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DESCRIÇÃO Este estudo trata da caracterização de aspectos clínicos e farmacotécnicos da Terapia Nutricional (TN) e apresenta os parâmetros de controle e garantia da qualidade das soluções e preparações enterais e parenterais. PROPÓSITO Como suporte para a importante e eficiente atuação do farmacêutico na avaliação clínica e nas preparações da nutrição enteral e parenteral, este conteúdo aborda os aspectos clínicos e farmacotécnicos da Terapia Nutricional, legislação e as boas práticas envolvidas na Terapia Nutricional Enteral (TNE) e Terapia Nutricional Parenteral (TNP). OBJETIVOS MÓDULO 1 Definir os aspectos clínicos e farmacotécnicos da Terapia Nutricional MÓDULO 2 Reconhecer a legislação e boas práticas envolvidas na Terapia Nutricional Enteral e Parenteral INTRODUÇÃO Este conteúdo apresenta um assunto de bastante importância para o dia a dia do farmacêutico, profissional imprescindível na equipe multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN), pois a nutrição parenteral (NP) é considerada um medicamento e a sua manipulação é atribuição privativa desse profissional. Confira os detalhes dos aspectos que serão tratados no decorrer deste conteúdo: 1º módulo Serão apresentados os aspectos clínicos e farmacotécnicos da Terapia Nutricional, os diferentes tipos de pacientes e patologias. & 2º módulo Dessa vez, entra em pauta a legislação e as boas práticas envolvidas na Terapia Nutricional Enteral e Parenteral. Esperamos que todo o conhecimento reunido aqui o auxilie na sua jornada acadêmica, bem como na atuação profissional. Bons estudos! MÓDULO 1 Definir os aspectos clínicos e farmacotécnicos da Terapia Nutricional TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL (TNP) O quadro de desnutrição em pacientes hospitalizados, conforme estudos multicêntricos internacionais, gira em torno de 30 a 50% dos casos. Essa prevalência, naturalmente, cresce conforme o tempo de internação: quanto mais tempo, maior a chance de o paciente ficar desnutrido. Esse valor sobe, por exemplo, para 60% quando os pacientes ficam internados por mais de 15 dias. A Terapia Nutricional (TN) é o conjunto de procedimentos que visam a manter ou recuperar o estado nutricional por meio da nutrição parenteral (NP) ou nutrição enteral (NE) – ambas realizadas em pacientes que não são capazes de satisfazer suas necessidades metabólicas e nutricionais por via oral. REGULAMENTAÇÃO NP E NE A NP é regulamentada pela RDC nº 63/2000, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e a NE é regulamentada pela Portaria nº SVS/MS 272/1998, do Ministério da Saúde (MS), que define, inclusive, a obrigatoriedade de uma Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) nos hospitais. O grande objetivo da TN é corrigir o quadro de desnutrição prévia que o paciente se encontra, bem como prevenir e reduzir a deficiência calórico-proteica que pode ocorrer caso a enfermidade, que levou à hospitalização, evolua. Para que se possa atingir o estado metabólico ideal, é fundamental o equilíbrio entre a ingestão de líquidos, eletrólitos e nutrientes por meio da Terapia Nutricional. São muitos os fatores que influenciam os pacientes hospitalizados a não se alimentarem adequadamente para atingir suas necessidades calórico-proteicas. São eles: Doença de base Ausência de apetite Dores Vômitos Tratamentos cirúrgicos e oncológicos Radioterapia Redução da capacidade gástrica Esvaziamento gástrico prejudicado Motilidade intestinal reduzida Inflamações do trato gastrointestinal Prematuridade Outros fatores Sobre as inflamações do trato gastrointestinal, um dos pontos que foi visto anteriormente, podemos citar como exemplo a enterocolite, doença de Crohn, síndrome do intestino curto etc. Todos esses fatores têm resultantes muito significativos para saúde do paciente e para o déficit hospitalar, uma vez que uma dieta inadequada no período de hospitalização, além de comprometer o estado nutricional do paciente e sua resposta ao tratamento, promove o aumento no tempo de internação e dispêndio de recursos do hospital (CORREIA, 2001). Dessa forma, como alternativa para promover a saúde dos pacientes