Dessa forma, a aprendizagem é fruto da associação entre estímulo-resposta-con-
sequência, sendo que, quando uma resposta provoca uma consequência favorável 
(um reforço), há maiores chances de que aquela resposta comportamental ocorra 
novamente no futuro. Já quando uma resposta provoca uma consequência desfavorável 
(como uma punição), há menores chances de que aquele comportamento ocorra 
novamente no futuro. De acordo com as abordagens behavioristas de aprendizagem, 
é a partir dessa relação que a pessoa aprende, ou condiciona seus comportamentos 
para ações futuras. 
Nas abordagens cognitivistas da aprendizagem, diferentemente, há um viés menta-
lista, ou seja, há um enfoque nos processos mentais que não são observáveis (tais como 
a expectativa de uma consequência decorrente de uma resposta comportamental). 
Vale destacar ainda que as teorias cognitivas não negam a relação entre estímulo-
-resposta-consequência, mas ampliam essa visão, incluindo aspectos visíveis ao 
processo de aprendizagem (FELDMAN, 2015). 
De acordo com os estudiosos dessa abordagem, um exemplo desse tipo de 
aprendizagem, que enfatiza os processos mentais não visíveis, é a chamada 
aprendizagem latente (ou encoberta). Entende-se que um novo comportamento 
pode ser aprendido, mas não demonstrado, até que haja uma oportunidade ou 
incentivo para que ele seja expresso. Ou seja, a aprendizagem pode ocorrer de 
uma forma não visível, sem que haja a relação estímulo-resposta-consequência, 
como descreviam os behavioristas. Sendo assim, entende-se que é possível 
aprender um conteúdo novo, mas não emitir uma resposta expressa, isto é, é 
possível que haja aprendizado sem que novos comportamentos sejam exibidos, 
apenas a partir da mudança mental. Assim, existe diferença entre a aquisição 
de um comportamento — o saber fazer — e o desempenho de tal comporta-
mento — a ação em si (FELDMAN, 2015; GAZZANIGA; HEATHERTON; 
HALPERN, 2018).
Aprendizagem6
A aprendizagem latente pressupõe a existência de conteúdos latentes ou 
não aparentes, que foram chamados de mapas cognitivos. Esses mapas são 
representações mentais ou abstratas da realidade que permitem a obtenção, 
o armazenamento e o processamento de informações do ambiente em nível 
neural ou mental. Assim, a compreensão de mapas mentais permite pressupor 
que há uma elaboração interna anterior à emissão de um comportamento. 
Isto é, de acordo com a compreensão de mapas cognitivos, entende-se que 
a aprendizagem pode ocorrer através dos fenômenos mentais, a partir do 
armazenamento de informações do ambiente (mapa cognitivo), que abarca até 
mesmo informações que não foram utilizadas pelo sujeito até aquele momento 
(FURTADO, 2018; TOLMAN; HONZIK, 1930). 
A aprendizagem latente ocorre quando uma pessoa aprende um comportamento 
sem necessariamente realizá-lo. Tendo esse entendimento como base, imagine que 
um adolescente, que sempre andou de carro com seus pais, vai aprender a dirigir. 
Já no seu primeiro contato com a direção do veículo, não é necessário falar para ele 
que girar o volante faz com que o carro vire para a direita ou para a esquerda. Mesmo 
sem nunca ter emitido um comportamento como esse, quando o adolescente vai 
dirigir, já tem esse conhecimento armazenado simplesmente por ter observado outras 
pessoas fazerem. 
Complementando essa compreensão, Gazzaniga, Heatherton e Halpern 
(2018) destacam um outro tipo de aprendizagem que funciona de maneira se-
melhante à aprendizagem latente, a aprendizagem por insight. Na aprendizagem 
por insight o processo também ocorre de maneira encoberta, sem necessidade 
de expressão de um comportamento, e é identificado quando alguém está 
refletindo sobre um problema, fica um tempo indeterminado debruçado na 
questão e, de repente, chega à resposta (ou tem um insight). Note que, da 
mesma forma como ocorre na aprendizagem latente, na aprendizagem por 
insight não é possível que outra pessoa visualize o processo de aprendizagem, 
ele ocorre de maneira interna. 
