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Licitações e Contratos Administrativos Professora conteudista: Natascha Alexandrino E-mail: Natascha.gomes@ifro.edu.br Redes sociais: profnatascha.alexandrino Porto Velho 2021 mailto:Natascha.gomes@ifro.edu.br APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Prezado(a) estudante, seja muito bem-vindo(a) à disciplina Licitações e Contratos Administrativos. Aqui, vamos introduzir o tema, apresentar os conceitos, autores e teorias sobre o processo licitatório. Organizamos o material em seis unidades Temáticas: Unidade 1: Teoria da licitação. Princípios da licitação. Dispensa e inexigibilidade da licitação. Unidade 2: Modalidades de licitação. Limites e tipos de licitação. Pregão presencial e pregão eletrônico. Sistema de Registro de Preços. Dispensa e inexigibilidade de licitação. Unidade 3: Estrutura do processo licitatório. Recursos administrativos. Unidade 4: Disposições gerais do contrato administrativo. Objeto e características gerais dos contratos administrativos. Cláusulas gerais e exorbitantes. Execução e subcontratação. Unidade 5: Prazo e prorrogação. Extinção do contrato. Teoria da imprevisão. Unidade 6: Contratos em espécie: contratos de obra pública, de serviço, de fornecimento, de concessão de obra pública e contrato de gestão. Convênios administrativos. Desejo a você bons estudos! Professora Natascha Alexandrino UNIDADE I – TEORIA DA LICITAÇÃO E PRINCÍPIOS LICITATÓRIOS Prezado(a) estudante, Nesta unidade temática, vamos relembrar alguns conceitos importantes de direito administrativo, ramo jurídico onde estão inseridas as normas sobre licitações e contratos, a fim de abordar os principais aspectos dessa área e, assim, estabelecer uma relação com a área da gestão pública. O propósito é que, ao final desta unidade, você consiga: ● Conhecer os conceitos básicos de direito administrativo; ● Compreender alguns dos principais princípios de direito administrativo, especialmente de licitações e contratos; ● Identificar esses princípios; ● Diferenciar a aplicação dos princípios específicos do processo administrativo dos demais. Bons estudos! 1.1 Introdução O objeto do nosso estudo – licitações e contratos – encontra-se inserido na disciplina direito administrativo, que é um ramo autônomo do direito (assim como o direito constitucional, civil, penal etc.), e visa orientar as relações envolvendo o Estado e os administrados. De acordo com o professor José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 8), o direito administrativo é “(...) o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a quem deve servir”. Por exemplo, é o direito administrativo que vai regular as relações entre a administração pública direta e as pessoas da respectiva administração pública indireta, bem como as relações entre o Estado e os particulares participantes de uma licitação. Em relação ao objeto do nosso estudo, você sabia que há uma recém-aprovada nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos? E é nela que vamos pautar o nosso estudo! Portanto, onde encontrar essa matéria na legislação? Lei 8.666/1993; Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão); Lei 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratações); IMPORTANTE – nova Lei de Licitações e Contratos: Lei 14.133/2021, doravante NLL. Vamos pautar nosso material na recém-aprovada Lei de Licitações: Lei 14.133/2021, que entrou em vigor em 01/04/2021. Porém, atenção: as leis antigas (Lei 8.666/1993; Lei do Pregão – Lei 10.520/2002; e o Regime Diferenciado de Contratações –Lei 12.462/2011) só serão revogadas após dois anos da data de publicação da nova Lei de Licitações, conforme dispõe o art. 193, II, da NLL. Durante esse período, a administração pública poderá optar pela lei nova ou pelas antigas. Todavia, é vedada a aplicação combinada de leis. Além disso, vamos relembrar alguns conceitos? Fonte: http://srtasieiro.blogspot.com/2013/06/estado-governo-e-administracao.html 1.2 Teoria da licitação O fundamento constitucional da licitação está no inciso XXI do art. 37 da CF/1988, vejamos: “Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes (...)”. Aqui, verifica-se que o processo licitatório visa proporcionar igualdade de chances aos licitantes, buscando a proposta mais vantajosa à administração pública. ● Relembrando: você sabe o que é o Estado? O Estado é abstração criada pela sociedade para atingir um bem comum. Ele é uma pessoa jurídica de direito privado interno. O Estado possui os seguintes elementos: território, povo, soberania e uma finalidade, o bem comum. Assim, podemos dizer que, no mundo, há vários Estados; por exemplo, Estado brasileiro, Estado boliviano, o Estado francês etc. ● Você sabe quem são os administrados? Somos todos nós, que vivemos sob a soberania de um Estado, no nosso caso, do Estado brasileiro. Segundo o professor Matheus Carvalho (2021, p. 563), “A licitação é um procedimento administrativo prévio às contratações públicas, realizado em uma série concatenada de atos, legalmente distribuídos, culminando com a celebração do contrato”. O conceito de licitações, segundo o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, p. 150), é: Ao contrário dos particulares, que dispõem de ampla liberdade quando pretendem adquirir, alienar, locar bens, contratar a execução de obras ou serviços, o Poder Público, para fazê-lo, necessita adorar um procedimento preliminar rigorosamente determinado e preestabelecido na conformidade da lei. Tal procedimento denomina-se licitação. Isso ocorre porque a administração pública apenas está autorizada a fazer o que é permitido por lei. Nesse sentido, o princípio da legalidade, na esfera da gestão pública, incide de forma diversa da do âmbito privado, o que será estudado mais adiante. LICITAÇÕES E CONTRATOS? Fique por dentro: A licitação é um processo administrativo – e não judicial. É um processo eletrônico (em regra), público, transmitido pela internet. É um processo administrativo que a administração pública deve fazer antes de adquirir bens, serviços e obras públicas, em regra. Exceções: contratações diretas, por exemplo. E quem deve licitar? A resposta encontra-se já no artigo 1º da nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021): I - os órgãos dos poderes legislativo e judiciário da União, dos estados e do Distrito Federal e os órgãos do poder legislativo dos municípios, quando no desempenho de função administrativa; II - os fundos especiais e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela administração pública. § 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei. Será objeto de licitação, ou seja, deveremos licitar nos seguintes casos (conforme art. 2º da NLL): o Alienação e concessão de direito real de uso de bens; o Compra, inclusive por encomenda; o Locação (popularmente conhecida como “aluguel”); o Realização de obras e serviços de arquitetura e engenharia; o Concessão e permissão do uso de bens públicos; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13303.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13303.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art178 o Prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados; o Contratações de tecnologia da informação e de comunicação. Há hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitações, que veremos mais adiante. Mas você pode estar se perguntando: por que a administração pública precisa se submeter a um processo licitatório? Vamos elencar os principais objetivos da licitação: ✔ Celebrar o negócio mais vantajoso para o poder público; ✔ Assegurar ao administrado a oportunidade de concorrer,em igualdade de condições, com os demais interessados (isonomia); ✔ Evitar o superfaturamento na contratação de serviços e obras públicas; ✔ Incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável. Cumpre esclarecer algumas questões de nomenclatura jurídica: sabe-se que o sujeito que trabalha para a administração pública é popularmente conhecido como servidor público. Todavia, para a doutrina administrativa mais moderna, o servidor público é denominado agente público. O agente público é o elemento físico da administração pública, que executa função pública, e é por meio deste que se projeta a vontade do Estado. Segundo Matheus Carvalho (2021), destaca-se que a legislação anterior exigia a formação de uma comissão de licitação; contudo, a nova Lei de Licitações diz ser suficiente a designação de um agente de contratação. Tanto é assim que a NLL (Lei 