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NOVA CLASSIFICAÇÃO PERIODONTAL 2017/2018 Discente: Cassia Leles Turma 8 – Odontologia NOVA CLASSIFICAÇÃO PERIODONTAL 2017/2018 • Principais mudanças: 1° é a inclusão dos estados de saúde gengival e periodontal como ponto de partida para definição dos casos de gengivite e periodontite; 2° é a mudança na definição dos casos de gengivite, cujo critério fundamental é a presença de sangramento gengival em 10% ou mais dos sítios, na ausência de bolsas periodontais; 3° é a categorização de periodontite em estágios e graus, seguindo princípios médicos modernos para adoção de tratamento personalizado para casos complexos; 4° é a inclusão das doenças e condições peri-implantares, permitindo padronização dos critérios de definição das doenças e condições ao redor dos implantes, bem como a adoção de medidas preventivas e de tratamento mais eficazes. • Detalhamento da classificação das condições periodontais 2018: → Saúde periodontal, doenças e condições gengivais: 1. Saúde periodontal, doenças e condições gengivais: - Saúde gengival clínica em periodonto intacto: - Saúde gengival clínica em periodonto reduzido: I. Periodonto estável II. Paciente não periodontal: periodonto reduzido por razões não periodontais (ex.: áreas de aumento de coroa clínica ou recessão gengival não relacionada à placa bacteriana) 2. Gengivite induzida pelo biofilme: - Associada ao biofilme apenas: lesão inflamatória causada pela interação entre biofilme de placa e respostas imunológica e inflamatória do hospedeiro. Ela é restrita ao tecido gengival, não envolvendo o periodonto de sustentação. * Reversível * Controle de placa supra e subgengival. * Pode ser classificada em: Gengivite em periodonto intacto: Ausência de perda de inserção, PS ≤ 3 mm, sangramento à sondagem ≥ 10% dos sítios e ausência de perda óssea. Gengivite em periodonto reduzido de paciente não periodontal (p. ex., recessão, aumento de coroa): Perda de inserção, PS ≤ 3 mm, , sangramento à sondagem ≥ 10% dos sítios e possível perda óssea radiográfica. Gengivite em periodonto reduzido de paciente com estabilidade periodontal: ): Perda de inserção, OS ≤ 4 mm (sem sangramento à sondagem), sangramento à sondagem ≥ 10% dos sítios e perda óssea radiográfica. Localizada: definida por sangramento à sondagem em 10 a 30% dos sítios. Generalizada: definida por sangramento à sondagem em mais de 30% dos sítios. - Mediada por fatores de risco sistêmicos ou locais: * Locais: fatores de risco predisponentes ou locais, que levam a maior acúmulo de placa, como restaurações com sobrecontorno e próteses mal adaptadas ou por hipossalivação. * Fatores modificadores sistêmicos: alteram a resposta imunoinflamatória à placa. Exemplo: Hiperglicemia em diabéticos, tabagismo, deficiência de vitamina C, níveis elevados de hormônios sexuais, medicamentos (especialmente imunomoduladores), desordens hematológicas (p. ex., neutropenia). - Hiperplasia gengival influenciada por medicamentos: caracterizada por aumento do volume gengival, podendo recobrir a coroa clínica dos dentes presentes. Está associada a alguns medicamentos, em especial ao uso de bloqueadores de canais de cálcio (anti-hipertensivo), imunossupressores (em especial, ciclosporina) e medicamentos anticonvulsivantes. Afeta sobretudo a gengiva ao redor de dentes, sem associação com perda óssea. 3. Doenças gengivais não induzidas pelo biofilme: - Desordens genéticas ou de desenvolvimento: * Fibromatose gengival hereditária: aumento acentuado e não hemorrágico da gengiva em graus variados, de incidência rara, podendo se manifestar isoladamente ou como parte de síndrome, cuja etiologia está relacionada a alguns genes: son of sevenless-1 (SOS-1) e 2 (SOS-2) e gene do fator de transcrição silenciador RE1 (HGF5). - Infecções específicas: *Virais: Gengivoestomatite herpética, infecções causadas pelos vírus Coxsackie ( herpangina e doença da mão-pé-boca ) e varicela-zóster (varicela ou catapora), papilomavírus humano (HPV). * Fúngicas: candidose, histoplasmose, aspergolise, blastomicose, paracocciodiodomicose, dentre outras. - Condições inflamatórias e imunes: * Reações de hipersensibilidade: - Alergia de contato; - Gengivite plasmocitária; - Eritema multiforme *Doenças autoimunes da pele e das membranas mucosas: - Pênfigo vulgar - Penfigoide: - Líquen plano - Lúpus eritematoso sistêmico * Condições inflamatórias granulomatosas - Doença de Crohn - Sarcoidose - Síndrome de Melkersson-Rosenthal - Granulomatose orofacial - Processo reacional: * Epúlide: termo utilizado para descrever processos exofíticos que se originam na gengiva,8 associados a processos reacionais, não malignos. Representam resposta tecidual exagerada a fatores irritantes locais ou traumas. Classificados, de acordo com os aspectos histopatológicos, em: - Epúlide fibrosa. - Granuloma fibroblástico calcificante. - Granuloma piogênico. - Granuloma periférico de células gigantes. - Granuloma central de células gigantes. - Neoplasias: * Neoplasias pré-malignas. - Leucoplasia. - Eritroplasia. *Neoplasias malignas: - Carcinoma espinocelular. - Leucemia. - Linfoma. - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas: destaca-se a deficiência de vitamina C, caracterizada por sangramento gengival, ulceração, edema e dor associados à deficiência na resposta imune. - Lesões traumáticas: *Físicos ou mecânicos: ceratose friccional, ulcerações gengivais causadas por escovação traumática e autoinjúria. *Químicos: associados ao uso de clorexidina, ácido acetilsalicílico, cocaína, peróxido de hidrogênio, dentifrícios ou outros produtos diretamente em contato ao tecido gengival. *Térmicos: relacionados ao consumo de comidas e de bebidas quentes. - Pigmentação gengival * Melanose do fumante: causada por pigmentação melanocítica da mucosa oral relacionada com o tabagismo. * Pigmentação gengival ou melanoplasia: condição fisiológica, relacionada à raça, que acomete simetricamente os tecidos gengivais e bucais, ou associada a fatores exógenos e endógenos. * Pigmentação induzida por medicamentos: causada por acúmulo de melanina, depósitos de droga ou seus metabólitos, síntese de pigmentos induzidos por droga ou deposição de ferro após dano aos vasos sanguíneos. * Tatuagens de amálgama: causadas pelo acúmulo não intencional de amálgama nos tecidos gengivais. → Periodontite: 1. Doenças periodontais necrosantes: - Gengivite necrosante: processo inflamatório agudo dos tecidos gengivais caracterizados por necrose/ulceração da papila interproximal, sangramento à sondagem e dor, podendo ainda se observarem halitose, pseudomembrana, linfadenopatia satélite, febre e salivação intensa. - Periodontite necrosante: : processo inflamatório agudo dos tecidos gengivais caracterizados por necrose/ulceração da papila interproximal, sangramento à sondagem e dor, podendo ainda se observarem halitose, pseudomembrana, linfadenopatia satélite, febre e salivação intensa e pela rápida perda óssea. - Estomatite necrosante: condição inflamatória grave do periodonto e da cavidade oral na qual a necrose tecidual se estende além da gengiva e do osso alveolar, podendo atravessar a mucosa alveolar, com grandes áreas de osteíte e formação de sequestros ósseos. 2. Periodontite: é definida por perda de inserção interproximal em dois ou mais dentes não adjacentes ou por perda de inserção vestibular ≥ 3 mm com bolsas > 3 mm em dois ou mais dentes não adjacentes, desde que a perda de inserção não esteja relacionada com outras causas, como: recessão gengival de origem traumática, cáries cervicais, perda de inserção na distal do segundo molar relacionada com extração ou mau posicionamento do terceiro molar, lesão de origem endodôntica e fraturasradiculares. - Estágio: O estágio da periodontite denota a severidade e a extensão da doença de acordo com a destruição dos tecidos periodontais. Estágio I: periodontite inicial Estágio II: periodontite moderada Estágio III: periodontite severa com potencial para perda dentária Estágio IV: periodontite severa com potencial para perda de dentição - Extensão e distribuição: Padrão de molares e incisivos: periodontite agressiva localizada, quando afeta pelo menos dois dentes, sendo um deles necessariamente o primeiro molar permanente, podendo também envolver incisivos permanentes e até dois dentes (caninos ou pré-molares) com perda de inserção ≥ 3 mm. Localizada : se o paciente apresentar até 30% dos dentes com perda de inserção. Generalizada: se for ≥ 30% - Grau: identificação de fatores de risco presentes que podem afetar diretamente o diagnóstico, as características de progressão da doença, o prognóstico e o