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Licitações e Contratos Administrativos

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Licitações e
Contratos Administrativos
Professora conteudista: Natascha Alexandrino
E-mail: Natascha.gomes@ifro.edu.br
Redes sociais: profnatascha.alexandrino
Porto Velho
2021
mailto:Natascha.gomes@ifro.edu.br
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Prezado(a) estudante, seja muito bem-vindo(a) à disciplina Licitações e Contratos
Administrativos. Aqui, vamos introduzir o tema, apresentar os conceitos, autores e teorias
sobre o processo licitatório.
Organizamos o material em seis unidades Temáticas: Unidade 1: Teoria da licitação.
Princípios da licitação. Dispensa e inexigibilidade da licitação. Unidade 2: Modalidades de
licitação. Limites e tipos de licitação. Pregão presencial e pregão eletrônico. Sistema de
Registro de Preços. Dispensa e inexigibilidade de licitação. Unidade 3: Estrutura do processo
licitatório. Recursos administrativos. Unidade 4: Disposições gerais do
contrato administrativo. Objeto e características gerais dos contratos administrativos.
Cláusulas gerais e exorbitantes. Execução e subcontratação. Unidade 5: Prazo e
prorrogação. Extinção do contrato. Teoria da imprevisão. Unidade 6: Contratos em espécie:
contratos de obra pública, de serviço, de fornecimento, de concessão de obra pública e
contrato de gestão. Convênios administrativos.
Desejo a você bons estudos!
Professora Natascha Alexandrino
UNIDADE I – TEORIA DA LICITAÇÃO E PRINCÍPIOS
LICITATÓRIOS
Prezado(a) estudante, 
Nesta unidade temática, vamos relembrar alguns conceitos importantes de direito
administrativo, ramo jurídico onde estão inseridas as normas sobre licitações e contratos, a
fim de abordar os principais aspectos dessa área e, assim, estabelecer uma relação com a área
da gestão pública. O propósito é que, ao final desta unidade, você consiga:
● Conhecer os conceitos básicos de direito administrativo;
● Compreender alguns dos principais princípios de direito administrativo, especialmente de
licitações e contratos;
● Identificar esses princípios; 
● Diferenciar a aplicação dos princípios específicos do processo administrativo dos demais.
Bons estudos!
1.1 Introdução
O objeto do nosso estudo – licitações e contratos – encontra-se inserido na disciplina
direito administrativo, que é um ramo autônomo do direito (assim como o direito
constitucional, civil, penal etc.), e visa orientar as relações envolvendo o Estado e os
administrados.
De acordo com o professor José dos Santos Carvalho Filho (2019, p. 8), o direito
administrativo é “(...) o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse
público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as
coletividades a quem deve servir”. Por exemplo, é o direito administrativo que vai regular as
relações entre a administração pública direta e as pessoas da respectiva administração pública
indireta, bem como as relações entre o Estado e os particulares participantes de uma licitação.
Em relação ao objeto do nosso estudo, você sabia que há uma recém-aprovada nova
Lei de Licitações e Contratos Administrativos? E é nela que vamos pautar o nosso estudo!
Portanto, onde encontrar essa matéria na legislação?
Lei 8.666/1993;
Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão);
Lei 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratações);
IMPORTANTE – nova Lei de Licitações e Contratos: Lei 14.133/2021, doravante
NLL.
Vamos pautar nosso material na recém-aprovada Lei de Licitações: Lei 14.133/2021, que
entrou em vigor em 01/04/2021.
Porém, atenção: as leis antigas (Lei 8.666/1993; Lei do Pregão – Lei 10.520/2002; e o Regime
Diferenciado de Contratações –Lei 12.462/2011) só serão revogadas após dois anos da data de
publicação da nova Lei de Licitações, conforme dispõe o art. 193, II, da NLL.
Durante esse período, a administração pública poderá optar pela lei nova ou pelas antigas.
Todavia, é vedada a aplicação combinada de leis.
Além disso, vamos relembrar alguns conceitos?
Fonte: http://srtasieiro.blogspot.com/2013/06/estado-governo-e-administracao.html
1.2 Teoria da licitação
O fundamento constitucional da licitação está no inciso XXI do art. 37 da CF/1988,
vejamos: “Ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes (...)”. Aqui, verifica-se que o processo licitatório visa
proporcionar igualdade de chances aos licitantes, buscando a proposta mais vantajosa à
administração pública.
● Relembrando: você sabe o que é o Estado? O Estado é abstração criada pela sociedade
para atingir um bem comum. Ele é uma pessoa jurídica de direito privado interno. O
Estado possui os seguintes elementos: território, povo, soberania e uma finalidade, o
bem comum. Assim, podemos dizer que, no mundo, há vários Estados; por exemplo,
Estado brasileiro, Estado boliviano, o Estado francês etc.
● Você sabe quem são os administrados? Somos todos nós, que vivemos sob a soberania
de um Estado, no nosso caso, do Estado brasileiro.
Segundo o professor Matheus Carvalho (2021, p. 563), “A licitação é um
procedimento administrativo prévio às contratações públicas, realizado em uma série
concatenada de atos, legalmente distribuídos, culminando com a celebração do contrato”.
O conceito de licitações, segundo o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (2009, p.
150), é:
Ao contrário dos particulares, que dispõem de ampla liberdade quando
pretendem adquirir, alienar, locar bens, contratar a execução de obras ou
serviços, o Poder Público, para fazê-lo, necessita adorar um procedimento
preliminar rigorosamente determinado e preestabelecido na conformidade da
lei. Tal procedimento denomina-se licitação.
Isso ocorre porque a administração pública apenas está autorizada a fazer o que é
permitido por lei. Nesse sentido, o princípio da legalidade, na esfera da gestão pública, incide
de forma diversa da do âmbito privado, o que será estudado mais adiante.
LICITAÇÕES E CONTRATOS? Fique por dentro:
A licitação é um processo administrativo – e não judicial. É um processo eletrônico (em
regra), público, transmitido pela internet.
É um processo administrativo que a administração pública deve fazer antes de adquirir
bens, serviços e obras públicas, em regra. Exceções: contratações diretas, por exemplo.
E quem deve licitar? A resposta encontra-se já no artigo 1º da nova Lei de
Licitações (Lei 14.133/2021):
I - os órgãos dos poderes legislativo e judiciário da União, dos estados e do
Distrito Federal e os órgãos do poder legislativo dos municípios, quando no
desempenho de função administrativa;
II - os fundos especiais e as demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela administração pública.
§ 1º Não são abrangidas por esta Lei as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303, de 30 de
junho de 2016, ressalvado o disposto no art. 178 desta Lei.
Será objeto de licitação, ou seja, deveremos licitar nos seguintes casos (conforme art.
2º da NLL):
o Alienação e concessão de direito real de uso de bens;
o Compra, inclusive por encomenda;
o Locação (popularmente conhecida como “aluguel”);
o Realização de obras e serviços de arquitetura e engenharia;
o Concessão e permissão do uso de bens públicos;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13303.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13303.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art178
o Prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados;
o Contratações de tecnologia da informação e de comunicação.
Há hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitações, que veremos mais adiante.
Mas você pode estar se perguntando: por que a administração pública precisa se
submeter a um processo licitatório? Vamos elencar os principais objetivos da licitação:
✔ Celebrar o negócio mais vantajoso para o poder público;
✔ Assegurar ao administrado a oportunidade de concorrer,em igualdade de
condições, com os demais interessados (isonomia);
✔ Evitar o superfaturamento na contratação de serviços e obras públicas;
✔ Incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.
Cumpre esclarecer algumas questões de nomenclatura jurídica: sabe-se que o sujeito
que trabalha para a administração pública é popularmente conhecido como servidor público.
Todavia, para a doutrina administrativa mais moderna, o servidor público é denominado
agente público. O agente público é o elemento físico da administração pública, que executa
função pública, e é por meio deste que se projeta a vontade do Estado.
