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Autora: Profa. Valdice Neves Pólvora Colaboradores: Prof. Luiz Carlos Félix Profa. Rachel Niza Brandão Normas de Qualidade – Auditoria e Certificação Professora conteudista: Valdice Neves Pólvora Doutoranda em Economia, mestre em Administração e Valores Humanos, graduada em Economia e especialista em Ética Aplicada. Atuou vinte e três anos no Governo Federal, participou da implantação do Siafisico no governo de São Paulo, Maranhão e Pernambuco. Atuou na Secretaria da Fazenda por dez anos, na Coordenação de Compras Eletrônicas. Auditora interna do Sistema de Gestão da Qualidade – BEC/SP. Coordenadora de cursos e docente na Universidade Paulista – UNIP. Avaliadora do IPEG (Instituto Paulista de Excelência da Gestão) – Ciclo 2011-2012 e do IPEG – Prêmio MPE – Ciclo 2013. Docente do Instituto Brasileiro de Gestão Pública (Ibegesp) na capacitação de servidores públicos em várias modalidades de cursos, dentre eles, o de Gestão da Qualidade no Serviço Público. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P779n Pólvora, Valdice Neves. Normas da qualidade: auditoria e certificação. / Valdice Neves Pólvora. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 140 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Normas da qualidade. 2. Auditoria. 3. Certificação. I. Título. CDU 658.56 U510.16 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Carla Moro Rose Castilho Sumário Normas de Qualidade – Auditoria e Certificação APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 GARANTIA DA QUALIDADE E SUA INTEGRAÇÃO COM A GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL ....9 1.1 Da garantia da qualidade para a gestão da qualidade total .................................................9 2 PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE (PBQP) ....................................... 12 2.1 O movimento da qualidade no Brasil ......................................................................................... 12 Unidade II 3 PADRONIZAÇÃO DAS NORMAS DE QUALIDADE ................................................................................ 26 3.1 Conceito de padronização e padrões nas atividades das empresas ................................ 26 4 NORMALIZAÇÃO COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO ...................................................................... 29 4.1 Objetivos da normalização .............................................................................................................. 29 4.2 Benefícios da padronização ............................................................................................................ 34 4.3 Beneficiários da padronização ....................................................................................................... 40 Unidade III 5 NORMAS SÉRIE ISO ....................................................................................................................................... 47 5.1 Conceitos e evolução das Normas Série ISO 9000 ................................................................ 49 5.2 Normas da série ISO 9000 ............................................................................................................... 50 5.3 Normas série ISO 14000 .................................................................................................................... 77 6 NORMAS DE QUALIDADE PARA SETORES ESPECÍFICOS .................................................................. 85 6.1 Norma ISO 45001:2018 – Gestão de saúde e segurança ocupacional .......................... 85 6.2 NBR ISO 26000 – Responsabilidade Social ................................................................................ 89 Unidade IV 7 CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE QUALIDADE ...................................................................................... 96 7.1 O processo de certificação ................................................................................................................ 96 7.2 Estágios da certificação ..................................................................................................................... 97 7.3 Certificação e entidades certificadoras ....................................................................................... 