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Introdução A análise de solo para fins de recomendação de fertilizantes é um processo no qual são utilizados métodos rápidos para estimar a disponibilidade de nutrientes, simulando a capacidade de extração das raízes. O estabelecimento da análise de solo em uma região ou estado deve ser precedido de pesquisa para seleção dos métodos, através de estudos de correlação e de calibração. A avaliação da disponibilidade dos nutrientes no solo é feita através de métodos que são selecionados com base na correlação entre as quantidades do nutriente extraídas do solo e as quantidades do nutriente absorvidas por plantas indicadoras. Esses métodos simulam a ação das raízes, ou seja, extraem as formas químicas dos nutrientes que seriam absorvidas pelas plantas. Um resultado de análise de solo, mesmo obtido por um método que se correlacione com o crescimento da planta, tem sua interpretação limitada caso não se disponha dos padrões de comparação. Os padrões de comparação são obtidos em experimentos de campo, nos quais se avalia, prioritariamente, a produção das culturas em relação aos teores do nutriente medidos no solo. Este procedimento denomina-se calibração. O objetivo aqui é apresentar de forma simples e direta, os conceitos que norteiam a interpretação dos resultados de análise de solo para fins de recomendação de fertilizantes. Os conceitos aqui apresentados tiveram como fonte: Cantaruti et al. (2007a; 2007b) e Sobral et al., (2007). Unidades utilizadas nos resultados de análises de solo Nos resultados da análise de solo, é utilizado o Sistema Internacional de Unidades. Na Tabela 1, são apresentados os fatores de conversão para casos em que o Sistema Internacional Unidades ainda não tenha sido implantado no laboratório onde foram feitas as análises. • A acidez ativa do solo é a concentração hidrogeniônica em solução. • A escala de pH utilizada para medir a acidez ativa varia de 0 a 14. • Valores de pH entre 2 e 3 indicam presença de ácidos livres provenientes da pirita que, quando oxidada, passa para H2SO4. • Quando o pH se situa entre 4 e 5, indica a presença de alumínio trocável. • Quando o pH está em torno de 5,2 a 5,3 o alumínio trocável está quase na sua totalidade insolubilizado e não causa mais danos as raízes. • Solos calcários apresentam pH entre 7 e 8. • Quando o pH é próximo de 9, indica a presença de sódio. Acidez ativa - pH • A acidez trocável é representada pelo alumínio (Al3+). • A presença de alumínio no solo pode inibir o crescimento radicular e influenciar na disponibilidade de outros nutrientes e processos como a mineralização da matéria orgânica. • A correção do solo com calcário eleva o pH e insolubiliza o Al3+ tornando-o inofensivo para as raízes e processos do solo. • Insistir em não fazer calagem quando o Al3+ no solo é maior que 0,5 cmolc dm-3 não é recomendado, pois, pode trazer prejuízos com a queda da produtividade. Algumas culturas são mais sensíveis ao Al3+ que outras. Acidez trocável ou alumínio trocável Acidez total ou potencial • A acidez potencial é composta pela acidez trocável e não trocável e é representada pelo H+Al. • Pode ser obtida diretamente através do método do acetato de cálcio a pH 7. • Também pode ser obtida indiretamente com base no pH de uma solução tamponada SMP adicionada ao solo. • O método baseia-se na relação existente entre o pH de uma solução tamponada adicionada ao solo e o teor de H+Al. • A relação é dependente de atributos físicos, químicos e mineralógicos do solo. • É necessária a calibração dessa relação para os solos da região de influência do laboratório. • Quanto mais baixo o pH SMP mais alto o H+Al. A acidez total é utilizada para o cálculo da capacidade de troca catiônica e da saturação por bases. • A quantidade de bases trocáveis cálcio, magnésio, potássio e sódio indicam o grau de intemperismo do solo. Em solos mais jovens que sofreram menos intemperismo, os teores dos quatro elementos são mais altos. • Solos que sofreram mais intemperismo como os solos dos Tabuleiros Costeiros, os teores dos citados elementos são mais baixos. • Quando os teores de cálcio e magnésio são baixos, os mesmos podem ser elevados com a utilização de calcário dolomítico o qual tem em sua composição mais de 12% de magnésio. Quando o objetivo for somente corrigir a acidez o calcário calcítico pode ser utilizado. • Observar que o cálcio e magnésio podem ser adsorvidos a cargas que seriam ocupadas pelo potássio e o mesmo pode ser lixiviado, para fora do alcance das raízes. Bases trocáveis • A saturação por bases é a proporção da capacidade de troca catiônica ocupada pelas bases. • Solos com saturação por bases maiores que 70% indicam que não há necessidade de calagem. • Solos com saturação por bases menor que 50%, têm cargas ocupadas por componentes da acidez H ou Al e necessitam de correção. • No cálculo das bases trocáveis, são computados, além do cálcio e do magnésio, o potássio e o sódio. • O método de calagem por saturação por bases considera a necessidade de cada cultura. Os métodos baseados na insolubilização do Al3+ e na elevação dos teores de cálcio e do magnésio no solo não levam em consideração as necessidades da cultura. Saturação por bases (V%) Potássio • Teores altos de potássio indicam presença de minerais primários e pouco intemperismo, o que ocorre em solos de regiões mais secas. • Teores mais baixos de potássio indicam solos mais intemperizados. • O teor de potássio no solo pode ser elevado com a aplicação de adubos contendo o nutriente. No Brasil, a fonte mais comum é o cloreto de potássio. Sódio • Os teores de sódio nos solos dos Tabuleiros Costeiros