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Teoria das Finanças Públicas pdf

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Capítulo 1: Instituição, bom Estado e Reforma da Gestão Pública 
Capítulo 1: Teoria das Finanças Públicas 
O Estado é entendido como uma necessidade para regular o funcionamento da sociedade, de 
forma que é imprescindível a sua existência, e por isso faz-se necessário entender seu 
funcionamento; 
> As Falhas de Mercado 
A teoria tradicional de bem-estar social admite que, dadas certas condições, os mercados 
competitivos levam à alocação ótima/eficiente (Pareto) de recursos; 
Porém, essa condição eficiente depende de alguns pressupostos que não se observam na vida 
real, tais como a ausência de progresso técnico e concorrência perfeita; 
Como não ocorrem esses pressupostos básicos, também a alocação eficiente idealizada deixa 
de ocorrer, e se apresentam as Falhas de Mercado que serão vistas em detalhe: 
1. Existência de bens públicos; 
2. Existência de monopólios naturais; 
3. As externalidades; 
4. Mercados incompletos, desemprego e inflação; 
 - A existência de bens públicos 
Bens públicos são aqueles cujo consumo é não-rival e não-excludente; 
Consumo não-rival: quando o consumo de um indivíduo não prejudica o consumo dos demais. 
Pode se dar com bens tangíveis (ruas) ou intangíveis (defesa nacional); 
Consumo não-excludente: Quando o consumo de um indivíduo não pode ser impedido. Como 
no caso do policiamento; 
A principal questão que se coloca quanto aos bens públicos é quanto ao seu financiamento, 
especificamente, quem deverá pagar por eles. Dada sua característica de não-excludente, não 
há como o mercado controlar seu uso de acordo com os interesses dos indivíduos, por conta do 
efeito carona, de forma que todos acabam pagando pelo serviço, independentemente do quão 
beneficiado cada agente é individualmente; 
https://foradeaula.wordpress.com/2015/10/25/capitulo-1-instituicao-bom-estado-e-reforma-da-gestao-publica/
O sistema de mercado é baseado no direito de propriedade, de forma que seu consumo ótimo é 
excludente; Assim, bens de consumo não-excludentes se apresentam como uma Falha de 
Mercado que o Estado deve suprir para maior bem-estar da Sociedade; 
– A existência de monopólios naturais 
Processos produtivos que se caracterizam por retornos crescentes de escala, com os custos 
diminuindo conforme se aumenta a quantidade produzida, dependendo do tamanho do mercado 
consumidor, podem vir a se tornar monopólios naturais nos casos em que aumentar a 
competição possa reduzir, no lugar de aumentar, o bem-estar da sociedade; 
O Estado pode atuar sobre essas produções de duas maneiras: 
1. Regular o setor, impedindo que esses monopólios cobrem preços abusivos dos consumidores; 
o Ex: Água e energia; 
2. Produzindo ele mesmo o produto ou serviço; 
o Ex: Correios e extração de petróleo; 
– As externalidades 
Quando os agentes econômicos, firmas e indivíduos, agem a fim de maximizar seus ganhos, 
podem produzir efeitos involuntários sobre o restante da sociedade, sejam eles positivos ou 
negativos, e o Estado pode atuar para promover ou restringir esses efeitos através de três 
mecanismos: 
1. Produção direta ou concessão de subsídios (para externalidades positivas); 
2. Multas e/ou impostos (para externalidades negativas) 
3. Regulamentação (para externalidades negativas); 
 – Os mercados incompletos e a ocorrência de desemprego e inflação 
Mercados incompletos são caracterizados pela falta de instituições e/ou incentivos adequados 
ao setor privado que o motive a realizar investimentos, e, somados à inflação e desemprego, 
constituem as situações em que não há atração capaz de mover os empresários a superar sua 
aversão ao risco. Em geral, ocorrem nos países em desenvolvimento; 
Nesses casos cabe ao governo, dentro da sua intenção de desenvolvimento, promover as 
políticas que desfaçam esses gargalos; 
Ex: BNDES; 
> Os objetivos da política fiscal e as funções do governo 
Com a política fiscal o governo atende três funções básicas: 
1. Alocativa, ao fornecer os bens públicos; 
2. Distributiva, ao buscar maior justiça social; 
3. Estabilizadora, ao tentar promover melhores condições econômicas; 
 – A função alocativa 
Considerando o problema do consumo não-excludente e o efeito do carona, cabe então ao 
governo: 
1. Determinar quais serão os bens públicos e a quantidade que será fornecida; 
2. Calcular a contribuição de cada consumidor; 
Como são bens não-rivais e não-excludentes não há como caracterizar individualmente o 
consumo de cada indivíduo, de forma que só resta ao governo a cobrança compulsória de todos; 
Neste sentido, a política substitui o mercado na oferta de serviços. Se o mercado tem como 
sinalização os preços relativos, a política tem a revelação de preferência dos eleitores por maior 
ou menor quantidade de serviços públicos, e quais deles devem ser priorizados, através do 