99 8 AUDITORIA DE SISTEMAS DA QUALIDADE ..........................................................................................100 8.1 Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental ........100 8.2 Auditoria interna e auditoria externa ........................................................................................101 7 APRESENTAÇÃO Caro aluno, Vamos abordar neste livro-texto as normas de qualidade e o processo de auditoria e certificação dos sistemas de qualidade. De acordo com Mello et al. (2012), a série de normas ISO 9000 é um conjunto de normas e diretrizes internacionais para sistemas de gestão da qualidade. Desde sua primeira publicação, em 1987, ela tem obtido reputação mundial como base para o estabelecimento de sistemas de gestão da qualidade. Com o advento da globalização, vivemos em uma era de grande competitividade, portanto, as organizações buscam a certificação dos seus produtos e serviços como diferencial para o mercado nacional e internacional e para atender às necessidades e desejos dos clientes. A maioria de normas ISO é altamente específica para um produto, material ou processo particular. Contudo, segundo Mello et al. (2012), tanto a norma ISO 9000 quanto a norma ISO 14000 são conhecidas como normas genéricas de sistemas de gestão. Inicialmente, abordaremos os conceitos de garantia da qualidade e sua integração com a gestão da qualidade total. Falaremos, também, sobre o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) e a evolução do movimento da qualidade no Brasil. Veremos a padronização das normas de qualidade, destacando o conceito de padronização e normalização, e a importância de a especificação dos produtos e dos materiais estar de acordo com os procedimentos constantes nas normas vigentes. Vamos falar, ainda, sobre os métodos para garantir o cumprimento dos padrões operacionais de inspeção e os efeitos da padronização sobre a manutenção e melhoria da qualidade. Em seguida, abordaremos as Normas ISO. Veremos a evolução das séries das Normas ISO, com destaque para a série ISO 9000 e 14000 e as suas versões atuais de 2015. Destacaremos as normas de qualidade para setores específicos, dentre elas a ISO 45001:2018 – Sistema de gestão da saúde e segurança ocupacional e a ISO 26000, que aborda a questão da responsabilidade social. Por fim, você conhecerá os mecanismospara certificação de sistemas de qualidade e a importância na obtenção dos certificados pelas organizações na busca pela excelência dos seus processos e ampliação da sua participação no mercado globalizado e altamente competitivo. Serão discutidos os procedimentos para a certificação e os organismos certificadores. 8 Complementando os estudos, vamos destacar a importância da auditoria de sistemas de qualidade, quando abordaremos a ISO 19011, que trata das diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Esperamos que este livro-texto possa contribuir para ampliar o seu conhecimento e auxiliá-lo nas estratégias para implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade. Bons estudos! INTRODUÇÃO De acordo com Marshall Junior (2012), o sistema de gestão da qualidade de uma organização é composto, basicamente, de um manual da qualidade e de procedimentos que orientam a execução de determinadas tarefas, detalhando os processos e as responsabilidades a elas associados. Nesse sentido, Mello et al. (2012) coloca que, com o crescimento da globalização, a gestão da qualidade tornou-se fundamental para a liderança e para o aperfeiçoamento contínuo de todas as organizações. De acordo com Paladini e Carvalho (2012), a evolução dos conceitos de qualidade trouxe consigo a necessidade e a utilização de um tipo especial de documentos: os documentos normativos, que, em termos genéricos, são regulamentos, especificações, relatórios e normas técnicas. Ainda, de acordo com os autores, esses documentos são amplamente utilizados, e os arranjos modernos de produção, como a produção seriada com o uso de partes intercambiáveis e consórcios modulares, só são possíveis com a existência de documentos normativos. Quando falamos em normas, de forma geral, elas são baseadas em conhecimentos consolidados da ciência, tecnologia e experiências anteriores. Conforme destacam Paladini e Carvalho (2012), as normas abrangem todos os ramos do conhecimento humano, desde tópicos eminentemente técnicos, como concreto, até complexos modelos administrativos, como os sistemas de gestão da qualidade e meio ambiente. Por outro lado, Mello et al. (2012) dizem que sistema de gestão se refere a tudo aquilo que a organização faz para gerenciar seus processos ou atividades. 9 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Unidade I 1 GARANTIA DA QUALIDADE E SUA INTEGRAÇÃO COM A GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL 1.1 Da garantia da qualidade para a gestão da qualidade total Segundo Fernandes (2011), na conceituação moderna do termo, qualidade significa adequação ao uso. É o atendimento aos desejos e às aspirações dos consumidores, incluindo os aspectos econômicos, de segurança e desempenho. O conceito refere-se ao mais apropriado e não ao melhor ou ao mais caro. A preocupação com a qualidade existe desde os primórdios das civilizações. De acordo com Fernandes (2011), historicamente associado à realização de inspeções e testes nos serviços ou produtos acabados, o conceito de controle da qualidade sofreu mudanças significativas com a Revolução Industrial, quando ganhou mais importância. A aplicação de teorias estatísticas aos planos de inspeção e testes representa uma nova etapa do conceito, denominada Controle Estatístico da Qualidade. Importante lembrar, segundo Marshall Junior (2012), que o controle da qualidade