e da Baixada Litorânea são baixos devido ao alto intemperismo. • Os teores de sódio nos solos da região Semiárida são mais altos em função da presença de minerais primários devido ao baixo intemperismo. • Quando o teor de sódio for alto complementar a análise com determinações de condutividade elétrica, percentagem de sódio trocável e relação de adsorção de sódio e comparar os resultados encontrados com a Tabela 2. De acordo com a classificação, indicar o manejo para tentar resolver o problema. A condutividade elétrica do extrato da pasta saturada, mais conhecida como condutividade elétrica do extrato de saturação (C.E.) é o método mais rápido e simples para se estimar o total de sais solúveis do solo. A percentagem de sódio trocável (PST) é o percentual de Na+ em relação à capacidade total de troca de cátions é obtida pela fórmula: PST = (Na+/CTC potencial) *100. A relação de adsorção de sódio (RAS) é a relação entre as concentrações de Na+ e as concentrações dos íons divalentes Ca2+ e Mg2+, expressas em mmol L-1, no extrato de saturação do solo e é calculada pela fórmula: RAS = [Na+] / [(Ca2+ + Mg2+)/2]1/2. • A capacidade de troca catiônica (CTC) pode ser obtida por soma de bases, conforme a fórmula: CTC = Ca 2+ +Mg 2+ + K+ + Na+ + H + Al • Valores maiores do que 15 cmolc dm-3 indicam presença de argila 2:1 na fração argila. • Valores menores que 5 cmolc dm-3 indicam baixo teor de argila ou predominancia de argila 1:1 como a caulinita. • Em solos intemperizados como os dos Tabuleiros Costeiros, boa parte da CTC vem da matéria orgânica. • A capacidade de troca catiônica é um dado a ser considerado no manejo da adubação. Em solos de baixa CTC o parcelamento do nitrogênio e do potássio é necessário para evitar perdas por lixiviação. Capacidade de troca catiônica (CTC) • O teor de fósforo no solo é estimado pelo extrator Mehlich-1 que é uma mistura dos ácidos sulfúrico e clorídico. • A interpretação dos teores de fósforo no solo estimados pelo Mehlich-1 tem que levar em consideração o teor de argila. • O extrator Mehlich-1 é sensível ao teor de argila. Isso significa que em solos arenosos o nível crítico (valor acima do qual a probabilidade de resposta é baixa) é mais alto que em solos argilosos. • Em solos argilosos, como o poder tampão é mais alto, o extrator é consumido e a capacidade de extrairfósforo diminui. Na Tabela 3, é mostrada a relação entre os teores de argila e os níveis críticos de fósforo. Fósforo Na Tabela 4, são mostrados os valores que são utilizados para interpretar resultados de análise de solo utilizando-se os métodos da rede Embrapa de Laboratórios. Análise de solo: Importância e tipos de análise Análise química de solo Análise física Análise química da planta No Brasil, a maior parte dos solos não apresenta condições químicas naturais para o desenvolvimento das culturas. E mesmo que o solo possua grande quantidade de nutrientes, com o tempo e com sucessivos plantios, isso diminui. Para determinar a quantidade de nutrientes no solo da sua propriedade, você precisa realizar a análise de solo.Ela é de extrema importância para identificar a fertilidade do solo. E, com os resultados dessa análise, você consegue repor o que falta de nutriente para a produção da cultura pretendida. Desta forma, você sabe quais nutrientes estão em nível adequado e quais estão em baixo nível para a cultura, aumentando as chances de sucesso e lucro com sua lavoura. Existem 3 análises de solo que são mais utilizadas: Na análise química do solo é determinada a fertilidade, ou seja, a acidez e a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Já a análise física (granulométrica) determina os teores de areia, silte e argila no solo. Para caracterizar a textura do solo da sua propriedade, a análise física deve ser realizada apenas uma vez na área. A análise química das plantas identifica possíveis deficiências, toxicidades e ainda distingue sintomas provocados por doenças devido a problemas nutricionais. Assim, com esta análise é possível verificar a interação solo-planta-clima. As análises foliares são realizadas durante o ciclo da cultura para verificar a nutrição e ajudar a diagnosticar se há algum problema com a sua lavoura. Essa análise é utilizada para complementar as análises de solo. Pontos importantes para uma boa análise química de solo A análise de solo é super importante para a sua lavoura, mas precisa ser bem feita. Veja algumas dicas para uma boa análise química de solo: Época de análise A análise química do solo deve ser realizada antes da implantação da lavoura. Assim há tempo de planejar e executar as operações de preparo do solo como: calagem, gessagem e adubação, conforme os dados obtidos na análise. Um período ideal para realizar a análise de solo é na entressafra, cerca de 3 meses antes de iniciar o plantio da cultura. Amostragem Sua propriedade não é homogênea: há diferenças no solo, nas plantas cultivadas, no manejo e outros. Por isso, é muito importante você definir as áreas que irá amostrar.Existem vários métodos para isso e você deve escolher o que melhor se enquadra na sua propriedade. Após determinar as áreas de amostragem, realize a coleta das subamostras dentro da área estabelecida. Após a coleta dessas subamostras (amostras simples), elas devem ser misturadas para a obtenção da amostra composta e retirada de uma porção para a amostra final que será enviada para o laboratório. Finalidade e Procedimentos de Amostragem A análise de solos é o único método que permite,antes do plantio, conhecer a capacidade de um determinado solo suprir nutrientes para as plantas. É a forma mais simples, econômica e eficiente de diagnose da