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Linguística ILinguística I AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), este material é recheado de informações e conceitos acerca dos estudos da Linguística, e se você é um apaixonado pelo estudo da Língua precisa conhecê-la em seus mais variados aspectos. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre a Linguística e suas atuais pesquisas, visto que trata-se de uma ciência teoricamente nova, em comparação com o que já conhecemos hoje. Na unidade I vamos iniciar os estudos de linguística conceituando a ciência e o senso comum, depois o objeto de estudo da Linguística e ela como ciência de fato. Passaremos por algumas etapas do estudo até encontrar Ferdinand de Saussure e sua teoria da Linguística saussureana e paradigma saussureano. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a temática e vamos conhecer a Gramática, Forma e o Processo de Signi�cação, bem como o signi�cado das palavras (signi�cado e signi�cante). Ainda na unidade II vamos estudar a Forma e signi�cação: o signi�cado e a estrutura linguística. Já na unidade III teremos acesso aos fatos, dados e hipóteses na análise linguística, bem como na Coleta de dados e a construção do corpus de análise e os fatos e preconceitos linguísticos Para �nalizar nosso material, na unidade IV, conheceremos os Princípios de análise: regras das línguas e regras linguísticas na descrição dos fatos linguísticos, a Análise Linguística e suas ferramentas de análise na Linguística Descritiva: Palavras, lexemas e sintagmas, bem como as construções gramaticais de sujeito e predicado. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigada e bom estudo! Unidade 1 A de�nição de ciência AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer a teoria de Ferdinand de Saussure, considerado o pai da linguística moderna, que deu início aos estudos que se tem hoje sobre a temática. Antes, porém, serão tecidas considerações relevantes ao conceito de ciência e senso comum, fatores importantes no que diz respeito ao conceito de tipos de conhecimento para que pudéssemos chegar ao entendimento, hoje, de Linguística enquanto ciência e ciência viva. Por se tratar de um campo de estudo relativamente recente, os apontamentos aqui apresentados são baseados em sua origem, em Saussure, mas com pinceladas de correntes linguísticas mais recentes e que vieram para somar às ideias do linguista suíço. Vamos também identi�car os fundamentos relevantes para o caráter cientí�co dos estudos linguísticos, de�nir os conceitos estabelecidos e como eles se aplicam na prática. Aos amantes do estudo da língua, nossa sugestão é: atente-se aos conceitos, ideias e informações aqui apresentadas para que seja possível compreender a Linguística como ciência. A ciência que estuda a Linguagem. A ciência e o senso comum AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Falar em ciência nos remete sempre a algo que está provado, quanti�cado e registrado, mas antes de tomarmos essas características como base, vamos analisar qual ou quais seriam as diferenças entre o senso comum e a ciência. Podemos de�nir o conceito de senso comum como algo que é de conhecimento e domínio popular, ou seja, algo que surge com a necessidade de resolver um problema imediato ou mesmo para dar sentido a alguma situação. O senso comum como objeto de re�exão existe desde a origem dos escritos �losó�cos. Aristóteles é tido como o primeiro pensador de que temos registro como articulador das primeiras de�nições de senso comum (senso comunis). Antes dele, Platão, metaforicamente explicou a vida na caverna como uma condição que nos aprisiona no mundo sensível, fazendo-nos crer que a realidade estaria nas sombras projetadas no fundo de uma caverna. (DOURADO, 2018, online). Logo, �ca evidente que o senso comum existe desde que a humanidade existe, o Mito da Caverna de Platão, tão conhecida e discutida até hoje, é um dos maiores exemplos que temos do que é o senso comum. Na alegoria platônica existiam, de um lado, homens presos na caverna, representando o homem comum e o seu “conhecimento” equivocado e oriundo dos sentidos. Eles construíam, por consequência, falsas imagens para entender e explicar a realidade (imersos no senso comum). Do outro, a �gura que se tornará o �lósofo, ou seja, um dos poucos homens que conseguiu alcançar outras formas de conhecimento, saindo das sombras e caminhando em direção à luz. (DOURADO, 2018, online). Enquanto podemos de�nir o senso comum como cultura popular, ou algo que não foi comprovado cienti�camente, nossos conhecimentos empíricos se resguardam ao senso comum, o que não se deve ser menosprezado, a�nal é um tipo de conhecimento. Mas, o que nos interessa de fato em relação à linguística, é entender que esta é um tipo de conhecimento, mas que está bem longe de ser senso comum. A ciência, portanto, é a parte do conhecimento que foi, de fato, comprovado, estudado. Trata-se do conhecimento criteriosos e analisado, daquilo que foi, de alguma maneira, comprovado e testado. Veja a de�nição: A ciência, tanto por sua necessidade de coroamento como por princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se, em determinada questão, ela legitimar a opinião, é por motivos diversos daqueles que dão origem à opinião; de modo que a opinião está, de direito, sempre errada. A opinião pensa mal; não pensa: traduz necessidades em conhecimentos. Ao designar os objetos pela utilidade, ela se impede de conhecê-los. Não se pode basear nada na opinião: antes de tudo, é preciso destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a ser superado. Não basta, por exemplo, corrigi-la em determinados pontos, mantendo, como uma espécie de moral provisória, um conhecimento vulgar provisório. O espírito cientí�co proíbe que tenhamos uma opinião sobre questões que não compreendemos, sobre questões que não sabemos formular com clareza (BACHELARD, 1996, p. 18). Portanto, �ca evidente que dentre os tipos de conhecimentos, o conhecimento cientí�co é o que nos interessa enquanto estudantes da língua e acadêmicos, a�nal é o conhecimento que não deixa dúvidas e não se gera contradição. Podemos de�nir, ainda, ciência como “saber produzido através do raciocínio lógico associado à experimentação prática” e que nos leva à certeza daquilo que se busca, é o conhecimento baseado na certeza e não na dúvida. É exata e indiscutível. O problema da teoria AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro No tópico anterior conhecemos a diferença entre senso comum e ciência, conceitos que foram estabelecidos, mas que no início do século XX foi questionado por um �lósofo chamado Karl Raimund Popper (1902-1994), suas indagações trazem dois apontamentos sobre o problema da Teoria. A saber: O problema da indução Para Popper (2007), há um problema referente à validade ou à justi�cação das proposições universais das ciências empíricas, ele questiona: “Enunciados factuais, que se baseiam na experiência, podem ser válidos universalmente? É possível saber mais do que se sabe?” Fato é que o “problema da indução” traz a luz algumas refutações: A indução consiste em construir um discurso da ciência a partir de fatos observados (experiência). Esse tipo de raciocínio pretende anunciar leis universais baseadas em alguns fatos observados, ou seja, a partir de certo número de observações, chega-se a uma conclusão generalizada. Essa passagem do particular para o universal é o que chamamos de indução. (BRITO, 2014, p. 10). Outro questionamento de Popper está em torno da demarcação. Veja: O problema da demarcação Para o �lósofo, a visão dos positivistas deixava lacunas no conceito estabelecido como ciência, ou seja, não se pode considerar conhecimento algo apenas por não ser provado cienti�camente? Os positivistas normalmente interpretamo problema da demarcação de maneira naturalista; interpretam-no como se ele fosse um problema da ciência natural. Em vez de torná-lo como razão que os leve a empenhar-se em propor uma convenção adequada, acreditam estar obrigados a descobrir uma diferença decorrente da natureza das coisas, por assim dizer, entre ciência empírica, de um lado, e metafísica de outro. Estão constantemente procurando mostrar que a metafísica, por sua própria natureza, nada mais é que tagarelice vazia — “ilusão”, como diz Hume, que devemos lançar ao fogo. (POPPER, 2007, p. 54). Os problemas apresentados por Popper (2007) podem ser encontrados com precisão no livro “Os dois problemas fundamentais da teoria do conhecimento” e avaliados sob várias perspectivas apresentadas pelo autor. Vale a pena a leitura! O objeto de estudo da linguística e a linguística como ciência AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Vamos a partir de agora entrar, de fato no campo de estudo da Linguística, mas para isso é preciso compreender o seu objeto de estudo e entendê-la como ciência. O estudo da linguagem humana sempre esteve inserido em outras ciências e não era considerada autônoma, somente com a publicação de Curso de Linguística Geral, de Ferdinand de Saussure, que ela passou a ser entendida e estudada como ciência de fato: A linguística é o estudo cientí�co da linguagem humana. Desde a antiguidade clássica até o início do século XIX a pesquisa linguística estava inserida em outras ciências, tais como a lógica, psicologia e �loso�a, não sendo reconhecida como ciência autônoma. Em 1916 Ferdinand Saussure publica seu Curso de Linguística Geral e a linguística passa a ser estudada como ciência autônoma, tendo como objeto de estudo a langue. Identi�camos, assim, que ao proporem novos parâmetros os estudiosos permitem a evolução cientí�ca, como ocorreu com a linguística, e que a “proliferação de versões teóricas e de paradigmas concorrentes” se