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Logística e Compras Públicas Contratação Direta na Nova Lei de Licitações Enap, 2023 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Monica Antinarelli (Conteudista, 2023). Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional – DDPRO 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Sumário Módulo 1 – Contratação direta – Introdução Unidade 1 – Considerações preliminares .............................................................. 7 1.1 Conceito e características .......................................................................................... 9 1.2 Modalidades .............................................................................................................. 10 Unidade 2 – Instrução processual ........................................................................ 12 2.1 Documento de formalização da demanda ............................................................ 13 2.3 Mapa de riscos .......................................................................................................... 20 2.4 Termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo .......... 21 2.5 Demais providências ................................................................................................ 25 Unidade 3 – Contratação direta indevida ........................................................... 35 3.1 Tipos de condutas .................................................................................................... 35 3.2 Consequências .......................................................................................................... 37 Módulo 2 – Inexigibilidade de licitação Unidade 1 – Considerações gerais ........................................................................ 39 1.2 Definição ................................................................................................................... 39 1.2 Informações essenciais ............................................................................................ 40 1.3 O que muda em relação à Lei nº 8.666/1993 ........................................................ 41 Unidade 2 – Hipóteses legais ................................................................................ 44 2.2 Setor artístico ............................................................................................................ 46 2.3 Serviço técnico especializado .................................................................................. 48 2.4 Credenciamento ....................................................................................................... 51 2.5 Aquisição ou locação de imóvel .............................................................................. 52 Módulo 3 – Dispensa de licitação Unidade 1 – Informações essenciais .................................................................... 54 1.1 Definição .................................................................................................................... 54 1.2 Informações essenciais ............................................................................................ 55 1.3 O que muda em relação à Lei nº 8.666/1993 ........................................................ 56 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 – Hipóteses legais ................................................................................ 58 2.1 Pequeno valor ........................................................................................................... 58 2.2 Licitação deserta, frustrada ou propostas com preços antieconômicos .......... 65 2.3 Emergência ou calamidade pública ....................................................................... 67 2.4 Demais circunstâncias ............................................................................................. 70 Módulo 4 – Alienação de bens públicos Unidade 1 – Considerações gerais ........................................................................ 83 1.1 Nomenclatura ........................................................................................................... 83 1.2 Licitação “dispensada” ou “dispensável”? .............................................................. 84 Unidade 2 – Hipóteses legais ................................................................................ 88 2.1 Alienação de imóveis................................................................................................ 88 2.2 Alienação de móveis ............................................................................................... 94 Referências ............................................................................................................. 97 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Olá! Desejamos boas-vindas ao curso Contratação Direta na Nova Lei de Licitações. O curso Contratação Direta na Nova Lei de Licitações foi desenvolvido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) em 2023. Nele, trataremos de um recorte da Nova Lei de Licitações (NLLC), apresentando o conteúdo das contratações diretas e partindo de considerações preliminares sobre o assunto, de modo a evidenciar as mudanças em relação à Lei nº 8.666/1993. Seguiremos com o planejamento das contratações diretas, modalidades de pesquisa de preços, justificativa e demais providências para a instrução processual. Em seguida, abordaremos os tipos de contratações diretas estabelecidos na Nova Lei de Licitações, a saber: inexigibilidade de licitação; dispensa de licitação; e licitação dispensada. As hipóteses legais para cada um dos três formatos serão mais bem detalhadas. O conteúdo foi estruturado em quatro módulos, nomeadamente: • Módulo 1: Contratação direta – Introdução; • Módulo 2: Inexigibilidade de licitação; • Módulo 3: Dispensa de licitação; • Módulo 4: Licitação dispensada. O objetivo deste curso é apresentar ao público-alvo a Nova Lei de Licitações sob a ótica das contratações diretas. Ao final deste curso, espera-se que você seja capaz de: • Conhecer o que é contratação direta, seu fundamento e os casos em que é possível, além de identificar as providências necessárias, durante a fase de planejamento, para a instrução de um processo de contratação direta, bem como conhecer as hipóteses de contratação direta por inexigibilidade de licitação; • Conhecer as hipóteses de contratação direta por inexigibilidade de licitação; • Conhecer as hipóteses de contratação direta por dispensa de licitação; • Conhecer as hipóteses em que a licitação é dispensada na NLLC. Desejamos um excelente estudo! Vídeo – Apresentação do Curso https://youtu.be/Io_fQbHKeec 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo Contratação direta – Introdução 1 Mídia 01: Contratação direta Unidade 1 – Considerações preliminares Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer o que é contratação direta, seu fundamento e os casos em que é possível. Vídeo 1 – Contratação direta na NLLC A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios efetiva contratações para aquisição de bens ou sua alienação e para execução de serviços e obras. Tais contratações, em razão da supremacia do interesse público que fundamenta o exercício da função administrativa do Estado, serão precedidas, como regra, por processo de licitação pública. https://youtu.be/FbXmHUxYfhg 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Mídia 03: Licitação O dever de licitar decorre do art. 37, XXI, da Constituição Federal, que prevê que: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.1 Assim como acontece com toda regra, o dever de licitar admite exceções, desde que estejam previstas expressamente na legislação, conforme pontua o inciso XXI acima transcrito. Cabe ao legislador ordinário, por meio da ponderação dos princípios e valores envolvidos na contenda, eleger situações que possam estar isentas da licitação. Dessa forma, mediante permissivo legal, a administração pública poderá contratar sem seu uso prévio. 1 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 15 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Mídia 04: Organograma das contratações públicas Isso se justifica porque o ato de submeter todas as contratações emergenciais à prévia licitação poderia implicar, por exemplo, a supressão de direitos fundamentais; da mesma forma, a exigência do processo de licitação em uma situação em que há uma empresa, criada e mantida pelo Estado, cuja razão de existir é justamente a de executar a ação ou objeto almejado, poderia constituir-se em uma ação antieconômica. Agora, aprenderemos um pouco mais sobre as contratações públicas sem licitação. 