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Introdução Gestõ Educação

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Introdução
A prática educativa requer uma conduta gestora que dê condições para que a educação se faça com qualidade e atinja seus objetivos. Desse modo, é importante que haja competência por parte da gestão escolar, que deverá agir com eficiência, a fim de conduzir, de modo satisfatório, o processo educativo.
No entanto, tratar da gestão de pessoas nem sempre é fácil. O que esperar de um gestor? Como os professores devem agir em relação ao gestor e ao que ele representa na escola? Qual o papel do gestor na administração escolar? Esses são alguns questionamentos que se referem ao processo educativo e que tentaremos responder neste conteúdo.
Você verá como o gestor deverá conduzir o processo educativo de forma competente e eficaz, quais são as características que promovem a gestão de pessoas e como ela é importante para que haja excelência no trabalho de todos os envolvidos com a educação.
Na parte deste conteúdo, você tomará conhecimento da escola que temos, ou seja, aquela estruturada de acordo com os padrões e regimes da nossa sociedade. A partir dessa reflexão, pensaremos se é essa a escola que queremos ou se ainda podemos mudar algo no sistema educacional brasileiro para atingir a qualidade esperada, visto que a qualificação dos professores é uma das formas de alcançar esse objetivo e devem ser discutidas formas de oportunizar a formação continuada desses profissionais.
Outra situação que encontramos e que você verá em um dos tópicos de estudo, refere- se à revolução da informação e do conhecimento, além da análise de como esses fatores incidem sobre os processos de aprendizagem, assim como a importância da inovação do ensino, último assunto deste conteúdo.
Esperamos que você possa identificar e compreender os assuntos abordados como importantes para seu desenvolvimento acadêmico e profissional.
Objetivos da Aprendizagem
Ao final, esperamos que possa:
· Reafirmar a importância do capital humano no processo de transformação da prática educativa.
· Identificar possibilidades de transformação da prática educativa, avaliando o contexto histórico e social da atualidade e suas demandas na sociedade contemporânea.
Espaços Abertos à Participação da Comunidade Escolar
Conselho Escolar
Os conselhos escolares têm a sua criação, constituição e funcionamento previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996) e reafirmados no Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, Lei nº 13.005/2014 (BRASIL, 2014).
A LDB no seu art. 14, afirma que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica de acordo com as suas peculiaridades, conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
BRASIL, 2004, p. 26
A LDB no seu art. 14, afirma que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica de acordo com as suas peculiaridades, conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
BRASIL, 2004, p. 26
Desse modo, a legislação educacional existente, definida pelos espaços parlamentares competentes — como as instâncias de políticas estadual e municipal — influenciados pelos movimentos sociais organizados, pode ser acionada em favor da gestão democrática da escola básica, configurando a existência de conselhos escolares atuantes e participativos.
O art. 10 da LDB prevê também, em seu inciso III, a existência de Planos Estaduais de Educação, visando uma articulação desses planos com as diretrizes do Plano Nacional. A Lei nº 13.005/2014 estabelece, no art. 8º, que os municípios deverão, com base no PNE, elaborar planos decenais correspondentes. Neste sentido, foi e continua sendo muito importante a atuação, desde 1989, do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, que congrega entidades acadêmicas, comunitárias e sindicais no campo da educação.
BRASIL, 2004, p. 28
O art. 10 da LDB prevê também, em seu inciso III, a existência de Planos Estaduais de Educação, visando uma articulação desses planos com as diretrizes do Plano Nacional. A Lei nº 13.005/2014 estabelece, no art. 8º, que os municípios deverão, com base no PNE, elaborar planos decenais correspondentes. Neste sentido, foi e continua sendo muito importante a atuação, desde 1989, do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, que congrega entidades acadêmicas, comunitárias e sindicais no campo da educação.
BRASIL, 2004, p. 28
Podemos considerar que todas as condições legais necessárias para o regime de gestão democrática nas escolas estão disponíveis. Desde o processo de redemocratização do país, passaram-se muitos anos para chegarmos a
esse patamar.
Existem críticas aos modelos de gestão, considerando que há mais leis do que prática. Ressaltamos a reflexão de que construir uma gestão democrática na escola implica vivermos uma sociedade democrática. Não podemos desistir de exercer o nosso direito de participação — que nesse momento pode ser considerado mais como dever de participação — uma vez que as lutas já foram travadas por aqueles que nos antecederam. Não podemos, de forma alguma, retroceder. Oficialmente, temos em vigor leis e planos que nos indicam o caminho de uma educação para todos.
A participação popular, na gestão pública, é comentada por Souza e Faria (2005) que, analisando literatura específica, ressaltam “[...] a importância da participação popular na gestão pública, embora considere haver ainda muitas dificuldades para a viabilização dos conselhos municipais, considerados como mecanismos efetivamente democratizantes” (SOUZA; FARIA, 2005, p. 89). 
Vejamos, agora, algumas atribuições dos conselhos escolares definidas pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação por meio da Coordenação-Geral de Articulação e Fortalecimento Institucional dos Sistemas de Ensino:
· elaborar o regimento interno do conselho escolar; 
· coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do regimento escolar; 
· convocar assembleias-gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;
· garantir a participação das comunidades escolar e local na definição do projeto político-pedagógico da unidade escolar; 
· promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e valorize a cultura da comunidade local; 
· propor e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola; 
· propor e coordenar discussões junto aos segmentos e votar as alterações metodológicas, didáticas e administrativas na escola, respeitada a legislação vigente; 
· participar da elaboração do calendário escolar, no que competir à unidade escolar, observada a legislação vigente; 
· acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros) propondo, quando se fizerem necessárias, intervenções pedagógicas e/ ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar; 
· elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando ampliar a qualificação de sua atuação; 
· aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for o caso; 
· fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar; 
· promover relações de cooperação e intercâmbio com outros conselhos escolares.
BRASIL, 2004, p. 48-49
· elaborar o regimento interno do conselho escolar; 
· coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do regimento escolar; 
· convocar assembleias-gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;
· garantir a participação das comunidades escolar e localna definição do projeto político-pedagógico da unidade escolar; 
· promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e valorize a cultura da comunidade local; 
· propor e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola; 
· propor e coordenar discussões junto aos segmentos e votar as alterações metodológicas, didáticas e administrativas na escola, respeitada a legislação vigente; 
· participar da elaboração do calendário escolar, no que competir à unidade escolar, observada a legislação vigente; 
· acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros) propondo, quando se fizerem necessárias, intervenções pedagógicas e/ ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar; 
· elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando ampliar a qualificação de sua atuação; 
· aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for o caso; 
· fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar; 
· promover relações de cooperação e intercâmbio com outros conselhos escolares.
BRASIL, 2004, p. 48-49
Os conselhos escolares existem para garantir a participação das comunidades local e escolar na gestão da escola. Cumprir essa tarefa é comprometer-se com a qualidade da educação, exercendo o direito de cidadão em uma sociedade democrática. Contudo, não podemos deixar de observar que ainda temos muitas dificuldades na concretização de uma sociedade verdadeiramente democrática e o fato de não a termos alcançado não deve impedir nossa luta constante pela autonomia, justiça, democracia e transformação da sociedade.
A relação que se estabelece na constituição dos conselhos, com representação de setores envolvidos com a qualidade da educação escolar, destaca a natureza de instância não burocratizada e que, de fato, estão a serviço das finalidades maiores da educação, cooperando realmente com a aprendizagem nas escolas. 
De fato, o conselho de escola, com participação efetiva de alunos, pais, professores e membros da comunidade, é o órgão mais importante de uma escola autônoma. Ele pode e deve deliberar, além de decidir sobre o funcionamento e a organização de todo o trabalho da escola e da direção. Temos os mecanismos legais, às vezes falta a disposição para a participação.
Organizações Estudantis
As organizações estudantis são importantes instituições que congregam os estudantes que têm como objetivo proporcionar aos alunos o acesso a decisões que envolvem a escola. É uma prática que converge com a formação de um sujeito crítico, conforme prevê a educação democrática. 
