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manual de Analise e interpretacao de solo

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Introdução
A análise de solo para fins de recomendação de
fertilizantes é um processo no qual são utilizados métodos
rápidos para estimar a disponibilidade de nutrientes,
simulando a capacidade de extração das raízes. O
estabelecimento da análise de solo em uma região ou
estado deve ser precedido de pesquisa para seleção dos
métodos, através de estudos de correlação e de
calibração. A avaliação da disponibilidade dos nutrientes
no solo é feita através de métodos que são selecionados
com base na correlação entre as quantidades do nutriente
extraídas do solo e as quantidades do nutriente
absorvidas por plantas indicadoras. Esses métodos
simulam a ação das raízes, ou seja, extraem as formas
químicas dos nutrientes que seriam absorvidas pelas
plantas. Um resultado de análise de solo, mesmo obtido
por um método que se correlacione com o crescimento da
planta, tem sua interpretação limitada caso não se
disponha dos padrões de comparação. Os padrões de
comparação são obtidos em experimentos de campo, nos
quais se avalia, prioritariamente, a produção das culturas
em relação aos teores do nutriente medidos no solo. Este
procedimento denomina-se calibração.
O objetivo aqui é apresentar de forma simples e direta, os
conceitos que norteiam a interpretação dos resultados de
análise de solo para fins de recomendação de fertilizantes.
Os conceitos aqui apresentados tiveram como fonte:
Cantaruti et al. (2007a; 2007b) e Sobral et al., (2007).
Unidades utilizadas nos
resultados
de análises de solo
Nos resultados da análise de solo, é utilizado o Sistema
Internacional de Unidades. Na Tabela 1, são apresentados
os fatores de conversão para casos em que o Sistema
Internacional Unidades ainda não tenha sido implantado
no laboratório onde foram feitas as análises.
• A acidez ativa do solo é a concentração hidrogeniônica
em solução.
 
• A escala de pH utilizada para medir a acidez ativa varia de
0 a 14.
 
• Valores de pH entre 2 e 3 indicam presença de ácidos
livres provenientes da pirita que, quando oxidada, passa
para H2SO4.
 
• Quando o pH se situa entre 4 e 5, indica a presença de
alumínio trocável.
 
• Quando o pH está em torno de 5,2 a 5,3 o alumínio
trocável está quase na sua totalidade insolubilizado e não
causa mais danos as raízes.
 
• Solos calcários apresentam pH entre 7 e 8.
 
• Quando o pH é próximo de 9, indica a presença de sódio.
Acidez ativa - pH
• A acidez trocável é representada pelo alumínio (Al3+).
 
• A presença de alumínio no solo pode inibir o crescimento
radicular e influenciar na disponibilidade de outros
nutrientes e processos como a mineralização da matéria
orgânica.
 
• A correção do solo com calcário eleva o pH e insolubiliza
o Al3+ tornando-o inofensivo para as raízes e processos
do solo.
 
• Insistir em não fazer calagem quando o Al3+ no solo é
maior que 0,5 cmolc dm-3 não é recomendado, pois, pode
trazer prejuízos com a queda da produtividade. Algumas
culturas são mais sensíveis ao Al3+ que outras.
Acidez trocável ou alumínio
trocável
Acidez total ou potencial
• A acidez potencial é composta pela acidez trocável e não
trocável e é representada pelo H+Al.
 
• Pode ser obtida diretamente através do método do
acetato de cálcio a pH 7.
 
• Também pode ser obtida indiretamente com base no pH
de uma solução tamponada SMP adicionada ao solo.
 
• O método baseia-se na relação existente entre o pH de
uma solução tamponada adicionada ao solo e o teor de
H+Al.
 
• A relação é dependente de atributos físicos, químicos e
mineralógicos do solo.
 
• É necessária a calibração dessa relação para os solos da
região de influência do laboratório.
 
• Quanto mais baixo o pH SMP mais alto o H+Al. A acidez
total é utilizada para o cálculo da capacidade de troca
catiônica e da saturação por bases.
• A quantidade de bases trocáveis cálcio, magnésio,
potássio e sódio indicam o grau de intemperismo do solo.
Em solos mais jovens que sofreram menos intemperismo,
os teores dos quatro elementos são
mais altos.
 
• Solos que sofreram mais intemperismo como os solos
dos Tabuleiros Costeiros, os teores dos citados elementos
são mais baixos.
 
• Quando os teores de cálcio e magnésio são baixos, os
mesmos podem ser elevados com a utilização de calcário
dolomítico o qual tem em sua composição mais de 12% de
magnésio. Quando o objetivo for somente corrigir a acidez
o calcário calcítico pode ser
utilizado.
 
• Observar que o cálcio e magnésio podem ser adsorvidos
a cargas que seriam ocupadas pelo potássio e o mesmo
pode ser lixiviado, para fora do alcance das raízes.
Bases trocáveis
• A saturação por bases é a proporção da capacidade de
troca catiônica ocupada pelas bases.
 
• Solos com saturação por bases maiores que 70%
indicam que não há necessidade de calagem.
 
• Solos com saturação por bases menor que 50%, têm
cargas ocupadas por componentes da acidez H ou Al e
necessitam de correção.
 
• No cálculo das bases trocáveis, são computados, além do
cálcio e do magnésio, o potássio e o sódio.
 
• O método de calagem por saturação por bases considera
a necessidade de cada cultura. Os métodos baseados na
insolubilização do Al3+ e na elevação dos teores de cálcio
e do magnésio no solo não levam em consideração as
necessidades da cultura.
Saturação por bases (V%)
Potássio
• Teores altos de potássio indicam presença de minerais
primários e pouco intemperismo, o que ocorre em solos
de regiões mais secas.
 
• Teores mais baixos de potássio indicam solos mais
intemperizados.
 