Segundo Matheus Carvalho (2021), destaca-se que a legislação anterior exigia a
formação de uma comissão de licitação; contudo, a nova Lei de Licitações diz ser suficiente a
designação de um agente de contratação. Tanto é assim que a NLL (Lei 14.333/2021) prevê
que o agente público vai promover a execução da licitação:
Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou a quem as
normas de organização administrativa indicarem, promover gestão por
competências e designar agentes públicos para o desempenho das funções
essenciais à execução desta Lei que preencham os seguintes requisitos:
I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público dos
quadros permanentes da administração pública;
II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou possuam
formação compatível ou qualificação atestada por certificação profissional
emitida por escola de governo criada e mantida pelo poder público;
III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados
habituais da administração nem tenham com eles vínculo de parentesco,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica,
comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil. (BRASIL, 2021).
Desse modo, verifica-se que o agente de contratação vai conduzir toda a licitação.
Segundo a referida lei, ele deve ser, preferencialmente, um servidor efetivo, ou empregado
público do quadro permanente da administração (e não um servidor contratado). De
preferência, ele deve possuir atribuições afins a esse tema, ou formação para tanto.
Importante: a nova Lei de Licitações trouxe inúmeras inovações. Uma das mais
importantes é a criação de um site, o Portal Nacional de Contratações Públicas (art.174,
NLL). O PNCP é uma das principais inovações, uma verdadeira mudança de paradigma, do
papel para o digital.
1.3 Princípios das licitações e contratos
Caro(a) aluno(a), você sabia que é muito importante, em diversos ramos jurídicos
(constitucional, civil, penal etc.), estudar os princípios de determinada disciplina?
O direito administrativo possui inúmeros princípios, sendo os mais famosos e
elementares aqueles que compõem o “LIMPE”. As licitações e contratos incorporaram o
LIMPE aos seus princípios e também possuem princípios próprios, que serão a seguir
abordados.
Esses princípios são as diretrizes que vão guiar o modo de agir do Estado. Nesse
sentido, podemos citar alguns dos principais princípios do direito administrativo e, também,
de licitações e contratos, quais sejam: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
eficiência – ou seja, o LIMPE (conforme dispõe o art. 37, caput, CF/1988, que transcrevo):
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...)
Fonte: #AGUexplica
Segundo o art. 5º da nova Lei de Licitações, são princípios de licitações e contratos
(BRASIL, 2021):
Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios da legalidade,
da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência, do
interesse público, da probidade administrativa, da igualdade, do
planejamento, da transparência, da eficácia, da segregação de funções,
da motivação, da vinculação ao edital, do julgamento objetivo, da
segurança jurídica, da razoabilidade, da competitividade, da
proporcionalidade, da celeridade, da economicidade e do
desenvolvimento nacional sustentável, assim como as disposições
do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del4657.htm
Da leitura do artigo de lei acima, extrai-se que o “LIMPE” compõe os princípios
específicos para as licitações e contratos, além de outros. Agora, vamos estudar cada um dos
princípios que integram o LIMPE e estão previstos na nossa Constituição Federal.
Vamos estudar os princípios que compõem o “LIMPE” e devem ser aplicados nas
licitações?
De acordo com o princípio da legalidade, toda e qualquer atividade administrativa
deve ser autorizada por lei e, se não for, trata-se de uma conduta ilícita.
Você, futuro(a) gestor(a) público(a), consegue entender tal diferença entre o
princípio da legalidade no âmbito público e privado? Para o jurista Hely Lopes Meireles
(2005), enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o
administrador público só pode atuar onde a lei autoriza.
Já o princípio da impessoalidade diz que a administração pública não pode ter em
mira este ou aquele indivíduo de forma especial. Para o administrativista Carvalho Filho
(2019), impessoal é o que não pertence a uma pessoa em especial.
Uma aplicação prática do princípio da impessoalidade: em caso de responsabilidade
civil do Estado, devemos processar o Estado, e não o agente público. Por exemplo: Caio foi
atropelado por uma ambulância do município, dirigida por Tício, motorista da prefeitura. Caio
sofreu graves danos físicos e morais e, agora, procura um advogado para tomar as
providências cabíveis no judiciário. Segundo o princípio da impessoalidade, a ação
indenizatória deve ser proposta contra o município, e não contra Tício, motorista da prefeitura
(e servidor público). Se for o caso, depois, o poder público ingressará com uma ação de
regresso contra o servidor.
Fonte: #AGUexplica
O princípio da moralidade determina que o administrador aja de forma honesta, com
probidade. Você, futuro(a) gestor(a) público(a), deve pautar a sua conduta sempre em
consonância com esse princípio constitucional.
Caso haja desrespeito aos princípios do LIMPE, caberá uma ação judicial por
improbidade administrativa. Importante destacar também a existência da Lei de Improbidade
Administrativa (LIA) 8.429/1992, que vai tratar dos atos de improbidade que gerem prejuízo
ao erário, enriquecimento ilícito e violação dos princípios da administração pública, ou seja,
violação ao art. 37 CF/1988. Portanto, conclui-se que violar o art. 37, caput, da CF/1988, ou
seja, violar o LIMPE, é um ato de improbidade administrativa, punido com sanções legais
como perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por um prazo variável, a
depender da gravidade do ato, multa etc.
Importante destacar que a Lei 8.429/1992 independe de sanções penais, civis ou
administrativas. Nesse sentido, uma única conduta de um agente público pode ser punida em
três esferas distintas.
Por exemplo: vamos imaginar que o “agente público X” cometeu um ato de corrupção
que lhe gerou um enriquecimento ilícito. Essa conduta do “agente público X” pode gerar três
processos distintos em que ele será réu/requerido: a) um processo administrativo (PAD); b)
uma ação civil pública (que tramita na justiça, na vara cível), por improbidade administrativa;
c) e uma ação penal pelo crime de corrupção (que tramita na justiça, na vara criminal).
Fonte: CNJ.
Já o princípio da publicidade significa que os atos da administração pública devem ter
a mais ampla divulgação possível entre os administrados. Tanto é assim que podemos citar a
Lei de Acesso à informação (LAI) 12.527/2011 e os sites da transparência, onde encontramos,
por exemplo, a remuneração dosservidores.
A publicidade, então, é a regra; as exceções ocorrem, por exemplo, nos casos que
envolvem segredo de justiça, ou que justifiquem o sigilo; porém, reforço que tais situações
devem ser excepcionais. Exemplos de segredo de justiça: ações que envolvam direito de
família, que envolvam menores, crimes de estupro etc. – são a exceção no nosso ordenamento
jurídico, a regra é a publicidade.
Há previsão específica do princípio da publicidade na NLL (BRASIL, 2021): “Art. 13.
Os atos praticados no processo licitatório são públicos, ressalvadas as hipóteses de
informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma
da lei.”
Por derradeiro, o princípio da eficiência foi inserido com a Emenda Constitucional nº
19/1998 e diz respeito à qualidade do serviço prestado pelo Estado. Deve-se ressaltar que a
demasiada burocracia é um inegável entrave para a eficiência da administração pública, razão
pela qual se editou a recente Lei da Desburocratização 13.726/2018.
1.3.1 Princípios específicos de licitações e contratos: art. 5º da Lei 14.133/2021
No tópico anterior, nós já vimos o que é o LIMPE. Outros importantes princípios são o
da supremacia do interesse público e o da indisponibilidade do interesse público. Nesse
sentido, as atividades estatais devem ser voltadas para o interesse público; caso ele não esteja
presente em uma conduta do Estado, ocorrerá um vício: o desvio de finalidade, e o ato pode
ser anulado.
Ocorrendo um conflito entre o interesse público e o interesse privado, aquele deverá
prevalecer. Alguns exemplos de supremacia do interesse público são a desapropriação – em
que o Estado suplanta o direito do proprietário – e o chamado poder de polícia – quando há
restrições a direitos dos particulares. Além disso, as cláusulas exorbitantes nos contratos
administrativos são outro exemplo da aplicação da supremacia e da indisponibilidade do
interesse público, que serão vistas mais à frente.
Atenção ao parágrafo único do art. 11 da NLL (BRASIL, 2021), que trata da
governança nas licitações:
A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança das
contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão
de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os
processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os
objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro
e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento
estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e
eficácia em suas contratações.
A governança das contratações é uma inovação legal que deve ser observada, por ser
relevante para a probidade do processo licitatório. Nesse sentido, há a necessidade de se
assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias.
