Buscar

Livro-Texto Unidade I - Monitoramento e Avaliação em Serviço Social

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Márcia Oliveira Alves
 Profa. Raquel Azevedo 
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudela Nanias
 Profa. Maria Francisca S. Vignoli
 Profa. Daniela Emilena Santiago
Monitoramento e Avaliação 
em Serviço Social
Professoras conteudistas: Márcia Oliveira Alves / Raquel Azevedo
Márcia Oliveira Alves
Assistente social, especialista em Recursos Humanos e mestre em Administração e Direito.
Atuação de mais de dez anos como assistente social em organizações públicas e privadas, especialmente na função 
de coordenadora de projetos. Docência desde 1995 em curso de Serviço Social, exercendo função de coordenadora de 
curso e supervisora de estágio. Atualmente é docente na UNIP (campus Assis) e secretária municipal de assistência 
social no município de Timburi (SP).
Raquel Azevedo
Graduada em Serviço Social pelo Centro Universitário de Bauru, mantido pela Instituição Toledo de Ensino 
(ITE Bauru/1994). Possui especialização em Serviço Social do Trabalho, pelo Universidade Veiga de Almeida (UVA/2008). 
Atualmente é mestranda em Educação em Saúde pelo Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior (CEDESS)/Universidade 
Federal de São Paulo (UNIFESP). Trabalha como docente e coordenadora auxiliar de estágio do curso de Serviço Social na 
UNIP EaD e como sócia consultora na empresa Mediar Serviço Social Ltda. ME. 
Tem vasta experiência na área organizacional, atuando em empresas de grande porte como assistente social e 
consultora em serviço social no período de 1995 a 2010.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A474m Alves, Márcia Oliveira.
Monitoramento e avaliação em serviço social / Márcia Oliveira 
Alves, Raquel Azevedo. - São Paulo: Editora Sol, 2020.
140 p. il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Monitoramento. 2. Avaliação. 3. Serviço social. I. Azevedo, 
Raquel. II. Título.
CDU 364
U508.82 – 20
Profa. Sandra Miessa
Reitora
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração e Finanças
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora das Unidades Universitárias
Profa. Silvia Gomes Miessa
Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal
Profa. Laura Ancona Lee
Vice-Reitora de Relações Internacionais
Prof. Marcus Vinícius Mathias
Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
 Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Valéria Nagy
 Juliana Maria Mendes
Monitoramento e Avaliação em Serviço Social
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS E PROGRAMAS SOCIAIS NOS 
ESPAÇOS PÚBLICO, PRIVADO E DO TERCEIRO SETOR .......................................................................... 11
1.1 O monitoramento e a avaliação: o novo cenário do planejamento social 
no Brasil pós-Constituição de 1988 ................................................................................................... 11
1.2 Objetivos e finalidades ....................................................................................................................... 23
1.3 Nível de formação de ação: plano, programa e projeto ....................................................... 25
2 O MONITORAMENTO COMO PROCESSO ................................................................................................ 28
3 INDICADORES SOCIAIS ................................................................................................................................. 32
3.1 Principais indicadores do monitoramento: eficiência, eficácia 
e efetividade .................................................................................................................................................. 34
3.2 O lugar do monitoramento no planejamento social ............................................................. 38
4 INSTRUMENTAIS DE MONITORAMENTO ................................................................................................ 50
Unidade II
5 O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA AVALIAÇÃO COM O MONITORAMENTO E 
O PLANEJAMENTO SOCIAL .............................................................................................................................. 63
5.1 Conceito e finalidade da avaliação .............................................................................................. 63
5.2 Avaliação no planejamento ............................................................................................................ 66
5.2.1 Principais indicadores de avaliação: eficiência, eficácia e efetividade ............................ 68
6 INSTRUMENTO, APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS, ANÁLISE DE UM ESPECIALISTA 
EM AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E ROTEIRO DE AVALIAÇÃO 
DE PLANO E PROJETO ....................................................................................................................................... 73
6.1 Instrumento ............................................................................................................................................ 73
6.2 Resultados de avaliação .................................................................................................................... 74
6.3 Entendimento de especialista sobre a avaliação da assistência social .......................... 86
6.4 Roteiro de avaliação: plano e projeto .......................................................................................... 91
7 DESAFIOS DO MONITORAMENTO E DA AVALIAÇÃO.......................................................................... 95
8 BENEFÍCIOS GERADOS PELO MONITORAMENTO E PELA AVALIAÇÃO NO 
PROCESSO DE GESTÃO ....................................................................................................................................114
Sumário
7
APRESENTAÇÃO
A você, nossas boas-vindas!
Em especial, seja bem-vindo(a) ao universo do conhecimento desta disciplina!
Fazemos o convite para que adentre o entendimento da avaliação e do monitoramento de programas e 
projetos sociais e caminhe pelas temáticas de planejamento e gestão social, entendidos como categorias 
intrínsecas à dimensão da temática central. Teremos aqui, como eixo central, a oferta de subsídios para o 
conhecimento e aprofundamento a respeito de monitoramento e avaliação de políticas sociais públicas, 
privadas e do terceiro setor.
Destacamos que a temática central é constituída de um desafio, uma vez que ainda é considerada 
como “nova” no universo da atuação profissional, caminhando “a par e passo” com os momentos 
vivenciados pela sociedade brasileira. Em outras palavras, não temos uma tradição de avaliação e de 
monitoramento de políticas.
Assim, a disciplina trará os conceitos de monitoramento e avaliação de projetos e programas 
sociais, adentrando em discussões sobre osobjetivos e as finalidades nas esferas pública, privada e 
do terceiro setor, bem como o planejamento social e as definições de plano, programa e projeto. Para tal, 
trataremos dos aspectos históricos e conceituais que muito incidem sobre a compreensão desses 
elementos na contemporaneidade.
Ao entrarmos no universo da gestão, em especial na temática de monitoramento, traremos os 
principais indicadores, eficiência, eficácia e efetividade, que são amplamente debatidos na atualidade, 
e o monitoramento no planejamento social. Não poderíamos trabalhar esses elementos sem nos 
aprofundarmos no entendimento dos instrumentais de monitoramento; acompanhar ou monitorar 
projetos deve ser meta cotidiana do profissional, pois essa atitude se traduz de forma imediata no 
sucesso deste, e, logo, no de sua atuação profissional.
Na mesma linha, ao trazermos os elementos de monitoramento, trazemos também o sentido da 
avaliação, o que, nas sociedades ocidentais, tem uma carga significativa de julgamento ou punição. 
Essa visão é fruto do processo de formação sócio-histórica, ou seja, somos frutos da construção 
de uma sociedade fundada e alicerçada no controle das ações dos indivíduos desde a sua origem. 
Se estamos vinculados, como sociedade, a “lições de moral”, e se, em qualquer tempo da 
vida, o fruto da avaliação é utilizado como culpabilização de sujeitos, como nos desvencilharmos 
dessas determinações? Pois bem, traremos os elementos da avaliação como aliados do processo de 
construção de novos paradigmas, sobretudo no que concerne a novas leituras de realidade, o que, 
sem dúvida, como resultado, traz uma nova proposta de sociedade, bem como dos sujeitos que a 
ela pertencem.
8
 Observação
A avaliação constitui fase primordial do planejamento social, cujo 
objetivo deve ser, invariavelmente, a melhoria de vida dos sujeitos 
envolvidos, ou público-alvo dos planos, programas e projetos. 
Esses sujeitos certamente apresentam demandas às políticas públicas e, como detentores de direitos, 
reivindicam sua execução nos processos da vida diária. Para que o planejamento social seja evocado, é 
necessária a abordagem de sua concepção, seus princípios e sua efetivação nos espaços para os quais 
esse se faz necessário. Os resultados, após a implementação dos aspectos arrolados no processo de 
planejamento e gestão, serão uma consequência.
Sabemos que o processo de monitoramento e avaliação proveniente do universo do planejamento 
social é um tema que traz tensão. Tal efeito se explica tanto pela trajetória sócio-histórica da sociedade 
e dos sujeitos que a compõem quanto pela visão distorcida dos processos de avaliação. Assim, podemos 
destacar que a temática traz em si desafios colocados tanto do ponto de vista da ação propriamente dita 
quanto dos encaminhamentos que dela decorrerão.
Sabemos ainda que muitos desafios se colocam nesse cenário, porém o profissional pode contribuir 
para processos de construção de conhecimento e apreensão da temática apresentada como mecanismo 
de apropriação de conteúdos extremamente pertinentes à questão social.
Confiamos que as questões aqui expostas possam subsidiar reflexões e, consequentemente, 
fortalecer sua formação profissional e sua inserção nos espaços sócio-ocupacionais de forma consciente 
e comprometida.
Eis o convite: venha conosco adentrar esse cenário de conhecimento!
INTRODUÇÃO
Após as considerações anteriormente colocadas, agora se faz necessária a apropriação das temáticas 
que, além de informações, trarão a você instrumentos de apreensão dos conteúdos essenciais à sua 
formação profissional.
Iniciaremos a discussão central do nosso tema abordando o monitoramento e a avaliação 
de projetos e programas sociais nos espaços público, privado e do terceiro setor. Traremos as 
definições conceituais dos elementos que compõem esses processos. Para tal, abordaremos a 
regulamentação específica que garante ao profissional sua inserção nos espaços sócio-ocupacionais, 
sobretudo dentro de suas atribuições privativas. A partir de então, passaremos a discutir sobre 
o planejamento e a administração, pois, assim, você terá, de forma direta, o enfoque de onde se 
localiza o monitoramento. Você poderá identificar os níveis de formação por meio da abordagem 
do plano, do programa e do projeto.