fertilidade das terras e constitui base imprescindível para a recomendação de quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes para aumentar a produtividade das culturas e, como consequência a produção e a lucratividade das lavouras. Destacam-se ainda como aspectos favoráveis à sua utilização: • Baixo custo e rapidez na obtenção dos resultados; • O adequado planejamento na compra de corretivos e fertilizantes; • Evita gastos desnecessários com insumos e mão-de- obra; • Evita desequilíbrios nutricionais; • Minimiza danos ao meio ambiente,notadamente a contaminação das águas por excesso de fertilizantes. A amostragem do solo é considerada a etapa mais crítica de todo o processo de análise do solo, haja vista que uma pequena porção de terra representará alguns hectares, e não há meios para se corrigir possíveis erros cometidos durante a amostragem (FURTINI NETO et al., 2001). Para que os resultados da análise de solos realmente representem de forma confiável a gleba amostrada e possam servir de base para a recomendação de uma calagem e adubação adequadas, a amostragem da área deve ser realizada corretamente. Os cuidados com a amostragem devem merecer atenção especial, portanto, é fundamental que a pessoa encarregada de realizara coleta das amostras no campo tenha pleno conhecimento dos procedimentos necessários para uma amostragem adequada e representativa. Amostragem do Solo Procedimentos para a amostragem do solo Antes da coleta das amostras, a área deve ser subdividida em glebas homogêneas, com área máxima em torno de 10 ha. Na subdivisão devem ser levados em consideração os seguintes aspectos: posição no relevo (solo de morro, encosta ou baixada), cor do solo, textura do solo, histórico de uso e manejo (culturas anteriores, calagens, adubações, etc.), drenagem da área, presença de erosão, etc. Nas glebas homogêneas devem ser coletadas pelo menos 20 subamostras ao acaso (caminhando-se em ziguezague, de forma a percorrer toda a área) e misturadas em recipiente limpo para a retirada de cerca de 300 g de solo, o qual deve ser acondicionado em saco plástico limpo, devidamente identificado (nome do proprietário, data de coleta, gleba, profundidade de coleta, cultura, etc.), e encaminhado ao laboratório para análise. Deve-se evitar a coleta das amostras em locais próximos a brejos, sulcos de erosão, caminhos de pedestres ou animais, formigueiros, currais, estrume de animais, depósitos de calcário, etc, e jamais acondicionar as amostras em embalagens usadas ou sujas. Profundidade de amostragem – a profundidade de amostragem varia conforme o tipo de cultura (anual e perene) e sistema de cultivo (convencional e plantio direto). Em geral, para a maioria das culturas anuais a profundidade de coleta deve ser de 0-20 cm, enquanto para as culturas perenes de 0-20, 20-40 e 40-60 cm (na projeção da copa) (SOCIEDADE..., 2004). Para o sistema de plantio direto, pastagens ou integração lavoura-pecuária, onde não há revolvimento do solo e a adubação é em superfície, a amostragem deve ser feita nas profundidades de 0-10 e 10-20 cm (SOCIEDADE..., 2004). As coletas nas profundidades de 20-40 e 40-60 cm permitem detectar barreiras químicas (toxidez por alumínio e deficiência de cálcio) ou físicas (pedregosidade e compactação) que comprometem o crescimento radicular, com consequente restrição à absorção de água e nutrientes (FURTINI NETO et al., 2001). A coleta das amostras pode ser realizada com diversos amostradores: trado de rosca, trado holandês, trado caneca, sonda, pás, etc. (Figura 2). Contudo, deve-se atentar para a adequada limpeza tanto do amostrador como do recipiente utilizado para a mistura das subamostras quando for mudar de gleba. A época ideal para as culturas anuais é o início do período de seca (cerca de 3 a 4 meses antes do plantio), e para as culturas perenes, logo após a colheita. A frequência de amostragem na mesma gleba é variável, devendo ser repetida em intervalos que podem variar de 1 a 4 anos (dependendo da intensidade de uso e manejo) e com amostragens anuais em glebas cultivadas intensivamente e com altas produtividades. Existem no país diversos laboratórios, públicos e privados, capacitados para realizar análises de solos, devendo ser dada preferência por aqueles ligados a um Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade. Uma análise completa para avaliação da fertilidade do solo deve incluir as seguintes determinações: pH, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, zinco, manganês, cobre, ferro, boro, alumínio, hidrogênio mais alumínio, teor de matéria orgânica e granulometria (textura) (FURTINI NETO et al.,2001). Análise em Laboratório As tabelas com as classes de interpretação de resultados podem variar em função dos métodos de extração utilizados pelos laboratórios. Portanto os critérios de interpretação não são únicos e variam, notadamente entre estados. Contudo, desde que o método de análise seja o mesmo, a interpretação dos resultados pode ser realizada com base na consulta a tabelas de diferentes estados (FURTINI NETO et al., 2001). A seguir são apresentadas algumas classes de interpretação de resultados de análise de solos (Tabelas 1 a 5): Interpretação dos Resultados A análise de solos é indispensável para a definição de quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes visando o pleno atendimento das exigências das plantas, sob pena, se preterida, incorrer na aplicação de doses inferiores à necessária ao alcance da produção máxima, assim como também doses superiores à exigida, causando desequilíbrios nutricionais e contaminação do lençol freático e cursos d`águas, e em última análise comprometimento