14.333/2021) prevê que o agente público vai promover a execução da licitação: Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou a quem as normas de organização administrativa indicarem, promover gestão por competências e designar agentes públicos para o desempenho das funções essenciais à execução desta Lei que preencham os seguintes requisitos: I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público dos quadros permanentes da administração pública; II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou possuam formação compatível ou qualificação atestada por certificação profissional emitida por escola de governo criada e mantida pelo poder público; III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados habituais da administração nem tenham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil. (BRASIL, 2021). Desse modo, verifica-se que o agente de contratação vai conduzir toda a licitação. Segundo a referida lei, ele deve ser, preferencialmente, um servidor efetivo, ou empregado público do quadro permanente da administração (e não um servidor contratado). De preferência, ele deve possuir atribuições afins a esse tema, ou formação para tanto. Importante: a nova Lei de Licitações trouxe inúmeras inovações. Uma das mais importantes é a criação de um site, o Portal Nacional de Contratações Públicas (art.174, NLL). O PNCP é uma das principais inovações, uma verdadeira mudança de paradigma, do papel para o digital. 1.3 Princípios das licitações e contratos Caro(a) aluno(a), você sabia que é muito importante, em diversos ramos jurídicos (constitucional, civil, penal etc.), estudar os princípios de determinada disciplina? O direito administrativo possui inúmeros princípios, sendo os mais famosos e elementares aqueles que compõem o “LIMPE”. As licitações e contratos incorporaram o LIMPE aos seus princípios e também possuem princípios próprios, que serão a seguir abordados. Esses princípios são as diretrizes que vão guiar o modo de agir do Estado. Nesse sentido, podemos citar alguns dos principais princípios do direito administrativo e, também, de licitações e contratos, quais sejam: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência – ou seja, o LIMPE (conforme dispõe o art. 37, caput, CF/1988, que transcrevo): Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) Fonte: #AGUexplica Segundo o art. 5º da nova Lei de Licitações, são princípios de licitações e contratos (BRASIL, 2021): Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm Da leitura do artigo de lei acima, extrai-se que o “LIMPE” compõe os princípios específicos para as licitações e contratos, além de outros. Agora, vamos estudar cada um dos princípios que integram o LIMPE e estão previstos na nossa Constituição Federal. Vamos estudar os princípios que compõem o “LIMPE” e devem ser aplicados nas licitações? De acordo com o princípio da legalidade, toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei e, se não for, trata-se de uma conduta ilícita. Você, futuro(a) gestor(a) público(a), consegue entender tal diferença entre o princípio da legalidade no âmbito público e privado? Para o jurista Hely Lopes Meireles (2005), enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza. Já o princípio da impessoalidade diz que a administração pública não pode ter em mira este ou aquele indivíduo de forma especial. Para o administrativista Carvalho Filho (2019), impessoal é o que não pertence a uma pessoa em especial. Uma aplicação prática do princípio da impessoalidade: em caso de responsabilidade civil do Estado, devemos processar o Estado, e não o agente público. Por exemplo: Caio foi atropelado por uma ambulância do município, dirigida por Tício, motorista da prefeitura. Caio sofreu graves danos físicos e morais e, agora, procura um advogado para tomar as providências cabíveis no judiciário. Segundo o princípio da impessoalidade, a ação indenizatória deve ser proposta contra o município, e não contra Tício, motorista da prefeitura (e servidor público). Se for o caso, depois, o poder público ingressará com uma ação de regresso contra o servidor. Fonte: #AGUexplica O princípio da moralidade determina que o administrador aja de forma honesta, com probidade. Você, futuro(a) gestor(a) público(a), deve pautar a sua conduta sempre em consonância com esse princípio constitucional. Caso haja desrespeito aos princípios do LIMPE, caberá uma ação judicial por improbidade administrativa. Importante destacar também a existência da Lei de Improbidade Administrativa (LIA) 8.429/1992, que vai tratar dos atos de improbidade que gerem prejuízo ao erário, enriquecimento ilícito e violação dos princípios da administração pública, ou seja, violação ao art. 37 CF/1988. Portanto, conclui-se que violar o art. 37, caput, da CF/1988, ou seja, violar o LIMPE, é um ato de improbidade administrativa, punido com sanções legais como perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por um prazo variável, a depender da gravidade do ato, multa etc. Importante destacar que a Lei 8.429/1992 independe de sanções penais, civis ou administrativas. Nesse sentido, uma única conduta de um agente público pode ser punida em três esferas distintas. Por exemplo: vamos imaginar que o “agente público X” cometeu um ato de corrupção que lhe gerou um enriquecimento ilícito. Essa conduta do “agente público X” pode gerar três processos distintos em que ele será réu/requerido: a) um processo administrativo (PAD); b) uma ação civil pública (que tramita na justiça, na vara cível), por improbidade administrativa; c) e uma ação penal pelo crime de corrupção (que tramita na justiça, na vara criminal). Fonte: CNJ. Já o princípio da publicidade significa que os atos da administração pública devem ter a mais ampla divulgação possível entre os administrados. Tanto é assim que podemos citar a Lei de Acesso à informação (LAI) 12.527/2011 e os sites da transparência, onde encontramos, por exemplo, a remuneração dosservidores. A publicidade, então, é a regra; as exceções ocorrem, por exemplo, nos casos que envolvem segredo de justiça, ou que justifiquem o sigilo; porém, reforço que tais situações devem ser excepcionais. Exemplos de segredo de justiça: ações que envolvam direito de família, que envolvam menores, crimes de estupro etc. – são a exceção no nosso ordenamento jurídico, a regra é a publicidade. Há previsão específica do princípio da publicidade na NLL (BRASIL, 2021): “Art. 13. Os atos praticados no processo licitatório são públicos, ressalvadas as hipóteses de informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma da lei.” Por derradeiro, o princípio da eficiência foi inserido com a Emenda Constitucional nº 19/1998 e diz respeito à qualidade do serviço prestado pelo Estado. Deve-se ressaltar que a demasiada burocracia é um inegável entrave para a eficiência da administração pública, razão pela qual se editou a recente Lei da Desburocratização 13.726/2018. 1.3.1 Princípios específicos de licitações e contratos: art. 5º da Lei 14.133/2021 No tópico anterior, nós já vimos o que é o LIMPE. Outros importantes princípios são o da supremacia do interesse público e o da indisponibilidade do interesse público. Nesse sentido, as atividades estatais devem ser voltadas para o interesse público; caso ele não esteja presente em uma conduta do Estado, ocorrerá um vício: o desvio de finalidade, e o ato pode ser anulado. Ocorrendo um conflito entre o interesse público e o interesse privado, aquele deverá prevalecer. Alguns exemplos de supremacia do interesse público são a desapropriação – em que o Estado suplanta o direito do proprietário – e o chamado poder de polícia – quando há restrições a direitos dos particulares. Além disso, as cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos são outro exemplo da aplicação da supremacia e da indisponibilidade do interesse público, que serão vistas mais à frente. Atenção ao parágrafo único do art. 11 da NLL (BRASIL, 2021), que trata da governança nas licitações: A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações. A governança das contratações é uma inovação legal que deve ser observada, por ser relevante para a probidade do processo licitatório. Nesse sentido, há a necessidade de se assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias. Há outros princípios específicos das licitações e contratos. Vamos estudá-los? ✔ Vinculação ao edital: é a vinculação ao instrumento convocatório. As regras traçadas no procedimento licitatório devem ser fielmente observadas