tratamento, possibilitando estimar o risco futuro de progressão da periodontite e a resposta à terapia, bem como estimar o impacto potencial da periodontite na saúde e doença sistêmica. A: progressão lenta B: progressão moderada C: progressão rápida 3. Periodontite como manifestações de doenças sistêmicas Algumas doenças e condições sistêmicas podem afetar os tecidos periodontais de suporte. Elas podem ser agrupadas em diferentes categorias e devem ser descritas de acordo com o Código Internacional de Doenças (CID) → Outras condições afetando o periodonto: 1. Doenças ou condições sistêmicas afetando os tecidos de suporte dos dentes: 2. Outras condições periodontais: - Abscessos periodontais: são definidos pelo acúmulo localizado de pus na parede gengival da bolsa periodontal ou do sulco gengival, resultando em destruição tecidual significante. - Lesões endodôntico-periodontais: definidas como comunicação patológica entre a polpa e os tecidos periodontais na forma aguda ou crônica. 3. Deformações e condições mucogengivais ao redor dos dentes - Fenótipo gengival: relacionadas com o biótipo gengival (altura e espessura de gengiva ceratinizada), morfologia (espessura) óssea e dimensão dos dentes. - Recessão gengival / de tecido mole - Deficiência de gengiva - Diminuição do fundo de sulco vestibular - Freio ou inserção muscular aberrante - Excesso gengival - Cor anormal - Condição da superfície radicular exposta 4. Forças oclusais traumáticas - Trauma oclusal primário - Trauma oclusal secundário - Forças ortodônticas 5. Fatores relacionados às próteses e aos dentes que modificam ou predispõem doenças gengivais relacionadas ao biofilme/periodontite: - Fatores localizados relacionados ao dente - Fatores localizados relacionados à prótese → Doenças e condições peri-implantares: 1. Saúde peri-implantar: * PS ≤ 5 mm em geral, podendo variar dependendo de vários fatos, como tipo de implante * Ausência de supuração ou sangramento à sondagem * Ausência de perda óssea radiográfica obtida logo após a instalação da prótese como referência para comparações futuras * Mudanças no nível ósseo peri-implantar ≥ 2 mm são considerados como patológicos * Ausência de sinais clínicos de inflamação (coloração rósea do tecido mole peri-implantar, ausência de edema e consistência firme do tecido 2. Mucosite peri-implantar: A mucosite peri-implantar pode ser definida como inflamação dos tecidos peri- implantares na ausência de perda óssea peri-implantar, caracterizada clinicamente por vermelhidão, edema, sangramento à sondagem suave e supuração. *Sangramento à sondagem * Sinais clínicos de inflamação na mucosa peri-implantar (vermelhidão, edema e brilho do tecido, além de sintomas de dor) * Supuração * Aumento na profundidade de sondagem em relação às medidas iniciais (após a instalação da prótese43 * Ausência de alterações no nível ósseo peri-implantar > 2 mm após o primeiro ano seguinte à instalação da prótese 3. Peri-implantite: uma condição patológica associada ao biofilme de placa que ocorre nos tecidos ao redor dos implantes odontológicos, caracterizada por inflamação da mucosa peri-implantar e por perda óssea progressiva. * Presença de sinais clínicos de inflamação na mucosa peri-implantar (vermelhidão, edema, brilho do tecido gengival e sintomas de dor * Sangramento à sondagem43,46 * Aumento na profundidade de sondagem em relação às medidas obtidas no momento da instalação da prótese * Perda óssea progressiva (> 2 mm) após o primeiro ano da instalação da prótese43,46 * Na ausência de radiografias e profundidades de sondagem iniciais, evidência radiográfica de nível ósseo ≥ 3 mm e/ou PS ≥ 6 associada ao sangramento à sondagem representam peri-implantite 4. Deficiências dos tecidos moles e duros peri-implantares: As deficiências de tecidos moles e duros ao redor de implantes são achados clínicos comuns que podem levar a complicações e comprometer a sobrevivência dos implantes. REFERÊNCIAS: NEWMAN, Michael G. Newman e Carranza - Periodontia Clínica . Grupo GEN, 2020. E-book. ISBN 9788595151253. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151253/. SANT'ANA, Adriana Campos P.; PASSANEZI, Euloir. Periodontia: o essencial para a prática clínica .: Editora Manole, 2023. E-book. ISBN 9786555769753. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555769753/.