9
Trataremos ainda do monitoramento, abordando especificamente seus principais indicadores: a 
eficiência, a eficácia e a efetividade. Você irá aprender sobre o planejamento social e o lugar em que se 
situa o monitoramento, bem como seus instrumentais.
Mais adiante, traremos a avaliação com uma abordagem privilegiada: você terá a oportunidade de 
aproximar-se dos conteúdos sobre indicadores de resultado, legislações que permeiam esse universo 
como processo de avaliação, contendo as dimensões de planejamento, execução da avaliação, análise, 
divulgação, utilização e os instrumentos de apresentação dos resultados.
Veremos também a integração entre o monitoramento e a avaliação. Você poderá vivenciar 
os desafios contidos nesse universo, bem como os benefícios gerados. Cabe destacar que este é um 
momento especial, pois é quando ocorre a formação profissional, e será gratificante perceber o domínio 
do conhecimento que o levará ao espaço da gestão social com propriedade.
Ao longo dos estudos, você poderá realizar exercícios que lhe darão a oportunidade de avaliar seu 
processo de aprendizagem.
11
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Unidade I
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS E PROGRAMAS SOCIAIS 
1 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS E PROGRAMAS SOCIAIS 
NOS ESPAÇOS PÚBLICO, PRIVADO E DO TERCEIRO SETOR
Nesta unidade você se apropriará de elementos essenciais ao entendimento do monitoramento 
e da avaliação à luz do planejamento social, sobretudo, de todos os direitos advindos da Carta 
Constitucional de 1998, marco imperativo do surgimento das políticas públicas não contributivas, não 
seletivas e universais nunca antes existentes no país. Nesse novo cenário, o assistente social tem a 
missão de trabalhar para dar vida aos elementos que garantam o direito do cidadão, conforme a Lei 
de Regulamentação da Profissão, nº 8.662, de 7 de junho de 1993. A inserção profissional nos diversos 
espaços sócio-ocupacionais traz consigo a necessidade de apropriação da definição e da implementação 
das políticas públicas, bem como a necessária racionalidade do planejamento que, nessa medida, deve 
primar por oferecer condições de plena existência das ações, por meio dos planos, programas e projetos. 
Finalizando, você terá um amplo cenário de temáticas que lhe oportunizará a apreensão de diversos 
elementos que certamente subsidiarão sua inserção e atuação profissional no espaço contemporâneo. 
1.1 O monitoramento e a avaliação: o novo cenário do planejamento social 
no Brasil pós-Constituição de 1988 
O monitoramento e a avaliação de projetos e programas sociais têm obtido espaço privilegiado na atuação 
do assistente social no cenário contemporâneo, sobretudo, a partir do advento das políticas sociais emanadas 
da configuração da sociedade após 1988, precisamente depois da promulgação da Carta Constitucional. 
A Carta Constitucional de 1988 inaugura um novo momento na história do país, conforme já 
anunciado, e requisita, de forma urgente, situações que anteriormente eram colocadas como impraticáveis 
do ponto de vista social, a saber, movimentos que privilegiavam a participação e a mobilização.
 Destaque
5 de outubro de 1988: Ulysses promulga “Constituição Cidadã”
Há 20 anos, o Brasil conhecia sua nova Constituição. Foram quase 19 meses de trabalho de 
559 parlamentares (deputados e senadores), milhares de funcionários e a participação popular, 
quer na apresentação de sugestões para a elaboração da nova Carta Magna, quer nas lutas 
diárias por novas conquistas. O sonho da nova Constituição, de romper as regras estabelecidas 
no regime militar, teve início na campanha de Tancredo Neves para a Presidência da República. 
12
Unidade I
Tancredo sonhoucom uma nova Constituição e prometeu fazê-la. Mas ele morreu sem ver 
seu sonho realizado. Coube ao seu sucessor, José Sarney, convocar a Constituinte[,] e ao seu 
melhor amigo, Ulysses Guimarães, promulgar a nova Constituição brasileira, na tarde de 5 de 
outubro de 1988, exatamente às 15h54. 
Sob o comando do “Senhor Diretas”, ou “o Grande Timoneiro” e presidente da Assembleia 
Nacional Constituinte, deputado Ulysses Guimarães (PMDB/SP), a “Constituição  Cidadã”, 
como ele a chamou, foi promulgada, quando ele pronunciou as palavras históricas: “Declaro 
promulgado o documento da liberdade, [da] democracia e da justiça social do Brasil”. Para 
assinar a Carta Magna, que é a lei maior do país, Ulysses fez questão de usar, entre muitas 
canetas que lhe foram oferecidas, aquela que recebeu dos funcionários da Câmara dos 
Deputados, num reconhecimento ao apoio que recebeu deles e ao trabalho que realizaram 
sob a sua liderança. 
A nova Constituição nasceu como resposta às reivindicações da sociedade por mudanças 
estruturais no país, após o encerramento do ciclo de 20 anos de governos militares e a eleição 
do ex-governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, para a Presidência da República pelo 
Colégio Eleitoral, sua morte antes da posse e a substituição pelo vice José Sarney. Num 
discurso histórico, Ulysses consolidou o processo de retomada do Estado Democrático 
de Direito, iniciado dez anos antes, no governo do general Ernesto Geisel, com a chamada 
abertura “lenta, gradual e segura” do regime militar. “Não é a Constituição perfeita. Se fosse 
perfeita, seria irreformável. Ela própria, com humildade e realismo, admite ser emendada até 
por maioria mais acessível, dentro de cinco anos. Não é a Constituição perfeita, mas será 
útil e pioneira e desbravadora. Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. 
É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será redentor o que 
penetrar nos bolsões sujos, escuros e ignorados da miséria”, afirmou Ulysses Guimarães ao 
apresentar a Constituição ao povo brasileiro.
Instalada no dia 1º de fevereiro de 1987, a Constituinte começou com uma disputa pela 
presidência, entre os deputados Ulysses Guimarães e Lysâneas Maciel (PDT/RJ), refletindo 
a divisão que iria marcar toda a sua trajetória, até a promulgação, entre as correntes de 
direita, centro-direita e esquerda, polarizadas na Assembleia. Os centro-direitistas venceram e 
elegeram Ulysses, por 425 votos contra 69 e 28 em branco. Durante os 19 meses de trabalho 
da Constituinte, foram realizadas 341 seções e 1.029 votações. A média de frequência dos 
deputados e senadores nas votações foi de 70,68%. Nas sessões, a média de frequência atingiu 
77,88%. Uma das grandes polêmicas no início dos trabalhos da Assembleia foi para decidir se 
um terço (24) dos 72 senadores que foram eleitos quatro anos antes da Constituinte deveriam 
ou não participar do processo de elaboração da nova Carta. No fim, eles também se tornaram 
constituintes, embora não tivessem sido eleitos para essa finalidade. 
A derrota da campanha pelas “Diretas Já”, que previa eleição pelo voto popular do Presidente 
da República, em 1984, transferiu as expectativas populares das ruas para o Plenário da Câmara 
dos Deputados. O próprio Ulysses Guimarães traduziu esses anseios em seu discurso, ao afirmar 
que o texto constitucional era resultado do esforço dos parlamentares na consolidação 
13
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
de 61.020 emendas, além de 122 emendas de caráter popular, algumas com mais de 
1 milhão de assinaturas. Antes de serem iniciados os trabalhos da Assembleia nas nove 
comissões temáticas, os constituintes e populares tiveram um prazo para apresentarem 
sugestões para a elaboração da nova Constituição do Brasil. As sugestões foram distribuídas 
em nove comissões temáticas instaladas posteriormente. O texto promulgado teve um caráter 
peculiar: os constituintes partiram do zero para formular um modelo próprio de resgate dos 
direitos do cidadão. Daí a definição dada pelo próprio Ulysses Guimarães ao texto elaborado e 
aprovado pelos constituintes (deputados e senadores): “Constituição Cidadã”.
Fonte: Chagas; Lourenço (2008). 
Assim, podemos verificar que, mais de vinte anos após sua promulgação, a Carta Constitucional ainda 
tem muito a percorrer, sobretudo, no que se refere à implementação da participação da sociedade civil 
no acompanhamento das ações dos governos. Dela decorre especialmente o que se refere às políticas 
voltadas para os anseios da sociedade em situação de vulnerabilidade – trazendo, de forma direta, a 
responsabilidade do Estado na condução de medidas de inclusão. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 inaugura a necessidade da presença da 
sociedade civil nas ações de gestão das políticas públicas. Assim, ao falarmos em planejamento social, 
monitoramento e avaliação, estamos falando de participação popular.
Para entender mais sobre esses temas, é fundamental sua apreensão etimológica:
Monitoramento tem sua origem no latim monitor que significa “o que adverte, guia, dirige”; no 
português, ganha o sentido de acompanhamento ou supervisão (HOUAISS, 2009). Assim, monitorar é 
estar presente de forma contínua e dinâmica. 
Avaliação nos remete ao ato de avaliar; essa palavra tem origem no latim valere, referindo-
se a força, vigor, saúde (ORIGEM..., 2010). Portanto, o monitoramento e a avaliação ganham face de 
acompanhamento e movimento, que, juntos, visam ao alcance dos objetivos propostos.