faz necessária no cenário cientí�co, visto que “é a comunidade cientí�ca que propõe os parâmetros, que escolhe e determina se uma teoria ou experiência é válida ou não” (ARAÚJO apud CORACINI, 2007) Fica evidente, portanto, que o objeto de estudo da Linguística é o funcionamento da linguagem verbal humana, das línguas naturais, e como tal deve ser analisada de vários âmbitos. Fiorin (2015) aponta que a Linguística tem por �nalidade elucidar o funcionamento da linguagem humana, descrevendo e explicando a estrutura e o uso das diferentes línguas faladas no mundo. Ferdinand de Saussure Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, Suíça, em 26 de novembro de 1857. Foi um estudioso da língua e �lósofo que propiciou, através das suas elaborações teóricas, o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma. Saussure tem até hoje in�uência nos estudos da teoria da literatura e nos estudos culturais, e de�niu os signos linguísticos e seus estudos, chamados de Semiologia (ou semiótica). Seus conceitos serviram de base para o desenvolvimento de uma corrente teórica chamada Estruturalismo, no século XX. Para o linguista suíço, a linguística pretende: Fazer a descrição e a história de todas as línguas que puder abranger, o que quer dizer: fazer a história das famílias de línguas e reconstituir, na medida do possível, as línguas-mães de cada família; procurar as forças que estão em jogo, de modo permanente e universal, em todas as línguas e deduzir as leis gerais às quais se possam referir todos os fenômenos peculiares da histórias; delimitar-se e de�nir-se a si própria.” (SAUSSURE, 1995, p.13) É notável que a Linguística é uma ciência relativamente nova e como tal está em constante aperfeiçoamento. Novos estudos vêm surgindo sobre essa ciência e, obviamente, novos conceitos podem ser apontados, aperfeiçoando as teorias de Saussure. Estruturalismo O Estruturalismo foi uma corrente de pensamentos que agregou não somente a linguística, mas também a sociologia, antropologia e demais áreas do conhecimento, podendo ser entendida como uma metodologia em que os elementos da cultura humana devem ser relacionados com um sistema maior, mais abrangente. O estruturalismo de Ferdinand Saussure ocupou-se do estudo sincrônico da língua, e, mesmo não tendo usado a nomenclatura, Estruturalismo, deixou valioso estudo sobre a estrutura da língua a que chamou de sistema. A publicação de seu trabalho intitulado “Cours de linguistique général” só se deu em 1916, três anos depois de sua morte. Este trabalho serviu de modelo e inspiração da corrente estruturalista, pós- saussuriana, em abordagens social, cultural e psicológicas, entre outras. (LIMA, 2013, online). É fato que Saussure foi o precursor da Linguística e é considerado o pai da ciência, pois estava à frente de seu tempo e conseguiu estruturar a língua para que fosse possível estudá-la de maneira diferente do que havia até então. Após os estudos de Saussure e o lançamento do seu Curso de Linguística Geral, em 1916, novos apontamentos foram surgindo e novas teorias surgiram para fomentar ainda mais os estudos na área. Funcionalismo Posteriores a Saussure, duas tendências teóricas se estabeleceram para que os estudos do estruturalismo fossem aprimorados, o funcionalismo e o formalismo: Em tese, funcionalismo é a área da Linguística que busca estudar a relação que há entre a estrutura gramatical das diversas línguas existentes e os contextos comunicativos em que elas acontecem. Os estudiosos desta corrente apontam a linguagem como uma ferramenta de interação social, ou seja, não há como analisá-la isoladamente, mas sim através da relação entre linguagem e sociedade, na prática das interações do cotidiano. Em termos gerais, os funcionalistas buscam analisar dados reais da fala e escrita, extraídos do contexto real da comunicação Gerativismo/Formalismo Além do funcionalismo, outra corrente que estabelece relações com a linguística é a gerativista ou formalista de Noam Chomsky. O formalismo tem como principal teórico e primeiro representante o linguista norte- americano Noam Chomsky, que desenvolveu a teoria gerativa, a partir do �nal da década de 1950. Sua proposta era analisar, mais do que o desempenho dos falantes (seu uso), a sua competência, o seu conhecimento linguístico subjacente. Assim, “o papel do gerativismo no seio da linguística constituir um modelo teórico capaz de descrever e explicar a natureza e o funcionamento da faculdade da linguagem”, característica mental da espécie humana (Kenedy In: Martelo-te, 2008, p. 129). Logo, sua visão de língua é a de uma entidade autônoma, que não depende do uso, da comunicação na situação social. (MARTINS, 2009, p. 15). Vale lembrar que teceremos aqui considerações relevantes ao que diz respeito do estudo da Linguística, no entanto, as dicas de livros e leituras complementares que faremos ao �nal de cada unidade serão importantes para a compreensão integral da temática, a�nal trata-se de uma ciência complexa e relativamente nova, como já dito anteriormente. Nos tópicos seguintes vamos conhecer com mais detalhes a teoria de Saussure para que seja possível identi�car as concepções de signo e todas as características linguísticas que foram fomentadas pelo suíço. É importante, ainda, ressaltar que as informações das unidades seguintes deste material serão baseadas apenas na teoria de Ferdinand de Saussure, portanto, conheceremos a origem da ciência. A exigência do caráter explícito, sistemático, objetivo AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro A teoria de Ferdinand de Saussure é, como já dito, a primeira para entender a linguística como ciência. Portanto, vamos ver a partir de agora e nos tópicos que seguem a divisão que ele faz para que fosse possível estudar a língua. Vamos agora ver como todas essas concepções se relacionam na teoria de Saussure e como se aplica sua teoria no estudo da língua, e até mesmo nas concepções de linguagem. Para tanto, vamos analisar cada de�nição com um olhar mais crítico e acadêmico para que seja possível compreender o que Saussure nos deixou comolegado, levando-se em consideração que os estudos aqui apresentados são a base, a origem do estudo linguístico e que a partir deles novos conceitos foram estabelecidos nos anos posteriores. Entendamos algumas concepções de Saussure: Língua: a língua é um sistema supra-individual utilizado como meio de comunicação entre os membros de uma comunidade; Fala: ato individual de vontade e inteligência; Linguagem: fusão da língua e da fala, é social e individual; Diacronia: estuda os fenômenos da língua e sua evolução; Sincronia: os fenômenos da língua de uma determinada época; Sintagma: a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior; Paradigma: banco de reservas da língua; Signo: associação de um conceito com imagem acústica; Signi�cado: é o conceito e reside no plano do conteúdo. Signi�cante: é uma "imagem acústica" (cadeia de sons) e reside no plano da forma; Semiologia: a ciência que estuda os signos linguísticos. O objeto da linguística saussuriana e paradigma saussureano AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro O objeto da Linguística, de fato, é a linguagem. Entenda-se linguagem como a soma de Língua e Fala chamada por Saussure de Langue e Parole. Temos aqui o que se chama de Dicotomia de Saussure: A dicotomia nos mostra que essa oposição do social versus o individual se mostra útil, a�nal, uma completa a outra, mas, o linguista alerta: 'a linguagem tem um lado individual (parole) e um lado social (langue), sendo impossível conceber um sem o outro’. Logo, podemos dizer que a langue é necessária para que a parole seja clara e compreensível e a parole estabelece as futuras mudanças da langue. Sintagma vs. Paradigma Outra concepção - ou eixos - de Saussure é a do sintagma e do paradigma, estas são de�nidas pelo linguista como “a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior”. O eixo paradigmático é o eixo das escolhas, e o eixo sintagmático é o das combinações. Em termos gerais podemos dizer que o paradigmático são as opções que temos de fazer combinações, enquanto o sintagmático são as combinações de fato. [...] a Sintagmática, centrada no eixo das combinações dos sintagmas, estabelece relações baseadas no caráter linear da língua que, exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo, ou seja, regras que limitam os falares, Quadro 1: Dicotomia de Saussure LANGUE PAROLE Social Individual Constante Variável Realidade mental Realidade física Homogênea Heterogênea Conservadora Inovadora Fonte: a autora privilegiando o uso coletivo em oposição ao individual. (SAUSSURE, 1995, p. 142). O que Saussure diz é que há uma in�nidade de opções na construção de uma frase ou fala. Por exemplo, se eu for falar algo que se re�ra ao dia, dando uma característica para ele, tenho inúmeras opções. Veja: “Hoje o dia está lindo” Para que a frase fosse construída foram combinadas alternativas até que se chegasse ao resultado. Essa relação de opções e escolhas é o que chamamos de eixos sintagmáticos e paradigmáticos. No discurso, os termos estabelecem entre si, em virtude de seu encadeamento, relações baseadas no caráter linear da língua, que exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Estes se alinham um após outro na cadeia da fala. Tais combinações, que se apoiam na extensão, podem ser chamadas de sintagmas.” (SAUSSURE, 1995, p. 142). Quadro 2: opções de escolha de construção Hoje uma noite estivera lindo Ontem o dia esteve bonito Amanhã a manhã está linda Agora um tarde estará bonita Fonte: a autora Figura 2: Sintagma e paradigma EU Tu Ele Nós Vós Eles CANTO mudaste, gostou, iremos, sabeis comeram, PORQUE mas porém pois como entretanto SOU continua ficou estamos