Há outros princípios específicos das licitações e contratos. Vamos estudá-los?
✔ Vinculação ao edital: é a vinculação ao instrumento convocatório. As regras
traçadas no procedimento licitatório devem ser fielmente observadas por todos,
com o objetivo de não burlar o procedimento licitatório (CARVALHO FILHO,
2019). O edital é a “lei interna” da licitação. Mas atenção: essa assertiva deve
ser interpretada com cautela, pois o edital não é lei, tecnicamente, mas sim um
ato administrativo (CARVALHO, 2021).
✔ Segregação de funções: é indispensável para a atuação do Estado que, durante
uma licitação, seja vedada a cumulação de atribuições pelos agentes públicos.
✔ Princípio do planejamento: novidade trazida pela nova Lei de Licitações.
Deve-se acrescentar uma fase preparatória, que é um planejamento nas
licitações (BRASIL, 2021):
Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada pelo
planejamento e deve compatibilizar-se com o plano de contratações anual de
que trata o inciso VII do caput do art. 12 desta Lei, sempre que elaborado, e
com as leis orçamentárias, bem como abordar todas as considerações
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art12vii
técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação,
compreendidos: (...)
✔ Julgamento objetivo: os critérios de julgamento de uma proposta têm que ser
objetivos, a fim de evitar o arbítrio do administrador público.
✔ Competitividade: de acordo com Carvalho Filho (2019), a administração não
deve criar embaraços a uma competição efetiva, pois somente dessa forma se
pode atingir a proposta mais vantajosa para o poder público.
Agora que já vimos os princípios de licitações e contratos, podemos avançar no tema!
Vamos rumo à unidade 2.
Para saber mais sobre a nova Lei de Licitações:
https://justen.com.br/pdfs/170/MJF-Vigencia%20da-Lei-14133.pdf
Referências consultadas:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
BRASIL. Lei de acesso à informação. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
BRASIL. Lei de improbidade administrativa. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
BRASIL. Lei da desburocratização. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Lei/L13726.htm
https://justen.com.br/pdfs/170/MJF-Vigencia%20da-Lei-14133.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Lei/L13726.htm
BRASIL. Lei 8.666/1993. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
BRASIL. Nova lei de licitações - 14.133/2021. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
BRASIL. Lei do pregão - 10.520/2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm
BRASIL. Lei das microempresas e empresas de pequeno porte - Lei complementar
123/2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
BRASIL. Decreto de registro de preços (DRP) - 7.892/2013. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm
BRASIL. Decreto pregão - 10.024/2019 Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm
CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 9. ed. Salvador: Juspodium,
2021.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo:
Malheiros, 2009.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm
UNIDADE II - MODALIDADES DE LICITAÇÃO. TIPOS DE
LICITAÇÃO. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS.
DISPENSA E INEXIGIBILIDADE
Prezado(a) estudante,
Vimos na unidade 1 os princípios do processo licitatório. Na unidade 2, vamos abordar
as modalidades de licitação, à luz da nova Lei 14.133/2021. Além disso, vamos abordar os
limites e os tipos de licitação, ou seja, os critérios de julgamento de um certame. Por
derradeiro, vamos estudar o sistema de registro de preços.
Ao final desta unidade, o propósito é que você consiga:
● Conhecer as modalidades licitatórias;
● Aprofundar-se nas novidades trazidas pela nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021);
● Identificar e compreender os tipos de licitação;
● Compreender o sistema de registro de preços.
2 Modalidades licitatórias
Na unidade 1, aprendemos que devem licitar:
Poder executivo;
Poder legislativo;
Poder judiciário;
Ministério Público;
Tribunais de Contas;
Defensoria Pública;
Órgãos da administração pública direta;
Autarquias, fundações públicas, associações públicas;
Consórciospúblicos.
E quem não precisa licitar?
Empresas privadas;
Concessionários de serviço público;
Permissionários de serviço público;
Organizações sociais (OS) e organizações da sociedade civil de interesse público
(OSCIPs) – são as organizações não governamentais (ONGs), exceto para
contratações com utilização direta de verbas provenientes de repasses voluntários
da União)
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Lembrando que as empresas públicas e sociedades de economia mista possuem uma lei
própria, que irá regular suas normas sobre licitações e contratos (Lei nº 13.303/2016), sendo
que a Lei 14.133/2021 se aplica a elas apenas de forma subsidiária (CARVALHO FILHO,
2019).
Esclarecidos esses pontos, passemos para a análise das modalidades licitatórias, à luz da
nova Lei de Licitações.
2.1 Modalidades licitatórias
Em relação às modalidades licitatórias, a nova Lei de Licitações extinguiu duas
modalidades licitatórias, que eram previstas na antiga (Lei 8.666/1993). Com a nova lei,
foram extintas as modalidades convite e tomada de preços.
Portanto, segundo o art. 28 da NLL, são modalidades licitatórias: pregão,
concorrência, concurso, leilão e a nova modalidade, diálogo competitivo. Ainda segundo o
parágrafo 2º do art. 28, é vedada a criação de outras modalidades de licitação e a combinação
delas (BRASIL, 2021). Há, ainda, procedimentos auxiliares, previstos no art. 78 da NLL, que
serão vistos adiante.
Vamos estudar as modalidades?
A) NOVA MODALIDADE LICITATÓRIA - ART. 32, LEI 14.133/2021: DIÁLOGO
COMPETITIVO
A modalidade diálogo competitivo é uma inovação da NLL; porém, ela chegou
trazendo polêmicas – que vamos analisar.
Segundo Carvalho (2021, p. 582): “(...) a Administração Pública realiza diálogo com
licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver
uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades (...)”.
De acordo com o art. 6º, XLII, da Lei 14.133/2021, o diálogo competitivo é a
modalidade de licitação para contratos mais complexos, devendo haver um diálogo prévio
entre as partes, vejamos:
Diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação de obras,
serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com
licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o
intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas
necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos (BRASIL, 2021).
O cabimento do diálogo competitivo se dá em procedimentos mais complexos, como
na concessão de serviço público, parceria público-privada.
A incidência dessa modalidade ocorre quando a administração pública sabe de sua
necessidade, mas não sabe muito bem como supri-la. Diante disso, o particular vai apresentar
à administração soluções sobre as quais ela normalmente não teria conhecimento.
O procedimento do diálogo competitivo se divide em duas fases:
1ª fase: há o diálogo dos particulares com a administração: instauração de uma
comissão (três servidores efetivos, ou empregados públicos; também poderão ser contratados
profissionais da área técnica para auxiliar a comissão – assessoramento). Há publicação de um
edital, com requisitos objetivos, apresentando as necessidades da administração – prazo de 25
dias úteis para manifestar interesse em participar da licitação. Aqui, a administração vai
começar a interagir com os particulares. Todas as reuniões deverão ser registradas e gravadas.
2ª fase: fase competitiva; novo edital, contendo a especificação da solução que atenda
às suas necessidades e os critérios objetivos a serem utilizados para a seleção da proposta
mais vantajosa (VII, parágrafo 1º, art. 32 da nova LL). Abrir um prazo não inferior a 60 dias
úteis para todos os licitantes pré-selecionados – procedimento semelhante à modalidade
concorrência.
Atenção: o presidente da República vetou o inciso XII, parágrafo 1º do art.32 da nova
Lei de Licitações, que tratava da ingerência do Tribunal de Contas da União (TCU) em todas
as etapas do diálogo competitivo.
Carvalho (2021) destaca que o diálogo da administração pública com os particulares é
algo bastante salutar e que já é uma realidade no direito administrativo mais moderno, de
modo que soluções e tecnologias de ponta podem, finalmente, chegar à administração.
B) PREGÃO
Previsto no art. 6º, XLI da Lei 14.133/2021, o pregão é a modalidade licitatória
obrigatória para a aquisição de bens e serviços comuns, e os critérios de julgamento
podem ser: menor preço ou maior desconto (BRASIL, 2021).
Aqui, não há comissão licitante, pois o responsável por realizar o pregão é o pregoeiro,
que será um servidor designado para essa função. O critério de julgamento no pregão será
menor preço ou maior desconto.