à rentabilidade da atividade. O custo de uma análise de solos é expressivamente baixo diante dos benefícios que pode proporcionar, principalmente tendo em vista o elevado custo dos corretivos e fertilizantes, os quais consomem parcela significativa dos recursos destinados aos sistemas de produção agrícolas. Embora os procedimentos para a amostragem do solo sejam amplamente divulgados no meio rural e de fácil compreensão, dada a sua importância em todo o processo, recomenda-se que antes da coleta o produtor busque apoio da assistência técnica local, de forma que o resultado final seja realmente aquele que possa contribuir para o adequado manejo da fertilidade do solo e, consequentemente, aumento de produtividade e lucratividade. IMPORTÂNCIA DA FERTILIDADE DO SOLO A preocupação com a manutenção da fertilidade do solo ocorre desde a antiguidade, quando os gregos já recomendavam, ainda que intuitivamente, a aplicação de estercos e água de esgoto nos solos que consideravam como "mais fraco". Teofrasto (372 – 287 aC) recomendava usar de forma abundante estercos nos solos rasos, mas os solos ricos deveriam ser menos adubados. Da mesma forma, romanos e gauleses já utilizavam margas (material à base de argila e calcário) para melhorar o solo onde eram cultivados cereais e videiras. Intuitivamente os povos antigos se preocupavam em manter a fertilidade do solo através da aplicação de materiais que julgavam conservar os "elementos responsáveis" pelo crescimento e produtividade das culturas. Nos dias atuais, há muita pesquisa disponível acerca das técnicas de conservação do solo, apesar de em sua grande maioria não ser aplicada pelos proprietários rurais em muitas regiões do Brasil, especialmente naquelas mais pobres como na Região Norte e no semiárido do Nordeste. Contudo, as causas da falta de aplicação do conhecimento da Ciência do Solo para sua conservação não será abordado neste trabalho. A manutenção da qualidade do solo nos agroecossistemas é fundamental para a sustentabilidade dos sistemas de produção e conservação do solo. Sobre este prisma, um dos aspectos fundamentais para a conservação do solo é o adequado manejo de sua fertilidade, com vistas a manutenção de sua capacidade produtiva, dos níveis de nutrientes, de matéria orgânica e da atividade biológica. Em muitas áreas do semiárido Nordestino, apesar de todo conhecimento científico acumulado na região, ainda adota-se sistemas arcaicos de cultivo, onde áreas exploradas com culturas anuais, anos após anos são abandonadas pela baixa produtividade adquirida em função da exaustão de nutrientes e matéria orgânica do solo. A decadência dos nível de fertilidade nestas áreas tornam a atividade agrícola economicamente inviável. Assim, estas áreas ficam expostas aos agentes erosivos, tais como água e vento, proporcionado a remoção da camada de solo contendo as superfícies de adsorção mais ativas (argilas e matéria orgânica) levando com o tempo a degradação dos solo. Na verdade, estes solos poderiam continuar produzindo satisfatoriamente se fossem aplicadas técnicas simples como a rotação de cultura, para enriquecimento do solo com matéria orgânica e atender uma das importantes leis da fertilidade do solo, ou seja, a "Lei da Restituição", começando pela análise de solo seguido das recomendações necessárias. Estima-se que apenas 1,33% da superfície da Terra seja agricultável, admitindo-se que 75% compreendem os oceanos e 23,67% seja ocupada por rios, lagos, desertos, florestas muito acidentadas e geleiras. Portanto, resta um resíduo da superfície do planeta para se produzir alimentos, fibras e diversos tipos de matéria-prima. Dos solos que constituem este resíduo, poucos são naturalmente férteis, a exemplo da Terra Preta de Índio na Amazônia. No Brasil cerva de 63% da área de solos é afetada por acidez elevada e Al e 25% destas áreas apresentam elevada fixação de P (NOVAIS et al., 2007). Muitos solos mesmo sendo férteis não necessariamente são produtivos, pois podem apresentar impedimentos físicos como elevada pedregosidade, baixa profundidade, elevada compactação ou apresentarem impedimentos químicos como elevada salinidade, excesso de sódio, excesso de alumínio, ou outros elementos considerados tóxicos para as plantas ou estarem localizados em área sob baixa precipitação pluviométrica. Por outro lado, há muitos solos que apresentam baixa fertilidade natural, mas possuem atributos físicos favoráveis ao desenvolvimento das plantas e, portanto, podem vir a se tornar produtivos desde que sejam adotadas a prática da adubação e a da calagem. Há uma estreita relação entre a fertilidade do solo com os fatores de formação do solo. A disponibilidade imediata e a reserva de nutrientes dependem não apenas da riqueza do material de origem mas também da intensidade do processo de lixiviação/lavagem do solo proporcionado pelo clima, da natureza da rocha e sua suscetibilidade ao processo de intemperismo aliado a atividade dos organismos, os quais podem contribuir com a adição de nutrientes no solo pelo processo de biocliclagem. De outra forma, os organismos do solo podem contribui com o processo de lavagem do solo aumentando sua porosidade ou ainda podem contribuir para diminuir o processo de remoção de solo por erosão, aumentando o teor de matéria orgânica e assim aumentando o movimento de água no perfil do solo. O relevo é outro fator fundamental neste processo, já que pode aumentar ou diminuir o processo lavagem e, ou perdas de solo. Pela atuação dos fatores de formação do solo, fica evidente que os fatores de formação do solo, interferem diretamente nos seus atributos químicos, físicos e bilógicos. Estes atributos por