mecanismo eleitoral; 
Outro ponto a ser considerado sobre a função alocativa é que nem sempre o governo é o produtor 
do bem ou serviço, podendo ser o responsável pela sua provisão, o que ocorre através das 
agências reguladoras, dada a essencialidade desses serviços; 
Além dos serviços públicos, há também os “semipúblicos”, aqueles em que o Estado compete 
com o setor privado pelos altos benefícios sociais que se obtém da sua promoção, como 
educação e saúde; 
Assim como os bens públicos, os semipúblicos também são financiados por todos, 
independentemente do uso, de forma compulsória; 
Pode ser visto pela ótica distributiva; 
– A função distributiva 
Em certo momento a distribuição de renda e fatores de produção pode não ser aquela desejada 
pela sociedade, de forma que cabe ao governo conduzir a economia à maior justiça social, 
contando com três mecanismos para este fim: 
1. As transferências, distribuindo renda diretamente aos mais pobres; 
2. Os impostos, utilizando impostos maiores aos mais ricos, e utilizando essa arrecadação para financiar 
programas voltados aos mais pobres; 
3. Os subsídios, tributando de maneira diferente os bens de luxo em favor dos bens de consumo básico; 
 – A função estabilizadora 
Considerando que os mecanismos de mercado podem ser incapazes de assegurar boas 
condições econômicas (emprego, inflação e crescimento), e que pode levar à flutuações 
econômicas, o governo pode atuar sobre a economia com a utilização das políticas fiscal e 
monetária para alcançar esses fins, atuando sobre a demanda e oferta agregadas, tanto no curto 
como no longo prazos; 
> Teoria da Tributação 
A principal fonte de receitas do governo é a tributação, que lhe possibilita levar a cabo seus 
objetivos. Porém, existem diferentes formas de tributar a população, e a escolha entre elas reside 
em princípios básicos quanto à eficiência econômica e a justiça social. Desta forma, destacam-
se como principais aspectos da tributação: 
1. Conceito de equidade, onde o ônus da tributação é distribuído igualmente pela população; 
o Diferente do princípio do benefício, onde cada contribuinte retornaria ao governo em proporção 
aquilo que usa de serviço público; 
o Diferente do princípio da capacidade, onde cada contribuinte paga de acordo com a sua renda, 
de forma que rendas iguais paguem o mesmo imposto, e as maiores paguem um imposto maior; 
2. Conceito de progressividade, onde a tributação é voltada à distribuição de renda dos mais ricos aos 
mais pobres; 
3. Conceito de neutralidade, onde a tributação deve ter o menor impacto negativo possível sobre a 
eficiência econômica; 
o Diferente do imposto sobre o consumo (externalidade); 
4. Conceito de simplicidade, onde a tributação deve ser um mecanismo simples para facilitar a 
arrecadação e fiscalização; 
 Não existe alíquota ótima, esta varia para cada economia; 
Ex: Curva de Laffer; 
Possui dois pontos onde a receita do governo é nula, com alíquota em 0% e em 100%; 
#Gráfico 1.1 – Curva de Laffer 
– Os diferentes tipos de impostos 
Deve-se fazer a distinção entre imposto e contribuição. O primeiro é recolhido sem um fim 
específico
e vai para uma grande conta do governo, que então usa conforme a distribuição das 
receitas. Já a contribuição tem um fim específico, e o governo só pode usar para alguns objetivos; 
Ex: Contribuições trabalhistas; 
Os tributos podem ser de dois tipos: 
1. Diretos, quando recaem diretamente sobre o indivíduo, guardando relação com sua capacidade de 
pagamento; 
2. Indiretos, quando recaem sobre produtos ou serviços, sem observar quase nenhuma relação com o 
consumidor; 
o Quase, porque existem os bens de luxo; 
 Considerados os dois tipos de impostos, passa-se à análise de sua incidência, que ocorre em 
três campo: renda, patrimônio e consumo; 
– O imposto de renda 
O imposto de renda incide sobre todas as remunerações da economia: salários, lucros, juros, 
dividendos e aluguéis; 
Pode ser aplicado sobre a pessoa física (IRPF) e sobre a jurídica (IRPJ): 
1. IRPF: é cobrado com base pessoal, sendo dotado de alíquota progressiva e regras para isenção; 
o Sua alíquota atende aos quesitos da equidade, já que quem tem renda na mesma faixa paga o 
mesmo imposto, e da progressividade, já que rendas maiores pagam maiores impostos; 
o A possibilidade de isenções difere as taxas normativas, calculadas de acordo com a renda, e 
as taxas efetivas, aplicadas sobre a renda após os descontos dos itens que se enquadram na 
isenção; 
o Simplicidade na arrecadação porque é pessoa, aplicada em rendas que devem 
necessariamente ser registradas por força de lei; 
2. IRPJ: é cobrado com base no lucro das empresas, podendo ser calculado de três formas: 
1. Lucro real, com base na diferença entre receitas e custos, possível quando a empresa mantém 
sua contabilidade em dia de acordo com a legislação; 
2. Lucro presumido, com base numa alíquota sobre a receita bruta, quando não há contabilidade 
