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GEOGRAFIA DO BRASIL 01 POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 - LEI 5.810/94 2 O inteiro teor desta apostila está sujeito à proteção de direitos autorais. Copyright © 2019 Loja do Concurseiro. Todos os direitos reservados. O conteúdo desta apostila não pode ser copiado de forma diferente da referência individual comercial com todos os direitos autorais ou outras notas de propriedade retidas, e depois, não pode ser reproduzido ou de outra forma distribuído. Exceto quando expressamente autorizado, você não deve de outra forma copiar, mostrar, baixar, distribuir, modificar, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, texto e/ou documentos contidos nesta apostila ou qualquer parte desta em qualquer meio eletrônico ou em disco rígido, ou criar qualquer trabalho derivado com base nessas imagens, texto ou documentos, sem o consentimento expresso por escrito da Loja do Concurseiro. Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da Loja do Concurseiro. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 3 CULTURA DA BAHIA 1- Conceitos Gerais 1.1 Economia da Cultura Uma das áreas econômicas de maior desenvolvimento no mundo contemporâneo é a cultura. A economia da cultura é uma ação dinâmica, estratégica e criativa, tanto pelo ponto de vista econômico como sob o aspecto social. Norteada por ideias, conceitos e valorização da geração da propriedade intelectual, as atividades da economia da cultura geram trabalho, emprego, renda e são capazes de propiciar oportunidades de inclusão social, devido à sua atuação com a diversidade. As indústrias culturais e a economia criativa são, cada vez mais, componentes fundamentais da economia em uma sociedade do conhecimento e o potencial da economia da cultura na Bahia precisa ser compreendido e estar necessariamente inscrito no processo de desenvolvimento.(Fonte: SECUTBA) 1.2 Patrimônio Cultural De acordo com a Constituição Federal de 1988, Artigo 216, constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. 1.3 Patrimônio Material No ordenamento jurídico brasileiro, o instituto do tombamento brasileiro surgiu com a edição do Decreto- Lei N.º 25/1937 que é, ainda hoje, a lei nacional sobre a matéria. Em linhas gerais, o tombamento é concebido como o ato final resultante de procedimento administrativo mediante o qual o poder público, intervindo na propriedade privada ou pública, integra-se na gestão do bem móvel ou imóvel de caráter histórico, artístico, arqueológico, documental ou natural, sujeitando-o a regime jurídico especial de tutela pública, tendo em vista a realização de interesse coletivo de preservação de patrimônio. É, portanto, a intervenção ordenadora concreta do Estado na propriedade privada, limitativa de exercício de direitos de utilização e disposição, gratuita, permanente e indelegável. Em âmbito federal, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é a instituição incumbida de exercer as competências previstas no Decreto-Lei N.º 25/1937, em nível estadual, ao IPAC incube tal desiderato e, no caso específico da Bahia, regem a proteção ao patrimônio cultural a Lei N.º 8.895/2003 e o Decreto Nº. 10.039/2006, que determinam que o tombamento será aplicado ao bem de cultura móvel ou imóvel, tendo por referência o seu caráter singular. 1.4 Patrimônio Imaterial No cenário jurídico nacional, o Decreto n°.3.551/2000 instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, criando o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial, viabilizando a efetiva proteção administrativa dos bens culturais intangíveis que se relacionam à identidade e a ação de grupos sociais. GEOGRAFIA DO BRASIL POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 - LEI 5.810/94 4 O Registro nada mais é do que a identificação e produção de conhecimento sobre o bem cultural pelos meios técnicos mais adequados e amplamente acessíveis ao público, permitindo a continuidade dessa forma de patrimônio. Patrimônio cultural imaterial é uma concepção que abrange