Buscar

848_Geomorfologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 129 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Geomorfologia
Créditos e Copyright
CORONA, Clay Diegues
                   Geomorfologia.  Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2008. 132p. (Material didático. Curso de geografia).
                 Modo de acesso: www.unimes.br
                  1. Ensino a distância.  2. Geografia.   3. Geomorfologia.  I. Título
                                                                                               CDD 910
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.
Copyright (c) Unimes Virtual
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.
 
 
Sumário
Aula 01_A Ciência Geomorfológica - Conceitos	5
Aula 02_Métodos e Técnicas empregadas	7
Aula 03_Evolução das Concepções	10
Aula 04_Sistemas em Geomorfologia	14
Aula 05 _A Origem da Terra e a sua Formação	21
Aula 06_A Coluna Geológica	27
Aula 07_A Dinâmica da Litosfera	30
Aula 08_A Teoria da Deriva Continental	33
Aula 09_As Formas e a Gênese do Relevo Terrestre	38
Aula 10_Macroformas do Relevo Submarino	40
Aula 11_Os Processos Endógenos na Geração das Formas do Relevo	43
Aula 12_As Atividades Vulcânicas e o Vulcanismo no Brasil	45
Aula 13_Abalos Sísmicos: Terremotos e Maremotos	47
Aula 14_Os Processos Exógenos na Esculturação	50
Aula 15_O Trabalho Geológico do Gelo e do Vento	53
Aula 16_Os Compartimentos do Relevo	60
Aula 17_Formas Residuais, Isoladas,Tabuliformes e Cuestas	66
Aula 18_As Estruturas e as Formas do Relevo Brasileiro	70
Aula 19_As Classificações do Relevo Brasileiro	74
Aula 20_Potencialidades: Paisagens Brasileiras	78
Aula 21_Nos Vastos Espaços dos Cerrados	82
Aula 22_Caatinga: O domínio dos Sertões Secos	87
Aula 23_Amazônia Brasileira: Um Macrodomínio	90
Aula 24_Planaltos de Araucárias e Pradarias Mistas	95
Aula 25_Relictos, Redutos e Refúgios	98
Aula 26_A Classificação do Relevo Brasileiro segundo Jurandyr Ross	102
Aula 27_Unidades do Relevo Brasileiro	106
Aula 28_Noções de Pedologia: A Importância dos Solos	110
Aula 29_Os Processos de Erosão e a Necessidade de Proteger e Conservar os Solos	115
Aula 30_A Representação do Relevo Terrestre	119
Aula 31_Confecção de maquetes	123
Aula 32_Geomorfologia na solução dos problemas ambientais	125
Núcleo de Educação a Distância
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
Aula 01_A Ciência Geomorfológica - Conceitos
 
Em nossa primeira aula teremos como desafio entender a conceituação da Ciência Geomorfológica bem como a suas divisões e aplicações. Vamos iniciar esse desafio!
 
Geomorfologia: A ciência que estuda as formas do relevo
A Geomorfologia é uma ciência da Terra, semelhante às outras geociências. Tem seus princípios básicos, leis gerais e objeto próprio. Usa métodos e técnicas específicas.
Seus princípios fundamentais são: causalidade (explicação), extensão (correlação) e localização. Tais princípios são utilizados para descrever, classificar e explicar.
 
Objetivo Específico
A Geomorfologia procura entender a forma da Terra e os processos que operam na sua superfície. O campo de estudo geomorfológico é a superfície em contato que une a litosfera, atmosfera, hidrosfera e biosfera. Sendo uma superfície de contato, a litosfera é o reflexo do equilíbrio entre as forças do seu interior (forças endógenas) e as forças externas (forças exógenas, referentes à atmosfera, hidrosfera e biosfera). Esse campo é dinâmico, existe reação e ação dessas forças. Um campo de grandes e profundas interferências.
A análise e o estudo desses fenômenos seguem dois aspectos básicos: o estático e o dinâmico. Na realidade esses são os dois objetivos da Geomorfologia. 
No primeiro objetivo, o estático – a Geomorfologia fornece a descrição explicativa e um levantamento das formas, portanto, se preocupa com a anatomia da paisagem. 
No segundo objetivo, o dinâmico – a Geomorfologia analisa os processos que operam na superfície terrestre, portanto se preocupa com a fisiologia da paisagem.
 Figura 01 – Os grandes conjuntos do mundo natural
Fonte: DREW, Davi, PROCESSOS INTERATIVOS HOMEM-MEIO AMBIENTE, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989
Conhecemos nesta aula um pouco da geomorfologia e sua importância. Até a próxima aula!
Aula 02_Métodos e Técnicas empregadas
 
Esta aula tem como objetivo apresentar os métodos e as técnicas no estudo da ciência Geomorfológica, importante para o seu entendimento e a sua atuação no campo das chamadas Geociências.
A Geomorfologia assim como as demais ciências da Terra usam técnicas cartográficas e estatísticas, auxiliares na explicação e interpretação das formas do relevo e como documentos de base, mapas e dados de sensores remotos. As cartas topográficas e a foto interpretação são necessárias para a elaboração de mapas geomorfológicos.
Dentre os métodos mais usados destacam-se:
 
· Abordagem teórica de um problema – significa a análise dos fatores envolvidos na solução. Tais fatores são medidos no campo em fórmulas físicas e matemáticas;
· Observação no campo – pode ser feita de diversas formas com finalidades específicas: testar os trabalhos teóricos e observar quantitativamente e através de instrumentos de precisão;
· Experimentos – podem ser levados a efeito no campo ou no laboratório (utilizando escala reduzida);
· Método empírico quantitativo – é um método auxiliar na observação. Utiliza uma série de variáveis que não permitem uma conclusão sem o estabelecimento das relações entre elas. As relações empíricas são de grande valor, pois, constituem um meio e não um fim;
· Métodos de correlação geomorfológica e interpretação paleogeográfica - através de métodos geométricos (gráficos, perfis, levantamentos altimétricos e mapeamentos de níveis); métodos sedimentológicos (permitem relações dinâmicas e genéticas, permitem a datação) e métodos geocronológicos (permitem a datação da vida e da Terra).
Para entendermos todos os métodos empregados pela Geomorfologia precisamos observar suas relações com algumas importantes ciências que compõem o grupo das chamadas Geociências.
A Geomorfologia é considerada uma ciência – ponte, pois seu objeto de estudo é o conhecimento da superfície de contato entre fenômenos de natureza diferente. Por ser uma ciência de ligação, a Geomorfologia é analítica e sintética. A natureza sintética decorre dos contatos com outras especialidades.
Os estudos da Sedimentologia têm como objeto as características da rocha sedimentar, a origem do material que a compõe, a maneira como foi acumulada e os processos de transformação pelos quais passou. Esses estudos em estágios iniciais se colocam sob a dependência estreita da Geomorfologia. Os estudos a respeito da granulometria do material rochoso estão diretamente ligados aos processos climáticos, combinados com as influências orográficas. Fora da litogênese, a sedimentologia é parte integrante da geomorfologia porque os materiais que dão origem a rochas sedimentares fazem parte do circuito geomorfológico.
Existe uma estreita relação entre a Pedologia e a Geomorfologia, segundo alguns autores, a Pedologia seria integrada à Geomorfologia e não um estudo particular, por outro lado, na Ex - URSS os pedólogos são considerados fundadores da Geomorfologia. Durante décadas as ciências tomaram caminhos divergentes em relação ao estudo dos solos. Pode-se afirmar que a Geomorfologia não está à frente da Pedologia ou vice-versa, mas sim que existe uma interação entre as duas. Os pedólogos reconhecem a influência do fator geológico na formação dos solos, porém devem levar em conta que os solos se formam também dentro de uma evolução morfogenética. Por outro lado, os geomorfólogos devem considerar que as características do solo comandam os processos de erosão. Assim sendo, vemos uma estreita relação entre a Geomorfologia e a Pedologia. Essa relaçãotambém se estende à possibilidade de um trabalho de equipe: a descrição quantitativa e minuciosa das características dos solos ao lado dos processos morfogéticos, influem no aspecto dinâmico do relevo.
Considerando que o objeto de estudo da Geomorfologia é o relevo terrestre e considerando a sua formação, a Geofísica e a Geologia são ciências importantes para o estudo geomorfológico. Nos estudos da Geofísica nos interessa, por exemplo, dados referentes às medidas de deformações atuais, métodos de prospecções e de outros desequilíbrios terrestres. Nos estudos da Geologia, as contribuições são imensas notadamente no conhecimento da dinâmica interna e externa da crosta terrestre.
Ainda dentro dessas contribuições e relações com outras ciências, vale lembrar o papel da Oceanografia fornecendo dados da ação dinâmica das águas oceânicas, indispensáveis no estudo da morfologia litorânea. A hidrologia fluvial, ramo da Geografia Física, tem estreita relação com a Geomorfologia e ambas se completam, considerando dados hidrográficos. Importantes, a saber: características de leitos fluviais, configuração das bacias e dos depósitos.
Finalizando, observamos ainda uma relação marcante com a Climatologia, Botânica e Biogeografia. A Climatologia fornece dados de frequências sobre ambientes ecológicos e a análise dos processos morfoclimáticos. A Botânica e a Biogeografia têm em comum o estudo dos seres vivos que nada mais são do que agentes essenciais da morfogênese: o meio geomorfológico é um dos elementos do quadro ecológico que regula a distribuição dos seres vivos.
Conhecemos nesta aula um pouco dos Métodos e Técnicas empregadas no Estudo Geomorfológico.
Até a próxima aula!
Aula 03_Evolução das Concepções
 