No Brasil, os sentidos de monitoramento, conforme já destacamos, são de vigilância, patrulhamento, 
o que nem sempre é colocado como um movimento positivo.
Os anos 1990 são considerados como fecundos do ponto de vista da proposição de políticas sociais 
que passam a garantir direitos ao cidadão brasileiro. Tais direitos anteriormente eram considerados como 
benesses, principalmente quando direcionados às populações carentes ou em risco e vulnerabilidade 
social. Cabe destacar que muitas políticas públicas ganharam espaço nesse período e foram direcionadas 
aos segmentos da criança e do adolescente, do idoso, da assistência social, da saúde etc.
Nesse aspecto, uma vez implementadas as políticas públicas a esses segmentos, as demandas 
exigiram a presença de novos planos, programas e projetos que dessem conta de atender os sujeitos 
com seus direitos ampliados, desafiando a construção de novas modalidades de planejamento e gestão.
14
Unidade I
Podemos verificar, por conseguinte, que a temática pede o entendimento de muitos conteúdos, os 
quais vamos abordar.
Inicialmente, torna-se necessária a apreensão de como se originam o monitoramento e a 
avaliação de programas e projetos sociais no campo de atuação do assistente social. Nesse sentido, 
a apropriação da Lei n° 8.662/1993 faz-se imprescindível. O entendimento desse contexto histórico 
auxiliará na compreensão de como o assistente social passou a ser protagonista também da gestão 
social, especialmente de políticas públicas que devem garantir à população usuária sua materialidade e 
seu usufruto no cotidiano.
Conforme enunciado anteriormente, a Lei de Regulamentação da Profissão coloca em evidência as 
atribuições e competências do profissional de Serviço Social, logo traz consigo uma série de possibilidades 
de inserção em espaços socio-ocupacionais pouco apropriados pela categoria profissional até agora e 
propõe uma diretriz norteadora da ação no que se refere a atribuições privativas do profissional.
 Saiba mais
Conheça a Lei n° 8.662, de 7 de junho de 1993:
BRASIL. Lei n° 8.662, de 7 de junho de 1993. Dispõe sobre a profissão de 
Assistente Social e dá outras providências. Brasília, 1993. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8662.htm#:~:text=LEI%20No%208.662%2C%20
DE,(Mensagem%20de%20veto).&text=O%20PRESIDENTE%20DA%20
REP%C3%9ABLICA%20Fa%C3%A7o,as%20condi%C3%A7%C3%B5es%20
estabelecidas%20nesta%20lei. Acesso em:11 jun. 2020.
Visite também os sites dos órgãosde representação da profissão e 
veja a apresentação da referida Lei de Regulamentação, bem como outras 
regulamentações que são essenciais ao profissional no seu cotidiano:
http://www.cfess.org.br
http://www.cress-sp.org.br
http://www.abepss.org.br
Como foi possível verificar, há evidente direcionamento e legitimidade na regulamentação, no que 
se refere ao planejamento e à gestão das políticas públicas sociais e à gestão de planos, programas e 
projetos. É interessante continuarmos a reflexão acerca da política por considerarmos que esta constitui 
um dos focos em que a temática se insere.
Assim, para conceituar a política, precisamos compreender alguns aspectos relevantes: que a política 
está articulada a um processo de decisão, tomado por diversos atores, e que essas decisões envolvem 
15
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
intenções e comportamentos de uma ação, os quais geram impactos, esperados ou não, durante 
um determinado tempo; que é um processo definido subjetivamente, segundo visões conceituais e 
concepções que podem ser adotadas como direcionamentos dessa política. 
Conforme o Gapi (2002), a política pode ser resumida em três características: 
• uma teia de decisões e ações que alocam (implementam) valores;
• uma instância que, uma vez articulada, vai conformando o contexto 
no qual uma sucessão de decisões futuras serão tomadas;
• algo que envolve uma teia de decisões ou desenvolvimento de ações 
no tempo (GAPI, 2002).
Para Oliveira (2005), o conceito de política considera sua complexidade e heterogeneidade, 
principalmente de sua dependência em relação a vários elementos que interferem na sua consecução.
As políticas podem parecer, numa análise, assunto mais pertinente à ciência 
política do que propriamente à justiça, impressão que desaparece quando 
analisamos a função administrativa e o conceito de Estado como provedores 
de serviços públicos ou Estado serviente. Já não há mais a limitação da 
atuação do Estado ao poder de polícia e ao non farece, e sim a assunção 
de serviços públicos como modo de agir nas funções de implementação, 
coordenação e fiscalização para a realização de determinadas finalidades 
ligadas aos direitos sociais, nestes, incluindo-se os direitos econômicos 
(OLIVEIRA, 2005, p. 69). 
Já com relação ao termo, este pode ser empregado com diversas finalidades, tal como define o Gapi (2002):
• campo de atividade ou envolvimento governamental (social, econômico), 
embora com limites nem sempre definidos; 
• objetivo ou na situação desejada (estabilidade econômica);
• propósito específico (inflação zero), em geral relacionado a outros de 
menor ou maior ordem;
• decisões do governo frente a situações emergenciais; 
• programa (“pacote” envolvendo leis, organizações, recursos); 
• resultado (o que é obtido na realidade, e não os propósitos anunciados 
ou legalmente autorizados);
• impacto (diferente de resultado esperado); 
• teoria ou modelo que busca explicar a relação entre ações e 
resultados (GAPI, 2002).
16
Unidade I
As políticas públicas devem ser entendidas como meios que nos capacitam à construção de ações que 
devem contribuir para o bem-estar da população. Devem conter, na sua essência, intenções que projetam a 
melhoria de vida para as pessoas de todos os segmentos da sociedade, ou seja, independentemente da classe 
social a que pertencemos, as políticas públicas devem garantir que o social seja pleno a todos, porquanto se 
originam nas necessidades dos cidadãos e, não raro, surgem como respostas do governo ao clamor do povo. 
Podemos dizer que as políticas públicas são edificadas como respostas a mudanças que devem ser traduzidas 
em melhorias, ou perseguir sentidos que favoreçam mudança de situações aflitivas ao social.
Cabe destacar também que as políticas públicas devem primar pelo alcance não somente do 
desenvolvimento econômico ou político, mas também do social, do ambiental, do cultural, entre outros. 
As políticas públicas em países como o Brasil, onde há forte traço de exclusão e desigualdade social, 
acabam por desempenhar papel preponderante, uma vez que são os mecanismos de enfrentamento 
dos segmentos em situação de vulnerabilidade. Essas políticas passam a traduzir as possibilidades de 
inclusão desses segmentos pela via de programas e projetos que deem conta de promovê-los e, na 
mesma medida, operacionalizar ações de legitimação de direitos e inclusão. Assim, devem preconizar 
a inclusão de segmentos e, ao mesmo tempo, empreender a cidadania e a participação da sociedade.
Para tal, um mecanismo imprescindível é a participação dos sujeitos sociais, desde o cidadão 
constituído de forma individual até a representação por segmentos organizados, como instituições, 
conselhos representativos, lideranças comunitárias etc. A participação é elemento essencial para a 
construção do processo de inclusão social.
No âmbito das políticas públicas, para materializar as ações empreendidas pelo governo municipal, 
estadual ou federal, o planejamento social colabora para sistematizar essas políticas sob a forma de 
planos, programas e projetos. Esse exemplo deflagra, de forma direta, a importância dos processos de 
planejamento e gestão das políticas sociais e, logo, do monitoramento e da avaliação.
Outro elemento essencial que irá contribuir para o entendimento da nossa temática é o planejamento. 
Reconhecido como uma forma de processo, está em amplo movimento na realidade – não se trata 
apenas de um fato específico ou isolado, mas de uma rede articulada de ações que empreendem uma 
aplicabilidade na realidade que traz em seu corpo a expectativa de um resultado. No caso específico do 
Serviço Social, o resultado do planejamento é a mudança qualitativa da realidade, ou o processo pelo 
qual os sujeitos podem protagonizar um espaço de vida melhor por meio do usufruto do direito.
O planejamento também pode ser definido como um encaminhamento organizado e sistemático, 
com o objetivo de identificar e escolher o melhor caminho para se alcançar determinada meta. É um 
momento privilegiado, pois coloca em prática a criatividade humana como forma de otimizar, prever e 
implementar ações que visem às melhores condições dos sujeitos sociais. Podemos dizer, então, que o 
planejamento tem em si muitas potencialidades; é um fazer que se renova a cada novo desafio. Nesse 
aspecto, o assistente social figura como um dos profissionais que têm contida no seu labor a missão de 
edificar processos que permitam a presença do novo, do criativo e do renovado.
Assim, caminhar na empreita de uma sociedade que elimine todas as formas de exclusão deve ser o 
elemento fundador da ação profissional do assistente social, destacando ainda que isso deve ser tomado 
17
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
como meta em todos os espaços sócio-ocupacionais que derivam da legitimidade de sua competência. 
Tratar de forma prioritária do extermínio da exclusão demanda competência técnica-operativa, 
teórico-metodológica e, sem dúvida, apropriação e postura ético-política. Nesse sentido, é extremamente 
oportuno o trabalho nas ações de planejamento, e, em especial, de monitoramento e avaliação de 
políticas públicas. 