Talvez, a mais conhecida dessa organizações seja o grêmio estudantil, cuja formação foi deliberada pela lei nº 7.398, de 4 de novembro de 1985, que estabelece:
Art. 1º - Aos estudantes dos estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus, fica assegurada a organização de Estudantes como entidades autônomas representativas dos interesses dos estudantes secundaristas com finalidades educacionais, culturais, cívicas esportivas e sociais. (BRASIL, 1985)
Essa lei ficou conhecida como Lei do Grêmio Livre e define o grêmio estudantil como uma entidade autônoma e que atua de modo a reproduzir os interesses dos estudantes nas questões referentes à escola.
BES et al., 2019b
O papel do grêmio estudantil é o de representar todos os alunos de uma determinada escola em reuniões pedagógicas, nos conselhos de classe, nas reuniões da Associação de Pais e Mestres, dentre outras situações que envolvam a categoria estudantil. É a voz do aluno diante da escola e que deve ser ouvida por toda a comunidade escolar, seja ela externa ou interna.
A criação dos grêmios estudantis também está prevista no PNE (BRASIL, 2014), em sua meta 19, que corresponde aos critérios estabelecidos para a gestão democrática nas escolas. De acordo com o plano, é necessário promover a constituição de grêmios estudantis para que a democracia na escola se fortaleça cada vez mais, já que o foco principal da escola é proporcionar uma educação de acesso a todos.
Associação de Pais e Mestres 
Uma das instituições que auxilia na organização administrativa da escola e com as gestões é a Associação de Pais e Mestres (APM), que nada mais é que uma instituição sem fins lucrativos, formada pelos pais ou responsáveis pelos alunos da escola, juntamente com os professores e demais profissionais da educação. 
É uma forma de promover a interação dialógica entre a escola e a comunidade exterior, formada pelos familiares dos alunos, que visa promover condições para que a escola cumpra suas expectativas educacionais e de aprendizagem, atuando de modo colaborativo em atividades diversas, como as culturais, por exemplo. 
A APM não é constituída por uma lei federal, apresentando caráter jurídico específico. No entanto, consta na meta 19 do PNE, que pretende dar condições para que a gestão democrática ocorra nas escolas. 
Uma das estratégias para que essa meta se concretize e assim se estabeleça é a meta de número 19.4, que intenciona:
[...] estimular, em todas as redes de educação básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurando-lhes, inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações.
BRASIL, 2014
[...] estimular, em todas as redes de educação básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurando-lhes, inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações.
BRASIL, 2014
É assim que as APMs se constituem e fortalecem tanto a organização como a gestão escolar, sendo que há obrigatoriedade dessa instituição em escolas de ensino públicas que recebem repasse de verbas por meio do Programa Dinheiro Direto na
Escola (PDDE).
Criado em 1995, o PDDE é um programa de envio de verbas a escolas públicas da educação básica para assistência financeira suplementar com o objetivo de aprimorar a infraestrutura física e pedagógica e, como consequência, elevar o desempenho escolar. Outro objetivo é fortalecer a participação social e a autogestão escolar. (MARINI, 2020)                     
O PDDE é destinado às escolas públicas das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às privadas de educação especial, mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social. E, ainda, destinado a unidades similares de atendimento direto e gratuito ao público e a polos presenciais do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) que ofertem programas de formação inicial ou continuada a profissionais da educação básica (MARINI, 2020).
É possível haver uma legislação própria para as APMs, como nas dos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, que estabelecem um estatuto padrão para todas as escolas desses estados (MARINI, 2020).
Com o objetivo de auxiliar a manter a gestão democrática da escola, a APM poderá ser constituída, ainda, pelos pais ou responsáveis de ex-alunos. 
A Importância do Capital Humano no Processo de Transformação da Prática Educativa
Competência e Eficácia do Gestor na Condução do Processo Educativo 
Podemos pensar que um dos principais objetivos da educação é formar cidadãos capazes de atuar em sociedade. Então, veremos as condições para que isso ocorra, a atuação da escola nesse aspecto, assim como o capital humano necessário e competente para essa realização.
Quando tratamos de competência, estamos nos referindo à capacidade, à habilidade, à aptidão que cada um de nós apresenta emrelação a determinado conhecimento. Já a eficácia, diz respeito à ação, isto é, à execução prática, com foco em bons resultados e de forma eficiente.
Mas, qual seria o perfil ideal de um gestor escolar? Para responder essa pergunta, é necessário pensar em duas instâncias diferentes, a da escola pública e a da escola particular. Isso porque são duas competências que seguem atuações com base em princípios e normas distintas.
Primeiramente, vejamos o caso do gestor público. Esse profissional deverá seguir as normas regulatórias e os princípios de acordo com as políticas públicas que regem as instituições de ensino e a educação brasileira. Isso faz com que o gestor tenha sua atuação limitada, exercendo um poder denominado discricionário, ou seja, vai agir conforme estabelece aquilo que a lei exige.
A Constituição Federal prevê, em seu artigo 37, o cumprimento, por parte da administração pública, dos “princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988, on-line). Assim, como gestor público, esse servidor deverá manter-se afastado de tudo aquilo que compete à pessoalidade, agindo com transparência e honestidade em suas decisões e em relação ao seu trabalho.
Vamos pensar na seguinte situação: a escola necessita de uma impressora nova. Seguindo o princípio da legalidade e da publicidade, o gestor deverá informar à comunidade sobre essa necessidade; a impressora não poderá ser adquirida de um parente, pois é assim que determina o princípio da impessoalidade e da moralidade; deverá abrir uma licitação ou procurar a melhor relação custo-benefício, seguindo o critério da eficiência e, mais uma vez, da legalidade. Assim, levando em conta todos os princípios previstos em lei, o gestor poderá adquirir a impressora sem complicações futuras.
Como alguém que está à frente de uma instituição pública, o gestor deve manter-se de acordo com os preceitos democráticos que viabilizam o acesso à escola para todos, pois, é por meio desse profissional que a comunidade tem condições de usufruir de seus direitos relacionados à educação pública, que uma escola bem administrada consegue viabilizar.
Sobre a formação desse profissional, é importante destacar o que prevê as Diretrizes Curriculares Nacionais sobre o desenvolvimento de habilidades e competências descritas no Parecer CNE/CES nº 266/2010, ratificado pelo Parecer CNE/CES nº 07/2013 que, em seu artigo 4º, prevê as seguintes competências e habilidades que a formação profissional deve revelar:
	I - reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão;
	II - desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais;
	III - refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento;
	IV - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais;
	V - ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional;
	VI - desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e de experiências cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável;
	VII - desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações; e
	VIII - desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, pareceres e perícias administrativas, gerenciais, organizacionais, estratégicos e operacionais.
Quadro 1 - Competências e habilidades do gestor administrativo
Fonte: Brasil (2013, p. 8-9).
Como você pode observar, são várias as habilidades que um profissional deverá demonstrar para assumir a gestão de uma empresa. Em relação à gestão educacional pública, o comprometimento com a legislação pertinente à educação faz com que o gestor pense não somente na instituição escolar, mas, também, no compromisso com os cidadãos.
Toda instituição, seja ela pública ou privada, educacional ou não, somente se mantém, pensando em seu potencial humano. Desse modo, as pessoas que conduzem e atuam na escola são importantes porque é delas que vem a contribuição maior para a eficácia da educação. Nesse sentido, proporcionar condições de trabalho condizentes com esses profissionais é uma das tarefas do gestor educacional.
Características Atribuídas à Gestão de Pessoas 
Para tratar da gestão de pessoas, vamos fazer uma pequena viagem no tempo e tentar compreender como surgiu essa área administrativa no Brasil. Iniciamos nosso percurso relembrando uma das primeiras condições de trabalho brasileiro, a do trabalho escravo, em que as pessoas não recebiam pelos serviços prestados e a mão de obra era selecionada com base nas condições físicas de cada um, isto é, o principal requisito para o trabalho escravo era a força física. Não entraremos na discussão, pois não é o foco deste texto, mas não poderíamos deixar de registrar que se tratava de situações desumanas de trabalho forçado a que os escravos eram submetidos. 
Após a libertação dos escravos, o Brasil viu-se forçado a migrar para outro sistema de trabalho, o de contratação de trabalhadores, aí sendo incluídos os escravos libertos. Desse modo, inicia-se um período baseado no quantitativo, ou seja, na necessidade de ter uma determinada quantidade de trabalhadores para as tarefas, sobretudo, as referentes ao trabalho no campo, de onde vinha a maior parte da economia brasileira. Esses trabalhadores recebiam um salário por seus serviços, geralmente uma quantia mínima determinada pelo proprietário das grandes fazendas e dos comércios da cidade, além de trabalhar durante várias horas, parando somente para as refeições e descanso noturno.