Nesta aula abordaremos, dentro da história, as diversas concepções sobre o relevo terrestre, pois sabemos que a geomorfologia tem como objeto de estudo o relevo e as suas formas. Observe o processo e todas as curiosidades no estudo do relevo, ao longo dos séculos.
A partir de meados do século XIX, os conhecimentos sobre as ciências da terra, aos quais se inclui a geomorfologia, avançaram de forma significativa. É fato notório que as raízes desse conhecimento encontram-se no Renascimento com as observações de Leonardo da Vinci, engenheiro e artista plástico, dentre outros, sobre o material marinho (conchas) encontrado nos Montes Apeninos, em grandes altitudes. Tais observações permitiram concluir que ocorreu um grande levantamento de terras que antes eram partes do fundo do mar.
Até o final do século XVII, o conhecimento científico ficou limitado pela crença de elementos catastróficos para explicar os fatos observados na superfície terrestre. Na segunda metade do século XVIII, James Hutton propõe o princípio do atualismo, onde a corrente defendia que “o presente é a chave do passado”, princípio que foi a base da pesquisa em Geologia e Geomorfologia. A ciência geomorfológica evoluiu graças à pesquisa de Alexandre Surrell, que estabeleceu as leis da morfologia fluvial. (O conceito de perfil de equilíbrio e a tensão regressiva).
A partir do final do século XIX, a morfologia fluvial sofreu um grande avanço com os estudos elaborados por Gilbert (1877) que estabeleceu mais três leis (da declividade, da estrutura e dos divisores), mas o apogeu dos conhecimentos geomorfológicos se dá com os estudos de Willian Morris Davis, no final deste mesmo século.
Davi estabeleceu a interpretação do relevo, através de uma concepção finalista, onde todo o relevo tem começo, meio e fim. Trata-se do Ciclo Geográfico ou Geomórfico (juventude, maturidade e senilidade). Tal princípio apoia-se em um tripé definido pela estrutura, processo e tempo. O pensamento de Davi influenciou a escola anglo-americana e francesa, destacando-se o geógrafo francês Emanuel De Martonne. No Brasil, vários seguidores surgiram, dentre eles, Aroldo de Azevedo e Aziz Nacib Ab’Saber.
A expansão da teoria de Davis determinou o aparecimento da Geomorfologia Estrutural e da Geomorfologia Climática. Essa concepção encontrou uma oposição entre os contemporâneos da Europa centro – oriental, especialmente os alemães. Esses estudos se caracterizavam por trabalhos marcados por detalhadas descrições, apoiadas em expedições de campo. Dentro dessa linha de pensamento, Alexandre Von Humboldt, no século XIX, contribuiu para o pensamento geográfico.
 
A postura naturalista dos alemães concentrou-se para a observação e análise dos fatos, onde o relevo se relaciona com a litologia, os solos, a hidrologia e o clima. Na década de 1920, Walter Penk publicou um trabalho onde fazia relações entre as zonas climáticas e as formas de relevo. Nessa obra ficou claro que a análise geomorfológica está apoiada em três elementos: os processos exogenéticos, os processos endogenéticos e as feições atuais da morfologia.
 
O modelo daviniano passou a ser questionado, surgindo uma nova postura para interpretar e explicar a evolução do relevo. A simples erosão normal deixou de ser a base para essa interpretação, surgindo outros elementos nos processos geradores das formas. A partir daí, os tipos climáticos passaram a ser objeto de preocupação no entendimento da dinâmica e da gênese do relevo. Definiu-se um modelado terrestre atrelado às zonas climáticas e surgiu a expressão “domínios ou zonas morfoclimáticas do relevo terrestre”. A partir de 1960, foi proposta a divisão morfoclimática do globo terrestre em: zonas frias; zonas florestadas de latitudes médias: zonas secas dos trópicos e das latitudes médias e zona intertropical.
 
No Brasil, na década de 1960, Ab'Saber propôs o entendimento do relevo brasileiro através de Domínios Morfoclimáticos. O país foi dividido em seis domínios morfoclimáticos:
 ·         Domínio dos Chapadões Tropicais, com duas estações, recobertos por cerrados e penetrados por florestas-galerias;
·         Domínio das Depressões Intermontanas semiáridas pontilhadas de inselbergs1, dotadas de drenagem intermitente e recobertas por caatingas extensivas;
·         Domínios de Planalto Subtropical, recobertos por araucárias e pradarias de altitude;
·         Domínios das Coxilhas Subtropicais Uruguaio–Sulriograndenses extensivamente cobertas por pradarias mistas;
·         Domínio das Terras Baixas Equatoriais extensivamente florestadas da Amazônia Brasileira.
Nessa abordagem fica em plano secundário o significado estrutural na gênese das formas do relevo. Valoriza, portanto, os processos desnudacionais sob a influência dos domínios morfoclimáticos.
 
A teoria da pediplanação proposta por Lester King, apoiada no princípio da atividade erosiva por processos de ambientes áridos e semiáridos, passou a ter larga aceitação para as áreas intertropicais. De certa forma, o modelo cíclico proposto por Davi é substituído por um modelo intermitente de relevo onde se alternam efeitos tectônicos que modificam as áreas em erosão ou de pediplanação, soerguendo-as. Esse pensamento, na década de 1960, também influenciou a pesquisa brasileira feita por Ab’Saber e muitos outros pesquisadores. Toda essa teoria está apoiada na tese de que nas áreas tropicais e subtropicais os climas alteram-se de áridos e semiáridos para quentes e úmidos em contraposição às áreas temperadas e periglaciais em que os climas alteram-se em períodos glaciais e interglaciais úmidos.
 Várias teorias são propostas nas últimas décadas por correntes alemãs e anglo-americanas. Nas correntes alemãs, além da geomorfologia climática e climatogenética aparecem correntes de geoecologia e ambiental, onde há a preocupação com o entendimento da natureza de modo mais integrado, sendo, portanto, a herança cultural dos naturalistas do século XIX. Dentre as anglo–americanas, destaca-se a proposta de Hack (1960), denominada Teoria do Equilíbrio Dinâmico, que propõe que o ambiente natural se encontra em equilíbrio, porém não está estático. O meio natural pode entrar em desequilíbrio com a entrada de fluxos de energia que provoca uma situação intermitente. De certa forma é um pensamento que se inspira na Teoria Geral dos Sistemas.Nos países da Europa Oriental, em particular na Alemanha, Polônia e, sobretudo, na ex-URSS os princípios teóricos estão apoiados no pensamento de W. Penk. Contudo, nesses países desenvolve-se a pesquisa geomorfológica apoiada na cartografia do relevo. Evidentemente, esses trabalhos de pesquisa possibilitaram novos conceitos no campo da geomorfologia, principalmente conceitos relacionados à morfoestrutura e a morfoescultura, além de outras classificações para o relevo terrestre.
Concluindo sobre essas correntes geomorfológicas de interpretação do relevo, pode-se afirmar que no Brasil não há uma linha consolidada de pensamento da qual possamos falar de forma significativa numa escola geomorfológica brasileira. Existe um emaranhado de pensamentos das diversas correntes geomorfológicas, incluindo trabalhos ligados a estudos ambientais que estão representados por atividades que integram a paisagem, com numerosos rótulos que têm como objeto de pesquisa o meio físico.
Reflita sobre a célebre frase atribuída a Antonio Conselheiro: “O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”, relacionando com.a história geomorfológica do Brasil.
Conhecemos nesta aula um pouco da Evolução das Concepções Relativas ao Relevo.
 Até a próxima aula!
 
1 Inselberg é um morro ou elevação que se destaca no relevo da planície, apresentando forma de Pães de Açúcar.
Aula 04_Sistemas em Geomorfologia
 
Esta aula tem como objetivo fundamental analisar os sistemas geomorfológicos. Tal conceituação tem importância para a identificação do objeto de estudo da geomorfologia que é o relevo terrestre.
As principais teorias ou sistemas contribuíram para a compreensão do processo evolutivo do relevo e transformaram a geomorfologia em uma das importantes áreas de estudo das ciências da Terra (geociências) (MEDEIROS, 2016, p.61).
Alguns autores interpretam o sistema como uma simples soma das partes, e esquecem a interação existente entre elas. Para Bertalanfly (1968), o sistema é como um complexo de elementos em interação, deixando claro, que para que se possa falar em sistema de fato, é necessário haver a interação das partes. Essa afirmação é importante, pois com o aumento da utilização dos sistemas em diversas áreas, chegamos a um situação em que cada área de estudo faz uma interpretação diferente dos sistemas, o que gera algumas distorções conceituais. 
Segundo Antonio Christofoletti, em seu livro Geomorfologia, essa ciência estuda as formas de relevo. Essas formas representam a expressão espacial de uma paisagem, compondo paisagens geomorfológicas.
Tais formas foram modeladas por diversos processos. Essas formas e esses processos não formam um sistema isolado, pois estão em contato e recebem influências de outros sistemas.
Segundo Cristofoletti, um sistema deve ser entendido como sendo um conjunto de elementos, das relações entre si e seus atributos. Essa teoria foi inicialmente proposta por Arthur Strahler (1950-52), sendo ampliada posteriormente por Chorley (1962) e Howard (1965).
Os sistemas que interessam ao geomorfólogo não formam sistemas isolados, mas que pertencem a um sistema maior que pode ser denominado de Universo. Este universo é composto por fenômenos (sistemas antecedentes) e eventos (sistemas subseqüentes) os quais podem voltar a exercer influências uns sobre os outros e interagir com o universo através de um mecanismo de retroalimentação (feedback). 
No estudo da composição dos sistemas, vários aspectos importantes devem sem abordados, como matéria, energia e estrutura:
•	Matéria - Corresponde ao material que vai ser mobilizado através do sistema. Por exemplo, no sistema hidrográfico a matéria é representada pela água e detritos.
•	Energia - A energia potencial é aquela representada pela força inicial que leva ao funcionamento do sistema (a gravidade, p.ex.); a cinética é aquela cuja sua própria força alia-se à energia potencial (o escoamento das águas ao longo do rio, as águas marinhas ao longo das praias...) e à energia total que é a soma das duas energias.
•	Estrutura - É constituída pelos elementos e suas relações, expressando-se através do arranjo de seus componentes. Um rio é um elemento do sistema hidrográfico, mas pode ser concebido como um sistema em si mesmo, assim como na vertente. Um carro pode ser um elemento no sistema de trânsito, mas pode ser considerado um sistema em sua unidade, dependendo da escala.
A escala do sistema apresenta vários elementos:
•	Tamanho: determinado pelo número de variáveis que o compõe;
•	Correlação: expressa o modo como as variáveis se relacionam;
•	Causalidade: mostra qual variável é independente, qual controla, qual depende.
Segundo Christofoletti, a classificação dos sistemas em geomorfologia depende de sua complexidade estrutural. Assim sendo, temos vários tipos de sistemas, a saber:
•	Isolados: não sofrem mais nenhuma perda nem recebem energia ou matéria do ambiente que os circundam;
•	Não-isolados: possuem relações com os outros sistemas do universo, sendo fechado(quando há permuta de energia, mas não de matéria) e aberto: (quando ocorre constante troca de energia e matéria, tanto recebendo quanto perdendo);
•	Morfológicos: compostos somente pela associação das propriedades físicas dos fenômenos (geometria, composição etc.), sendo os sistemas menos complexos das estruturas naturais;
•	Em sequência: compostos por cadeia de subsistemas, possuindo tanto magnitude espacial quanto localizações geográficas, que são dinamicamente relacionadas por uma cascata de matéria ou energia;
•	Processos-respostas: são formados pela combinação de sistemas morfológicos (forma) e sistemas em seqüência (processo);
•	Controlados: são aqueles que apresentam a atuação do homem sobre os sistemas de processos – respostas.
Para o autor, a noção de equilíbrio em geomorfologia significa que materiais, processos e geometria do modelado compõem um conjunto autorregulador, sendo que toda forma é o produto do ajustamento entre materiais e processos. ”É o ajustamento completo das variáveis internas de um sistema às condições externas”. 
O sistema é modificado pelo tempo, e cada fase é um estado (composição, organização e fluxo de energia e matéria, podendo ser medido e calculado pelos parâmetros do sistema). 
Dentro do universo geomorfológico existem sistemas antecedentes que são importantes para a compreensão das formas do relevo, segundo A. Christofoletti: “O sistema climático que, através do calor, da umidade e dos movimentos atmosféricos, sustenta e mantém o dinamismo do processo”.
O sistema biogeográfico que, representado pela cobertura vegetal e pela vida animal que lhe são inerentes, e de acordo com suas características, atua como fator de diferenciação na modalidade e intensidade dos processos, assim como fornece e retira matéria.
O sistema geológico que, através da disposição e variação litológica, é o principal fornecedor do material, constituindo o fator passivo sobre o qual atuam os processos.
O sistema antrópico que, representado pela ação humana, é o fator responsável por mudanças na distribuição da matéria e energia dos sistemas, e modifica o equilíbrio dos mesmos. Consciente ou inadvertidamente, o homem produz modificações sensíveis nos processos e nas formas através de influências destruidoras ou controladoras sobre os sistemas sem sequência.  
 