permanecer parecem FELIZ. linda. confuso. ansiosos. jovem? famintos. Sintagma Pa ra di gm a Fonte: Chom'SkyPédia Conclui-se que, “as relações sintagmáticas e as relações paradigmáticas ocorrem concomitantemente.” (COSTA, 2008, p.122). As características do signo linguístico AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Entender o signo linguístico é requisito básico para compreendermos um pouco mais a teoria de Saussure. Valendo-se do que já foi até aqui explanado sobre língua e fala, temos o conceito de que a primeira é social, enquanto a segunda é individual. O signo, pode ser entendido e de�nido como uma unidade constituinte do sistema linguístico é formado por duas partes: a do signi�cado e a do signi�cante. Signi�cante vs. signi�cado O signo linguístico constitui-se, basicamente, numa mistura desses dois elementos, mas não anula um ou outro. O signi�cante é uma "imagem acústica" (cadeia de sons) e reside no plano da forma; O signi�cado é o conceito e reside no plano do conteúdo. O signo linguístico é, portanto, o resultado de uma combinação entre os membros de um determinado grupo, ou seja, para haja sentido é preciso ter signi�cado para todos, o som em si não tem signi�cado, mas quando é contextualizado e faz sentido para esse grupo passa a ser entendido como signo. Então, “a�rmar que o signo linguístico é arbitrário, como fez Saussure, signi�ca reconhecer que não existe uma reação necessária, natural, entre a sua imagem acústica (seu signi�cante) e o sentido a que ela nos remete (seu signi�cante).” (COSTA, 2008, p.119). Figura 3: signi�cado e signi�cante DOCE SignificadoSignificante Fonte: Chom'SkyPédia Linguística Sincrônica e Linguística Diacrônica O linguista determinou os fenômenos da língua através da sincronia e diacronia. É sincrônico o que estuda os fenômenos da língua de uma determinada época através de um recorte de uma fase, o diacrônico estuda os fenômenos da língua e sua evolução, tendo como fator primordial o tempo. Para Saussure: É sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase de evolução. (SAUSSURE, 1995, p. 96). Para entendermos melhor esses dois conceitos estabelecidos por Saussure, vamos a um exemplo prático: Vamos utilizar para análise a palavra VOCÊ: Sincrônico: 4 letras: v-o-c-ê 2 sílabas: vo-cê Diacrônico: É chamada também de linguística histórica, portanto se utiliza das mudanças ocorridas na língua para sua análise. Pronome de tratamento REFLITA “A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica” (Saussure, 1975). Expressão originária: vossa mercê Variações da expressão: “vossemecê“, “vosmecê“, “vancê“ e você Uso na segunda pessoa no singular (no lugar de Tu, principalmente na oralidade) “Vossa mercê” (mercê signi�ca graça, concessão) era um tratamento dado a pessoas às quais não era possível se dirigir pelo pronome tu, era o elevado tratamento dado na terceira pessoa primeiramente aos reis de Portugal. No século XV, quando os soberanos portugueses adotaram o chamamento de alteza (vossa alteza, e sua alteza) foi o título de mercê começado a ser dado às principais �guras do Reino, nas principais casas fora da Família Real, generalizando-se a dado passo como forma de tratamento adotada pelos �dalgos entre si. Este processo foi lento e gradual. “Mercê“, do latim Merces, signi�ca benefício, presente, dignidade, recompensa, pagamento, relacionado a MERX, que quer dizer “mercadoria, objetos para compra e venda”. (LIMA, 2013, online). Portanto, é possível notar como a sincronia e a diacronia são aplicadas na teoria, enquanto a primeira se interessa pelo estudo em um recorte de tempo, a segunda analisa os fatos históricos, a evolução e tudo o que está em torno. Biogra�a de Ferdinand de Saussure Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um importante linguista suíço, estudioso das línguas indo-europeias, foi considerado o fundador da linguística como ciência moderna. SAIBA MAIS A linguística não se a�rma como uma ciência isolada, haja vista que se relaciona com outras áreas do conhecimentohumano, tendo por base os conceitos dessas. Por essa razão, pode-se dizer que ela assim subdivide: * Psicolinguística – trata-se da parte da linguística que compreende as relações entre linguagem e pensamentos humanos. * Linguística aplicada – revela-se como a parte dessa ciência que aplica os conceitos linguísticos no aperfeiçoamento da comunicação humana, como é o caso do ensino das diferentes línguas. * Sociolinguística – considerada a parte da linguística que trata das relações existentes entre fatos linguísticos e fatos sociais. Fonte: DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. "Linguística"; Brasil Escola. ACESSAR Para conhecer a vida e carreira de Saussure na íntegra acesse: ACESSAR https://brasilescola.uol.com.br/portugues/linguistica.htm https://www.ebiografia.com/ferdinand_de_saussure/ REFLITA “O tempo altera todas as coisas; não há razão para que a língua escape a esta lei universal.” Ferdinand de Saussure As informações até aqui apontadas são importantes para que possamos compreender o estudo da Linguística enquanto ciência. Os conceitos de Ferdinand de Saussure são extremamente relevantes para as pesquisas e as descobertas que se tem hoje sobre o estudo da linguagem. Os conceitos estabelecidos pelo linguista foram essenciais para que se pudesse estudam a língua sob uma perspectiva mais profunda e não apenas baseada na escrita e em todo o formalismo que até então havia estabelecido. Fato é que Saussure deixou um importante legado conceitual para que os estudos fossem ainda mais aprimorados nos anos e décadas posteriores. Vale lembrar que a o livro que deu início na Linguística como ciência só foi publicado alguns anos após a morte de Saussure e ele está no nosso material complementar como dica – importante e indispensável – de leitura. A�nal, não há como falar de linguística sem falar de Ferdinand de Saussure, e nem há como falar de Saussure sem citar sua obra primeira e fundamental “Curso de Linguística Geral”. Boa leitura e bons estudos. Conclusão - Unidade 1 Livro Filme Acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=xBBK7CAtlXs Web Acesse o link http://www.obling.org/#home Unidade 2 Gramática, forma e o processo de signi�cação AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Prezado(a) aluno (a), nesta unidade vamos conhecer o processo de signi�cação dos signos linguísticos completando ainda mais o que foi visto da unidade I. Além disso, a gramática normativa e a de�nição de forma baseada na teoria de Saussure serão nosso corpus de análise. Vale lembrar que as de�nições apontadas aqui serão de grande importância para a continuidade do material nas unidades que virão, por isso, é imprescindível que as características de signi�cado e signi�cante sejam bem absorvidas por você aqui para que haja compreensão posteriormente. Outra questão – não menos importante – está relacionada ao referente, ou seja, ao contexto em que algo é dito ou escrito, por isso, faremos uma análise de uma situação em que determinada palavra será empregada em contexto completamente diferentes. Fique atento às nomenclaturas e características que serão aqui apresentadas. Bons estudos! Gramática, Forma e o Processo de Signi�cação AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Quando se fala em gramática e forma logo nos vem à mente o conceito que temos de gramática normativa, a�nal é ela a responsável por nomear a formalizar as regras estabelecidas para a fala e a escrita da Língua Portuguesa. Antes, porém, vale lembrar que vimos na unidade I deste material que há correntes teóricas da Linguística: a estruturalista, a funcionalista e a gerativista, e que cada uma delas traz um conceito diferente sobre o estudo da Língua. A eterna ‘briga’ entre gramáticos e linguistas está exatamente nesse ponto, enquanto os gramáticos buscam a perfeição da forma escrita e falada, defendendo as normas, os linguistas se preocupam em estabelecer uma comunicação que seja entendida por emissor e receptor, desde que haja um contexto em que una entendimento entre os dois. Como diria Sírio Possenti, professor do Departamento de Linguística da Universidade Estadual de Campinas: Quanto a teorias e métodos: para os gramáticos, a autoridade dos escritores é um critério para aceitar construções (e até exceções); para os linguistas, o critério para aceitar construções são os dados: se um fato ocorre sistematicamente, pertence à língua e deve ser descrito pela gramática. Pronúncias como “paiaço” e “muié”; concordâncias como “tu vai” e “os menino”, regências como “assistir o jogo” e “obedecer às regras” etc. são exemplos de pontos de discordância. (POSSENTI, 2012, online). Vamos, então nos valer de alguns conceitos: Gramática A gramática é a nossa principal ferramenta de estudo da língua no que diz respeito a sua estrutura, sua forma, suas regras e a�ns: A gramática normativa estabelece a norma culta, ou seja, o padrão linguístico que socialmente é considerado modelar e é adotado para ensino nas escolas e para a redação dos documentos o�ciais. [...] Nas línguas que têm forma escrita, como é o caso do português, o papel da gramática normativa é apontar o que con�gura a existência de um padrão linguístico uniforme [...] (CIPRO NETO; INFANTE, 2008, p. 14-15). Logo, é possível compreender que o papel principal da gramática é nortear a maneira como se usará o padrão das palavras, é o direcionamento do que é “certo e errado”. Vale lembrar, ainda, que há diversos tipos de gramáticas (que veremos na unidade III deste material), mas nos atentaremos, a priori, pela gramática normativa. Forma Falar em forma, na Linguística, nos remete ao conceito de Saussure: Segundo Saussure, forma designa toda a organização linguística ou estrutura da fala ou