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Direito Civil VII - Aula 8 - Sucessão Legítima, Direito de Representação e Sucessão Testamentária

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Direito civil VIi
Prof.ª Vanessa de Castro
SUCESSÃO LEGÍTIMA
1. Conceito 
Conjunto de regras que disciplina a transferência patrimonial post mortem, sem a incidência de um testamento válido.
Art. 1.788, CC. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
2
A sucessão legítima é aquela que decorre de imposição da norma jurídica, uma vez que o legislador presume a vontade do morto, ao trazer a ordem de vocação hereditária que deve ser observada no caso de seu falecimento sem testamento. (TARTUCE, 2019, p. 226)
2. Considerações gerais
 O sucessor mais próximo exclui o mais remoto.
Mudanças quando da revogação do Código de 1916 e consequente entrada em vigor da Lei de 2002. Como era (transmissibilidade linear):
a) descendente;
b) ascendente;
c) cônjuge;
d) colateral.
Em 2002 o tratamento jurídico sucessório do cônjuge supérstite fora vigorosamente ampliado, reconhecendo-se, no texto codificado, a sua condição de herdeiro necessário e concorrente com os descendentes e ascendentes.
O casamento passou a conferir um status sucessório até então inexistente.
O direito conferido ao cônjuge de concorrer com os descendentes dependerá da prévia análise do regime de bens que fora adotado. 
Ou seja, ao analisarmos o inventário ou o arrolamento em que haja cônjuge sobrevivente (viúva ou viúvo) a concorrer com descendentes comuns ou exclusivos do de cujus, afigura-se indispensável a análise do regime de bens adotado.
2.1 Formas ou modalidades de parentesco, levando-se em conta a sua origem:
a) Parentesco consanguíneo ou natural
b) Parentesco por afinidade
c) Parentesco civil
7
a) Parentesco consanguíneo ou natural – aquele existente entre pessoas que mantêm entre si um vínculo biológico ou de sangue, ou seja, que descendem de um ancestral comum, de forma direta ou indireta. 
O termo natural é criticado por alguns, com razão, pois traria a ideia de que as outras modalidades de parentesco seriam artificiais.
b) Parentesco por afinidade – existente entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro. 
A grande inovação do Código Civil de 2002 é reconhecer o parentesco de afinidade decorrente da união estável (art. 1.595 do CC). 
O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro (art. 1.595, § 1.º). Na linha reta, até o infinito, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
“SOGRA É PARA A VIDA INTEIRA.”
c) Parentesco civil – decorrente de outra origem, que não seja a consanguinidade ou a afinidade, conforme estabelece o art. 1.593 do Código Civil.
Ex.: Adoção, técnica de reprodução assistida heteróloga, parentalidade socioafetiva
2.2 Graus de parentesco consanguíneo
Art. 1.591, CC. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
					 3º grau
								Linha reta 
								 ascendente
					 2º grau
					 1º grau
∞
Bisavô
Avô
Pai
Eu
Filho
Neto
Bisneto
∞
Eu
 Linha reta 	 descendente
1º grau
3º grau
2º grau
Art. 1.592, CC. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
A grande inovação desse dispositivo está na redução do limite do parentesco colateral que pela codificação anterior era de sexto grau (art. 331 do CC/1916).
Crítica: o atual Código Civil restringiu as relações familiares, quando a tendência é justamente a oposta. 
Art. 1.594, CC. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.
O mínimo parentesco colateral existente é de 2º grau. Não há parentesco colateral de 1º grau.
						Colateral 
						de 2º grau
			1		2
								
Pai 
Eu
Irmão
Quanto aos irmãos, podem ser classificados em:
- Bilaterais ou germanos: mesmo pai e mesma mãe;
- Unilaterais: mesmo pai ou mesma mãe. 
Podem ser:
- uterinos: mesma mãe e pais diferentes;
- consanguíneos: mesmo pai e mães diferentes. 