as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em homenagem à sua ancestralidade, para as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial: os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições. O procedimento adotado para o registro de bens culturais em livros se assemelha ao processo de tombamento, nos chamados Livros de Registro, mas não produz os efeitos restritivos que são próprios daquele. A proteção que o registro é capaz de oferecer se expressa mediante o reconhecimento da existência e valor de determinada manifestação cultural. Registrar documentalmente a existência da manifestação cultural é ato protetivo na medida em que constitui prova capaz de dar suporte a ações que visem a impedir posterior utilização indevida dos conhecimentos e práticas envolvidos na manifestação cultural. Qual a diferença entre patrimônio material e imaterial? Materiais seriam prédios, monumentos, conjuntos urbanos, artefatos, obras de arte, entre outros. Já os imateriais são aqueles cuja existência depende da contínua ação humana, ou seja, o conjunto das práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas 1.5 Educação Patrimonial As ações educativas desenvolvidas pelo IPAC no âmbito da Diretoria de Preservação do Patrimônio (DIPAT) objetivam a sensibilização das comunidades quanto à preservação de seu patrimônio e de sua memória através da adoção de posturas preservacionistas, tendo em vista que um dos principais fatores de dano ao patrimônio histórico e cultural é sua desqualificação como fonte de referência para a identidade local, na maioria das vezes derivada do desconhecimento de sua importância e consolidada pela invasão de culturas estranhas. Nessa perspectiva, a educação é vista como processo. Processo de apreensão de conhecimentos através da reflexão constante, do pensamento crítico, criativo e da ação transformadora do sujeito, constituindo-se uma atividade condicionada histórica e socialmente. Partindo desse pressuposto, a Educação Patrimonial é um processo educativo centrado no patrimônio cultural e que se volta para a aquisição de valores e comportamentos que permitam seu reconhecimento, valorização e preservação. Outro aspecto a considerar é que a preservação do patrimônio cultural passa necessariamente pelo reconhecimento do patrimônio como referencial para a identidade do grupo e do indivíduo em um determinado tempo e espaço e considerando ainda que as diversas áreas do conhecimento não funcionam como compartimentos estanques, mas são parte de uma grande diversidade, resultado de uma teia de relações, em que cultura, ciência e tecnologia em cada momento histórico, são construídas e reconstruídas pela ação do homem, produtor de cultura e conhecimento. Apropriar-se de seu patrimônio éidentificar-se nele, é fortalecer o senso de pertencimento ao grupo do qual ele representa simbolicamente a identidade. Significa construir uma identidade a partir de traços de um passado comum. Como resultante dessa ideia tem-se que um dos aspectos importantes da metodologia e da estratégia da ação educativa é o protagonismo, entendido como a participação efetiva do indivíduo, grupo ou comunidade, no processo de apropriação da cultura e do patrimônio, a partir do estabelecimento de uma relação afetiva. Valorizar o patrimônio vai, portanto, muito além do respeito aos monumentos, obras de arte, museus. O que chamamos de patrimônio cultural vincula-se às pessoas e à sua ação, às histórias, hábitos e expressões, realidades que pertencem ao passado da população e cujos vestígios ainda fazem parte do cotidiano. Preservar é, então, uma atualização constante da memória e dos valores que definiram aquele objeto ou expressão cultural como representativos e, portanto, patrimônio da coletividade. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 5 O protagonismo tem ainda reverberações mais profundas. Significa também a possibilidade dos diversos sujeitos culturais definirem por si mesmos, o que deve e o que é importante ser preservado, o que delimita a fronteira entre a identidade e a alteridade. O que nos leva ao conceito liberal do multiculturalismo ou pluralismo, caracterizado como o “respeito e o direito de existência e manifestação das diferentes expressões culturais minoritárias de uma sociedade” (Barbalho. 