• O teor de potássio no solo pode ser elevado com a
aplicação de adubos contendo o nutriente. No Brasil, a
fonte mais comum é o cloreto de potássio.
Sódio
• Os teores de sódio nos solos dos Tabuleiros Costeiros e
da Baixada Litorânea são baixos devido ao alto
intemperismo.
 
• Os teores de sódio nos solos da região Semiárida são
mais altos em função da presença de minerais primários
devido ao baixo intemperismo.
 
• Quando o teor de sódio for alto complementar a análise
com determinações de condutividade elétrica,
percentagem de sódio trocável e relação de adsorção de
sódio e comparar os resultados encontrados com a Tabela
2. De acordo com a classificação, indicar o manejo para
tentar resolver o problema.
A condutividade elétrica do extrato da pasta saturada,
mais conhecida como condutividade elétrica do extrato de
saturação (C.E.) é o método mais rápido e simples para se
estimar o total de sais solúveis do solo.
 
A percentagem de sódio trocável (PST) é o percentual de
Na+ em relação à capacidade total de troca de cátions é
obtida pela fórmula: PST = (Na+/CTC potencial) *100. A
relação de adsorção de sódio (RAS) é a relação entre as
concentrações de Na+ e as concentrações dos íons
divalentes Ca2+ e Mg2+, expressas em mmol L-1, no
extrato de saturação do solo e é calculada pela fórmula:
RAS = [Na+] / [(Ca2+ + Mg2+)/2]1/2.
• A capacidade de troca catiônica (CTC) pode ser obtida
por soma de bases, conforme a fórmula: CTC = Ca 2+ +Mg
2+ + K+ + Na+ + H + Al
 
• Valores maiores do que 15 cmolc dm-3 indicam presença
de argila 2:1 na fração argila.
 
• Valores menores que 5 cmolc dm-3 indicam baixo teor
de argila ou predominancia de argila 1:1 como a caulinita.
 
• Em solos intemperizados como os dos Tabuleiros
Costeiros, boa parte da CTC vem da matéria orgânica.
 
• A capacidade de troca catiônica é um dado a ser
considerado no manejo da adubação. Em solos de baixa
CTC o parcelamento do nitrogênio e do potássio é
necessário para evitar perdas por lixiviação.
Capacidade de troca
catiônica (CTC)
• O teor de fósforo no solo é estimado pelo extrator
Mehlich-1 que é uma mistura dos ácidos sulfúrico e
clorídico.
 
• A interpretação dos teores de fósforo no solo estimados
pelo Mehlich-1 tem que levar em consideração o teor de
argila.
 
• O extrator Mehlich-1 é sensível ao teor de argila. Isso
significa que em solos arenosos o nível crítico (valor acima
do qual a probabilidade de resposta é baixa) é mais alto
que em solos argilosos.
 
• Em solos argilosos, como o poder tampão é mais alto, o
extrator é consumido e a capacidade de extrairfósforo
diminui.
 
Na Tabela 3, é mostrada a relação entre os teores de argila
e os níveis críticos de fósforo.
Fósforo
Na Tabela 4, são mostrados os valores que são utilizados
para interpretar resultados de análise de solo utilizando-se
os métodos da rede Embrapa de Laboratórios.
Análise de solo: Importância
e tipos de análise
Análise química de solo
Análise física
Análise química da planta
No Brasil,  a maior parte dos solos  não apresenta
condições químicas  naturais  para o desenvolvimento das
culturas.
 
E mesmo que o solo possua grande quantidade de
nutrientes, com o tempo e com sucessivos plantios, isso
diminui.
 
Para determinar a quantidade de nutrientes no solo da
sua propriedade, você precisa realizar a análise de solo.Ela
é de extrema importância para identificar a  fertilidade do
solo.
 
E, com os resultados dessa análise, você consegue repor o
que falta de nutriente para a produção da cultura
pretendida.
 
Desta forma, você sabe quais nutrientes estão em nível
adequado e quais estão em baixo nível para a cultura,
aumentando as chances de sucesso e lucro com sua
lavoura.
 
Existem 3 análises de solo que são mais utilizadas:
 
Na análise química do solo é determinada a fertilidade, ou
seja, a acidez e a disponibilidade de nutrientes para as
plantas.
 
Já a análise física (granulométrica) determina os teores de
areia, silte e argila no solo. Para caracterizar a textura do
solo da sua propriedade, a análise física deve ser realizada
apenas uma vez na área.
 
A  análise química das plantas  identifica possíveis
deficiências, toxicidades e ainda distingue sintomas
provocados por doenças devido a problemas nutricionais.
Assim, com esta análise é possível verificar a  interação
solo-planta-clima.
 
As análises foliares são realizadas durante o ciclo da
cultura para verificar a nutrição e ajudar a diagnosticar se
há algum problema com a sua lavoura.
 
Essa análise é utilizada para complementar as análises de
solo.
Pontos importantes para
uma boa análise química de
solo
A análise de solo é super importante para a sua lavoura,
mas  precisa ser bem feita.  Veja algumas dicas para uma
boa análise química de solo:
Época de análise
A análise química do solo deve ser realizada antes da
implantação da lavoura. Assim há tempo de planejar e
executar as operações de preparo do solo
como: calagem, gessagem e adubação, conforme os dados
obtidos na análise.
 
Um período ideal para realizar a  análise de solo  é na
entressafra, cerca de 3 meses antes de iniciar o plantio da
cultura.
Amostragem
Sua propriedade não é homogênea: há diferenças no solo,
nas plantas cultivadas, no manejo e outros.
 
Por isso, é muito importante você definir as áreas que irá
amostrar.Existem vários métodos para isso e você deve
escolher o que melhor se enquadra na sua propriedade.
 