desnutridos, é que se faz necessária a Terapia Nutricional. Diante da relevância do assunto, a criação de uma equipe multidisciplinar é fundamental para assegurar a atenção adequada aos pacientes hospitalizados. É esse o trabalho, que envolve profissionais de formações distintas, que permite integrar e complementar os conhecimentos para cumprir o objetivo proposto de identificar, intervir e acompanhar os distúrbios nutricionais. O farmacêutico é um profissional indispensável na EMTN, já que desempenha funções específicas que promovem a saúde com qualidade e redução de custos hospitalares. Compete ao farmacêutico realizar todas as tarefas relativas ao desenvolvimento e preparação da NP, atendendo às recomendações das Boas Práticas de Preparo da Nutrição Parenteral (BPPNP), conforme Portaria nº 272/1998, a qual publicou que a manipulação de NP é uma atividade única e exclusiva desse profissional. COM ISSO, É DE EXTREMA E TOTAL RELEVÂNCIA DESCREVER A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NO UNIVERSO DA TERAPIA NUTRICIONAL E SUA ATUAÇÃO NA EMTN. É primordial, então, trabalhar alguns conceitos básicos de nutrição clínica, delimitar a atuação do farmacêutico junto à EMTN, estudar o processo de avaliação da prescrição da NP, explicando a escolha da via de acesso da TN, bem como descrever o processo de manipulação, elucidando as estruturas necessárias para tal. ESTADO NUTRICIONAL E DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR A alimentação é uma das várias condições especiais para sobrevivência humana. Ao se alimentarem, os indivíduos não estão somente satisfazendo necessidades fisiológicas, mas também as de ordem psicológica-social, psicológica-particular e, principalmente, as de ordem cultural-intelectual, conforme suas condições de vida e a forma com que se relacionam com os alimentos. A hospitalização acarreta muito sofrimento para o paciente em virtude de fatores como ansiedade, aflição pelo desconhecido e incômodo que surge pelo afastamento da família, dos seus pertences e de toda realidade cotidiana. Por todas essas questões, mais o tempo de internação, muitas vezes os pacientes apresentam dificuldades para se alimentar, levando ao risco nutricional. Desse modo, alimentar-se de forma equivocada, durante a internação, traz consigo tais hábitos alimentares que podem resultar no comprometimento do estado nutricional, do estado geral e, consequentemente, da resposta aos tratamentos que desospitalizariam o paciente. MENSURAÇÃO DO RISCO NUTRICIONAL Esse risco é mensurado por meio de questionários com perguntas sobre o agravamento da doença e o estado nutricional atual do paciente: índice de massa corpórea, percentual de perda ponderal e ingestas precedentes à semana anterior da internação. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL A evolução clínica do paciente é influenciada pelo seu estado nutricional. Daí a necessidade de reconhecer e identificar os pacientes com potencial risco nutricional. Para fazer essa avaliação, vários métodos são propostos como teste de avaliação clínica, bioquímica, exames de composição corporal, antropometria e bioimpedância elétrica. ATENÇÃO É importante saber que existem muitos fatores que contribuem para a desnutrição. Entre eles, destacam-se pacientes com elevado estresse metabólico (ex.: pacientes com infecções graves, traumatismos, queimados ou pós-operatórios de grandes cirurgias), com instabilidade hemodinâmica, restrição ou diminuição de oferta hídrica e com interação fármaco-nutriente e/ou nutriente-nutriente. Além disso, outro preocupante fator é a baixa atenção dos profissionais de saúde dedicada ao cuidado nutricional. Em 1981, Caldwell definiu funcionalmente o termo desnutrição da seguinte maneira: ESTADO MÓRBIDO SECUNDÁRIO A UMA DEFICIÊNCIA OU EXCESSO, RELATIVO OU ABSOLUTO DE UM OU MAIS NUTRIENTES ESSENCIAIS, QUE SE MANIFESTA CLINICAMENTE OU É DETECTADOPOR MEIO DE TESTES BIOQUÍMICOS, ANTROPOMÉTRICOS, TOPOGRÁFICOS OU FISIOLÓGICOS. (CALDWELL, 1981) Uma definição mais moderna descreve a desnutrição no ambiente hospitalar como sendo: O PROCESSO CONTÍNUO QUE SE DESENCADEIA COM A INGESTÃO INADEQUADA DE NUTRIENTES EM RELAÇÃO AS SUAS