Com o advento da indústria, a visão quantitativa de trabalho transferiu-se do campo para a cidade, quando as indústrias recrutavam grande número de pessoas para trabalhar em suas linhas de montagem, mantendo as condições de trabalho muito próximas das existentes: muitas horas de trabalho, baixa remuneração e local de trabalho apresentando más ou péssimas condições.
Como consequência, os trabalhadores começaram a reivindicar direitos, exigindo melhorias em seus espaços de atuação profissional. Já estamos no século XX, período em que os movimentos de trabalhadores avançavam a passos largos, fazendo com que o governo federal ouvisse seus clamores. Uma das principais medidas, foi a instituição da carteira profissional em todo o país, por meio do Decreto nº 21.175, de 21 de março de 1932, posteriormente regulamentada pelo Decreto nº 22.035, de 29 de outubro de 1932 (BRASIL, 1932). 
O primeiro artigo deliberava: “Art. 1º Fica instituída, no território nacional, a carteira profissional para as pessoas maiores de 16 anos de idade, sem distinção de sexo, que exerçam emprego ou prestem serviços remunerados no comércio ou na indústria” (BRASIL, 1932, on-line).
Contendo todas as informações referentes ao trabalhador, além de garantir o acesso aos direitos primordiais do trabalho, esse documento, inicialmente não obrigatório, somente era usado pelos profissionais da indústria e do comércio.     
As leis trabalhistas, no entanto, ainda demoraram a serem instituídas e apenas  em 1º de maio de 1943, o então presidente Getúlio Vargas assinou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O decreto instituiu as relações de trabalho, tanto individuais quanto coletivas, trazendo informaçõeslegais sobre o empregador e o empregado:
Art. 2º - Considera-se empregador, a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
[...]
Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.
BRASIL, 1943, on-line
Art. 2º - Considera-se empregador, a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
[...]
Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.
BRASIL, 1943, on-line
Esse foi o primeiro e maior passo para determinar a condição oficial e legal dos direitos e deveres do trabalhador e do empregador - quadro que exigiu a formação de um departamento administrativo, o que trataria da relação entre a empresa e seus empregados. Trata-se do departamento pessoal que, em um primeiro momento, lidava com informações quantitativas, ou seja, o cenário baseado em números e não em pessoas continuava o mesmo.
1930-1940
–
o departamento pessoal cuidava basicamente das atividades quantitativas de uma empresa;
1950-1980
–
a nomenclatura muda para recursos humanos, pois o trabalhador passa a ser visto como um recurso da empresa;
1990 - até a atualidade
–
gestão de pessoas.
Foi nos anos de 1990, sob a influência das forças ideológicas de liberdade do indivíduo, após o fim da Guerra Fria e a queda do muro de Berlim, que se começou a repensar o termo recurso ligado a trabalhador. Desde então, a expressão gestão de pessoas foi a escolha das empresas para lidar com os atos referentes às relações de trabalho (OLIVEIRA et al., 2018).
A cronologia das relações trabalhistas brasileiras foi assim explicitada:
	Antes de 1930: inexistência de um departamento específico para a administração de pessoas de um modo geral — foco no recrutamento e seleção considerando, na maioria dos casos, a força física do trabalhador. 
	Década de 1930: início da administração de pessoal — foco na documentação legal dos trabalhadores. 
	Após 1930: verdadeira Legislação Trabalhista, quando é criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (hoje Ministério do Trabalho e Emprego) — foco nas leis trabalhistas. 
	Em 1943: Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) no Brasil — foco no departamento pessoal como forma de acompanhamento dessas leis. 
	Em 1945: surgem os primeiros estudos a respeito de liderança, democracia no trabalho e motivação. Inicia-se uma atenção maior ao poder das relações informais no ambiente de trabalho. 
	Década de 1950: auge das escolas de relações humanas. Surge a denominação que liga essa área à ciência humana, o gerente de recursos humanos. Juscelino Kubitschek implementou a indústria automobilística, o que fez os treinamentos serem o foco de trabalho. 
	Entre as décadas de 1950 e 1970: fase administrativa e sindicalista, em que o sindicalismo se faz presente e as relações entre capital e trabalho são destacadas. 
	Década de 1980: início da preocupação cada vez maior com as condições de trabalho ideais, no que diz respeito à saúde e à segurança do trabalhador. Psicólogos e administradores passam a fazer parte da área de recursos humanos.
	A partir da década de 1990: o ambiente competitivo e o grande desenvolvimento tecnológico, fazem a área de recursos humanos começar a pensar estrategicamente na aprendizagem de seus funcionários. Início do conceito de gestão de pessoas.
	Atualmente: com início do pensamento na década de 1980, a gestão estratégica de pessoas tem uma visão sistêmica e holística a respeito dos processos organizacionais e das pessoas nas relações de trabalho. As empresas passam a englobar, cada vez mais, a gestão de pessoas no desenvolvimento de seus planejamentos estratégicos.
Quadro 2 - Linha do tempo das relações de trabalho no Brasil
Fonte: Oliveira et al. (2018, p. 12).
Foi um longo percurso que, sabemos, ainda não está no fim. A sociedade evolui e, com ela, as relações de trabalho que devem ser valorizadas e concebidas de acordo com as necessidades de cada empresa, setor ou departamento, sempre com o supervisionamento do gestor, que irá determinar a atuação do trabalho de cada profissional, de acordo com a tarefa a ele atribuída.
Gestão de Pessoas: Primordial na Excelência do Trabalho Que se Almeja 
A gestão de pessoas diz respeito à administração daqueles que atuam na organização. De acordo com Bes et al. (2019, p. 198), a gestão de pessoas:
[...] envolve recrutamento e seleção de novos colaboradores, contratação, treinamento, desenvolvimento, retenção de talentos e motivação desses indivíduos. Além disso, a gestão de pessoas atua também nos ambientes internos e externos da organização.
[...] envolve recrutamento e seleção de novos colaboradores, contratação, treinamento, desenvolvimento, retenção de talentos e motivação desses indivíduos. Além disso, a gestão de pessoas atua também nos ambientes internos e externos da organização.
Os autores propõem um quadro com os principais conceitos dados por alguns estudiosos da administração.
	Autor
	Conceito
	Dessler (1997)
	A administração de recursos humanos é um conjunto de ações e políticas fundamentais para nortear os aspectos gerenciais associados às pessoas da organização, como recrutamento, seleção, capacitação e treinamento, remuneração, gratificação e avaliação de desempenho.
	Dessler(1998)
	A administração de recursos humanos é a função administrativa encarregada da aquisição de novos colaboradores, bem como seu treinamento, avaliação e remuneração. Nesse sentido, todos os gerentes podem ser considerados gestores de pessoas, pois se envolvem, também, nessas etapas de treinamento, avaliação e manutenção dos colaboradores.
	Milkovich e Boudreau (1994)
	A administração de recursos humanos é a função organizacional que trata de provisão, capacitação, desenvolvimento, motivação e manutenção dos colaboradores da organização.
	Chiavenato (2010)
	"[...] é o conjunto integrado de atividades de especialistas e de gestores, como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas, no sentido de proporcionar competências e competitividade à organização" (CHIAVENATO, 2010, p. 9 apud Bes et al. (2019, p. 199).
	Vergara (2009)
	A gestão de pessoas é contingencial e situacional, pois é influenciada por vários aspectos, como a cultura existente em cada organização, a estrutura organizacional, as características ambientais, o ramo de atuação da organização, suas tecnologias, processos internos e mais uma série de fatores.
Quadro 3 - Principais conceitos de gestão de pessoas
Fonte: Bes et al. (2019, p. 199).
Observando o quadro com os conceitos de gestão de pessoas, é possível determinar algumas características sob diferentes visões. É assim que Bes et al. (2019, p. 200) configuram a visão das “pessoas como seres humanos, como ativadoras de recursos organizacionais, como parceiras da organização, como talentos fornecedores de competências e como capital humano das organizações”.
Aliada a essa visão, está a forma como o gestor gerencia o grupo de pessoas com que trabalha, sendo de grande relevância a percepção de que faz parte de sua gestão o estímulo ao envolvimento dos profissionais com os assuntos relacionados à instituição, fazendo com que participem de decisões e que, desse modo, assumam responsabilidade em conjunto com o gestor. É assim que o trabalhador se sente parte do processo e não somente mais um número.
O maior valor atual de uma organização é o pessoal, pois é dele que vem grande parte do seu sucesso. 
Da Escola que Temos Para a Escola que Queremos
Formação Continuada de Professores: Desafio Constante 
Onde queremos chegar? Que sociedade nos interessa? O que nos desafia como profissionais da educação? São vários os questionamentos que surgem assim que pisamosno espaço escolar, seja como estagiário, professor, gestor e até mesmo aluno. A escola é onde organizamos nosso pensar e adquirimos conhecimentos; é nela que muitos pretendem exercer suas profissões e, para estes, assim como apontado no título deste tópico, o desafio é constante. 
Licenciatura, especialização, mestrado; formação profissional, formação acadêmica, formação complementar. Esse é o universo do professor que deseja manter-se atualizado e de acordo com as mudanças da sociedade, que busca a informação a todo momento. Em virtude dessa velocidade, a diferença entre a teoria e a prática, vai se tornando cada vez maior e, por isso, a necessidade de o professor manter-se atualizado em suas práticas educacionais.
