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1 61 1 Profª Dayse Mendes Gestão da Qualidade Aula 2 61 2 Conversa Inicial 61 3 O objetivo geral desta aula é contextualizar historicamente a gestão da qualidade 61 4 Para tanto, vamos conhecer: O histórico da gestão da qualidade, incluindo sua evolução no Japão e no Brasil Os “gurus” da qualidade Os prêmios da qualidade A padronização e a normalização O sistema de gestão da qualidade 61 5 A Gestão da Qualidade ao Longo do Tempo 61 6 A ideia de qualidade é milenar Determinações no código de Hamurabi acerca da necessidade de durabilidade das casas construídas à época Documentos de controle de processos utilizados na construção das pirâmides do Egito ou na Grande Muralha da China Uso da palavra “qualitas” por Cícero ao traduzir Platão, na Roma Antiga Qualidade ao longo do tempo jsp/shutterstock 2 61 7 O século XIX, com a produção em massa e a fabricação de produtos com peças intercambiáveis, trouxe a função de se separar os produtos bons dos produtos defeituosos, sem buscar a causa dos problemas Era da inspeção Everett Collection/shutterstock 61 8 O controle estatístico parte do pressuposto de que todo processo de fabricação se caracteriza pela variabilidade entre unidades de produto, sejam esses produtos obtidos em um mesmo processo ou em processos diferentes Essa variabilidade se mostra por meio de atributos ou variáveis, discretas ou contínuas, associados ao produto e responsáveis por caracterizá-lo de modo claro quanto a padrões de aceite e rejeição Era do controle estatístico da qualidade 61 9 Determinava-se qual grau de variação do processo era aceitável e qual não era, ou seja, seus limites de variação Era do controle estatístico da qualidade 61 10 A preocupação com a qualidade extrapola a questão do produto e passa a ser um problema gerencial Observam-se quatro elementos, que são: Quantificação dos custos da qualidade Controle total da qualidade Engenharia da confiabilidade Zero defeito Era da garantia da qualidade lauraluchi/shutterstock 61 11 A qualidade passa de um problema interno da organização para uma vantagem competitiva externa, relacionada à percepção dos clientes da empresa A qualidade não pertence mais a um único setor, perpassa toda a organização. A qualidade é uma filosofia organizacional que deve ser entendida e empregada por todos aqueles que se relacionam direta ou indiretamente com a empresa que pretenda ser de excelência Era da gestão estratégica da qualidade 61 12 É nesse momento que a denominação TQM (Total Quality Management) passa a ser utilizada dizain/shutterstock 3 61 13 Uma próxima era da qualidade deverá considerar com maior destaque o impacto social, econômico e ambiental da qualidade dos produtos e processos, considerando as necessidades da sociedade Próxima era??? KYTan/shutterstock 61 14 Segunda Guerra Mundial Acordos de paz assinados entre o Japão e os Estados Unidos no início da década de 1950 Ishikawa e Taguchi passam a ser reconhecidos como de fundamental importância para o desenvolvimento de processos que levariam à melhoria da qualidade Cultura Gestão da qualidade no Japão Everett Collection/shutterstock 61 15 Década de 1960: controle estatístico Década de 1980: círculos de controle da qualidade Governo Collor: abertura de mercado e Programa Brasileiro para Qualidade e Produtividade Gestão da qualidade no Brasil 61 16 As transformações da qualidade ocorreram não só na forma como elas eram tratadas dentro das empresas. Elas também foram se modificando no seu uso, de acordo com a necessidade de cada país 61 17 “Gurus” da Qualidade 61 18 Ao longo das eras da qualidade, alguns estudiosos se destacaram na pesquisa e aplicação de inovação em termos de gestão da qualidade Esses estudiosos ficaram conhecidos como Gurus da Qualidade Dentre eles, é possível destacar Deming, Juran, Feigenbaum e Crosby Os estudiosos da qualidade 4 61 19 Formado em engenharia elétrica e doutor em física matemática, Deming se muda para o Japão após a Segunda Guerra Mundial Lá, desenvolve uma série de trabalhos de aplicação de métodos estatísticos voltados