2001) e nos remete à questão do poder. Poder de definir, por exemplo, o que é a identidade e o que é a alteridade; o que é a norma, o padrão e o que é o desvio, o diverso, o diferente. A permanência dos resultados do processo educativo se dá a partir da construção do conhecimento, concebido como resultado de uma interação entre os diversos sujeitos sociais que compõem a comunidade: escola, família, instituições, igrejas, associações, clubes, etc., na qual o sujeito-aprendiz é sempre um elemento ativo, que procura compreender o mundo que o cerca e que busca resolver as interrogações que esse mundo provoca. 2-PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES E EVENTOS 2.1- Bembé do Mercado Manifestação cultural e religiosa que acontece desde o final do século XIX quando um grupo de negros, reuniram-se em praça pública para comemorar a Abolição da Escravatura em 13 de maio de 1888, no município de Santo Amaro da Purificação. É conhecida como Bembé do Mercado, Festa de Preto ou Candomblé da Liberdade. Desde 1889, o Bembé vem sendo realizado, com a participação de vários terreiros de candomblé da região, que durante três dias realizam uma grande cerimônia de candomblé em praça pública e tem seu ápice com a entrega de presente à Mãe d’Água. O Bembé do Mercado é uma manifestação religiosa que comemora o 13 de maio. Ao tomarem conhecimento da Abolição da Escravatura, os escravos daquela região comemoraram junto à população negra já liberta e simpatizantes a liberdade dos escravos. Segundo a história oral contada pelos santamarenses e reafirmada pelos participantes do evento, que no dia 13 de maio de 1889, um africano de origem Malê conhecido por João Obá, saiu às ruas juntamente com seus filhos de santo para comemorar a Abolição. Neste ano foi armado no Largo do Xaréu um grande caramanchão, coberto com palha e por três dias foi realizado um grande candomblé que culminou com a entrega de um presente à mãe d’água. 2.2- Carnaval de Maragojipe Os registros do carnaval em Maragojipe apontam para fins do século XIX, paralelo aos tempos áureos do carnaval da Bahia. Na década de 20 do século XX, foram memoráveis os inúmeros cordões, inclusive de mulheres que se deleitavam aos prazeres da vida terrena, além das pompas dos clubes carnavalescos, e concurso realizado pela Filarmônica Dois de Julho. Ainda conserva a tradição das fantasias de mascarados, que saem as ruas a promover alegria e celebrar a vida de modo. 2.3Cortejo do Dois de Julho Local: Lapinha, Barbalho, Centro Histórico, Avenida Sete de Setembro, Campo Grande. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 - LEI 5.810/94 6 Em 2 de julho de 1823 as tropas do General Madeira de Melo, deixaram a Baía de Todos os Santos, após um ano de lutas pela libertação do Brasil do domínio português. Neste dia as tropas brasileiras receberam a notícia da partida das forças portuguesas. Para o então comandante do Exército Libertador, o General Lima e Silva, restou após negociação e muita luta, que o General Madeira de Melo, reunisse a sua tropa, e saísse da Bahia. Vários personagens ilustres fizeram parte nesta luta libertária, dentre eles: Lord Cochrane, General Pedro Labatut, Coronel Joaquim José Lima e Silva, Maria Quitéria, Joana Angélica, Maria Felipa, Índio Bartolomeu. Manifestação cívica de cunho popular, que reverencia as lutas pela independência da Bahia. Trata o referido bem de uma comemoração cívica, de notável importância histórica, pois faz referência ao significativo momento em que o Brasil se tornou livre do domínio português. Data que representa a independência da Bahia, é comemorada com grande rigojiso popular, além da participação de políticos locais. 