Após determinar as áreas de amostragem, realize a coleta
das subamostras dentro da área estabelecida.
Após a coleta dessas subamostras (amostras simples), elas
devem ser misturadas para a obtenção da amostra
composta e retirada de uma porção para a amostra final
que será enviada para o laboratório.
Finalidade e Procedimentos
de Amostragem
A análise de solos é o único método que permite,antes do
plantio, conhecer a capacidade de um determinado solo
suprir nutrientes para as plantas. É a forma mais simples,
econômica e eficiente de diagnose da fertilidade das terras
e constitui base imprescindível para a recomendação de
quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes para
aumentar a produtividade das culturas e, como
consequência a produção e a lucratividade das lavouras. 
 
Destacam-se ainda como aspectos favoráveis à sua
utilização:
 
• Baixo custo e rapidez na obtenção dos resultados;
• O adequado planejamento na compra de corretivos e
fertilizantes;
• Evita gastos desnecessários com insumos e mão-de-
obra;
• Evita desequilíbrios nutricionais;
• Minimiza danos ao meio ambiente,notadamente a
contaminação das águas por excesso de fertilizantes.
 
A amostragem do solo é considerada a etapa mais crítica
de todo o processo de análise do solo, haja vista que uma
pequena porção de terra representará alguns hectares, e
não há meios para se corrigir possíveis erros cometidos
durante a amostragem (FURTINI NETO et al., 2001). 
 
Para que os resultados da análise de solos realmente
representem de forma confiável a gleba amostrada e
possam servir de base para a recomendação de uma
calagem e adubação adequadas, a amostragem da área
deve ser realizada corretamente. 
 
Os cuidados com a amostragem devem merecer atenção
especial, portanto, é fundamental que a pessoa
encarregada de realizara coleta das amostras no campo
tenha pleno conhecimento dos procedimentos
necessários para uma amostragem adequada e
representativa.
Amostragem do Solo
Procedimentos para a
amostragem do solo
Antes da coleta das amostras, a área deve ser subdividida
em glebas homogêneas, com área máxima em torno de 10
ha. Na subdivisão devem ser levados em consideração os
seguintes aspectos: posição no relevo (solo de morro,
encosta ou baixada), cor do solo, textura do solo, histórico
de uso e manejo (culturas anteriores, calagens, adubações,
etc.), drenagem da área, presença de erosão, etc.
Nas glebas homogêneas devem ser coletadas pelo menos
20 subamostras ao acaso (caminhando-se em ziguezague,
de forma a percorrer toda a área) e misturadas em
recipiente limpo para a retirada de cerca de 300 g de solo,
o qual deve ser acondicionado em saco plástico limpo,
devidamente identificado (nome do proprietário, data de
coleta, gleba, profundidade de coleta, cultura, etc.), e
encaminhado ao laboratório para análise. 
 
Deve-se evitar a coleta das amostras em locais próximos a
brejos, sulcos de erosão, caminhos de pedestres ou
animais, formigueiros, currais, estrume de animais,
depósitos de calcário, etc, e jamais acondicionar as
amostras em embalagens usadas ou sujas.
Profundidade de amostragem – a profundidade de
amostragem varia conforme o tipo de cultura (anual e
perene) e sistema de cultivo (convencional e plantio
direto). 
 
Em geral, para a maioria das culturas anuais a
profundidade de coleta deve ser de 0-20 cm, enquanto
para as culturas perenes de 0-20, 20-40 e 40-60 cm (na
projeção da copa) (SOCIEDADE..., 2004). Para o sistema de
plantio direto, pastagens ou integração lavoura-pecuária,
onde não há revolvimento do solo e a adubação é em
superfície, a amostragem deve ser feita nas profundidades
de 0-10 e 10-20 cm (SOCIEDADE..., 2004). 
 
As coletas nas profundidades de 20-40 e 40-60 cm
permitem detectar barreiras químicas (toxidez por
alumínio e deficiência de cálcio) ou físicas (pedregosidade
e compactação) que comprometem o crescimento
radicular, com consequente restrição à absorção de água
e nutrientes (FURTINI NETO et al., 2001).
A coleta das amostras pode ser realizada com diversos
amostradores: trado de rosca, trado holandês, trado
caneca, sonda, pás, etc. (Figura 2).
 
Contudo, deve-se atentar para a adequada limpeza tanto
do amostrador como do recipiente utilizado para a
mistura das subamostras quando for mudar de gleba.
A época ideal para as culturas anuais é o início do período
de seca (cerca de 3 a 4 meses antes do plantio), e para as
culturas perenes, logo após a colheita. A frequência de
amostragem na mesma gleba é variável, devendo ser
repetida em intervalos que podem variar de 1 a 4 anos
(dependendo da intensidade de uso e manejo) e com
amostragens anuais em glebas cultivadas intensivamente
e com altas produtividades.
Existem no país diversos laboratórios, públicos e privados,
capacitados para realizar análises de solos, devendo ser
dada preferência por aqueles ligados a um Programa de
Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade.
 
Uma análise completa para avaliação da fertilidade do solo
deve incluir as seguintes determinações: pH, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio, enxofre, zinco, manganês,
cobre, ferro, boro, alumínio, hidrogênio mais alumínio, teor
de matéria orgânica e granulometria (textura) (FURTINI
NETO et al.,2001).
Análise em Laboratório
As tabelas com as classes de interpretação de resultados
podem variar em função dos métodos de extração
utilizados pelos laboratórios. Portanto os critérios de
interpretação não são únicos e variam, notadamente entre
estados.
 
Contudo, desde que o método de análise seja o mesmo, a
interpretação dos resultados pode ser realizada com base
na consulta a tabelas de diferentes estados (FURTINI NETO
et al., 2001). A seguir são apresentadas algumas classes de
interpretação de resultados de análise de solos (Tabelas 1
a 5):
Interpretação dos Resultados
A análise de solos é indispensável para a definição de
quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes
visando o pleno atendimento das exigências das plantas,
sob pena, se preterida, incorrer na aplicação de doses
inferiores à necessária ao alcance da produção máxima,
assim como também doses superiores à exigida, causando
desequilíbrios nutricionais e contaminação do lençol
freático e cursos d`águas, e em última análise
comprometimento à rentabilidade da atividade.
O custo de uma análise de solos é expressivamente baixo
diante dos benefícios que pode proporcionar,
principalmente tendo em vista o elevado custo dos
corretivos e fertilizantes, os quais consomem parcela
significativa dos recursos destinados aos sistemas de
produção agrícolas. 
 