Figura 01: Os sistemas antecedentes controladores do sistema geomorfológico.
Fonte: CHRISTOFOLETTI, Antonio – Geomorfologia (p.11).
 
Os fatos geomorfológicos são as formas de relevo e devem ser classificadas e estudadas. Segundo o critério da Geomorfologia Estrutural, as formas de relevo estão classificadas em:
•	Morfologia das estruturas concordantes: relevo tabular, cuestas, contacto entre os maciços antigos e bacias sedimentares;
•	Morfologia das estruturas dobradas: relevo dômico, dobrado e apalacheano;
•	Morfologia em estruturas falhadas;
•	Morfologia relacionada com o vulcanismo;
•	Morfologia relacionada com as litologias específicas: relevo cársico e granítico.
Nesta perspectiva, fica difícil inserir as características climáticas,decorre daí nova vertente. Vários estudiosos tentaram classificar as características climáticas levando em consideração a questão espaço-temporal. Tomando em conta que a geomorfologia estuda as formas do relevo e que formas podem ser entendidas como respostas e processo, tem-se a classificação:
•	Morfologia fluvial.
•	Morfologia litorânea.
•	Morfologia eólica.
•	Morfologia glaciária.
•	Morfologia periglaciária.
•	Morfologia cársica.
•	Morfologia pluvial.
•	Morfologia submarina.
Em uma análise ambiental a maior parte dos sistemas envolvidos estão dentro de um ambiente, que faz parte de um conjunto maior. Esse conjunto maior, terá vários subsistemas, que sofrerão influência, desse conjunto maior, inclusive o subsistema que estiver sendo estudado especificamente (CHRISTOFOLETTI, 1999).
Na análise ecológica o método sistêmico aparece na abordagem do geógrafo francês Jean Tricart no seu livro intitulado Ecodinâmica, para o estudo dinâmico das paisagens físicas. 
Tricart definiu o conceito de unidade ecodinâmica integrado ao conceito de ecossistema e propõe uma classificação dinâmica do meio ambiente, derivada da relação sistêmica entre o equilíbrio ecológico promovido pelas comunidades biológicas e a instabilidade ambiental causada pelos processos erosivos (CAVALCANTI, 2013). 
Com os estudos sistêmicos é possível compreender a geografia em uma análise integrada, como os fluxos de matéria e energia dos sistemas ambientais e o surgimento posteriormente do termo geossistema. 
O termo geossistema pode apresentar diferentes concepções, como: formação natural, qualquer objeto estudado pelas ciências da terra, qualquer sistema terrestre, bem como as funções terrestres complexas, incluindo a natureza, a população e a economia (BERTRAND, 2004). 
A figura 2 abaixo representa um geossistema segundo Bertrand.
Figura 2: Geossistema.
Fonte: Bertrand, 2009.
O Geossistema pode ser definido por sua massa isto é, por uma certa quantidade de matéria e energia e por uma certa energia interna e se inscreve nas três dimensões do espaço: componentes abióticos (litosfera, atmosfera e hidrosfera) que formam o geoma; componentes bióticos ou biomassa (fitomassa e zoomassa) que constituem o bioma e componentes antrópicos (BERTRAND E BERTRAND, 2009, p.93).
A abordagem sistêmica na geomorfologia contribuiu para o desenvolvimento de abordagens integradoras nos estudos das paisagens naturais ou antrópicas. 
Vamos apresentar o exemplo de uma bacia hidrográfica atuando de forma sistêmica e integradora. 
Na bacia hidrográfica, cada rio ou sub-bacia é ao mesmo tempo um sistema em si. As vertentes são elementos ou variáveis de controle que estabelecem relações morfométricas no espaço definido pela topografia da bacia ou das sub-bacias. Os agentes modeladores, como as precipitações e as temperaturas, produzem a entrada e a saída de energia e matéria a cada novo período climático, produzindo assim, novos processos sobre as formas do relevo da bacia ao longo do tempo (MEDEIROS, 2016).
Segundo Tricart (1977) o conceito de sistema é, atualmente, o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os problemas do meio ambiente. Ele permite adotar uma atitude dialética entre a necessidade da análise que resulta do próprio progresso da ciência e das técnicas de investigação.
Podemos verificar a importância destes estudos na pesquisa geográfica para uma melhor compreensão das relações entre a sociedade e a natureza. 
Conhecemos nesta aula um pouco dos Sistemas em Geomorfologia. Até a próxima aula!
Aula 05 _A Origem da Terra e a sua Formação
 
A aula tem como objetivo discutir a origem do nosso planeta, a Terra, e a sua estrutura interna.
A Natureza se constitui de uma complexa relação de interdependência entre os seus constituintes. A quebra ou alteração em qualquer uma das partes relativas às dependências e aos constituintes conduzirá a uma realidade completamente diferente da que nós estamos habituados no nosso dia a dia.
 
O surgimento do Universo ainda instiga a comunidade científica. A tese mais aceita pelos estudiosos é a do fenômeno do Big-Bang, a “grande explosão”. Segundo essa teoria, o Universo teria surgido de forma repentina, como uma massa densa e quente, há cerca de 13,7 bilhões de anos, originando, durante sua evolução, tudo o que conhecemos hoje.
 
Foi com a grande explosão que surgiu o primeiro átomo do Universo: o hidrogênio, o mais simples dos átomos, formado por apenas um próton e um elétron. Pela lei de atração do negativo e do positivo, os prótons e elétrons espalhados começaram a se unir, criando novos átomos. Esses átomos, de maior peso, causaram diferenças de densidade no Universo, que, ao longo dos bilhões de anos de expansão e ação da força gravitacional, se tornaram as sementes para o surgimento de estrelas, galáxias e toda a estrutura do Universo que conhecemos atualmente.
 
O centro da criação – As estrelas foram as grandes protagonistas dessa história. Formadas a partir da condensação dos átomos de hidrogênio devido a baixíssimas temperaturas, as primeiras estrelas funcionaram como espécies de reatores químicos, produzindo novos elementos, como carbono, oxigênio, nitrogênio, hélio e lítio – mais tarde essenciais à formação da vida na Terra.
Em um movimento infinito de criação e morte, essas estrelas consumiram todo o seu combustível e, numa espécie de explosão, espalharam essa nova matéria pelo Universo. A poeira e o gás originados dessas explosões formaram grandes borrões no céu, as nebulosas. As nebulosas representam a maior parte da massa do Universo. Elas também funcionam como reatores nucleares e vão se transformando em novas estrelas, as chamadas supernovas, pontos muito brilhantes no céu. É nessas supernovas que se formam os outros 86 elementos químicos conhecidos hoje.
Essa história visa mostrar que a vida na Terra começou muito antes de o planeta ter se formado. Tudo aquilo que é básico quando falamos da matéria que compõe os seres vivos – proteína, aminoácidos e ácidos nucléicos – é formado por esses elementos primordiais do Universo, o hidrogênio, o carbono, o oxigênio. Isso prova que a história da Terra não é algo isolado, mas está intrinsecamente relacionada à formação do Universo, de suas estrelas e galáxias.
 
Planeta azul – A cerca de 10 bilhões de anos após o Big Bang, surgiu todo o sistema solar, incluindo a Terra. E, assim como o Universo, muitas dúvidas cercam sua criação.
 