da escrita. Opõe-se a substância, que designa a realização física da língua como substância fônica ou grá�ca. Saussure diz que a língua é uma forma e não uma substância (ROCHA, 2001, online). Portanto, o conceito saussuriano de forma se estabelece na organização e estrutura da língua como um todo, enquanto a substância está relacionada à expressão: É fato que a substancialidade sonora e até mesmo a escrita é relevante para a composição poética, visto que possibilitam efeitos estéticos diversos, como rimas (internas ou externas), entonação, musicalidade e até mesmo efeitos visuais. Entretanto, é fato que o pensamento saussuriano a partir do CLG (Curso de Linguística Geral) é pautado sob a formalidade relegada ao objeto língua, pela de�nição de língua enquanto forma, enquanto sistema cujos elementos estão em relação diferencial e opositiva. (SOUZA, 2011, online). Veja um exemplo em que há a aplicação de forma e substância: Segundo Saussure, há aqui defeito na substância, pois é notório seu equívoco. Já em relação aos elementos sujeito e predicado, há coerência, pois estão relacionados de forma correta. Saussure, atribui à substância a função de fazer a ligação com a forma, é como se, em um comparativo, a língua está para a forma, assim como a fala está para a substância, não sendo possível imaginar uma sem a outra. Processo de signi�cação Na linguística, falar em processo de signi�cação é remeter aos signos, o que vimos na unidade anterior. Portanto, o processo de signi�cação das palavras deve ser compreendido desde os seus primórdios, quando a criança começa a balbuciar as primeiras sílabas e tenta se comunicar através de gestos, expressões e demonstrações de objetos e o que ela conseguir para mostrar o que deseja. Nós conseguiu [...] Falando do "jogo simbólico" (jogo do faz-de-conta), ele mostra, com rara habilidade, como o signo linguístico (a palavra) se organiza na criança. No começo, o signi�cado está subordinado ao objeto; depois, o objeto subordina-se ao signi�cado. No brinquedo, a criança opera com signi�cados desligados dos objetos e ações aos quais estão habitualmente vinculados. Entretanto, por encontrar-se ainda presa à materialidade dos objetos e das ações, fenômeno próprio do período que prepara o pensamento operatório segundo Piaget, acriança não pode ignorar as características dos objetos com os quais estrutura a situação lúdica. O que ocorre é um deslocamento semântico de um objeto a outro. Trata-se, diz Vygotsky, de um movimento no campo do signi�cado, o qual subordina a ele todos os objetos e situações reais. Em "pensamento e fala", Vygotsky (1987) mostra como o aspecto fonético e o aspecto semântico seguem, nos primeiros anos da criança, movimentos opostos: o primeiro da parte ao todo (da palavra à frase), o segundo do todo à parte (da frase à palavra). (PINO, 1993, p. 17). Portanto, falar em processo de signi�cação das palavras é entender que: Signi�cado: É o tangível, perceptível, material do signo. Signi�cante: É o conceito, a parte abstrata do signo. Exemplo: Figura 1: Exemplo de signi�cado e signi�cante Fonte: Slide Share Signi�cação, referência e contexto: o signi�cado das palavras AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro No tópico anterior vimos a respeito do conceito de signi�cado e signi�cante, mas é evidente que tal conceito foi estabelecido fora de uma situação contextualizada, ou seja, quando se pensa em signi�cado de uma palavra logo recorremos ao referente. Em outras palavras, só há como a�rmar seu signi�cado quando esta estiver contextualizada. Mas, pensando linguisticamente, vale lembrar que a criança é um bom exemplo de como funciona esse “jogo de sentido”, para ela uma palavra tem aquele signi�cado e pronto, pois a criança é objetiva. Conforme ganha maturidade entende que a mesma palavra pode contemplar vários sentidos. Falando ainda no que diz respeito à criança enquanto processo de descoberta de signi�cados e signi�cantes, é possível notar como a relação de contexto e referência é cada vez mais necessária. Mas, e se você disser: “Passei em frente a uma loja e vi que a toalha de banho estava barata” Referência e contexto Se você disser a uma criança a palavra BARATA, temos: Signi�cante: BA-RA-TA (a palavra de fato – oral -, como ela ainda não sabe escrever, ela apenas ouve) Signi�cado: um animal pequeno e nojento É evidente que a diferença entre os signi�cados é completamente distinta, mas o signi�cante continua sendo o mesmo. Na primeira situação, o termo “barata” se referia, de fato, ao “Gênero de insetos da ordem dos ortópteros, de hábitos noturnos, cujas principais espécies se encontram nos armazéns e nas cozinhas”, como a�rma o Dicio.com. Já na segunda situação, a palavra tem seu signi�cado completamente em outro referente. Logo, percebemos que o contexto situacional é importante para que haja entendimento correto e não ambíguo da mensagem que se deseja transmitir. Muitas vezes as crianças não são capazes de estabelecer essa diferença de signi�cados por serem ensinadas apenas através do signi�cante. A diferenciação se dará com o passar dos anos e com o amadurecimento da língua no contexto em que a criança está inserida e à medida que será estimulada para perceber as multiformas de aplicabilidade de uma mesma palavra. No plano dos elementos essenciais do processo de comunicação, proposto por Roman Osipovich Jakobson, o elemento “referente” é aquele que traz todo o contexto situacional, ou seja, é a partir dele que será possível entender com propriedade o que se pretende dizer. Os elementos propostos por Jakobson são, ainda, aqueles que fazem relação com as funções da linguagem, a saber: Emissor → Função Emotiva ou Expressiva Receptor → Função Conativa ou Apelativa Figura 2 - Etiquetas de promoção Código → Função Metalinguística Mensagem → Função Poética Canal → Função Fática Referente → Função Referencial ou Denotativa Portanto, é importante lembrar que, para a linguística, veri�car toda referência, todo contexto da situação é necessário para estabelecer a relação de signi�cado e signi�cante. Quando se emprega uma palavra em um determinado contexto há possibilidades de que o seu signi�cado também seja �exível. Forma e signi�cação: o signi�cado e a estrutura linguística AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Como já visto até aqui na unidade II deste material, a forma e a signi�cação das palavras estão diretamente conectadas em seu contexto. Para elucidar ainda mais a teoria saussureana podemos conceituar como as unidades da língua que são chamadas de signos linguísticos, estes são organizados e divididos de duas formas: o signi�cado (conceito, plano de conteúdo) e o signi�cante (imagem acústica, plano de expressão). Há entre esses dois elementos um vínculo natural com o conteúdo, por isso dizemos que o signo é arbitrário absoluto, quando analisado sozinho, isoladamente, mas dizemos que é arbitrário relativo, quando analisado em conjunto. Após estabelecer o entendimento sobre signi�cado e signi�cante, é agora o momento de falarmos um pouco sobre a estrutura linguística nos seguintes quesitos: Modalidade oral e escrita Registro formal e informal Variedade padrão e não-padrão As estruturas linguísticas se modi�cam não somente através dos referentes, como já vimos, mas também através das modalidades: Oral: linguagem falada (espontânea) Escrita: linguagem que se utiliza de signos (planejada) Já quando falamos sobre registros estamos nos referindo ao: Formal: normalmente utilizado na escrita, mas há casos em que se utiliza a formalidade, como um discurso presidencial, por exemplo; Informal: a conversa do dia a dia, a troca de informações com pessoas que você convive e que não há exigência de formalidade. Já sobre a variedade, temos: Padrão: que é aquele estabelecido pela gramática e chamado também de norma culta e possui maior prestígio social; Não padrão: que é a linguagem do dia a dia e que não se remete à gramática para as construções. Portanto, quando pensamos em processo de signi�cação (levando-se em consideração o que vimos até aqui sobre signi�cado e signi�cante) é preciso estabelecer alguns critérios para o entendimento correto, o primeiro deles o referencial, ou seja, o contexto em que se está dizendo. Depois, no que diz respeito à estrutura linguística, podemos de�nir a diferença que há entre a oralidade e a escrita, a variedade e o padrão. SAIBA MAIS LITERATURA E LINGUÍSTICA LIMITES INTERDISCIPLINARES As investigações sobre o texto literário, realizadas conforme as linhas de orientação do método estruturalista, desenvolveram discussões acerca da literatura e de metodologias analíticas, pela apropriação de conceitos que já faziam parte do quadro categorial da Linguística. Na tentativa de detectarem os princípios reguladores do discurso literário, especialmente quando da abordagem das múltiplas narrativas, as propostas dos teóricos da literatura, elaboradas nas primeiras décadas do século XX, tiveram por base o legado do pensamento estrutural de Saussure. A Linguística que ele inaugura desenvolveu-se de modo dedutivo, por ter se constituído em uma ciência capaz de prescrever um princípio geral de classi�cação diante do heteróclito da linguagem. E se tal fato ocorreu, foi porque Saussure sabia bem da impossibilidade de se partir do estudo de cada uma das inúmeras línguas que teria que abarcar. Fonte: Maria Antonieta Jordão de Oliveira Borba (UERJ) ACESSAR REFLITA “Sem a linguagem, o pensamento é uma nebulosa vaga, inexplorada.” Ferdinand de Saussure http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/caderno04-08.html Nesta unidade pudemos entender algumas características abordadas pela linguística, especialmente no que tange ao processo de signi�cação das palavras, bem como sua aplicação