Embora os procedimentos para a amostragem do solo
sejam amplamente divulgados no meio rural e de fácil
compreensão, dada a sua importância em todo o
processo, recomenda-se que antes da coleta o produtor
busque apoio da assistência técnica local, de forma que o
resultado final seja realmente aquele que possa contribuir
para o
adequado manejo da fertilidade do solo e,
consequentemente, aumento de produtividade e
lucratividade.
IMPORTÂNCIA
 
DA
FERTILIDADE
 
DO SOLO
A preocupação com a manutenção da fertilidade do solo
ocorre desde a antiguidade, quando os gregos já
recomendavam, ainda que intuitivamente, a aplicação de
estercos e água de esgoto nos solos que consideravam
como "mais fraco". Teofrasto (372 – 287 aC) recomendava
usar de forma abundante estercos nos solos rasos, mas os
solos ricos deveriam ser menos adubados. Da mesma
forma, romanos e gauleses já utilizavam margas (material
à
base de argila e calcário) para melhorar o solo onde eram
cultivados cereais e videiras.
 
Intuitivamente os povos antigos se preocupavam em
manter a fertilidade do solo através da aplicação de
materiais que julgavam conservar os "elementos
responsáveis" pelo crescimento e produtividade das
culturas.
 
Nos dias atuais, há muita pesquisa disponível acerca das
técnicas de conservação do solo, apesar de em sua grande
maioria não ser aplicada pelos proprietários rurais em
muitas regiões do Brasil, especialmente naquelas mais
pobres como na Região Norte e no semiárido do
Nordeste. Contudo, as causas da falta de aplicação do
conhecimento da Ciência do Solo para sua conservação
não será abordado neste trabalho.
A manutenção da qualidade do solo nos agroecossistemas
é fundamental para a sustentabilidade dos sistemas de
produção e conservação do solo. Sobre este prisma, um
dos aspectos fundamentais para a conservação do solo é
o adequado manejo de sua fertilidade, com vistas a
manutenção de sua capacidade produtiva, dos níveis de
nutrientes, de matéria orgânica e da atividade biológica.
 
Em muitas áreas do semiárido Nordestino, apesar de todo
conhecimento científico acumulado na região, ainda
adota-se sistemas arcaicos de cultivo, onde áreas
exploradas com culturas anuais, anos após anos são
abandonadas pela baixa produtividade adquirida em
função da exaustão de nutrientes e matéria orgânica do
solo. A decadência dos nível de fertilidade nestas áreas
tornam a atividade agrícola economicamente inviável.
Assim, estas áreas ficam expostas aos agentes erosivos,
tais como água e vento, proporcionado a remoção da
camada de solo contendo as superfícies de adsorção mais
ativas (argilas e matéria orgânica) levando com o tempo a
degradação dos solo. Na verdade, estes solos poderiam
continuar produzindo satisfatoriamente se fossem
aplicadas técnicas simples como a rotação de cultura, para
enriquecimento do solo com matéria orgânica e atender
uma das importantes leis da fertilidade do solo, ou seja, a
"Lei da Restituição", começando pela análise de solo
seguido das recomendações necessárias.
Estima-se que apenas 1,33% da superfície da Terra seja
agricultável, admitindo-se que 75% compreendem os
oceanos e 23,67% seja ocupada por rios, lagos, desertos,
florestas muito acidentadas e geleiras. Portanto, resta um
resíduo da superfície do planeta para se produzir
alimentos, fibras e diversos tipos de matéria-prima. Dos
solos que constituem este resíduo, poucos são
naturalmente férteis, a exemplo da Terra Preta de Índio na
Amazônia.
 
No Brasil cerva de 63% da área de solos é afetada por
acidez elevada e Al e 25% destas áreas apresentam
elevada fixação de P (NOVAIS et al., 2007). Muitos solos
mesmo sendo férteis não necessariamente são
produtivos, pois podem apresentar impedimentos físicos
como elevada pedregosidade, baixa profundidade, elevada
compactação ou apresentarem impedimentos químicos
como elevada salinidade, excesso de sódio, excesso de
alumínio, ou outros elementos considerados tóxicos para
as plantas ou estarem localizados em área sob baixa
precipitação pluviométrica. 
 
Por outro lado, há muitos solos que apresentam baixa
fertilidade natural, mas possuem atributos físicos
favoráveis ao desenvolvimento das plantas e, portanto,
podem vir a se tornar produtivos desde que sejam
adotadas a prática da adubação e a da calagem.
Há uma estreita relação entre a fertilidade do solo com os
fatores de formação do solo. A disponibilidade imediata e
a reserva de nutrientes dependem não apenas da riqueza
do material de origem mas também da intensidade do
processo de lixiviação/lavagem do solo proporcionado
pelo clima, da natureza da rocha e sua suscetibilidade ao
processo de intemperismo aliado a atividade dos
organismos, os quais podem contribuir com a adição de
nutrientes no solo pelo processo de biocliclagem. 
 
De outra forma, os organismos do solo podem contribui
com o processo de lavagem do solo aumentando sua
porosidade ou ainda podem contribuir para diminuir o
processo de remoção de solo por erosão, aumentando o
teor de matéria orgânica e assim aumentando o
movimento de água no perfil do solo. O relevo é outro
fator fundamental neste processo, já que pode aumentar
ou diminuir o processo lavagem e, ou perdas de solo.
Pela atuação dos fatores de formação do solo, fica
evidente que os fatores de formação do solo, interferem
diretamente nos seus atributos químicos, físicos e
bilógicos.
Estes atributos por sua vez exercem influência sobre a
fertilidade do solo por contribuem com o acúmulo ou com
a remoção de nutrientes de seu perfil (Figura 2). 
 