Nosso sistema solar foi formado a partir da explosão de uma super-nova. Nosso Sol é o que restou da antiga estrela. A matéria mais pesada formou os quatro planetas terrestres: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. A matéria mais leve (gases) devido à sua menor densidade, foi lançada para mais longe do centro do sistema solar e formou os quatro planetas gasosos: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. O material que sobrou da formação dos planetas terrestres formou o Cinturão de asteroides, situado entre Marte e Júpiter. O material gasoso não utilizado formou o Cinturão de Kuiper, localizado após Netuno, onde ficam os cometas.
No principio, a Terra fazia parte dos planetesimais, ou seja, um amontoado de rochas incandescentes que aumentava seu tamanho devido  ao choque de meteoros em sua superfície. Com o aumento da sua massa, a força da gravidade foi arredondando o planeta e os elementos químicos mais densos foram puxados para o núcleo. A Terra fazia parte de um sistema binário, ou seja, eram dois planetas que giravam um ao redor do outro. Ao se aproximarem demais, houve o choque; o outro planeta foi destruído e parte do material do nosso planeta foi jogado ao espaço. Por um curto espaço de tempo nosso planeta teve um anel, porém o material se aglutinou e formou a nossa Lua.
Todos os planetas do sistema solar foram bombardeados por meteoros, principalmente a 3,9 B.a. atrás.
Esse bombardeamento de meteoros comprovaria a teoria de que os elementos químicos que hoje compõem o planeta não foram formados aqui, mas sim trazidos do espaço com essas rochas. Alguns cientistasdefendem até que não só elementos químicos, mas também os primeiros elementos orgânicos foram trazidos ao planeta naquele período. Essa é a chamada Teoria da Panspermia.
A Terra era muito diferente do que é hoje. O planeta era coberto por vulcões constantemente em erupção. Sem a proteção da camada de ozônio, a Terra recebia radiação direta do Sol, atingindo temperaturas altíssimas, além de não possuir oxigênio nem atmosfera. Foi nesse ambiente inóspito que surgiram as bactérias – os primeiros habitantes da Terra.
A parte mais externa da Terra é chamada de crosta terrestre, também denominada litosfera.Ela representa apenas 1% da massa total do planeta e corresponde à parte sólida da Terra. Sua espessura é de cerca de 50 a 60 km.
A superfície da litosfera não é uniforme: é mais espessa nos continentes e menos espessa nos oceanos e mares. Ela foi formada a partir das transformações que ocorreram no manto.
O manto ou astenosfera pode ser dividido em duas partes. O manto superior fica em contato com a crosta terrestre e o manto inferior fica em contato com o núcleo.
Entre o manto superior e a litosfera encontra-se uma corrente de convecção que possibilitará a ocorrência da subida do magma até a superfície terrestre, podendo gerar o vulcanismo, movimentação das placas e outros fenômenos.
 
A parte mais interna da terra é chamada de núcleo, também conhecida como NIFE por possuir grande quantidade de níquel e ferro. Essa porção corresponde à cerca de 14% do volume e 32% da massa do planeta.
O núcleo divide-se em duas partes: o núcleo externo que se encontra em estado de fusão (núcleo líquido) e o núcleo interno que se encontra no estado sólido.
Observe a ilustração das camadas interiores da Terra:
 
Figura 03: O interior da Terra
FONTE: http://www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/escola/posters/06.jpg
Em 1969, Griogoriev denominou o espaço vital de sobrevivência humana como estrato geográfico,delimitado pela litosfera (piso) e pela estratosfera (teto). Esse espaço, de intervalo estreito (30 a 40 km), é o local onde as sociedades humanas se organizam. Ele não é, porém, totalmente ocupado, pois a natureza impõe restrições à ocupação humana na Terra. Existem lugares inóspitos, que dificultam a permanência do homem, como as áreas geladas, montanhosas, pantanosas ou desérticas. Segundo Jurandyr Ross, a Terra é o suporte de apoio para a sobrevivência dos homens e dos demais seres vivos.
 
Conhecemos nesta aula um pouco da Origem da Terra e a sua Formação. Até a próxima aula!
Aula 06_A Coluna Geológica
 
Nossa aula abordará a relação entre a geologia e a geomorfologia, o estudo e a necessidade de compreensão das eras geológicas simplificadas na coluna geológica.
 
Há 4,5 bilhões de anos, a Terra já era um planeta consolidado no espaço. Acabara de nascer o mundo onde um dia, viveríamos. Estava aberto o grandioso palco no qual apareceriam inúmeros cenários que iriam revelar fatos surpreendentes como a origem da vida, a evolução das espécies e o aparecimento do homem. 
O tempo que mede a idade da Terra é chamado de tempo geológico. Esse tempo geológico está dividido em eras, que estão subdivididas em períodos. Nos períodos existem tempos menores conhecidos como épocas, idades e fases. 
Cada etapa desse tempo é marcada por acontecimentos que os individualizam. O conjunto que reúne as eras geológicas é conhecido como escala geológica ou coluna geológica. 
A história do planeta é feita através de estudos geológicos e paleontológicos (estudo de fósseis de animais e vegetais), portanto, os cientistas dividiram a história da Terra em eras e períodos, tendo por base os fósseis encontrados nas diversas camadas e as localidades das rochas escavadas por eles.
Podemos simplificar, ainda mais, a história do planeta se considerarmos duas fases distintas. A primeira fase constituída por um longo período em que não encontramos vestígios de vida. Esse período é, por isso, chamado de Azóico e compreende cerca de 4/5 da história da Terra. As rochas que restam desse período são principalmente as cristalinas, formadas pelo resfriamento e solidificação do magma e por restos consolidados que foram submetidos a altas pressões e temperaturas. Esse período, também conhecido como Pré- Cambriano, estende-se da formação da Terra até cerca de 57 milhões de anos. 
A segunda fase, que vem até os dias atuais, caracteriza-se pela presença da vida. Nela é fácil reconhecer as diferentes eras subdivididas em períodos, graças aos inúmeros tipos de sedimentos que se originam nas várias partes do mundo, devido ao trabalho dos agentes externos (água, vento, geleira e dos próprios seres vivos) sobre as rochas do Pré Cambriano, destruindo-as, transportando-as em diferentes condições e locais do planeta.
O quadro a seguir apresenta uma relação das eras e períodos, com seus principais acontecimentos, indicando também os ocorridos no Brasil.
Fonte: LEINZ, Victor; AMARAL, S. E. Geologia Geral. São Paulo: Scipione, 1996. p. 27. ALMEIDA, Fernando F. IN: AZEVEDO, Aroldo de (org.) O Brasil, a Terra e o Homem. São Paulo: Scipione, 1973. p. 55-110 (adaptação)
 Sendo a crosta terrestre a base da estrutura geológica da Terra, várias rochas passam a compor esta estrutura e distinguem-se conforme a origem: 
1. Rochas magmáticas (ígneas ou cristalinas): Formadas pela solidificação do magma, material encontrado no interior do globo terrestre. Podem ser plutônicas (ou intrusivas, ou abissais), solidificadas no interior da crosta, e vulcânicas (extrusivas ou efusivas), consolidadas na superfície.
2. Rochas sedimentares: Formadas pela deposição de detritos de outras rochas, pelo acúmulo de detritos orgânicos, ou pelo acúmulo de precipitados químicos. 
3. Rochas metamórficas: Formadas em decorrência de transformações sofridas por outras rochas, devido às novas condições de temperatura e pressão.
 
Vimos nesta aula sobre a Coluna Geológica.
Um forte abraço e até a próxima aula!
Aula 07_A Dinâmica da Litosfera
 
Nesta aula abordaremos as características da litosfera e a sua dinâmica, isto é, estudaremos as principais teorias da movimentação da crosta terrestre; assunto importante para a compreensão da formação do relevo terrestre que enfocaremos nas próximas aulas. Vamos mais uma vez ao desafio!
 
Litosfera
A crosta terrestre é também chamada de litosfera. É a camada mais sólida da Terra, com grande variedade de tipos de rochas com diferentes formações e idades. Essa camada é fundamental para o homem, pois além de servir como piso do estrato geográfico, é nela que se encontram os recursos minerais e energéticos (em sua maioria).
 
Comparando a Terra a um ovo, a crosta terrestre seria sua casca, rígida, porém, pouco espessa. A clara poderia ser comparada ao manto e a gema ao núcleo.
A “casca” da Terra, todavia, não é uniforme e com espessura idêntica em toda sua extensão como a do ovo. Ela é rugosa e com espessura variável.
A espessura da crosta pode variar de 70 km (nas partes mais espessas) a 5 km (nas partes menos espessas). O manto, por sua vez tem a espessura de aproximadamente 2.870 km, enquanto que o raio médio do núcleo é de 3.480 km.
Essas informações foram obtidas por vias indiretas, já que as perfurações mais profundas não ultrapassam os 6 km.
A litosfera não é uma camada de estrutura rígida contínua. Está dividida em duas partes: a crosta continental (SIAL) e a crosta oceânica (SIMA). Entre essas duas partes há diferenças significativas quanto à espessura, composição e idade.
A crosta continental apresenta espessura média de 40 km, mas pode atingir 70 km. A crosta oceânica tem espessura média de 7 km.
As rochas que compõem a crosta oceânica são rochas ígneas básicas (basaltos/diabásicos, ricas em silicatos de magnésio e ferro – SIMA), com densidade mais elevada (2,9 g/cm³).
A crosta continental é formada por rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, com densidades menores (2,7 g/cm³) – ricas em silicatos de alumínio - SIAL.
As rochas dos fundos oceânicos não ultrapassam os 250 milhões de anos e as da crosta continental chegam aos 4,5 bilhõesde anos.
Trata-se de uma camada descontínua, formada por blocos ou placas que “flutuam” sobre o substrato magmático do manto. A espessura das placas que formam a litosfera varia bastante. As altas montanhas são as áreas de maior espessura, ao contrário dos assoalhos oceânicos que apresentam menores espessuras. Todos os blocos estão equilibrados sobre o manto, segundo a teoria da isostasia.
Dinâmica da Crosta
A litosfera não é estática. Seu dinamismo é alimentado pelo núcleo e pelo manto da Terra, que apresentam movimentações internas que afetam a litosfera. O interior do núcleo apresenta um material em estado fluido, com temperaturas que podem atingir 4.000º. Já o manto pode atingir temperaturas de mais de 2000º e seu material varia do pastoso ao rígido.
Graças a esse dinamismo, muitas teorias foram elaboradas para explicar os fenômenos como terremotos, vulcanismos, formações de montanhas etc. Dentre elas:
Teoria da Isostasia – (isostasia – do grego igual, em equilíbrio). Procura explicar a presença das terras emersas e dos soerguimentos que nela ocorrem pelo mecanismo de compensação de perda de peso. Ou seja, as terras emersas, já que possuem menor densidade, flutuam sobre o material mais denso e fluido do manto. Com a ação climática, ao longo do tempo, as terras emersas são desgastadas por erosão e transferidas para o fundo dos oceanos. Assim o peso é aliviado e há o soerguimento das terras emersas.
No interior do planeta ocorre a  reações  nucleares dos elementos radioativos. Esse processo seria responsável pelas elevadas temperaturas do manto e do núcleo.
Conhecemos nesta aula um pouco da Dinâmica da Litosfera. Até a próxima aula!
Aula 08_A Teoria da Deriva Continental
 