sua vez exercem influência sobre a fertilidade do solo por contribuem com o acúmulo ou com a remoção de nutrientes de seu perfil (Figura 2). A título de exemplo cita-se a porosidade do solo, em especial a macroporosidade, que dependendo da pluviosidade ou da lâmina de irrigação pode contribuir para a remoção de elementos móveis como o potássio e o nitrogênio. Por outro lado, a fertilidade do solo pode ser favorecida pelos atributos que favorecem a atividade biológica e o crescimento das plantas que, em última instância, podem elevar o processo adição de carbono e nutrientes ao solo. A exaustão é outro fator de relevante influência na fertilidade do solo, na medida em que leva ao depauperamento de sua fertilidade e inviabiliza o desenvolvimento das plantas. De acordo com Lopes & Guilherme (2007) a presença de nutrientes é um dos aspectos fundamentais que garante a boa qualidade do solo, seu bom uso e manejo, principalmente em agroecossitemas. Esse efeito ocorre quando se realiza monocultivos, anos após anos na mesma área sem haver a restituição dos nutrientes extraídos pelas culturas. Uma das formas de se evitar este tipo de processo, além da adubação, é a prática da rotação de culturas, já que as culturas diferentes têm exigências nutricionais diferentes, promovendo um maior equilíbriode nutrientes no solo. Ressalta-se que a suscetibilidade do solo ao processo de exaustão está também relacionado como os fatores de formação do solo, pois o grau de intemperização do solo é influencia diretamente na disponibilidade de nutrientes. Além das plantas, o processo de erosão é um dos grandes responsáveis pela perda de fertilidade do solo. O tipo de erosão mais importante depende das condições climáticas da região. Sob região semiárida, em especial sob Bioma Caatinga, devido a pouca profundidade da maior parte dos solos, ocorre mais intensamente a erosão laminar proporcionada pelo ventos e pelas águas das chuvas. Esse processo remove a camada de solo mais rica em minerais com maior superfície de adsorção de nutrientes e também a matéria orgânica do solo, além das sementes. Para nutrientes móveis no solo como o potássio, cálcio, magnésio, enxofre e nitrogênio, a perda das superfícies de adoção (argila e matéria orgânica coloidal) representam perdas destes nutrientes por lixiviação. Contudo, nutrientes de baixa mobilidade no solo como o fósforo, também pode ser perdido pelo processo erosivo, sem haver necessariamente lixiviação, pois este será transportado juntamente com o solo removido como sedimentos. Desequilíbrios químicos no solo também podem contribui com sua degradação mais rapidamente. Um das formas mais graves de desequilíbrio químico no solo é o processo de salinização e sodificação. A salinização dos solos é um dos principais problemas relacionados com a perda de produtividade das culturas. Estima-se que os prejuízos anuais no mundo inteiro na produção agrícola, devido a salinidade, cheguem a cerca de 12 bilhões de doares (QADIR et al., 2007). Além disso, a salinidade proporciona efeitos ambientais e sociais negativos devido ao abandono das áreas afetadas e abertura de novas áreas para a exploração agrícola. Quando se deseja tomar medidas para solucionar problemas reacionados com a fertilidade do solo, o ponto de partida é o diagnóstico, o qual pode ser feito através da análise do solo, sendo esta envolvendo metodologias tradicionais ou mais sofisticadas, dependo dos objetivos e metas dimensionados. As amostras obtidas na propriedade pode m ser ou não georeferenciadas. Caso sejam, pode-se elaborar mapas de fertilidade, com o qual é possível o manejo mais apropriado como práticas de calagem, adubação mineral e, ou orgânica em taxas variáveis, ou seja, doses diferentes para situações diferentes. Da mesma forma, adota-se para os problemas com excesso de sais e de sódio. Para se verificar o efeito das medidas adotadas, é necessário fazer o acompanhamento por meio de novas amostragens de solo e posterior análises. FERTILIDADE DO SOLO NO SEMIÁRIDO Na região semiárida encontra-se o Caatinga, que é um dos biomas mais ameaçados do globo, em função da exploração indiscriminada dos seus recursos naturais e de sua biodiversidade, tendo como principais causas o desmatamento e as queimadas de espécies nativas para fins de retirada de lenha e fabricação de carvão vegetal (MENEZES et al., 2002; 2005). Neste bioma a retirada da vegetação natural, aliada aos longos períodos de estiagem, provoca acentuada degradação do solo, deixando-o descoberto e exposto por mais tempo à ação dos agentes erosivos. Estes efeitos reduzem consequentemente, o potencial produtivo dos solos, causando danos muitas vezes irreversíveis ao meio (GARLINDO et al., 2008), levando o bioma ao processo de desertificação em função das perdas de sementes, matéria orgânica e nutrientes (SAMPAIO et al., 1995). Outra prática adotada, nesta região, que intensifica ainda mais esse processo é a queima dos resíduos vegetais, gerados pelo desmatamento. Embora, haja uma liberação rápida de nutrientes minerais presentes nas cinzas, como o cálcio, o magnésio e o potássio; grande parte do nitrogênio e do carbono são perdidos por volatilização, com consequente destruição do reservatório de matéria orgânica do solo e comprometimento de sua atividade biológica. Além das perdas de nutrientes na biomassa cortada e queimada, ocorrem transformações significativas nos estoques de matéria orgânica e nutrientes do solo, com tendência de rápida diminuição dos reservatórios de nutrientes associados à matéria orgânica nos meses imediatamente subsequentes à queima (FRAGA; SALCEDO, 2004). Nesse contexto, há necessidade urgente