As fases do pregão estão previstas no art. 17 da NLL: preparatória, divulgação do
edital da licitação, apresentação das propostas e dos lances, julgamento, habilitação, recursal e
homologação. Se o edital previr, pode-se inverter as fases, colocando a habilitação antes da
apresentação de propostas, lances e do julgamento. Ainda há a previsão legal de que ele seja,
preferencialmente, na forma eletrônica.
Segundo o professor Matheus Carvalho (2021), o pregão surgiu para garantir maior
agilidade nas contratações públicas, bem como reduzir os gastos estatais. Com a edição da
nova Lei de Licitações, contudo, a sistemática do pregão foi totalmente modificada, pois não
há mais diferença legal entre os procedimentos do pregão e da concorrência. Em suma, o
pregão admite lances verbais, visando a uma contratação de menor custo, observados os
requisitos mínimos de qualidade.
De acordo com o art. 29, parágrafo único da NLL, o pregão não se aplica às
contratações de serviços técnicos especializados de natureza predominantemente
intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto se for serviço comum de engenharia
(todo serviço de engenharia que tem por objeto ações, objetivamente padronizáveis em termos
de desempenho e qualidade, de manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis e
imóveis, com preservação das características originais dos bens).
Destaca-se que a realização do pregão, de acordo com a nova Lei de Licitações,
precisa aguardar a operacionalização do Portal Nacional das Contratações Públicas.
Para auxiliar o pregão, há o sistema de registro de preços, que é um conjunto de
procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades
pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a
obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras, conforme art.6º, XLV da Lei
14.1333/2021 (BRASIL, 2021). Vamos estudar, mais adiante, o sistema de registro de preços.
C) CONCORRÊNCIA
A modalidade concorrência é a licitação para contratação de bens e serviços especiais e
de obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério de julgamento pode ser:
menor preço, melhor técnica, melhor conteúdo artístico, técnica e preço e maior retorno
econômico, maior desconto, nos termos do art. 6º, XXXVIII da NLL.
Muita atenção: a lei antiga (Lei 8.666/1993) tratava da modalidade concorrência
para licitações de valores mais altos; entretanto, a NLL (Lei 14.133/2021) não faz
distinção entre as modalidades licitatórias em razão do valor (CARVALHO, 2021).
Ainda segundo Carvalho (2021), no caso dos contratos de concessão de serviço público
e nas famosas parcerias público-privadas, as modalidades licitatórias cabíveis são
concorrência e diálogo competitivo.
As fases da concorrência estão previstas no art. 17 da NLL, e são elas: preparatória,
divulgação do edital da licitação, apresentação das propostas e dos lances, julgamento,
habilitação, recursal, homologação. Se o edital previr, pode-se inverter as fases, colocando a
habilitação antes da apresentação das propostas, lances e do julgamento. Ainda há a previsão
legal de que ela seja, preferencialmente,na forma eletrônica.
Atenção: no caso de concessão de serviço público e de parceria público-privada, as
famosas PPPs, adotar, necessariamente, concorrência ou diálogo competitivo.
D) LEILÃO
O leilão é uma importante – e conhecida – modalidade licitatória. De acordo com o
art.6º, XL da NLL, o leilão visa à alienação de bens imóveis, ou bens móveis inservíveis, ou
legalmente apreendidos. O critério de julgamento é o maior lance.
Um exemplo de leilão: bens móveis apreendidos, com uma origem ilícita, fruto de
contrabando ou descaminho. Tais bens vão a leilão – modalidade licitatória.
Destaca-se que não devemos confundir o leilão administrativo da hasta pública – ou
seja, quando os bens são penhorados por determinação judicial – com execuções pela fazenda
pública, com regulamentação no Código de Processo Civil (CARVALHO, 2021).
O leilão pode ser realizado por leiloeiro oficial ou servidor designado para tanto. A
administração pública vai selecionar o leiloeiro, por meio de credenciamento ou de licitação
(art. 31 da NLL).
O leilão será precedido de um edital, em um site. No edital, devem constar: a descrição
do bem, o valor de avaliação do bem, seu preço mínimo, a comissão do leiloeiro (se for o
caso), a indicação do lugar dos móveis, as informações sobre o site, a data e o local do leilão;
o edital também deve especificar se há eventuais ônus, gravames ou pendências nos bens a
serem leiloados. Deve-se ampliar a publicidade do leilão, tudo nos termos do art. 31 da NLL.
Conforme §4º, art. 31 da NLL, o leilão não exigirá registro cadastral prévio, não há fase
de habilitação. Ele deve ser homologado assim que concluída a fase de lances, após a fase
recursal e efetivado o pagamento pelo licitante.
E) CONCURSO
O concurso é uma modalidade licitatória que nada tem a ver com os amplamente
conhecidos “concursos públicos”. De acordo com a NLL, a modalidade concurso visa à
escolha de trabalho técnico, artístico ou científico, cujo critério de julgamento será sempre
melhor técnica ou conteúdo artístico, concedendo um prêmio ou uma remuneração ao
vencedor (BRASIL, 2021).
Para Carvalho (2021, p. 580), “O concurso demonstra o interesse da Administração em
selecionar trabalhos técnicos, científicos ou artísticos com certas capacidades personalíssimas
para incentivar o desenvolvimento cultural.” Há prémios ou remuneração dos vencedores.
De acordo com o art. 30 da NLL, essa modalidade licitatória observará as regras e
condições previstas no edital. No edital deverá constar a qualificação exigida aos
participantes, as diretrizes para a apresentação do trabalho e as condições de realização, bem
como o prêmio/remuneração que será concedido ao final, ao vencedor. Um exemplo clássico
de uso da modalidade licitatória concurso é quando a administração pública necessita de um
projeto inovador. Exemplo: concursos de monografias (TCC), concurso para projeto
arquitetônico para a revitalização de um parque.
F) LICITAÇÃO PARA REGISTRO DE PREÇOS
O sistema de registro de preços foi previsto desde a Lei 8.666/1993. É uma espécie de
banco de dados, constituído a partir de uma licitação, selecionando particulares e propostas
para serem contratados se e quando necessário. Deste modo, mesmo que realizado o registro
de preços, não é certo que o poder público vai celebrar o contrato administrativo.
De acordo com o art.6º, XLV da Lei 14.1333/2021, o sistema de registro de preços é o
“(...) conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas
modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de
serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras” (BRASIL, 2021).
Explicando a licitação para registro de preços, assevera o administrativista Matheus
Carvalho (2021, p. 583): “Em algumas situações, o poder público não licita com a finalidade
imediata de contratação, mas tão somente para registrar os preços, para o caso de eventual
contratação posterior.” Por exemplo, quando o bem ou o serviço é adquirido com muita
frequência. É uma hipótese diferente das demais, pois o registro de preços não obriga a
administração a contratar.
O sistema de registro de preços é, também, um procedimento auxiliar da licitação,
previsto no art. 78, IV, e tratado nos artigos 82 a 86 da NLL. A nova Lei de Licitações ainda
diz que “A existência de preços registrados implicará compromisso de fornecimento nas
condições estabelecidas, mas não obrigará a Administração a contratar, facultada a
realização de licitação específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente
motivada.” (BRASIL, 2021).
Do sistema de registro de preços, surgiu a polêmica “licitação carona”. O jurista Marçal
Justen Filho faz duras críticas às “licitações carona”, e o próprio Tribunal de Contas da União
(TCU) já questionou sua constitucionalidade, diante dos desvios de dinheiro público que
ocorreram com a aplicação desse sistema.
Em suma, a licitação carona encontrava-se prevista no art. 22 do Decreto do Registro de
Preços – 7.892/2013 –, e ela ocorre quando algum órgão não participante de uma licitação
pede a sua adesão à ata de registro de preços. Os requisitos para tanto são: validade da ata de
registro de preço (esta possui validade de um ano, conforme art.12 do DRP); a empresa tem
que concordar e o órgão licitante também. Todavia, segundo o professor Marçal, nas licitações
carona, ocorriam inúmeros desvios de verba pública.
Entende-se que a NLL restringe essas licitações carona, pois, com a obrigatoriedade do
planejamento, cada entidade administrativa precisa saber o que vai contratar, devendo
contratar o que planejou, prevendo, antes de tudo, a sua necessidade. Assim, a administração
pública precisa participar do sistema de registro de preços, conforme o procedimento da nova
lei, o que impediria a prática da carona.