Pensando em uma escola que trata com sujeitos em constante mudança é que o professor deve manter-se atualizado e, assim, voltar a estudar. Atualmente, existem políticas públicas voltadas para a formação continuada do professor e, além delas, a iniciativa privada vem oferecendo inúmeras opções nesse sentido.
Sabemos que, apesar de todos os avanços tecnológicos, o professor ainda não possui as ferramentas mais adequadas em suas aulas – realidade da maioria das escolas públicas de nosso país. Desse modo, para transformar a educação em algo tentador para o aluno, que possa oferecer condições de prender sua atenção, é necessária a formação permanente desse profissional.
Christóvam (2007, p. 170) expõe a situação do seguinte modo:
A escola precisa rever continuamente seus processos pedagógicos e estratégias de ensino, incorporar as vantagens de modelos metodológicos da interdisciplinaridade e transversalidade, qualificar seus docentes e ter uma postura pró-ativa diante das exigências de mercado. A leitura desse cenário em que surgem novos valores formativos deve ser efetuada com agilidade.
A escola precisa rever continuamente seus processos pedagógicos e estratégias de ensino, incorporar as vantagens de modelos metodológicos da interdisciplinaridade e transversalidade, qualificar seus docentes e ter uma postura pró-ativa diante das exigências de mercado. A leitura desse cenário em que surgem novos valores formativos deve ser efetuada com agilidade.
Essa agilidade diz respeito ao tempo que vai passando enquanto poucas soluções são dadas para o modelo pedagógico existente, o que acaba por refletir em resultados que demonstram a ineficiência do sistema educacional brasileiro, desde o ensino básico até o superior. Aliado a isso, existe o problema histórico da baixa remuneração dos profissionais da educação, sobretudo da rede pública, recaindo em desvalorização.
A formação continuada do professorado é, hoje, uma necessidade, assim como em muitas outras profissões, sendo que estamos nos referindo àquela que irá formar outros profissionais, que formará o cidadão, o sujeito de convívio social. Vivemos as mudanças sociais em nosso dia a dia, com as transformações de pensamentos sobre o meio ambiente, a espiritualidade, as diferenças, a qualidade de vida aliada ao bem-estar etc. Cada vez mais se pensa em qualidade em detrimento da quantidade, nos valores sociais em oposição aos valores materiais. É nesse contexto que Christóvam (2007, p. 171-172) destaca:
Estamos na década das “pessoas” e das grandes transformações. As escolas, assim como todas as outras entidades e organizações, estão no mundo, fazem parte deste grande contexto global de mudanças. Essa é a grande visão que desponta no cenário educacional: docentes e gestores precisam comandar as mudanças, em vez de serem levados por elas.
Estamos na década das “pessoas” e das grandes transformações. As escolas, assim como todas as outras entidades e organizações, estão no mundo, fazem parte deste grande contexto global de mudanças. Essa é a grande visão que desponta no cenário educacional: docentes e gestores precisam comandar as mudanças, em vez de serem levados por elas.
A era voltada para as pessoas deve estar focada na busca constante de conhecimento, pois somente assim se poderá pensar à frente, prever as mudanças e os acontecimentos de acordo com o que vivencia hoje, com o que aprende na atualidade, sendo que a formação acadêmica, nesse sentido, deve ser o primeiro passo, considerando a continuidade do exercício profissional.
Quanto às questões educacionais e aspectos formadores do conhecimento em nível mundial, foi que a Unesco concebeu, em 1993, uma Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, almejando prever habilidades educacionais para as décadas seguintes e, em 1996, o Relatório Jacques Delors foi concluído como documento oficial resultante do estudo.
Hoje em dia, grande parte do destino de cada um de nós, quer queiramos ou não, joga-se num cenário em escala mundial. Imposta pela abertura das fronteiras econômicas e financeiras, impelida por teorias de livre comércio, reforçada pelo desmembramento do bloco soviético, instrumentalizada pelas novas tecnologias de informação, a interdependência planetária não cessa de aumentar, no plano econômico, científico, cultural e político.
DELORS, 1998. p. 35
Hoje em dia, grande parte do destino de cada um de nós, quer queiramos ou não, joga-se num cenário em escala mundial. Imposta pela abertura das fronteiras econômicas e financeiras, impelida por teorias de livre comércio, reforçada pelo desmembramento do bloco soviético, instrumentalizada pelas novas tecnologias de informação, a interdependência planetária não cessa de aumentar, no plano econômico, científico, cultural e político.
DELORS, 1998. p. 35
Nesse relatório, foram caracterizados quatro princípios-pilares nos quais a educação deveria se apoiar para organizar-se. São eles:
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aprender a conhecer - refere-se ao domínio que o aluno deve apresentar sobre os dispositivos que envolvem o conhecimento. O interessante é a alusão que o relatório faz sobre a impossibilidade de se conhecer tudo na atualidade, já que as informações são inúmeras e evoluem constantemente;
· bullet
aprender a fazer - junto ao primeiro princípio, cria uma indissociação, pois está ligado à prática daquilo que se aprende e passa-se a conhecer. Prova disso é o que vivemos na atualidade e apresenta-se para o futuro, em que o trabalho braçal está sendo substituído pelo intelectual. Desse modo, é cada vez mais importante aliar o conhecimento ao saber fazer;
· bullet
aprender a viver juntos - a dificuldade maior neste princípio se reflete no que ocorre nas escolas, a violência com a qual convivem alunos e professores. Essa situação exemplar vem junto a uma questão: haveria como resolver esse dilema de modo pacífico? Delors (1998, p. 19) informa que “a tarefa é árdua, diz o Relatório, porque os seres humanos têm tendência para sobrevalorizar as suas qualidades e as do grupo a que pertencem e a alimentar preconceitos desfavoráveis em relação aos outros”;
· bullet
aprender a ser - diz respeito à autonomia intelectual, isto é, ao modo de ser e de agir do ser humano, que deverá corresponder ao conhecimento que adquiriu na escola e que poderá colocar em prática nas situações que envolverem a tomada de decisão.
Cada um desses pilares atua de modo interdependente, interagindo entre si. Foi conforme esse relatório, que Edgar Morin, a pedido da Unesco, desenvolveu o texto Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro (MORIN, 1999, apud WERTHEIN; CUNHA, 2005, p. 22):
1. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. É preciso conhecer as disposições tanto psíquicas quanto culturais que conduzem ao erro e à ilusão. 
2. Princípios do conhecimento pertinente: contra o conhecimento fragmentado.
3. Ensinar a condição humana – o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico.
4. Ensinar a identidade terrena – o destino planetário do gênero humano é outra realidade-chave ignorada pela educação.
5. Enfrentar as incertezas: a educação deveria incluir o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas, nas ciências da evolução biológica e nas ciências históricas.
6. Ensinar a compreensão: a educação para a compreensão está ausentedo ensino. O planeta necessita em todos os sentidos da compreensão recíproca. O ensino e a aprendizagem da compreensão pedem a reforma das mentalidades.
7. A ética do gênero humano: a educação deve conduzir à “antropoética”, levando em conta o caráter ternário da condição humana, que é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie.
1. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. É preciso conhecer as disposições tanto psíquicas quanto culturais que conduzem ao erro e à ilusão. 
2. Princípios do conhecimento pertinente: contra o conhecimento fragmentado.
3. Ensinar a condição humana – o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico.
4. Ensinar a identidade terrena – o destino planetário do gênero humano é outra realidade-chave ignorada pela educação.
5. Enfrentar as incertezas: a educação deveria incluir o ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas, nas ciências da evolução biológica e nas ciências históricas.
6. Ensinar a compreensão: a educação para a compreensão está ausente do ensino. O planeta necessita em todos os sentidos da compreensão recíproca. O ensino e a aprendizagem da compreensão pedem a reforma das mentalidades.
7. A ética do gênero humano: a educação deve conduzir à “antropoética”, levando em conta o caráter ternário da condição humana, que é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie.
Para seguir esses princípios, o professor deverá estar atento às mudanças em sua prática pedagógica, o que levará, inevitavelmente, à formação continuada.
Revolução da Informação e do Conhecimento: Processos de Aprendizagem
Diante da revolução tecnológica e da globalização, como a escola reage? O que fazer para que os alunos se interessem por livros impressos, por escrever a lápis ou caneta, por desenhar a mão livre? 
Estamos na era da inovação há muito tempo. A velocidade com que tudo ocorreu avançou o tempo, propiciando que gerações conhecessem o que até então era desconhecido e ter contato com algo antes visto somente em filmes de ficção científica. O telefone que pode ser usado a distância, a conversa com alguém em outro continente, a cirurgia por meio de câmera, o estudo sem sair de casa, diante do computador, entre outras situações que muitos não previam como possíveis no século passado, mas que foram ocorrendo de tal forma que, em 20, 30 anos, já estávamos vivendo as mudanças que só existiam na ficção.