2.4 Desfile de Afoxés Afoxé é uma manifestação carnavalesca composta pelo ritmo ijexá, cânticos, indumentárias, instrumentos musicais e rituais. Esses itens conjuntamente formam o Desfile de Afoxés – cortejo de rua. Idealizados, na sua maioria, nos terreiros de candomblé, os afoxés trazem em suas insígnias a marca registrada da força que compõem os símbolos religiosos – o oxé de Xangô, o dourado de Oxum, o padê de Exu, o branco de Oxalá. Considerado um candomblé de rua, os espaços percorridos pelos afoxés tornam-se sacralizados no momento em que é evocada a força dos ancestrais e de divindades africanas. Território 26 – Região Metropolitana de Salvador (Circuito do Carnaval – Centro Histórico – Batatinha e Circuito Osmar – Av. Sete e Carlos Gomes) Os primeiros registros encontrados sobre os afoxés na Bahia datam do final do século XIX, mais precisamente de 1895, quando clubes negros, que tinham uma organização carnavalesca formalizada, passaram a receber postulações e visibilidade diversas dos afoxés da época. A definição etimológica para afoxé é múltipla, primeiro porque os estudiosos que observaram seus desfiles no século XIX não deixaram registros concisos quanto à denominação do termo. A formação original do afoxé era a seguinte: arautos (músicos anunciadores), guarda branca, rei, rainha, Babalotin, estandarte do afoxé (normalmente borbado a fios de ouro), guarda de honra e charanga (músicos que tocavam atabaques, agogôs, xequerês e afoxés). Todos os integrantes vestiam trajes principescos. 2.5- Festa da Boa Morte Manifestação característica da religiosidade popular que acontece todos os anos na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano. A festividade se inicia no dia 13 de agosto, dia dedicado às irmãs falecidas. Nestes dias as irmãs vestem-se de branco, saem em procissão carregando a imagem postada sobre um andor rumo a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário. No dia 14, com a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, as irmãs saem da sede da Irmandade em procissão noturna, carregando velas, entoando cânticos proferidos durante o percurso fazendo menção à dormição de Nossa Senhora. O dia 15 de agosto é dedicado a Nossa Senhora da Glória. A procissão sai pela manhã da sede da Irmandade, seguida pelas filarmônicas locais. Levam flores, carregam o andor de Nossa Senhora da Glória até a Igreja Matriz, onde uma missa é celebrada, e quando acontece a transferência dos cargos, com posse da nova comissão de festa. A festa de prolonga até o dia 17, com muito samba de roda e uma farta ceia durante os cinco dias de festa. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 7 O culto a Nossa Senhorafoi difundido por todo o mundo ocidental, desde o século IX, através da expansão católica. De forte tradição portuguesa, as festividades dedicadas a santa remontam às realizadas e louvor a Nossa Senhora D’Agosto. Nos trópicos sofreu influência do catolicismo afro-brasileiro. Em Salvador a devoção a Nossa Senhora da Boa Morte é registrada desde o séc. XIX, exclusivamente feminina, localizada na Igreja da Barroquinha. Uma devoção de mulheres negras. A oralidade tende a afirmar que a transferência dessa Irmandade para a cidade de Cachoeira se deu por volta de 1820. Lá, se instalou numa casa de nº 41, chamada de Casa Estrela, local ainda hoje reverenciado pelas irmãs durante o trajeto da procissão. As irmãs revelam que a devoção surgiu vinculada a um pedido pelo fim da escravidão feito pelas africanas a Nossa Senhora da Boa Morte. 2.6- Festa de Santa Bárbara Festa de caráter religioso que homenageia Santa Bárbara desde o séc. XVII em Salvador. A santa recebe homenagens no dia 4 de dezembro, quando a população sai em procissão pelas ruas do Centro Histórico. Um forte sincretismo religioso toma conta das festividades quando o segmento do candomblé também homenageia a divindade Iansã.. Local: Salvador (Centro Histórico de Salvador, Igreja de Santa Bárbara, Mercado de Santa Bárbara, e Mercado do Rio Vermelho. Dia: 04 de dezembro O culto a Santa Bárbara acontece desde o século XVII (1641), em Salvador, quando foi instituído o Morgado de Santa Bárbara, composto de propriedade e capela, localizado ao pé da Ladeira da Montanha, pertencente ao casal Francisco Pereira Lago e Andressa de Araújo. Após um incêndio que destruiu o que restava do Morgado, a imagem de Santa Bárbara, que ficava em capela própria, foi transferida para a Igreja do Corpo Santo e finalmente foi para a Igreja do Rosário dos Pretos no Pelourinho. 