por todos, com o objetivo de não burlar o procedimento licitatório (CARVALHO FILHO, 2019). O edital é a “lei interna” da licitação. Mas atenção: essa assertiva deve ser interpretada com cautela, pois o edital não é lei, tecnicamente, mas sim um ato administrativo (CARVALHO, 2021). ✔ Segregação de funções: é indispensável para a atuação do Estado que, durante uma licitação, seja vedada a cumulação de atribuições pelos agentes públicos. ✔ Princípio do planejamento: novidade trazida pela nova Lei de Licitações. Deve-se acrescentar uma fase preparatória, que é um planejamento nas licitações (BRASIL, 2021): Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada pelo planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de contratações anual de que trata o inciso VII do caput do art. 12 desta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias, bem como abordar todas as considerações http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art12vii técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação, compreendidos: (...) ✔ Julgamento objetivo: os critérios de julgamento de uma proposta têm que ser objetivos, a fim de evitar o arbítrio do administrador público. ✔ Competitividade: de acordo com Carvalho Filho (2019), a administração não deve criar embaraços a uma competição efetiva, pois somente dessa forma se pode atingir a proposta mais vantajosa para o poder público. Agora que já vimos os princípios de licitações e contratos, podemos avançar no tema! Vamos rumo à unidade 2. Para saber mais sobre a nova Lei de Licitações: https://justen.com.br/pdfs/170/MJF-Vigencia%20da-Lei-14133.pdf Referências consultadas: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm BRASIL. Lei de acesso à informação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm BRASIL. Lei de improbidade administrativa. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm BRASIL. Lei da desburocratização. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Lei/L13726.htm https://justen.com.br/pdfs/170/MJF-Vigencia%20da-Lei-14133.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Lei/L13726.htm BRASIL. Lei 8.666/1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm BRASIL. Nova lei de licitações - 14.133/2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm BRASIL. Lei do pregão - 10.520/2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm BRASIL. Lei das microempresas e empresas de pequeno porte - Lei complementar 123/2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm BRASIL. Decreto de registro de preços (DRP) - 7.892/2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm BRASIL. Decreto pregão - 10.024/2019 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 9. ed. Salvador: Juspodium, 2021. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2009. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm UNIDADE II - MODALIDADES DE LICITAÇÃO. TIPOS DE LICITAÇÃO. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS. DISPENSA E INEXIGIBILIDADE Prezado(a) estudante, Vimos na unidade 1 os princípios do processo licitatório. Na unidade 2, vamos abordar as modalidades de licitação, à luz da nova Lei 14.133/2021. Além disso, vamos abordar os limites e os tipos de licitação, ou seja, os critérios de julgamento de um certame. Por derradeiro, vamos estudar o sistema de registro de preços. Ao final desta unidade, o propósito é que você consiga: ● Conhecer as modalidades licitatórias; ● Aprofundar-se nas novidades trazidas pela nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021); ● Identificar e compreender os tipos de licitação; ● Compreender o sistema de registro de preços. 2 Modalidades licitatórias Na unidade 1, aprendemos que devem licitar: Poder executivo; Poder legislativo; Poder judiciário; Ministério Público; Tribunais de Contas; Defensoria Pública; Órgãos da administração pública direta; Autarquias, fundações públicas, associações públicas; Consórciospúblicos. E quem não precisa licitar? Empresas privadas; Concessionários de serviço público; Permissionários de serviço público; Organizações sociais (OS) e organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs) – são as organizações não governamentais (ONGs), exceto para contratações com utilização direta de verbas provenientes de repasses voluntários da União) Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Lembrando que as empresas públicas e sociedades de economia mista possuem uma lei própria, que irá regular suas normas sobre licitações e contratos (Lei nº 13.303/2016), sendo que a Lei 14.133/2021 se aplica a elas apenas de forma subsidiária (CARVALHO FILHO, 2019). Esclarecidos esses pontos, passemos para a análise das modalidades licitatórias, à luz da nova Lei de Licitações. 2.1 Modalidades licitatórias Em relação às modalidades licitatórias, a nova Lei de Licitações extinguiu duas modalidades licitatórias, que eram previstas na antiga (Lei 8.666/1993). Com a nova lei, foram extintas as modalidades convite e tomada de preços. Portanto, segundo o art. 28 da NLL, são modalidades licitatórias: pregão, concorrência, concurso, leilão e a nova modalidade, diálogo competitivo. Ainda segundo o parágrafo 2º do art. 28, é vedada a criação de outras modalidades de licitação e a combinação delas (BRASIL, 2021). Há, ainda, procedimentos auxiliares, previstos no art. 78 da NLL, que serão vistos adiante. Vamos estudar as modalidades? A) NOVA MODALIDADE LICITATÓRIA - ART. 32, LEI 14.133/2021: DIÁLOGO COMPETITIVO A modalidade diálogo competitivo é uma inovação da NLL; porém, ela chegou trazendo polêmicas – que vamos analisar. Segundo Carvalho (2021, p. 582): “(...) a Administração Pública realiza diálogo com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades (...)”. De acordo com o art. 6º, XLII, da Lei 14.133/2021, o diálogo competitivo é a modalidade de licitação para contratos mais complexos, devendo haver um diálogo prévio entre as partes, vejamos: Diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos (BRASIL, 2021). O cabimento do diálogo competitivo se dá em procedimentos mais complexos, como na concessão de serviço público, parceria público-privada. A incidência dessa modalidade ocorre quando a administração pública sabe de sua necessidade, mas não sabe muito bem como supri-la. Diante disso, o particular vai apresentar à administração soluções sobre as quais ela normalmente não teria conhecimento. O procedimento do diálogo competitivo se divide em duas fases: 1ª fase: há o diálogo dos particulares com a administração: instauração de uma comissão (três servidores efetivos, ou empregados públicos; também poderão ser contratados profissionais da área técnica para auxiliar a comissão – assessoramento). Há publicação de um edital, com requisitos objetivos, apresentando as necessidades da administração – prazo de 25 dias úteis para manifestar interesse em participar da licitação. Aqui, a administração vai começar a interagir com os particulares. Todas as reuniões deverão ser registradas e gravadas. 2ª fase: fase competitiva; novo edital, contendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para a seleção da proposta mais vantajosa (VII, parágrafo 1º, art. 32 da nova LL). Abrir um prazo não inferior a 60 dias úteis para todos os licitantes pré-selecionados – procedimento semelhante à modalidade concorrência. Atenção: o presidente da República vetou o inciso XII, parágrafo 1º do art.32 da nova Lei de Licitações, que tratava da ingerência do Tribunal de Contas da União (TCU) em todas as etapas do diálogo competitivo. Carvalho (2021) destaca que o diálogo da administração pública com os particulares é algo bastante salutar e que já é uma realidade no direito administrativo mais moderno, de modo que soluções e tecnologias de ponta podem, finalmente, chegar à administração. B) PREGÃO Previsto no art. 6º, XLI da Lei 14.133/2021, o pregão é a modalidade licitatória obrigatória para a aquisição de bens e serviços comuns, e os critérios de julgamento podem ser: menor preço ou maior desconto (BRASIL, 2021). Aqui, não há comissão licitante, pois o responsável por realizar o pregão é o pregoeiro, que será um servidor designado para essa função. O critério de julgamento no pregão será menor preço ou maior desconto. As fases do pregão estão previstas no art. 17 da NLL: preparatória, divulgação do edital da licitação, apresentação das propostas e dos lances, julgamento, habilitação, recursal e homologação. Se o edital previr, pode-se inverter as fases, colocando a habilitação