Dando seqüência ao tema desenvolvido na aula anterior, vamos conhecer as duas teorias mais importantes sobre a movimentação da litosfera. A teoria de Wegener e a questão da movimentação das placas tectônicas.
 
Teoria da deriva dos continentes
Sabe-se hoje em dia que os continentes se movem. Acredita-se que, há muitos milhões de anos, todos estavam unidos em um único e gigantesco continente chamado PANGEA. Esta teria se dividido em fragmentos, que são os continentes atuais. A teoria é chamada de DERIVA CONTINENTAL e foi criada por Alfred Wegener, um meteorologista alemão, que começou a fazer pesquisas numa universidade, e encontrou 3 evidencias que poderiam mostrar que um dia todos os continentes haviam sido unidos: o encaixe entre a costa leste do Brasil e a costa oeste da Africa; as evidencias de uma glaciação que ocorreu a 300M.a. atrás e evidencias paleontológicas (fósseis de animais e vegetais encontrados em diferentes continentes). No entanto Wegener não conseguia explicar o porquê do movimento dos continentes. Sua justificativa era de que os continentes eram impulsionados pela força das marés. Sua explicação não foi aceita e sua teoria caiu no esquecimento.
Após a II Guerra Mundial, e com a criação de equipamentos como o SONAR, deu-se início o estudo do fundo do Oceano Atlântico; descobriu-se então uma enorme cadeia de montanhas submarinas, formada pela saída de magma do manto. Este material entra em contato com a água, solidifica-se e dá origem a um novo fundo submarino, à medida que os continentes africanos e sul-americanos se afastam. Este fenômeno é conhecido como EXPANSÃO DO FUNDO OCEÂNICO.
Com a continuidade dos estudos, foi criada uma nova teoria, que explicava a Teoria da Deriva Continental, chamada TECTÔNICA DE PLACAS. Harry Hess, no início da década de 60 explica que as placas que formam a crosta terrestre se movem sobre um manto pastoso, podendo ter 3 tipos de movimentos: convergentes (quando as placas se chocam; divergentes, quando elas se afastam e transformante, quando possuem movimentos laterais).
       
 Teoria da Tectônica de placas
 
Tectônica em grego significa “a arte de construir”. Os geólogos adotaram o termo para significar as forças que constroem o relevo terrestre, isto é, as deformações da crosta terrestre provocadas pelas forças internas do globo.
É a mais nova interpretação da gênese da dinâmica da litosfera. Vem ao encontro da Teoria de Wegener, formulada no século XIX, a partir da observação dos contornos da África e da América. Essa concepção foi reforçada por Harry Hess no século XX, que diz a respeito à expansão do assoalho oceânico e à descoberta de Vine Matheus sobre o magnetismo das rochas do fundo dos oceanos. 
Algumas conclusões sobre a Teoria das Placas Tectônicas foram propostas: descobriu-se que a litosfera não é um envoltório contínuo, e sim, descontínuo, dividido em partes chamadas placas tectônicas, que se apoiam ou flutuam na astenosfera. Impulsionadas pelas pressões internas da Terra, as placas movimentam-se tanto horizontalmente como verticalmente.
As áreas de destruição de placas são marcadas pelo choque entre elas e dão origem às montanhas orogênicas dos continentes e das fossas submarinas.
Com isso, parte do material rochoso sofre dobramentos e soerguimentos e mergulha sob o continente em direção ao manto.
Ao se moverem, as placas tectônicas podem se chocar (placas convergentes), afastar-se (placas divergentes) ou simplesmente deslizar lateralmente (placas conservativas, transformantes ou tangenciais). Várias formações originaram-se desses movimentos tectônicos.
	Quando as placas se chocam (CONVERGENTES), as rochas de sua borda superior enrugam-se formando Arcos Magmáticos ou Arcos Insulares, como o a Cordilheira dos Andes e Japão, respectivamente, originando terremotos, dobramentos e falhamentos.
Quando as placas se afastam (DIVERGENTES), formam um novo fundo oceânico, como é o caso da Cordilheira Meso-Oceanica, no fundo do Oceano Atlantico.
Quando as placas possuem um movimento de atrito lateral (TRANSFORMANTES), formam grandes zonas de falhas, como a Falha de Santo André, no Oeste dos EUA.
Figura1 – Imagem mostra as dobras e falhas ocasionadas pelos movimentos de placas tectônicas.
Extraído de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Tectonic_plate_boundaries.png. Acesso: 16/11/2014.
Outro fenômeno causado pelo movimento de placas é o vulcanismo, que pode originar-se pela saída de rochas fundidas - MAGMA - em regiões onde as placas se chocam ou se afastam. Quando o magma que atinge a superfície se acumula em redor do ponto de saída, formam-se VULCÕES. 
O Vulcanismo também pode ser gerado através de Hot Spots, que são pontos fixos na superfície do nosso planeta onde temos vulcanismo que material que vem de zonas entre o manto inferior e o núcleo externo. Formam territórios como o do Havai e a Islandia e vulcões como o de Yellowstone. Esse tipo de vulcanismo não está associado a Tectonica de Placas. 
No Brasil também ocorrem terremotos e vulcões. Os terremotos felizmente são muito raros e de pequena intensidade e somente são encontrados vulcões extintos. Isto ocorre devido ao fato do nosso país situar-se numa margem continental passiva, típica de borda divergente.
	Modificações da Superfície da Terra 
A ação da água, dos ventos, do calor e do frio sobre as rochas provoca o seu desgaste e decomposição, causando o que se denomina INTEMPERISMO. O intemperismo implica sempre na desintegração e decomposição das rochas, que pode se dar de vários modos, pelos agentes químicos, físicos e biológicos. Esta desintegração gera areias, lamas e seixos, também denominados SEDIMENTOS.
O deslocamento desses sedimentos da rocha desintegrada é chamado EROSÃO. O transporte desse material para as depressões da crosta (oceanos, mares e lagos) pode ser realizado pela água (enxurradas, rios e geleiras) pelo vento, por geleiras e também pela gravidade, formando depósitos como areias de praias e de rios, as dunas de desertos e as lamas de pântanos.
Conhecemos nesta aula um pouco da  Teoria da Deriva Continental e a Tectônica das Placas. Um forte abraço e  até a próxima aula!
Aula 09_As Formas e a Gênese do Relevo Terrestre
 
Nesta aula começaremos a explicar as formas que existem na superfície terrestre, as diversas fisionomias ou irregularidades que chamamos de relevo. Vamos, portanto,iniciar o assunto abordando as estruturas que compõem o relevo, as estruturas geológicas.
Para Jurandyr Ross, o relevo é fruto da atuação de duas forças opostas: endógena e exógena. A força endógena é responsável pelas grandes formas estruturais do relevo e a força exógena é responsável pelas formas esculturais.
As Macroformas Estruturais
As macroformas estruturais do relevo terrestre são representadas pelas plataformas ou crátons, pelas bacias sedimentares e pelas cadeias orogênicas.
Plataformas ou crátons – mostram-se com relevos muito rebaixados por diversas e longas fases erosivas. Tem características de baixos planaltos ou depressões às margens das bacias sedimentares ou cinturões de cadeias orogênicas antigas. São os terrenos mais trabalhados pelos processos erosivos, com idades que variam de 900 milhões a 4,5 bilhões de anos, além de serem os mais estáveis do ponto de vista tectônico.
Essas formações, também conhecidas como escudos cristalinos ou maciços antigos, geradas ao longo da Era Pré-Cambriana são constituídas por rochas magmáticas e metamórficas.
Estão distribuídas da seguinte maneira pelo mundo: Escudo das Guianas, Brasileiro e Canadense (no continente americano), o Saariano (na África), o Russo-fenorsândico (na Europa), o Siberiano, o Chinês e o Indiano (na Ásia) e o Australiano (na Austrália).
No Escudo das Guianas encontram-se rochas metamórficas do pré-cambriano médio a inferior, rochas intrusivas e vulcânicas bem antigas recobertas por rochas sedimentares antigas.
Bacias sedimentares – Formadas por extensas áreas de rochas sedimentares podem ser de formação antiga ou recente e ocupam 75% da superfície emersa da Terra. As mais antigas, consolidadas na Era Paleozoica e Mesozoica, resultaram da decomposição provocada pela intensa erosão sobre os escudos ou maciços pré-cambrianos. As mais recentes, datadas da Era Cenozoica, constituem extensas planícies fluviais ou litorâneas. Algumas bacias que foram soerguidas por movimentos tectônicos originaram baixos planaltos e platôs.
As bacias podem ser constituídas por diversos tipos de rochas sedimentares, tanto inorgânicas como orgânicas. As últimas são ricas em depósitos de combustíveis fósseis como o carvão e o petróleo.
Cadeias orogênicas ou cinturões orogênicos – terrenos mais elevados e instáveis da superfície da Terra. São áreas de grande complexidade rochosa e estrutural gerada por efeito de dobramentos, intrusões, vulcanismo, abalos sísmicos e falhamentos. Os dobramentos modernos, como também são chamadas essas formações, refletem o processo de acomodação das placas e revelam a intensa atividade no interior da Terra. São os terrenos mais recentes do Mesozoico e do Cenozoico. As dorsais submarinas são dobramentos do período Terciário, cuja origem reside na expulsão do material magmático proveniente da astenosfera. As cadeias orogênicas que mais se destacam são os Andes, Montanhas Rochosas (América), Pirineus e Alpes (Europa), Cárpatos, Cáucaso e Himalaia (Ásia) e Atlas (África).
  