E a escola? Onde ficou? Onde está? Ela modificou-se ou ainda apresenta os mesmos parâmetros? E a qualidade do ensino mediado pela tecnologia, conseguiu superar todos os obstáculos? A realidade é que a escola, se não parou no tempo, anda a passos lentos. Mesmo a escola privada brasileira não compensa todo o avanço tecnológico, social, cultural, espiritual, enfim, que o aluno leva para dentro daquele espaço. 
Uma das principais mudanças ocorreu com o advento do computador de uso doméstico e, consequentemente, da internet. Por isso, a escola objetiva a inserção do indivíduo no mundo online, proporcionando o acesso à alfabetização digital. Em contrapartida, a tecnologia auxilia grandemente o trabalho do professor que busca maneiras inovadoras de trabalhar com seus alunos.
Inúmeras são as tarefas de um professor e, com a tecnologia, tudo ficou mais fácil. Em uma aula sobre a cadeia alimentar, por exemplo, o professor pode pesquisar sobre os animais e plantas na internet e criar slides para mostrar como essa cadeia funciona, levando a realidade, mesmo que virtual, para a sala de aula e aliar o conhecimento à prática.
É dessa forma que o trabalho do professor vai sendo facilitado, de modo que podemos perceber que esses avanços contribuíram muito para o trabalho professoral. Comparando alguns padrões educacionais, temos a seguinte situação:
	Modelo antigo
	Modelo novo
	Implicações tecnológicas
	Palestras em sala de aula
	Exploração individual
	Utiliza computadores pessoais em rede com acesso a informações.
	Absorção passiva
	Atitude de aprendiz
	Exige desenvolvimento de habilidades e simulações.
	Trabalho individual
	Aprendizagem em equipe
	Beneficia-se de ferramentas, equipes colaborativas e correio eletrônico.
	Professor onisciente
	Professor como um guia
	Depende do acesso à guia de especialistas através da rede.
	Conteúdo estável
	Conteúdo em rápida mudança
	Requer redes e ferramentas de publicação.
	Homogeneidade
	Diversidade
	Requer uma variedade de ferramentas e métodos de acesso.
Quadro 4 - Comparação entre os paradigmas educacionais
Fonte: Reinhardt (1995, p. 40 apud BARBOSA, 2007, p. 184).
Como você pode observar, são muitas as transformações que fizeram com que o trabalho do professor fosse facilitado. Porém, devemos ficar atentos a uma questão: nem todos os professores têm acesso à tecnologia, tanto na escola como em suas casas e outros, embora tenham acesso, não têm conhecimento sobre como usar ou trabalhar com esses avanços. Ainda há muitos lugares no Brasil onde o sinal de internet chega fraco ou simplesmente não chega. Sendo assim, é mais um caso de restrição com o qual os professores têm que lidar.
Uma leitura rápida, porém, esclarecedora, sobre os desafios dos professores perante o uso da internet, pode ser realizada no artigo Desafios da internet para o professor, de José Manuel Moran. 
Acesse o link(opens in a new tab) e leia-o na íntegra. Boa leitura!
Para resolver essa situação, a própria escola poderá auxiliar seu professorado com cursos voltados para o saber informatizado, fazendo uso das ferramentas tecnológicas, a fim de que os professores avancem tecnologicamente e passem a criar e recriar suas práticas pedagógicas.
Instituições de Ensino: Inovar é Preciso
Vamos pensar na seguinte situação: se um piloto de avião do XIX entrasse, hoje, em uma aeronave, provavelmente não conseguiria fazer com que decolasse, no entanto, se um professor dessa mesma época entrasse em uma sala de aula, saberia exatamente o que fazer, pois o quadro, os livros, as carteiras, a mesa do professor e os alunos enfileirados continuam na mesma disposição.
Para o aluno que chega à escola pela primeira vez, que tem sede de inovações, que pensa a escola como um lugar para aprender o novo e conhecer o que não conhece, já no primeiro ano descobre que esse lugar não tem muito de novo a ofertar. Desse modo, acaba por perder a vontade de aprender antes mesmo de terminar o ensino básico. E não estamos tratando somente de tecnologia. O modo de ensinar, mesmo com a leitura de um livro ou um jogo, deve ser dinâmico, além de divertido. 
Continuamos concebendo a educação e, consequentemente, a escola, da mesma forma que há séculos. É preciso mudar essa visão, conforme propõe Barbosa (2007, p. 182):
As instituições educacionais devem rever o modelo de ensino, a fim de atender às demandas dos estudantes, sem esquecer que o mercado de trabalho necessita de indivíduos informados e com facilidade em lidar com a tecnologia, o que torna imprescindível o conhecimento das facilidades na procura constante a informações de maneira flexível e dinâmica.
As instituições educacionais devem rever o modelo de ensino, a fim de atender às demandas dos estudantes, sem esquecer que o mercado de trabalho necessita de indivíduos informados e com facilidade em lidar com a tecnologia, o que torna imprescindível o conhecimento das facilidades na procura constante a informações de maneira flexível e dinâmica.
Desde o início do conteúdo, temos abordado a escola democrática, mas, será que é isso que o aluno está encontrando em termos tecnológicos? O aluno de hoje quer participar mais, deseja falar e ser escutado, questiona, argumenta, participa ativamente da aula e, no entanto, muitas vezes não é ouvido ou, quando é, não obtém respostas – seja porque o professor não pode parar o conteúdo ou porque ele simplesmente não sabe e não tem coragem de confirmar isso.
Logicamente, o professor não atua assim por simples desejo, mas porque, como já tratamos neste conteúdo - e é sabido por todos - para sobreviver, esse profissional precisa avançar noite adentro preparando aulas, programandoatividades, lendo e relendo materiais para, no dia seguinte, enfrentar uma jornada de oito, 12 horas de sala de aula. Por isso, “para que o professor acompanhe o desenvolvimento tecnológico, é urgente e necessária uma valorização de seu papel na sociedade para que ele tenha estímulo de encontrar na tecnologia novas formas de ensino” (BARBOSA, 2007, p. 187).
A reinvenção da escola deve, portanto, ser repensada e seus conceitos, revistos, de modo a conceber um ensino voltado para a informação, a globalização e o conhecimento tecnológico.
Conclusão
A escola está preparada para o futuro? Muito se fez essa pergunta no século passado e, no entanto, o tempo passou e vemos uma escola ainda parada no tempo, com professores sobrecarregados de tarefas, mal remunerados e sem as condições mínimas de trabalho.
Como reverter essa situação? Pensando uma escola não apenas informatizada, com aparatos tecnológicos, mas, também, diante de um aluno questionador, inquieto, com desejos múltiplos de conhecimento.
Neste conteúdo, você viu como o professor necessita de formação continuada para não ficar estagnado e seguir de acordo com os avanços sociais que presenciamos. Uma escola democrática deve estar preparada para o aluno e para o professor, com condições para que ambos exerçam esse direito.
Você viu, ainda, o quanto é importante o processo de formação da prática educativa por meio da formação do professor, que não deverá parar, devendo acompanhar as mudanças tecnológicas. Além disso, a forma de transformar as práticas educativas com informação e desenvolvimento tecnológico também foi tema deste conteúdo.
Esperamos que tais assuntos possam contribuir com sua formação acadêmica e que promovam reflexão sobre sua formação continuada. 
QUESTÃO 1 
O gestor público, como servidor público que é, deverá seguir as normas regulamentadoras, conforme as políticas públicas vigentes e que também norteiam o trabalho das escolas públicas. Todo gestor público deverá, assim, cumprir o que está estabelecido em lei, seguindo rigorosos padrões que envolvem certos princípios. Sobre os princípios que estão previstos na Constituição Federal (CF), é correto afirmar que:
I) o gestor público deve seguir o princípio da eficiência e da legalidade, dando preferência à contratação sem licitação, independentemente do valor do bem a ser adquirido. 
II) para adquirir um bem, o gestor público deverá informar à comunidade, conforme determina o princípio da publicidade.
III) o princípio da moralidade diz respeito ao critério da eficiência na procura pelo melhor custo- benefício.
IV) seguindo o princípio da impessoalidade, o gestor público não poderá contratar nenhum tipo de serviço que seja prestado por um parente seu.
V) o princípio da moralidade diz respeito aos critérios de honestidade na aquisição de um bem, por exemplo.
a)  II, IV e V Resposta correta
b) I, II e IV. 
c) II e V. 
d) I, III e IV.
e) II, IV e V.
QUESTÃO 2
A competência diz respeito à capacidade, à aptidão que o ser humano pode desenvolver ao longo de sua vida; já a habilidade se refere ao desempenho que esse sujeito terá ao realizar determinada atividade.
Para exercer a função de gestor público, são necessárias certas competências e habilidades previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais. 
Algumas delas são:
I) refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento.
II) desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações.
III) reconhecer e definir problemas, deliberar estrategicamente para que outros encontrem a solução.
IV) desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, excluindo os processos de negociação e as comunicações interpessoais ou intergrupais.
V) ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, levando em conta sua posição de liderança suprema e voz ativa na organização.
Estão corretas as sentenças:
a) I, II e III.
b) II, IV e V. 
c) I e II. Resposta correta
d) III e IV.
e) IV e V. 
QUESTÃO 3
Leia o texto a seguir, de Barbosa (2007, p. 191):“Infelizmente, muitos professores são obrigados a trabalhar em dupla ou tripla jornada para manter um padrão de vida razoável, sem tempo de atualização e troca de ideias com pedagogos e educadores, participar de seminários, utilizar as tecnologias disponíveis e desenvolver outras atividades que contribuem para o seu enriquecimento pessoal e cultural”.
 