NECESSIDADES E PROGRIDE ATRAVÉS DE UMA SEQUÊNCIA DE ALTERAÇÕES FUNCIONAIS QUE PRECEDEM AS ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO CORPORAL. (BARBOSA-SILVA; BARROS, 2002) Quanto mais cedo é feita a detecção de pacientes desnutridos ou em risco de desnutrição, melhor, afinal essa detecção é de extrema importância para prevenir, reverter ou até mesmo interromper o processo de desnutrição já instaurado. Mesmo assim, existem muitos pacientes hospitalizados desnutridos que não recebem a assistência nutricional que deveriam. Em alguns casos isolados, em virtude da recusa do paciente à alimentação via oral, é necessária a intervenção da EMTN. TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL (TNE) Há duas formas de se alimentar na nutrição enteral (NE): por via líquida oral ou via sonda, sendo que esta última é indicada para pacientes que não apresentam comprometimento do sistema digestivo, mas que, por algum motivo, estão impossibilitados de absorver pelas vias convencionais. A NE é de grande importância para prevenir e tratar carências de macronutrientes e melhorar a recuperação do paciente necessitado, fornecendo abundância de nutrientes compatíveis com seu metabolismo e, assim, garantindo-os em quantidades satisfatórias. Frascos de nutrição enteral. O principal objetivo da nutrição enteral é assegurar que a saúde nutricional do paciente seja mantida ou recuperada. Sendo assim, complementa ou substitui a alimentação convencional e é feita pela via gastrointestinal. Vale destacar que a nutrição enteral é completa, pois contém todos os nutrientes presentes na alimentação convencional, em quantidades adequadas às necessidades dos pacientes, e só deve ser aplicada sob prescrição médica. Abaixo, exemplos de três tipos de acessos mais comuns quando a NE se dá via sonda: a) Nasoenteral: ocorre quando a sonda é introduzida pelo nariz e termina no estômago (nasogástrica) ou quando chega até o intestino delgado (nasoentérica). b) Gastrostomia: cirurgia capaz de inserir a sonda através do abdômen até a luz do estômago. c) Jejunostomia: cirurgia capaz de inserir a sonda através do abdômen até a luz do intestino. A escolha da via de acesso, bem como o período que ficará instalada, é de responsabilidade médica. A NE sempre é a via de primeira escolha na prática médica, pois apresenta vantagens fisiológicas e metabólicas frente à NP, além de segurança e custo/benefício quando bem tolerada pelo paciente. TERAPIA NUTRICIONAL PARENTERAL (TNP) A seguir, veremos como a evolução da Terapia Nutricional se desenvolveu ao longo do tempo. Acompanhe: Manipulação de nutrição parenteral. 1628/1656 O princípio da TNP teve início em 1628, quando William Harvey, médico britânico, descreveu corretamente os detalhes do sistema circulatório. Após aproximadamente 30 anos, sir. Christopher Wren, em 1656, foi o primeiro médico a estudar administração venosa de vinho e opiáceos em cães, utilizando pena de ganso presa a uma bexiga de porco. Com esse experimento, concluiu que os efeitos das substâncias recebidas por via intravenosa eram os mesmos quando ingeridos por via oral. 1666 Em 1666, Richard Lower, médico inglês, muito conhecido pelo seu acréscimo à Medicina por meio de trabalhos sobre transfusão, executou, pela primeira vez, a transfusão sanguínea entre animais. 1750/1831 Nos últimos 50 anos do século XVIII (entre 1750 e 1800), foram estabelecidas bases científicas para a função do alimento como força motriz para o corpo humano. E, em 1831, doutor Latta, médico escocês, foi o primeiro a infundir com êxito, em pacientes com cólera, soluções contendo água, carboidratos e cloreto de sódio.. 1876 Em 1876, o médico Whittaker tentou alimentar uma mulher, incapaz de receber alimentos, com leite, extrato de carne bovina e óleo de fígado de bacalhau por via subcutânea. Em 1904, quando o fisiologista Friedrich injetou peptonas, lipídeos, glicose e eletrólitos por via subcutânea em alguns pacientes, relatou que as aplicações eram dolorosas demais para serem viáveis. 