1.1 Conceito e características São costumeiramente chamadas de “contratações diretas” aquelas contratações efetivadas sem o dever de prévia licitação. Nesses casos, obtém-se autorização legal para que seja adotado um procedimento diferente do licitatório, em que algumas formalidades são suprimidas ou substituídas por outras. Embora a lei flexibilize o uso da licitação, ela elenca as hipóteses em que o procedimento se tornará maleável, afastando, assim, o uso da discricionariedade na sua escolha. Marçal Justen Filho esclarece que: 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A contratação direta não significa que são inaplicáveis os princípios básicos que orientam a atuação administrativa. Nem se caracteriza uma livre atuação administrativa. O administrador está obrigado a seguir um procedimento administrativo determinado, destinado a assegurar (ainda nesses casos) a prevalência dos princípios jurídicos fundamentais. Permanece o dever de realizar a melhor contratação possível, dando tratamento igualitário a todos os possíveis contratantes.2 Isso significa dizer que, mesmo ao contratar sem licitação prévia, a administração pública continua obrigada a conduzir um procedimento administrativo e vinculada a realizar suas funções. 1.2 Modalidades A Lei n° 14.133, de 1º de abril de 2021, prevê duas formas de contratação direta: a decorrente da inviabilidade de se realizar uma competição para a contratação em questão (inexigibilidade de licitação) e a que decorre de uma escolha pautada no permissivo legal já citado (dispensa de licitação). No primeiro caso, da “inexigibilidade”, a lei declara que ela pode ser empregada em situação meramente derivada da natureza das coisas: se for inviável o uso da licitação para a contratação desejada, ela é inexigível. Destarte, o afastamento da licitação prévia não ocorre efetivamente em razão de uma concessão legal, mas pela constatação de uma impossibilidade fática. Quando a disputa for inviável, a licitação será inexigível. Se a disputa for possível, é obrigatória a realização de licitação, salvo nos casos de dispensa legal. Já a denominada “dispensa”, por sua vez, é produto da vontade do legislador, que permite o afastamento da obrigatoriedade de licitação por entender que há valores mais importantes em jogo do que os protegidos pelo procedimento competitivo. Por definição, a licitação seria plenamente possível, mas é tornada opcional por opção do legislador. Contudo, a permissão legislativa não é vinculante para o administrador; isto é, ele pode, no âmbito da conveniência e oportunidade, e caso entenda ser mais vantajoso, proceder à contratação mediante licitação para o atendimento da demanda apresentada. 2 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos: Lei 8.666/93. 18. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. p. 476. 11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Portanto, em linhas gerais, a excepcionalidade que fundamenta uma contratação direta apenas torna o procedimento licitatório prévio desinteressante (no caso de dispensa) ou incompatível com a situação apresentada (no caso de inexigibilidade). Agora que você já sabe que existem exceções à regra constitucional da licitação pública, que tal responder algumas questões sobre o que acabou de aprender? 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 – Instrução processual Ao final desta unidade, você será capaz de identificar as providências necessárias durante a fase de planejamento para a instrução de um processo de contratação direta Mídia 05: Passo a passo da instrução processual Como visto, apesar de exceptuada a licitação prévia, a lei exige que se cumpra certa formalidade por meio da elaboração de procedimento administrativo. Os atos necessários para fins de instrução processual são levantados de forma expressa nos termos da Lei nº 14.133, de 2021, diferentemente da Lei nº 8.666, de 1993, em que se apresentam predominantemente na regulamentação infralegal. Em termos de planejamento, a Lei nº 14.133/2021 estabeleceu uma ordem de atos a serem praticados pelo administrador em busca da realização de contratações diretas: 13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Art. 72. O processo de contratação direta, que compreende os casos de inexigibilidade e de dispensa de licitação, deverá ser instruído com os seguintes documentos: I – documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto executivo; II – estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23 desta Lei; III – parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos; IV – demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o compromisso a ser assumido; V – comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e qualificação mínima necessária; VI – razão da escolha do contratado; VII – justificativa de preço; VIII – autorização da autoridade competente.3 Como se pode verificar, a fase preparatória, em especial o planejamento da contratação, segue exigível, visto que mesmo em hipóteses de contratação direta princípios como os da indisponibilidade do interesse público e da eficiência ainda incidem. Nos parágrafos seguintes serão tematizados, de forma individualizada, os atos que integram a fase do planejamento contratual. 2.1 Documento de formalização da demanda O documento de formalização da demanda (DFD) é aquele que formaliza a demanda da unidade requerente. Segundo o art. 12, VII, da Lei nº 14.133/2021 o DFD servirá como subsídio para a elaboração do Plano de Contratações Anuais (PCA) e não do procedimento singular de contratação em si. A exceção ocorrerá quando não houver elaboração do PCA ou se este ainda não tiver previsão da contratação pretendida;nesse caso, o DFD deve ser elaborado e anexado ao processo como registro inicial da 3 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública fase de planejamento contratual. Caso contrário, a anexação só será providenciada no processo de cópia do DFD já produzido e aprovado para fins de elaboração do PCA. Trata-se de um documento relativamente simples, elaborado e assinado pelo setor requisitante e contendo o objeto a ser contratado com quantidade, justificativa para a contratação e previsão de data para início do fornecimento do bem ou da execução da obra ou serviço. 2.2 Estudos técnicos preliminares Os estudos técnicos preliminares (ETP) correspondem, efetivamente, ao documento primordial da fase de planejamento da contratação. Seu conceito consta do art. 6º, XX, da Lei nº 14.133/2021: Midia 06: ETP [...] documento constitutivo da primeira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza o interesse público envolvido e a sua melhor solução e dá base ao anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico a serem elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação.4 4 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 15Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os objetivos do ETP encontram-se definidos no sitio do “compras governamentais”: A elaboração dos ETP busca aprofundar o conhecimento sobre o problema a ser resolvido para que então seja definida a solução mais adequada às necessidades da administração, considerando o interesse público, os objetivos estratégicos da instituição, as opções do mercado, que pode ser a contratação de um serviço, a aquisição de um bem, a realização de uma obra, ou, até mesmo, a execução direta do objeto pelo próprio órgão/entidade. Enfim, os ETP buscam avaliar a viabilidade técnica, socioeconômica e ambiental de se realizar uma contratação.5 Seu uso é obrigatório, nos termos do art. 18, I, da Lei nº 14.133/2021, sendo que seus elementos foram traçados no § 1º do mesmo dispositivo legal: Art. 18. [...] § 1º O estudo técnico preliminar a que se refere o inciso I do caput deste artigo deverá evidenciar o problema a ser resolvido e a sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabilidade técnica e econômica da contratação, e conterá os seguintes elementos: I – descrição da necessidade da contratação, considerado o problema a ser resolvido sob a perspectiva do interesse público; II – demonstração da previsão da contratação no plano de contratações anual, sempre que elaborado, de modo a indicar o seu alinhamento com o planejamento da Administração; III – requisitos da contratação; IV – estimativas das quantidades para a contratação, acompanhadas das memórias de cálculo e dos documentos que lhes dão suporte, que considerem interdependências com outras contratações, de modo a possibilitar economia de escala; 5 BRASIL. ETP Digital. Portal de Compras do Governo Federal, Brasília, DF, 20 ago. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/ etp-digital. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/etp-digital https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/etp-digital 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública V – levantamento de mercado, que consiste na análise das alternativas possíveis, e justificativa técnica e econômica da escolha do tipo de solução a contratar; VI – estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, que poderão constar de anexo classificado, se a Administração optar por preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação; VII – descrição da solução como um todo, inclusive das exigências relacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for o caso; VIII – justificativas para o parcelamento ou não da contratação; IX – demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de economicidade e de melhor aproveitamento dos recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis; X – providências a serem adotadas pela Administração previamente à celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de servidores ou de empregados para fiscalização e gestão contratual; XI – contratações correlatas e/ou interdependentes; XII – descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras, incluídos requisitos de baixo consumo de energia e de outros recursos, bem como logística reversa para desfazimento e reciclagem de bens e refugos, quando aplicável; XIII – posicionamento conclusivo sobre a adequação da contratação para o atendimento da necessidade a que se destina.6 Todavia, o § 2º aponta como obrigatórios apenas os seguintes itens: a) A descrição da necessidade; b) Estimativas das quantidades; c) Estimativa do valor da contratação; d) Justificativas para o parcelamento; e e) Posicionamento conclusivo sobre a adequação da contratação. Quando o ETP não contemplar os demais elementos previstos no § 1º transcrito, as devidas justificativas devem ser apresentadas no bojo do processo, seja de licitação, seja de contratação direta. No quadro abaixo você pode visualizar todos os elementos que compõem o ETP e a ordem em que devem ser informados no documento. 6 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 17Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Midia 07: Elementos do ETP No âmbito federal e em observância ao art. 12, VI, da Lei nº 14.133/2021, foi instituída a Instrução Normativa (IN) Seges/ME nº 58, de 8 de agosto de 2022, dispondo a respeito da elaboração do ETP e do ETP Digital. Este último constitui [...] ferramenta informatizada integrante da plataforma do Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – Siasg, disponibilizada pela Secretaria de Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, para elaboração dos ETP.7 7 BRASIL. Instrução Normativa Seges nº 58, de 8 de agosto de 2022. Dispõe sobre a elaboração dos Estudos Técnicos Preliminares – ETP, para a aquisição de bens e a contratação de serviços e obras, no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e sobre o Sistema ETP digital. Brasília, DF: Portal de Compras do Governo Federal, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/ legislacao/instrucoes-normativas/instrucao-normativa-seges-no-58-de-8-de-agosto- de-2022. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/instrucoes-normativas/instrucao-normativa-seges-no-58-de-8-de-agosto-de-2022 https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/instrucoes-normativas/instrucao-normativa-seges-no-58-de-8-de-agosto-de-2022 https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/instrucoes-normativas/instrucao-normativa-seges-no-58-de-8-de-agosto-de-202218Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O ETP deve ser desenvolvido pela administração pública federal, segundo o art. 3º, II, da IN. Embora o uso do ETP seja obrigatório nos termos da Lei de Licitações e Contratos Administrativos, a utilização do ETP Digital, segundo o art. 14 da IN Seges/ME nº 58/2022, é facultada nas hipóteses dos incisos I, II, IV e VIII do art. 75, § 7º e do art. 90 da Lei nº 14.133/2021. Ademais, seu emprego é dispensado na hipótese do inciso III do art. 75 da Lei nº 14.133/2021 e nos casos de prorrogação dos contratos de serviços e fornecimentos contínuos. Veja-se, desse modo, que o normativo excepciona o uso do ETP Digital em maior número, para situações em que o legislador dispensa a realização de licitação prévia: Art. 75. [...] I – para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores; [valor atualizado para R$ 114.416,65 pelo Decreto nº 11.317, de 29 de dezembro de 2022] II – para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras; [valor atualizado para R$ 57.208,33 pelo Decreto nº 11.317, de 29 de dezembro de 2022] [...] IV – para contratação que tenha por objeto: a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos do fornecedor original desses equipamentos durante o período de garantia técnica, quando essa condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para a Administração; c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); (Vide Decreto nº 10.922, de 2021) (Vigência) d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida, nas contratações realizadas por instituição científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública ou por agência de fomento, desde que demonstrada vantagem para a Administração; e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente com base no preço do dia; f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional; 19Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante da força militar; h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares das forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, hipótese em que a contratação deverá ser justificada quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificada pelo comandante da força militar; i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento; j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, realizados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública; k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades do órgão ou com elas compatível; l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previstas nos incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, quando houver necessidade justificada de manutenção de sigilo sobre a investigação; m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde; [...] VIII – nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no disposto neste inciso; [...] III – para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação: a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas válidas; 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes.8 2.3 Mapa de riscos Midia 08: Mapa de riscos Já ouviu falar sobre o gerenciamento de riscos nas licitações e no documento que as configura? É o mapa de riscos! O mapa de riscos encontra-se definido no Anexo I, XII, da IN Seges/ME nº 5, de 2017, que dispõe sobre a contratação de serviços pelo regime de execução indireta no âmbito da administração federal. Sua aplicação foi estendida também aos contratos regidos pela Lei nº 14.133/2021, por força da IN Seges/ME nº 94, de 26 de dezembro de 2022: “[...] documento elaborado para identificação dos principais riscos que permeiam o procedimento de contratação e das ações para controle, prevenção e mitigação dos impactos”. Ainda segundo a IN Seges/ME nº 5/2017 (art. 26), o gerenciamento de riscos, materializado no mapa de riscos, deverá ser atualizado e anexado ao processo administrativo de contratação pelo menos: 8 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 21Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública a) ao final da elaboração dos estudos preliminares; b) ao final da elaboração do termo de referência ou projeto básico; c) após a fase de seleção do fornecedor; e d) após eventos relevantes, durante a gestão do contrato pelos servidores responsáveis pela fiscalização. Quanto à obrigatoriedade da elaboração do mapa de riscos, entende-se que todo o raciocínio utilizado em face do ETP, inclusive nos casos previstos na IN Seges/ME nº 58, de 2022, abrange também a análise de riscos, por analogia. Assim, não obstante a regra geral para procedimentos licitatórios estabeleça que o ETP é obrigado a elaborar o mapa de riscos (art. 18, X),9 pode-se cogitar que as mesmas justificativas para o afastamento dos estudos técnicos preliminares também se aplicariam à análise de riscos, de modo que a ela se estende a mesma conclusão. 