A título de exemplo cita-se a porosidade do solo, em
especial a macroporosidade, que dependendo da
pluviosidade ou da lâmina de irrigação pode contribuir
para a remoção de elementos móveis como o potássio e o
nitrogênio. Por outro lado, a fertilidade do solo pode ser
favorecida pelos atributos que favorecem a atividade
biológica e o crescimento das plantas que, em última
instância, podem elevar o processo adição de carbono e
nutrientes ao solo. 
 
A exaustão é outro fator de relevante influência na
fertilidade do solo, na medida em que leva ao
depauperamento de sua fertilidade e inviabiliza o
desenvolvimento das plantas. De acordo com Lopes &
Guilherme (2007) a presença de nutrientes é um dos
aspectos fundamentais que garante a boa qualidade do
solo, seu bom uso e manejo, principalmente em
agroecossitemas. Esse efeito ocorre quando se realiza
monocultivos, anos após anos na mesma área sem haver a
restituição dos nutrientes extraídos pelas culturas.
Uma das formas de se evitar este tipo de processo, além
da adubação, é a prática da rotação de culturas, já que as
culturas diferentes têm exigências nutricionais diferentes,
promovendo um maior equilíbriode nutrientes no solo. 
 
Ressalta-se que a suscetibilidade do solo ao processo de
exaustão está também relacionado como os fatores de
formação do solo, pois o grau de intemperização do solo é
influencia diretamente na disponibilidade de nutrientes.
 
Além das plantas, o processo de erosão é um dos grandes
responsáveis pela perda de fertilidade do solo. O tipo de
erosão mais importante depende das condições climáticas
da região. Sob região semiárida, em especial sob Bioma
Caatinga, devido a pouca profundidade da maior parte dos
solos, ocorre mais intensamente a erosão laminar
proporcionada pelo ventos e pelas águas das chuvas. 
 
Esse processo remove a camada de solo mais rica em
minerais com maior superfície de adsorção de nutrientes
e também a matéria orgânica do solo, além das sementes.
Para nutrientes móveis no solo como o potássio, cálcio,
magnésio, enxofre e nitrogênio, a perda das superfícies de
adoção (argila e matéria orgânica coloidal) representam
perdas destes nutrientes por lixiviação.
Contudo, nutrientes de baixa mobilidade no solo como o
fósforo, também pode ser perdido pelo processo erosivo,
sem haver necessariamente lixiviação, pois este será
transportado juntamente com o solo removido como
sedimentos.
 
Desequilíbrios químicos no solo também podem contribui
com sua degradação mais rapidamente. Um das formas
mais graves de desequilíbrio químico no solo é o processo
de salinização e sodificação. A salinização dos solos é um
dos principais problemas relacionados com a perda de
produtividade das culturas. Estima-se que os prejuízos
anuais no mundo inteiro na produção agrícola, devido a
salinidade, cheguem a cerca de 12 bilhões de doares
(QADIR et al., 2007). Além disso, a salinidade proporciona
efeitos ambientais e sociais negativos devido ao abandono
das áreas afetadas e abertura de novas áreas para a
exploração agrícola.
Quando se deseja tomar medidas para solucionar
problemas reacionados com a fertilidade do solo, o ponto
de partida é o diagnóstico, o qual pode ser feito através da
análise do solo, sendo esta envolvendo metodologias
tradicionais ou mais sofisticadas, dependo dos objetivos e
metas dimensionados. As amostras obtidas na
propriedade pode m ser ou não georeferenciadas. Caso
sejam, pode-se elaborar mapas de fertilidade, com o qual
é possível o manejo mais apropriado como práticas de
calagem, adubação mineral e, ou orgânica em taxas
variáveis, ou seja, doses diferentes para situações
diferentes. Da mesma forma, adota-se para os problemas
com excesso de sais e de sódio. Para se verificar o efeito
das medidas adotadas, é necessário fazer o
acompanhamento por meio de novas amostragens de
solo e posterior análises.
FERTILIDADE DO
SOLO NO
SEMIÁRIDO
Na região semiárida encontra-se o Caatinga, que é um dos
biomas mais ameaçados do globo, em função da exploração
indiscriminada dos seus recursos naturais e de sua
biodiversidade, tendo como principais causas o
desmatamento e as queimadas de espécies nativas para
fins de retirada de lenha e fabricação de carvão vegetal
(MENEZES et al., 2002; 2005). Neste bioma a retirada da
vegetação natural, aliada aos longos períodos de estiagem,
provoca acentuada degradação do solo, deixando-o
descoberto e exposto por mais tempo à ação dos agentes
erosivos. Estes efeitos reduzem consequentemente, o
potencial produtivo dos solos, causando danos muitas vezes
irreversíveis ao meio (GARLINDO et al., 2008), levando o
bioma ao processo de desertificação em função das perdas
de sementes, matéria orgânica e nutrientes (SAMPAIO et al.,
1995).
 
Outra prática adotada, nesta região, que intensifica ainda
mais esse processo é a queima dos resíduos vegetais,
gerados pelo desmatamento. Embora, haja uma liberação
rápida de nutrientes minerais presentes nas cinzas, como o
cálcio, o magnésio e o potássio; grande parte do nitrogênio
e do carbono são perdidos por volatilização, com
consequente destruição do reservatório de matéria
orgânica do solo e comprometimento de sua atividade
biológica. Além das perdas de nutrientes na biomassa
cortada e queimada, ocorrem transformações significativas
nos estoques de matéria orgânica e nutrientes do solo, com
tendência de rápida diminuição dos reservatórios de
nutrientes associados à matéria orgânica nos meses
imediatamente subsequentes à queima (FRAGA; SALCEDO,
2004).
Nesse contexto, há necessidade urgente da implantação
de medidas que possam reverter este cenário, tendo em
vista que o processo de desertificação da Caatinga tem
implicações não apenas ambientais, mas também
socioeconômicas, uma vez que a população local é
fortemente dependente dos recursos naturais desse
bioma. Uma das formas de se reverter esse processo é o
reflorestamento com espécies nativas.
 