Fonte: BARBOSA, J. V. Do Giz ao Mouse – A Informática no Processo Ensino-Aprendizagem. In: COLOMBO, S. S. et al. Gestão educacional: uma nova visão. Porto Alegre: Artmed, 2007.
A citação diz respeito à situação de inúmeros professores brasileiros. Esse cenário poderia ser modificado:
a) revendo a atitude do gestor público, que deverá cobrar com maior rigidez e austeridade os afazeres do professor. 
b) promovendo o acesso do professor aos cursos de informática, pagos pela comunidade escolar.
c) pensando em reformular a instituição de ensino para que o professor trabalhe mais e, assim, produza por mais tempo.
d) o Estado promovendo o acesso do gestor público a cursos de aperfeiçoamento para que auxilie o professor em suas tarefas. 
e) valorizando, de modo urgente, o papel do professor na escola, promovendo sua capacitação, por meio da formação continuada e de melhores salários. Resposta correta
Introdução
A escola é o lugar onde o conhecimento deve ser desenvolvido, onde o sujeito encontra amparo para aprender, apreender e potencializar sua condição de aprendizagem, que propicia que ele se reconheça capaz de exercer sua cidadania e função social em determinada comunidade, além de constatar o quão importante é a convivência, o respeito às desigualdades e ao diferente.
Para que a escola se enquadre nessas e em outras necessidades do indivíduo como ser social, ela deverá manter-se aberta a todos, indistintamente – escola para todos – como determina nossa Constituição Federal – democrática, participativa e promotora da evolução do conhecimento. Por isso, faz-se necessário verificar como se dá a estrutura organizacional da escola, a fim de que se possa planejar condutas e ações concretas para combater as desigualdades sociais, um dos assuntos que você verá aqui, além da conduta do gestor para que essa realidade se faça presente no ambiente escolar.
Você entenderá como o planejamento estratégico atua na gestão escolar para conduzir decisões que visem a qualidade da educação e como a tecnologia, auxiliar nesse processo, é uma importante ferramenta, capaz de promover mudanças no pensar e oportunizar novas formas de educar e aprender.
Por fim, você verá quais obstáculos, na promoção de uma educação para todos, ainda existem e que devem ser superados por meio de ações planejadas.
Objetivos da Aprendizagem
Ao final, esperamos que possa:
· Analisar a estrutura organizacional da unidade escolar, planejando ações concretas na luta contra as desigualdades sociais.
· Analisar o contexto da sociedade contemporânea, identificando suas transformações, para pensar estratégias e ações de inovação, na busca de superar desafios e avançar na construção de uma educação de excelência.
Educação: Um Direito de Todos
Função Social da Educação
Ao pensarmos em educação, levamos nosso pensamento diretamente para a escola e, provavelmente, de uma sala de aula, com um professor posicionado à frente de alunos enfileirados em carteiras e copiando um texto do quadro. No entanto, nem sempre foi assim. 
A educação nasceu no Egito antigo, concebida apenas à classe dominante, na forma de longos textos orais produzidos em tribunas ou praças destinadas a esse fim. O foco era, geralmente, o desenvolvimento científico. Já na Grécia, o foco eram os pensamentos filosóficos da época, propagados por grandes pensadores como Homero, Sócrates e Platão.
Além dessas duas civilizações, a romana também teve um papel importante na formação de seu povo por meio da educação. O que há em comum com a educação de hoje e da antiguidade éa responsabilidade dada à família e ao Estado pela sua execução.
De lá para cá, muita coisa mudou e os parâmetros que constituem a educação sofreu várias mudanças, porém, sempre constituídos pelas necessidades das sociedades vigentes. No meio disso tudo, o fundamental papel do professor foi igualmente se modificando, de acordo com o que era estabelecido por pelas comunidades sociais. Portanto, a educação sempre teve um papel social a ser cumprido, sendo a escola a instituição responsável por essa empreitada.
A função principal da educação é promover o desenvolvimento do indivíduo, qualificando-o para participar da sociedade em que vive, de modo a constituir-se como cidadão capaz e conhecedor de seus direitos e deveres, a fim de que possa atuar de forma eficiente nessa sociedade, cumprindo os papéis sociais que lhe são atribuídos.
Monteiro e Motta (2013, p. 9) apontam algumas características básicas da educação: “ela é estreitamente relacionada aos processos socioculturais, em profunda interdependência com os modelos e instrumentos de comunicação que os constituem e tem, sobretudo, um caráter ético e político”.
Nesse sentido, a escola deverá dar condições para que todo cidadão tenha acesso a ela e aos saberes nela promovidos. A educação, assim, vai sendo moldada de acordo com as mudanças que ocorrem na sociedade, resultando em novos desafios que vão surgindo.
Se, em um primeiro momento, a educação era voltada para o pensamento filosófico, sobre a existência do homem como ser pensante, biologicamente formado, com o tempo, o sentido do conhecimento foi avançando e sendo moldado pelos padrões sociais. É assim que surge a educação estritamente conservadora, voltada para os padrões religiosos e formadora de rigorosos padrões em que a escola seria a única capaz de exercer o poder da educação e somente alguns teriam direito a ela.
As transformações de pensamento que foram ocorrendo refletiram no modo de pensar a educação e, consequentemente, a escola. Foi assim que as salas de aula se abriram para todos, indiscriminadamente. O século XX foi marcado por grandes transformações sociais, sobretudo no que compete às relações familiares e de trabalho. Com isso, o papel do Estado diante da educação foi se ampliando, sendo exigido, cada vez mais, que o indivíduo apresentasse o mínimo de escolaridade para exercer seu papel social diante de condições de trabalho, especialmente no que diz respeito à globalização e à tecnologia, demandando um conhecimento científico cada vez maior.
É assim que a escola, dita tradicional, dá lugar a uma instituição voltada para a cientificidade, para o esclarecimento daquilo que, até então, não era questionado ou não apresentava respostas. Monteiro e Motta (2013, p. 45) apresentam um interessante quadro contrapondo as formas de perceber e de estar no mundo a partir do século XX.
A simplicidade das ações e atitudes de aprendizagem dão lugar à complexidade da contextualização, do desenvolvimento do pensamento voltado para a prática daquilo que está sendo aprendido. Se antes a estabilidade dava, à educação, a tranquilidade de agir de acordo com o certo, o dado e não questionado, a instabilidade passa a existir pela imprevisibilidade, pelo questionamento e pela descoberta. Por fim, o indivíduo, como ser social autônomo é substituído, gradativamente, pelo sujeito construtor de uma sociedade heterogênea, plural e interativa (MONTEIRO; MOTTA, 2013).
Diante de tantas transformações, a educação necessita cumprir seu papel social e, para tanto, o papel do gestor é indispensável.
O Papel do Gestor Escolar: Ambiguidades e Contradições
A gestão escolar não compete somente à direção e à coordenação, como alguns acreditam. Ela vai além, comportando todas as instâncias e funções que envolvem a instituição escolar como um todo, para que o ambiente de estudo esteja de acordo com o público, ou seja, o estudante. Mudanças na sociedade requerem iguais mudanças na forma de pensar e de agir do gestor educacional para, desse modo, conseguir acompanhar os avanços educacionais.
Na sociedade moderna, novas competências e desafios são lançados constantemente, promovidos, sobretudo, pela inovação. É nesse contexto que a educação está inserida, envolvida por fatores diversos, conforme apontam Monteiro e Motta (2013). 
Figura 2 - Contexto de atuação educacional
Fonte: Monteiro e Motta (2013, p. 223).
#PraCegoVer: Círculo grande simbolizando o contexto de atuação educacional e, dentro dele, há cinco círculos, sobrepostos, cada um representando os fatores: políticos, ambientais, econômicos, culturais e sociais. Fora do grande círculo, há outro menor, da inovação. Parte dele tem uma seta em direção a outra forma, que representa novas competências e, desta parte uma seta em direção ao grande círculo. Outra forma, a dos desafios, liga o interior do grande círculo ao exterior em direção ao círculo da inovação, que seja liga novamente às novas competências, que interage com o interior do círculo...
É sob esse enfoque que o gestor deve trabalhar suas competências, promovendo a integração dos diversos saberes com os fatores que incidem sobre a educação. O papel do gestor, nesse sentido, será amparado pela visão inovadora que ele deverá apresentar sobre a educação e sobre o conhecimento voltado para os padrões atuais de aprendizagem.
Uma gestão funcional deverá, assim, “ser versátil e suficientemente flexível para ofertar recursos inteligentes e úteis aos diferentes educadores, em diferentes locais (MONTEIRO; MOTTA, 2013, p. 227). Essa versatilidade será demonstrada nas práticas pedagógicas do professorado e na responsabilidade da escola, como um todo, quando se recorrerá à inovação para compreender a realidade educacional em consonância com a realidade contemporânea social.
É nesse sentido que a gestão escolar acaba, muitas vezes, por pensar sua administração embasada nas funções de planejamento, desenvolvimento, controle e avaliação, fatores advindos da administração geral, mas que competem, de igual modo, à gestão escolar. No entanto, tais habilidades se voltam bem mais para a gestão vista em sua verticalidade de ações em detrimento da horizontalidade.
Ou seja, são ações amparadas em controle de atitudes, cujo patamar mais alto é do gestor. Com isso, as maiores decisões são tomadas por ele e não pelo grupo, como se haveria de pensar no pensamento horizontal de gestão.
Atualmente, a gestão faz-se pensando em outras funções que, aliadas às tradicionais, formam um conjunto capaz de suportar as demandas sociais da escola contemporânea. Veja, a seguir, como se dá esse conjunto de funções nas perspectivas de gestão:
Perceba que é um ciclo que envolve tanto o tradicional quanto o sistêmico na gestão, proporcionando condições de pensar a gestão de modo dialógico e colaborativo, levando em conta as diferentes formas de integração entre escola e comunidade (MONTEIRO; MOTTA, 2013). 
Enfrentamento das Desigualdades e Inclusão Social: um Compromisso de Todos
Vamos iniciar este tópico explicando seu título, sobretudo, no que diz respeito ao compromisso de todos e não somente da escola. Para que haja inclusão social, é necessário que exista, igualmente, a colaboração de grupos de pessoas voltadas para esse fim, sendo a escola, o Estado, a comunidade e a família os mais importantes.
É impossível tratar de desigualdade – fator mundial que abrange quase todas as nações e que acaba por resultar na exclusão, sem abordar a inclusão, já que esta é uma das soluções para aquela. É por isso que diversos órgãos internacionais contam com iniciativas que visam promover a educação inclusiva, dentre eles, União Europeia, Nações Unidas, Unesco, Banco Mundial, além de ONGs espalhadas pelo mundo, que tentam conter essa situação que abrange a diversidade e a exclusão educacional (PACHECO et al., 2007).
Historicamente, no Brasil, sempre existiu a desigualdade, por consequência, a exclusão. Desde a colonização, com o subjugo dos índios e dos escravos africanos, passando pelo início da industrialização, até chegar aos dias atuais, em que grande parte dapopulação brasileira ainda vive na miséria. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados entre 2018 e 2019, mostram que 6,5% dos brasileiros vivem na extrema pobreza, demonstrando porque o Brasil é o nono país mais desigual do mundo, de acordo com o Banco Mundial (IBGE, 2020a).
Outro dado importante e que reflete a situação da educação no país, é o da quantidade de jovens entre 15 e 29 anos sem graduação e que nem frequentavam a escola no mesmo período: 23,8 milhões. O motivo principal, apresentado pela pesquisa, revelou ser a necessidade de trabalhar (IBGE, 2020a).
Como você pode perceber, a disparidade social presente no Brasil é grande. A escola, nesse sentido, acaba por perder parte das crianças e jovens para o mercado de trabalho, visto que a necessidade de se sustentar é maior que a do estudo. Aliado a isso, encontra-se a situação de emprego e subemprego em que vivem essas pessoas, devido, sobretudo, à baixa escolaridade. Como resultado, as taxas de desemprego envolvendo esse grupo de pessoas é bastante alta, conforme aponta o IBGE (2020b): 
Cerca de 82,3% dos jovens de 15 a 29 anos que nunca frequentaram a escola estavam sem ocupação em 2019, segundo a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE. O levantamento mostra, pela primeira vez, que entre os que já tinham estudado, quanto mais cedo abandonaram os estudos, maiores eram as chances de estarem sem trabalho. 
Cerca de 82,3% dos jovens de 15 a 29 anos que nunca frequentaram a escola estavam sem ocupação em 2019, segundo a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo IBGE. O levantamento mostra, pela primeira vez, que entre os que já tinham estudado, quanto mais cedo abandonaram os estudos, maiores eram as chances de estarem sem trabalho. 
São números alarmantes que comprovam o quanto a escolaridade é importante para o desenvolvimento econômico e social do brasileiro. No entanto, o que vemos é um número cada vez maior de jovens abandonando os estudos para promover seus sustentos e o de suas famílias, muitas vezes.
	Jovens que não estudavam e nem estavam ocupados – por Unidade da Federação, entre 15 e 29 anos
	Faixa
	Estado
	Percentual
	Até 15%
	Santa Catarina
	12,7%
	