antes da apresentação de propostas, lances e do julgamento. Ainda há a previsão legal de que ele seja, preferencialmente, na forma eletrônica. Segundo o professor Matheus Carvalho (2021), o pregão surgiu para garantir maior agilidade nas contratações públicas, bem como reduzir os gastos estatais. Com a edição da nova Lei de Licitações, contudo, a sistemática do pregão foi totalmente modificada, pois não há mais diferença legal entre os procedimentos do pregão e da concorrência. Em suma, o pregão admite lances verbais, visando a uma contratação de menor custo, observados os requisitos mínimos de qualidade. De acordo com o art. 29, parágrafo único da NLL, o pregão não se aplica às contratações de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto se for serviço comum de engenharia (todo serviço de engenharia que tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com preservação das características originais dos bens). Destaca-se que a realização do pregão, de acordo com a nova Lei de Licitações, precisa aguardar a operacionalização do Portal Nacional das Contratações Públicas. Para auxiliar o pregão, há o sistema de registro de preços, que é um conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras, conforme art.6º, XLV da Lei 14.1333/2021 (BRASIL, 2021). Vamos estudar, mais adiante, o sistema de registro de preços. C) CONCORRÊNCIA A modalidade concorrência é a licitação para contratação de bens e serviços especiais e de obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério de julgamento pode ser: menor preço, melhor técnica, melhor conteúdo artístico, técnica e preço e maior retorno econômico, maior desconto, nos termos do art. 6º, XXXVIII da NLL. Muita atenção: a lei antiga (Lei 8.666/1993) tratava da modalidade concorrência para licitações de valores mais altos; entretanto, a NLL (Lei 14.133/2021) não faz distinção entre as modalidades licitatórias em razão do valor (CARVALHO, 2021). Ainda segundo Carvalho (2021), no caso dos contratos de concessão de serviço público e nas famosas parcerias público-privadas, as modalidades licitatórias cabíveis são concorrência e diálogo competitivo. As fases da concorrência estão previstas no art. 17 da NLL, e são elas: preparatória, divulgação do edital da licitação, apresentação das propostas e dos lances, julgamento, habilitação, recursal, homologação. Se o edital previr, pode-se inverter as fases, colocando a habilitação antes da apresentação das propostas, lances e do julgamento. Ainda há a previsão legal de que ela seja, preferencialmente,na forma eletrônica. Atenção: no caso de concessão de serviço público e de parceria público-privada, as famosas PPPs, adotar, necessariamente, concorrência ou diálogo competitivo. D) LEILÃO O leilão é uma importante – e conhecida – modalidade licitatória. De acordo com o art.6º, XL da NLL, o leilão visa à alienação de bens imóveis, ou bens móveis inservíveis, ou legalmente apreendidos. O critério de julgamento é o maior lance. Um exemplo de leilão: bens móveis apreendidos, com uma origem ilícita, fruto de contrabando ou descaminho. Tais bens vão a leilão – modalidade licitatória. Destaca-se que não devemos confundir o leilão administrativo da hasta pública – ou seja, quando os bens são penhorados por determinação judicial – com execuções pela fazenda pública, com regulamentação no Código de Processo Civil (CARVALHO, 2021). O leilão pode ser realizado por leiloeiro oficial ou servidor designado para tanto. A administração pública vai selecionar o leiloeiro, por meio de credenciamento ou de licitação (art. 31 da NLL). O leilão será precedido de um edital, em um site. No edital, devem constar: a descrição do bem, o valor de avaliação do bem, seu preço mínimo, a comissão do leiloeiro (se for o caso), a indicação do lugar dos móveis, as informações sobre o site, a data e o local do leilão; o edital também deve especificar se há eventuais ônus, gravames ou pendências nos bens a serem leiloados. Deve-se ampliar a publicidade do leilão, tudo nos termos do art. 31 da NLL. Conforme §4º, art. 31 da NLL, o leilão não exigirá registro cadastral prévio, não há fase de habilitação. Ele deve ser homologado assim que concluída a fase de lances, após a fase recursal e efetivado o pagamento pelo licitante. E) CONCURSO O concurso é uma modalidade licitatória que nada tem a ver com os amplamente conhecidos “concursos públicos”. De acordo com a NLL, a modalidade concurso visa à escolha de trabalho técnico, artístico ou científico, cujo critério de julgamento será sempre melhor técnica ou conteúdo artístico, concedendo um prêmio ou uma remuneração ao vencedor (BRASIL, 2021). Para Carvalho (2021, p. 580), “O concurso demonstra o interesse da Administração em selecionar trabalhos técnicos, científicos ou artísticos com certas capacidades personalíssimas para incentivar o desenvolvimento cultural.” Há prémios ou remuneração dos vencedores. De acordo com o art. 30 da NLL, essa modalidade licitatória observará as regras e condições previstas no edital. No edital deverá constar a qualificação exigida aos participantes, as diretrizes para a apresentação do trabalho e as condições de realização, bem como o prêmio/remuneração que será concedido ao final, ao vencedor. Um exemplo clássico de uso da modalidade licitatória concurso é quando a administração pública necessita de um projeto inovador. Exemplo: concursos de monografias (TCC), concurso para projeto arquitetônico para a revitalização de um parque. F) LICITAÇÃO PARA REGISTRO DE PREÇOS O sistema de registro de preços foi previsto desde a Lei 8.666/1993. É uma espécie de banco de dados, constituído a partir de uma licitação, selecionando particulares e propostas para serem contratados se e quando necessário. Deste modo, mesmo que realizado o registro de preços, não é certo que o poder público vai celebrar o contrato administrativo. De acordo com o art.6º, XLV da Lei 14.1333/2021, o sistema de registro de preços é o “(...) conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras” (BRASIL, 2021). Explicando a licitação para registro de preços, assevera o administrativista Matheus Carvalho (2021, p. 583): “Em algumas situações, o poder público não licita com a finalidade imediata de contratação, mas tão somente para registrar os preços, para o caso de eventual contratação posterior.” Por exemplo, quando o bem ou o serviço é adquirido com muita frequência. É uma hipótese diferente das demais, pois o registro de preços não obriga a administração a contratar. O sistema de registro de preços é, também, um procedimento auxiliar da licitação, previsto no art. 78, IV, e tratado nos artigos 82 a 86 da NLL. A nova Lei de Licitações ainda diz que “A existência de preços registrados implicará compromisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obrigará a Administração a contratar, facultada a realização de licitação específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente motivada.” (BRASIL, 2021). Do sistema de registro de preços, surgiu a polêmica “licitação carona”. O jurista Marçal Justen Filho faz duras críticas às “licitações carona”, e o próprio Tribunal de Contas da União (TCU) já questionou sua constitucionalidade, diante dos desvios de dinheiro público que ocorreram com a aplicação desse sistema. Em suma, a licitação carona encontrava-se prevista no art. 22 do Decreto do Registro de Preços – 7.892/2013 –, e ela ocorre quando algum órgão não participante de uma licitação pede a sua adesão à ata de registro de preços. Os requisitos para tanto são: validade da ata de registro de preço (esta possui validade de um ano, conforme art.12 do DRP); a empresa tem que concordar e o órgão licitante também. Todavia, segundo o professor Marçal, nas licitações carona, ocorriam inúmeros desvios de verba pública. Entende-se que a NLL restringe essas licitações carona, pois, com a obrigatoriedade do planejamento, cada entidade administrativa precisa saber o que vai contratar, devendo contratar o que planejou, prevendo, antes de tudo, a sua necessidade. Assim, a administração pública precisa participar do sistema de registro de preços, conforme o procedimento da nova lei, o que impediria a prática da carona. Destaca-se que esse assunto, à luz da NLL, é bastante novo e teremos de ficar atentos a como tudo vai ocorrer, na prática. 