A maior parte da vegetação de Caatinga encontra-se sob
LUVISSOLOS (BRASIL, 1972). Estes solos são
caracterizados por apresentar geralmente elevados teores
trocáveis de cálcio, magnésio e potássio, mas apresentam
sérias limitações quanto aos teores de matéria orgânica,
nitrogênio, enxofre, fósforo, boro e micronutrientes
catiônicos (EMBRAPA, 2006). Estas limitações são
intensificadas principalmente sob processo de degradação
devido a retirada da vegetal, o que leva a perdas por
erosão (ANDRADE, 2013). Devido à baixa profundidade e
elevada pedregosidade destes solos, as áreas sob
LUVISSOLOS geralmente não são utilizadas para o cultivo
agrícola, sendo normalmente utilizadas com pastagem
natural. Contudo, devido a aceleração da degradação pelo
pisoteio de animais, a revegetação com espécies nativas é
a melhor indicação para estes solos.
 
No que se refere ao diagnóstico da fertilidade do solo no
semiárido, as informações disponíveis ainda são
incipientes, não obstante algumas pesquisas já foram
realizadas por
pesquisadores espalhados em diversas universidades do
Nordeste com a UFPE, UFC, UFPB, UEPB, UFCG dentre
outras.
 
No trabalho realizado por Silveira et al. (2006) com 10
classes de solos representativos do Estado da Paraíba e
do Pernambuco, os autores, observaram que o pH do solo
variou de 5,1 (Neossolo Quartzarênico) a 6,2 (Neossolo
Flúvico). Os teores de matéria orgânica ficaram na faia de
4,8 g/kg (Neossolo Quartzarênico) a 18,6 g/kg (Neossolo
Flúvico). Os teores de P-Mehlic apresentaram ampla
variação entre os solos, sendo encontrado teores de 1,0
mg kg-1 em Cambissolo, Planossolo e Neossolo Regolítico
até 202 no Neossolo Flúvico. Em geral, neste trabalho ficou
demonstrado que a maioria destes solos apresentam
grande limitação de matéria orgânica e fósforo, inclusive
quando se considera os teores totais deste nutriente no
solo.
Outro trabalho relevante foi realizado por Brito (2010)
num trabalho de monografia realizado no Centro de
Saúde e Tecnologia Rural da UFCG (Campus de Patos). A
autora avaliou a fertilidade do solo de 645 amostras
distribuídas nos estados da Paraíba, Ceará, Pernambuco e
Rio Grande do Norte. Parte destes resultados são
apresentados na Figura abaixo.
 
Assim como observado por Silveira et al. (2006), Brito
(2010) observou que mais de 90% das amostras
apresentavam teores baixos de matéria orgânica, 47%
com teores baixos de fósforo. Por outro lado, os teores de
potássio, na maioria das amostras encontravam-se de
médio a altos, assim como a saturação por bases.
A amostragem é a primeira e principal etapa da avaliação
do solo para fins de recomendação de adubação e
calagem. Neste sentido o laboratório não corrige erros de
amostragem, o máximo que se consegue após a
amostragem é a precisão dos resultados, pois
amostragem inadequada resulta em análise inexata.
AMOSTRAGEM PARA
DIAGNÓSTICO DA FERTILIDADE
DO SOLO
Amostragem do solo: processo pelo qual, por meio de
critérios preestabelecidos, se obtém amostras
representativas de uma gleba homogênea para análise
química, física, biológica, etc.
Amostras simples: amostras individuais obtidas em
diversos pontos da gleba, por meio do caminhamento, que
ao final serão reunidas em uma única amostra.
Amostra composta: corresponde a uma massa de cerca
de 0,5 kg de terra obtidaa partir das subamostras
reunidas e homogeneizadas. Este material será
encaminhando para o laboratório de solos e representará
a gleba ou talhão amostrado para fins de recomendação.
Subamostra: parte da amostra composta que será
utilizada no laboratório para uma análise específica. Ex. 10
cm3 de solo para análise de pH.
Para ilustrar os conceitos de exatidão e precisão convêm
analisar a ilustração abaixo.
 
Se considerarmos que o centro do alvo é o resultado
verdadeiro da variável analisado no solo (Proxíma Figura),
o terceiro alvo é a situação que se deseja em uma análise
de solo, ou seja, que os resultado sem precisos e exatos.
Viés e imprecisão, podem ocorrer quando a amostra
composta não for representativa da gleba ou quando o
equipamento utilizado não estiver adequadamente
calibrado.
CONCEITO IMPORTANTES
O aumento da produção agrícola vem ganhando cada vez
mais importância no cenário mundial. Para obtê-lo,
existem basicamente três formas: aumento da área
cultivada, aumento da produtividade e maior intensidade
de cultivo.
 
Entretanto, os tempos estão mudando e, além de produzir
cada vez mais alimentos, a agricultura precisa ser a mais
sustentável possível.
 
Neste sentido, aumentar a área de cultivo perde espaço
na atual conjuntura da agricultura. Já a busca pelo
aumento da produtividade e a maior intensidade de
cultivo ganham espaço no cenário agrícola.
 
Porém, em qualquer um dos dois casos, há a necessidade
de saber o que o solo pode oferecer e quais são suas
principais deficiências, ou seja, é imprescindível saber qual
é a fertilidade e o estado nutricional do mesmo.
 
A principal ferramenta utilizada para avaliar essas
características com maior exatidão é a análise do solo, que
quando bem realizada, possibilita tomadas de
decisão mais assertivas quanto às técnicas de manejo.
 
Veja qual é a real importância da análise do solo, suas
vantagens e qual deve ser a frequência ideal para a sua
realização.
 