2.4 Termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo Pela combinação dos incisos I e II do art. 18 daLei nº 14.13/2021, tem-se que termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo serão confeccionados a partir do conteúdo desenvolvido no ETP. É o que definiu também o art. 6º da IN Seges/ME nº 81, de 25 de novembro de 2022, que dispõe sobre a elaboração do termo de referência (TR), no âmbito da Lei nº 14.133/2021, pela administração pública federal. Nos termos dessa IN, TR é um documento obrigatório para qualquer tipo de contratação pública, inclusive sem licitação prévia. Sua formalização só pode ser dispensada, no caso das contratações diretas, na hipótese constante do inciso III do art. 75 da Lei nº 14.133/2021: Art. 75. [...] III – para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação: 9 “Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de contratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12 desta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, bem como abordar todas as considerações técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação, compreendidos: [...] X – a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a boa execução contratual” (BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023). https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas válidas; b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes.10 A IN Seges/ME nº 81/2022 trata ainda da elaboração do TR digital, cujo intuito, assim como é o do ETP Digital e de demais documentos virtualizados, é permitir a sua divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), conforme exigência do art. 54 da Lei nº 14.133/2021. Midia 9: Termo de referência digital A Lei nº 14.133/2021 utiliza a terminologia “projeto básico” apenas para contratações de obras ou serviços de engenharia, de acordo com seu art. 46, enquanto “termo de referência” é a nomenclatura adotada para contratações em geral. O art. 6º, XXIII, dessa lei descreveu de forma detalhada o conceito e o conteúdo do termo de referência: Art. 6º. [...] XXIII – termo de referência: documento necessário para a contratação de bens e serviços, que deve conter os seguintes parâmetros e elementos descritivos: 10 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 23Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos, o prazo do contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua prorrogação; b) fundamentação da contratação, que consiste na referência aos estudos técnicos preliminares correspondentes ou, quando não for possível divulgar esses estudos, no extrato das partes que não contiverem informações sigilosas; c) descrição da solução como um todo, considerado todo o ciclo de vida do objeto; d) requisitos da contratação; e) modelo de execução do objeto, que consiste na definição de como o contrato deverá produzir os resultados pretendidos desde o seu início até o seu encerramento; f) modelo de gestão do contrato, que descreve como a execução do objeto será acompanhada e fiscalizada pelo órgão ou entidade; g) critérios de medição e de pagamento; h) forma e critérios de seleção do fornecedor; i) estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos preços unitários referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, com os parâmetros utilizados para a obtenção dos preços e para os respectivos cálculos, que devem constar de documento separado e classificado; j) adequação orçamentária.11 Já o projeto básico encontra-se definido no art. 6º, XXV, do mesmo dispositivo legal: Art. 6º. [...] XXV – projeto básico: conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para definir e obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegure a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução.12 11 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. Grifo nosso. 12 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. Grifo nosso. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Seu conteúdo consta também da redação do inciso XXV, conforme segue: a) levantamentos topográficos e cadastrais, sondagens e ensaios geotécnicos, ensaios e análises laboratoriais, estudos socioambientais e demais dados e levantamentos necessários para execução da solução escolhida; b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a evitar, por ocasião da elaboração do projeto executivo e da realização das obras e montagem, a necessidade de reformulações ou variantes quanto à qualidade, ao preço e ao prazo inicialmente definidos; c) identificação dos tipos de serviços a executar e dos materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como das suas especificações, de modo a assegurar os melhores resultados para o empreendimento e a segurança executiva na utilização do objeto, para os fins a que se destina, considerados os riscos e os perigos identificáveis, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; d) informações que possibilitem o estudo e a definição de métodos construtivos, de instalações provisórias e de condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução; e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendidos a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso; f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados, obrigatório exclusivamente para os regimes de execução previstos nos incisos I, II, III, IV e VII do caput do art. 46 desta Lei.13 O projeto básico pode ser desenvolvido pela administração pública ou por terceiros. Há previsão, na Lei nº 14.133/2021, de contratação de particulares para desenvolvimento do projeto básico, inclusive como hipótese de inexigibilidade de licitação (art. 74, III). Ao se tratar da contratação de obras e de serviços de engenharia a serem executados sob o regime de contratação integrada, a lei de licitaçõesprevê a necessidade de elaboração, pelo administrador, de um documento denominado “anteprojeto”, destinado a nortear a elaboração do projeto básico e do projeto executivo pelo licitante vencedor. Quanto a este último, se for o caso de uma 13 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. Grifo nosso. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 25Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública contratação semi-integrada ou integrada, a contratada deverá elaborar o projeto; já nos demais casos, a administração deverá assumir tal incumbência. Além dos documentos nomeados acima, existem ainda outras providências essenciais na instrução do processo de contratação direta. Vejamos quais são elas. 2.5 Demais providências 2.5.1 Estimativa de preços Com o propósito de aferir a vantajosidade na contratação a ser efetivada, ajustes realizados sem prévia licitação deverão ser instruídos ainda com estimativa de preços feita a partir de pesquisa elaborada na forma do art. 23 da Lei nº 14.133/2021. Segundo esse artigo, a estimativa da contratação deve ser compatível com os valores praticados no mercado, considerando os preços constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem contratadas, observando-se ainda a potencial economia de escala e as peculiaridades do local de execução do objeto. Dessa forma, se na pesquisa de preços for identificada uma potencial economia de escala por meio de maior aquisição de determinado bem ou da unificação de serviços em um único contrato, isso deve ser considerado no momento da quantificação do objeto e do cálculo do valor estimado. No mesmo sentido, se as peculiaridades do local da prestação indicarem a ausência de fornecedores interessados, caso não seja atendida a definição de um quantitativo mínimo que viabilize a contratação, também deve ser considerada tal circunstância para obtenção do preço estimado. Para a contratação de bens e serviços em geral, a Lei nº 14.133/2021, em seu art. 23, § 1º, estabelece alguns parâmetros a serem observados: Midia 10: Bens e serviços em geral 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública a) composição de custos unitários menores ou iguais à mediana do bem ou a serviço correspondente no Painel de Consultas do PNCP; Midia 11: Painel de consultas do PNCP b) contratações similares feitas pela administração em execução ou concluídas até um ano depois da data da pesquisa (inclusive para o Sistema de Registro de Preços); Midia 12: Contratações similares c) pesquisa publicada em mídia especializada, tabela aprovada pelo Executivo