referencial e contextualizada. Falar em forma, na linguística, é apontar as evidências abordadas por Saussure e entender como, de fato, ela funciona no dia a dia e no estudo da Língua. A linguística é uma ciência viva que estuda a língua em suas mais variadas vertentes, e mesmo que haja descobertas recentes e maneiras distintas de aplicá-la, �ca evidente que não há uma norma fechada e uma verdade absoluta quando se trata do estudo de algo que é social. E como tal não pode ser restrito, se o mundo se modi�ca ano após ano e a sociedadetambém, como podemos achar que a língua permaneceria intacta? Os amantes da língua sabem como trata-se de um organismo vivo e e�caz e que é completamente �exível e requer sempre possibilidades para se transformar. Leitura complementar Variação linguística e ensino de gramática Edair Maria GÖRSKI e Izete Lehmkuhl Coelho A variação social Essa variação (também conhecida como variação diastrática) está relacionada a fatores concernentes à organização socioeconômica e cultural da comunidade. Entram em jogo fatores como a classe social, o sexo, a idade, o grau de escolaridade, a Conclusão - Unidade 2 pro�ssão do indivíduo. São exemplos típicos de variação social: a vocalização do -lh- > -i- como em mulher/muié; a rotacização do -l- > -r- em encontros consonantais como em blusa/brusa; a assimilação do –nd- > -n> como em cantando/cantano; a concordância nominal e verbal como em os meninos saíram cedo/ os menino saiu cedo. Em relação à concordância verbal de terceira pessoa do plural, por exemplo, Monguilhott (2009), ao investigar a fala da região de Florianópolis, mostra uma correlação entre marcação de concordância e escolaridade. Os resultados apontam que os informantes mais escolarizados, independentemente da idade, preservam mais as marcas de concordância verbal. Velhos e jovens apresentam um aumento da marcação de concordância, de 67% para 88% e de 72% para 89%, respectivamente, com o aumento da escolaridade de fundamental para superior. Esses percentuais correspondem aos resultados de outros estudos que controlaram a escolaridade em amostras de outras regiões do Brasil (SCHERRE; NARO, 1997 e MONGUILHOTT, 2001). No entanto, a frequência de marcação da concordância cai consideravelmente quando o sujeito está posposto ao verbo, independentemente da escolaridade do informante. Tanto a variação geográ�ca como a variação social estão intimamente associadas às forças internas que promovem ou impedem a variação e a mudança e a identidade do falante. É como se o indivíduo, ao manifestar-se oralmente, já revelasse a sua origem regional e social. É como se ele, pela sua forma de falar, se identi�casse como pertencente ou não a determinada comunidade e a determinado grupo social. É nesse sentido que se diz que as regras variáveis podem ser motivadas extra- linguisticamente, além de linguisticamente. A variação estilística Também chamada de variação contextual ou de registro, essa variação se manifesta nas diferentes situações comunicativas no nosso dia-a-dia. Em contextos socioculturais que exigem maior formalidade, usamos uma linguagem mais cuidada e elaborada – o registro formal; em situações familiares e informais, usamos uma linguagem coloquial – o registro informal. Mas, o que observamos na prática é que as situações cotidianas de interação são permeadas por diferentes graus de formalidade, mais do que por uma oposição polarizada. A variação estilística é regulada pelos domínios em que se dão as práticas sociais (escola, igreja, lar, trabalho, clube, etc), pelos papéis sociais envolvidos (professor-aluno, pai-�lho, patrão-empregado, etc), pelo tópico (religião, esporte, brincadeiras, etc). O grau de variação será maior ou menor dependendo desses fatores. Na sala de aula, por exemplo, os professores tendem a usar uma linguagem mais monitorada do que os alunos. Esse monitoramento também está associado aos tipos de eventos. Encontramos maior ou menor monitoramento entre eventos que são mediados pela língua escrita e eventos mediados pela língua oral; entre eventos de explicação de um conteúdo e eventos de motivação; entre eventos de sala de aula e eventos dos corredores, e assim sucessivamente (BORTONI-RICARDO, 2004). Um exemplo de variação estilística é encontrado no trabalho de Arduin (2005). Ao estudar a variação entre os pronomes possessivos teu(s) e seu(s), a partir de amostras de fala da região Sul (projeto VARSUL), ela mostra que nas relações assimétricas de inferior para superior a forma teu é desfavorecida (apenas 44%) e a forma seu é a mais frequente, indicando um maior distanciamento entre os interlocutores, como se fosse uma forma de respeito. Nas relações assimétricas de superior para inferior a forma teu é a preferida (91%) e, nas relações simétricas, a forma próxima e solidária mais frequente é teu (91%). Esses resultados corroboram estudos de Loregian-Penkal (2004) sobre a variação estilisticamente marcada dos pronomes tu e você em Santa Catarina: tu usado geralmente em relações simétricas ou nas relações assimétricas de superior para inferior, enquanto você em relações assimétricas de inferior para superior, marcando relações de poder e solidariedade. Nas várias formas de interação, a língua que utilizamos muda, de alguma maneira, para adaptar-se ao interlocutor e ao contexto de situação. A variação, portanto, é inerente à fala e à própria comunidade de fala e está relacionada aos diferentes papéis sociais exercidos por cada um dos participantes. Livro http://www.uel.br/pos/ppgel/pages/arquivos/10749-39705-1-PB.pdf Filme Web Acesse o link http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario Unidade 3 Fundamentos da linguística descritiva AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos estudar as características da gramática prescritiva, chamada mais comumente de gramática normativa e também da gramática descritiva que, como o próprio nome diz, descreve as características da língua. Diferente da prescritiva, a descritiva se preocupa mais com o modo de como a língua é construída e não com o certo e o errado que a normativa traz em suas normas e regras rígidas. Depois, vamos conhecer ainda alguns outros tipos de gramáticas, além das duas que foram citadas no primeiro tópico. É importante saber que essa diferença entre as gramáticas se faz necessário para que haja um estudo completo e profundo da língua em sua totalidade, seja na escrita, na fala e nos seus contextos. No tópico 4 deste material, você encontrará ainda um plano de aula elaborado com o foco em análise linguística no gênero textual resenha crítica. O plano foi desenvolvido para o sexto ano do ensino fundamental 2, mas pode ser adaptado e reconstruído para as demais séries. Veremos, ainda, o que é e como acontecem os preconceitos linguísticos, tão comuns e muitas vezes feito sem que haja percepção, a�nal esse comportamento do brasileiro tem suas origens de anos e anos atrás. Aproveite e desfrute das informações aqui apresentadas, bons estudos! Descrição e prescrição AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Ao estudar linguística sabemos que muitos conceitos aparecem e que, inevitavelmente, recorremos a Saussure para identi�car as características dessa ciência. O pai da Linguística foi, de fato, o precursor dos estudos na área, mas anos após suas teorias novos conceitos foram aparecendo e novas perspectivas de se estudar a língua. Gramática prescritiva ou normativa O que estudamos na escola é o que a gramática prescritiva, ou seja, a normativa diz que é o “certo e o errado”. Ela é repleta de regras do que se deve ou não fazer, classi�cações, análises profundas e difíceis e que, na maioria das vezes, deixa os alunos com certa aversão ao estudo da língua (e não é para menos!). O que acontece é que todos nós carregamos uma bagagem social, costumes, cultura, tradições e que re�etem diretamente na nossa forma de comunicar. A comunicação pessoal ou familiar está diretamente ligada à nossa forma de agir em sociedade, e seria um grande equívoco dizer que aquilo que você aprendeu desde criança é certo ou errado se comparado à realidade comunicativa de outra pessoa. Veja o poema de Oswald de Andrade que trata bem essa questão do que é “certo e errado” segundo a gramática prescritiva/normativa e o modo de dizer: Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. Fonte: ANDRADE, Oswald. Obrascompletas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. Gramática descritiva A linguística descritiva é a prova de que essa forma diferente de analisar o estudo da linguagem se deu e é e�caz e, consequentemente, surge a gramática descritiva. Vamos analisar o nosso país: rico em cultura, regiões completamente distintas em costumes, repleto de sotaques e uso recorrente de palavras diferentes. Ora, se a língua é viva, como poderíamos analisá-la em uma única perspectiva em um país tão diversi�cado? Apontar o certo e o errado em questões de linguagem é como ensinar uma mãe a educar seu próprio �lho. A linguística descritiva tem como objetivo estudar o sistema linguístico funcional como as classes de palavras e suas unidades, mas além disso ela preocupa-se também com os sons que compõem as palavras e as regras relacionadas à sintaxe. Em termos gerais ela está cada vez mais disposta a estudar a classi�cação e a análise do objeto de fato, mas sem “julgar certo e errado”. A linguística descritiva traz na gramática descritiva duas divisões: Descrição formal: morfologia, fonologia e a sintaxe. Descrição semântica: regras de interpretação semântica e as relações entre a língua e o mundo extralinguístico. A Gramática Descritiva - é a descrição de como a língua funciona, do conjunto de regras que são usadas pelos falantes. Ao contrário da normativa, a gramática