Eis aqui a grande missão do planejamento e principalmente do planejador. Eliminar formas de 
exclusão e corroborar medidas de inclusão é o motor que fará girar os mecanismos de melhoria das 
condições de vida dos sujeitos sociais. A exclusão constitui forma de adestramento do ser humano, 
desprestigiando a condição de existência plena e, na mesma medida, de usufruto de direitos garantidos 
socialmente. Nessa medida, seguem na mesma linha as formas de violação de direitos que desabilitam 
o cidadão a ter asseguradas garantias sociais, em muitos casos, mediante coação e violência nas suas 
mais variadas modalidades. 
Para evitar isso, é preciso que os planejadores assinem um projeto de adesão às causas sociais 
destoantes das perspectivas individuais, exclusivistas e excludentes. Assim, lançar mão do planejamentoe de seus elementos pode traduzir-se em uma realidade melhor, cujo pacto com as causas sociais resulte, 
de forma imediata, em uma sociedade mais justa. Alçar voo em direção a mecanismos de planejamento 
eficazes pode impedir que a exploração e a violência amparadas pelo poder sejam ainda reiteradas em 
nossa sociedade.
É preciso, porém, que haja um processo de conscientização dos vários segmentos que compõem esse 
cenário – os sujeitos em situação de vulnerabilidade social nem sempre têm consciência das formas de 
enfrentamento de questões ou dos modos de alcance de cidadania e direitos –, e, na mesma medida, 
há evidente interesse por parte de segmentos economicamente privilegiados que se alimentam dessa 
inoperância dos espaços e segmentos de legitimidade de direitos.
O planejamento ainda se apresenta como fator a ser utilizado como mecanismo de enfrentamento: 
trata-se de lançar mão de processos que corroborem a construção de um novo cenário na temática Exclusão.
Segundo Barbosa (1980) o planejamento pode ser entendido como um processo de racionalidade 
relacionado especificamente à atividade humana frente à realidade dinâmica. É um processo de tomada 
de decisões mediante o encaminhamento da ação, cujo objetivo situa-se na perspectiva de um futuro 
renovado. Trata-se de uma ação empreendida de forma sequencial, em determinado período de ação, 
contemplando estágios diversos. Ainda segundo o autor, o planejar situa-se na esfera da realidade 
dinâmica, logo dialética, que requer posicionamentos que possam ser acompanhados e avaliados, 
trazendo consigo os sentidos da importância do monitoramento e da avaliação para o êxito da ação.
O planejamento requer racionalidade. Isso quer dizer que não está restrito somente à atividade 
humana, mas a elementos que possam ser traduzidos em sucesso no trabalho empreendido, o que 
depende da operacionalização, segundo Baptista (2007). 
Para o planejamento, a importância da operacionalização dos conceitos está no fato de propiciar:
18
Unidade I
• um marco de referência para a ação;
• a coleta e o registro de dados empíricos;
• maior precisão à descrição e à interpretação de dados;
• maior facilidade de comunicação com a instituição, possibilitando a interpretação dos conceitos 
expressos sem ambiguidades.
Nessa medida, verificamos a importância de ser estabelecida uma relação de atenção contínua 
ao adentrarmos o universo do planejamento, e que esse processo traz consigo, de forma conjunta, a 
presença da avaliação.
 Lembrete
É preciso que os sujeitos em situação de vulnerabilidade social tenham 
consciência das formas de enfrentamento de questões, ou dos modos de 
alcance de cidadania e direitos.
Como verificamos, o planejamento consiste num processo que tem, em si, uma dimensão política, a 
qual infere intencionalidades. É preciso ter claro o objetivo para traçar o caminho a ser percorrido. Como 
processo político, traz, tanto de forma explícita quanto implícita, relações de poder que o alimentam 
de forma dinâmica. Esse dinamismo constitui-se em possibilidades que conferem condições para 
que o processo seja revigorado e alimentado por novos elementos emergentes dos cenários. Assim, 
há um necessário movimento que direciona a ação para o sentido de totalidade, que deve convergir 
em ações que ultrapassem a visão individual e alcancem a necessária abordagem do coletivo. Esse 
percurso reivindica tensões que, no limite, se traduzirão na abordagem do coletivo, em detrimento dos 
individualismos dos processos democráticos.
Ressaltamos que essa tradução do planejamento não se construiu historicamente de forma linear e 
que muitas forças foram tensionadas (e certamente ainda são), uma vez que as ações de planejamento 
estavam e estão inseridas em uma realidade pouco propícia ao debate, no sentido coletivo, e ao necessário 
dinamismo alimentador do “novo”. Basta que destaquemos a construção da sociedade brasileira sob 
a égide do autoritarismo e do exclusivismo. Somos frutos de uma sociedade escravocrata desde sua 
raiz. Portanto, ações que visam ao bem da coletividade sempre esbarram nos interesses das classes 
dominantes, logo as relações de poder têm forte tendência, o que passa a ser objeto de enfrentamento 
da categoria profissional.
Barbosa (1980, p. 143), em seus estudos no final de década de 1970, já nos apontava o planejamento 
como “instrumento para provocar mudanças, bem como o assistente social como provocador daquelas 
e ainda que o planejamento social é tarefa interdisciplinar”. Segundo o autor: 
A reflexão em cada realidade e na ação do profissional, a partir de novos 
valores e consequentes ideologias, constituiu-se num rompimento com o 
19
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
tradicional, quando as contradições levaram a buscar formas de superação, 
num processo permanente de reflexão, decisão, ação, revisão e nova reflexão, 
num continuum (BARBOSA, 1980, p. 146). 
Vemos, assim, que já na década de 1970 o planejamento era objeto de preocupação profissional, 
embora destaquemos sua incipiência, sobretudo, no que se refere ao seu entendimento enquanto 
instrumento político de mudança.
O objeto do planejamento da intervenção profissional é o segmento de 
uma realidade total sobre o qual irá formular um conjunto de reflexões 
e de proposições para a intervenção. Sua construção e reconstrução 
permanentes ocorrem a partir da localização da questão central a ser 
trabalhada e das ideias básicas que nortearão o processo. Na medida em 
que a realidade social é dinâmica e também que o processo para apreendê-
la faz-se por sucessivas aproximações, não existe momento no qual se 
possa dizer que se tenha perfeitamente delineado e delimitado o objeto 
da intervenção: ele vai se construindo e reconstruindo permanentemente 
no decorrer de toda a ação planejada, em função de suas relações 
com o contexto que o produziu, sendo modificado e modificando-o 
permanentemente (BAPTISTA, 2007, p. 31).
Verificamos que o planejamento constitui-se em elemento essencial ao trabalho do assistente social. 
Ele nos possibilita dar materialidade à ação profissional por meio de propostas que visem à coletividade 
e a almejem; são ações que se materializam por meio de planos, programas ou projetos, e que frutificam 
em ações de inclusão social de segmentos, não raro, em situação de vulnerabilidade social. 
Em outra medida, mas não menos importante, o planejamento opera a vivificação de 
possibilidades na construção dos sujeitos sociais que podem protagonizar a edificação de uma 
nova ordem societária, ou seja, sujeitos dotados de capacidade intelectual crítica, que poderão 
empreender ações com vistas ao bem comum, portanto social, e que trazem em si uma grande 
força de mudança de conjunturas e quebra de paradigmas. Para tal, não basta a intencionalidade, 
mas a necessária compreensão do real. Torna-se imprescindível sua apreensão na totalidade, para 
a construção de métodos e técnicas que corroborem a construção do novo. É necessário o olhar 
dinâmico, vivificador de novas possibilidades.
Ainda nos deparamos com muitas demandas oriundas do social que clamam, nas ruas, para serem 
sanadas. Muitas dessas demandas, sem dúvida, dependem de ações conscientes e planejadas, cujos 
resultados certamente se efetivarão em uma sociedade melhor.
Muitas vezes as questões são colocadas de forma tendenciosa que leva o cidadão a construir juízos de 
valor acerca de uma realidade social, a partir da visão e da ideologia de outros, cujas intencionalidades se 
traduzem em fermentar opiniões de promovam a particularização e a segregação de parte da sociedade. 
Assim, esses interesses fomentam a culpabilização de segmentos populacionais que já se encontram em 
situação de risco e vulnerabilidade social.
20
Unidade I
Sobre isso, Ghiraldelli Júnior (2013) disserta:
 Destaque
Os pobres e os idiotas
Há pessoas que pensam e dizem que qualquer ajuda estatal aos pobres gera a 
vagabundice. Quando pressionadas, então admitem que o estado “até poderia ajudar”,sim, mas com discriminação. No limite gostariam que não existisse uma política social 
e, sim, uma política assistencial – justamente o que criticam na administração federal – 
que viesse a entrevistar cada pobre para ver como que ele poderia empregar os cem reais 
dados pelo governo.
É muito difícil levar a sério tais pessoas enquanto pessoas inteligentes. Porque é duro 
de acreditar que pessoas inteligentes não possam se imaginar na situação de miséria, isto 
é, não possam se imaginar naquela situação em que se olha para os lados e nenhuma 
saída aparece. No entanto, é justamente isso que ocorre com tais adeptos do “salve-se 
quem puder” social. Essas pessoas realmente não conseguem imaginar uma situação 
assim, tão fácil de ser ficcionada. 