3-Espaços de saberes e modos de fazer 3.1 Oficio das Baianas do Acarajé O Oficio da baiana é um saber tradicional enraizado no cotidiano contemporâneo. O comércio de rua, permitiu que mulheres escravas e libertas fossem além da prestação de serviços aos seus senhores, e estivessem também nos cantos da cidade comercializando para seu sustento e de suas famílias com os seus tabuleiros, tornando-se importantes para a constituição de laços comunitários, além de cumprimentos de suas obrigações religiosas nos terreiros de candomblé. O Oficio da baiana consiste na elaboração do acarajé como seu alimento principal. Feito de feijão fradinho e cebola, frito no formato de ‘bola’ no azeite de dendê é servido com pimenta, camarão, vatapá, salada e caruru. Local: Todo território baiano e em outras regiões do país. Nas ruas de Salvador, de outras cidades do estado da Bahia e, mais raramente, em outras regiões do país, as baianas tradicionais com suas saias rodadas, os panos da costa, o torso na cabeça, a bata e os colares com as cores dos seus orixás pessoais, encontram-se sempre acompanhadas por seus tabuleiros que contém, não só o acarajé e seus possíveis complementos, como o vatapá e o camarão seco, mas também outras comidas como: abará, lelê, queijada, passarinha, bolo de estudante, cocada branca e preta. O acarajé é uma palavra composta, proveniente da língua africana iorubá – “akará” bola de fogo e “je” comer, ou seja, comer bola de fogo. Sua origem vem de uma lenda que narra a relação entre Xangô e sua esposa Iansã. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 - LEI 5.810/94 8 3.2Ofício de Vaqueiros Oficio de Vaqueiros é uma das mais antigas ocupações em solo pátrio, data desde 1550. A este ofício estão plasmado o modo de falar, técnicas de medicina, manejo com o gado, culinária, estética, o traje do vaqueiro, seus cantares, mitos, e arquitetura especifica, equipamentos, etc. A ‘civilização do couro’ deu origem a um falar específico e a uma tradição oral, reunindo saberes e fazeres e toda a gama de bens agregados, que se transformou num patrimônio importante para a identidade do povo sertanejo, cujo protagonista é o vaqueiro. Local: Nordeste do Brasil e Região de Minas Gerais A marcha das boiadas pelos sertões foi iniciada em 1550, empreendido pelos d’Ávila com os primeiros vaqueiros. Foi o fenômeno social mais significativo no sentido da ocupação, assentamento e fixação do homem nos sertões da Colônia na Bahia, do Nordeste e do Brasil. Fenômeno este fundado em dois momentos: o primeiro, com a criação e estabelecimento dos primeiros currais, que tem início no século XVI e vai até meados do século XVIII; e o segundo, quando o senhor feudal começa a erguer em pleno sertão as chamadas casas-de-fazenda, que predominam desde a segunda metade do século XVIII. O ofício de vaqueiros surgiu a partir da introdução dos animais domésticos – bovinos, caprinos, ovinos e suínos, que serviam para a alimentação e uso no trabalho, assim como da pecuária. 4.Expressão Lúdica e Artística 4.1CAPOEIRA A Capoeira é definida como uma arte trazida ao Brasil por meio da escravidão, sendo fortalecida com contribuições variadas, inclusive dos indígenas. Esta modalidade de luta ou ginga, foi desenvolvida pelos negros como forma de resistência aos seus opressores. O bem cultural se expressa no interior de uma roda formada por capoeiristas, que exibem acrobacias realizadas no chão e a pino, caracterizada por movimentos ágeis e rápidos, com malicia e se distingue das demais artes marciais por ser jogada acompanhada por música, sendo o berimbau o principal instrumento, havendo também quem afirme tratar-se a mesma de uma dança. A