						Colateral 
						de 3º grau
			2		3
		
			1			4		Colateral
								de 4º grau						
Pai 
Eu
Primo
Avô
Tio
18
Bisavô
Avô
Pai
Eu
 
3
1
2
Sobrinho-neto
Tio-avô
4
Colateral
em 4º grau
O parentesco natural colateral ainda pode ser classificado em:
 - Parentesco colateral igual: a distância que separa os parentes do tronco comum é a mesma quanto ao número de gerações. Ex.: irmãos, primos.
- Parentesco colateral desigual: a distância que separa os parentes do tronco comum não é a mesma. Ex.: tio e sobrinho e sobrinho-neto e tio-avô.
2.3 Inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil 
O art. 1.790 do CC traz um tratamento diferenciado sucessório entre o cônjuge e o companheiro.
Recurso Extraordinário nº 646.721 e Recurso Extraordinário nº 878.694
O STF concluiu pela inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC, que tratava dos direitos sucessórios do companheiro. Por maioria de votos, entendeu-se pela equiparação sucessória entre o casamento e a união estável, para os fins de repercussão geral
21
Nos termos do voto do relator Min. Luís Roberto Barroso:
“não é legítimo desequiparar, para fins sucessórios, os cônjuges e os companheiros, isto é, a família formada pelo casamento e a formada por união estável. Tal hierarquização entre entidades familiares é incompatível com a Constituição”.
Quanto à modulação dos efeitos do decisum, afirmou Barroso: 
“a solução ora alcançada deve ser aplicada apenas aos processos judiciais em que ainda não tenha havido trânsito em julgado da sentença de partilha, assim como às partilhas extrajudiciais em que ainda não tenha sido lavrada escritura pública”
3. Sucessão pelo descendente
No Código Civil de 1916, era extremamente simplificada, na medida
em que o seu art. 1.603, com dicção direta, deferia a herança à primeira classe de herdeiros, sem que houvesse direito concorrencial de nenhum outro sucessor.
O CC de 2002 alterou essa regra ao deferir ao cônjuge sobrevivente, a depender do regime de bens adotado, direito de concorrer com o descendente na herança do falecido.
24
Art. 1.829, CC. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:     (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais
Falecido o autor da herança, esta será deferida aos seus descendentes, primeira classe sucessória, respeitada a regra segundo a qual o parente mais próximo exclui o mais remoto.
É preciso verificar, ainda, se haverá a concorrência do(a) cônjuge em relação ao descendente, nos termos do referido inciso I do art. 1.829.
Nos termos desse dispositivo legal, havendo cônjuge sobrevivente (viúva ou viúvo), este NÃO terá direito de concorrer com o descendente, se o regime de bens adotado foi de:
a) comunhão universal;
b) separação obrigatória; ou
c) comunhão parcial, se o autor da herança NÃO deixou bens particulares.
Por outro lado, haverá, SIM, direito de concorrer com o descendente, se o regime de bens adotado foi de:
a) participação final nos aquestos;
b) separação convencional; ou
c) comunhão parcial, se o autor da herança deixou bens particulares.
	Regimes em que o cônjuge ou
companheiro herda em
concorrência	Regimes em que o cônjuge ou
companheiro não herda em
concorrência
	Regime da comunhão parcial de bens, havendo bensparticulares do falecido.
Regime da participação final nos aquestos.
Regime da separação convencional de bens, decorrente de pacto antenupcial.	Regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do falecido.
Regime da comunhão universal de bens.
Regime da separação legal ou obrigatória de bens.
29
3.1 Concorrência do descendente com o cônjuge sobrevivente, no regime da comunhão parcial
Maria Helena Diniz adverte que se trata de uma questão polêmica, e enuncia que na concorrência com descendente, se o regime de bens foi o da comunhão parcial, não se devem considerar apenas os bens particulares do falecido, mas todo o acervo hereditário, ‘porque a lei não diz que a herança do cônjuge só recai sobre os bens particulares do de cujus e para atender ao princípio da operabilidade, tornando mais fácil o cálculo para a partilha da parte cabível a cada herdeiro’.