à qualidade Esses métodos ficaram conhecidos como Gerenciamento da Qualidade Total (TQM) PDCA e 14 pontos Deming 61 20 Juran formou-se em Engenharia Elétrica e trabalhou na Western Electric Company Ele começou a trabalhar com a aplicação de novos métodos de gestão estatística de pessoal Pareto Juran 61 21 A contribuição de Juran foi fundamental para a transformação da qualidade no Japão As empresas japonesas começaram a utilizar as ideias de Juran sobre qualidade, dessa forma, iniciou-se um aumento na produtividade e uma melhoria na gestão da qualidade Aproximadamente 20 anos após sua implementação, o mais alto nível de qualidade foi observado em uma ampla gama de produtos Juran 61 22 Para Juran, os processos de negócio são a maior e mais negligenciada oportunidade de melhoria da qualidade de produtos e processos Partindo então de suas observações sobre o que funcionava no Japão e se apresentava inadequado nos EUA, o estudioso propôs novos processos administrativos que ficaram conhecidos como Trilogia da Qualidade, ou Trilogia Juran Esses processos são: planejamento da qualidade, controle da qualidade e melhoria da qualidade Juran 61 23 Engenheiro e funcionário da General Eletric, escreveu um livro: Total Quality Control (Controle Total da Qualidade) Feigenbaum defendia a ideia de que a qualidade está relacionada ao atendimento das necessidades e expectativas do cliente, mais do que no cumprimento de padrões internos e de conformidade do produto ao longo do processo de produção Feigenbaum 61 24 Feigenbaum entendia que todos os membros da organização deveriam ser responsáveis pela qualidade do que produziam, sem depender de um único departamento para tanto A empresa deve garantir a formação de sua equipe para gerar neles o espírito de compromisso; todos devem ver a qualidade como um elemento estratégico do planejamento de negócios Feigenbaum 5 61 25 Os custos da qualidade são classificados em custos de conformidade e custos de não conformidade O primeiro conceito surge dos esforços para impedir a ocorrência de defeitos O segundo refere-se a investimentos em treinamento, revisão de novos produtos, relatórios de qualidade e investimentos em projetos de melhoria Feigenbaum 61 26 Crosby começa a trabalhar em uma fábrica e, enquanto ganhava experiência, aprendeu a criar métodos para evitar problemas na fábrica Em 1979, decidiu fundar a Philip Crosby Associates Crosby 61 27 Crosby defendia, em especial, o conceito de zero defeitos, já que, conforme o autor, se a prevenção fosse executada adequadamente, não haveria motivos para cometer erros ou defeitos em qualquer produto Devido ao conceito de zero defeitos, Crosby ficou conhecido pela ideia do fazer certo na primeira vez Crosby 61 28 Para Crosby, os responsáveis pela falta de qualidade não eram os trabalhadores, mas sim os gestores, já que as iniciativas de implementação e manutenção da qualidade nos processos deveriam vir de cima para baixo, sendo ensinadas por meio de exemplos Crosby 61 29 Deming, Juran, Feigenbaum e Crosby se tornaram conhecidos para os gestores da qualidade por suas ideias que, a cada novo passo, transformavam a forma de se pensar qualidade dentro das organizações 6130 Prêmios da Qualidade 6 61 31 A história da gestão da qualidade como um programa e uma filosofia que abrangem toda a organização nasce no Japão pós-Segunda Guerra Mundial, junto com o TQC (Total Quality Control) e, posteriormente, com o TQM (Total Quality Management) É no Japão, também, que surge a ideia de se premiar empresas que mostrassem preocupação com a melhoria contínua e com práticas e padrões elevados de qualidade Prêmios aos melhores 61 32 Surge, em 1951, o primeiro prêmio da qualidade de que se tem notícia,o Deming Prize, assim denominado em homenagem a um dos mais importantes gurus da qualidade para os japoneses, William Edwards Deming Deming Prize CATOBLOT/shutterstock 61 33 Foi instituído pela JUSE (Union of Japanese Engineers and Scientists) e tinha por “objetivo propagar os fundamentos da qualidade através do reconhecimento de que melhorias no desempenho surgem a partir de uma