se limitava à inspeção e às atividades restritas, como a contagem, a classificação pela qualidade e os reparos. Ainda de acordo com Fernandes (2011), na segunda metade do século XX, a complexidade tecnológica, o aumento do volume de investimentos e a necessidade de segurança concorreram para a ampliação do controle da qualidade. Tornou-se absolutamente fundamental assegurar, previamente, a qualidade dos produtos, serviços, instalações e equipamentos, o que deu origem ao Controle Total da Qualidade. Figura 1 10 Unidade I Nesse sentido, Marshall Junior (2012) destaca que o Controle Total da Qualidade surge, pela primeira fez, no final da década de 1950. Ele se baseia na premissa de que a qualidade deve se estender bem além da simples qualidade do produto para alcançar a qualidade em todos os processos e atividades organizacionais por meio do comprometimento de todos na empresa. Na figura a seguir, podemos observar a evolução da qualidade, com destaque para o período que aborda a ênfase no produto, que se inicia no sistema feudal até a Primeira Guerra Mundial, e, logo a seguir, podemos observar a ênfase no processo, a partir da Segunda Guerra Mundial até a globalização. Mestre Supervisor Núcleo de inspetores Controle estatístico Controle total da qualidade Garantia da qualidade Gestão da qualidade Avaliação da conformidade Ênfase no produto Ênfase no processo Conceito moderno de controle da qualidade Sistema feudal Revolução Industrial 1ª Guerra 2ª Guerra Guerra Fria Globalização Figura 2 - Gestão da qualidade Fernandes (2011) enfatiza que os Sistemas de Garantia da Qualidade resultam da aplicação da abordagem sistêmica ao Controle Total da Qualidade. São métodos gerenciais que preconizam o esforço globalizado e sistêmico da empresa na busca da qualidade e se baseiam, resumidamente, nas seguintes premissas: • a qualidade é o resultado do trabalho de cada um e, portanto, todos são responsáveis por ela, inclusive a alta administração da empresa; • a qualidade está baseada na tecnologia, que se fundamenta no desenvolvimento de recursos humanos; • a qualidade deve ser explicitada para que possa ser controlada e desenvolvida. Um Sistema de Garantia da Qualidade é um conjunto de medidas que permite implementar na empresa essas premissas. É fundamental, em virtude da mudança de hábitos que representa, que a introdução dos Sistemas de Garantia da Qualidade se faça de modo planejado e gradual. 11 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Por outro lado, Marshall Junior (2012) coloca que, por volta do final da Segunda Guerra Mundial, a qualidade já conquistara seu lugar e passou a ser uma disciplina bem aceita no ambiente organizacional, com técnicas específicas e resultados efetivos, com profissionais qualificados e bem caracterizados na especialidade. A globalização da economia tornou necessária a padronização dos requisitos de Sistemas de Garantia da Qualidade. Em 1987, foram editadas as normas internacionais, mundialmente conhecidas como Normas da Série ISO 9000, que possibilitaram a padronização desses requisitos em todo o mundo. Vamos abordar as Normas da Série ISO mais adiante. Vale destacar o que Carpinetti (2016, p. 23) aborda em relação à gestão da qualidade total: A partir de 2000, a expressão gestão da qualidade total foi se tornando menos usada e substituída por gestão da qualidade. Programas de qualidade total, largamente implementados nas empresas nos anos de 1980 e 1990, foram substituídos por outros programas de gestão da qualidade e melhoria. No meio acadêmico, as pesquisas relacionadas à gestão da qualidade total também perderam um pouco do brilho das décadas passadas. Prêmios da qualidade foram reformatados para prêmios de excelência em gestão, como é o caso do prêmio europeu, conferido pela Fundação Europeia de Gestão da Qualidade (EFQM). Ainda, de acordo com o autor, várias são as evidências dessa crescente importância da gestão da qualidade. Vejamos algumas delas: • Os consumidores e o mercado cada vez mais exigem qualidade, o que significa produtos e serviços com maior presença de atributos e ausência de defeitos, bem como com preços mais baixos. • O sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001, cujo certificado vem sendo cada vez mais exigido e adotado como evidência de que a empresa certificada adota padrões de qualidade na produção de seus produtos e prestação de serviços. Observação A certificação é um diferencial para as empresas que buscam atender os consumidores com produtos e serviços com padrões de excelência. Paladini e Carvalho (2012) observam que, dofinal da década de 1980 até meados da década de 1990, diversos estudos indicaram elementos, considerados como fatores críticos, que devem estar presentes na Gestão da Qualidade Total (TQM). Os elementos mais comuns nos estudos e sua respectiva descrição são mostrados no quadro a seguir. 