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RESUMO - RITO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS

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DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA 
@Mateus Mendes 
Página 1 
 
Incorporação de Tratados 
Internacionais no Brasil 
O que são tratados Internacionais de 
Direitos Humanos? 
São acordos internacionais 
concluídos por escrito entre Estados e/ou 
Organizações Internacionais regidos pelo 
Direito Internacional, que versam sobre 
direitos que concretizam a dignidade da 
pessoa. 
 A assinatura de um tratado por um 
Estado denota o seu compromisso de 
executá-lo dentro do seu território. Em 
regra, o não cumprimento das prescrições 
constantes do tratado internacional poderá 
implicar em consequências internacionais 
para o país. 
 Com base nisso, a legislação e a 
jurisprudência pátrias estabelecem que, 
para que um tratado internacional seja 
aplicado no Brasil, não basta que haja a 
assinatura pelo Presidente da República, 
são necessárias outras formalidades para 
sua aplicação. 
 
Procedimento de Incorporação de 
Tratados Internacionais no Brasil 
 Para que um tratado obrigue o 
Estado brasileiro internamente ele deverá 
passar por quatro fases: 
 
 Os tratados internacionais são 
assinados, no Brasil, pelo Presidente da 
República, que possui competência 
privativa para celebrar tratados, 
convenções e atos internacionais, na forma 
do art. 84, VIII, da CF. 
 Todavia, esses tratados 
internacionais também estão sujeitos a 
referendo pelo Congresso Nacional, o que 
traduz a aplicação do Modelo de 
Duplicidade de Vontades. 
 Esse modelo de duplicidade de 
vontade consiste no fato de que, além da 
assinatura do tratado internacional pelo 
Presidente da República (1ª manifestação 
de vontade), é necessário que o tratado 
também seja aprovado pelo Poder 
Legislativo (2ª manifestação de vontade). 
 Referida aprovação do Poder 
Legislativo, que se dará por meio de 
Decreto Legislativo, só será exigida 
quando o tratado, acordo ou ato 
internacional acarrete encargos ou 
compromissos gravosos ao patrimônio 
nacional, de acordo com o art. 49, I, da CF. 
 Via de regra, um tratado 
internacional de direitos humanos irá 
acarretar encargos ou compromissos 
gravosos ao patrimônio nacional, uma vez 
que gera uma obrigação de fazer pelo 
Estado Brasileiro e, por consequência, 
dependem de aprovação pelo Congresso 
Nacional. 
 Apesar de aprovado pelo Poder 
Legislativo, o tratado não está ainda, apto 
a gerar efeitos internos. Faz-se necessária 
a ratificação e depósito junto ao órgão 
responsável, por exemplo Secretário-geral 
da ONU. Tal ato passa a vincular o Estado 
Brasileiro internacionalmente. 
 Só passa a valer internamente, no 
entanto, com a promulgação, que se dá por 
meio de um Decreto Executivo do 
Presidente da República. 
 
Incorporação de Tratados 
Internacionais sobre Direitos Humanos 
 Quando falamos sobre a hierarquia 
dos tratados internacionais no 
ordenamento jurídico, precisamos fazer 
uma distinção entre os que versam sobre 
Direitos Humanos e os que tratam de 
temas diversos (por exemplo, comércio 
internacional). 
 Esses são incorporados ao 
ordenamento jurídico pátrio como leis 
ordinárias. Aqueles, por sua vez, 
diferenciam-se quanto ao status que 
DIREITO UNOESC – UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA 
@Mateus Mendes 
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possuem, a depender do rito de aprovação. 
Vejamos: 
 A partir da Emenda Constitucional 
nº 45/2004, a Constituição Federal passou 
a contar com um rito especial para 
aprovação dos tratados internacionais que 
versam sobre direitos humanos: 
Art. 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos que 
forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por 
três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais. 
 Diante disso, alcançando o quórum 
de três quintos dos membros, em dois 
turnos de votação, em cada casa do 
Congresso Nacional, o tratado possuirá 
status de emenda constitucional. 
 Por outro lado, não alcançando tal 
quórum, o status será de supra legalidade 
(acima das leis, mas abaixo da 
constituição), sendo esse o entendimento 
do STF. 
 Atualmente, temos três tratados 
internacionais internalizados em nossa 
ordem jurídica nos termos do parágrafo 3º, 
do art. 5º da CF: 
1. Convenção sobre Direitos das 
Pessoas com Deficiência e seu 
protocolo Facultativo; 
2. Tratado de Marraqueche, relativo à 
reprodução e a distribuição de 
obras, livros e textos em formato 
acessível a pessoas com 
deficiência visual; e 
3. Convenção Interamericana contra o 
Racismo, a Discriminação Racial e 
Formas Correlatar de Intolerância. 
A essa possibilidade de ter status 
diferentes conforme o rito de aprovação, 
dá-se o nome de Teoria do Duplo Estatuto 
dos Tratados de Direitos Humanos. 
 
Divergência entre Doutrina e STF 
 Importante destacar uma 
divergência existente entre o STF e a 
doutrina especializada em Direitos 
Humanos, dentre eles Flávia Piovesan e 
Valério Mazzuoli: 
 Para a Suprema Corte, apenas com 
o Decreto Presidencial está completa a 
incorporação do tratado, entrando em vigor 
internamente. No entanto, a doutrina 
defende que bastaria a ratificação para que 
o Brasil estivesse obrigado a cumprir, tanto 
externa, quanto internamente o tratado.

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