descritiva leva em consideração tudo aquilo que possa estabelecer uma comunicação, de acordo com determinada variedade linguística, ou seja, tudo o que está incluído no sistema. (FRAGA, 2011, online) Portanto, �ca evidente que a gramática descritiva não está interessada em dizer a ninguém como usar a língua, o que poderíamos entender até mesmo como um abuso de poder, mas sim está preocupada em descrever os modos como ela é usada na vida real. A primeira turma ergue muros entre certo e errado; a segunda dedica-se a demoli-los. Conceito de "Gramática" AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro É importante sempre lembrar que quando falamos de gramática o primeiro pensamento se remete à gramática normativa. E não está errado, a�nal é essa gramática que aprendemos a vida toda na escola. Mas, agora como estudantes da língua e da linguagem, não há como continuar a�rmando que a normativa (ou a prescritiva) é uma verdade absoluta, não é mesmo?! Para isso, separei a sinopse (entenda-se como uma dica de leitura também) de um livro do Professor Sírio Possenti, chamado “Por que (não) ensinar gramática na escola”: Sinopse: O livro expõe questões relativas à natureza e ao aprendizado das línguas, destacando os fatores internos e externos da variação linguística, a natureza das gramáticas "naturais", dos "erros" dos aprendizes ou falantes, e aspectos do funcionamento da língua ligados aos contextos e valores sociais. Expõe e exempli�ca, ainda, os conceitos de gramática normativa, descritiva e internalizada, e apresenta algumas sugestões práticas de como trabalhar em sala de aula a partir da produção do aluno. Na unidade anterior vimos como se divide a gramática descritiva da tão conhecida prescritiva, mas qual seria a de�nição ou o conceito de gramática? Vamos recorrer ao dicionário: Signi�cado de Gramática s.f.: Conjunto de princípios que regem o funcionamento de uma língua, determinando o uso considerado correto de uma língua. Mas, há ainda a de�nição segundo a linguística: [Linguística] Estudo sistemático, descritivo e analítico do que compõe uma língua, suas frases, palavras, fonemas, processos de derivação, de �exão etc. É notório que a de�nição de gramática se estabelece de maneiras diferentes em determinados aspectos, para o conceito geral trata-se das regras da normativa, mas sob a perspectiva linguística, vai muito além de imposições entre certo e errado e abrange descrições, processos de construções, etc. Vamos ver cinco concepções e tipos de gramáticas que podemos encontrar: É relevante, ainda, ressaltar, que o uso das gramáticas é importante, mas apenas o seu manuseio não fará de você “um senhor da verdade absoluta”: Quadro 1: Tipos de Gramáticas Gramática Normativa: Utilizada em sala de aula, ela busca a padronização da língua, indicando através de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Sua abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos os falantes da língua. Gramática Descritiva: Analisa um conjunto de regras que são seguidas, considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, extrapolando os conceitos que de�nem o que é certo e errado em nosso sistema linguístico. Gramática Histórica: Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os estudos diacrônicos. Gramática Comparativa: Estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas são feitas com as línguas românicas. Gramática internalizada: Conjunto de regras que o falante domina e utiliza na comunicação, de maneira que as frases e sequências das palavras são compreensíveis e reconhecidas como pertencendo a uma língua e não é ensinada de forma convencional. Para se provar a existência da gramática internalizada, há dois fatores linguísticos: a aprendizagem por repetição, ouve-se a fala de outrem e se reproduz o que ouviu, aplicando as “regras”, que são observadas por comparações; outro fator é a hipercorreção gramatical. Fonte: acesse o link Disponível aqui https://www.portugues.com.br/gramatica É importante também ter a consciência de que “saber gramática” não implica necessariamente em “falar bem” ou “escrever corretamente”. Isso é só mais um dos muitos mitos que compõem o preconceito linguístico tão vigoroso em nossa sociedade. Se o conhecimento da gramática normativa garantisse o “escrever bem”, todos os professores de língua seriam excelentes escritores, prosadores criativos... Isso não acontece, não é? Os gramáticos, então seriam os maiores artistas da língua! Ora, sabemos que não é bem assim. Aliás, muito pelo contrário: a maioria dos gramáticos escrevem num estilo rebuscado, empolado, pouco ágil, usando recursos retóricos antiquados, justamente porque se apegam demais à tradição (Bagno, 2004, p. 160). E você, já tinha ouvido falar nas outras formas de gramática?! Fatos, dados e hipóteses na análise linguística AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Quando se fala em análise linguística estamos nos referindo ao estudo da língua, ou seja, estamos dizendo que determinada língua poderá ser analisada de vários níveis, a saber: Níveis de análise linguística Fonética/ Fonologia: fonética estuda os sons produzidos pela fala e a fonologia é o sistema sonoro de um idioma; Morfologia: estudo da estrutura e formação das palavras; Sintaxe: estuda a disposição das palavras nas frases; Semântica: é o estudo dos signi�cados A partir dos conceitos de�nidos dos níveis da análise linguística, �ca mais fácil entender como podemos fazer essa análise. Há, portanto, algumas maneiras de analisar algo linguisticamente: Através de enunciados da fala: se optarmos por analisar a fala é importante observar o grupo de falantes que escolhermos, bem como suas características. Lembre-se de que na análise linguística não há o certo e o errado, mas sim há modos diferentes de se comunicar e se expressar, principalmente se nossa análise for verbal/oral; Através de textos escritos: já ao analisar os textos escritos é preciso �car atento ao gênero textual, as escolhas de vocabulário, o estilo da escrita, o contexto situacional, bem como todos os fatores que possam interferir nessa análise. Critérios para uma análise linguística Antes de escolhermos, de fato, nosso corpus de análise, ou seja, nosso objeto de estudo, é importante �car atento aos critérios que nos norteará para o estudo. Na unidade I deste material abordamos os conceitos estabelecidos entre senso comum e ciência, até chegarmos à concepção de que a linguísticaé uma ciência nova e viva. Como tal precisa ser analisada de foram coerentes e para que as nossas análises sejam compreendidas e e�caz vamos dividir em três partes: fatos, dados e hipóteses: Fatos Podemos entender como fato tudo o que é verídico, ou seja, o que aconteceu no nível real, o que não é inventado. Por isso, um dos critérios de análise linguística deve se basear em fatos, e não estamos nos referindo somente a acontecimentos, mas sim em algo concreto. Por exemplo, um diálogo é um fato, bem como um poema também é. Desde que seja algo que exista, de fato, já pode entrar para nossa análise; Dados: Outro critério não menos importante é a dos dados. Quando temos informações baseadas em dados e registros tudo �ca ainda mais fácil de se analisar. Como toda e qualquer ciência necessita de registros e dados, na linguística também é importante que haja, ainda mais se sua análise se tratar de algum evento ou acontecimento histórico; Hipóteses: As hipóteses são importantes para que possamos organizar nossa análise. O levantamento de hipóteses é fundamental para que essas “perguntas” sejam respondidas ao longo da análise. Toda pesquisa requer hipóteses, a�nal, se há perguntas sobre o assunto deverá haver respostas ou, ao menos, sugestões para que haja soluções do que nos propomos a analisar. Coleta de dados e a construção do corpus de análise AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Neste tópico vamos nos atentar a um exemplo prático de análise linguística. Antes, porém, vamos apenas conceituar o que seria o nosso corpus de análise: Corpus de análise: podemos dizer que são os materiais mais importantes e de fontes con�áveis para que o pesquisador fundamente seu texto, adequado, portanto, ao que se pede no caráter cientí�co. Logo, podemos entender que o corpus em qualquer pesquisa é a parte fundamental, ou seja, o material selecionado para análise efetiva do que nos propomos a fazer. Mas, na linguística há o que chamamos de Linguística de corpus. Veja a de�nição do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD): Linguística de Corpus é a área da Linguística utilizada para coleta e análise de bases com dados textuais produzidos por falantes reais, a exemplo de discursos, debates em mídias digitais, textos históricos, e outras formas de produção, como as transcrições de entrevistas para análises posteriores. Em Linguística de Corpus, estas bases de dados textuais são objetos de pesquisa chamadas de Corpus. Corpora é o plural de corpus – conjunto de dados linguísticos pertencentes ao uso oral ou escrito da língua e que podem ser processados por computador. Contamos com suporte da tecnologia na Linguística de Corpus para potencializar as análises, usando ferramentas como concordanciadores, corpora online, programas de análise e comparação, dentre outros. O entendimento deste método de pesquisa tem sido cada vez mais observado com atenção no mercado, assim como na academia, em pesquisas sociais, sociolinguísticas, educacionais, etc., que utilizem as metodologias da Linguística de Corpus para sustentar análises e resultados de suas respectivas áreas. (IBPAD, 2018, online). Portanto, o que de fato nos interessa aqui é o que a linguística de corpus nos propõe, e para tal criamos um plano de aula que poderá ser adaptado de acordo com a temática trabalhada