30
Pablo Stolze aduz:
“posicionamo-nos junto aos autores que entendem haver direito concorrencial da(o) viúva(o) — que fora casada(o) em regime de comunhão parcial de bens —, somente quanto aos bens particulares deixados pelo falecido”.
Esse é o posicionamento consolidado no STJ
O que são bens particulares?
Reputam-se “particulares” os bens integrantes do patrimônio exclusivo de cada cônjuge, tais como:
os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; as obrigações anteriores ao casamento; as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes; e, ainda, todos os bens cuja aquisição tiver por título causa anterior ao casamento (arts. 1.659 e 1.661 do CC).
33
Reveste-se de grande dificuldade a apuração dos “bens móveis” exclusivos do falecido, na medida em que, por serem, em geral, desprovidos de registro — diferentemente dos imóveis —, podem gerar dúvida quanto à sua titularidade, quando desacompanhados de documentos comprobatórios da sua propriedade.
Toda a análise precisará ser feita, no bojo do inventário ou do arrolamento, na medida em que o direito sucessório do cônjuge sobrevivente, que fora casado no regime da comunhão parcial, deve limitar-se aos bens exclusivos deixados pelo falecido.
34
3.2 Concorrência do descendente com o cônjuge sobrevivente, no regime da separação convencional de bens
Polêmica: se optaram por uma completa separação patrimonial durante toda a vida, não teria sentido estabelecer uma comunhão forçada com os herdeiros do falecido após a morte.
STJ: O regime de separação obrigatória de bens, previsto no art. 1.829, inc. I, do CC/2002, é gênero que congrega duas espécies: (i) separação legal; (ii) separação convencional. Uma decorre da lei e a outra da vontade das partes, e ambas obrigam os cônjuges, uma vez estipulado o regime de separação de bens, à sua observância.
35
4. Sucessão pelo ascendente
Verticalmente, parentes consanguíneos em linha reta descendem uns dos outros, sem limitação de graus: neto-filho-pai-avô etc.
Não existindo descendentes (1ª classe sucessória), a herança será deferida aos ascendentes, independentemente do grau de parentesco que o sucedido mantinha com esse parente na linha reta, respeitada a regra de que o parente mais próximo (o pai, por exemplo) exclui o mais remoto (o avô)
Na linha ascendente — contrariamente ao que ocorre na descendente —, não existe “direito de representação”.
O cônjuge sobrevivente (a viúva ou viúvo) concorrerá com o herdeiro ascendente, independentemente do regime de bens adotado, diferentemente do que ocorre quando a concorrência se dá em face de descendentes do de cujus.
Art. 1.837, CC. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
37
5. Sucessão pelo cônjuge
Direito Real de Habitação:
Art. 1.831, CC. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
38
Esse direito real de habitação durará até quando?
É um direito temporário.
Extingue-se “pela morte ou pelo término do estado de viuvez do sobrevivente”.
Enquanto durar a viuvez ou não se constituir nova relação de companheirismo ou concubinato, o direito real de habitação deverá ser preservado.
CC 1916: o direito real sofria uma limitação legal, na medida em que a viúva (ou viúvo) somente poderia exercê-lo se fosse casada(o) “sob o regime da comunhão universal”.
28/04/2023
40
Art. 1.830, CC. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
Stolze critica o prazo de 2 anos do art. 1.830, CC
Art. 1.832, CC. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
Ou seja, o cônjuge sobrevivente terá direito a, no mínimo, 25% da herança se concorrer com filhos comuns do casal.
42
Exemplo 1: 
Petrúcio, casado com Maria, morre. Além da viúva, ele deixou dois filhos (comuns, ou seja, do próprio casal), José e João, e, ainda, dois netos, Antônio e Álvaro, filhos do seu falecido filho André (pré-morto em relação a Petrúcio). 