Conhecemos nesta aula um pouco das Formas e a Gênese do Relevo Terrestre. Até a próxima aula!
Aula 10_Macroformas do Relevo Submarino
 
Vimos as macroformas do relevo continental na aula anterior. Agora daremos início à investigação sobre as formas do relevo submarino.
As áreas oceânicas eram praticamente desconhecidas até duas décadas atrás, segundo afirma Jurandyr Ross, “para entender o relevo do fundo do oceano, deve-se levar em conta dois fatores importantes: profundidade e formas predominantes”. Desse modo, o relevo é dividido em três grandes unidades: margem continental, bacias oceânicas e sistemas de cordilheiras mesoceâncias. 
Margem continental – Corresponde aos terrenos submarinhos que margeiam os continentes, com profundidades modestas e estão associados à parte da crosta continental que está submersa. As rochas encontradas nessa área são as mesmas das continentais, ou seja, ígneas ou metamórficas recobertas por rochas sedimentares de diferentes idades.
O talude também pertence à margem continental e é uma faixa de transição entre a plataforma continental e as grandes profundidades das bacias oceânicas.
Bacias oceânicas – São os terrenos profundos dos oceanos.
Cordilheiras dorsais oceânicas – São verdadeiras cadeias de montanhas localizadas no centro dos oceanos onde existe divergência de placas. Alguns picos mais elevados chegam à superfície e constituem-se em ilhas de origem vulcânica – como a Islândia. São áreas de intensa atividadetectônica, intrusões magmáticas e falhamentos do tipo normal. São áreas geradoras fundo oceânico.
Segundo outros autores, existem dois tipos de crosta: a continental, que já foi estudada anteriormente e a crosta oceânica. A superfície oceânica apresenta semelhança com a porção continental. A concentração de sedimentos reduz os acidentes geográficos do assoalho marinho, tornando-o mais suave.
O relevo submarino pode ser dividido em quatro regiões de acordo com a profundidade: plataforma continental, talude continental, região pelágica e região abissal ou fossas submarinas.
Vejamos algumas características dessas áreas (tente comparar com a divisão de Jurandyr Ross):
· Plataforma continental – É a área que margeia a costa nas proximidades do continente, coberta de águas oceânicas. Sua profundidade varia de 10 a 500 metros. A riqueza biológica dessa região é elevada, pois a penetração da luz até 200 metros favorece o desenvolvimento das algas e a realização da fotossíntese. Explorada economicamente através da pesca, extração de sal e minerais, além das pesquisas e potencialidades em petróleo.
· Talude continental – Apresenta um acentuado desnível que se assemelha a uma escarpa de um planalto. É o limite entre a plataforma continental e a região pelágica.
· Região pelágica – Foi através de movimentos tectônicos que surgiu o solo oceânico. Apresenta uma topografia plana, interrompida por cordilheiras submarinas; as cordilheiras oceânicas possuem altitudes que variam de 2 a 4 km. Localiza-se entre 500 e 5000 metros de profundidade e  corresponde a 80% do solo oceânico. É onde encontramos a maior parte das formas do relevo submarino.
· Região abissal ou fossas submarinas – Compreende 3% do relevo submarino. Geralmente essas fossas oceânicas localizam-se nas bordas das placas tectônicas. Existem fossas que atingem 11000 metros de profundidade. É a região menos conhecida da Terra.
Completando alguns termos no gráfico acima:
·  Montes marinhos são montanhas submersas cujos picos não afloram à superfície – possuem altura menor que 1000m.
· Ilhas oceânicas são topos de vulcões submarinos que alcançam a superfície, formando ilhas e arquipélagos.
· Guyots são antigas montanhas submarinas, cujos topos abaixados pela erosão estão submersos.
Lembre-se: O relevo submarino é o relevo batimétrico e o relevo do continente é o relevo hipsométrico.
Conhecemos nesta aula um pouco da Macroformas do Relevo Submarino. Até a próxima aula!
Aula 11_Os Processos Endógenos na Geração das Formas do Relevo
 
As forças endógenas comandam a formação do relevo através do condicionamento estrutural. A força endógena ativa se manifesta através da Tectônica de Placas, que provoca soerguimentos e dobramentos das bordas continentais. A força endógena passiva oferece resistência ao desgaste erosivo e é representada pelos diferentes tipos de rochas.
 
Os Processos Endógenos: Agentes Modeladores
Tectonismo é a denominação geral que se dá para a ação sobre a crosta gerada pela pressão dos materiais do magma, em constante movimento.
A orogênese e a epirogênese não estão desarticuladas. As duas são resultado da Deriva Continental e do choque das placas tectônicas. A diferença básica entre elas se encontra na resistência do material que forma os grandes blocos continentais.
A epirogênese caracteriza-se por movimentos lentos e generalizados da crosta continental, que sofre rebaixamentos e soerguimentos amplos. Exemplos já citados de epirogênese estão relacionados ao levantamento da Península Escandinava e ao rebaixamento progressivo da fachada litorâneada Holanda.
Esse movimento atua nas áreas estáveis da crosta, especialmente as bacias sedimentares alojadas entre escudos cristalinos.
Um bom exemplo para a epirogenia está na movimentação do continente sul-americano, dando origem à escarpa da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira no Brasil.
A orogênese corresponde aos enrugamentos ou dobramentos de camadas de rochas sedimentares depositadas nas bacias geossinclinais que margeiam as bordas dos continentes em áreas de encontro de placas.
Esses movimentos de curta duração (em escala geológica) ocorreram no Terciário e atuam sobre as zonas de instabilidades da crosta nos limites das placas tectônicas, resultando da pressão horizontal exercida pelo choque das placas tectônicas, e em dobras e falhas. Os Andes, O Himalaia, as Rochosas, os Alpes, os Cárpatos e outras formações montanhosas são exemplos de dobramentos modernos ocorridos entre o Mesozoico e o Cenozoico. 
As grandes placas da crosta terrestre continuam a se mover, com possível exceção da placa africana que se supõe estar estacionária. Nas fronteiras onde se concentram as zonas ocorrem freqüentes terremotos e vulcanismos.
Conhecemos nesta aula um pouco dos Processos Endógenos na Geração das Formas do Relevo. Até a próxima aula!
Aula 12_As Atividades Vulcânicas e o Vulcanismo no Brasil
 
Segundo Victor Leinz, o termo vulcanismo (derivado de Vulcano, deus do fogo) abrange todos os processos e eventos que permitem e provocam a ascensão de material magmático, juvenil, do interior da Terra à superfície terrestre. Esse material pode ocorrer em estado gasoso, líquido e sólido.
O vulcanismo, portanto, consiste no derramamento de material fluido oriundo do magma na superfície, podendo ocorrer através de fendas ou orifícios na crosta.
A manifestação típica do vulcanismo é o edifício ou cone vulcânico e o amontoado de pó, cinzas e lava formado pelas erupções. O cone vulcânico, a chaminé, a cratera e a câmara magmática são as partes principais de um vulcão. Há grande variedade de matérias expelidas por um vulcão: magma (lava), gases, lama e materiais piroclásticos (fragmentos de vários tamanhos – poeira, cinza fina e grossa, pedras grandes e blocos).
Os assoalhos oceânicos, especialmente as áreas ocupadas pelas dorsais submarinas, concentram a maior parte dos vulcões do globo. Milhares de ilhas vulcânicas formam-se a partir de atividade vulcânica.
A principal faixa vulcânica da Terra é o anel de dobramentos que cerca o Oceano Pacífico - o chamado Círculo do Fogo do Pacífico. Encontram-se perto de três quartos dos vulcões ativos do mundo.
As manifestações vulcânicas secundárias estão relacionadas com a formação de gêiseres e as fontes termais.
Os gêiseres são fontes que projetam periodicamente colunas de água e vapores. A água e os vapores são expelidos no sentido vertical e seus jatos podem durar segundos ou semanas e podem atingir vários metros de altura. Já as fontes termais, estão associadas a lugares onde a água atinge camadas mais profundas, tornando-se aquecida. Quando aflora, com temperaturas elevadas, constitui uma fonte termal.
 
Atividades vulcânicas no Brasil
 
O território brasileiro não apresenta manifestações vulcânicas ativas modernas. Mesmo em tempos geológicos recentes o país não foi afetado por essas atividades, salvo as ilhas oceânicas de Fernando de Noronha, Trindade e Abrolhos.
No fim da era Mesozoica e no início do período Terciário, o sul do Brasil foi afetado por atividades vulcânicas, principalmente ao longo do chamado complexo cristalino. Trata-se de um imenso derrame de lavas basálticas, que em certos lugares atingiram centenas de metros de espessura. Esse movimento é conhecido como “vulcanismo rético” e atingiu a bacia do Paraná, cobrindo cerca de 1 milhão de km². Tal fenômeno foi responsável pela formação de solos férteis conhecidos como terra – roxa.
A bacia Amazônica, também, foi atingida por um vulcanismo similar e provavelmente simultâneo, mas ainda pouco conhecido pelos geólogos. Uma vasta área da bacia é coberta por lavas basálticas, que se acham cobertas por sedimentos posteriores.
 