Por que fazer a análise do solo?
 
A análise do solo é uma técnica de suma importância na
agricultura, sendo a mais importante e confiável para o
conhecimento do estado nutricional e o grau de fertilidade
em que se encontra determinada área.
 
A análise de solo representa também parte importante do
planejamento da instalação e manutenção  de culturas
agrícolas, como explica doutor em solos e nutrição de
plantas e docente na Unoeste (Universidade do Oeste
Paulista), Marcelo Rodrigo Alves.Segundo ele, a análise do
solo é fundamental para conhecer o solo a ser manejado.
“Será justamente através deste conhecimento que se
torna possível o uso de práticas de manejo com o uso de
corretivos e fertilizantes, de forma racional e mais
direcionada para a real necessidade da área”.
Dessa forma, a análise de solos é destinada para
contribuir com: 
 
-Indicação dos níveis de nutrientes presentes no solo,
possibilitando o desenvolvimento de um programa de
calagem e adubação mais eficientes; 
-Proporcionar de forma regular o monitoramento e a
avaliação de mudanças dos nutrientes no solo,
possibilitando, por consequência, aumentar a intensidade
de cultivo de forma sustentável.
 
Além disso, uma boa análise do solo tem relação direta
com a economia, pois evita gastos exorbitantes, muitas
vezes desnecessários, ajudando a manter a boa
produtividade do solo ao longo dos anos.
Um  solo produtivo  é o recurso mais importante para
qualquer atividade realizada no campo. Toda lavoura
precisa dele para crescer e se desenvolver, bem como a
pecuária  para produção de forragem que será oferecida
ao gado de diversas formas.
 
No entanto, há ocorrências na qual a falta ou a
insuficiência de alguns nutrientes debilitam e atrasam o
desenvolvimento das plantas, que por consequência,
passam a apresentar sintomas de deficiência nutricional. 
 
Para que isso não ocorra é imprescindível que todo
agricultor demande cuidados especiais com a qualidade,
mantendo o solo produtivo  em sua propriedade, sempre
nos padrões nutricionais exigidos pelas plantas.
 
Com o tempo, em decorrência do manejo incorreto, a
tendência é que o vigor dos solos decaia
consideravelmente e eles se tornem menos produtivos. É
o que chamamos de degradação do solo. Varias  são as
características que podem ocasionar essa degradação
com consequente diminuição na sua qualidade.
 
Primeiramente, o solo pode sofrer degradação através de
fatores de ordem química com perda de nutrientes,
acidificação e salinização. 
Há também a degradação por ocorrências físicas, como a
perda de estrutura e diminuição de permeabilidade
decorrentes de erosões e compactação do solo.
 
Por fim, há o processo de degradação de ordem biológica,
que pode ocorrer por uso indiscriminado de agroquímicos
e poluentes.
 
Visto tudo isso, você sabe como manter o solo produtivo
em sua propriedade? 
 
Aumentando a produtividade dos solos 
 
A qualidade do solo, historicamente tem sido relacionada
à produtividade. Em muitos casos, qualidade e
produtividade são quase que sinônimos. Portanto, para
deixar o solo produtivo, é obrigatório melhorar a sua
qualidade.
 
Mas como fazer isso? Alexandrius de Moraes Barbosa,
docente do curso de Agronomia da Unoeste de Presidente
Prudente–SP, cita que várias são as técnicas agronômicas
que compõe sistemas de produção que visam tornar o
solo produtivo.
 
 
Segundo o Agrônomo, os sistemas mais utilizados no
Brasil são o Sistema de Plantio Direto (SPD), Sistema de
Semeadura Direta (SSD) e a Integração Lavoura-Pecuária
(ILP). O profissional complementa que “os três sistemas
possuem algumas diferenças entre si, no entanto, todos
podem deixar o solo mais produtivo”.
 
Dentro destes sistemas, diversas técnicas podem ser
aplicadas em conjunto para melhorar as propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo. Em relação às
propriedades físicas, Alexandrius cita que elas são
responsáveis por estruturar o solo, promovendo a
formação de macroagregados, que por sua vez aumentam
a infiltração de água no solo, além de melhorar o
desenvolvimento radicular e a resistência às forças de
compactação, reduzindo significativamente os efeitos da
erosão.
 
Quanto a parte química, técnicas como rotação de
culturas e manejo da palhada do solo aumentarão a
fertilidade, principalmente nas camadas mais superficiais,
sendo que o aumento da fertilidade do solo está
relacionado a ciclagem de nutrientes realizado por
algumas espécies forrageiras, bem como, pelo aumento
do teor de matéria orgânica do solo proporcionado pela
presença de palha, ocasionando em aumento na CTC
(capacidade de troca de cátions).
Por fim, o agrônomo cita que devido a cobertura do solo,
haverá redução na temperatura e a conservação da
umidade, promovendo um aumento significativo na
qualidade biológica, tanto em relação a quantidade de
microrganismos, com também a diversidade e atividade,
que por sua vez, tende a deixar o solo produtivo. 
 
Quanto tempo leva pra conseguir um solo
produtivo? 
 
A recuperação do solo e a construção da fertilidade não
acontecerão do dia pra noite, isso é fato!“A recuperação
pode levar vários anos”, é o que diz o agrônomo, que dá
um exemplo: dependendo do tipo de solo e do manejo
adotado, para se aumentar 1% da matéria orgânica, pode-
se levar de sete a dez anos.
 
Dessa forma, para buscar aumento do potencial produtivo
do solo deve-se fazer um planejamento a longo prazo, que
vai desde a escolha do sistema de produção ideal para a
região, bem como, uma correta instalação do sistema de
produção, que possa dar suporte para os demais manejos
utilizados ao longo dos anos.
Solo de qualidade: do que vou precisar? 
 