Caso Maria concorra com os descendentes, herdará “por cabeça”, ou seja, por igual, cabendo-lhe 1/4 da herança. José e João também herdarão 1/4, cada um, e, finalmente, Antônio e Álvaro, herdeiros por estirpe, dividirão a fração de 1/4 que caberia ao seu falecido pai, André.
Exemplo 2:
Em outras palavras, se o cônjuge supérstite concorrer com um filho, herdará metade; com dois filhos, herdará 1/3; com quatro filhos, 1/4 da herança; mas, se concorrer com cinco ou mais, terá garantido um percentual mínimo de 1/4, cabendo aos demais sucessores dividir o restante.
No exemplo 1, se Maria concorresse com 10 filhos comuns, teria direito a 25% da herança, cabendo aos demais herdeiros o que sobrasse.
Concorrendo com descendentes exclusivos do falecido, não haverá direito a esse percentual mínimo, de maneira que herdará simplesmente “por cabeça”.
E se o cônjuge sobrevivente concorrer com filiação híbrida, ou seja, descendentes comuns (do casal) e exclusivos do falecido? Haveria direito ao mínimo de 25% ou não?
O legislador silenciou, havendo uma insegurança jurídica
Stolze diz:
O dispositivo preserva o percentual mínimo de 25% da herança apenas na hipótese de a viúva (ou viúvo) concorrer somente com filhos comuns.
A norma, por restringir direitos dos descendentes, primeira classe de sucessores, deve ser interpretada restritivamente, impedindo-se, com isso, que o benefício ao cônjuge sobrevivente se converta em injusto privilégio. Com isso, estaria prestigiado o princípio constitucional da igualdade, especificamente, no plano horizontal, para um tratamento isonômico dos filhos.
Art. 1.838, CC. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente.
6. Sucessão pelo companheiro
Art. 1.790, CC. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
I - se concorrer com filhos comuns, terádireito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
Diz Aldemiro Rezende:
“Pensamos que o artigo 1.790, do Código Civil, deve ser destinado à lata do lixo, sendo declarado inconstitucional e, a partir daí, simplesmente ignorado, a não ser para fins de estudo histórico da evolução do direito. Tal artigo, num futuro não muito distante, poderá ser apontado como exemplo dos estertores de uma época em que o legislador discriminava a família que se formava a partir da união estável, tratando-a como se fosse família de segunda categoria”
Em maio de 2017, o STF, julgando os Res 646721 e 878694, proclamou, em definitivo, a inconstitucionalidade do art. 1.790
49
7. Sucessão pelo colateral
Horizontalmente, parentes consanguíneos em linha colateral são aqueles que, sem descenderem uns dos outros, derivam de um mesmo tronco comum, a exemplo dos irmãos (colaterais de segundo grau), tios/sobrinhos (colaterais de terceiro grau) ou primos entre si (colaterais de quarto grau).
O CC de 2002 reduziu o limite legal do parentesco por colateralidade, que passou do 6º grau para o 4º grau civil.
50
Art. 1.839, CC. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
Art. 1.840, CC. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.
Os arts. 1.841 e 1.842 do CC fazem uma diferença de tratamento jurídico entre irmãos unilaterais (apenas por parte do pai ou da mãe) e bilaterais (germanos):
Art. 1.841, CC. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
Art. 1.842, CC. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais.
Exemplo: João faleceu e deixou uma herança de R$ 240.000,00 a dois irmãos bilaterais e a dois irmãos unilaterais. Os unilaterais receberão duas porções simples e os bilaterais, duas porções dobradas, ao todo seis porções. 
As simples serão do valor de R$ 40.000,00 (R$ 240.000,00 ÷ 6 = R$ 40.000,00), e as dobradas de R$ 80.000,00 (R$ 40.000,00 × 2), de forma que: (R$ 80.000,00 × 2) + (R$ 40.000,00 × 2) = R$ 240.000,00. 