Imagine que você é uma dessas crianças que, mais ou menos aos cinco anos de 
idade, começam a disputar com os gatos da vizinhança a comida do lixo do vizinho. Um 
dia você passa bem, outro dia a comida estragada lhe faz mal. Sua vida é exatamente 
isso: passar o dia quieto, rodeado de mosquitos, torcendo pela sorte: talvez aquele dia 
não seja um dia de diarreia ou febre, talvez seja. No outro dia, tudo de novo. Até os seis 
anos, quando então toda dor de barriga passa, inclusive a fome: aprende-se com os mais 
velhos a cheirar cola. Revitalizado pela cola, pode-se então participar de uma ajuda ao 
assalto feito pelos adolescentes. Chega-se assim aos heroicos sete ou oito anos. Três anos 
fedendo urina, consumindo cola, comendo pouco, roubando. Voltar para casa à noite? 
Nem pensar! Um padrasto bêbado pode partir para a violência, talvez a violência sexual. 
Você consegue se imaginar nessa vida e, então, com sua brilhante inteligência atual, de 
classe média, encontrar uma saída desse mundo amaldiçoado?
É incrível, mas as pessoas que são contra os programas sociais do governo não fazem 
esse exercício de pensamento. É um exercício simples, qualquer um pode fazer. Por que 
elas não conseguem? O que as impede? Faltam-lhes neurônios?
Certa vez coloquei uma moça na parede, forçando-a a se imaginar nessa situação de miséria. 
A certa altura da conversa, sabe o que ela me falou? Isto: “Ah, mas nesse momento aqui, mais 
difícil, eu voltaria para a casa e chamaria minha mãe, afinal, eu teria mãe, não?”. Fiquei olhando 
para aquela moça, embasbacado. E ela insistiu: “Bem, eu teria mãe, não teria? Afinal, como 
nasci?”. Eu continuei olhando, sem fala. Não pude mais continuar a conversa. Ela saiu chateada: 
“Ah, filósofos malucos!”. Em outros tempos esse tipo de moça talvez dissesse: “Ah, comunista!”.
21
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Os programas sociais em vários países do mundo não são para os pobres, são para os 
miseráveis. São para os que estão vivendo como bichos entocados, sem água potável, sem 
qualquer saneamento, sem possibilidades de qualquer emprego porque não podem sequer se 
apresentar como humanos na fila do emprego. Mas quem se indispõe diante dos programas 
sociais dos governos que querem salvar tais populações e, enfim, salvar os países que as possuem, 
acaba por mostrar uma incrível falta de imaginação para se colocar nas condições dos miseráveis. 
No passado, eu pensava que havia uma certa maldade nisso, nessa incapacidade intelectual de 
se colocar na situação de desgraça do outro. Mas, na verdade o que há é aquela visão típica que 
ecoou na história: “O povo está sem pão? Ora, mas por que eles não comem brioche?”. 
Há dupla cegueira aí nesse caso. As pessoas incapazes de imaginação não conseguem 
olhar o lado do miserável e também não conseguem olhar o lado do país – sim, pois há o 
lado coletivo nisso tudo, que deveria ser até mais fácil ver: se o miserável sai da miséria 
ele implementa o consumo e este gera emprego e, enfim, a roda da economia começa a 
girar, de modo que logo as classes médias também começam a viver melhor.
Quando vejo alguns intelectuais insuflando os sem imaginação a ficarem ainda mais 
sem imaginação, eu começo a pensar comigo mesmo: “Será que eles vão dizer que é 
a Filosofia que os ensinou a ensinarem os outros a serem burros?”. Fico triste, porque 
alguns dizem que sim, que eles, ao ensinarem os outros a não conseguirem se colocar no 
lugar dos miseráveis (e nem mesmo do lado coletivo, do Estado), aprenderam isso com a 
Filosofia. Mentira. Eles não aprenderam isso com ninguém. É que eles próprios também 
não possuem imaginação nenhuma. São uns vazios. São o cocô do bandido.
Fonte: Ghiraldelli Júnior (2013). 
Textos como esse despertam a atenção para a necessária presença de um planejamento que 
operacionalize o extermínio da desigualdade e, mais que isso, que possibilite ao compromisso social imperar 
como forma de enfrentamento de toda forma de exclusão, logo, da violência social que assola o cidadão em 
situação de risco e vulnerabilidade social. Para isso, conforme destacado anteriormente, há a necessidade 
de apropriação dos mecanismos de controle social presentes no cenário do planejamento social.
Junto do conceito de planejamento, temos outro elemento importante desse universo, que, 
poderíamos dizer, está pari passu com esse primeiro conceito: a administração.
A dimensão da administração em Serviço Social está alocada com o planejamento, e ambos 
podem compor a chamada gestão social. Para Barbosa (1980, p. 22), “administrar é prever e planejar, 
é organizar, coordenar e controlar”. Nesse aspecto, o planejamento tem sua origem na área da 
administração e traz consigo marcas profundas de controle e de adestramento. 
Ainda se veem resquícios da história, uma vez que os métodos tradicionais de administração eram 
intensamente marcados pelo controle, como instrumentos punitivos. Assim, vemos que desmistificar 
ainda é um desafio a ser rompido pela profissão.
22
Unidade I
 Observação
A administração precisa muito bem “cuidada”, pois é necessária a ação 
não voltada à ideologia de controle e patrulhamento, muito menos de 
tolhimento às liberdades. É preciso conviver com as diferenças e, assim, 
apreender novos processos e possibilidades de ação. 
Hoje a administração ganha força revigorada – o usuário do serviço é parte integrante das atividades 
do planejamento e, nessa medida, determina não só a ação a ser empreendida e traduzida, mas também 
oferece contribuições às esferas decisórias da planificação, ou seja, o usuário é consultado, e suas 
insatisfações passam a compor o rol dos objetivos a serem perseguidos pela organização, seja ela pública, 
privada ou do terceiro setor.
Quando tratamos da pauta específica do Serviço Social, temos a presença do controle social.
 Saiba mais
Conheça mais sobre como se pode obter a correta relação entre os tributos 
arrecadados e os serviços por estes financiados. Veja o trabalho do Observatório 
Social de Maringá (OSM), que propõe o desafio de superar o assistencialismo 
para a efetiva prestação de serviços a cargo do Poder Público, em:
http://observatoriosocialmaringa.org.br/
O controle social revigora o cenário das políticas públicas, uma vez que se efetiva pela participação da 
sociedade civil nos mecanismos de controle dos serviços públicos, bem como interfere nos investimentos 
do setor público por meio de sua representação nos conselhos municipais, estaduais e federais. Esse cenário 
tem sido objeto de muitos estudos, uma vez que se deflagra, ainda, na contemporaneidade, o grande 
desafio da participação da sociedade civil. Um argumento utilizado, que, por sua vez, pode explicar (mesmo 
de forma incipiente), mas que não justifica, é a ausência da cultura de participação do povo brasileiro. 
 Saiba mais
Destacamos aqui a formação histórica da sociedade brasileira, sobretudo, 
no que se refere aos regimes autoritários:
http://www.sohistoria.com.br/ef2/ditadura/
http://www.suapesquisa.com/ditadura/
23
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
1.2 Objetivos e finalidades
Conforme destacamos anteriormente, o monitoramento e a avaliação dos programas e projetos 
sociais passaram a compor o rol de trabalho do assistente socialde forma incisiva, a partir dos anos 
1990, dada a implementação de várias políticas públicas, dentre as quais políticas que passaram a 
garantir direitos à população brasileira.
Tais políticas reivindicaram a necessidade do acompanhamento das contas públicas, pois 
houve, a partir de então, a chamada descentralização dos serviços e políticas públicas para os 
estados e municípios.
Assim, tornou-se necessária a participação da sociedade civil, sobretudo, com o advento dos 
conselhos de direitos a ordenar o planejamento das demandas públicas e seu encaminhamento. 
Estados e municípios passaram a gerir seus programas, projetos e recursos. Surgem, a partir dessas 
necessidades, regulamentações várias que passaram a possibilitar melhor acompanhamento e controle 
da coisa pública. 
Como exemplos, podemos citar os planos plurianuais, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei 
Orçamentária Anual, que passaram a garantir ao cidadão o direito de participar do investimento público, 
chamado de controle social.
A seguir, podemos vislumbrar o fluxo dinâmico:
Revisão do PPA Lei de Diretrizes 
Orçamentárias (LDO)
Lei Orçamentária 
Anual (LOA
Execução 
Orçamentária
Unidades 
Orçamentárias
Acompanhamento
das ações de 
governo
Figura 1 – Fluxo dinâmico de avaliação do Plano Plurianual (PPA)
Acompanhar as contas públicas e o direcionamento orçamentário é monitorar as ações do público 
em um cenário no qual há interesses diversos.
Enfim, compreende-se, sem grandes dificuldades, que a concorrência entre 
diferentes projetos societários é um fenômeno próprio da democracia 
política. Num contexto ditatorial, a vontade política da classe social que 
exerce o poder político vale-se, para a implementação do seu projeto 
24
Unidade I
societário, de mecanismos e dispositivos especialmente coercitivos e 
repressivos. É somente quando se conquistam e se garantem as liberdades 
políticas fundamentais (de expressão e manifestação do pensamento, de 
associação, de votar e ser votado etc.) que distintos projetos societários 
podem confrontar-se e disputar a adesão dos membros da sociedade 
(NETTO, 2009, p. 3). 
 Observação
Se cada cidadão estivesse presente no momento de construção da pauta 
de investimentos do dinheiro público, certamente os encaminhamentos 
seriam dirigidos de forma unânime.
Em outras palavras, as possibilidades de exclusão seriam cada vez menores. Contudo, estar presente 
para opinar sobre o ordenamento dos investimentos requer consciência e conhecimento, o que ainda 
precisa ser alcançado na sociedade.