Destaca-se que esse assunto, à luz da NLL, é bastante novo e teremos de ficar atentos a
como tudo vai ocorrer, na prática.
2.2 Dispensa e inexigibilidade da licitação
A Lei 14.133/2021 prevê hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação.
Cumpre esclarecer que, em ambos os casos, é necessária a abertura de um processo para a
contratação direta, nos termos do art. 72 da NLL:
O processo de contratação direta, que compreende os casos de
inexigibilidade e de dispensa de licitação, deverá ser instruído com os
seguintes documentos:
I - documento de formalização de demanda e, se for o caso, estudo técnico
preliminar, análise de riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto
executivo;
II - estimativa de despesa, que deverá ser calculada na forma estabelecida
no art. 23 desta Lei;
III - parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso, que demonstrem o
atendimento dos requisitos exigidos;
IV - demonstração da compatibilidade da previsão de recursos orçamentários
com o compromisso a ser assumido;
V - comprovação de que o contratado preenche os requisitos de habilitação e
qualificação mínima necessária;
VI - razão da escolha do contratado;
VII - justificativa de preço;
VIII - autorização da autoridade competente.
Parágrafo único. O ato que autoriza a contratação direta ou o extrato
decorrente do contrato deverá ser divulgado e mantido à disposição do
público em sítio eletrônico oficial. (BRASIL, 2021).
Desse modo, infere-se que o(a) gestor(a) público(a) não pode simplesmente
adquirir o bem ou serviço, de forma direta e sem critério algum. Percebam, a nova Lei
de Licitações explica todo o procedimento para a contratação direta.
Caso haja contratação direta com dolo, fraude ou erro grosseiro, tanto o contratado,
quando o agente público responsável pelo feito responderão solidariamente pelo dano ao
erário, sem prejuízo de eventual responsabilização administrativa e criminal (conforme art. 73
da NLL).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art23
Importante: destaca-se que a diferença entre inexigibilidade e dispensa de licitação é
que, naquela, a competiçãoé inviável, enquanto nesta, embora seja viável, a lei permite a
contratação direta.
Vamos agora estudar as duas hipóteses legais de contratação direta!
A) INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO
A Lei 14.133/2021 trata das hipóteses de inexigibilidade de licitação em seu art. 74.
Basicamente, é inexigível a licitação quando for inviável a competição (art. 74, caput,
NLL), em especial nos casos de:
✔ I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou contratação de
serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivos (atenção: a administração pública tem de comprovar a
exclusividade, sendo vedada a preferência por uma marca específica);
✔ II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de
empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública;
✔ III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação:
o a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou projetos
executivos;
o b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
o c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou
tributárias;
o d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;
o e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;
o f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
o g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
o h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e ensaios de
campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento de parâmetros
específicos de obras e do meio ambiente e demais serviços de engenharia
que se enquadrem no disposto neste inciso (novidade da Lei
14.133/2021);
Comentário da professora: a notória especialização também deve ser amplamente
reconhecida, com, por exemplo, publicações, mostras do desempenho anterior do profissional,
estudos, experiência etc., de modo a inferir que seu trabalho é essencial à plena satisfação do
objeto do contrato, nos termos do § 3º desse artigo.
✔ IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de credenciamento
(novidade da Lei 14.133/2021);
✔ V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de
localização tornem necessária sua escolha.
Comentário da professora: o inciso V, na legislação anterior (Lei 8.666/1993), era
uma hipótese de dispensa de licitação. Ademais, segundo o § 5º do artigo 74 da NLL, nesse
caso, devemos realizar uma avaliação prévia do bem, certificação de que não há imóveis
públicos vagos e disponíveis para atender o objeto, justificação da singularidade do bem a ser
comprado ou locado pela administração pública.
Em suma, quanto à inexigibilidade de licitações, assevera o professor ALMEIDA
(2021, p. 124):
A inexigibilidade ocorre quando há inviabilidade de competição, ou seja, não
é possível realizar um procedimento competitivo em virtude das condições
da situação (por exemplo: se houver apenas um fornecedor). A relação de
situações de licitação inexigível é exemplificativa, isto é, nem todos os casos
constam expressamente no art. 74 da Lei de Licitações. Por isso que a lei
utiliza a expressão “em especial nos casos de”, dando um sentido de mera
exemplificação. A Lei 14.133/2021 trouxe a previsão de dois novos casos,
em relação à legislação anterior: (i) credenciamento; (ii) compra ou locação
de imóvel em virtude das características e da localização. O credenciamento
já era considerado um caso de inexigibilidade, mesmo na legislação anterior,
mas sem previsão (até então) expressa. A compra ou locação de imóvel, em
virtude das características e da localização era classificada como hipótese de
licitação dispensável. Logo, houve uma mudança quanto à natureza da
contratação direta. Fique atento!
Assim, infere-se que a inexigibilidade ocorre quando não for viável a competição.
Ainda, a lei prevê as hipóteses de inexigibilidade de forma exemplificativa, pois podem surgir
outros casos, na vida prática. As novidades da NLL, nesse tópico, foram credenciamento e
compra ou locação de bens. Agora, vamos analisar os casos de dispensa de licitação.
B) DISPENSA DE LICITAÇÃO
Os casos de dispensa de licitação estavam previstos no famoso art. 24 da Lei
8.666/1993. Você vai observar que a maioria das hipóteses se mantiveram, vindo, ainda,
novos incisos. Trata-se de um rol exaustivo de possibilidades, ou seja, não há outros casos da
vida prática que justifiquem a dispensa de licitação, pois todas as hipóteses estão previstas em
lei.
Conforme mencionado acima, nesses casos, embora a competição seja possível, a
administração pública tem a discricionariedade de não fazer a licitação, em razão do
interesse público. Em resumo, são dispensáveis as licitações, nos termos do art. 75 da nova
Lei de Licitações (BRASIL, 2021):
✔ I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil
reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de
manutenção de veículos automotores;
✔ II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais), no caso de outros serviços e compras;
Comentário da professora: quanto aos incisos I e II, são as contratações de pequeno
valor. Aqui é necessária a divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo
de três dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de interesse
da administração em obter propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser
selecionada a proposta mais vantajosa.
Essas contratações serão preferencialmente pagas por meio de cartão de pagamento,
cujo extrato deverá ser divulgado e mantido à disposição do público no Portal Nacional de
Contratações Públicas, o PNCP (BRASIL, 2021).
Em resumo, veja o quadro ilustrativo:
CONTRATAÇÃO DIRETA PELO PEQUENO VALOR (ART. 75, I e II)
Pode haver contratação direta (sem licitação) nos seguintes casos:
Obras ou serviços de engenharia de até
R$ 100.000,00.
Compras e serviços diferentes de
engenharia: até R$ 50.000,00.
Adiante, a lei elenca outros incisos de dispensa de licitação:
✔ III - para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital de
licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando se verificar que naquela
licitação:
a) não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas
propostas válidas;
b) as propostas apresentadas consignaram preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado ou incompatíveis com os fixados pelos
órgãos oficiais competentes.
Comentário da professora: esse inciso III é uma novidade trazida pela NLL. Em
relação à alínea “a”, ela é semelhante ao art. 24, V da Lei 8.666/2993. Quando não houver
interessados na licitação anterior, e essa não puder ser repetida, fica dispensada. É a chamada
licitação deserta (que é diferente de licitação frustrada/ou fracassada, pois, nesse caso, há
interessados, mas eles não são aptos a licitar, sendo desclassificados ou inabilitados).
Ademais, a alínea “b” trata da licitação frustrada, pois todos os licitantes são desclassificados.
Conforme as lições do professor Rafael Carvalho (2018, p. 482), que remetem aos artigos da
Lei 8.666/1993, mas cujo entendimento pode ser perfeitamente aplicado à nova lei:
(...) a desclassificação ocorre em dois casos: a) as propostas dos licitantes
não atendem às exigências do ato convocatório (art. 48, I); ou b) as propostas
são superfaturadas ou inexequíveis (art. 48, II). A dispensa de licitação,
prevista no art. 24, VII, da Lei 8.666/1993, refere-se exclusivamente aos
casos de desclassificação em razão de preços superfaturados (art. 48, II), não
englobando a desclassificação por descumprimento do ato convocatório (art.