Dica: Essa partilha submete-se à seguinte regra, qualquer que seja o número de irmãos unilaterais ou bilaterais. Cada irmão bilateral é representado pelo algarismo 2 e cada irmão unilateral pelo 1; divide-se a herança pela soma destes algarismos; o quociente encontrado, multiplicado pelos respectivos algarismos representativos dos bilaterais e unilaterais, será a quota hereditária de cada um
53
Por serem sucessores meramente facultativos, para excluir os herdeiros colaterais da sucessão, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar (art. 1.850 do CC), o que não poderá dar-se com os descendentes, ascendentes ou o cônjuge (herdeiros necessários), por conta do seu inafastável direito à legítima (art. 1.845 do CC).
Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado à herança, poderá o patrimônio deixado beneficiar o próprio ente estatal.
8. Sucessão pelo ente público
Art. 1.844, CC. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
1. Conceito 
Direito conferido aos sucessores do herdeiro pré-morto ou excluído da sucessão, para que possam receber a parte que caberia ao próprio representado. 
Art. 1.851, CC. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.
56
Ex.1: Maria teve 2 filhas: Margarida e Hortência. Quando do falecimento de Maria, sua filha Hortência já havia falecido, porém deixara dois filhos, Tulipa e Rosa, ou seja, netas do de cujus. Pelo instituto do direito de representação, Tulipa e Rosa herdarão o quinhão que caberia a sua mãe, Hortência, repartido igualmente entre elas (art. 1.855 do CC/2002), quinhão este que terá o mesmo valor do que o recebido por Margarida. 
50% 50%
Margarida
25% - Tulipa
25% - Rosa
Ex.2: Maria teve 2 filhas: Margarida e Hortência. Quando do falecimento de Maria, as duas já haviam falecido, porém Margarida deixou um filho, Cravo, e Hortência, duas filhas, Tulipa e Rosa, ou seja, todos netos do de cujus. Tendo em vista que os 3 netos são da mesma classe, recebem a mesma quota-parte.
33,33%
33,33%
33,33%
Cravo
Tulipa
Rosa
2. Características
É preciso que a pessoa representada esteja impossibilidade de receber a herança (ou seja, o representado é pré-morto ou foi excluído por indignidade).
Art. 1.852, CC. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente.
Ex.: Maria (autora da herança) não deixou descendentes. Apenas estão vivos a sua mãe e a sua avó paterna (a mãe do seu pai, falecido antes dela). Nesse caso, a avó paterna (mãe do pai de Maria) não herdará por direito de representação. Toda a herança irá para a mãe de Maria.
59
Art. 1.853, CC. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.
Ex.: Maria morre, deixando uma irmã viva, Margarida, e as filhas de sua irmã pré-morta, Hortência. Metade da herança irá para Margarida (irmã sobrevivente) e a outra metade para as suas sobrinhas, que herdarão representando a mãe, Hortência.
50% 50%
Margarida
25% - Tulipa
25% - Rosa
Na linha colateral, o direito de representação limita-se aos sobrinhos. 
Filhos de sobrinhos (aqueles a quem o costume nominou de “sobrinhos-netos”) não poderão herdar por direito de representação.
A legitimação para herdar é aferida em relação ao sucedido e não ao representado: 
Ex.: o filho que renunciou a herança de seu pai, ou que seja indigno de recebê-la, pode, não obstante, representando o pai, recolher a herança do avô, a não ser que, com relação a este ascendente mais afastado (o avô), seja, também, indigno de suceder
3. Efeitos
O efeito básico da representação sucessória é o reconhecimento do direito à herança aos sucessores do pré-morto ou daquele excluído da sucessão.
Art. 1.854, CC. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse.
Art. 1.855, CC. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes.
62
Art. 2.009, CC. Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão obrigados a trazer à colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais teriam de conferir.
Regra que visa impedir violação da legítima dos herdeiros necessários.
Não se admite a representação na renúncia da herança (art. 1.811 do CC). O renunciante é considerado como se herdeiro nunca houvesse sido, razão por que os seus descendentes não poderão representá-lo.
Nada impede que o renunciante da herança de uma pessoa a represente em outra. 
Art. 1.856, CC. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra. 