história da Capoeira é rica e curiosa pela mudança de valores que lhe foram atribuídos. Nasceu no berço das senzalas, simulando um jogo inocente para acobertar sua face de luta. Após a libertação dos escravos passou a ser perseguida pelos detentores do poder político, chegando a se tornar uma contravenção, reprimida pela polícia desde o início do século XIX, devido a violência que resultava do enfrentamento de grupos rivais, o que, nas festas populares, acabava vitimando inocentes. A capoeira se difundiu e hoje é reconhecida como um dos mais importantes bens culturais baianos, sendo encontrada nas ruas, academias e festas populares como atração turística. 5. Espaços Destinados a Práticas Culturais e Coletivas Dez terreiros de candomblé localizados nos municípios de Cachoeira e São Félix, na região do Recôncavo, foram inscritos como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado no Livro de Registro Especial dos Espaços Destinados a Práticas Culturais Coletivas do Estado em novembro de 2014. Aganju didê POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 9 Os 10 espaços – `Aganjú Didê´ (conhecido como `Ici Mimó´), `Viva Deus´, `Lobanekum´, `Lobanekum Filha´, `Ogodó Dey´, `Ilê Axé Itayle´, `Humpame Ayono Huntóloji´ e `Dendezeiro Incossi Mukumbi´, localizados em Cachoeira; e `Raiz de Ayrá´ e `Ile Axé Ogunjá´, situados em São Félix – foram os primeiros do país a receber o registro, considerado inovador e mais adequado aos terreiros, pois possibilita a proteção não somente da estrutura física, mas de toda a simbologia que envolve o lugar, incluindo os rituais e a culinária. Aganju didê Até então, a proteção oficial oferecida aos terreiros do Brasil era o ‘tombamento’, utilizado para bens culturais materiais, como imóveis e obras de arte. Já o registro especial abriga o patrimônio imaterial, que inclui as manifestações populares, os modos de fazer e, no caso específico dos terreiros, os conhecimentos e heranças simbólicas dessas matrizes culturais. Terreiro Ilê Axê Ogunjá A decisão do governo de registrar os 10 terreiros foi tomada com o aval do Conselho Estadual de Cultura (CEC) e a partir de estudos realizados por técnicos do IPAC, órgão vinculado à Secult BA. Estes estudos resultaram em um dossiê com cerca de 100 páginas, composto de laudo antropológico (relatóriossobre história dos terreiros, chegada de povos africanos no país etc), iconografia (fotos) e historiografia das cidades de Cachoeira e São Félix. 6. Datas Comemorativas O Centro de Culturas Populares e Identitárias – CCPI é responsável na organização e no apoio de eventos calendarizados que se destacam por sua importância simbólica e cultural, seja por comemorarem datas significativas por acontecimentos históricos ou por reconhecimento de grupos identitários. São alguns destes: 08 de março - Dia da Mulher 29 de março - Aniversário da cidade de Salvador Mês de maio - Maio da Diversidade 02 de Julho - Esperando o Caboclo Mês de agosto - Agosto da Capoeira Setembro - Semana da Diversidade/Parada LGBT 12 de Outubro - Dia da Criança 20 de Novembro - Dia da Consciência Negra 7. Carnavais da Culturais 7.1 Ouro Negro Através do projeto Ouro Negro, lançado pela Secult BA no ano de 2008, agremiações dos segmentos afoxé, bloco afro, de samba, de índio e de reggae podem garantir a sua sustentabilidade. A Secult BA vem promovendo uma verdadeira requalificação nos desfiles dos blocos, estimulando a valorização e a preservação da tradição afro no Carnaval, com o desfile com alas e roupas tradicionais, além da renovação dos integrantes destes blocos, com maior presença da juventude. Dentro de suas comunidades, estas entidades contribuem para o desenvolvimento social através da construção de uma cultura cidadã. O Ouro Negro ainda é responsável pela contratação de blocos destes mesmos segmentos que fazem parte da Micareta de Feira, tradição no município de Feira de Santana. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 - LEI 5.810/94 10 7.2 Carnaval do Pelourinho O Carnaval do Pelô é o carnaval da diversidade, que reúne todas as cores, danças e ritmos durante os seis dias de folia. O Pelourinho é considerado um dos circuitos mais seguros do carnaval, onde famílias e foliões de todas as idades se reúnem para festejar com muita alegria e animação. Para movimentar a folia, a SecultBA organiza, através do CCPI, uma intensa programação que acontece nas ruas e nos palcos. Os números do Carnaval do Pelô impressionaram em sua última edição, no ano de 2015. Participaram cerca de 1,5 mil artistas e músicos, contra os 950 do ano anterior. Ao total, foram 20 shows no palco principal, montado no Largo do Pelourinho, 38 apresentações nos largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro D’Água, além dos desfiles de 37 grupos de performance, bandinhas e bandões de sopro e percussão, que ocuparam 14 ruas do Pelourinho com muitas cores e musicalidade. No total de todas as apresentações dos grupos pelas ruas do Pelô, foram percorridos por eles 227,5 km nos dias da folia. Cerca de 1 milhão de pessoas passam pelo Centro Histórico durante o período carnavalesco. 7.3 Carnaval Pipoca Lançado pela SecultBA em 2009, o projeto Carnaval Pipoca abre espaço para uma festa democrática, atingindo um público que representa a maior parcela do número de foliões que movimentam o carnaval. O projeto estimulou ainda um debate qualificado sobre o formato e necessidades de mudanças no Carnaval de Salvador, sem cordas e democrático. No ano de 2014, o projeto teve significativas mudanças, buscando adequar- se às transformações nos circuitos momescos da cidade, e foi em parte integrado ao Carnaval do Pelourinho. A atualização do formato possibilitou a contratação de maior quantidade de projetos, formados por artistas em sua maioria da cena musical independente, e a ampliação dos recursos destinados aos microtrios, que permaneceram nos circuitos oficiais da folia. 7.4 Outros Carnavais No ano de 2012, a SecultBA criou o programa Outros Carnavais. O Carnaval de Maragojipe, que integra o projeto, tem mais de 180 anos. Na cidade com cerca de 40 mil habitantes, localizada a 140 quilômetros da capital baiana, é preservada e renovada a cada ano a tradição dos mascarados. O projeto Outros Carnavais já apoiou também o Palco do Rock, a partir da extensão do projeto no ano de 2013, promovendo a festa que acontece durante o carnaval no bairro de Piatã. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 11 EXERCÍCIOS 01. (UFU) "A ideia de que os brasileiros são preguiçosos, não é, de modo algum, estranha à cultura do país. O herói nacional sem caráter, Macunaíma, retratado pelo modernista Mário de Andrade, vivia a falar de sua própria preguiça. São também parte desse patrimônio simbólico a ideia de indolência indígena e a crença na inferioridade da mestiçagem e nos efeitos negativos do clima tropical sobre o trabalho. .......................................................................................... Nada disso, no entanto, supera a imagem positiva que os portugueses guardam dos brasileiros, associada à alegria, à cordialidade, à espontaneidade, à amizade, à sociabilidade..." FOLHA DE SÃO PAULO, Caderno Especial Brasil 500, Quinta-feira 22 de abril de 1999, p. 4 Tomando como referência o texto acima, é correto afirmar que I. as maneiras de ser, pensar e sentir não são as mesmas para todas as pessoas. II. existe uma única maneira de construir a imagem do povo brasileiro. III. podemos pensar hoje em uma cultura brasileira composta de elementos de todas as origens (indígena, africana e europeia). IV. a imagem do brasileiro indolente reflete sua incapacidade para explorar as potencialidades do país. Selecione a alternativa correta. a) II e III estão corretas. b) I, II e III estão corretas. c) II, III e IV estão corretas. d) I, III e IV estão corretas. 