da implantação de medidas que possam reverter este cenário, tendo em vista que o processo de desertificação da Caatinga tem implicações não apenas ambientais, mas também socioeconômicas, uma vez que a população local é fortemente dependente dos recursos naturais desse bioma. Uma das formas de se reverter esse processo é o reflorestamento com espécies nativas. A maior parte da vegetação de Caatinga encontra-se sob LUVISSOLOS (BRASIL, 1972). Estes solos são caracterizados por apresentar geralmente elevados teores trocáveis de cálcio, magnésio e potássio, mas apresentam sérias limitações quanto aos teores de matéria orgânica, nitrogênio, enxofre, fósforo, boro e micronutrientes catiônicos (EMBRAPA, 2006). Estas limitações são intensificadas principalmente sob processo de degradação devido a retirada da vegetal, o que leva a perdas por erosão (ANDRADE, 2013). Devido à baixa profundidade e elevada pedregosidade destes solos, as áreas sob LUVISSOLOS geralmente não são utilizadas para o cultivo agrícola, sendo normalmente utilizadas com pastagem natural. Contudo, devido a aceleração da degradação pelo pisoteio de animais, a revegetação com espécies nativas é a melhor indicação para estes solos. No que se refere ao diagnóstico da fertilidade do solo no semiárido, as informações disponíveis ainda são incipientes, não obstante algumas pesquisas já foram realizadas por pesquisadores espalhados em diversas universidades do Nordeste com a UFPE, UFC, UFPB, UEPB, UFCG dentre outras. No trabalho realizado por Silveira et al. (2006) com 10 classes de solos representativos do Estado da Paraíba e do Pernambuco, os autores, observaram que o pH do solo variou de 5,1 (Neossolo Quartzarênico) a 6,2 (Neossolo Flúvico). Os teores de matéria orgânica ficaram na faia de 4,8 g/kg (Neossolo Quartzarênico) a 18,6 g/kg (Neossolo Flúvico). Os teores de P-Mehlic apresentaram ampla variação entre os solos, sendo encontrado teores de 1,0 mg kg-1 em Cambissolo, Planossolo e Neossolo Regolítico até 202 no Neossolo Flúvico. Em geral, neste trabalho ficou demonstrado que a maioria destes solos apresentam grande limitação de matéria orgânica e fósforo, inclusive quando se considera os teores totais deste nutriente no solo. Outro trabalho relevante foi realizado por Brito (2010) num trabalho de monografia realizado no Centro de Saúde e Tecnologia Rural da UFCG (Campus de Patos). A autora avaliou a fertilidade do solo de 645 amostras distribuídas nos estados da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Parte destes resultados são apresentados na Figura abaixo. Assim como observado por Silveira et al. (2006), Brito (2010) observou que mais de 90% das amostras apresentavam teores baixos de matéria orgânica, 47% com teores baixos de fósforo. Por outro lado, os teores de potássio, na maioria das amostras encontravam-se de médio a altos, assim como a saturação por bases. A amostragem é a primeira e principal etapa da avaliação do solo para fins de recomendação de adubação e calagem. Neste sentido o laboratório não corrige erros de amostragem, o máximo que se consegue após a amostragem é a precisão dos resultados, pois amostragem inadequada resulta em análise inexata. AMOSTRAGEM PARA DIAGNÓSTICO DA FERTILIDADE DO SOLO Amostragem do solo: processo pelo qual, por meio de critérios preestabelecidos, se obtém amostras representativas de uma gleba homogênea para análise química, física, biológica, etc. Amostras simples: amostras individuais obtidas em diversos pontos da gleba, por meio do caminhamento, que ao final serão reunidas em uma única amostra. Amostra composta: corresponde a uma massa de cerca de 0,5 kg de terra obtidaa partir das subamostras reunidas e homogeneizadas. Este material será encaminhando para o laboratório de solos e representará a gleba ou talhão amostrado para fins de recomendação. Subamostra: parte da amostra composta que será utilizada no laboratório para uma análise específica. Ex. 10 cm3 de solo para análise de pH. Para ilustrar os conceitos de exatidão e precisão convêm analisar a ilustração abaixo. Se considerarmos que o centro do alvo é o resultado verdadeiro da variável analisado no solo (Proxíma Figura), o terceiro alvo é a situação que se deseja em uma análise de solo, ou seja, que os resultado sem precisos e exatos. Viés e imprecisão, podem ocorrer quando a amostra composta não for representativa da gleba ou quando o equipamento utilizado não estiver adequadamente calibrado. CONCEITO IMPORTANTES O aumento da produção agrícola vem ganhando cada vez mais importância no cenário mundial. Para obtê-lo, existem basicamente três formas: aumento da área cultivada, aumento da produtividade e maior intensidade de cultivo. Entretanto, os tempos estão mudando e, além de produzir cada vez mais alimentos, a agricultura precisa ser a mais sustentável possível. Neste sentido, aumentar a área de cultivo perde espaço na atual conjuntura da agricultura. Já a busca pelo aumento da produtividade e a maior intensidade de cultivo ganham espaço no cenário agrícola. Porém, em qualquer um dos dois casos, há a necessidade de saber o que o solo pode oferecer e quais são suas principais deficiências, ou seja, é imprescindível saber qual é a fertilidade e o estado nutricional do mesmo. A principal ferramenta utilizada para avaliar essas características com maior exatidão é a análise do solo, que quando bem realizada, possibilita tomadas de decisão mais assertivas quanto às técnicas de manejo. Veja qual é a real importância da análise do solo, suas vantagens e qual deve ser a frequência ideal para a sua realização. Por que fazer a análise do solo? A análise do solo é uma técnica de suma