Mesmo que o filho tenha renunciado à herança do pai, nada o impede de atuar como representante do seu ascendente direto na herança do avô.
Como a quota do pré-morto é distribuída por estirpe, se algum herdeiro dessa estirpe renuncia à herança, a parte renunciada só acresce à parte dos herdeiros do mesmo ramo, isto é, três netos representam o pai. Um dos netos renuncia. A quota desta estirpe fica dividida entre os outros dois netos que não renunciaram. Não se acresce, com essa renúncia, o monte-morgeral, isto é, a parte desse renunciante não vai para os que recebem por direito próprio, nem para a representação de outro herdeiro pré-morto. Como o representante é sucessor do autor da herança, existe uma única transmissão patrimonial. Há um único imposto devido.
Ex.: Margarida, Tulipa e Hortência representam a mãe, Maria (pré-morto), na herança do avô. Elas concorrem com os tios, João e José. Se, por exemplo, Margarida renunciar, a sua quota acrescerá às das suas outras duas irmãs (Tulipa e Hortência), e não às quotas dos tios. Em resumo: João herdará 1/3, José 1/3, e o outro 1/3 será dividido entre Tulipa e Hortência, representando a sua mãe, Maria.
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
1. Noções gerais sobre testamento
A ideia de “testar” é de dispor, por meio de um instrumento formal, chamado testamento, de seus bens, de forma total ou parcial, após o advento da morte.
Art. 1.857, CC. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.
§ 1 o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2 o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.
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A fundamentação do “Poder de testar” está na autonomia da vontade e no exercício do direito de propriedade.
A disposição somente se dará de forma total quando inexistirem herdeiros necessários (descendentes, ascendentes ou cônjuge).
O testamento também é o meio hábil para manifestações de vontade de conteúdo não econômico, por exemplo:
a) a disposição gratuita do próprio corpo (art. 14, caput);
b) a criação de uma fundação (art. 62, caput);
c) a substituição de terceiro designado em contrato (art. 438, parágrafo único);
d) a substituição de beneficiário em seguro de vida (art. 791, caput);
e) a instituição de condomínio edilício (art. 1.332, caput); 
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f) o reconhecimento de filhos (art. 1.609, III);
g) a nomeação de tutor (art. 1.634, VI, e art. 1.729, parágrafo único);
h) a instituição de bem de família (art. 1.711, caput);
i) a reabilitação do indigno (art. 1.818, caput); 
j) o estabelecimento de cláusulas restritivas (art. 1.848, caput); 
k) a deserdação (art. 1.964, caput); 
l) a revogação de testamento anterior (art. 1.969, caput); 
m) a nomeação do testamenteiro (art. 1.976)140; 
n) despesas de sufrágios pela alma do falecido (art. 1.998);
o) a dispensa de colação (art. 2.006).
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2. Conceito e natureza jurídica
Um testamento nada mais é do que um negócio jurídico pelo qual alguém, unilateralmente, declara a sua vontade, segundo pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de dispor, no todo ou em parte, dos seus bens, bem como de determinar diligências de caráter não patrimonial para depois da sua morte.
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3. Características
Unilateralidade: inexiste participação de outros sujeitos na manifestação da vontade;
 
Caráter personalíssimo: “o testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo” (art. 1.858, CC) 
Há a vedação ao testamento conjuntivo (aquele elaborado por mais de um sujeito no mesmo documento)
Revogabilidade: não se pode negar ao testador, por força do próprio postulado da autonomia privada, a prerrogativa de reescrever os termos da sua vontade declarada, quantas vezes o ache conveniente;
Solenidade: a forma a ser adotada, de acordo com a intenção do testador, é imposta por lei, sob pena de nulidade;
Gratuidade: ao beneficiário de um testamento não se impõe uma contraprestação.
É permitido o estabelecimento de um ônus, modo ou encargo (que não constitui tecnicamente uma contraprestação).