Todos os municípios possuem conselhos de direitos, que devem preconizar a participação do cidadão. As 
deliberações dos conselhos ocorrem por meio de reuniões ordinárias definidas por um cronograma e em que 
o cidadão pode participar. Podemos, assim, dizer que o que move a ação de um conselho é a participação. 
Todo cidadão, ao adentrar um conselho, tem direito à voz, porém somente os integrantes eleitos mediante 
conferências municipais têm direito a votar e, por conseguinte, a deliberar sobre as ações por ele encaminhadas. 
Como representante do povo, o cidadão eleito tem como responsabilidade encaminhar seu voto e suas ações 
em defesa do direito daquele que não pode votar, mas que o elegeu representante. Nesse ponto, o conselheiro 
deve prioritariamente trabalhar, inclusive, na divulgação das discussões e deliberações do conselho. Assim, os 
encaminhamentos se constituirão em realidade na vida do cidadão.
 Saiba mais
Faça uma visita ao site do conselho de seu município e veja o calendário 
de reuniões, as pautas e encaminhamentos já ocorridos, mas, principalmente, 
participe das reuniões. 
O monitoramento e a avaliação devem estar presentes na agenda do cidadão. Os mecanismos de 
acompanhamento de gestão, seja ela pública, privada ou do terceiro setor, devem estar disponíveis ao 
cidadão e, de forma direta, prever mecanismos de sensibilização e envolvimento deste. Não basta veicular 
informações, é necessário instituir mecanismos de transparência aos quais o cidadão tenha alcance.
A publicização dos resultados contidos no processo de avaliação deve caminhar no sentido de ganhar 
os espaços públicos, para que, cada vez mais, o cidadão possa ter acesso a tais resultados de forma imediata, 
clara e precisa. 
25
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
1.3 Nível de formação de ação: plano, programa e projeto
A ação cotidiana do assistente social deve trazer consigo a necessária planificação. Tanto no 
monitoramento quanto na avaliação, o profissional traz intencionalidades que se traduzem em objetos 
a serem materializados no cotidiano.
Nesse aspecto, o planejamento da ação (que traz o monitoramento e a avaliação) poderá 
materializar-se por meio de políticas que podem, ainda, garantir processos de inclusão e edificação da 
cidadania. Estas, por sua vez, podem estar materializadas em planos, programas e projetos. 
O plano pode ser entendido como momento de definição de linhas gerais, ou momento em que se 
definem as diretrizes e estratégias, bem como os meios e os fins a serem alcançados, e, caso necessário, 
os responsáveis e o cronograma de atuação. Há necessidade, nesse momento, de que as forças operantes 
da política, bem como as linhas-mestras do processo, sejam deflagradas e se posicionem de maneira 
clara e objetiva. Em outras palavras, as prioridades e o caminho a ser percorrido devem ficar claros. 
Obviamente o plano deve estar direcionado às demandas e necessidades dos segmentos demandantes, 
ou seja, as necessidades precisam ser identificadas. 
O plano delineia as decisões de caráter geral do sistema, suas grandes linhas 
políticas, suas diretrizes e precisa responsabilidade. Deve ser formulado 
de forma clara e simples, a fim de nortear os demais níveis da proposta. 
É tomado como um marco de referência interna da organização e externa 
em relação ao contexto no qual se insere. No plano são sistematizados e 
compatibilizados objetivos e metas, procurando otimizar o uso dos recursos 
da organização planejadora (BAPTISTA, 2007, p. 99). 
 Lembrete
Os planos devem conter em sua essência o compromisso com a 
transformação do real, com vistas ao alcance de referenciais adequados de 
vida ou de consolidação e aprimoramento de direitos.
Os programas vêm na mesma linha, pormenorizando o plano, bem como abordando e definindo 
detalhes. De forma direta, podemos pensar no programa como um momento de encontro dos projetos, 
cuja diretriz é essência condutora de objetivos comuns. Trata-se de traçar uma linha condutora da ação 
voltada à articulação de ações, com vistas ao alcance do sucesso previsto no plano. Segundo Baptista 
(2007, p. 100), o programa é o “desdobramento do plano”, e são seus elementos básicos: 
• a síntese das informações sobre a situação a ser modificada 
com a programação;
• a formulação explícita das funções efetivamente consignadas aos 
órgãos ou serviços ligados ao programa com responsabilidades 
em sua execução;
26
Unidade I
• a formulação de objetivos gerais e específicos, em seu nível, e a 
explicitação de sua coerência com as políticas, diretrizes e objetivos da 
organização e de sua relação com os demais programas de mesmo nível;
• as atividades e a dinâmica de trabalho a serem adotadas para a 
realização do programa;
• as atividades e os projetos que comporão o programa, suas 
interligações, incluindo a apresentação sumária de seus objetivos 
e de suas ações;
• os recursos humanos, físicos e materiais de seus objetivos e de suas ações;
• a explicitação das medidas administrativas para sua implantação e 
manutenção (BAPTISTA, 2007, p. 100).
Assim, ao falarmos em programa, adentramos o universo de providências necessárias à articulação 
entre as instâncias do plano e, na mesma medida, do projeto.
O projeto é o momento da sistematização, indicando os mecanismos de realização, bem como as técnicas 
pertinentes que irão contribuir para o alcance dos objetivos previamente delimitados. Nesse momento, 
as ações são dispostas de modo quecomponham um conjunto, cuja mola propulsora é a realização 
de determinada ação voltada para produzir determinado efeito na realidade. O projeto deve conter o 
passo a passo da ação planificada, estar articulado às necessidades demandadas do real e, sobretudo, ao 
compromisso profissional de ofertar mecanismos de construção de uma ordem societária desenhada à 
luz da democracia, da cidadania e da liberdade. Pode-se dizer que o projeto é o momento privilegiado da 
atividade em movimento, ou, ainda, o momento em que os resultados serão buscados e mensurados.
Para melhor visualização, segue a representação gráfica de plano, programas e projetos:
Plano 
Projeto 1A Projeto 1B Projeto 2A Projeto 2B 
Programa 1 Programa 2 
Figura 2 - Representação de plano, programas e projetos
 Observação
Não há um modelo de projeto, mas o que irá determinar seus elementos 
constitutivos são as demandas oriundas da realidade. Cabe atentar que 
é necessário o profissional lançar mão da dimensão investigativa de sua 
formação, para obter os dados necessários à planificação. 
27
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Nesse sentido, pesquisar a realidade é essencial, uma vez que somente ela poderá trazer à luz suas 
necessidades e demandas. A partir de então, iluminam-se os nortes a serem percorridos pela planificação, 
o que, em consequência, irá determinar os elementos constitutivos do projeto. Mas atente que, após 
esse momento, é imprescindível a construção de um roteiro.
O plano, o programa e o projeto devem conter intencionalidades voltadas para construção e 
reconstrução da realidade, bem como dos sujeitos que a compõem. O assistente social, a partir do 
compromisso previsto em seu código de ética e seu projeto ético, político e profissional deve ter sempre 
como meta princípios vinculados à liberdade, à justiça social, à equidade, e outros, que o requisitam a 
render seus esforços para a legitimação.
Do ponto de vista estritamente profissional, o projeto implica o compromisso 
com a competência, que só pode ter como base o aperfeiçoamento intelectual 
do assistente social. Daí a ênfase numa formação acadêmica qualificada, 
fundada em concepções teórico-metodológicas, críticas e sólidas, capazes de 
viabilizar uma análise concreta da realidade social – formação que deve abrir 
a via à preocupação com a (auto)formação permanente e estimular uma 
constante preocupação investigativa. Em especial, o projeto prioriza uma nova 
relação com os usuários dos serviços oferecidos pelos assistentes sociais: é seu 
componente elementar o compromisso com a qualidade dos serviços prestados 
à população, aí incluída a publicidade dos recursos institucionais, instrumento 
indispensável para a sua democratização e universalização, e, sobretudo para 
abrir as decisões institucionais à participação dos usuários (NETTO, 2009, p. 16). 
Nas palavras de Netto (2009) é possível materializar a importância da competência e da formação 
continuada do assistente social, por meio do que o autor chama de aperfeiçoamento intelectual. Traz 
de forma direta a preocupação em despertar o compromisso do profissional com a qualidade dos serviços 
ofertados ao usuário, incluindo a publicização dos recursos. Acrescentamos a esse rol a publicização dos 
resultados contidos nos processos de avaliação e o compromisso com a dimensão do monitoramento, 
inclusive com o fomento à participação da comunidade. 
Destarte, sabemos que muitos são os desafios que impedem a participação, mas que sua presença 
seja sempre vivificada nos cenários de atuação profissional. Para isso, é preciso que o profissional tenha, 
em sua prática cotidiana, o compromisso com a formação continuada, com vistas a qualificar-se para 
identificar as múltiplas facetas da expressão da Questão Social e, assim, a partir de seu olhar crítico para essa 
realidade, efetuar propostas de superação das desigualdades. 
 Destaque
O objeto de trabalho... é a Questão Social. É ela, em suas múltiplas expressões, que 
provoca a necessidade da ação profissional junto à criança e ao adolescente, ao idoso, a 
situações de violência contra a mulher, à luta pela terra etc. Essas expressões da Questão 
Social são a matéria-prima ou o objeto do trabalho profissional. Pesquisar e conhecer a 
28
Unidade I
realidade é conhecer o próprio objeto de trabalho, junto ao qual se pretende induzir ou 
impulsionar um processo de mudanças. Nessa perspectiva, o conhecimento da realidade de 
ser um mero pano de fundo para o exercício profissional, tornando-se condição do mesmo, 
do conhecimento do objeto junto ao qual incide a ação transformadora ou esse trabalho.