02. (UFU 1999) Quanto ao conceito de indústria cultural, é correto afirmar: I. A indústria cultural produz bens culturais como mercadorias. II. O objetivo da indústria cultural é estimular a capacidade crítica dos indivíduos. III. A indústria cultural cria a ilusão de felicidade no presente e elimina a dimensão crítica. IV. A indústria cultural ocupa o espaço de lazer do trabalhador sem lhe dar tempo para pensar sobre as condições de exploração em que vive. Assinale a alternativa correta. a) II, III e IV estão corretas. b) I, II e III estão corretas. c) I, III e IV estão corretas. d) I, II e IV estão corretas. e) II e III estão corretas. 03. (UFU 2002) Apesar da diversidade dos movimentos sociais ocorridos no Brasil, dos anos 60 do século passado até o presente, podem-se apontar alguns traços comuns nesses movimentos. Assinale a única alternativa que, mostrando esses traços comuns, relaciona respectivamente: 1) um obstáculo, real ou potencial, a esses movimentos; 2) o tipo de reivindicação dos grupos envolvidos; 3) uma possibilidade no campo político democrático. a) a cultura política autoritária / a identidade das minorias / a ampliação da cidadania. b) a falta de unidade / a reivindicação de melhorias materiais / a revolução social. c) a falta de unidade / a defesa das minorias / a revolução social. d) a cultura política autoritária / a luta por direitos / a ampliação da cidadania. 04. (UFU 2002) Há hoje um certo consenso em torno da tese de uma nova ordem internacional em gestação, afetando a vida das sociedades em graus variados, porém, em certas direções definidas. Assinale a alternativa que relaciona as ideias que, no conjunto, exprimem adequadamente as transformações que estão ocorrendo no mundo. a) Globalização econômica, homogeneização da cultura e verticalização da vida política. b) Globalização econômica, mundialização da cultura e internacionalização da vida política. c) Globalização econômica, espacialização da cultura e verticalização da vida política. d) Globalização econômica, estatização da cultura e internacionalização da vida política. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA GEOGRAFIA DO BRASIL 01 - LEI 5.810/94 1205. (Ufu 2002) No recente episódio de atentados terroristas às cidades de New York e Washington, nos EUA, os veículos da imprensa brasileira fizeram ampla cobertura através de matérias oriundas de agências internacionais de notícias e de seus correspondentes externos. Se tomarmos as características de produção seriada, próprias dos produtos da indústria cultural, podemos elaborar algumas proposições de ordem sociológica para investigação da abordagem do episódio pelos agentes da mídia. Considerando a leitura do texto acima, analise as proposições abaixo e, em seguida, marque a alternativa correta. I. As diversas fontes noticiosas nacionais e internacionais refletem também a presença de sujeitos, ações e interesses políticos diversos e, por isso, os conteúdos veiculados na imprensa oferecem opções para desvendar e apresentar os fatos segundo versões e opiniões diversas, apesar das características dominantes da indústria cultural. II. Diante da gravidade que o episódio pode ter para o contexto das relações internacionais, a imprensa buscou fontes noticiosas diversas em todas as nações e sujeitos sociais envolvidos, evitando a repetição e a espetacularização do episódio, bem como a formação de opiniões e tomada de posições políticas divergentes. III. Mesmo diante da profusão de fontes noticiosas sobre o episódio, certas tendências homogeneizadoras da indústria cultural prevaleceram, diferentemente do que ocorreu na Europa, em função dos interesses ligados ao mercado comum europeu. IV. As alternativas anteriores não são passíveis de formulação para investigação sociológica, uma vez que a imprensa é um fenômeno muito complexo da indústria cultural e os conteúdos que essa imprensa veicula devem ser objetos de estudo apenas da Ciência Política, cujos métodos são mais eficazes na abordagem desse tema. a) As alternativas I e II são corretas. b) Apenas a alternativa I é correta. c) As alternativas I, II e III são corretas. d) As alternativas II, III e IV são corretas. GABARITO 01. D 02. C 03. D 04. A 05. B www.lojadoconcurseiro.com.br
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