48, I) nem a inabilitação de todos os licitantes. Entendemos, contudo, que
nessas duas últimas hipóteses pode haver, em tese, dispensa de licitação com
fundamentono art. 24, IV, da Lei 8.666/1993 (situação de emergência).
A seguir, temos o inciso IV, que traz diversas alíneas, com hipóteses de dispensa de
licitação. São elas:
✔ IV - para contratação que tenha por objeto:
o a) bens, componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira necessários à
manutenção de equipamentos, a serem adquiridos do fornecedor original desses
equipamentos durante o período de garantia técnica, quando essa condição de
exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
o b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacional específico
aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem
manifestamente vantajosas para a Administração;
o c) produtos para pesquisa e desenvolvimento, limitada a contratação, no caso de obras
e serviços de engenharia, ao valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais);
o d) transferência de tecnologia ou licenciamento de direito de uso ou de exploração de
criação protegida, nas contratações realizadas por instituição científica, tecnológica e
de inovação (ICT) pública ou por agência de fomento, desde que demonstrada
vantagem para a Administração;
o e) hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário
para a realização dos processos licitatórios correspondentes, hipótese em que a
contratação será realizada diretamente com base no preço do dia (Atenção: também
há dispensa de licitação no caso de gêneros perecíveis, em caráter provisório, até dar
tempo de fazer a licitação);
o f) bens ou serviços produzidos ou prestados no País que envolvam, cumulativamente,
alta complexidade tecnológica e defesa nacional;
o g) materiais de uso das Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela
estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização
por ato do comandante da força militar;
o h) bens e serviços para atendimento dos contingentes militares das forças singulares
brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, hipótese em que a
contratação deverá ser justificada quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou
executante e ratificada pelo comandante da força militar;
o i) abastecimento ou suprimento de efetivos militares em estada eventual de curta
duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de
movimentação operacional ou de adestramento;
o j) coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, realizados por
associações ou cooperativas formadas exclusivamente de pessoas físicas de baixa
renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis,
com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
saúde pública (Atenção: aqui, há um cunho social e o objetivo de fomentar políticas
de saneamento básico);
o k) aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade
certificada, desde que inerente às finalidades do órgão ou com elas compatível;
o l) serviços especializados ou aquisição ou locação de equipamentos destinados ao
rastreamento e à obtenção de provas previstas nos incisos II e V do caput do art. 3º da
Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, quando houver necessidade justificada de
manutenção de sigilo sobre a investigação (Atenção: essa é uma inovação da NLL);
o m) aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao tratamento de
doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde (Atenção: essa é uma inovação da
NLL);
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3v
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art3v
Comentários da professora: o inciso IV é bastante heterogêneo e consagra várias
hipóteses de dispensa de licitação; por isso, os comentários foram feitos entre parênteses nas
próprias alíneas, quando necessário.
Seguem hipóteses de dispensa de licitação da Lei 14.133/2021:
✔ V - para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts.
3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os
princípios gerais de contratação constantes da referida Lei;
✔ VI - para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança
nacional, nos casos estabelecidos pelo ministro de Estado da Defesa, mediante
demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios;
✔ VII - nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio, intervenção federal
ou de grave perturbação da ordem;
✔ VIII - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando
caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da
situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que
possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, contado da data de
ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a prorrogação dos
respectivos contratos e a recontratação de empresa já contratada com base no
disposto neste inciso;
Comentários da professora: os incisos VI a VIII tratam da licitação dispensável em
razão de situações emergenciais. Imaginem um caso de guerra: não faria nenhum sentido a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art3a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art4.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art5.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm#art20.
administração pública ter de licitar, em meio a um conflito dessa magnitude. Segundo os
referidos incisos do art. 75 da NLL, será dispensável a licitação no caso de guerra ou grave
perturbação da ordem, bem como nos casos de emergência ou de calamidade pública, somente
o necessário para atender a situação emergencial ou calamitosa, e para as parcelas de obras e
serviços que possam seu concluídos em um ano, contados da emergência ou calamidade.
Obs.: não esquecer da nova lei que trata da pandemia da covid-19 (Lei
13.979/2020) e que permite a dispensa de licitação, nos termos de seu art. 4º, em casos de
urgência.
✔ IX - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens
produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integrem a
Administração Pública e que tenham sido criados para esse fim específico, desde
que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
✔ X - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços
ou normalizar o abastecimento; 
Comentário da professora: para o inciso X do art. 75 da NLL, também fica dispensada
a licitação quando a União tiver de intervir no domínio econômico para regular preços ou
normalizar o abastecimento – por exemplo, para forçar a diminuição do preço de determinado
produto, pois o aumento fora arbitrário.
✔ XI - para celebração de contrato de programa com ente federativo ou com
entidade de sua Administração Pública indireta que envolva prestação de
serviços públicos de forma associada nos termos autorizados em contrato de
consórcio público ou em convênio de cooperação;
✔ XII - para contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos
estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato
da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses produtos
durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com
aqueles definidos no instrumentofirmado para a transferência de tecnologia;
✔ XIII - para contratação de profissionais para compor a comissão de avaliação de
critérios de técnica, quando se tratar de profissional técnico de notória
especialização (Atenção: essa é uma inovação da NLL);
✔ XIV - para contratação de associação de pessoas com deficiência, sem fins
lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgão ou entidade da
Administração Pública, para a prestação de serviços, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado e os serviços
contratados sejam prestados exclusivamente por pessoas com deficiência;
✔ XV - para contratação de instituição brasileira que tenha por finalidade
estatutária apoiar, captar e executar atividades de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
inclusive para gerir administrativa e financeiramente essas atividades, ou para
contratação de instituição dedicada à recuperação social da pessoa presa, desde
que o contratado tenha inquestionável reputação ética e profissional e não tenha
fins lucrativos;
Comentários da professora: os incisos XIV e XV são os casos que envolvem o
terceiro setor (popularmente conhecido pelas ONGs), que não tem fins lucrativos e presta
serviços públicos. Trata-se de uma colaboração entre a sociedade civil e o poder público.
✔ XVI - para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos
estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou
estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública
direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação,
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses
projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos
estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, e que
tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor
desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no
mercado.
2.3 Tipos de licitação
Os tipos de licitação estavam previstos no art. 45 da Lei 8.666/1993: menor preço;
melhor técnica; técnica e preço; maior lance/oferta.
Todavia, com a nova Lei de Licitações (14.133/2021), houve algumas mudanças, como
os acréscimos dos seguintes tipos de licitação: maior desconto e maior retorno econômico,
nos termos do art. 33 da NLL. Assim, segundo a NLL, são tipos de licitação (BRASIL, 2021):
I - menor preço;
II - maior desconto;
III - melhor técnica ou conteúdo artístico;
IV - técnica e preço;
V - maior lance, no caso de leilão;
VI - maior retorno econômico.
Atenção: não confundir as modalidades licitatórias com os tipos de licitação. Em
suma, a expressão tipos de licitação não pode ser confundida com a expressão modalidades
de licitação: estas se relacionam com a estrutura procedimental da licitação, enquanto aqueles
se vinculam ao critério objetivo de julgamento da licitação. São modalidades de licitação: o
diálogo competitivo, a concorrência, o pregão, o concurso e o leilão. Por sua vez, os tipos de
licitação são menor preço, maior desconto, melhor técnica/conteúdo artístico, técnica e preço,
maior lance e maior retorno econômico.
De acordo com o art. 34 da NLL deve-se considerar um bom custo benefício, bem
como os parâmetros mínimos de qualidade do produto ou serviço.
Em relação aos critérios de melhor técnica e técnica e preço, assim esclareceu
Almeida (2021, p. 87):
CACTERÍSTICAS COMUNS – MELHOR TÉCNICA E TÉCNICA E
PREÇO: Avaliação da proposta técnica: Avaliação da capacitação e da
experiência por meio da apresentação de atestados de obras, produtos ou
serviços já realizados; Nota atribuída por banca sobre os quesitos
qualitativos da proposta: Nota sobre o desempenho em contratações
anteriores, conforme fiscalização de contratos e registro cadastral do
licitante.