em sala e a realidade da sua turma: A análise linguística proposta aborda os critérios estabelecidos pela semiótica, esta que é: A semiótica provém da raiz grega ‘semeion’, que denota signo. Assim, desta mesma fonte, temos ‘semeiotiké’, ‘a arte dos sinais’. Esta esfera do conhecimento existe há um longo tempo, e revela as formas como o indivíduo dá signi�cado a tudo que o cerca. Ela é, portanto, a ciência que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem fenômenos produtores de signi�cado, neste sentido de�ne a semiose. Ela lida com os conceitos, as ideias, estuda como estes mecanismos de signi�cação se processam natural e culturalmente. Ao contrário da linguística, a semiótica não reduz suas pesquisas ao campo verbal, expandindo-o para qualquer sistema de signos – Artes visuais, Música, Fotogra�a, Cinema, Moda, Gestos, Religião, entre outros. (SANTANA, 2018, online). Portanto, nossa análise linguística baseada no plano de aula para uma turma de sexto ano do ensino fundamental 2 deve ser aplicada buscando todos os contextos que o texto, imagem, gesto ou qualquer que seja o objeto analisado, traz. Primeira parte: reconhecer as características de uma resenha crítica, se preferir anote em tópicos para facilitar o entendimento junto ao aluno; Quadro 2: Plano de Aula com Análise Linguística PLANO DE AULA Título da aula: Resenha crítica – Análise Linguística/Semiótica Finalidade da aula: Identi�car os recursos linguísticos que compõem o gênero resenha crítica e incentivar a criticidade do aluno na produção do gênero Ano: 6º ano do ensino fundamental 2 Gênero: Resenha crítica Objeto de conhecimento: Forma de composição do texto Prática de linguagem: Análise Linguística/ Semiótica Fonte: a autora Segunda parte: ler o texto que será analisado (ou, se for o caso, assistir ao vídeo ou �lme) mais de uma vez para que haja �xação das informações. No caso do texto escrito é fundamental destacar os pontos importantes, o que pode ser feito através de canetas coloridas ou algo que chame a atenção para tais informações. Aqui é que serão levantadas características quanto ao comportamento das personagens, personalidades, gestos, cenários, cores, intenções, contextos, en�m, tudo o que for importante para relacionar as ações devem ser anotadas e/ou destacas; Terceira parte: fechamento das ideias levantadas. Após realizar as anotações importantes sobre o gênero resenha, bem como das informações relevantes do objeto analisado, é hora de produzir. O professor será o mediador nessa construção, o aluno deverá analisar as ideias apontadas na primeira parte e correlacionar com as da segunda parte, para que assim seja construído o texto de acordo com as análises linguísticas que foram apontadas. Fatos e preconceitos linguísticos AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Segundo o Professor Marcos Bagno (1999) o preconceito linguístico pode ser de�nido como todo juízo de valor negativo (de reprovação, de repulsa ou mesmo de desrespeito) às variedades linguísticas de menor prestígio social. Um país tão diversi�cado como o Brasil possui, obviamente, uma enorme variação linguística, seja ela regional ou até mesmo variações ligadas à religião. Vamos conhecer alguns tipos de preconceitos linguísticos: Preconceito socioeconômico Um dos tipos de preconceitos linguísticos mais comuns, mas que não deveria existir é o que está relacionado às pessoas de classes sociais mais pobres que, pelo seu contexto de vida, não tiveram acesso à educação ou não tiveram chances de estudar adequadamente. Seu conhecimento é limitado e sua forma de comunicação acaba re�etindo essa lacuna social, na prática, essas pessoas se tornam marginalizadas e não conseguem ingressar em determinadas pro�ssões com bons postos no mercado de trabalho. Preconceito regional Assim como o preconceito socioeconômico, o regional também acarreta inúmeros problemas na relação com o mercado de trabalho. Os indivíduos que residem em regiões menos favorecidas acabam sendo marginalizados por aqueles que residem em regiões de maior ascensão econômica do país. Preconceito cultural Outro tipo de demonstração medíocre do preconceito linguístico é através do “julgamento” de determinados gêneros musicais ou grupos sociais considerados marginalizados. Essa aversão acontece por parte da elite intelectual que normatiza o que é e o que não é bom “culturalmente”. Estilos como o sertanejo e o rap sempre foram alvo de preconceito por trazer marcas da oralidade e, muitas vezes, até com gírias e jargões especí�cos. Racismo Palavras de origem africana ainda trazem essa herança racista que há no Brasil. Termos como “macumba”, por exemplo, é um instrumento musicalutilizado em cerimônias religiosas, mas no Brasil está ligada à magia negra, satanismo ou feitiçaria. Prova viva de que há, sim, preconceito com alguns termos da cultura afro. Fica evidente, portanto, que o preconceito linguístico acontece quando há intolerância das mais variadas áreas, sejam elas sociais ou culturais, e esse costume está enraizado no Brasil desde que algumas classes sociais julgavam os costumes de outras como certas ou erradas. Em tempos em que a diversidade é cultuada e as pessoas estão cada dia mais confortáveis para se expor, não há como nós, estudantes da língua e amantes da diversidade de possibilidades criar um critério de juízo ou de verdade absoluta para o que deve ou não deve ser feito. SAIBA MAIS Leia o texto de Drummond e veja os exemplos de variações linguísticas no âmbito histórico: ANTIGAMENTE Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas �cavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água. (...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres �cava sentida com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu �lho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias. (...) Antigamente, os sobrados tinham assombração, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-gato (...) não havia fotógrafos, mas retratista, e os cristãos não morriam: descansavam. Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora. " Carlos Drummond de Andrade REFLITA “O papel característico da linguagem com relação ao pensamento não é criar um meio fônico material para expressar ideias, mas servir como um elo entre pensamento e som." (Ferdinand de Saussure) Nesta unidade pudemos conhecer os tipos de gramáticas que temos à disposição sobre o estudo da língua. Desde a normativa, que é a que mais conhecemos e estudamos na escola até mesmo as características da histórica que analisa fatos e acontecimentos. O conceito que temos de gramática é, na maioria das vezes, super�cial e levamos em consideração somente o que aprendemos na normativa. Consequentemente, esse ensinamento somente através da gramática normativa nos leva a um grande equívoco, na maioria das vezes inconsciente, que é do preconceito linguístico. Essa de�nição de certo e errado que aprendemos na gramática normativa é transpassado para a oralidade e �camos cada vez mais presos a essas normais, deixando de lado o que a língua realmente é: VIVA! Diante disso, é evidente que tais preconceitos linguísticos devem ser aniquilados do nosso cotidiano, passando a ser um exercício diário o aprendizado de que a diversidade linguística existe e precisa ser respeitada. Leitura complementar A variação linguística e o preconceito linguístico no âmbito escolar Samuel Santos Joice Lima Santana André Luiz Ferreira Santana O trabalho com o ato comunicativo e, sobretudo, com variantes e variáveis na perspectiva da sociolinguística busca amenizar essa problemática, que, intoleravelmente, está embutida na esfera social, uma vez que a hegemonia da norma gramatical atrelada ao certo e errado é uma das grandes responsáveis por esse problema social. Assim, a�rma Bagno (1999): O preconceito linguístico está ligado, em boa medida à confusão que foi criada, no curso de história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo...Também a gramática não é a língua. A língua é um enorme iceberg �utuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele, a chamada norma Culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos , mas é parcial( no sentido literal e �gurado do termo) e não pode ser autoritariamente aplicada a todo resto da língua – a�nal, a ponta do iceberg que emerge representa apenas um quinto de do seu volume total. Mas é essa aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia gerada pelo preconceito linguístico. (BAGNO, 1999, p. 9-10). Notoriamente, a tônica do preconceito linguístico está alicerçada nas entranhas da gramática normativa, logo, a ciência linguística busca uma diminuição nessa problemática, mas é perceptível grande resistência por parte dos pro�ssionais de língua portuguesa, que encaram a normatividade gramatical como a perfeição da Conclusão - Unidade 3 linguagem. Com esse fato, se concretiza o desmerecimento da diversidade linguística, que é plural na esfera brasileira. Disponível em: ACESSAR Livro Filme Acesse o link https://eventos.set.edu.br/index.php/enfope/article/viewFile/1238/279 https://www.youtube.com/watch?v=JBmLzbjmhhg&t=2s Web Acesse o link http://museudalinguaportuguesa.org.br/ Unidade 4 Princípios de análise linguística AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer algumas características das regras das línguas e como analisar linguisticamente alguns termos. Os aspectos formais e de conteúdo da língua analisados sob a perspectiva sintática e semântica também são relevantes para uma boa análise de conteúdo. Outro fator importante, é que nessa unidade veremos com mais detalhes as características da Linguística Descritiva e como ela se opõe à gramática normativa, mostrando que não há certo e errado nas construções comunicativas. Os conceitos