Com essa compreensão, retoma-se o conceito ampliado de aprendizagem, 
entendida como uma mudança, derivada da experiência, relativamente per-
manente no comportamento ou nas capacidades de um indivíduo, resultando 
7Aprendizagem
em uma melhor adaptação ou preparação, por parte desse indivíduo, para 
lidar com algo ou alguma situação. A partir desse entendimento, destaca-se 
que a aprendizagem, de acordo com o que propõem as abordagens cognitivas, 
pode ocorrer internamente, em nível neural ou mental, não necessariamente 
podendo ser observada por outras pessoas (GAZZANIGA; HEATHERTON; 
HALPERN, 2018; ILLERIS, 2007). 
As abordagens cognitivas da aprendizagem enfatizam os aspectos não visíveis do 
processo de aprendizagem. De acordo com essa concepção, a aprendizagem pode 
ocorrer apenas em nível neural ou mental, sem, necessariamente, expressar uma 
mudança comportamental. 
Nas abordagens cognitivas, a mudança resultante da aprendizagem pode ser apenas 
interna, cognitiva, e, quando houver a necessidade ou a vontade do sujeito, poderá 
ser expressa como um comportamento novo, visto que, quando há aprendizagem, 
há uma nova informação armazenada (GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018).
Nessa perspectiva, enfatizou-se a concepção de aprendizagem latente e de 
aprendizagem por insight e, seguindo a mesma linha de raciocínio, destaca-se 
a aprendizagem observacional. A aprendizagem observacional pode ser en-
tendida como um aspecto ou uma forma de desenvolvimento da aprendizagem 
em uma abordagem cognitiva, como fica claro no exemplo anterior (quando 
o adolescente pega o volante para dirigir pela primeira vez e sabe alguns 
movimentos que precisam ser feitos devido à observação que fez anterior-
mente). Assim, destaca-se que a aprendizagem latente, comumente tem como 
estratégia a observação (GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018). 
A aprendizagem observacional foi foco de estudos do psicólogo Albert 
Bandura, que afirmou que uma grande parcela da aprendizagem humana se 
dá através da observação de outras pessoas se comportando, ou seja, a partir 
da relação de quem aprende com outra pessoa (um modelo). Desse modo, a 
aprendizagem ganha uma conotação social, sendo vista como um fenômeno 
social e a perspectiva de aprendizagem observacional ganha uma conotação 
sociocognitiva. Devido à sua importância, na sequência você estudará sobre 
a aprendizagem com essa conotação social, sob a ótica da teoria conhecidacomo teoria cognitiva social de Bandura (GAZZANIGA; HEATHERTON; 
HALPERN, 2018). 
Aprendizagem8
Aprendizagem social na perspectiva da teoria 
cognitiva social
Como visto até aqui, de maneira ampliada, pode-se entender que a aprendiza-
gem é um processo de mudança no comportamento ou na capacidade de um 
sujeito, resultante da experiência, e tem como produto uma melhoria na sua 
adaptação ou na sua capacidade para lidar com uma situação ou com algo no 
futuro (GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018; ILLERIS, 2007). 
Tendo esse entendimento como pano de fundo, nesse trecho do capítulo você 
estudará a forma ou estratégia de aprendizagem descrita por Albert Bandura, 
conhecida como aprendizagem social, baseada na teoria cognitiva social, 
também chamada de teoria sociocognitiva (GAZZANIGA; HEATHERTON; 
HALPERN, 2018). 
Albert Bandura, nascido em 1925, é um importante psicólogo canadense 
que desenvolveu sua carreira na Califórnia (Estados Unidos), como profes-
sor e diretor do departamento de psicologia da universidade de Stanford 
e presidente da APA (American Psychological Association — Associação 
Americana de Psicologia). Bandura foi autor de diversas obras, tendo como 
um de seus principais legados o desenvolvimento da teoria da aprendizagem 
social (GHEDIN, 2012).
Na teoria da aprendizagem social, Bandura (1977) também enfoca os 
aspectos mentais envolvidos na aprendizagem, assim como ocorre nas abor-
dagens cognitivas. Entretanto, o autor enfatiza também os aspectos sociais 
envolvidos no processo, descrevendo o desenvolvimento da aprendizagem a 
partir da observação de outras pessoas (que servem como modelos), por isso 
sua teoria também ficou conhecida como teoria da aprendizagem observacional 
(FURTADO, 2018; GHEDIN, 2012). 