Federal, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo com data e hora de acesso; Mídia 13: Data e hora de acesso d) pesquisa feita diretamente com fornecedores junto ao mercado, em número mínimo de três orçamentos, mediante cotação realizada até seis meses antes do edital e com justificativa para a escolha dos fornecedores consultados; Midia 14: Mínimo de três orçamentos 27Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública e) pesquisa na base nacional de notas fiscais eletrônicas. Mídia 15: Nota fiscal eletrônica Quando se fala na contratação de obras e serviços de engenharia, Midia 16: Obras e serviços de engenharia os parâmetros não variam muito. A principal diferença reside no fato de que a composição de custos unitários será a mesma aferida em valor igual ou inferior à mediana do bem informada no Sistema de Custos Referenciais de Obras (Sicro), para serviços e obras de infraestrutura de transportes, ou no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices de Construção Civil (Sinapi), para as demais obras e serviços de engenharia. Além disso, a lei não prevê o critério da pesquisa junto ao mercado fornecedor. Mídia 17: Sinapi 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Mídia 18: Sicro Porém, nem sempre é possível que a administração se utilize de tais parâmetros para a efetivação de uma contração direta, razão pela qual o art. 23, § 4º, da Lei nº 14.133/2021 admite que a vantajosidade da contratação seja confirmada pelo contratado, por meio da apresentação de notas fiscais emitidas para outros contratantes (organizações públicas ou privadas), no período de até um ano anterior à data da contratação pela administração – preferencialmente em número mínimo de três –, ou por outro meio idôneo que comprove que o valor do contrato é compatível com os preços praticados em contratações semelhantes de objetos da mesma natureza. Na forma da regulamentação federal (IN Seges/ME nº 65, de 7 de julho de 2021), admite-se como meio idôneo a justificativa de preço com objetos semelhantes de mesma natureza quando for a primeira vez que o objeto é comercializado pelo contratado, desde que sejam apresentadas especificações técnicas que demonstrem similaridade com o objeto pretendido. Para as contratações de pequeno valor – incisos I e II do art. 75 da Lei nº 14.133/2021 –, a estimativa de preços poderá ser realizada concomitantemente à seleção da proposta economicamente mais vantajosa, por meio de solicitação formal de cotações a fornecedores. 29Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.5.2 Demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o compromisso a ser assumido Mídia 19: Compatibilização orçamentária A compatibilização orçamentária ocorrida previamente ao ato de contratação é algo exigido para todo tipo de contratação, não só a direta. Ela deve ser observada, pela leitura do art. 105 da Lei nº 14.133/2021, a cada exercício financeiro, de forma que, para contratos de duração superior a um exercício financeiro, o ordenador de despesas deve declarar a disponibilidade de créditos orçamentários para os exercícios seguintes, bem como garantir que os recursos orçamentários sejam previstos também no plano plurianual. 2.5.3 Comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e qualificação mínima necessária Mídia 20: Requisitos de habilitação e qualificação Os requisitos de habilitação são os listados nos arts. 62 a 70 da Lei nº 14.133/2021, aferidos em fase de mesmo nome, cuja finalidade principal é verificar a aptidão do contratado para executar o objeto em questão. Já as condições de contratação ou participação consistem em verificar se existe qualquer impeditivo à celebração 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública de contratos com a empresa em questão, bem como em checar eventuais débitos existentes, caso tal medida seja prevista como obrigatória; em outras palavras, se há algum impedimento à efetivação do contrato com o fornecedor escolhido por existência de alguma sanção impeditiva da contratação (impedimento de contratar ou declaração de inidoneidade), seja na Lei nº 14.133/2021, seja na Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429, de 1992), ou mesmo em razão de inidoneidade aplicada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 2.5.4 Elaboração de parecer jurídico ou parecer técnico Mídia 21: Parecer técnico e jurídico Você sabia que o parecer jurídico é sempre necessário, ainda que de forma referencial? É nesse sentido a Orientação Normativa AGU nº 55, de 2014: I – Os processos que sejam objeto de manifestação jurídica referencial, isto é, aquela que analisa todas as questões jurídicas que envolvam matérias idênticas e recorrentes, estão dispensados de análise individualizada pelos órgãos consultivos, desde que a área técnica ateste, de forma expressa, que o caso concreto se amolda aos termos da citada manifestação.14 Apenas em casos muito específicos é que se pode “dispensar” a análise jurídica obrigatória. As situações para dispensa da manifestação jurídica e aprovação dasminutas são: dispensa de pequeno valor ou inexigibilidade nos mesmos montantes 14 BRASIL. Orientação Normativa AGU nº 55, de 23 de maio de 2014. Manifestação Jurídica Referencial Referência: Parecer nº 004/ASMG/CGU/AGU/2014. Brasília, DF: Advocacia-Geral da União, 2014. 31Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública máximos; ausência de dúvida jurídica; e utilização de uma minuta contratual padronizada. Para conhecer os modelos padronizados da AGU para contratação direta, acesse o link: https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/ cgu/cgu/modelos/licitacoesecontratos/modelos-da-lei-no-14- 133-21-para-contratacao-direta A elaboração de parecer técnico, por sua vez, pode ou não ser requerida, a depender do tipo de contratação: nos casos de notória especialização, por exemplo, sua presença é recomendável. Razão da escolha do contratado Mídia 22: Razão da escolha do contratado A contratação direta se diferencia da precedida por procedimento de licitação no tocante à escolha do contratado, haja vista que no primeiro caso essa escolha é realizada subjetivamente pela administração, e não objetivamente por um processo. O fator determinante para a escolha dependerá da hipótese que legitima a contratação direta: a) quando há exclusividade na execução do objeto contratual, a justificativa não é para a escolha do contratado em si, já que nenhuma escolha é possível, mas para a solução de fornecimento exclusivo; b) na contratação precedida por credenciamento, quando houver possibilidade de escolha, esta pode decorrer de procedimentos objetivos (sorteio, por exemplo); caso contrário, isto é, quando todos os interessados credenciados são contratados, tal justificativa perde a razão de ser, bastando que seja atestado o cumprimento do procedimento previsto; https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/cgu/cgu/modelos/licitacoesecontratos/modelos-da-lei-no-14-133-21-para-contratacao-direta https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/cgu/cgu/modelos/licitacoesecontratos/modelos-da-lei-no-14-133-21-para-contratacao-direta https://www.gov.br/agu/pt-br/composicao/cgu/cgu/modelos/licitacoesecontratos/modelos-da-lei-no-14-133-21-para-contratacao-direta 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública c) no caso do serviço técnico especializado, a administração deve demonstrar que o contratado escolhido possui notório conhecimento específico e que tal especialização é perfeitamente adequada para a demanda. Ademais, não somente deve haver a demonstração da notória especialização, mas esta deve ser o diferencial da escolha; d) nas contratações por dispensa de licitação, considerando que a competição é possível, mas discricionariamente afastada, a justificativa da escolha normalmente recai sobre o melhor preço após a realização da pesquisa viável ou sobre o contratado que apresentar melhor técnica e preço, quando essa opção for a mais recomendada. Deve-se apenas atentar para que os termos da justificativa não desnaturem nem a dispensa como tal (por exemplo, justificar argumentando tratar- se do único fornecedor possível pode gerar enquadramento como inexigibilidade) nem a hipótese específica de dispensa. 