12 Unidade I Quadro 1– Elementos de TQM Elemento Descrição Liderança e apoio da alta direção Prover liderança no processo de mudança, exemplaridade e motivação da força de trabalho da organização. Deve também promover e estimular as práticas e abordagens direcionadas ao TQM. Relacionamento com os clientes Concentrar as atividades com foco nos clientes e estabelecer canais de comunicação, visando levantar suas necessidades e níveis de satisfação, promovendo um entendimento sobre os clientes. Gestão da força de trabalho Aplicar os princípios da gestão de recursos humanos, com base em um sistema de trabalho em equipe e com empowerment, processos de recrutamento e seleção e capacitação e treinamento. Relação com os fornecedores Utilizar práticas de seleção e qualificação de fornecedores, bem como meios de medição de desempenho. Estabelecer relação de longo prazo com os fornecedores, visando à colaboração mútua, além de buscar melhoria da qualidade dos produtos. Gestão por processos Definir os processos-chave da organização, promover práticas preventivas, autoinspeção com planos de controle e utilização de métodos estatísticos na produção. Projeto de produto Envolver todas as áreas funcionais no processo de desenvolvimento de produto, visando desenvolver um produto que satisfaça os requisitos dos clientes. Fatos e dados da qualidade Disponibilizar os dados e informações relativas à qualidade como parte de um sistema de gestão transparente e de fácil visualização. Registros sobre indicadores da qualidade, incluindo índices de refugo, retrabalho, dados de garantia, custos da qualidade. Fonte: Paladini e Carvalho (2012, p. 95). Observação Empowerment é um conceito de administração de empresas que significa “descentralização de poderes”, ou seja, sugere uma maior participação dos trabalhadores nas atividades da empresa, já que é dada a eles maior autonomia de decisão e responsabilidades. Exemplo de aplicação Faça uma pesquisa na sua região e identifique as empresas que possuem a certificação ISO. Identifique nessas empresas os elementos destacados no quadro anterior. 2 PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE (PBQP) 2.1 O movimento da qualidade no Brasil Conforme Carpinetti (2016), o movimento da qualidade ocorrido no Brasil na última década foi bastante benéfico, não só pela melhoria da qualidade de seus produtos e serviços, mas também pela transformação cultural pela qual essas empresas passaram em decorrência da adoção de novos modelos de gestão. 13 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Saiba mais Conheça a evolução da qualidade lendo o livro indicado a seguir: FERNANDES, W. A. Movimento da qualidade no Brasil. Brasil: Essential Idea Publishing, 2011. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/ pdf/Livro_Qualidade.pdf. Acesso em: 18 ago. 2017. Vamos destacar os principais pontos desse movimento para que possamos entender essa transformação e o esforço demandado pelas empresas e pelo governo para a melhoria dos seus produtos e serviços. Segundo Fernandes (2011), no final da década de 1980, alguns esforços vinham sendo empreendidos por alguns setores na área da qualidade e produtividade. Entretanto, a preocupação com esses temas ainda não tinha atingido todos os segmentos da economia. O desperdício alcançava níveis inaceitáveis para um país que sofria carências sociais dramáticas, em um quadro de escassez de recursos financeiros. Observe que a questão do desperdício pode levar uma organização a grandes perdas financeiras, pois os custos da não qualidade são elevados e têm efeito direto na competitividade das empresas. Ainda segundo Fernandes (2011), as estimativas indicavam perdas que alcançavam até 40% do produto industrial, encarecendo nessa mesma proporção o preço final dos bens e serviços. Considerando a participação do produto industrial na formação do PIB, o desperdício alcançava valores da ordem de US$ 50 bilhões/ano. Tal situação vinha contribuindo para restringir o desenvolvimento industrial e para a frustração de legítimas aspirações da população brasileira por emprego, renda, segurança e saúde. Observação PIB é a sigla para Produto Interno Bruto, que representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região, durante um determinado período. Por outro lado, Fernandes (2011) destaca que, no mesmo período, a principal causa do êxito econômico do Japão e potências emergentes do sudeste da Ásia era atribuída ao valor conferido à qualidade e produtividade. As experiências bem-sucedidas desses países apontavam o governo como condutor do processo de retomada do desenvolvimento e fomentador de ações por parte das empresas. 