importância na agricultura, sendo a mais importante e confiável para o conhecimento do estado nutricional e o grau de fertilidade em que se encontra determinada área. A análise de solo representa também parte importante do planejamento da instalação e manutenção de culturas agrícolas, como explica doutor em solos e nutrição de plantas e docente na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Marcelo Rodrigo Alves.Segundo ele, a análise do solo é fundamental para conhecer o solo a ser manejado. “Será justamente através deste conhecimento que se torna possível o uso de práticas de manejo com o uso de corretivos e fertilizantes, de forma racional e mais direcionada para a real necessidade da área”. Dessa forma, a análise de solos é destinada para contribuir com: -Indicação dos níveis de nutrientes presentes no solo, possibilitando o desenvolvimento de um programa de calagem e adubação mais eficientes; -Proporcionar de forma regular o monitoramento e a avaliação de mudanças dos nutrientes no solo, possibilitando, por consequência, aumentar a intensidade de cultivo de forma sustentável. Além disso, uma boa análise do solo tem relação direta com a economia, pois evita gastos exorbitantes, muitas vezes desnecessários, ajudando a manter a boa produtividade do solo ao longo dos anos. Um solo produtivo é o recurso mais importante para qualquer atividade realizada no campo. Toda lavoura precisa dele para crescer e se desenvolver, bem como a pecuária para produção de forragem que será oferecida ao gado de diversas formas. No entanto, há ocorrências na qual a falta ou a insuficiência de alguns nutrientes debilitam e atrasam o desenvolvimento das plantas, que por consequência, passam a apresentar sintomas de deficiência nutricional. Para que isso não ocorra é imprescindível que todo agricultor demande cuidados especiais com a qualidade, mantendo o solo produtivo em sua propriedade, sempre nos padrões nutricionais exigidos pelas plantas. Com o tempo, em decorrência do manejo incorreto, a tendência é que o vigor dos solos decaia consideravelmente e eles se tornem menos produtivos. É o que chamamos de degradação do solo. Varias são as características que podem ocasionar essa degradação com consequente diminuição na sua qualidade. Primeiramente, o solo pode sofrer degradação através de fatores de ordem química com perda de nutrientes, acidificação e salinização. Há também a degradação por ocorrências físicas, como a perda de estrutura e diminuição de permeabilidade decorrentes de erosões e compactação do solo. Por fim, há o processo de degradação de ordem biológica, que pode ocorrer por uso indiscriminado de agroquímicos e poluentes. Visto tudo isso, você sabe como manter o solo produtivo em sua propriedade? Aumentando a produtividade dos solos A qualidade do solo, historicamente tem sido relacionada à produtividade. Em muitos casos, qualidade e produtividade são quase que sinônimos. Portanto, para deixar o solo produtivo, é obrigatório melhorar a sua qualidade. Mas como fazer isso? Alexandrius de Moraes Barbosa, docente do curso de Agronomia da Unoeste de Presidente Prudente–SP, cita que várias são as técnicas agronômicas que compõe sistemas de produção que visam tornar o solo produtivo. Segundo o Agrônomo, os sistemas mais utilizados no Brasil são o Sistema de Plantio Direto (SPD), Sistema de Semeadura Direta (SSD) e a Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O profissional complementa que “os três sistemas possuem algumas diferenças entre si, no entanto, todos podem deixar o solo mais produtivo”. Dentro destes sistemas, diversas técnicas podem ser aplicadas em conjunto para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Em relação às propriedades físicas, Alexandrius cita que elas são responsáveis por estruturar o solo, promovendo a formação de macroagregados, que por sua vez aumentam a infiltração de água no solo, além de melhorar o desenvolvimento radicular e a resistência às forças de compactação, reduzindo significativamente os efeitos da erosão. Quanto a parte química, técnicas como rotação de culturas e manejo da palhada do solo aumentarão a fertilidade, principalmente nas camadas mais superficiais, sendo que o aumento da fertilidade do solo está relacionado a ciclagem de nutrientes realizado por algumas espécies forrageiras, bem como, pelo aumento do teor de matéria orgânica do solo proporcionado pela presença de palha, ocasionando em aumento na CTC (capacidade de troca de cátions). Por fim, o agrônomo cita que devido a cobertura do solo, haverá redução na temperatura e a conservação da umidade, promovendo um aumento significativo na qualidade biológica, tanto em relação a quantidade de microrganismos, com também a diversidade e atividade, que por sua vez, tende a deixar o solo produtivo. Quanto tempo leva pra conseguir um solo produtivo? A recuperação do solo e a construção da fertilidade não acontecerão do dia pra noite, isso é fato!