2.2 Dispensa e inexigibilidade da licitação A Lei 14.133/2021 prevê hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação. Cumpre esclarecer que, em ambos os casos, é necessária a abertura de um processo para a contratação direta, nos termos do art. 72 da NLL: O processo de contratação direta, que compreende os casos de inexigibilidade e de dispensa de licitação, deverá ser instruído com os seguintes documentos: I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto executivo; II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida no art. 23 desta Lei; III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o atendimento dos requisitos exigidos; IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários com o compromisso a ser assumido; V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e qualificação mínima necessária; VI - razão da escolha do contratado; VII - justificativa de preço; VIII - autorização da autoridade competente. Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação direta ou o extrato decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à disposição do público em sítio eletrônico oficial. (BRASIL, 2021). Desse modo, infere-se que o(a) gestor(a) público(a) não pode simplesmente adquirir o bem ou serviço, de forma direta e sem critério algum. Percebam, a nova Lei de Licitações explica todo o procedimento para a contratação direta. Caso haja contratação direta com dolo, fraude ou erro grosseiro, tanto o contratado, quando o agente público responsável pelo feito responderão solidariamente pelo dano ao erário, sem prejuízo de eventual responsabilização administrativa e criminal (conforme art. 73 da NLL). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art23 Importante: destaca-se que a diferença entre inexigibilidade e dispensa de licitação é que, naquela, a competiçãoé inviável, enquanto nesta, embora seja viável, a lei permite a contratação direta. Vamos agora estudar as duas hipóteses legais de contratação direta! A) INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO A Lei 14.133/2021 trata das hipóteses de inexigibilidade de licitação em seu art. 74. Basicamente, é inexigível a licitação quando for inviável a competição (art. 74, caput, NLL), em especial nos casos de: ✔ I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos (atenção: a administração pública tem de comprovar a exclusividade, sendo vedada a preferência por uma marca específica); ✔ II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública; ✔ III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação: o a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos executivos; o b) pareceres, perícias e avaliações em geral; o c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; o d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; o e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; o f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; o g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; o h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso (novidade da Lei 14.133/2021); Comentário da professora: a notória especialização também deve ser amplamente reconhecida, com, por exemplo, publicações, mostras do desempenho anterior do profissional, estudos, experiência etc., de modo a inferir que seu trabalho é essencial à plena satisfação do objeto do contrato, nos termos do § 3º desse artigo. ✔ IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento (novidade da Lei 14.133/2021); ✔ V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha. Comentário da professora: o inciso V, na legislação anterior (Lei 8.666/1993), era uma hipótese de dispensa de licitação. Ademais, segundo o § 5º do artigo 74 da NLL, nesse caso, devemos realizar uma avaliação prévia do bem, certificação de que não há imóveis públicos vagos e disponíveis para atender o objeto, justificação da singularidade do bem a ser comprado ou locado pela administração pública. Em suma, quanto à inexigibilidade de licitações, assevera o professor ALMEIDA (2021, p. 124): A inexigibilidade ocorre quando há inviabilidade de competição, ou seja, não é possível realizar um procedimento competitivo em virtude das condições da situação (por exemplo: se houver apenas um fornecedor). A relação de situações de licitação inexigível é exemplificativa, isto é, nem todos os casos constam expressamente no art. 74 da Lei de Licitações. Por isso que a lei utiliza a expressão “em especial nos casos de”, dando um sentido de mera exemplificação. A Lei 14.133/2021 trouxe a previsão de dois novos casos, em relação à legislação anterior: (i) credenciamento; (ii) compra ou locação de imóvel em virtude das características e da localização. O credenciamento já era considerado um caso de inexigibilidade, mesmo na legislação anterior, mas sem previsão (até então) expressa. A compra ou locação de imóvel, em virtude das características e da localização era classificada como hipótese de licitação dispensável. Logo, houve uma mudança quanto à natureza da contratação direta. Fique atento! Assim, infere-se que a inexigibilidade ocorre quando não for viável a competição. Ainda, a lei prevê as hipóteses de inexigibilidade de forma exemplificativa, pois podem surgir outros casos, na vida prática. As novidades da NLL, nesse tópico, foram credenciamento e compra ou locação de bens. Agora, vamos analisar os casos de dispensa de licitação. B) DISPENSA DE LICITAÇÃO Os casos de dispensa de licitação estavam previstos no famoso art. 24 da Lei 8.666/1993. Você vai observar que a maioria das hipóteses se mantiveram, vindo, ainda, novos incisos. Trata-se de um rol exaustivo de possibilidades, ou seja, não há outros casos da vida prática que justifiquem a dispensa de licitação, pois todas as hipóteses estão previstas em lei. Conforme mencionado acima, nesses casos, embora a competição seja possível, a administração pública tem a discricionariedade de não fazer a licitação, em razão do interesse público. Em resumo, são dispensáveis as licitações, nos termos do art. 75 da nova Lei de Licitações (BRASIL, 2021): ✔ I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores; ✔ II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras; Comentário da professora: quanto aos incisos I e II, são as contratações de pequeno valor. Aqui é necessária a divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de três dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de interesse da administração em obter propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser selecionada a proposta mais vantajosa. Essas contratações serão preferencialmente pagas por meio de cartão de pagamento, cujo extrato deverá ser divulgado e mantido à disposição do público no Portal Nacional de Contratações Públicas, o PNCP (BRASIL, 2021). Em resumo, veja o quadro ilustrativo: CONTRATAÇÃO DIRETA PELO PEQUENO VALOR (ART. 75, I e II) Pode haver contratação direta (sem licitação) nos seguintes casos: Obras ou serviços de engenharia de até R$ 100.000,00. Compras e serviços diferentes de engenharia: até R$ 50.000,00. Adiante, a lei elenca outros incisos de dispensa de licitação: ✔ III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela licitação: a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas propostas válidas; b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes. Comentário da professora: esse inciso III é uma novidade trazida pela NLL. Em relação à alínea “a”, ela é semelhante ao art. 24, V da Lei 8.666/2993. Quando não houver interessados na licitação anterior, e essa não puder ser repetida, fica dispensada. É a chamada licitação deserta (que é diferente de licitação frustrada/ou fracassada, pois, nesse caso, há interessados, mas eles não são aptos a licitar, sendo desclassificados ou inabilitados). Ademais, a alínea “b” trata da licitação frustrada, pois todos os licitantes são desclassificados. Conforme as lições do professor Rafael Carvalho (2018, p. 482), que remetem aos artigos da Lei 8.666/1993, mas cujo entendimento pode ser perfeitamente aplicado à nova lei: (...) a desclassificação ocorre em dois casos: a) as propostas dos licitantes não atendem às exigências do ato convocatório (art. 48, I); ou b) as propostas são superfaturadas ou inexequíveis (art. 48, II). A dispensa de licitação, prevista no art. 24, VII, da Lei 8.666/1993, refere-se exclusivamente aos casos de desclassificação em razão de preços superfaturados (art. 48, II), não englobando a desclassificação por descumprimento do ato convocatório (art. 48, I) nem a inabilitação de todos os licitantes. Entendemos, contudo, que nessas duas últimas hipóteses pode haver, em tese, dispensa de licitação com fundamentono art. 24, IV, da Lei 8.666/1993 (situação de emergência). A seguir, temos o inciso IV, que traz diversas alíneas, com hipóteses de dispensa de licitação. São elas: ✔ IV - para contratação que tenha por objeto: o a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários à manutenção de equipamentos, a serem adquiridos do fornecedor original desses equipamentos durante o período de garantia técnica, quando essa condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; o b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para a Administração; o c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contratação, no caso de obras e serviços de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais); o d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida, nas contratações realizadas por instituição científica, tecnológica e de inovação (ICT) pública ou por agência de fomento, desde que demonstrada vantagem para a Administração; o e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente com base no preço do dia (Atenção: também há dispensa de licitação no caso de gêneros perecíveis, em caráter provisório, até dar tempo de fazer a licitação); o f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional; o g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante da força militar; o h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares das forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, hipótese em que a contratação deverá ser justificada quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificada pelo comandante da força militar; o i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento; o j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, realizados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente de pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública (Atenção: aqui, há um cunho social e o objetivo de fomentar políticas de saneamento básico); o k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que inerente às finalidades do órgão ou com elas compatível; o l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos destinados ao rastreamento e à obtenção de provas previstas nos incisos II e V do caput do art. 3º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, quando houver necessidade justificada de manutenção de sigilo sobre a investigação (Atenção: essa é uma inovação da NLL); o m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde (Atenção: essa é uma inovação da NLL); http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3v http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3v Comentários da professora: o inciso IV é bastante heterogêneo e consagra várias hipóteses de dispensa de licitação; por isso, os comentários foram feitos entre parênteses nas próprias alíneas, quando necessário. Seguem hipóteses de dispensa de licitação da Lei 14.133/2021: ✔ V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação constantes da referida Lei; ✔ VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo ministro de Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios; ✔ VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da ordem; ✔ VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no disposto neste inciso; Comentários da professora: os incisos VI a VIII tratam da licitação dispensável em razão de situações emergenciais. Imaginem um caso de guerra: não faria nenhum sentido a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art4. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art5. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art20. administração pública ter de licitar, em meio a um conflito dessa magnitude. Segundo os referidos incisos do art. 75 da NLL, será dispensável a licitação no caso de guerra ou grave perturbação da ordem, bem como nos casos de emergência ou de calamidade pública, somente o necessário para atender a situação emergencial ou calamitosa, e para as parcelas de obras e serviços que possam seu concluídos em um ano, contados da emergência ou calamidade. Obs.: não esquecer da nova lei que trata da pandemia da covid-19 (Lei 13.979/2020) e que permite a dispensa de licitação, nos termos de seu art. 4º, em casos de urgência. ✔ IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integrem a Administração Pública e que tenham sido criados para esse fim específico, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; ✔ X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; Comentário da professora: para o inciso X do art. 75 da NLL, também fica dispensada a licitação quando a União tiver de intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento – por exemplo, para forçar a diminuição do preço de determinado produto, pois o aumento fora arbitrário. ✔ XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo ou com entidade de sua Administração Pública indireta que envolva prestação de serviços públicos de forma associada nos termos autorizados em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação; ✔ XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles definidos no instrumentofirmado para a transferência de tecnologia; ✔ XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão de avaliação de critérios de técnica, quando se tratar de profissional técnico de notória especialização (Atenção: essa é uma inovação da NLL); ✔ XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiência, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou entidade da Administração Pública, para a prestação de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado e os serviços contratados sejam prestados exclusivamente por pessoas com deficiência; ✔ XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por finalidade estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive para gerir administrativa e financeiramente essas atividades, ou para contratação de instituição dedicada à recuperação social da pessoa presa, desde que o contratado tenha inquestionável reputação ética e profissional e não tenha fins lucrativos; Comentários da professora: os incisos XIV e XV são os casos que envolvem o terceiro setor (popularmente conhecido pelas ONGs), que não tem fins lucrativos e presta serviços públicos. Trata-se de uma colaboração entre a sociedade civil e o poder público. ✔ XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. 2.3 Tipos de licitação Os tipos de licitação estavam previstos no art. 45 da Lei 8.666/1993: menor preço; melhor técnica; técnica e preço; maior lance/oferta. Todavia, com a nova Lei de Licitações (14.133/2021), houve algumas mudanças, como os acréscimos dos seguintes tipos de licitação: maior desconto e maior retorno econômico, nos termos do art. 33 da NLL. Assim, segundo a NLL, são tipos de licitação (BRASIL, 2021): I - menor preço; II - maior desconto; III - melhor técnica ou conteúdo artístico; IV - técnica e preço; V - maior lance, no caso de leilão; VI - maior retorno econômico. Atenção: não confundir as modalidades licitatórias com os tipos de licitação. Em suma, a expressão tipos de licitação não pode ser confundida com a expressão modalidades de licitação: estas se relacionam com a estrutura procedimental da licitação, enquanto aqueles se vinculam ao critério objetivo de julgamento da licitação. São modalidades de licitação: o diálogo competitivo, a concorrência, o pregão, o concurso e o leilão. Por sua vez, os tipos de licitação são menor preço, maior desconto, melhor técnica/conteúdo artístico, técnica e preço, maior lance e maior retorno econômico. De acordo com o art. 34 da NLL deve-se considerar um bom custo benefício, bem como os parâmetros mínimos de qualidade do produto ou serviço. Em relação aos critérios de melhor técnica e técnica e preço, assim esclareceu Almeida (2021, p. 87): CACTERÍSTICAS COMUNS – MELHOR TÉCNICA E TÉCNICA E PREÇO: Avaliação da proposta técnica: Avaliação da capacitação e da experiência por meio da apresentação de atestados de obras, produtos ou serviços já realizados; Nota atribuída por banca sobre os quesitos qualitativos da proposta: Nota sobre o desempenho em contratações anteriores, conforme fiscalização de contratos e registro cadastral do licitante. Banca: Para avaliação dos quesitos qualitativos (segundo item da lista acima); Pelo menos três membros; Servidores efetivos ou empregados públicos / profissionais contratados; Não se confunde com “comissão de licitação”. Capacidade técnico profissional: Obtenção de pontuação devido à capacitação técnico-profissional; A execução do respectivo contrato terá participação direta e pessoal do profissional correspondente. E, quando o critério for o maior retorno econômico para a administração pública, diz o art. 39 da Lei: “O julgamento por maior retorno econômico, utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência, considerará a maior economia para a Administração, e a remuneração deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente obtida na execução do contrato.” (BRASIL, 2021). Esta foi a unidade 2, em que conhecemos as modalidades e os tipos licitatórios. Agora, vamos estudar a estrutura do processo de licitação. Bons estudos! Referências consultadas: ALMEIDA, Herbert. Nova lei de licitações e contratos esquematizada. 