4. Modalidades classificatórias do testamento
Em função das circunstâncias de sua elaboração:
a) Forma ordinária de testamento: é aquela elaborada em uma conjuntura de normalidade, de acordo com a preferência do testador;
b) Forma extraordinária ou especial de testamento: é aquela realizada em função de circunstâncias peculiares ou de dificuldades fáticas da vida do testador.
Subdivisões dessa classificação (espécies):
 - Em relação à forma ordinária: os testamentos público, cerrado e particular;
- Sob a forma especial: os testamentos marítimo, aeronáutico e militar.
5. Aspectos relevantes no plano da validade aplicável ao testamento
a) manifestação de vontade livre e de boa-fé;
b) capacidade do agente;
Art. 1.860, CC. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Art. 1.861, CC. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.
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c) possibilidade, licitude e determinabilidade do objeto;
O objeto deve ser lícito, possível e determinado, ou ao menos determinável. 
Ex.: não teria validade um testamento que tivesse por objeto a transmissibilidade de uma fazenda adquirida de forma criminosa. 
d) forma adequada (in casu, prescrita em lei)
 Negócio ad solemnitatem
 A lei impõe determinada forma (ordinária ou extraordinária), não reconhecendo liberdade ao testador para elaborá-lo de acordo com a sua vontade, o que pode ser objeto de ação específica para o reconhecimento de nulidade
5.1 Prazo das ações de invalidade de testamento
Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro.
Prazo decadencial
Art. 1.909. São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. (vícios de consentimento)
Parágrafo único. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício.
6. O Testamenteiro
É o sujeito designado pelo testador ou nomeado pelo juiz para fazer cumprir as disposições de última vontade.
As formas de designação de um testamenteiro acabam por delimitar as formas de testamentaria:
1ª) Testamenteiro testamentário: aquele que é nomeado pelo próprio testador. 
Art. 1.976. O testador pode nomear um ou mais testamenteiros, conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às disposições de última vontade. 
2ª) Testamenteiro legítimo: o cônjuge, a quem cabe a execução testamentária, na falta de nomeação pelo testador. 
3ª) Testamenteiro dativo: é aquele nomeado subsidiariamente pelo magistrado, na ausência de designação pelo testador e de cônjuge sobrevivente.
Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz.
É possível a nomeação de mais de um testamenteiro.
Quem pode exercer o ofício de testamenteiro? 
A princípio, qualquer sujeito capaz pode ser designado como testamenteiro. 
Não há qualquer impedimento de que seja um herdeiro ou legatário, mas também não há óbice em nomear alguém estranho à legitimação hereditária passiva. 
A testamentaria é uma atividade personalíssima, que não pode ser delegada, embora se admita a representação por meio de mandato. 
Art. 1.985, CC. O encargo da testamentaria não se transmite aos herdeiros do testamenteiro, nem é delegável; mas o testamenteiro pode fazer-se representar em juízo e fora dele, mediante mandatário com poderes especiais.
 Não há falar em exercício compulsório da testamentaria, sendo imprescindível a aceitação do testamenteiro, em qualquer das suas três formas (testamentário, legítimo ou dativo), devendo a recusa ser justificada. 
A aceitação pode ser tácita.
Art. 1.977, CC. O testador pode conceder ao testamenteiro a posse e a administração da herança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros necessários.
Parágrafo único. Qualquer herdeiro pode requerer partilha imediata, ou devolução da herança, habilitando o testamenteiro com os meios necessários para o cumprimento dos legados, ou dando caução de prestá-los.
Art. 1.978, CC. Tendo o testamenteiro a posse e a administração dos bens, incumbe-lhe requerer inventárioe cumprir o testamento.
Art. 1.979, CC. O testamenteiro nomeado, ou qualquer parte interessada, pode requerer, assim como o juiz pode ordenar, de ofício, ao detentor do testamento, que o leve a registro.
Art. 1.981, CC. Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso do inventariante e dos herdeiros instituídos, defender a validade do testamento.
Art. 1.990, CC. Se o testador tiver distribuído toda a herança em legados, exercerá o testamenteiro as funções de inventariante.