em dia das empresas, em geral ocorre em pequenas empresas; 
3. Lucro arbitrado, com base nos impostos pagos pela empresa, quando não há registros 
contábeis, em geral grandes empresas; 
 Seu principal problema é que pode ferir os princípios da equidade e progressividade, já 
que os impostos podem ser repassados aos preços, e gerar consequências indesejadas: 
 Diminuir a demanda pelo produto e diminuir a competitividade das firmas nacionais 
no comércio internacional, ambos os resultados atrapalhando o mercado; 
 – O imposto sobre o patrimônio 
Refere-se à cobrança por posse de ativos, tais como: 
1. IPTU: imposto predial e territorial urbano; 
2. IPVA: imposto sobre a propriedade de veículos automotores; 
 A ideia é que atendam aos princípios da equidade e progressividade, mas isso pode vir a não 
ocorrer quando houver a locação do ativo e o repasse do imposto ao locatário, seja pelo aumento 
do preço cobrado no aluguel ou transferindo a responsabilidade pelo pagamento do imposto 
diretamente ao locatário; 
– O imposto sobre as vendas 
Os impostos sobre as vendas são os impostos indiretos, realizados sobre o consumo, e podem 
ser classificados quanto: 
1. Podem ser gerais ou especiais; 
o Gerais quando incidem por tipo de produto, industrial ou de consumo; 
 Podem ou não adotar a mesma alíquota durante todo o processo produtivo; 
o Especiais quando são específicos para determinados produtos, como bebidas e cigarro; 
2. Ao estágio do processo de produção e comercialização sobre o qual incide, já que se pode cobrar o 
imposto do produtor, do atacadista ou do varejista, ou ainda de todos eles; 
3. A forma de apuração da base de cálculo para o imposto, já que se pode cobrar sobre o valor total do 
produto ou sobre o valor adicionado (diferença entre o preço de venda e o custo de produção) em 
cada estágio; 
o Quando aplicado sobre o valor total do produto na hora da venda final, é neutro, já que não 
provoca distorção no preço relativo; 
o Quando é aplicado sobre as transações, no caso do valor adicionado, distorce os preços 
relativos, pois encarece aqueles com maior quantidade de etapas na produção ou distribuição; 
 O imposto sobre as vendas não atende aos termos de equidade e progressividade, já que não 
observa as características dos compradores dos produtos; 
-A crítica aos impostos “em cascata” 
Os impostos em cascata são aqueles que incidem sobre as transações, guardando a propriedade 
de ser cumulativo, pois tarifa os produtos em cada etapa do processo produtivo cobrando 
“imposto sob imposto”. Conquanto se possa tentar uniformizar sua cobrança entre as etapas, de 
forma que não se modifique o preço do produto final com relação a outros tipos de tributo, acaba 
por apresentar dois problemas fundamentais: 
1. Distorce os preços relativos na produção de um bem específico, favorecendo o processo de 
verticalização da produção; 
2. Impacta mais os produtos com maior número de etapas produtivas, distorcendo o nível de preços de 
um produto qualquer (que demande muitas etapas) em relação aos demais produtos no mercado 
(que demandem poucas etapas); 
 -O imposto sob o valor adicionado e suas vantagens 
O imposto sob o valor adicionado consiste na cobrança de uma tarifa sobre a diferença entre o 
preço de venda de um produto, seja ele final ou não, e o custo de sua aquisição, cobrado em 
todas as etapas produtivas. Aplicado visando aumentar a eficiência econômica no sistema 
tributário, suas vantagens consistem em: 
1. É neutro com relação a quantidade de etapas produtivas, conquanto se pague em cada etapa não há 
“imposto sobre imposto”; 
2. É neutro com relação ao setor, não distorcendo os preços relativos da economia; 
3. É eficiente na arrecadação, dado que a maior parte é realizada nas etapas pré-varejistas; 
4. É autofiscalizador, porque numa transação de duas empresas a que vende não pode tentar burlar o 
fisco, pois sobraria um valor maior a ser pago pela segunda; 
 O Gasto Público 
– O tamanho do governo 
“O governo não é uma abstração”, ele recolhe recursos de uma parcela da população e transfere 
ao restante dessa população na forma de dinheiro, produtos e serviços; 
Em tese o contribuinte deveria ser também o beneficiado, mas ocorrem os caos específicos de 
contribuintes que não se beneficiam dos trabalhos do governo; 
O tamanho do governo será ditado pelas áreas em que ele atua, considerando os problemas dos 
bens públicos e semipúblicos. Em geral o governo oferta os seguintes serviços: 
1. Saúde; 
2. Educação; 
3. Defesa nacional; 
4. Policiamento; 
5. Regulação; 
6. Justiça; 
7. Assistencialismo; 
Na maior parte concorre com o setor privado; 
 A divisão das funções entre diferentes níveis de governo respeita os ganhos de escala ou as 
divisões históricas de certas responsabilidades, partes delas engessadas pela constituição.

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