Engana-se quem acha que para conseguir solos
produtivos, somente uma técnica será necessária.
Alexandrius alerta que “o aumento da produtividade não
se dá somente com o uso de uma técnica agronômica, e
sim, através do uso de diversas técnicas que formam todo
o sistema de produção”.
 
O professor explica: Para a correção química do solo, no
momento da instalação do sistema de manejo é
recomendado que se faça calagem, gessagem e
fosfatagem. Essa correção de formaçãoé essencial e
funcionará como uma base para implantação do sistema
de produção.Alexandrius alerta que “ao longo dos anos, se
não for realizada a correção de manutenção do solo, a sua
fertilidade tende a reduzir a tal ponto de ser novamente
necessário a reimplantação do sistema”.
Maquinários: essenciais para a recuperação do solo 
 
O uso de maquinário também é de extrema importância
na busca de um solo produtivo. Assim, faz-se necessário
que o agricultor possua máquinas e implementos que
atendam a necessidade dos sistemas.
 
Máquinas que realizem a semeadura sobre a palhada,
como também, máquinas que reduzam a compactação do
solo com o mínimo revolvimento possível, que é o caso
dos escarificadores, que podem ser utilizados nos
sistemas de cultivo mínimo e/ou preparo reduzido do solo,
de modo a controlar a compactação superficial do solo.
CONTEÚDO EXTRA
Como usar óxido de cálcio
como corretivo em
pastagens
Veja quais são os benefícios da aplicação de óxido de
cálcio em pastagens e quais são os principais cuidados
quanto ao uso desse corretivo.
Em qualquer sistema de produção a pasto, a garantia de
uma boa produção das pastagens está diretamente ligada
à manutenção do equilíbrio no sistema solo-planta-animal,
onde os nutrientes extraídos precisam ser repostos. E
o  uso do óxido de cálcio (CaO) como corretivo de
pastagens é um ótimo caminho nesse sentido.
 
Obtido industrialmente por calcinação, o CaO  é um
constituinte da cal virgem agrícola e apresenta reatividade
aumentada devido a sua natureza química (bases fortes).
Portanto sua reatividade é muito elevada, podendo-se
dizer que a reação desse produto é quase imediata.
 
Conheça os benefícios desse corretivo do solo  e veja
outras informações de grande importância para quem
pretende aplicar esse produto em suas pastagens!
 
Como o óxido de cálcio é obtido?Basicamente, o óxido de
cálcio (CaO) é um produto obtido industrialmente por
calcinação, ou seja, por meio da queima completa do
calcário. Sua forma é a de um pó bastante fino.
 
Vale lembrar que a obtenção desse produto depende do
calcário utilizado, como explica  Alberto Bernardi,
pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste. “Há vários
tipos de calcários e dependendo do tipo utilizado, ele
pode conter, na verdade, óxido de cálcio (CaO) e óxido de
magnésio (MgO)”.
 
Bernandi ainda ressalta que esse produto é chamado
também de cal virgem agrícola.
Principais benefícios do uso do óxido de cálcio em
pastagens
 
Segundo Bernardi, o óxido de cálcio é caracterizado como
um ótimo corretivo do solo, com seus efeitos benéficos
sendo observados em diversos aspectos dentro da
pastagem, tais como:
*Aumento da eficiência das plantas na absorção de água e
de nutrientes;
*Diminuição das perdas de bases (K, Ca e Mg) por
lixiviação;
*Diminuição da fixação do P;Diminuição dos teores tóxicos
de Al e Mn;
*Fornecimento dos nutrientes Ca e Mg às plantas;
*Favorecimento da fixação simbiótica do nitrogênio pelas
leguminosas;
*Melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo;
 
Reação quase imediata em pastagens
 
Outro benefício bastante importante do uso de CaO em
pastagens é sua rápida reação assim que é aplicado, como
explica o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste:
 
“A reação da cal virgem agrícola ou óxido de cálcio e
magnésio é considerada quimicamente como uma base
forte, ou seja, sua reação é rápida e quase que imediata,
desde que haja umidade no solo”. Nesta rápida reação há
liberação de Ca2+, Mg2+, OH–, além de calor.
Porém, o pesquisador salienta que numa pastagem
implantada, na qual não vai ser incorporado o corretivo, a
aplicação da cal virgem ou óxido de cálcio pode ser um
problema.
 
“Este corretivo deve ser incorporado logo após a aplicação,
para evitar que haja um empedramento na superfície do
solo, criando até um selamento superficial, o que não será
nada benéfico”.
 
Frequência desse tipo de correção: Depende da análise do
soloBernardi explica que a recomendação da calagem ou
de qualquer outro tipo de corretivo em pastagens deve
ser feita com base na análise do solo. “Será por meio
dessa análise que será possível indicar qual a real
necessidade de correção”, diz.
 
Dessa forma, o pesquisador indica que no manejo
intensivo de pastagens, com uso de pastejo rotacionado e
adubações, a frequência anual de análise é a mais
adequada. Já em sistemas mais extensivos, pode-se
trabalhar com intervalos maiores.
 
“Será a partir dos resultados apresentados na análise de
solo é que o técnico indica a necessidade de calagem, que
é a quantidade de corretivo necessária para neutralizar a
acidez do solo”, reforça o pesquisador.
Dessa forma, a quantidade de calcário depende do
comportamento da cultura com relação à acidez e do
método ou critério utilizado para a recomendação.
 
Outro ponto importante que o pesquisador considera é
que por ser um produto cáustico, o óxido de cálcio pode
provocar irritação e queimaduras. “Sua aplicação exige
maior proteção das pessoas que os aplicam,
principalmente evitando-se o contato com olhos e pele”,
diz Bernardi.
 
Por fim, ele explica que por ser um pó fino, deve-se utilizar
um equipamento adequado para a aplicação do óxido de
cálcio. Por fim devem ser observadas as condições
climáticas no dia da aplicação, visto que esse é um
produto com alta possibilidade de perdas pelo vento.
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