implementação bem sucedida de um sistema administrativo” para a qualidade, assim como buscar a “melhoria contínua e a extensão da gestão da qualidade aos seus fornecedores” (Vilas Boas; Costa, 2011, p. 3) Deming Prize 61 34 O Prêmio Malcolm Baldridge é instituído em 1987 É o prêmio da qualidade estadunidense e foi criado, por meio de lei, pelo Congresso Norte- Americano Havia uma preocupação dos Estados Unidos em relação à concorrência nipônica, em especial no que diz respeito à indústria automobilística Prêmio Malcolm Baldridge 61 35 O prêmio é administrado pelo NIST (National Institute of Standards and Technology), ligado à Câmara de Comércio Norte-americana Inicialmente, o prêmio se voltava à questão da satisfação do cliente. Atualmente, o modelo tem como foco o desempenho de cinco áreas principais dentro das empresas: resultados do produto e do processo; resultados do cliente; resultados da força de trabalho; resultados de liderança e governança; resultados financeiros e de mercado Prêmio Malcolm Baldridge 61 36 Em 1992, é lançado o Prêmio Europeu de Qualidade pela EFQM (European Foundation for Quality Management), com uma proposta diferente dos prêmios japonês e norte- americano, por ser o primeiro prêmio em que se apresenta uma preocupação com sustentabilidade Prêmio Europeu da Qualidade 7 61 37 Prêmios pelo mundo New Africa/shutterstock Malcolm Baldrige Award European Quality Award Melhores em Gestão Deming Prize Mais de uma centena de nações lançam seus próprios prêmios, sempre com o intuito de promover uma cultura de melhoria contínua e de busca de práticas de gestão de excelência 61 38 O Brasil também se lançou nessa onda de promoção de prêmios objetivando a melhoria da qualidade nas organizações O lançamento se deu ainda nos primeiros momentos dessa nova preocupação mundial. Já em 1991 o Brasil instituiu sua primeira premiação, com um modelo altamente baseado no prêmio Malcolm Baldridge Melhores em Gestão 61 39 Com a missão de auxiliar as organizações brasileiras a enfrentarem situações advindas da abertura de mercado iniciada por Fernando Collor, unem-se várias empresas em torno da então FPNQ (Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade) em busca de melhorar práticas e processos organizacionais com foco na qualidade Melhores em Gestão 61 40 Surgem alterações ao longo do tempo, como a mudança de nome, já que a FPNQ passou a se chamar FNQ (Fundação Nacional da Qualidade), e o prêmio que inicialmente era PNQ (Prêmio Nacional da Qualidade) passou a se chamar Melhores em Gestão Há, também, alterações mais significativas, em especial no escopo dos critérios relativos ao prêmio e ao incentivo de melhoria Melhores em Gestão 61 41 Os prêmios buscam estabelecer critérios de avaliação que possam inspirar as organizações a serem Empresas de Classe Mundial, ou seja, que devido à sua performance, são competitivas no mercado global 61 42 Padronização e Normalização 8 61 43 O conceito de padronizar produtos tem como origem as ideias de Eli Whitney, engenheiro mecânico e inventor norte-americano Padronização Stanislav Vostrikov/shutterstock 61 44 Tal inovação é introduzida nas fábricas e possibilita a produção em massa, já que os produtos manufaturados podiam utilizar desse conceito e, assim, conseguia-se fabricar muito mais do que quando os produtos eram praticamente cada um deles um projeto isolado Padronização 61 45 Como definição, pode-se entender a padronização como uma “Técnica que busca a redução de variabilidade nos processos, descrevendo suas atividades para auxiliar em sua execução” (Silva; Silva, 2017, p. 133) A descrição das atividades se dá por meio de um padrão, que pode ser entendido com um documento que estabelece claramente o que deve ser realizado na organização Padronização 61 46 Para que se possa padronizar produtos e processos, é necessário estabelecer sua normalização A normalização é uma “Atividade destinada a estabelecer, em face de problemas reais ou potenciais de mercado e tecnologia, diretrizes para utilização comum e repetida, tendo em vista a obtenção de previsibilidade nos