de palavras, lexemas e sintagmas também serão explanados sob a teoria de Noam Chomsky e o sistema arbóreo que nos mostra a divisão sintagmática. Sujeito e predicado é o nosso assunto no último tópico, apresentando os tipos de sujeito, bem como os tipos de predicado. Essas concepções são importantes para que seja possível realizar a análise linguística de forma adequada e entender que enquanto ciência, a Linguística é indispensável para o estudo da língua em seus mais variados aspectos. Princípios de análise: regras das línguas e regras linguísticas na descrição dos fatos linguísticos AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Vimos até agora os conceitos e características da linguística enquanto ciência e de como ela pode ser entendida sob vários pontos de análise e estudo da língua. Nesta unidade vamos �nalizar o assunto de forma mais prática, apontando alguns conceitos, mas evidenciando também exemplos para que seja possível identi�car a maneira de se fazer uma análise linguística. Para isso, dividimos a linguística em partes. A saber: Linguística Geral: Como o próprio nome diz, é a área que estabelece os conceitos gerais dessa ciência, ela estuda de maneira global as análises e foca nos primeiros conceitos da temática. Como não poderia deixar de ser, Ferdinand de Saussure é o principal nome da linguística geral e os conceitos que temos dela vieram dele a partir da obra Curso de Linguística Geral”. Nesse livro Saussure nos traz os conceitos de: língua, fala, signo linguístico, signi�cante, signi�cado, sintagma, sincronia e diacronia. Essa é a base de todo o conhecimento que temos sobre a ciência. Linguística Aplicada: Aqui nessa categoria da linguística ela se preocupa mais com as traduçõesdos textos e com os problemas que possam surgir no que diz respeito ao ensino de línguas de modo geral. Linguística Sincrônica: É aquela também chamada de linguística descritiva (e vamos vê-la com mais profundidade nos próximos tópicos), aqui observa-se as falas e as analisa ao mesmo tempo. Linguística Diacrônica: Pode ser encontrada também como linguística histórica, a análise aqui é feita através das manifestações linguísticas que são recolhidas ao longo do tempo e através dos fatos. Linguística Textual: Como o próprio nome sugere, ela contempla as análises dos textos com o foco no processo comunicativo que há entre o escritor e o leitor do texto. Aqui nesse tipo de análise linguística é evidenciado aspectos de coesão textual, como intertextualidade, contexto e informações. Língua e signi�cação: Aspectos formais e de conteúdo (sintaxe e semântica) AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Quando passamos a estudar a língua em seus vários aspectos tomamos conhecimento das várias formas que esta pode se apresentar, ou até mesmo ser analisada. Vamos entender aqui como essa divisão do estudo da língua acontece: Quadro 1: Divisão do Estudo da Língua Divisão do Estudo da Língua Fonética: na parte da fonética podemos conhecer o conceito de fonema, aparelho fonador e classi�cação dos fonemas. Aqui também estudamos os encontros vocálicos (ditongo, tritongo e hiato) e consonantais (perfeitos e imperfeitos), etc. Morfologia: é parte da língua que se atenta a estudar os morfemas e estrutura das palavras (raiz, radical, tema, a�xos, desinência, vogais temáticas) e traz as características das classes gramaticais (substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, conjunção, preposição, interjeição). Sintaxe: é a porção da língua que estuda a maneira com que se organizam e relacionam as palavras em uma oração. Temos aqui os termos essenciais (sujeito, predicado, tipos de sujeito, classi�cação dos verbos [VTD, VTI, VTDI] entre outras características.) Semântica: é a parte da língua que se atém ao estudo dos signi�cados, ou seja, os sentidos que elas podem se apropriar de acordo com o contexto que estão inseridas (sinônimos, antônimos, parônimos, denotação e conotação, etc.). Fonte: a autora Análise linguística e suas ferramentas de análise na linguística descritiva AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro A gramática descritiva é diferente da que conhecemos da gramática normativa por se preocupar mais com questões de interpretação do que com regras e normas e o que é “certo e errado”. É o estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, como meio de comunicação entre seus falantes. Diferente da Gramática Normativa que analisa as regras da língua, a Gramática Descritiva estuda a língua escrita e falada, independente da formalidade. A Gramática Descritiva nada mais é do que a descrição da estrutura e funcionamento da língua, desde sua forma e função até estabelecer suas regras de uso, ou seja, o que é gramatical e o que não é gramatical. (MATTOSO, 2004, p. 11). Ela se divide em formal e semântica: Descrição formal: que é aquela que apresenta a morfologia, fonologia e a sintaxe da língua; Descrição semântica: regras de interpretação semântica e a relação entre a língua e o mundo extralinguístico. Mostra ainda o léxico, que é o estudo das classes de palavras (que na gramática normativa seria a morfologia, mas aqui é diferente). A sintaxe estuda a formação interna das frases e os fatos sintáticos: 1) Posição linear: é a posição que uma unidade ocupa dentro de uma frase em relação às outras unidades. Exemplo: João entregou o relatório atrasado para seu chefe. João entregou o relatório para seu chefe atrasado . Essa mudança de posição traz também mudança de sentido, e é isso que a posição linear estuda. 2) Correspondência: é a propriedade que demonstra uma a�nidade formal entre frases e palavras. Aqui vamos encontrar grupos de correspondências, e um deles é o topicalizado. Que é quando o tópico é o assunto principal dentro de uma mensagem. Veja o exemplo: A mãe levou o �lho ao cinema hoje . Hoje , a mãe levou o �lho ao cinema. A evidência dada na palavra “hoje” faz dele o tópico principal e destacado, ou seja, ele está topicalizado, evidenciado, e sempre haverá um motivo para essa ênfase. Na prática, a GD (gramática descritiva) analisa de forma mais abrangente os elementos da mensagem. Veja: A gramática descritiva é importante para a análise mais prática da linguagem, mas apesar de ser uma boa ferramenta para desenvolver capacidades interpretativas, é importante que se faça uma transposição didática caso deseje fazer o uso da GD no ensino fundamental ou médio. Quadro 2: exemplo de análise descritiva Lucas consertou o computador sintático Sujeito objeto direto semântico Agente paciente Fonte: a autora Palavras, lexemas e sintagmas AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Para a linguística a de�nição de alguns conceitos são extremamente importantes para que seja possível fazer uma análise mais detalhada, portanto temos: Palavra: para a linguística o conceito de palavra se encontra sob os critérios: semântico, fonológico e sintático Semântica: signi�cado Fonológico: sons Sintático: combinação Lexema: unidade mínima de natureza não gramatical, ou seja, são palavras que recebem su�xos �exivos e pertencem à mesma classe gramatical. Exemplo: Cantor, Cantora, Cantores, Cantoras fazem parte do mesmo lexema, pois são de mesma classe (verbos) e se diferem apenas por su�xos Sintagma: para a gramática tradicional, a sintaxe é a parte que estuda os vocábulos classi�cando-os em sujeito, predicado, objeto (direto e indireto), complemento nominal, aposto, vocativo, adjunto adnominal, adverbial, entre outros. Se analisarmos os mesmos aspectos sob a ótica da Linguística, vamos encontrar a Gramática Sintagmática, que tem como objetivo estudar tais características de forma mais simples Vale lembrar que a características do sintagma depende do seu núcleo, portanto temos o sintagma nominal, quando o núcleo for um nome; sintagma verbal, quando o núcleo for um verbo; sintagma adjetival, quando o núcleo for um adjetivo. Mas há ainda aqueles chamados de sintagmas preposicionados, geralmente constituídos de uma preposição + um sintagma nominal. Uma das teorias da Linguística é a de Avram Noam Chomsky (1965), um professor e �lósofo estadunidense, chamada de “diagrama arbóreo", nesse sistema os sintagmas aparecem da seguinte maneira: * Sintagma nominal (SN); * Sintagma adjetival (SA); * Sintagma verbal (SV); * Sintagma preposicional (SP); * Nome (N); * Pronome (pro); * Determinante (Det); * Modi�cador nominal (MOD) * Oração (O) Figura 1: sistema arbóreo O V SVSN Det N MOD SA Adj. Os estudantes brasileiros morreram Fonte: acesse o link Disponível aqui O sistema arbóreo, como �cou conhecido, é utilizado para uma análise mais profunda das frases e orações. Ele determina de forma mais detalhada a classi�cação de cada um dos elementos dispostos nos termos. https://letraseinglesunip.blogspot.com/ Funções e categorias gramaticais: a importância do processo de classi�cação AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Sabe-se que a Gramática normativa segue as regras da NGB - Nomenclatura Gramatical Brasileira – de�nindo as classes gramaticais em 10 partes. Sendo: Já a linguística ou as demais gramáticas tratam dessa divisão de maneira um tanto equivocada, dividindo em classe e função: Se o vocábulo apresenta forma, função e sentido, é lógico que os critérios mór�cos, sintáticos e semânticos se con�itam nessa tentativa de classi�cação. Contudo, não se pode confundir classe com função, como é o caso da NGB. O nome, o pronome e o verbo são classes. O substantivo, adjetivo e advérbio são funções. As classes são estudadas na morfologia. As funções são estudadas na sintaxe. A diferença entre classe e função, linguisticamente falando, é que a “classe” é identi�cada por critérios mór�cos e semânticos; a “função”
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