2.5.6 Justificativa do preço Mídia 23: Justificativa do preço A justificativa de preço tem maior razão de ser nas contratações por dispensa de licitação quando há, verdadeiramente, disponibilidade da oferta do objeto no mercado por mais de um fornecedor. Nesse caso, o administrador precisa justificar o preço praticado pelo contratado, o que não exige a escolha do fornecedor com preço inferior ao de mercado ou à média obtida, apesar de a vantajosidade poder estar implicada em outros argumentos. No caso de inexigibilidade de licitação, todavia, sequer é possível falar em “preço de mercado”. Uma vez que a competição é inviável, o preço adotado é o valor regular do próprio contratado, e a pesquisa de preços é empregada apenas para comprovar a inexistência de locupletamento do fornecedor em relação à administração pública quando comparado com os contratos efetivados com a iniciativa privada, por exemplo. Contudo, mesmo havendo divergências entre o preço obtido em pesquisa e o da contratação que se pretende formalizar, é possível é possível justificativar a escolha em face das circunstâncias em que é efetivada a contratação, como, por exemplo, inflação, variação cambial, modificação de especificações, etc. 33Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.5.7 Autorização da autoridade competente Mídia 24: Autorização da autoridade competente Trata-se de ato análogo ao reconhecimento e à ratificação que existiam na Lei nº 8.666/1993, com algumas diferenças: a) não há mais necessidade da prática de dois atos, bastando uma única autorização; b) à luz da Lei nº 9.784, de 1999, que dispõe sobre o processo administrativo federal, a competência para a prática do ato pertence à autoridade competente para firmar o próprio contrato, com ressalvas nos casos de atribuição específica nos regimentos internos do órgão ou entidade administrativa que realizará contratação direta; c) o ato deve ser publicado no PNCP, por exigência do legislador. É oportuno registrar que a permissão da autoridade competente deve consubstanciar-se no último ato do procedimento. Depois de decorrido todo o processo, a autoridade competente decidirá, ao final e embasada nos pareceres jurídico e técnico, se existe irregularidade a demandar saneamento ou anulação ou se há motivo para revogação por conveniência e oportunidade. Caso contrário, procederá com a autorização da contratação. No quadro abaixo, pode-se verificar as situações em que a lei dispensa a anexação de alguns documentos na instrução dos processos de contratação direta. 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Instrução processual Dispensado DFD ou DOD Quando previsto no PCA. ETP Dispensa de licitação em razão do baixo valor da contratação; por licitação anterior deserta ou fracassada em razão do objeto a ser contratado; em situação de emergência ou calamidade pública e para contratação de remanescente; e nos casos de prorrogações dos contratos de serviços e fornecimentos contínuos. Termo de referência Dispensa de licitação por licitação anterior deserta ou fracassada. Estimativa de preços - Compatibilização orçamentária Sistema de Registro de Preços Requisitos de habilitação e qualificação - Razão da escolha do contratado - Justificativa do preço - Parecer técnico Depende do tipo de contratação. Parecer jurídico Dispensa de licitação em contratações de pequeno valor ou inexigibilidade nos mesmos montantes máximos; quando não houver dúvida jurídica; e quando for usada uma minuta contratual padronizada. Autorização - Publicação extrato PNCP - Mídia 25: Quadro Instrução processual – exceções exigências documentais 35Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 3 – Contratação direta indevida Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as situações em que a contratação direta poderá acontecer de forma indevida Observados todos os requisitos legais e devidamente instruído o processo de contratação direta, o mesmo desenvolver-se-á de forma regular, desencadeando-se na autorização da contratação pela autoridade competente e, posteriormente, na formalização do contrato com o fornecedor ou executor do objeto. Existem situações, porém, em que a contratação direta pode vir a ser efetivada de forma indevida, levando à responsabilização dos envolvidos por eventuais danos que venham a ser causados ao erário. Trata-se da hipótese discriminada no art. 73 da Lei nº 14.133/2021: Art. 73. Na hipótese de contratação direta indevida ocorrida com dolo, fraude ou erro grosseiro, o contratado e o agente público responsável responderão solidariamente pelo dano causado ao erário, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.15 3.1 Tipos de condutas Segundo a Lei nº 14.133/2021, pode ocorrer contratação direta irregular quando houvera presença de dolo, fraude ou erro grosseiro. Mídia 26: dolo, fraude e culpa 15 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O dolo, para Hugo Sales, “[...] corresponde à intenção de praticar o ato (dolo direto) ou a assunção dos riscos associados à conduta em questão (dolo indireto)”. A fraude, por sua vez, é “[...] uma forma específica de dolo, a intenção direcionada a fim já indicado pela lei, mas ainda assim, intenção, de modo que merecendo o mesmo tratamento”. Por fim, “[...] a culpa consiste em agir com negligência, impudência ou imperícia”.16 Todavia, como pode-se observar a partir do conteúdo normativo, a simples culpa não basta; é necessário que se trate de “culpa grave”, configurando-se um erro grosseiro, conforme define o TCU: “[...] erro grosseiro é o que decorreu de uma grave inobservância de um dever de cuidado, isto é, que foi praticado com culpa grave”.17 A culpa grave ou o erro grosseiro estaria, portanto, relacionado com o grau de reprovabilidade da conduta. Erro grosseiro, nesse sentido, “[...] é a falsa representação dos fatos ou do direito aplicável, que fundamenta ação ou omissão lesiva, evitável, antijurídica, grave e indesculpável”.18 Pode-se observar algumas características similares entre o conceito de erro grosseiro e as demais condutas que podem implicar uma contratação indevida. A primeira delas é o fato de se tratar de conduta lesiva, isto é, que é capaz de gerar um dano efetivo ao erário. A segunda se refere à antijuridicidade ou ilicitude da conduta, ou seja, quando esta é contrária ao ordenamento jurídico. Aqui já podemos identificar três dos elementos essenciais para a imputação da responsabilidade dos envolvidos: a) conduta imputável a uma das partes envolvidas; b) conduta contrária ao ordenamento jurídico (dolo, fraude ou erro grosseiro); e c) dano ao erário. A definição do agente, nos termos legais, envolve tanto o público como o privado. Assim, a conduta antijurídica poderá ser praticada tanto pelo agente público quanto pelo contratado. Contudo, um último elemento essencial é o nexo de causalidade entre a conduta antijurídica e o dano ao erário. 16 SALES, Hugo Teixeira Montezuma. Comentários ao art. 73. In: SARAI, Leandro. Tratado da Nova Lei de Licitações de Contratos Administrativos: Lei 14.133/21. Comentada por Advogados Públicos. São Paulo: Juspodium, 2021. p. 878. 17 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 2.860/2018. Relator. Min. Benjamin Zymler, 7 jan. 2019. 18 MODESTO, Paulo. O erro grosseiro administrativo em tempos de incerteza. Consultor Jurídico, São Paulo, 30 jul. 2020. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-jul-30/interesse-publico- erro-grosseiro-administrativo-tempos-incerteza. Acesso em: 10 jan. 2023. https://www.conjur.com.br/2020-jul-30/interesse-publico-erro-grosseiro-administrativo-tempos-incerteza https://www.conjur.com.br/2020-jul-30/interesse-publico-erro-grosseiro-administrativo-tempos-incerteza 37Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O nexo causal é o vínculo lógico entre determinada conduta e o dano suportado. É fundamental identificar a existência do nexo de causalidade para se concluir quem foi o causador do dano, a fim de que este seja responsabilizado. Mídia 27: Nexo causal Quanto ao nexo causal, é importante ressaltar que ele não estará presente nos casos de fato de terceiro, fato da vítima, caso fortuito ou força maior. Tais ocorrências excluem o nexo de causalidade e, consequentemente, a responsabilidade do agente. Vamos conhecer cada uma dessas excludentes do nexo de causalidade? O fato de terceiro ocorre quando não é a conduta do agente que causa a produção dos danos, de modo que é o comportamento do terceiro que influencia na causa exclusiva do resultado. O fato da vítima é aquele atribuído exclusivamente a comportamento do próprio lesado. Caso fortuito é o evento totalmente imprevisível que decorre de ato humano ou de evento natural. Já a força maior constitui um evento previsível, mas inevitável ou irresistível, decorrente de uma ou outra causa. 