resultados” (Toledo et al., 2014, p. 77) Normalização 61 47 Existem níveis de normalização, os quais dizem respeito às estruturas de normas existentes em uma sociedade, como se houvesse uma espécie de hierarquia de normas a serem obedecidas Normalização 61 48 Nível individual: compreende normas do próprio indivíduo, as quais orientam suas ações, independentemente de normas gerais Nível empresarial: diz respeito às normas que a organização utiliza na gestão de suas atividades internas, como normas para compra de material, escolha de fornecedores, códigos de conduta e ética Níveis de normalização 9 61 49 Nível de associação: comporta normas que as associações de entidades de um mesmo ramo elaboram para que sejam cumpridas pelos seus associados Níveis de normalização 61 50 Nível nacional: abarca as normas que visam adequar os interesses do governo, das indústrias, dos consumidores e da comunidade científica de um país. A normalização é feita por uma organização nacional. No caso das normas alemãs, por exemplo, temos a Associação de Normas Técnicas (DIN), e, no caso das brasileiras, temos a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Níveis de normalização 61 51 Nível regional: compreende as normas que representam os interesses de nações independentes de um mesmo continente ou região. Exemplares, nesse caso, são as normas elaboradas pelo Comitê Mercosul de Normalização (CMN) ou pelo Comitê Europeu de Normalização (CEN), entre outros Níveis de normalização 61 52 Nível internacional: são as normas que resultam da união, da cooperação e de acordo entre diversas nações que têm interesses comuns nas relações entre si. Como exemplo máximo, temos a ISO (International Organization for Standardization) Níveis de normalização 61 53 Ao adotar a normalização, é possível obter uma série de benefícios, tais como a aquisição de certificações que possibilitam: Mostrar a idoneidade dos processos da empresa e a conformidade de seus produtos Buscar atuação internacional por meio de exportações 61 54 Sistema de Gestão da Qualidade 10 61 55 Ao buscar estabelecer um sistema de gestão da qualidade, qualquer organização terá por referência o modelo dado pelas normas ISO 9000, visto que desde sua primeira publicação, em 1987, as normas da série ISO 9000 obtiveram reputação mundial Sistema de gestão da qualidade 61 56 A ISO é uma organização sem fins lucrativos, localizada na Suíça, cuja missão é propor padrões que possam se tornar mundiais Conta com a participação de 165 organismos de normalização nacionais International Organization for Standardization (ISO) 61 57 Suas ações são elaboradas por comitês técnicos que estudam o padrão a ser proposto. Por meio da aprovação, a regra passa a valer e cada nação fica responsável pela tradução da norma para a sua língua No Brasil, o organismo oficial de normalização é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) International Organization for Standardization (ISO) 61 58 A ISO 9001 foi alterada porcinco vezes desde o seu lançamento em 1987 Entende-se que, conforme a sociedade e as organizações vão se modificando, surgem novas necessidades a serem atendidas. Assim, as normas devem se adequar a essa nova realidade ISO 9001 ao longo do tempo 61 59 Quando foi lançada, a ISO 9001 tinha por foco os processos produtivos e a garantia de que esses processos apresentariam conformidade, de acordo com o planejado pela organização Com o acolhimento da ideia de filosofia da qualidade que abrange toda a empresa, e não só seu processo produtivo, a norma foi se modificando ISO 9001 ao longo do tempo 61 60 A versão em voga no momento, lançada em 2015, tenta promover a ideia da gestão da qualidade sistêmica, que utiliza do ciclo PDCA para organizar a sua implementação, dando importância fundamental à liderança na condução do processo de implantação e manutenção desse sistema de gestão ISO 9001 ao longo do tempo Waldemarus/shutterstock 11 61 61 Esse sistema de gestão da qualidade busca considerar não só o cliente consumidor, mas todas as partes interessadas da empresa
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