Conhecemos nesta aula um pouco das Atividades Vulcânicas e o Vulcanismo no Brasil. Até a próxima aula!
Aula 13_Abalos Sísmicos: Terremotos e Maremotos
  
Você ficou impressionado com o Tsunami que ocorreu na Ásia em 2004 e 2006. O que são essas manifestações? Como se formam? É o assunto dessa aula.
Os abalos sísmicos são vibrações ou tremores naturais da crosta terrestre, percebidos pelos sentidos ou registrados por meio de aparelhos denominados sismógrafos. Quanto à origem dos tremores naturais destacam-se três causas:
 
·          Desmoronamento interno superficial – Relacionado com a dissolução de rochas pelas águas subterrâneas. Freqüente em áreas de relevo de cavernas, geralmente de pequena intensidade, afetam somente as áreas próximas ao colapso.
 
·        Causas vulcânicas - Resultam de explosões internas ou acomodações verificadas nos vazios resultantes da expulsão do magma. De intensidade pequena, afetam apenas as imediações do centro do abalo. Com certa freqüência, os tremores de terra antecedem as erupções vulcânicas.
 
·          Causas tectônicas – Estas são as mais importantes, as responsáveis pela formação de terremotos de grande magnitude. Esse tipo de terremoto é provocado pela ruptura das rochas provocadas por acomodações geológicas de camadas internas da crosta ou pela movimentação das placas tectônicas. Daí a coincidência da localização dos terremotos nas áreas sujeitas ao vulcanismo recente, e ao mesmo tempo tectonicamente instáveis, sujeitas a levantamentos, dobramentos e falha do Período Terciário.
O ponto onde o terremoto se origina recebe a denominação de hipocentro ou foco. O ponto da superfície terrestre diretamente acima do centro é o epicentro, onde o terremoto é sentido com maior intensidade.
O aparelho usado para medir a intensidade de um terremoto é o sismógrafo. Existem dois referenciais para medir a intensidade dos sismos. A escala Richter – uma escala com 10 graus, cada grau indica uma intensidade 10 vezes maior que a anterior. A escala Mercalli exprime a intensidade de movimentos macrossísmicos usando 12 intervalos. O grau 1 corresponde a movimentos somente observáveis por meio de instrumentos e o grau 12 corresponde às grandes catástrofes.
Maremotos ou tsunamis
Na realidade são expressões sinônimas, conforme o Glossário Geológico de Victor Leinz e Othon Henry Leonardos.
Maremoto – Movimento undoso produzido pela propagação de onda sísmica através da massa oceânica (p.122)
Tsunami – Termo (japonês) para exprimir o aparecimento brusco de ondas marinhas gigantes, provocando grandes estragos em regiões litorâneas: são relacionáveis com movimentos sísmicos que provocam mudanças do leito marinho, principalmente nas faixas marinhas do oceano Pacífico. (p.176)
Portanto, o tsunami é uma onda gigante gerada por distúrbios sísmicos, que possui alto poder destrutivo quando chega à região costeira. A palavra vem do japonês "tsu" (porto, ancoradouro) e "nami" (onda, mar). As causa mais freqüentes na formação de ondas gigantes são os terremotos e erupções subaquáticas, assim como a queda de meteoritos que pode provocá-las.
O deslocamento de duas placas tectônicas no fundo do mar provoca um terremoto. O movimento interrompe o equilíbrio da água e forma ondas de até 160 km e 0,5 metro que se propagam a 800km/h. À medida que se aproximam do continente, a profundidade da água diminui, a velocidade da onda cai para 48 km/h, mas sua altura atinge de 5 a 10 metros. A grande massa de água provoca destruição na costa e ameaça a vida de quem estiver na faixa litorânea. 
 
Conhecemos nesta aula um pouco sobre Abalos Sísmicos: Terremotos e Maremotos. Até a próxima aula!
Aula 14_Os Processos Exógenos na Esculturação
 
 
   “O mar quando quebra na 
 praia é bonito, é bonito.”
                        (Dorival Caymmi)
 
Lendo a letra da música do célebre compositor baiano, podemos fazer uma reflexão sobre as forças externas que atuam no modelado terrestre. Vamosconhecê-las!
Os processos exógenos são movidos pelo calor solar, que atua na crosta terrestre através da atmosfera. Esses processos, responsáveis pela esculturação do relevo, são de grande complexidade e se revelam através do ataque às rochas pela ação mecânica do ar, da temperatura e da ação físico-química da água em estado sólido, líquido e gasoso.
Nas áreas tropicais quentes e úmidas, a ação química da água e do calor tem maior importância nos processos de desgaste. Nas áreas frias, a ação física da água em estado sólido desempenha papel importante no desgaste da superfície. Enfim, os processos erosivos da superfície terrestre têm extrema ligação com o tipo climático.
 
A Ação Físico-Química dos Processos Exógenos
Os processos exógenos dividem-se em físicos e químicos. As rochas são alteradas pela ação física e química, denominada intemperismo ou meteorização.
O intemperismo físico das rochas se efetua através da fragmentação progressiva das rochas que estão mais expostas à superfície e à ação dos agentes atmosféricos.
As fraturas e as diáclases ocorrem tanto nas áreas frias e secas quanto nas quentes e úmidas. Devido à variação de temperatura, os minerais dilatam e contraem, deixando a rocha mais vulnerável, fraturando-se.
O intemperismo químico se processa através da reação química da água das chuvas, que infiltra no solo, com os minerais das rochas.  Esse intemperismo químico é mais atuante nos climas quentes e úmidos e pouco significativos nos climas desérticos e frios.
 
O Trabalho Geológico das Águas
 
A erosão e o transporte de material pelas águas de escoamento superficial se processam por suspensão, arrasto, rolamento e saltação.
A ação das águas fluviais e pluviais é marcante em ambientes temperados e tropicais, onde a água é mais abundante.
A ação das águas em estado sólido atua mecanicamente, tanto no processo de alteração da rocha quanto no de transporte, nas altas montanhas e nas latitudes mais próximas dos pólos.
A chuva é um dos agentes erosivos mais ativos. A erosão provocada pelas chuvas é conhecida como erosão pluvial. A inclinação do terreno e a falta de vegetação tornam mais intenso o desgaste provocado pelas águas das chuvas. Existem diferentes formas de erosão fluvial, variando conforme o grau de agressão e da força de destruição das águas das chuvas: erosão superficial (quando a água retira partículas do solo que está desprovido de vegetação); erosão laminar (quando o material retirado é superior ao da erosão superficial): erosão de sulcos (quando a enxurrada abre fendas nos solo) e erosão de ravinamento (quando se formam fendas de maior diâmetro, que tendem aumentar pelo mau uso do solo e da ausência de vegetação).
As águas dos rios executam um triplo trabalho geológico: retiram, transportam e depositam materiais. Podemos dizer que realizam erosão, transporte e sedimentação ou acumulação.
O trabalho de destruição, transporte e construção depende de vários fatores: natureza do material rochoso, declividade do terreno, velocidade do fluxo das águas e a força da correnteza. O maior testemunho do trabalho fluvial é a formação dos vales e canyons dos rios. Na fase de sedimentação, as águas dos rios formam planícies fluviais, meandros e deltas. Nessas áreas os solos são freqüentemente férteis, como as do Ganges (Índia) e Mekong (Vietnã).
As águas do mar modelam a linha da costa alterando os litorais. O mar age através da ação das ondas e marés e executa um trabalho de destruição conhecido como abrasão e um trabalho de construção conhecido como acumulação marinha.
A abrasão atua nos litorais de costas altas, formando as falésias ou costões.
A acumulação marinha ocorre nos litorais de costas baixas formando as praias, as restingas, os recifes e os tômbolos.
É importante dar o significado de algumas expressões utilizadas nessa aula, por isso consulte o glossário no final dessa unidade.
Conhecemos nesta aula um pouco dos Processos Exógenos na Esculturação das Formas do Relevo. Até a próxima aula!
Aula 15_O Trabalho Geológico do Gelo e do Vento
Além do trabalho geológico das águas, existe o trabalho do gelo e do vento. Vamos diferenciá-los.
A Ação do Gelo
O gelo atua como modelado terrestre através da ação das geleiras.
As geleiras são massas de gelo formadas em regiões onde a queda de neve suplanta o degelo. São passíveis de deslocamento. Existem dois tipos principais de geleiras: o alpino ou de vale e o continental ou inlands.
As geleiras do tipo alpino são freqüentes nas regiões montanhosas do globo. Têm a função de alimentar as torrentes e os rios durante o verão. A parte superior dessas geleiras tem a forma circular e recebe o nome de circo glacial. Quando o gelo desliza, formam-se vales glaciais, em forma de U.
Figura 31: Geleira de vale (alpina ou de montanha) Tirol (Itália)
Fonte: http://www.igc.usp.br/glacial/glossario.htm
As geleiras do tipo continental estão localizadas em regiões de altas latitudes. Formam montanhas e vastas planícies de gelo. Durante o verão, essas geleiras se fragmentam e se deslocam. Os blocos que atingem os oceanos originam os icebergs.
As geleiras são poderosos agentes modificadores do relevo. O trabalho de transporte não é seletivo e à medida que as geleiras se deslocam, a força erosiva do gelo aumenta com os fragmentos das rochas que estão transportando.
Os materiais acumulados pelo deslizamento das geleiras formam as morainas ou morenas.
O último grande período glacial terminou há cerca de dez mil anos, dentre as conseqüências da Glaciação do Quaternário estão: o surgimento dos canadenses e escandinavos, dos Grandes Lagos (entre os Estados Unidos e o Canadá) e dos litorais amplamente recortados da Europa onde aparecem os fiordes (antigos vales glaciais invadidos pela água do mar). Tais formações também aparecem na porção meridional do litoral do Chile.
Figura 32: Fiordes ou Fjords
Fonte http://pt.wikipedia.org/wiki/Fiorde
A Ação do Vento
A ação geológica do vento é mais intensa nas áreas litorâneas e nos desertos. O vento provoca erosão, transporte e sedimentação do material rochoso.
O processo erosivo e transporte dependem da velocidade e da direção do vento. A sedimentação do vento começa quando a velocidade do vento diminui ou quando encontra um obstáculo, normalmente a cobertura vegetal.
A erosão eólica ou o trabalho destrutivo é produzida pelo vento que retira e transporta partículas finas das rochas por centenas ou até milhares de quilômetros, em um processo conhecido como deflação. Ao lançá-los, com força contra as rochas provoca outro fenômeno conhecido como corrasão. Em decorrência desses processos surgem depressões, planaltos pedregosos com formações exóticas como se fossem esculpidas por “grandes artistas”, que nada mais são do que as próprias forças do vento.
Figura 33 – Taça – Parque Estadual de Vila Velha (PR)
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Estadual_de_Vila_Velha
O trabalho de acumulação eólica se inicia, como já foi dito, quando o vento perde a velocidade. Existem diversas formações resultantes desse processo com as dunas e os loess
Figura 34: Dunas do Erg Chebbi, Marrocos
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Duna
Figura 35 - A Geleira Curtis Inferior é uma geleira de anfiteatro nas Cascatas do Norte no Estado de Washington
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Geleira_de_anfiteatro
Figura 36 Morena (Athabasca-Montanhas Rochosas –Canadá)
Fonte: http://www.igc.usp.br/glacial/glossario.htm
Figura 37: Cerca de 90% do volume total de um iceberg fica abaixo da superfície do mar
Fonte: http://www.mundoeducacao.com/fisica/a-ponta-um-iceberg.htm
Figura 38 Abrasão do gelo
Fonte: http://www.igc.usp.br/glacial/glossario.htm
Conhecemos nesta aula um pouco do Trabalho Geológico do Gelo e do Vento. Até a próxima aula!
Aula 16_Os Compartimentos do Relevo
 