14 Unidade I Lembrete Os japoneses são conhecidos como os precursores da qualidade. A inserção do Brasil no contexto das economias mais desenvolvidas dependia da capacidade de modernização da indústria, ao lado de profundas transformações de ordem interna que contemplassem a redução da participação do Estado na atividade produtiva, um amplo processo de desregulamentação da economia e a busca de uma maior eficiência do aparelho governamental (FERNANDES, 2011). Essa sempre foi a grande preocupação dos governos em relação à participação das indústrias no cenário mundial, sendo de extrema importância a modernização da indústria nacional. Nesse sentido, Fernandes (2011) coloca que a modernização industrial requeria a adoção de novos métodos de gerenciamento da produção e de gestão tecnológica na empresa, bem como a capacidade de incorporação de novas tecnologias de produto e de processo na atividade produtiva. Investir em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, requer altos recursos, portanto, seria necessária uma ação estratégica por parte dos empresários e do governo para que os desafios fossem superados. Fernandes (2011) destaca que os grandes desafios estavam na busca da racionalização, da modernização e da competitividade, para as quais eram indispensáveis a qualidade e a produtividade. Dessa forma, segundo o autor, qualidade e produtividade passaram a representar uma nova filosofia de gestão empresarial, capaz de conduzir todos os segmentos da empresa a uma postura pró-qualidade e produtividade, através de um compromisso de dirigentes e empregados em todas as fases do processo produtivo. Tal postura asseguraria produtos e serviços com desempenho, disponibilidade e preço adequados e totalmente orientados para as aspirações do mercado. Nesse contexto, Fernandes (2011) aponta que a competição internacional em bases tecnológicas eliminou as tradicionais vantagens comparativas baseadas no uso de fatores de produção abundantes e baratos. Tal contexto estimulou o governo a propor à sociedade o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP), um dos mecanismos previstos nas Diretrizes Gerais da Política Industrial e de Comércio Exterior (PICE), com o objetivo de estabelecer um conjunto ordenado de ações indutoras da modernização industrial e tecnológica que contribuiria para a retomada do desenvolvimento econômico e social. Observação Em economia, a teoria das vantagens comparativas (ou princípio das vantagens comparativas) explica porque o comércio entre dois países, regiões ou pessoas, pode ser benéfico, mesmo quando um deles é mais produtivo na fabricação de todos os bens. 15 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Fernandes (2011) nos diz que a operacionalização do PBQP buscava apoiar-se fundamentalmente na iniciativa e nos recursos próprios dos agentes econômicos e nos meios disponíveis dos organismos governamentais. Coerentemente, ainda com a orientaçãopara os resultados, os Subprogramas Gerais e Setoriais do PBQP foram adotados como referência para o estabelecimento de prioridades no gerenciamento dos instrumentos da Política Industrial e de Comércio Exterior. Lembrete São denominados agentes econômicos: as famílias, as empresas, o mercado, o governo e o mundo, este último em razão da globalização, uma vez que os países precisam se relacionar com outras economias. Em 1991, por meio do Decreto nº 99.676, fica instituído o Ano Nacional da Qualidade e Produtividade. Vejamos, o que diz o referido Decreto (BRASIL, 1990): Institui o ano de 1991 Ano Nacional da Qualidade e Produtividade, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, DECRETA: Art. 1º. Fica instituído o ano de 1991 Ano Nacional da Qualidade e Produtividade. Art. 2º. A coordenação das atividades relacionadas ao referido evento ficará a cargo do Comitê Nacional da Qualidade e Produtividade. Art. 3º. Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 7 de novembro de 1990; 169° da Independência e 102° da República. Fernandes (2011) coloca que, para o detalhamento do Programa, na sua etapa de formulação e implementação, participaram cerca de 50 entidades privadas que representavam setores empresariais, consultores especializados, comunidade acadêmica e entidades de classe, juntamente com os órgãos governamentais. Desde a sua criação, o PBQP era modificado e aperfeiçoado. Periodicamente eram realizadas reuniões para avaliação do Programa e estabelecimento de novas estratégias e ações. 16 Unidade I De acordo com Fernandes (2011), o PBQP pode ser dividido em três fases: Formulação e Implementação 1990-1995 Fases Realinhamento Estratégico 1998-2001 Reorientação Estratégica 1996-1997 Formulação e Implementação 1990-1995 Figura 3 Vamos verificar as três fases, que tiveram características específicas em função das condicionantes políticas, estruturais e circunstanciais. Primeira fase Na primeira fase, que consistia na formulação e implementação e vigorou até meados de 1995, a prioridade do programa era o aumento da competitividade da indústria brasileira. Fernandes (2011) aponta que o objetivo dessa fase era apoiar o esforço brasileiro de modernidade através da promoção da qualidade e produtividade, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços produzidos no País. Um ponto importante a ser destacado diz respeito à abertura da economia e à conscientização da classe empresarial em relação à qualidade e produtividade, pontos fundamentais para a evolução do PBQP nessa primeira fase. Outra questão que devemos abordar e que influenciou uma transformação da indústria