As funções do testamenteiro presumem-se gratuitas quando for ele herdeiro ou legatário.
Não sendo a testamentaria exercida por herdeiro ou legatário, mas sim por terceiro nomeado pelo testador, haverá, em regra, a necessidade de remunerar o indivíduo que desempenhará tão importante ofício. 
A única exceção à regra básica de retribuição é a própria vontade do testador, que pode estabelecer a existência de um testamenteiro sem uma paga correspondente. 
Art. 1.987, CC. Salvo disposição testamentária em contrário, o testamenteiro, que não seja herdeiro ou legatário, terá direito a um prêmio, que, se o testador não o houver fixado, será de um a cinco por cento, arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme a importância dela e maior ou menor dificuldade na execução do testamento.
Vintena ou prêmio é o nome que se dá à retribuição que se outorga ao testamenteiro pelo serviço por ele prestado. 
A expressão “vintena” é utilizada justamente porque o máximo de 5% corresponde a 1/20 da herança líquida, que deve ser entendida como o saldo, depois de pagas as dívidas preexistentes à abertura da sucessão, bem como as despesas religiosas e funerárias, além do custeio do inventário.
Art. 1.983, CC. Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o testamento e prestará contas em cento e oitenta dias, contados da aceitação da testamentaria.
Parágrafo único. Pode esse prazo ser prorrogado se houver motivo suficiente.
Qual é a responsabilidade jurídica do testamenteiro?
Art. 1.980, CC. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, no prazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento. 
E se houver mais de um testamenteiro? 
Art. 1.986. Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro, que tenha aceitado o cargo, poderá cada qual exercê-lo, em falta dos outros; mas todos ficam solidariamente obrigados a dar conta dos bens que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelo testamento, funções distintas, e a elas se limitar.
Art. 1.989, CC. Reverterá à herança o prêmio que o testamenteiro perder, por ser removido ou por não ter cumprido o testamento.
Para haver a remoção do testamenteiro, deve-se observar o devido processo legal, com a garantia do contraditório. 
7. Regência temporal da lei reguladora da Sucessão Testamentária
A lei vigente na data do testamento regula a capacidade do testador e a forma extrínseca do testamento. 
Por outro lado, a efetiva sucessão testamentária (o direito à herança) deve ser regida pela lei do momento da abertura da sucessão, com o falecimento do testador.
 Ex.: Salomão redige um testamento, respeitando a lei vigente na época da sua elaboração, no sentido de comparecerem duas testemunhas ao ato. Ainda que lei posterior aumente esse número para três, o testamento é válido e eficaz (pois a lei que rege o testamento é a da época da sua feitura). Por outro lado, caso ele deixe parte da sua herança para um gato, circunstância hipoteticamente permitida na data da elaboração do testamento, se, ao tempo da morte, a lei vigente negar esse direito, a deixa perderá eficácia (pois a lei que rege o direito à herança é a do tempo da abertura da sucessão). 
Art. 2.041, CC. As disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto na lei anterior (Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916). 
Art. 2.042, CC. Aplica-se o disposto no caput do art. 1.848, quando aberta a sucessão no prazo de um ano após a entrada em vigor deste Código, ainda que o testamento tenha sido feito na vigência do anterior, Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916; se, no prazo, o testador não aditar o testamento para declarar a justa causa de cláusula aposta à legítima, não subsistirá a restrição.
A matéria se refere ao estabelecimento de cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade ou incomunicabilidade. 
No vigente Código Civil brasileiro, tais cláusulas se tornaram excepcionais, dependendo de fundamentação em justa causa. 
Assim, a sua aplicação para sucessões abertas na vigente codificação, mesmo quando previstas em testamento elaborado anteriormente, somente será aceitável se houver aditamento para a declaração da justa causa e, ainda, respeitado o prazo de um ano da entrada em vigor do Código Civil brasileiro de 2002.
 Aberta a sucessão após um ano de tal marco temporal, a cláusula não será considerada válida, reconhecendo-se insubsistente.

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