Na teoria da aprendizagem social, desenvolvida por Bandura, também há um enfoque 
nos processos mentais, assim como acontece nas teorias cognitivas da aprendizagem. 
Em específico, Bandura se dedica à compreensão do papel da observação, por parte do 
aprendiz, do comportamento de terceiros (modelos) na aprendizagem. Dessa forma, 
portanto, pode-se afirmar que a aprendizagem sob a ótica da teoria de Bandura ocorre 
a partir da interação social (FURTADO, 2018). 
9Aprendizagem
Nesse sentido, destaca-se que a aprendizagem observacional é especial-
mente importante para casos em que não é possível aprender por tentativa e 
erro, ou seja, quando é necessária uma compreensão prévia, em nível mental, 
de um comportamento a ser emitido. Nesse sentido, para a teoria sociognitiva, 
assim como para a teoria cognitiva, a aprendizagem de um comportamento é 
diferente de emissão desse comportamento. Uma pessoa pode saber fazer algo 
sem nunca, de fato, ter feito aquilo, apenas armazenando aquela informação 
em nível mental e, quando houver a oportunidade ou o desejo, ela poderá 
emitir aquele novo comportamento (FURTADO, 2018; GAZZANIGA; HE-
ATHERTON; HALPERN, 2018; GHEDIN, 2012).
Para Bandura (1977), a aprendizagem observacional é regida por quatro 
fatores principais:
 � Atenção: é necessário que a pessoa foque sua atenção a determinada 
ação, isto é, perceba o que está ao seu redor. A atenção é influenciada 
tanto pelas características da ação observada, quanto pelo próprio obser-
vador (suas tendências cognitivas, como suas preferências e afinidades).
 � Retenção: é necessário que as informações captadas sejam armaze-
nadas em nível mental. Para que a retenção das informações ocorra, 
é preciso o desenvolvimento de imagens mentais ou representações 
verbais relacionadas àquela informação (armazenamento cognitivo). 
 � Produção: uma etapa importante do processo de aprendizagem é a 
ação propriamente dita do aprendiz, decorrente da atenção e da re-
tenção de determinada informação. Esse fator diz respeito à produção 
propriamente dita do comportamento, ou seja, a passagem da esfera 
cognitiva para a ação em si. 
 � Motivação: para que uma pessoa reproduza um comportamento ob-
servado, é necessário que ela acredite que aquela ação trará resultados 
positivos para ela (será recompensada). Sendo assim, entende-se que o 
fator motivação está relacionado à expectativa do aprendiz em relação 
à prática daquele conteúdo. 
Aprendizagem10
De acordo com a teoria da aprendizagem social, a aprendizagem ocorre por meio da 
observação do comportamento de outra pessoa. 
Nesse sentido, todo comportamento observado é aprendido? 
Não necessariamente. Um fator determinante para essa ocorrência é se o modelo foi 
ou não recompensado pela ação. Quando uma pessoa observa um colega de trabalho 
se dedicando para o atendimento a um cliente e sendo recompensado por isso, há 
maiores chances de que imite aquele comportamento no futuro. Ou seja, observar o 
comportamento de um modelo sendo recompensado aumenta as chances de que 
a pessoa realize o mesmo comportamento no futuro. 
Sendo assim, apenas comportamentos recompensados serão aprendidos? 
Não, pois quando o comportamento do modelo não é recompensado (ou é punido), 
também pode haver aprendizado (a pessoa pode ser capaz de descrever aquele 
comportamento, por exemplo), entretanto, há menores chances de que aquele com-
portamento seja imitado pelo observador no futuro (GAZZANIGA; HEATHERTON; 
HALPERN, 2018).