brasileira foi a abertura da economia e, consequentemente, o aumento da concorrência, o que teve forte impacto sobre a indústria brasileira, que não estava preparada o suficiente para novos entrantes no mercado. Conforme destaca Fernandes (2011), o aumento da competitividade por diferentes vias, principalmente pela melhoria da qualidade e produtividade, passou a ser uma questão de sobrevivência. Sem dúvida, isso contribuiu decisivamente para que o PBQP, em sua primeira fase, evoluísse de forma consistente no segmento industrial. Os empresários tinham consciência de que a qualidade deixara de ser uma questão técnica, passando a ser uma questão de estratégia empresarial. A contribuição para essa fase foi a mudança de foco do controle da qualidade voltado para correção de defeitos, melhoria contínua, prevenção de defeitos e satisfação do cliente. 17 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO De acordo com Fernandes (2011), o PBQP passou a ser composto de um conjunto de subprogramas gerais, com o objetivo de eliminar entraves institucionais e de infraestrutura, voltado para: • conscientização; • motivação e divulgação; • desenvolvimento e difusão de métodos de gestão; • educação, formação e capacitação de pessoal; • adequação dos serviços tecnológicos; • poder de compra; • iniciativas estaduais; • pequenas e microempresas. Além desses subprogramas gerais, também compuseram o PBQP os subprogramas setoriais, destinados a articular esforços nos seguintes setores: • industrial; • agropecuário; • comércio; • serviços; • administração pública. Em reuniões realizadas, ficou estabelecido que o Comitê Nacional passava a ser presidido pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo e integrado pelos seguintes membros: • Ministros de Estado: do Trabalho; da Ciência e Tecnologia; da Educação e do Desporto; da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária; das Minas e Energia; Chefe da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação da Presidência da República; Chefe da Secretaria de Administração Federal da Presidência da República e Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. • Presidentes: do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial; do Fórum de Secretários Estaduais de Indústria e Comércio; da Confederação Nacional da Indústria (CNI); da Confederação Nacional do Comércio (CNC); da Confederação Nacional da Agricultura (CNA); 18 Unidade I do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); do Conselho Curador da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. • Três representantes das classes produtoras. • Cinco representantes das classes trabalhadoras. • Um representante dos consumidores. Foram, ainda, criadas as Comissões Temáticas para desenvolvimento de temas específicos: Comissões temáticasDesperdício Trabalhadores Consumidores Indicadores Figura 4 Segunda fase De acordo com Fernandes (2011), na segunda fase, que ocorreu no período de 1996 a 1997, o foco foi a reorientação estratégica do PBQP. Houve alteração na composição do Comitê Nacional da Qualidade e Produtividade, que passou a ser formado: • Pelos Ministros de Estado: da Casa Civil da Presidência da República, como Presidente do Comitê; da Indústria, do Comércio e do Turismo; da Administração Federal e Reforma do Estado; do Trabalho e da Ciência e Tecnologia. • Pelo Presidente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). • Pelo Presidente do Conselho Curador da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade. Fernandes (2011) destacou a realização de um workshop, em 1996, que teve como resultado uma ampla discussão entre entidades governamentais, empresariais, de trabalhadores e de consumidores. 19 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Nesse evento, foi definida a Primeira Reorientação Estratégica do Programa para o período 1996/1998. O PBQP passou a ser orientado segundo três premissas fundamentais: • a preocupação com o emprego; • a proteção do meio ambiente e a melhoria da saúde e segurança ocupacionais; • a mobilização dos agentes envolvidos no Programa e a prática permanente de negociação, como estilo básico de gestão para o PBQP. De acordo com Fernandes (2011), nessa nova fase, o Programa teve como foco de atuação as quatro macroprioridades, expressas nos seguintes subprogramas: Subprogramas Qualidade e participação na administração pública Qualidade e produtividade no setor produtivo Qualificação e emprego Qualidade de vida Figura 5 Observe que os subprogramas estavam atrelados à qualidade de vida, qualificação e emprego, qualidade e produtividade no setor produtivo e qualidade e participação pública. Terceira fase A terceira fase consistia no realinhamento estratégico do PBQP e aconteceu no período de 1998 a 2000. De acordo com Fernandes (2011), a Coordenação Executiva do PBQP, que até então fora exercida por um órgão governamental, passou a ser feita conjuntamente com um órgão da iniciativa privada, seguindo diretrizes do Comitê Brasileiro da Qualidade e Produtividade. A partir de 1998, a Coordenação Executiva do Programa passou a ser responsabilidadedo Inmetro, órgão público, e do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), entidade privada sem fins lucrativos. 