3.2 Consequências Considerando a ocorrência de todos os elementos – conduta antijurídica, nexo causal e dano efetivo ao erário – estará caracterizada a responsabilidade do agente. Tal responsabilidade está relacionada à recomposição da parte lesada, que no caso do art. 73 da Lei nº 14.133/2021 corresponde ao erário público. Trata-se, assim, de responsabilidade civil, não obstante o normativo não afaste as outras sanções legais cabíveis. Ademais, essa responsabilidade será solidária, conforme previsto no art. 264 do Código Civil: 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.19 Nesse sentido, havendo mais de um devedor responsável por uma mesma dívida, qualquer uma das partes pode ser cobrada pelo credor para pagar a integralidade do valor devido, incumbindo a quem pagar cobrar as respectivas quotas-partes dos demais. O intuito é que o erário não fique no prejuízo, tendo a opção de cobrar de qualquer um dos responsáveis a reparação do dano causado. Se um deles se mostrar insolvente, poderá buscar junto aos demais o ressarcimento. Finalizamos a primeira parte do nosso curso, na qual você pôde ter uma visão geral sobre o processo de contratação direta pela administração pública. Vamos ver quanto dessas informações você conseguiu apreender até agora? Faça os exercícios a seguir e veja o resultado. 19 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ l10406compilada.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm 39Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Midia 28: Inexigibilidade de licitação Unidade 1 – Considerações gerais Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer as hipóteses de contratação direta por inexigibilidade de licitação Vídeo 2 – Inexigibilidade de licitação 1.2 Definição Como pudemos observar, uma das modalidades de contratação sem licitação prévia é a inexigibilidade. Aqui se excepciona a regra geral da licitação, haja vista a inviabilidade da competição. Dessa forma, sempre que a realização de competição por intermédio de licitação se mostrar inviável, será o caso de contratação por inexigibilidade. Módulo Inexigibilidade de licitação2 https://youtu.be/yDb2Ir582AI 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1.2 Informações essenciais Diante disso, o rol de situações discriminadas na Lei nº 14.133/2021 em que é possível a inexigibilidade de licitação é meramente exemplificativo e subordinado ao caput do art. 74: “É inexigível a licitação quando inviável a competição”.20 Nesse contexto, em situações que não se enquadrem totalmente em um dos incisos do art. 74, ou que estejam em mais de um deles, poderão ser realizadas contratações por inexigibilidade de licitação. Um exemplo da possibilidade de enquadramento múltiplo foi ilustrada na Orientação Normativa (ON) AGU nº 18, de 2009, redigida em face da Lei nº 8.666/1993, mas que guarda pertinência também com as hipóteses da Lei nº 14.133/2021: Contrata-se por inexigibilidade de licitação com fundamento no art. 25, caput ou inciso II, da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, pessoas naturais e jurídicas para ministrar cursosfechados para treinamento e aperfeiçoamento de pessoal ou a inscrição em cursos abertos. O art. 25, caput, como fundamento, impõe a constatação da inviabilidade de competição por ausência de critério objetivo de seleção ou por exclusividade do objeto perseguido pela administração, mediante robusta instrução dos autos do processo administrativo, sem prejuízo da fiscalização e controle ainda maiores por parte dos órgãos competentes. A motivação legal com base no art. 25, inciso II, da Lei n° 8.666, de 1993, exige a identificação dos requisitos da notória especialização e da singularidade do curso.21 Na hipótese levantada na ON acima, tanto a ausência de critério objetivo de seleção (art. 74, III) como a exclusividade do objeto perseguido pela Administração (art. 74, I) são fundamentos para a inviabilidade de competição (art. 74, caput). 20 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. 21 BRASIL. Orientação Normativa AGU nº 18, de 1º de abril de 2019. Contrata-se por inexigibilidade de licitação com fundamento no art. 25, inc. II, da Lei nº 8.666, de 1993, conferencistas para ministrar cursos para treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, ou a inscrição em cursos abertos, desde que caracterizada a singularidade do objeto e verificado tratar-se de notório especialista. Brasília, DF: Advocacia-Geral da União, 2019. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 41Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O professor Marçal Justen Filho22 classifica as causas de inviabilidade de competição em dois grandes grupos, tendo por critério a sua natureza. No primeiro, enquadram- se os casos de inviabilidade por ausência de pluralidade de sujeitos em condição de contratação. O segundo grupo abrange os casos de inviabilidade relacionada à natureza do objeto a ser contratado, cujas características funcionam como causas impeditivas da concorrência. Das categorias elencadas pelo renomado estudioso podemos extrair as hipóteses previstas legalmente, seja na Lei nº 8.666/1993, seja na Lei nº 14.133/2021. Convém salientar, ademais, que a inviabilidade da competição será determinada pela natureza da demanda da administração – que deverá estar devidamente caracterizada no processo de contratação direta – e não pela vontade dos seus agentes. A peculiaridade que induz à inviabilidade da competição estaria no “interesse público a ser satisfeito”, em detrimento do objeto ofertado. A singularidade do objeto contratado seria reflexo da especialidade do interesse público. Logo, tal circunstância, fruto de regular planejamento da contratação, precisa estar muito bem demonstrada nos autos. 1.3 O que muda em relação à Lei nº 8.666/1993 Inicialmente, é importante consignar a evolução legislativa ocorrida em relação ao art. 25, I, da Lei nº 8.666/1993, uma vez que a redação do art. 74, I, da Lei nº 14.133/2021 inclui de forma expressa a contratação de serviços no rol dos objetos com fornecimento exclusivo. Além disso, o § 1º do art. 74 representa um grande avanço em relação à disciplina da Lei nº 8.666/1993, que exigia atestado emitido por uma instituição específica para comprovação da exclusividade. Tal previsão não garantia o fornecimento de atestados idôneos para comprovar a exclusividade do serviço, já que causava em grande parte a emissão de atestados pro forma, com o mero intuito de cumprir o que era solicitado na lei. A redação da Lei nº 14.133/2021, ao exigir a apresentação de “[...] documento idôneo capaz de comprovar que o objeto é fornecido ou prestado por produtor, empresa ou representante comercial exclusiva”23 (art. 74, § 1º), acaba invertendo a lógica, uma vez que não importa qual seja a documentação utilizada para comprovar a exclusividade do fornecimento, desde que tal exclusividade seja demonstrada. 22 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos: Lei 8.666/93. 18. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019. p. 595. 23 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Na hipótese do art. 74, II, da Lei nº 14.133/2021, não se observa uma grande distinção entre a contratação de serviços artísticos no regime antigo e no regime novo, a não ser pela restrição legal contida no § 2º do art. 74: § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se empresário exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua contrato, declaração, carta ou outro documento que ateste a exclusividade permanente e contínua de representação, no País ou em Estado específico, do profissional do setor artístico, afastada a possibilidade de contratação direta por inexigibilidade por meio de empresário com representação restrita a evento ou local específico.24 A respeito do agenciamento, o parágrafo transcrito tem duas funções: estabelecer a forma de comprovação da exclusividade do fornecedor (empresário) e limitar a inexigibilidade de licitação no caso de exclusividade para local ou evento específico. É possível perceber que a Lei nº 8.666/1993 não traz essas restrições expressamente. Todavia, tais limitações na lei antiga eram observadas por conta de entendimentos jurisprudenciais do TCU sobre o tema que foram se formando ao longo dos anos. Com efeito, segundo o TCU, deve haver a comprovação da exclusividade de representação por intermédio de contrato ou outro meio que demonstre uma relação contínua, não sendo admitido atestado de exclusividade restrito ao dia e à localidade do evento, em conformidade, por exemplo, com os acórdãos nº 8.493/2021 (Segunda Câmara) e 2.235/2014 (Plenário). Além disso, há acórdãos exigindo o registro do contrato em questão em cartório (acórdãos nº 12.148/2018 [Segunda Câmara] e 1.435/2017 [Plenário]). Em relação ao art. 74, III, da Lei nº 14.133/2021, do ponto de vista estritamente literal, a diferença de tratamento em relação à Lei nº 8.666/1993 está na menção a serviço “predominantemente intelectual”, além de haver mais uma hipótese de serviço técnico: controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto nesse inciso (art. 74, III, h), enquanto que o art. 25, II, da Lei nº 8.666/1993 trata de “natureza singular”. De qualquer maneira, entende-se que, em ambos os regimes jurídicos, exige-se que o serviço prestado seja de natureza singular, especial, única 24 BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF: Presidência da República, 2021. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm 43Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública e extraordinária para que se possa fundamentar uma escolha direta, sem licitação. Com efeito, se a administração precisa contratar alguém com notória especialização, é porque esta é determinante para sua necessidade, tornando o serviço especial, único e singular (não necessariamente exclusivo), e é esse serviço especial que se necessita para atender a uma demanda igualmenteúnica. O último ponto que requer um exame comparativo é a aquisição ou locação de imóvel pela administração pública. Identifica-se uma variação de tratamento importante nas leis nº 8.666/1993 e 14.133/2021. O art. 24, X, da Lei nº 8.666/993 prevê a possibilidade de dispensa da licitação para aquisição ou locação de imóvel “[...] cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha”.25 O plenário do TCU (Acórdão nº 1.273/2018) apontou, em relação à aquisição ou locação de imóvel sob a égide da Lei nº 8.666/1993, algumas hipóteses que poderiam ser extraídas da redação do art. 24, X: a) inexigibilidade de licitação: quando houver apenas um imóvel capaz de cumprir os requisitos para a contratação, uma vez que é inviável à competição quando o mercado apresentar apenas uma opção apta a atender a demanda da administração; ou b) dispensa de licitação: existem dois ou mais imóveis disponíveis no mercado que cumprem os requisitos para a contratação, mas razões relacionadas à instalação ou localização do bem condicionam a escolha da administração por um ou outro imóvel. Neste último caso, a competição é viável e ambas as opções atendem à demanda da administração, mas a lei dá ao administrador o poder discricionário de escolher diretamente a contratada, desde que por razões de instalação ou localização. O art. 74, V, da Lei nº 14.133/2021, por sua vez, limita a contratação direta para aquisição ou locação de imóvel pela administração pública apenas à hipótese de inexigibilidade, isto é, quando as características de instalação e localização do bem tornem necessária sua escolha pela administração. Isso significa que apenas o imóvel escolhido atende à demanda da administração, afastando assim a viabilidade de competição. Não há, na Lei nº 14.133/2021, diferentemente da Lei nº 8.666/1993, espaço para a decisão discricionária de “preferência” que seja condicionada por razões de instalação e localização (dispensa). Na versade, assume-se que tais características tornariam o imóvel único aos anseios da administração, inviabilizando formal e materialmente a concorrência (inexigibilidade). Depois de conhecer sobre a modalidade de inexigibilidade de licitação, é hora de testar seus conhecimentos. 25 BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1993. Disponível em: https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 18 fev. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2 – Hipóteses legais Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer as hipóteses de contratação direta por inexigibilidade de licitação 2.1 Fornecimento exclusivo Mídia 30: Fornecimento exclusivo O art. 74, I, da Lei nº 14.133/2021 enumera a primeira hipótese de inexigibilidade de licitação: quando for inviável a competição para aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros ou para contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos. A exclusividade do fornecedor é identificada pela administração no momento de planejar a contratação e demonstra-se por meio de documento idôneo que comprove a exclusividade. Não basta, contudo, que determinada empresa seja fornecedora ou representante exclusiva de um bem ou serviço; é imprescindível que o objeto a ser contratado seja o único a satisfazer as necessidades da administração, bem como que não haja no mercado nenhum outro com características similares. Assim, a contratação direta por inexigibilidade, in casu, depende da justificativa quanto à necessidade de aquisição do bem ou contratação dos serviços com fornecimento exclusivo, como também da comprovação da exclusividade. Aqui, a lei amplia as formas de prova da exclusividade, que não está limitada ao atestado de exclusividade exigido pelo art. 25, I, da Lei nº 8.666/1993. Permite-se 45Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública que a comprovação seja realizada tanto por atestado de exclusividade, contrato de exclusividade ou declaração do fabricante quanto por qualquer outro documento idôneo. Por outro lado, o § 1º do art. 74 veda a “preferência” de marca, não havendo reprovação legal ao uso de marca específica quando seja necessário para a perfeita identificação do objeto, o que deve ser justificado do ponto de vista técnico-científico – para sua padronização ou compatibilização com plataformas ou padrões já existentes, por exemplo. O que a lei proíbe é a indicação de marca por simples preferência, sendo obrigatória a sua necessidade, de modo que sem a marca determinada a demanda não será atendida, ou, se o for, será em condições consideravelmente piores. Mídia 31: Vedada a preferência por marca Mídia 32: Requisitos 46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.2 Setor artístico Mídia 33: Setor artístico. Mídia 34: Requisitos Outra circunstância de inexigibilidade de licitação nos termos da Lei nº 14.133/2021 acontece quando a demanda administrativa envolve a contratação de profissionais do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. Trata-se de situação prevista no art. 74, II, na qual a necessidade estatal se relaciona com o desempenho artístico propriamente dito. Portanto, a escolha estatal deve estar justificada nas características pessoais do artista, cuja virtuosidade é reconhecida pela crítica especializada ou pela opinião pública. De forma prática, seriam indicativos da consagração do artista premiações recebidas, exposições realizadas, avaliações da crítica, sucessos, etc. 47Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Quando não for possível a contratação direta do artista, a lei autoriza o uso da inexigibilidade para sua contratação por meio de intermediário, desde que se trate de empresário exclusivo, isto é, quando inexistir possibilidade de competição entre produtoras aptas a representar o artista consagrado. Nos termos do § 2º do art. 74, empresário exclusivo é a pessoa física ou jurídica com contrato, declaração ou outro documento que ateste a exclusividade permanente e contínua de representação do profissional no país ou em um estado específico, não sendo possível, assim, a contratação por dispensa de empresário cuja representação esteja restrita a determinado local ou evento. Mídia 35: Requisitos 48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.3 Serviço técnico especializado Midia 36: Serviço técnico especializado A contratação de serviço técnico especializado de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização é mais uma das hipóteses legais de uso da inexigibilidade de licitação. A lei configura três requisitos para que seja possível a contratação por inexigibilidade: a) que a demanda da administração corresponda à prestação de serviço técnico especializado, de natureza predominantemente intelectual; b) a demonstração de notória especialização da contratada; e c) a singularidade do objeto. O rol dos serviços técnicos especializados consta do inciso III do art. 74 de forma taxativa: a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos; b) pareceres, perícias e avaliações em geral; c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras e serviços; e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; e h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais,
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