 
Para construir estradas, instalar indústrias, fazer um planejamento urbano, desenvolver a agricultura, é preciso utilizar estratégias adequadas do uso do solo, o que requer um conhecimento das formas do relevo. Desse conhecimento, o homem pode empregarrecursos da Engenharia, Agronomia, dentre outros. 
Iniciaremos o estudo das formas do relevo.
O nível do mar marca o limite entre o relevo continental e o relevo submarino. É o nível zero, usado para medir altitude e profundidade.
Segundo Aziz Nacib Ab’Saber, toda paisagem possui uma certa compartimentação de relevo. Entende-se por compartimento de relevo, qualquer conjunto topográfico situado entre áreas topograficamente mais elevadas.
O modelado terrestre é formado por várias feições. Dentre elas, quatro têm grande importância para o seu estudo, são as macroformas ou os principais compartimentos de relevo: montanhas, planaltos, planícies e depressões.
 
Planaltos
Superfície mais ou menos plana e elevada em relação às áreas próximas, delimitadas por escarpas; o processo de desgaste supera o de deposição de materiais.
A extensão dos planaltos no globo é desigual. A África é o continente que possui o maior conjunto de planaltos do mundo. O esquema africano repete-se, em grande parte, no território brasileiro. Na Austrália existem diversos grupos de planaltos. A quase totalidade da Península Arábica comporta-se como se fosse um único planalto. Na Ásia, na América do Norte e na América Andina existem planaltos com altitudes elevadas.
Segundo a origem, os planaltos estão divididos em três grupos distintos:
· Planaltos sedimentares (ou típicos): originados pelo soerguimento de camadas sedimentares, originalmente depositada no fundo de lagos ou de mares.
· Planaltos vulcânicos: originados por correntes ou fluxos de lavas vulcânicas de grande espessura, extravasadas umas após outras, em determinadas áreas. Existem planaltos de lavas formadas em camadas sedimentares entremeadas de antigos derrames de lavas basálticas, exemplo típico e o planalto arenito – basáltico da região sul do Brasil.
· Planalto de estrutura complexa: áreas de montanha ou de dobramento que foram aplainadas pela erosão e novamente soerguidas. Sulcadas por vales espaçados, compostos por vários tipos de dobras antigas.
Figura 39 – Serra Geral – Canela – Planalto Vulcânico (RS)
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_da_Serra_Geral
Planícies
Superfície mais ou menos plana, de naturezas sedimentares, predominando os processos de deposição de sedimentos. As maiores planícies do globo situam-se nas proximidades de áreas costeiras, em baixas altitudes. Pequenas planícies podem ser encontradas a qualquer altitude.
As planícies ocupam na superfície terrestre uma área quase igual a dos planaltos e das montanhas. Na Europa e na Ásia existe um verdadeiro cinturão leste – oeste de planícies da Sibéria ao norte da Alemanha, Holanda, e França, com solos extremamente férteis. Tão férteis como os solos das vastas planícies asiáticas cortadas por grandes rios na China e na Índia. Na América do Norte, as planícies estendem-se do sul dos Estados Unidos até o extremo norte do Canadá, formando um ”corredor” de solos férteis. Na América do Sul, começam na Amazônia, no Orinoco, e terminam nos pampas argentinos. A África é o continente que apresenta a menor extensão de áreas formadas por planícies.
 Existem vários tipos de planícies, segundo a origem. Grosso modo, estão divididas em dois grupos distintos:
· As costeiras (junto ao litoral) - Formadas pela sedimentação dos rios e do mar
· As continentais (interior dos continentes) - Nesse grupo aparecem vários tipos: planícies aluviais (sedimentação das águas fluviais); planícies deltaicas (prolongamento das planícies aluviais sobre os deltas); planícies glaciais (formadas por depósitos transportados pelo gelo, como lama, areias e seixos); planícies eólicas (formadas pela acumulação de areias transportadas pelo vento); planícies lacustres (áreas de lagos recentemente entulhados); planície de loess (formadas por depósitos finíssimos transportados pelo vento na periferia de desertos ou antigas áreas de geleiras) e planície de tundra (áreas planas com solos congelados, situadas nos pólos).
 
Montanhas
Área de relevo acidentado, com vales profundos, divisores serrilhados e encostas abruptas. As montanhas só se distinguem visualmente dos planaltos pela sua energia do relevo e pelo grau de acidentamento de suas feições topográficas.
As montanhas elevadas, do tipo cordilheira, possuem uma distribuição muito irregular no conjunto de terras emersas dos diversos continentes. Montanhas de tal tipo aparecem em toda a porção oeste das Américas (Andes e Rochosas); na Europa na porção centro sul do continente (Alpes, Cárpatos); na Ásia Central (Himalaia e seus contrafortes, dispostos em várias direções).
Essas grandes elevações de terreno são formadas por ação de forças tectônicas. Originam-se a partir de dobras, falhas ou vulcões.
Quanto à idade, podem ser antigas, como as serras do Mar e da Mantiqueira, ou recente, como a Cordilheira dos Andes, dos Alpes e do Himalaia.
Figura 41: Andes
Fonte: http://visibleearth.nasa.gov/view_rec.php?id=2821
 
Depressões
Essa nomenclatura passou a ser bastante utilizada por Jurandyr Ross, no último mapeamento feito do território brasileiro. Segundo ele, é uma superfície entre 100 a 500 metros de altitude, formada por longos processos de erosão. É mais plana do que um planalto.
Existem três tipos de depressão:
· Relativa: área situada abaixo das regiões circunvizinhas.
· Absoluta: uma porção do relevo situada abaixo do nível do mar. Não há ocorrência no território brasileiro.
· Periférica: área muito baixa presente na zona de contato entre terreno sedimentar e rochas cristalinas. Agrega e desagrega sedimentos e são freqüentes no território brasileiro.
 
Conhecemos nesta aula um pouco dos Compartimentos do Relevo. Até a próxima aula!
Aula 17_Formas Residuais, Isoladas,Tabuliformes e Cuestas
 
 
Existem formas que são restos complicados de uma longa evolução do relevo regional. São feições, por vezes isoladas, ou até ocupando extensas áreas planálticas. Recebem nomes locais, herdados de um passado histórico muito distante.
Conhecem-se vários tipos de formas isoladas ou residuais, estudaremos três formações que aparecem no relevo brasileiro: Inselberg, Pão-de-Açúcar e Shantung.
Dentre as feições planálticas, reconhecemos as chapadas ou chapadões e as cuestas.
Figura 43 – Chapada Diamantina
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chapada_Diamantina
Inselbergs
A tradução mais próxima do termo inselberg seria “monte ilha”. Denominação geomorfológica muito confusa,  aplica-se em geral a uma montanha que se eleva de um plano relativamente extenso e utilizada para indicar o resto de relevo saliente em meio a uma paisagem semi-árida, oriunda de uma longa história erosiva relacionada a processos secos. Para alguns autores, o termo poderia ser aplicado a cones vulcânicos e outros tipos isolados de elevações. Outros autores utilizam o termo “morro testemunho” para definir um inselberg.
 
Pão-de-Açúcar
Conhecido como pontão rochoso. Termo oriundo do Brasil. Trata-se de uma expressão arcaica, mesmo entre nós. Na era colonial brasileira, o açúcar dos engenhos era apresentado em forma de bolotas ou pães escuros. Corresponde a um monte rochoso e desnudo localizado na paisagem de mar de morros, dotada de massas rochosas e vegetação florestal. Só existem pães-de-açúcar em áreas de rochas compactas de origem cristalina (magmáticas e metamórficas, como o granito e o gnaisse, respectivamente). Alguns autores afirmam que um pão-de-açúcar poderia ter sido um inselberg quando em um tempo distante o clima era seco. De qualquer forma, porém, ele é definido pela paisagem e pelo clima que hoje predominam na área onde aparece.
 
Shantung
Morro ou colina isolada no meio de planícies costeiras ou planícies internas. São, às vezes, velhas ilhas que foram ligadas pela sedimentação marinha, ficando envolvidas por planícies. Comuns na Baixada Santista, os morros e pontões isolados foram chamados pelos tupi-guaranis de engás-guaçu, ou seja, morros em forma de fundos de pilão. Alguns autores também utilizam a terminologia morros de meia-laranja ou formas mamelonares.
 
Figura 46 -  Ilha Porchat ligada através de

Continue navegando