2021. Disponível em: https://gratis.estrategiaconcursos.com.br/nova-lei-de-licitacoes-e-contratos/ BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm BRASIL. Lei de acesso à informação. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm BRASIL. Lei 8.666/1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm BRASIL. Nova lei de licitações - 14.133/2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm BRASIL. Lei do pregão - 10.520/2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm BRASIL. Lei das microempresas e empresas de pequeno porte – Lei complementar 123/2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm BRASIL. Decreto de registro de preços - 7.892/2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm BRASIL. Decreto pregão - 10.024/2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 9. ed. Salvador: Juspodium, 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2019. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas,2009. FIGUEIREDO, Alexandre; BASTOS, Renato. Nova lei de licitações e contratos administrativos. 2021. Disponível em: http://www.figueiredobastos.com.br/wp-content/uploads/2021/05/Ebook-LeiLicitacoes-V.fina l_.pdf JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: Malheiros, 2009. UNIDADE III – ESTRUTURA DO PROCESSO LICITATÓRIO. RECURSOS ADMINISTRATIVOS Prezado(a) estudante, Já vimos as modalidades licitatórias e os critérios de julgamento do certame – ou seja, os tipos de licitação. Além disso, abordamos as hipóteses legais de contratação direta, ou seja, quando a licitação pode ser dispensada, ou quando ela é inexigível. Dando prosseguimento ao assunto, vamos entender a estrutura do processo licitatório? O objetivo ao final dessa unidade é que você: ● Conheça todas as fases do processo licitatórios; ● Conheça os recursos administrativos existentes na nova Lei de Licitações. Vamos lá? Bons estudos! 3.1 Estrutura do processo licitatório Segundo o art. 17 da Lei 14.133/2021,a licitação observará as seguintes fases, em sequência: I - preparatória; II - de divulgação do edital de licitação; III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso; IV - de julgamento; V - de habilitação; VI - recursal; VII - de homologação. Grande inovação da Lei 14.133/2021 é o detalhamento legal da fase preparatória. Esta é a fase do planejamento – que é um princípio importante das licitações – e deve compatibilizar-se com o plano de contratação anual e com as leis orçamentárias. Essa fase inicial está prevista no art. 18 da NLL. O referido artigo menciona que a fase preparatória deve abranger os seguintes pontos (BRASIL, 2021): I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estudo técnico preliminar que caracterize o interesse público envolvido; II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por meio de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo, conforme o caso; III - a definição das condições de execução e pagamento, das garantias exigidas e ofertadas e das condições de recebimento; IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utilizados para sua formação; V - a elaboração do edital de licitação; VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação; VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços ou de execução de obras e serviços de engenharia, observados os potenciais de economia de escala; VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo de disputa e a adequação e eficiência da forma de combinação desses parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso para a Administração Pública, considerado todo o ciclo de vida do objeto; IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante indicação das parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do objeto, e de qualificação econômico-financeira, justificativa dos critérios de pontuação e julgamento das propostas técnicas, nas licitações com julgamento por melhor técnica ou técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à participação de empresas em consórcio; X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a boa execução contratual; XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da licitação, observado o art. 24 desta Lei. Conforme Carvalho (2021), na fase preparatória, a administração pública está se organizando para licitar. Deverá, então, formular uma exposição de motivos para a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art24 contratação e definir o objeto, as condições de execução, pagamento e as garantias que serão exigidas. Nessa fase preparatória, o poder público vai definir a modalidade licitatória, o critério de julgamento, bem como analisar os riscos envolvidos. Se for uma licitação para contratação de obra, a lei exige um projeto básico (art. 6º, XXV da NLL). Por fim, a lei estabelece a necessidade de declaração de adequação orçamentária. Diz Carvalho: “O poder público deverá, na fase interna, apresentar o valor estimado da contratação, compatível com os valores praticados pelo mercado, considerados os preços constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem contratadas (...)” (CARVALHO, 2021, p. 590). Ao final, prepara-se o edital, que é o instrumento convocatório da licitação. Em relação ao edital, destaque para a novidade trazida pelo § 9º do art. 25 da NLL, no sentido de que ele poderá exigir que percentual mínimo da mão de obra responsável pela execução do objeto da contratação seja constituído por: I - mulheres vítimas de violência doméstica; II - oriundos ou egressos do sistema prisional. O edital também pode prever certa margem de preferência, conforme dispõe o art. 26 da NLL. Essa preferência será de até 10% sobre o preço de bens ou serviços para: I - bens manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; II - bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, conforme regulamento. Poderá ser estendida para os bens manufaturados e serviços do MERCOSUL, desde que haja reciprocidade. E, segundo o § 2º do referido artigo, nos casos de bens manufaturados nacionais e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica no país, a margem de preferência poderá ser de até 20%. Após a fase preparatória, o processo licitatório seguirá para o órgão de assessoramento jurídico da administração pública, que vai realizar o controle prévio de legalidade (art. 53 da NLL). O parecer emitido não terá caráter vinculante. Sobre esse ponto, destaca-se o art. 53, § 5º, que dispõe sobre uma exceção, ou seja, quando é dispensável essa análise jurídica: É dispensável a análise jurídica nas hipóteses previamente definidas em ato da autoridade jurídica máxima competente, que deverá considerar o baixo valor, a baixa complexidade da contratação, a entrega imediata do bem ou a utilização de minutas de editais e instrumentos de contrato, convênio ou outros ajustes previamente padronizados pelo órgão de assessoramento jurídico. (BRASIL, 2021). Após, vem a publicação do edital, que deve ser publicado em seu inteiro teor no PNCP (art. 54 da NLL). Nesse ponto, começa a chamada “fase externa” da licitação. Qualquer um pode impugnar o edital, ou pedir esclarecimentos, devendo protocolar o pedido até três dias úteis antes da data de abertura do certame, e a resposta da administração também deve dar-se em três dias úteis, nos termos do art. 164 da NLL. Depois do lançamento do edital, eis uma inovação da Lei 14.133/2021: vem a fase da abertura das propostas e lances: Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e lances, contados a partir da data de divulgação do edital de licitação, são de: I - para aquisição de bens: a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto; b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea “a” deste inciso; II - no caso de serviços e obras: a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços comuns e de obras