	Rio Grande do Sul
	14,2%
	Acima de 15 até 20%
	DF
	17,3%
	
	Paraná
	17,5%
	
	MT
	17,5%
	
	MG
	17,6%
	
	ES
	18,2%
	
	MS
	18,3%
	
	GO
	19%
	Faixa
	Estado
	Percentual
	Acima de 20 até 25%
	São Paulo
	20,2%
	
	Rondônia
	20,9%
	
	Tocantins
	22,2%
	
	Rio de Janeiro
	23,4%
	Acima de 25%
	Rio Grande do Norte
	25,4%
	
	Bahia
	25,5%
	
	Amazonas
	25,6%
	
	Roraima
	25,8%
	
	Amapá
	25,8%
	
	Piauí
	25,9%
	
	Ceará
	26%
	
	Sergipe
	26,2%
	
	Pará
	26,4%
	
	Paraíba
	27,9%
	
	Acre
	29%
	
	Pernambuco
	29,9%
	
	Maranhão
	33,2%
	
	Alagoas
	34,1%
Quadro 1 - Indicação por Estado
Fonte: Adaptado de IBGE (2020b).
Pelo quadro, podemos observar que os maiores índices se encontram nos Estados de Alagoas e do Maranhão e, em contrapartida, os menores índices são referentes aos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
A educação inclusiva tem como propósito resgatar essa população e reverter esse quadro, um assunto que vem tomando conta em caráter de justiça social, pedagógico, reforma escolar e programas governamentais. Em relação às práticas pedagógicas efetivadas na escola, é necessário que reflitam a diversidade, a flexibilidade e a colaboração, algo que não ocorre em uma escola de visão tradicional de ensino e de instituição (PACHECO et al., 2007). 
Planejamento Estratégico: Processo Decisório na Busca de Uma Educação de Qualidade
Conceituando Planejamento Estratégico
Para compreender o que é o planejamento estratégico, vamos começar pelo conceito de planejamento. De acordo com o dicionário Aurélio, o planejamento consiste em “elaborar um plano ou roteiro; programar, planificar; tencionar, projetar” (FERREIRA, 2009, não paginado). Todos nós já planejamos algo em nossas vidas: uma viagem, um passeio, uma vida a dois, a aquisição de um bem etc. Em menor grau, e sem, muitas vezes, percebermos, planejamos atos cotidianos, como o horário que acordamos, a ida ao supermercado, o que vamos comer na hora do almoço, além de muitas outras situações rotineiras que requerem planejamentos mínimos.
Nem sempre esses planos dão certo e os motivos para que isso ocorra podem ser inúmeros, no entanto, o risco de dar errado certamente será menor se o planejamento for pensado, com metas bem estabelecidas e objetivos traçados.
Na escola, o planejamento é fundamental para que os objetivos definidos para determinado período possam ser cumpridos. Para que isso ocorra, é necessário:
[...] organizar o conjunto de ações definindo aonde se quer chegar, estudar potencialidades e fragilidades, definir prioridades, avaliar e organizar os espaços físicos e a infraestrutura, e selecionar os recursos de ensino mais pertinentes, para que ele possa ser colocado em prática de maneira efetiva e com a participação de todos.
SANT’ANNA, 2014, p. 12
[...] organizar o conjunto de ações definindo aonde se quer chegar, estudar potencialidades e fragilidades, definir prioridades, avaliar e organizar os espaços físicos e a infraestrutura, e selecionar os recursos de ensino mais pertinentes, para que ele possa ser colocado em prática de maneira efetiva e com a participação de todos.
SANT’ANNA, 2014, p. 12
Um planejamento bem definido incorre em estratégias que irão definir as ações condizentes com as necessidades previstas no plano, sendo que este deverá ser realizado de modo coletivo, em reuniões que não somente preencham o calendário administrativo anual, mas que objetivem reflexões acerca daquilo que a escola necessita, como um todo ou em partes, de acordo com cada departamento ou setor.
Mas, o que é estratégia? Estratégia remete à noção de guerra, às estratégias militares utilizadas em batalhas, a fim de vencer o inimigo, isso porque o termo está diretamente relacionado à “arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios e/ ou aviões, visando alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos”. Porém, ao longo do tempo, passou a designar, também, a “arte de aplicar os meios disponíveis com vista à consecução de objetivos específicos” (FERREIRA, 2009, não paginado).
A escola, assim como toda organização, é constituída por distintos segmentos, como a direção, a coordenação pedagógica, a secretaria, entre outros, estruturados de acordo com cada finalidade e que, juntos, proporcionam a integração necessária para que a instituição se estabeleça em torno de seus objetivos educacionais.
Assim, cada gestão terá que definir seus objetivos de acordo com as necessidades que lhe competem, observando alguns cuidados básicos. Sant’Anna (2014) relaciona quatro aspectos que, para ele, são essenciais na organização escolar:
Christóvam (2007, p. 170) expõe a situação do seguinte modo:
	Cuidado
	Detalhamento
	O cuidado com o ambiente
	A estrutura física, o visual e o clima organizacional definem o comportamento e os valores; a disposição dos mobiliários interfere ou facilita a interação das pessoas para que haja um ambiente de respeito e colaboração. O zelo às condições de higiene, segurança, iluminação e ventilação promove acolhimento e receptividade. 
	O cuidado com a equipe
	Mobilizar o grupo no planejamento dos objetivos e das atividades para que se comprometam com as diretrizes institucionais e sintam-se integrantes do processo (pertencimento). 
	O cuidado com as competências pessoais
	Promover com a equipe um diagnóstico sobre suas necessidades (material de apoio, recursos de aprendizagem, fluxo de informações, entre outros), avaliando potencialidades, fragilidades e expectativas.
	O cuidado com o planejamento
	Conscientizar todos e cada participante na estruturação de seus planos de ação, monitoramento e avaliação em relação aos objetivos traçados e conforme as atribuições de cada um.
Quadro 2 - Cuidados essenciais que as gestões devem manter na escola
Fonte: Adaptado deSant’Anna (2014, p. 15).
Levando em conta todos esses cuidados, é possível manter a escola de acordo com o planejamento realizado pelo grVupo que constitui todas as esferas organizacionais da instituição. Por isso, é necessário um planejamento com estratégias voltadas para todas as necessidades e em conformidade com as diferentes atividades que cada um exerce na escola.
Planejamento Participativo na Gestão Democrática e Educação Participativa
Uma gestão participativa incide no modo de pensar coletivo, no diálogo, no compreender as diferenças e acolher ideias e sugestões. Pensar coletivamente produz a condição de exercitar o respeito entre os pares, a valorização e o sentido de reflexão sobre o que está sendo debatido. Os resultados certamente são melhores quando se pensa junto com os demais participantes e não isoladamente.
Sendo a escola uma instituição por natureza, coletiva e democrática, é inconcebível pensar o seu planejamento como um exercício isolado, sem a participação dos sujeitos que dela fazem parte.
Partindo do princípio da gestão democrática, o planejamento escolar tem um caráter dialógico e flexível. 
De acordo com Gandin (2004), sua finalidade deve abranger:
· bullet
o foco na aprendizagem de todo o grupo, operacionalizando os conteúdos fundamentais para a escola; 
· bullet
ser resultado de um processo de discussão, a partir das demandas e participação de toda comunidade escolar; 
· bullet
orientar o processo de tomada de decisão e executar o estabelecido no projeto político-pedagógico, de acordo com as metas, atendendo as demandas da comunidade escolar; 
· bullet
otimizar os diferentes usos e realocações de recursos materiais, financeiros e humanos, de acordo com as necessidades da instituição;
· bullet
traçar estratégias a curto, médio e/ ou longo prazo;
· bullet
elaborar estratégias de inovação e mudança cultural;
· bullet
conter os princípios pedagógicos que estejam relacionados ao contexto e à prática das atividades de sala de aula planejada pelos professores;
· bullet
traçar estratégias e atividades que garantam a formação docente e reuniões pedagógicas.
Esses aspectos dizem respeito às ações práticas – e mesmo, técnicas, necessárias para a elaboração do planejamento, determinadas na própria legislação sobre a educação e, por isso mesmo, devem ser seguidas. 
O planejamento participativo é entendido como uma ferramenta de intervenção na realidade, com base em uma filosofia democrática, com conceitos, modelos, técnicas e instrumentos específicos para organizar a participação de todos da comunidade escolar em uma direção estabelecida em conjunto, definindo quais resultados alcançar. Estarão implícitas as concepções de homem, educação e sociedade.
Algumas etapas são necessárias para que se faça um planejamento participativo, sendo que a primeira delas é a definição do objetivo, que deverá ser elaborado de acordo com a realidade vivenciada pelo grupo participante. Também faz sentido configurar quem é o grupo: que valores, conceitos e conhecimentos fazem parte do conjunto de pessoas envolvidas na elaboração, execução e destinação desse plano.
Imagine que o Dia das Mães se aproxima e a gestão pedagógica, desejando comemorar a data, resolve fazer uma festa. A gestão administrativa, porém, tem a informação de que alguns alunos têm pouca ou nenhuma convivência com suas mães; outros, com seus pais. Nesse caso, um planejamento participativo envolvendo a gestão pedagógica, a administrativa e o corpo de professores poderia sinalizar a inconsistência de ocorrer tal comemoração e, na interação entre essas pessoas, poderia ser levantada a hipótese de uma festa única, que envolvesse as famílias, pensando, inclusive, em muitas avós ou tias que exercem o papel de cuidadoras daquelas crianças. 
Para conceber o planejamento participativo, Gandin (2004) apresenta um passo a passo composto por três aspectos que devem ser considerados:
· 1
1
Marco Situacional: relacionado à realidade global existente, que diz como o grupo percebe a realidade em seus problemas, desafios e esperanças;
· 2
2
Marco Doutrinal: relacionado à realidade desejada, que expressa a utopia social, expõe as opções sobre o homem e sobre a sociedade, além de fundamentar essas ações em teoria;
· 3
3
Marco Operativo: relacionado à realidade desejada do campo de ação da instituição em processo de planejamento, que expressa a utopia instrumental do grupo, expõe as opções em relação ao campo de ação da instituição e fundamenta essas opções em teoria.
Há ainda outro aspecto a ser ponderado, que se relaciona à realidade institucional existente, considerando a realidade e a prática específicas da instituição (grupo ou movimento) que se está planejando. 
Somente após percorrer esses passos de identificação dos marcos situacional, doutrinal e operativo e analisar a realidade institucional, que será possível fazer o diagnóstico das necessidades. O confronto entre a realidade institucional e a realidade desejada é que “[...] expressa o juízo que o grupo faz da sua realidade, em confronto com o ideal traçado para seu fazer. Deste julgamento (avaliação) ficam claras as necessidades da instituição” (GANDIN, 2004, p. 33).
Além da definição dos objetivos, que se originam do diagnóstico da instituição, é preciso definir os níveis de planejamento escolar que se pretende, os quais se referem ao nível político e o operacional, que precisam estar integrados e são interdependentes, comungam do mesmo objetivo e separam-se para melhor entendimento de seus itens, mesmo inseparáveis em termos de finalidade.
A segunda etapa do planejamento vai interligar os objetivos selecionados pelos representantes da comunidade escolar com as exigências dos programas oficiais presentes na legislação, nas Leis das Diretrizes e Bases da Educação (LDB), no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e nas metas da educação elencadas pelo Plano Nacional de Educação (PNE), além dos planos estaduais e municipais.
Além de metodologias científicas eficazes para definir o passo a passo, todo processo de planejamento exige um líder competente que assuma a coordenação do planejamento, visto que a gestão democrática tem sido confundida com a falta de um líder que indique um direcionamento, ao permitir que todos falem ao mesmo tempo.
Quando se fala em participação, logo vêm à mente as reuniões em plenárias, os pleitos eleitorais e as grandes manifestações. Embora essas reuniões possam servir honestamente para mobilização de pessoas, a participação efetiva só acontece se houver consciência clara do motivo e das razões que levam cada um dos indivíduos a participar.
Gandin (2004) busca uma metodologia com fundamentos teóricos e opções transformadoras na linha da justiça social para alcançar a participação efetiva e elabora um roteiro que possui três momentos interligados: 
	O momento pessoal é de posicionamento de cada um, com o pronunciamento de suas opções, seus saberes e de riqueza para a ação coletiva;
	O momento dos subgrupos é de seleção e de organização de ideias e de decisão quanto ao mérito e ao conteúdo;
	O momento de plenário é de globalização e de reencaminhamento quanto a métodos, técnicas, processos; é também momento de posicionamento pessoal sobre o que vem sendo elaborado.
Quadro 3 - Momentos interligados para a participação efetiva no planejamento escolar
Fonte: Adaptado de Gandin (2004, p. 121).
A importância de seguir esse roteiro consiste na noção de que não pode haver processo participativo sem que cada pessoa expresse seu parecer pessoal, sem que se crie consciência de que seus conhecimentos são necessários. Da mesma forma, a participação dá-se nos momentos de esclarecimento e definição de metas concretas, que só podem ser dialogadas criteriosamente nos pequenos grupos, nos quais é possível construir saberes e consenso relativo às opiniões diversas que vão convergir na participação coletiva.
“Não pode haver planejamento participativo sem momentos em que a pessoa possa se pronunciar por si mesma, sem a tomada de decisão

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