Banca: Para avaliação dos quesitos qualitativos (segundo item da lista
acima); Pelo menos três membros; Servidores efetivos ou empregados
públicos / profissionais contratados; Não se confunde com “comissão de
licitação”.
Capacidade técnico profissional: Obtenção de pontuação devido à
capacitação técnico-profissional; A execução do respectivo contrato terá
participação direta e pessoal do profissional correspondente.
E, quando o critério for o maior retorno econômico para a administração pública, diz o
art. 39 da Lei: “O julgamento por maior retorno econômico, utilizado exclusivamente para a
celebração de contrato de eficiência, considerará a maior economia para a
Administração, e a remuneração deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma
proporcional à economia efetivamente obtida na execução do contrato.” (BRASIL, 2021).
Esta foi a unidade 2, em que conhecemos as modalidades e os tipos licitatórios. Agora,
vamos estudar a estrutura do processo de licitação.
Bons estudos!
Referências consultadas:
ALMEIDA, Herbert. Nova lei de licitações e contratos esquematizada. 2021. Disponível
em: https://gratis.estrategiaconcursos.com.br/nova-lei-de-licitacoes-e-contratos/
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
BRASIL. Lei de acesso à informação. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
BRASIL. Lei 8.666/1993. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
BRASIL. Nova lei de licitações - 14.133/2021. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
BRASIL. Lei do pregão - 10.520/2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm
BRASIL. Lei das microempresas e empresas de pequeno porte – Lei complementar
123/2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
BRASIL. Decreto de registro de preços - 7.892/2013. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm
BRASIL. Decreto pregão - 10.024/2019. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm
CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 9. ed. Salvador: Juspodium,
2021.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7892.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D10024.htm
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33. ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas,2009.
FIGUEIREDO, Alexandre; BASTOS, Renato. Nova lei de licitações e contratos
administrativos. 2021. Disponível em:
http://www.figueiredobastos.com.br/wp-content/uploads/2021/05/Ebook-LeiLicitacoes-V.fina
l_.pdf
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo:
Malheiros, 2009.
UNIDADE III – ESTRUTURA DO PROCESSO LICITATÓRIO.
RECURSOS ADMINISTRATIVOS
Prezado(a) estudante,
Já vimos as modalidades licitatórias e os critérios de julgamento do certame – ou seja,
os tipos de licitação. Além disso, abordamos as hipóteses legais de contratação direta, ou seja,
quando a licitação pode ser dispensada, ou quando ela é inexigível.
Dando prosseguimento ao assunto, vamos entender a estrutura do processo licitatório?
O objetivo ao final dessa unidade é que você:
● Conheça todas as fases do processo licitatórios;
● Conheça os recursos administrativos existentes na nova Lei de Licitações.
Vamos lá?
Bons estudos!
3.1 Estrutura do processo licitatório
Segundo o art. 17 da Lei 14.133/2021,a licitação observará as seguintes fases, em
sequência:
I - preparatória;
II - de divulgação do edital de licitação;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV - de julgamento;
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação.
Grande inovação da Lei 14.133/2021 é o detalhamento legal da fase preparatória. Esta
é a fase do planejamento – que é um princípio importante das licitações – e deve
compatibilizar-se com o plano de contratação anual e com as leis orçamentárias. Essa fase
inicial está prevista no art. 18 da NLL. O referido artigo menciona que a fase preparatória
deve abranger os seguintes pontos (BRASIL, 2021):
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estudo
técnico preliminar que caracterize o interesse público envolvido;
II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por meio de
termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo,
conforme o caso;
III - a definição das condições de execução e pagamento, das garantias
exigidas e ofertadas e das condições de recebimento;
IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utilizados para
sua formação;
V - a elaboração do edital de licitação;
VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que constará
obrigatoriamente como anexo do edital de licitação;
VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços ou de
execução de obras e serviços de engenharia, observados os potenciais de
economia de escala;
VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo de
disputa e a adequação e eficiência da forma de combinação desses
parâmetros, para os fins de seleção da proposta apta a gerar o resultado de
contratação mais vantajoso para a Administração Pública, considerado todo
o ciclo de vida do objeto;
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como
justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante indicação das
parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do objeto, e de
qualificação econômico-financeira, justificativa dos critérios de pontuação e
julgamento das propostas técnicas, nas licitações com julgamento por melhor
técnica ou técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à
participação de empresas em consórcio;
X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a
boa execução contratual;
XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da licitação,
observado o art. 24 desta Lei.
Conforme Carvalho (2021), na fase preparatória, a administração pública está se
organizando para licitar. Deverá, então, formular uma exposição de motivos para a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art24
contratação e definir o objeto, as condições de execução, pagamento e as garantias que serão
exigidas. Nessa fase preparatória, o poder público vai definir a modalidade licitatória, o
critério de julgamento, bem como analisar os riscos envolvidos. Se for uma licitação para
contratação de obra, a lei exige um projeto básico (art. 6º, XXV da NLL).
Por fim, a lei estabelece a necessidade de declaração de adequação orçamentária. Diz
Carvalho: “O poder público deverá, na fase interna, apresentar o valor estimado da
contratação, compatível com os valores praticados pelo mercado, considerados os preços
constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem contratadas (...)”
(CARVALHO, 2021, p. 590).
Ao final, prepara-se o edital, que é o instrumento convocatório da licitação.
Em relação ao edital, destaque para a novidade trazida pelo § 9º do art. 25 da NLL, no
sentido de que ele poderá exigir que percentual mínimo da mão de obra responsável pela
execução do objeto da contratação seja constituído por: I - mulheres vítimas de violência
doméstica; II - oriundos ou egressos do sistema prisional.
O edital também pode prever certa margem de preferência, conforme dispõe o art. 26
da NLL. Essa preferência será de até 10% sobre o preço de bens ou serviços para: I - bens
manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; II - bens
reciclados, recicláveis ou biodegradáveis, conforme regulamento. Poderá ser estendida para os
bens manufaturados e serviços do MERCOSUL, desde que haja reciprocidade. E, segundo o §
2º do referido artigo, nos casos de bens manufaturados nacionais e serviços nacionais
resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica no país, a margem de preferência
poderá ser de até 20%.
Após a fase preparatória, o processo licitatório seguirá para o órgão de
assessoramento jurídico da administração pública, que vai realizar o controle prévio de
legalidade (art. 53 da NLL). O parecer emitido não terá caráter vinculante.
Sobre esse ponto, destaca-se o art. 53, § 5º, que dispõe sobre uma exceção, ou seja,
quando é dispensável essa análise jurídica:
É dispensável a análise jurídica nas hipóteses previamente definidas em ato
da autoridade jurídica máxima competente, que deverá considerar o baixo
valor, a baixa complexidade da contratação, a entrega imediata do bem ou a
utilização de minutas de editais e instrumentos de contrato, convênio ou
outros ajustes previamente padronizados pelo órgão de assessoramento
jurídico. (BRASIL, 2021).
Após, vem a publicação do edital, que deve ser publicado em seu inteiro teor no
PNCP (art. 54 da NLL). Nesse ponto, começa a chamada “fase externa” da licitação.
Qualquer um pode impugnar o edital, ou pedir esclarecimentos, devendo protocolar o pedido
até três dias úteis antes da data de abertura do certame, e a resposta da administração
também deve dar-se em três dias úteis, nos termos do art. 164 da NLL.
Depois do lançamento do edital, eis uma inovação da Lei 14.133/2021: vem a fase da
abertura das propostas e lances:
Art. 55. Os prazos mínimos para apresentação de propostas e lances,
contados a partir da data de divulgação do edital de licitação, são de:
I - para aquisição de bens:
a) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor
preço ou de maior desconto;
b) 15 (quinze) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela alínea “a” deste
inciso;
II - no caso de serviços e obras:
a) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento de menor
preço ou de maior desconto, no caso de serviços comuns e de obras e
serviços comuns de engenharia;
b) 25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento
de menor preço ou de maior desconto, no caso de serviços especiais e de
obras e serviços especiais de engenharia;
c) 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação
integrada;
d) 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de
contratação semi-integrada ou nas hipóteses não abrangidas pelas alíneas
“a”, “b” e “c” deste inciso;
III - para licitação em que se adote o critério de julgamento de maior lance,
15 (quinze) dias úteis;
IV - para licitação em que se adote o critério de julgamento de técnica e
preço ou de melhor técnica ou conteúdo artístico, 35 (trinta e cinco) dias
úteis.