e serviços comuns de engenharia; b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenharia; c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação integrada; d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de contratação semi-integrada ou nas hipóteses não abrangidas pelas alíneas “a”, “b” e “c” deste inciso; III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de maior lance, 15 (quinze) dias úteis; IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de técnica e preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 (trinta e cinco) dias úteis. § 1º Eventuais modificações no edital implicarão nova divulgação na mesma forma de sua divulgação inicial, além do cumprimento dos mesmos prazos dos atos e procedimentos originais, exceto quando a alteração não comprometer a formulação das propostas. (BRASIL, 2021) Importante destacar que os modos de disputa podem ser aberto ou fechado. Segundo Carvalho (2021), na disputa aberta os licitantes apresentarão sua proposta por meio de lances públicos e sucessivos. Já no modo fechado as propostas permanecerão em sigilo até a data e hora designadas para a divulgação. Há também o modo fechado e aberto, em conjunto. Em seguida, vem a fase de julgamento, conforme os critérios do edital (menor preço, maior lance, melhor técnica etc. – explicados no tópico anterior). Mas e se ocorrer empate? Segundo o art. 60 da NLL, nesse caso, devemos seguir os critérios de desempate, nesta ordem (BRASIL, 2021): I - disputa final, hipótese em que os licitantesempatados poderão apresentar nova proposta em ato contínuo à classificação; II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de cumprimento de obrigações previstos nesta Lei; III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, conforme regulamento; IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme orientações dos órgãos de controle. Também há preferências previstas no §1º, art. 60 da NLL. Assim, em igualdade de condições, se não houver desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços produzidos ou prestados por: I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do órgão ou entidade da Administração Pública estadual ou distrital licitante ou, no caso de licitação realizada por órgão ou entidade de Município, no território do Estado em que este se localize; II - empresas brasileiras; III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; IV - empresas que comprovem a prática de mitigação, por meio de tecnologia que reduza a produção de gases poluentes. Por fim, não podemos esquecer o tratamento diferenciado das empresas de pequeno porte e das microempresas, conforme a Lei 123/2006, em seu art. 44, que diz que, nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte. Ademais, segundo o § 1º, entendem-se por empate aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada. Se for na modalidade pregão, isso cai para 5% (art. 44, § 2º da LC 123/2006). Depois, passa-se à habilitação; os requisitos estão previstos na lei (e esta não pode criar outros, caso contrário é fraude). Nesse sentido, temos a habilitação jurídica (comprovação de que a empresa existe), a qualificação técnica (deve ser compatível com a execução do contrato), a qualificação econômico-financeira e a regularidade trabalhista, social e fiscal. A NLL prevê que é possível a inversão das fases, por ato motivado, passando a habilitação à frente da apresentação das propostas e julgamento. Por derradeiro, as fases recursal e de homologação serão abordadas nos próximos tópicos. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, quando não houver mais recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá pedir para que os autos voltem, para sanar alguma irregularidade, ou até mesmo revogar a licitação, por motivos de conveniência e oportunidade. Se houver ilegalidade insanável, deve-se anular a licitação. Mas se tudo estiver correto e se houver interesse, ela vai adjudicar o objeto e homologar a licitação, tudo nos termos do art. 71 da NLL. 3.2 Recursos administrativos Segundo o art.5º, LV da CF/1988: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” (BRASIL, 1988). Da leitura desse dispositivo, infere-se que todos possuem o direito ao devido processo legal, tanto em sede judicial quanto administrativamente – sendo este o presente caso. Portanto, sendo a licitação um processo administrativo, caso o licitante, inconformado, deseje a reforma de uma decisão proferida no processo de licitação, ele poderá interpor um recurso administrativo, ou requerer a reconsideração da decisão. Das decisões dos atos administrativos cabem recursos. O tratamento dos recursos às decisões proferidas no processo licitatório está previsto nos art. 165 da Lei 14.133/2021, com os prazos abaixo (BRASIL, 2021): I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de: ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento; julgamento das propostas; ato de habilitação ou inabilitação de licitante; anulação ou revogação da licitação; extinção do contrato, quando determinada por ato unilateral e escrito da Administração; II - pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação, relativamente a ato do qual não caiba recurso hierárquico. § 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do disposto nas alíneas “b” e “c” do inciso I do caput deste artigo, serão observadas as seguintes disposições: I - a intenção de recorrer deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de preclusão, e o prazo para apresentação das razões recursais previsto no inciso I do caput deste artigo será iniciado na data de intimação ou de lavratura da ata de habilitação ou inabilitação ou, na hipótese de adoção da inversão de fases prevista no § 1º do art. 17 desta Lei, da ata de julgamento; II - a apreciação dar-se-á em fase única. § 2º O recurso de que trata o inciso I do caput deste artigo será dirigido à autoridade que tiver editado o ato ou proferido a decisão recorrida, que, se não reconsiderar o ato ou a decisão no prazo de 3 (três) dias úteis, encaminhará o recurso com a sua motivação à autoridade superior, a qual deverá proferir sua decisão no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, contado do recebimento dos autos. § 3º O acolhimento do recurso implicará invalidação apenas de ato insuscetível de aproveitamento. § 4º O prazo para apresentação de contrarrazões será o mesmo do recurso e terá início na data de intimação pessoal ou de divulgação da interposição do recurso. § 5º Será assegurado ao licitante vista dos elementos indispensáveis à defesa de seus interesses. Da leitura deste artigo, conclui-se que a parte deve manifestar imediatamente o seu desejo de recorrer e o prazo para apresentar as razões do recurso é de três dias úteis. Ademais, a autoridade superior terá dez dias úteis para decidir. Cumpre destacar que o recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou decisão recorrida, até que se sobrevenha decisão final da autoridade competente, conforme dispõe o art. 168 da NLL. A autoridade competente será auxiliada pelo órgão de assessoramento jurídico, como as procuradorias, para decidir os supracitados recursos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art17%C2%A71 Vídeo complementar: https://www.youtube.com/watch?v=6XV9xbLhzrI Referências consultadas: ALMEIDA, Herbert. Nova lei de licitações e contratos esquematizada. 2021. Disponível em: https://gratis.estrategiaconcursos.com.br/nova-lei-de-licitacoes-e-contratos/ BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm BRASIL. Lei 8.666/1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm BRASIL. Nova lei de licitações - 14.133/2021. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm BRASIL. Lei do pregão - 10.520/2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 9. ed. Salvador: Juspodium, 2021. FIGUEIREDO, Alexandre; BASTOS, Renato. Nova lei de licitações e contratos administrativos. 2021. Disponível em: http://www.figueiredobastos.com.br/wp-content/uploads/2021/05/Ebook-LeiLicitacoes-V.fina l_.pdf CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33 ed. São Paulo: Atlas, 2019. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. https://www.youtube.com/watch?v=6XV9xbLhzrI http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm UNIDADE IV: DISPOSIÇÕES GERAIS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO. OBJETO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. CLÁUSULAS GERAIS E EXORBITANTES.
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