Dar conta das particularidades das múltiplas expressões da Questão Social na história da 
sociedade brasileira é explicar os processos sociais que as produzem e como são experimentadas 
pelos sujeitos sociais que as vivenciam em suas relações sociais quotidianas. É nesse campo 
que se dá o trabalho do assistente social, devendo apreender como a questão social em suas 
múltiplas expressões é experienciada pelos sujeitos em suas vidas quotidianas.
Como pensar os instrumentos de trabalho do assistente social?
Geralmente, tem-se a visão dos instrumentos de trabalho como um “arsenal de 
técnicas”: entrevistas, reuniões, plantão, encaminhamento etc., mas a questão é mais 
complexa. Quais são os meios de trabalho do assistente social?
A noção estrita de instrumento como mero conjunto de técnicas se amplia para 
abranger o conhecimento como um meio de trabalho, sem o que esse trabalhador 
especializado não consegue efetuar sua atividade ou trabalho. As bases teórico-
metodológicas são recursos essenciais que o assistente social aciona para exercer o seu 
trabalho: contribuem para iluminar a leitura da realidade e imprimir rumos à ação, ao 
mesmo tempo que a moldam. Assim, o conhecimento não é só um verniz que se sobrepõe 
superficialmente à prática profissional, podendo ser dispensado; mas um meio pelo qual 
é possível decifrar a realidade e clarear a condução do trabalho a ser realizado. Nessa 
perspectiva, o conjunto de conhecimentos e habilidades adquiridos pelo assistente social 
ao longo do seu processo formativo [é] parte do acervo de seus meios de trabalho. 
Fonte: Iamamoto (2018, p. 62-63). 
Na contemporaneidade, nos espaços de atuação, o profissional tem sido requisitado a compor as 
equipes de gestão dos planos, programas e projetos. Assistimos, dessa forma, ao reconhecimento do 
assistente social, não só pela regulamentação que se traduz em competências e atribuições, mas na 
efetiva colaboração profissional a empreender ações que vivifiquem a cidadania, a equidade e a justiça 
social. Assim, seja nos espaços públicos, privados ou do terceiro setor, muito há de ser construído.
2 O MONITORAMENTO COMO PROCESSO
Agora que já percorremos os conceitos de política, planejamento e administração, poderemos, com 
tranquilidade, adentrar os conceitos de monitoramento e avaliação.
O monitoramento figura no mesmo espaço dialético da avaliação, contudo não se constitui em 
momento estanque do processo. Ambos devem ter em si uma essência dialógica, em um processo de 
construção e reconstrução de procedimentos, iniciativas e articulações. 
29
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Baptista (2007, p. 109) traz o monitoramento descrito como controle, definindo-o como 
“acompanhamento sistemático, mensuração e o registro das atividades executadas, dos recursos 
utilizados, do tempo despendido em cada fase, dos resultados alcançados”. Conforme podemos observar, 
o monitoramento, aliado ao controle das ações, deve ocorrer de forma dinâmica e trazer benefícios para 
a realimentação dos processos. Segundo a autora, os processos de acompanhamento têm por objetivo:
• a verificação da correspondência do realizado com o planejado, em 
termos de meios e de produtos;
• a identificação e a correção de desvios e bloqueios na execução, em 
relação ao estabelecido no planejamento;
• o fortalecimento de subsídios para a avaliação e revisão da ação(BAPTISTA, 2007, p. 109).
Podemos destacar que o monitoramento, assim como a avaliação, é um processo, uma vez que está em 
constante transformação, pois, em uma relação direta, são gerados novos nortes no desenvolvimento da 
ação. Esta, por sua vez, é alimentada por informações e dados oriundos do processo de monitoramento 
e deve tornar-se um mecanismo de correção de rotas, a partir das metas estabelecidas no momento de 
sua proposição. Nesse sentido, Silva (2001) descreve o processo de monitoramento e avaliação a partir 
de dimensões, apresentadas no quadro a seguir. 
Quadro 1 – Dimensões do processo de monitoramento e avaliação
Dimensão Monitoramento Avaliação
Objeto Acompanha sistematicamente ações e tarefas
Examina e analisa os impactos e resultados, 
voltando-se para fins e propósitos
Momento Processo contínuo durante a execução do programa
Processo situado antes, no decorrer ou depois 
da execução do programa
Objetivo Garantir o desenvolvimento dos trabalhos conforme o planejado
Analisar relações entre processo, resultado e 
impactos
Atitude Descritiva e corretiva Descritiva, interpretativa e experimental
Recomendações Ajuste do plano de trabalho ou da estratégia de execução Revisão de ações, recursos e metas
Fonte: Silva (2001, p. 79).
Para que o monitoramento compreenda sua função, conforme destacado, este requer cuidados do 
planejador. Cuidar, nesse sentido, significa estar atento ao fluxo de informações decorrentes do processo e 
contidas na avaliação. Muito há de se levantar, e é preciso estar disponível para ingressar no universo das 
indagações, provocações e, ainda, utilizar a observação para que os dados possam ganhar luz no processo.
Monitorar é um desafio contínuo. Como é essencial ao acompanhamento das ações e dos processos, 
equivale a aderir a um movimento contínuo de observação do real, tal como este se apresenta, e articular 
as metas e os objetivos propostos. Isso, sem dúvida, equivalerá ao sucesso, seja na forma de plano, 
programa ou projeto.
30
Unidade I
 Observação
O plano, o programa e o projeto têm como objetivo definir e descrever 
as ações. Assim, devem ser claros e objetivos.
Baptista (2007) descreve os componentes estruturais do plano, os elementos básicos do programa e 
as qualidades esperáveis do projeto:
Componentes estruturais do plano:
A síntese dos fatos e necessidades que o motivam e da importância da 
problemática para a instituição e para os grupos sociais que se beneficiarão 
do planejamento, fundamentando nela a formulação dos objetivos amplos 
da organização planejadora; o quadro ordenado por itens das mudanças a 
operar quanto à expansão de diferentes níveis e modalidades de ação da 
organização, à estrutura e ao conteúdo dos setores e dos níveis de rendimento 
previstos; o quadro cronológico das metas ou resultados a atingir ao término 
do período ou das etapas previstas; os tipos e a magnitude dos recursos 
humanos, físicos e instrumentais indispensáveis, acompanhados, sempre 
que possível, de cronograma dos momentos de disponibilidade; o volume e 
a composição das inversões e gastos para todo o período e para cada fase; 
a especificação das fontes e/ou modalidades de funcionamento; a previsão 
de mudanças legais, institucionais e administrativas indispensáveis para sua 
viabilidade; a atribuição das responsabilidades de execução, de controle e 
de avaliação dos resultados. Na medida em que o âmbito do plano abrange 
as execuções nos níveis de programa e projeto, o controle e a avaliação da 
execução estão condicionados a um sistema de organização que permite 
o acompanhamento dos diferentes níveis da ação (BAPTISTA, 2007, p. 99). 
Quanto ao programa, a autora ainda nos descreve os seguintes elementos básicos: 
Síntese de informações sobre a situação a ser modificada com a programação; 
a formulação explícita das funções efetivamente consignadas aos órgãos 
e/ou serviços ligados ao programa, com responsabilidades em sua execução; a 
formulação de objetivos gerais e específicos em seu nível e a explicitação de sua 
ocorrência com as políticas, diretrizes e objetivos da organização e de sua relação 
com os demais programas de mesmo nível; a estratégia e a dinâmica de trabalho 
a serem adotadas para a realização do programa; as atividades e os projetos que 
comporão o programa, suas interligações, incluindo a apresentação sumária de 
seus objetivos e de suas ações; os recursos humanos, físicos e materiais a serem 
mobilizados para sua realização; a explicitação das medidas administrativas 
necessárias para sua implantação e manutenção (BAPTISTA, 2007, p. 100). 
31
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
No que se refere ao projeto, a autora nos coloca as principais qualidades especificáveis. Logo, temos:
Simplicidade e clareza na redação; disposição gráfica adequada; clareza 
e precisão nas ilustrações; objetividade e exatidão nas informações, 
na terminologia e nas especificações técnicas; suficiência e precisão, 
como guia para a ação, na terminologia e nas especificações técnicas; 
suficiência e precisão, como guia para a ação, o projeto requer descrição 
adequada de cada operação; abrangência, ou seja, o projeto deve referir-se 
de forma exaustiva a todos os aspectos da estrutura da questão a que 
se destina; ser compatível e coerente em suas relações entre as partes 
e em suas relações com os outros níveis da programação; ter relação 
visível entre as operações previstas e o alcance dos resultados desejados 
expressos nos objetivos; apresentar limitação temporal e espacial. 
(BAPTISTA, 2007, p. 102)
Não raro, o monitoramento é associado somente à perspectiva gerencial. Isso se dá uma vez que, 
historicamente, as ações voltadas ao planejamento e à administração eram consideradas instrumentos 
das áreas de controle. Sabemos hoje que os mecanismos de avaliação, incluindo o monitoramento, 
podem estar inseridos nos espaços de trabalho de várias profissões, inclusive o Serviço Social.