20 Unidade I Saiba mais O Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, formada por empresas associadas, organizações governamentais e não governamentais, entidades de representação empresarial e de trabalhadores, instituições técnico-científicas, universidades e cidadãos. É resultado da mobilização nacional pelo desenvolvimento da qualidade, da produtividade e da inovação no Brasil. Conheça mais sobre o IBQP em: http://www.ibqp.org.br Os desafios do PBQP nesse primeiro realinhamento estratégico foram: • ampliar o conceito de qualidade, até então mais focado no aumento da competitividade, estendendo-o à ideia de qualidade de vida; • ampliar o movimento em torno da qualidade no Brasil, atingindo cada cidadão. Na visão de Fernandes (2011), esses desafios foram identificados através da pesquisa qualitativa realizada junto à população, cujos resultados demonstraram que: qualidade é entendida como um conceito ligado à cidadania, devendo transformar-se em um movimento nacional. Ainda segundo a pesquisa, qualidade, em sentido amplo, pode ser resumida como o encontro de um Estado que cumpre suas obrigações, zelando pelo desenvolvimento social, com um cidadão que exerce suas obrigações de cidadania, na plenitude de todos os seus direitos. Assim, a proposta de realinhamento aprovada contemplava quatro estratégias: • estabelecimento de Metas Mobilizadoras Nacionais; • criação de uma Expressão Mobilizante; • implantação de um Sistema de Gerenciamento Integrado (SGI); • coordenação Executiva Conjunta (órgão governamental e entidade civil). Conforme descreve Fernandes (2011), as Metas Mobilizadoras Nacionais – objetivos claros a serem atingidos – são indicadoras de avanços concretos, uma vez que representam compromissos entre o Governo e a sociedade civil no sentido de juntos promoverem a competitividade dos setores produtivos e a qualidade de vida dos cidadãos. 21 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Nesse sentido, as Metas Mobilizadoras imprimem um “choque de efetividade” em áreas estratégicas selecionadas através do aperfeiçoamento da gestão. A estruturação do PBQP por metas consiste em selecionar temas de grande importância e visibilidade e aplicar-lhes os conceitos de qualidade e produtividade. Qual o conceito de meta para o PBQP? Fernandes (2011) coloca que, para efeito do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade, tal como aprovado pelo Comitê Nacional da Qualidade e Produtividade, define-se meta como: o estágio que se quer alcançar, em um determinado horizonte de tempo, partindo-se de uma situação atual inadequada para uma situação futura que represente clara evolução, sendo ambas quantificáveis. Para ser mobilizadora, a meta deve impactar e comprometer o maior número possível de pessoas e segmentos da sociedade, sendo desafiante e factível. Fernandes (2011) esclarece que foi estabelecida uma Expressão Mobilizante para representar o elo entre as diferentes Metas Mobilizadoras Nacionais, o ponto de convergência e o referencial para todas as ações do Programa. Para atingir o objetivo de forma mais intensa, foi criado um Plano Diretor de Comunicação que tem como ideia central apresentar o PBQP como um movimento da nação pela qualidade. Um evento importante, em 1990, foi que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) concluía a tradução das normas da série ISO 9000. Essas normas tinham como objetivo orientar as empresas na implantação de um sistema de qualidade para fornecer produtos de acordo com as necessidades dos clientes. Vamos tratar desse tema mais adiante. Observação A implantação da norma ISO 9000 em uma empresa tem como resultado um aumento da sua produtividade, decorrente da redução de desperdícios, da redução de produtos não conformes e da redução de retrabalho na execução das atividades. De acordo com Fernandes (2011), o movimento pela qualidade prosseguiu em ritmo acelerado na economia brasileira. A ISO 9000, que no início estava restrita ao segmento industrial, hoje também avança na área de serviços. As empresas que implantaram a ISO 9000 começaram a perceber as limitações da norma. A norma não abrange todas as áreas da empresa. Por exemplo, a área financeira fica fora. Na ISO 9000 o foco está também no cliente. Essas empresas passam a implantar programas de qualidade total, que, além do cliente, preocupam- se com os empregados, com os acionistas, com os fornecedores e com a sociedade como um todo. De acordo com o autor, as empresas que estão em estágio mais avançado já começam a almejar o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ). 