§ 1º Eventuais modificações no edital implicarão nova divulgação na mesma
forma de sua divulgação inicial, além do cumprimento dos mesmos prazos
dos atos e procedimentos originais, exceto quando a alteração não
comprometer a formulação das propostas. (BRASIL, 2021)
Importante destacar que os modos de disputa podem ser aberto ou fechado. Segundo
Carvalho (2021), na disputa aberta os licitantes apresentarão sua proposta por meio de lances
públicos e sucessivos. Já no modo fechado as propostas permanecerão em sigilo até a data e
hora designadas para a divulgação. Há também o modo fechado e aberto, em conjunto.
Em seguida, vem a fase de julgamento, conforme os critérios do edital (menor preço,
maior lance, melhor técnica etc. – explicados no tópico anterior).
Mas e se ocorrer empate? Segundo o art. 60 da NLL, nesse caso, devemos seguir os
critérios de desempate, nesta ordem (BRASIL, 2021):
I - disputa final, hipótese em que os licitantesempatados poderão apresentar
nova proposta em ato contínuo à classificação;
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, para a qual
deverão preferencialmente ser utilizados registros cadastrais para efeito de
atesto de cumprimento de obrigações previstos nesta Lei;
III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade entre homens e
mulheres no ambiente de trabalho, conforme regulamento;
IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de integridade, conforme
orientações dos órgãos de controle.
Também há preferências previstas no §1º, art. 60 da NLL. Assim, em igualdade de
condições, se não houver desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e
serviços produzidos ou prestados por:
I - empresas estabelecidas no território do Estado ou do Distrito Federal do
órgão ou entidade da Administração Pública estadual ou distrital licitante ou,
no caso de licitação realizada por órgão ou entidade de Município, no
território do Estado em que este se localize;
II - empresas brasileiras;
III - empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia
no País;
IV - empresas que comprovem a prática de mitigação, por meio de
tecnologia que reduza a produção de gases poluentes.
Por fim, não podemos esquecer o tratamento diferenciado das empresas de pequeno
porte e das microempresas, conforme a Lei 123/2006, em seu art. 44, que diz que, nas
licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as
microempresas e empresas de pequeno porte. Ademais, segundo o § 1º, entendem-se por
empate aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas
de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem
classificada. Se for na modalidade pregão, isso cai para 5% (art. 44, § 2º da LC 123/2006).
Depois, passa-se à habilitação; os requisitos estão previstos na lei (e esta não pode
criar outros, caso contrário é fraude). Nesse sentido, temos a habilitação jurídica
(comprovação de que a empresa existe), a qualificação técnica (deve ser compatível com a
execução do contrato), a qualificação econômico-financeira e a regularidade trabalhista, social
e fiscal.
A NLL prevê que é possível a inversão das fases, por ato motivado, passando a
habilitação à frente da apresentação das propostas e julgamento.
Por derradeiro, as fases recursal e de homologação serão abordadas nos próximos
tópicos.
Encerradas as fases de julgamento e habilitação, quando não houver mais recursos
administrativos, o processo licitatório será encaminhado à autoridade superior, que poderá
pedir para que os autos voltem, para sanar alguma irregularidade, ou até mesmo revogar a
licitação, por motivos de conveniência e oportunidade. Se houver ilegalidade insanável,
deve-se anular a licitação. Mas se tudo estiver correto e se houver interesse, ela vai adjudicar
o objeto e homologar a licitação, tudo nos termos do art. 71 da NLL.
3.2 Recursos administrativos
Segundo o art.5º, LV da CF/1988: “Aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes.” (BRASIL, 1988). Da leitura desse dispositivo, infere-se
que todos possuem o direito ao devido processo legal, tanto em sede judicial quanto
administrativamente – sendo este o presente caso. Portanto, sendo a licitação um processo
administrativo, caso o licitante, inconformado, deseje a reforma de uma decisão proferida no
processo de licitação, ele poderá interpor um recurso administrativo, ou requerer a
reconsideração da decisão.
Das decisões dos atos administrativos cabem recursos. O tratamento dos recursos às
decisões proferidas no processo licitatório está previsto nos art. 165 da Lei 14.133/2021, com
os prazos abaixo (BRASIL, 2021):
I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou
de lavratura da ata, em face de:
ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de
inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento;
julgamento das propostas;
ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
anulação ou revogação da licitação;
extinção do contrato, quando determinada por ato unilateral e escrito da
Administração;
II - pedido de reconsideração, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da
data de intimação, relativamente a ato do qual não caiba recurso
hierárquico.
§ 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do disposto nas alíneas “b” e
“c” do inciso I do caput deste artigo, serão observadas as seguintes
disposições:
I - a intenção de recorrer deverá ser manifestada imediatamente, sob
pena de preclusão, e o prazo para apresentação das razões recursais previsto
no inciso I do caput deste artigo será iniciado na data de intimação ou de
lavratura da ata de habilitação ou inabilitação ou, na hipótese de adoção da
inversão de fases prevista no § 1º do art. 17 desta Lei, da ata de julgamento;
II - a apreciação dar-se-á em fase única.
§ 2º O recurso de que trata o inciso I do caput deste artigo será dirigido
à autoridade que tiver editado o ato ou proferido a decisão recorrida,
que, se não reconsiderar o ato ou a decisão no prazo de 3 (três) dias
úteis, encaminhará o recurso com a sua motivação à autoridade
superior, a qual deverá proferir sua decisão no prazo máximo de 10
(dez) dias úteis, contado do recebimento dos autos.
§ 3º O acolhimento do recurso implicará invalidação apenas de ato
insuscetível de aproveitamento.
§ 4º O prazo para apresentação de contrarrazões será o mesmo do recurso e
terá início na data de intimação pessoal ou de divulgação da interposição do
recurso.
§ 5º Será assegurado ao licitante vista dos elementos indispensáveis à defesa
de seus interesses.
Da leitura deste artigo, conclui-se que a parte deve manifestar imediatamente o seu
desejo de recorrer e o prazo para apresentar as razões do recurso é de três dias úteis. Ademais,
a autoridade superior terá dez dias úteis para decidir.
Cumpre destacar que o recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do
ato ou decisão recorrida, até que se sobrevenha decisão final da autoridade competente,
conforme dispõe o art. 168 da NLL. A autoridade competente será auxiliada pelo órgão de
assessoramento jurídico, como as procuradorias, para decidir os supracitados recursos.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm#art17%C2%A71
Vídeo complementar: https://www.youtube.com/watch?v=6XV9xbLhzrI
Referências consultadas:
ALMEIDA, Herbert. Nova lei de licitações e contratos esquematizada. 2021. Disponível
em: https://gratis.estrategiaconcursos.com.br/nova-lei-de-licitacoes-e-contratos/
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
BRASIL. Lei 8.666/1993. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
BRASIL. Nova lei de licitações - 14.133/2021. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm
BRASIL. Lei do pregão - 10.520/2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm
CARVALHO, Matheus. Manual de direito administrativo. 9. ed. Salvador: Juspodium,
2021.
FIGUEIREDO, Alexandre; BASTOS, Renato. Nova lei de licitações e contratos
administrativos. 2021. Disponível em:
http://www.figueiredobastos.com.br/wp-content/uploads/2021/05/Ebook-LeiLicitacoes-V.fina
l_.pdf
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33 ed. São Paulo:
Atlas, 2019.
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
https://www.youtube.com/watch?v=6XV9xbLhzrI
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm
UNIDADE IV: DISPOSIÇÕES GERAIS DO CONTRATO
ADMINISTRATIVO. OBJETO E CARACTERÍSTICAS
GERAIS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS.
CLÁUSULAS GERAIS E EXORBITANTES.

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