Para o profissional, os mecanismos de monitoramento e avaliação, ao serem utilizados como formas 
de inclusão social, coadunam-se com o projeto da profissão, efetivando o controle social. Este, como 
instrumento de democracia, se expressa como uma conquista, uma vez que aproxima o sujeito de 
direitos dos processos de planejamento e gestão de políticas. 
 Saiba mais
Leia a matéria a seguir, um exemplo importante da efetivação do 
controle social:
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO. Orçamento público. Portal da 
transparência, [s.d.]. Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.
br/entenda-a-gestao-publica/orcamento-publico. Acesso em: 21 jun. 2020.
Para saber mais sobre controle social, acesse os sites dos conselhos 
regionais e federais. Você poderá descobrir várias ações promovidas pela 
categoria profissional e instituições que têm por finalidade acompanhar 
e monitorar os programas e projetos públicos ou do terceiro setor, assim 
como o investimento do orçamento público.
32
Unidade I
Diferentemente do que se possa pensar, o controle social opera para além da fiscalização dos 
programas e projetos sociais, e tem um papel preponderante na construção de “novos” ou diferentes 
caminhos a serem trilhados pela sociedade e pelos sujeitos que a compõem.
Há de se destacar a amplitude do processo de controle social. Nessa dinâmica, temos:
Sociedade
Políticas 
Planos ProjetosProgramas
Figura 3 – Esquema de como o controle social opera 
além da fiscalização dos programas e projetos sociais
3 INDICADORES SOCIAIS
Antes da Constituição de 1988, os profissionais ainda se deparavam com situações em que as propostas 
de monitoramento e avaliação eram colocadas como meramente funcionais, ou seja, abortava-se de 
forma veemente a presença de tais elementos, justificando, inclusive, o seu pertencimento aos métodos 
tradicionais de administração de serviços.
Cabe acrescentar que os métodos utilizados até então tinham em seu cerne o controle, cujo objetivo 
principal situava-se no adestramento das ações e, logo, de seus resultados.Tais métodos passaram a 
ser entendidos como possibilidades de aprendizado de técnicas capazes de acompanhar os processos 
da gestão social. Tal situação não se consome apenas na apropriação dos métodos tracionais, mas de 
elevá-los ao patamar da polêmica e do debate, fomentando a construção de elementos que contribuam 
para o alcance de eficiência e efetividade. Assim, esse cenário passa a compor o rol de preocupações e 
investimentos dos assistentes sociais, conforme Iamamoto (2018):
Dimensionar o novo no trabalho profissional significa captar as inéditas 
mediações históricas que moldam os processos sociais e suas expressões nos 
vários campos em que opera o Serviço Social. Ao profissional é exigida uma 
bagagem teórico-metodológica que lhe permita elaborar uma interpretação 
crítica do seu contexto de trabalho, um atento acompanhamento 
conjuntural, que potencie o seu espaço ocupacional, o estabelecimento 
de estratégias de ação viáveis, negociando propostas de trabalho com a 
população e entidades empregadoras (IAMAMOTO, 2018, p. 80).
O monitoramento geralmente vem contido como mecanismo de acompanhamento de programas, 
pois permite, ao longo do processo, tecer verificações quanto ao “andamento” de cronogramas, os quais 
incidem diretamente sobre os objetivos propostos. 
Um elemento importante na abordagem do monitoramento é a sua apreensão como instrumento 
auxiliar no processo de avaliação, conforme destacamos anteriormente.
33
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Com a Carta Constitucional de 1988, o Brasil inaugura uma nova era na área da cidadania, dos direitos 
sociais e das políticas públicas. Muitos segmentos, depois de décadas lutando por legitimação de suas demandas 
em código normativo que garantisse seu usufruto, passam a figurar como agentes demandantes das 
“novas” possibilidades que a Constituição trouxe. 
A assistência social, com sua regulamentação deflagrada, passa a vigorar como política, e não como 
mera atividade assistencial e filantrópica: agora é direito expresso pela Política Nacional de Assistência 
Social (PNAS), que orienta o processo de construção do Sistema Único da Assistência Social (Suas).
O sistema oferece a definição dos serviços socioassistenciais, pontuando três funções das 
PNAS, a saber:
• defesa socioassistencial: garante acesso ao usuário desse direito, defendendo ainda a importância 
do atendimento digno, ético e de qualidade. Destaca aspectos de relevância, como o acesso a 
informações, publicização destas, autonomia, capacitação e redução do tempo de espera do 
usuário, atendimento sigiloso e adequado;
• proteção social: colocada sob a forma de oferta de um conjunto de ações, auxílios, benefícios e 
garantias ofertados pelo Suas, com o objetivo de prevenir e reduzir “impacto das necessidades 
sociais e naturais ao ciclo da vida” (PNAS, 2000). Traz elementos que se traduzem em garantias 
da dignidade ao usuário, como ser humano, e à sua família, como núcleo imprescindível à sua 
existência, de cuidado, afeto e construção de relações;
• vigilância social: traduz a necessidade de construção de indicadores e índices, de acordo com o 
território em que o usuário está inserido, identificando as situações de vulnerabilidade e risco 
social, estando diretamente relacionados às necessidades da família, das pessoas em seus diversos 
ciclos de vida (crianças e adolescentes, jovens, adultos e idosos). Traz também um direcionamento 
às pessoas com deficiência ou em situação de abandono, bem como às vítimas de exploração, 
violência, preconceitos (gênero, etnia, entre outros), possibilitando-lhes o alcance e a reconstrução 
da liberdade, da autonomia e da integridade.
A PNAS traz os seguintes eixos estruturantes:
• matricialidade sociofamiliar;
• descentralização político-administrativa e territorialização;
• relação horizontalizada entre Estado e sociedade civil;
• controle social por meio da participação do usuário e do cidadão;
• financiamento;
• política de recursos humanos;
• informação, monitoramento e avaliação.
34
Unidade I
 Saiba mais
Para mais detalhes, acesse: 
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. 
PNAS – Política Nacional de Assistência Social: Institucional. Brasília, 
[s.d.]. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/
assistencia_social/Normativas/PNAS2004.pdf. Acesso em: 9 jun. 2020.
3.1 Principais indicadores do monitoramento: eficiência, eficácia 
e efetividade
Conforme você já estudou, o planejamento traz consigo nuanças extremamente importantes para o 
processo de construção das políticas públicas, estejam elas inseridas no âmbito público, privado ou do 
terceiro setor.
É importante destacar algumas características do processo de planejamento, como o estudo de 
viabilidade, em que há um momento ímpar de definição do foco da intervenção, dos sujeitos e do 
cenário, bem como das responsabilidades para que a execução possa transcorrer de forma que alcance 
seus objetivos. 
Outro momento importante, cuja ação determina os direcionamentos e as possibilidades de êxito, 
é o da escolha dos avaliadores e dos instantes em que as avaliações ganharão destaque, embora se 
apresentem em todas as fases do processo. Cabe acrescentar, porém, que a avaliação precisar estar 
prevista com momento específico, sobretudo, pela escolha e construção de instrumentais avaliativos. 
Nesse momento, há de se destacar a importância do esclarecimento dos objetivos, definindo o que e 
como avaliar. Trata-se de planejar um caminho para ser usado no processo de avaliação, para que este 
não seja absorvido no decorrer de outras etapas e fique desprovido de dados efetivos. 
A identificação dos indicadores, bem como a elaboração do roteiro de questões pertinentes ao 
processo avaliativo, constituem-se em outro momento singular. Destacamos aqui que a escolha dos 
indicadores deve primar pelo compromisso com a participação de todos os sujeitos envolvidos.
Nesse sentido, na contemporaneidade, observa-se uma grande preocupação da administração 
pública com a construção de indicadores que possam ser traduzidos em dados e substratos que garantam 
o êxito na execução de políticas, programas e ações. Cabe destacar que essas preocupações advêm dos 
processos de controle social, que, quando efetivo, reflete-se no movimento do “fazer benfeito”.
35
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Segundo Kayano (2002), os motivos que levam os órgãos públicos a manterem-se vigilantes e 
construírem metodologias de monitoramento e avaliação de forma que atendam à execução das ações 
estão relacionadas a:
• comprovação através de dados empíricos tanto das políticas 
governamentais quanto das denúncias pela sociedade civil;
• exigência dos órgãos internacionais que fomentam e financiam 
projetos através das políticas públicas e, nessa linha, requisitam que o 
desempenho seja conforme o previsto;
• democratização das informações acerca da realidade na qual se insere 
a política e seu financiamento, sobretudo, destacando a importância 
do diálogo entre o público e a sociedade civil, aumentando, por 
conseguinte, a participação dela, com a necessária presença, desde 
a proposição da ação até seus mecanismos de monitoramento e 
avaliação (KAYANO, 2002, p. 291).
Assim, é possível verificar que muitos são os motivos que movimentam o interesse do Poder Público 
no processo de democratização das informações, o que somente ocorrerá quando o monitoramento 
previr necessários indicadores com teor de confiabilidade.
Conforme poderemos observar, a escolha de indicadores, qualitativos ou quantitativos, deve realizar-se 
de forma que construa resultados que fomentem o entendimento da realidade, sobretudo, no processo de 
implementação de uma política pública e de como se encontra sua execução. Não se trata de um exercício 
fácil em um país onde os processos participativos foram construídos de forma verticalizada.
As ações revigoradas somente serão vislumbradas com a apropriação do processo de participação.
Participar vem do

Outros materiais