Um dos principais experimentos de Bandura acerca da aprendizagem social 
ou observacional foi o experimento realizado na década de 1960 com um 
boneco inflável chamado Bobo. Nesse experimento, Bandura dividiu crianças 
em idade pré-escolar em dois grupos. Para um dos grupos, Bandura apresentou 
um vídeo em que um adulto interagia com o Bobo de maneira bem tranquila, 
brincando com ele. Já no segundo grupo, Bandura apresentou um vídeo em 
que o adulto interagia com o Bobo de uma maneira bastante agressiva, batendo 
no boneco com um martelo, chutando-o, etc. Depois de assistirem ao vídeo, 
as crianças dos dois grupos foram colocadas em uma sala para brincar com 
diversos brinquedos, incluindo o boneco Bobo. O resultado do experimento 
mostrou que as crianças que assistiram o adulto agindo de maneira agressiva 
com o Bobo tinham duas vezes mais chances de agir de forma semelhante 
(também agressiva) quando interagiram com o boneco. Ou seja, os resultados 
desse experimento sugerem que a exposição de crianças à violência pode gerar 
comportamentos agressivos e, além disso, que a observação do comportamento 
de outras pessoas impacta no comportamento futuro de quem está observando 
(GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018).
11Aprendizagem
No link a seguir, confira um vídeo que descreve como 
o experimento de Bandura foi desenvolvido e seus 
principais resultados.
https://goo.gl/U5ADVn
Como você pôde observar ao longo do capítulo, pode-se definir apren-
dizagem como uma mudança relativamente permanente nas capacidades de 
um organismo vivo, decorrente da experiência. Aprendizagem é um tema 
estudado a partir de diversos enfoques, o que caracteriza sua natureza multi-
paradigmática. Entre esses enfoques, destacam-se as abordagens cognitivas, 
que enfatizam os aspectos mentais envolvidos no processo de aprendizagem, 
tendo como exemplo a aprendizagem latente (ou encoberta), em que se entende 
que, para que ocorra aprendizagem não necessariamente precisa ocorrer um 
novo comportamento. Ou seja, de acordo com essas abordagens, é possível 
que a aprendizagem ocorra em nível mental, através da construção de mapas 
cognitivos, e seja apresentada como uma ação apenas posteriormente, quando 
houver oportunidade ou desejo. No mesmo sentido, destaca-se a abordagem 
sociocognitiva da aprendizagem, que tem como seu principal autor Albert 
Bandura. A teoria de Bandura se assemelha às teorias cognitivas, enfocando, 
em específico, a aprendizagem a partir da observação do comportamento de 
outras pessoas, ou seja, a aprendizagem a partir da interação social (FUR-
TADO, 2018; GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018; GHEDIN, 
2012; ILLERIS, 2013).
Aprendizagem12
BANDURA, A. Social learning theory. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1977.
FELDMAN,R. S. Introdução à psicologia. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
FURTADO, R. N. Do comportamento à cognição: transformações epistêmicas no pen-
samento behaviorista do século XX. Revista Contemplação, n. 17, p. 172-183, 2018. 
Disponível em: <http://fajopa.com/contemplacao/index.php/contemplacao/article/
view/179/197>. Acesso em: 13 nov. 2018.
GAZZANIGA, M.; HEATHERTON, T.; HALPERN, D. Ciência psicológica. Porto Alegre: Art-
med, 2018. 
GHEDIN, E. (Org.). Teorias psicopedagógicas do ensino-aprendizagem. Boa Vista: Ed. 
da UERR, 2012. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/Hjbteixeira/texto-teorias-
-psicopedagogicasevandroghedin>. Acesso em: 13 nov. 2018.
ILLERIS, K. How we learn: learning and non-learning in school and beyond. New York, 
NY: Routledge, 2007.
ILLERIS, K. (Org.). Teorias contemporâneas da aprendizagem. Porto Alegre: Penso, 2013.
ROTTA, N. T.; BRIDI FILHO, C. A.; BRIDI, F. S. (Orgs.). Neurologia e aprendizagem: abordagem 
multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2016.
TOLMAN, E.; HONZIK, C. "Insight" in rats. Publications in Psychology, v. 4, p. 215-232, 1930.
Leitura recomendada
CAMPOS, V. Experimentos de Albert Bandura sobre a aprendizagem social da violên-
cia (narrados por Bandura). 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=3nh58Hwnl0E>. Acesso em: 13 nov. 2018.
13Aprendizagem
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