22 Unidade I Saiba mais Conheça as empresas vencedoras do PNQ no site da Fundação Nacional da Qualidade: http://www.fnq.org.br/ Ainda como subproduto do PBQP, alguns estados implantaram programas estaduais de qualidade. Exemplo de aplicação Faça uma pesquisa sobre os avanços dos programas estaduais de qualidade, indicando: estado; prêmio; critérios para participação; premiação; empresas premiadas. Resumo Vimos nesta unidade a mudança do conceito de garantia da qualidade para qualidade total, bem como a implantação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP) e os avanços ocorridos no Brasil nas últimas décadas na implantação de programas de qualidade. As ações desenvolvidas com a criação do PBQP tiveram como foco a competitividade das empresas brasileiras frente à concorrência, em especial, com a abertura de mercado na década de 1990. A implantação de programas de qualidade é feita através de intensos programas de treinamento, em que se procura mudar a forma de atuação das pessoas dentro dos princípios da qualidade. Vimos que esses programas despertam nas pessoas a importância do cliente; essas pessoas passam a se colocar nesse papel. Com isso, o conceito de consumidor e seus direitos passa a ser internalizado. O consumidor começa a exigir mais qualidade das empresas, nos produtos que são ofertados e na prestação dos seus serviços disponibilizados. Nesse aspecto, além do benefício do aumento da produtividade, temos também o benefício da mudança de postura das pessoas, que passam a exigir mais os seus direitos, cumprindo um papel de cidadania. 23 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO Exercícios Questão 1. (Enade 2009, adaptada) Ao longo do tempo, filósofos têm identificado várias formas de encarar o comportamento ético nas organizações. Entre elas, a visão utilitarista considera o comportamento ético como aquele que traz o maior bem para o maior número possível de pessoas, interferindo diretamente na qualidade do serviços prestados e produtos oferecidos. Sob a lógica da visão utilitarista, considere os itens a seguir: I – Fechamento de uma fábrica em uma cidade, para que a matriz da corporação continue sendo lucrativa e operacional em outras cidades. II – Deslocamento dos habitantes de um vilarejo à beira-mar, para a construção de um condomínio de alto luxo, pequeno e reservado. III – Suspensão do bônus da alta administração, apesar de seu ótimo desempenho, para preservar a sobrevivência da empresa. Está(ão) correto(s) somente o(s) item(ns): A) I e III. B) II. C) III. D) I. E) II e III. Resposta correta: alternativa A. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: depreende-se do texto que a fábrica que será fechada tem menor dimensão do que a matriz da corporação. Portanto, o sacrifício do emprego de uma quantidade menor de pessoas garantiria o bem para uma maior quantidade de pessoas. Pode-se argumentar que esse raciocínio aritmético não está contemplado no texto, mas parece ser o espírito da frase, que poderia ser mais precisa. 24 Unidade I II – Afirmativa incorreta. Justificativa: a frase contrapõe o interesse de uma pequena quantidade de pessoas (“condomínio pequenoe reservado”) ao de um número muito maior. Portanto, essa decisão contraria o espírito do utilitarismo ao trazer benefício para um menor número de pessoas. III – Afirmativa correta. Justificativa: essa alternativa corresponde exatamente à definição da visão utilitarista: a decisão traria o maior bem possível ao maior número possível de pessoas. O sacrifício de uma pequena quantidade de pessoas (“alta administração”) causaria o bem possível para o resto da empresa, forçosamente em maior número. Questão 2. (Enade 2009, adaptada) Durante sua atividade profissional, os administradores precisam tomar inúmeras decisões que envolvem riscos com impacto no desempenho de qualidade das suas instituições. Fazem-no num contexto em que não dispõem de informações suficientes e têm restrições de recursos e de tempo para coletar mais informações para apoiar o seu processo decisório. Além disso, possuem limitações cognitivas que impedem alcançar uma solução ótima para os problemas que enfrentam. Com base no texto, é correto afirmar que os administradores tomam decisões num contexto de racionalidade: A) instrumental. B) legal. C) limitada. D) plena. E) técnica. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: a racionalidade instrumental não é definida nos processos decisórios. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a racionalidade legal não é definida nos processos decisórios. 25 NORMAS DE QUALIDADE – AUDITORIA E CERTIFICAÇÃO C) Alternativa correta. Justificativa: o cenário descrito na questão define exatamente o conceito de racionalidade limitada, definido a partir das restrições de tempo e de informações descritas no texto proposto. D) Alternativa incorreta. Justificativa: as decisões tomadas com base na racionalidade plena pressupõem abundância de recursos e informações, bem como dizem respeito a problemas sobre os quais podemos ter certeza próxima do absoluto. A situação proposta no texto é contrária a esse cenário. E) Alternativa incorreta. Justificativa: a racionalidade técnica não é definida nos processos decisórios.
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