“A recuperação pode levar vários anos”, é o que diz o agrônomo, que dá um exemplo: dependendo do tipo de solo e do manejo adotado, para se aumentar 1% da matéria orgânica, pode- se levar de sete a dez anos. Dessa forma, para buscar aumento do potencial produtivo do solo deve-se fazer um planejamento a longo prazo, que vai desde a escolha do sistema de produção ideal para a região, bem como, uma correta instalação do sistema de produção, que possa dar suporte para os demais manejos utilizados ao longo dos anos. Solo de qualidade: do que vou precisar? Engana-se quem acha que para conseguir solos produtivos, somente uma técnica será necessária. Alexandrius alerta que “o aumento da produtividade não se dá somente com o uso de uma técnica agronômica, e sim, através do uso de diversas técnicas que formam todo o sistema de produção”. O professor explica: Para a correção química do solo, no momento da instalação do sistema de manejo é recomendado que se faça calagem, gessagem e fosfatagem. Essa correção de formaçãoé essencial e funcionará como uma base para implantação do sistema de produção.Alexandrius alerta que “ao longo dos anos, se não for realizada a correção de manutenção do solo, a sua fertilidade tende a reduzir a tal ponto de ser novamente necessário a reimplantação do sistema”. Maquinários: essenciais para a recuperação do solo O uso de maquinário também é de extrema importância na busca de um solo produtivo. Assim, faz-se necessário que o agricultor possua máquinas e implementos que atendam a necessidade dos sistemas. Máquinas que realizem a semeadura sobre a palhada, como também, máquinas que reduzam a compactação do solo com o mínimo revolvimento possível, que é o caso dos escarificadores, que podem ser utilizados nos sistemas de cultivo mínimo e/ou preparo reduzido do solo, de modo a controlar a compactação superficial do solo. CONTEÚDO EXTRA Como usar óxido de cálcio como corretivo em pastagens Veja quais são os benefícios da aplicação de óxido de cálcio em pastagens e quais são os principais cuidados quanto ao uso desse corretivo. Em qualquer sistema de produção a pasto, a garantia de uma boa produção das pastagens está diretamente ligada à manutenção do equilíbrio no sistema solo-planta-animal, onde os nutrientes extraídos precisam ser repostos. E o uso do óxido de cálcio (CaO) como corretivo de pastagens é um ótimo caminho nesse sentido. Obtido industrialmente por calcinação, o CaO é um constituinte da cal virgem agrícola e apresenta reatividade aumentada devido a sua natureza química (bases fortes). Portanto sua reatividade é muito elevada, podendo-se dizer que a reação desse produto é quase imediata. Conheça os benefícios desse corretivo do solo e veja outras informações de grande importância para quem pretende aplicar esse produto em suas pastagens! Como o óxido de cálcio é obtido?Basicamente, o óxido de cálcio (CaO) é um produto obtido industrialmente por calcinação, ou seja, por meio da queima completa do calcário. Sua forma é a de um pó bastante fino. Vale lembrar que a obtenção desse produto depende do calcário utilizado, como explica Alberto Bernardi, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste. “Há vários tipos de calcários e dependendo do tipo utilizado, ele pode conter, na verdade, óxido de cálcio (CaO) e óxido de magnésio (MgO)”. Bernandi ainda ressalta que esse produto é chamado também de cal virgem agrícola. Principais benefícios do uso do óxido de cálcio em pastagens Segundo Bernardi, o óxido de cálcio é caracterizado como um ótimo corretivo do solo, com seus efeitos benéficos sendo observados em diversos aspectos dentro da pastagem, tais como: *Aumento da eficiência das plantas na absorção de água e de nutrientes; *Diminuição das perdas de bases (K, Ca e Mg) por lixiviação; *Diminuição da fixação do P;Diminuição dos teores tóxicos de Al e Mn; *Fornecimento dos nutrientes Ca e Mg às plantas; *Favorecimento da fixação simbiótica do nitrogênio pelas leguminosas; *Melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo; Reação quase imediata em pastagens Outro benefício bastante importante do uso de CaO em pastagens é sua rápida reação assim que é aplicado, como explica o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste: “A reação da cal virgem agrícola ou óxido de cálcio e magnésio é considerada quimicamente como uma base forte, ou seja, sua reação é rápida e quase que imediata, desde que haja umidade no solo”. Nesta rápida reação há liberação de Ca2+, Mg2+, OH–, além de calor. Porém, o pesquisador salienta que numa pastagem implantada, na qual não vai ser incorporado o corretivo, a aplicação da cal virgem ou óxido de cálcio pode ser um problema. “Este corretivo deve ser incorporado logo após a aplicação, para evitar que haja um empedramento na superfície do solo, criando até um selamento superficial, o que não será nada benéfico”. Frequência desse tipo de correção: Depende da análise do soloBernardi explica que a recomendação da calagem ou de qualquer outro tipo de corretivo em pastagens deve ser feita com base na análise do solo. “Será por meio dessa análise que será possível indicar qual a real necessidade de correção”, diz. Dessa forma, o pesquisador indica que no manejo intensivo de pastagens, com uso de pastejo rotacionado e adubações, a frequência anual de análise é a mais adequada. Já em sistemas mais extensivos, pode-se trabalhar com intervalos maiores. “Será a partir dos resultados apresentados na análise de solo é que o técnico indica a necessidade de calagem, que é a quantidade de corretivo necessária para neutralizar a acidez do solo”, reforça o pesquisador. Dessa forma, a quantidade de calcário depende do comportamento da cultura com relação à acidez e do método ou critério utilizado para a recomendação. Outro ponto importante que o pesquisador considera é que por ser um produto cáustico, o óxido de cálcio pode provocar irritação e queimaduras. “Sua aplicação exige maior proteção das pessoas que os aplicam, principalmente evitando-se o contato com olhos e pele”, diz Bernardi. Por fim, ele explica que por ser um pó fino, deve-se utilizar um equipamento adequado para a aplicação do óxido de cálcio. Por fim devem ser observadas as condições climáticas no dia da aplicação, visto que esse é um produto com alta possibilidade de perdas pelo vento. 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