1952/1961 Em 1952, a Era Moderna da nutrição parenteral teve seu início, quando Robert Aubaniac, cirurgião militar francês e criador do acesso ao sistema venoso por punção, descreveu a punção subclávia percutânea para se obter transfusão rápida em vítimas da guerra. Em 1961, Oscar Schubert e Arvid Wretlin, médicos cirurgiões escandinavos, elaboraram e desenvolveram a primeira emulsão lipídica estável, utilizando óleo de soja, estabilizada por fosfatídeos do ovo. 1968 Foi em 1968, na Universidade da Pensilvânia, que realmente ocorreu o início da nutrição clínica contemporânea – quando surgiu a oportunidade de alimentar uma criança recém- nascida com atresia (fechamento) quase total do intestino. Esse estudo demonstrou que a administração de todos os nutrientes por via intravenosa (IV) – a chamada Nutrição Parenteral Total – poderia promover os requerimentos basais do adulto para a manutenção nutricional e proporcionar quantidade e qualidade dos nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento infantil. Dessa forma, a indicação da Terapia Nutricional, quando feita junto com a avaliação nutricional, age não só na prevenção da desnutrição, como também no seu tratamento, já que é capaz de reduzir complicações dos pacientes hospitalizados, uma vez que é visível a melhora da resposta anti-inflamatória, o aumento da cicatrização e, consequentemente, a redução do tempo e do custo da internação. Segundo a ANVISA, a NP é uma solução ou emulsão composta basicamente de carboidratos, aminoácidos, lipídeos, vitaminas e minerais. É estéril, apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico e destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos. APIROGÊNICA Livre de pirogênios, substâncias capazes de causar febre. A NP é indicada quando há impossibilidade da utilização do trato gastrointestinal (TGI) por impedimento de administração oral, quando a absorção de nutrientes é insuficiente, quando a alimentação é indesejável ou quando a NE for ineficaz ou contraindicada. A NP PODE SER DIVIDIDA EM CENTRAL OU PERIFÉRICA. A central faz uso de veias de grosso calibre, que chegam de forma direta ao coração, e a periférica utiliza veias periféricas de menor calibre (muita atenção a essa via, pois quando seu fluxo ou sua osmolaridade não são analisados corretamente, a NP pode causar complicação como flebite – inflamação da parede de uma veia). javascript:void(0) Escolha da via de acesso para Terapia Nutricional. SAIBA MAIS O primeiro caso de utilização de NP no Brasil ocorreu em São Paulo, no Hospital das Clínicas, em 1973, em paciente portador de Síndrome de Von Gierke, distúrbio metabólico hereditário do acúmulo de glicogênio. TIPOS DE NUTRIÇÃO PARENTERAL A NP varia conforme sua composição. É uma emulsão lipídica complexa, composta por óleo/ água (O/A), que necessita de absoluta esterilidade, estabilidade e ausência de precipitados para garantir a qualidade da infusão. Dessa maneira, dividimos em dois grandes grupos: Escolha uma das Etapas a seguir. NUTRIÇÃO PARENTERAL SEM LIPÍDIOS (MISTURA 2 EM 1) javascript:void(0) Fórmula composta por duas soluções de grande volume: aminoácidos (fonte de nitrogênio) e glicose (fonte de energia). NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL (MISTURA 3 EM 1) Fórmula composta por associação de glicose, aminoácidos, lipídeos, vitaminas e minerais. O lipídeo, além de fornecer ácidos graxos, fornece até 40% do valor calórico ao paciente. No preparo das formulações de NP, os farmacêuticos manipulam quantidades exatas de soluções parenterais de pequenos volumes (SPPVS) – eletrólitos, vitaminas, minerais – e soluções parenterais de grandes volumes (SPGVS) – aminoácidos, lipídeose água esterilizada. Observe os principais componentes de uma solução de NP para adultos: 600ML Prezado aluno: O conteúdo on-line é produzido para que você possa acessá-lo como desejar, pelo computador, pelo smartphone, por suportes de diferentes tamanhos. Assim, usamos uma tecnologia para atender a todos. Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km). No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. SOLUÇÕES VOLUME Aminoácidos Totais 10% 300 – 600mL Glicose 50% 300 – 600mL Lipídeos 20% 100 – 200mL javascript:void(0) javascript:void(0) Cloreto de Sódio - NaCl 20% 10 – 20mL Cloreto de Potássio - KCl 5 – 10mL Fosfato de Potássio – KH2PO4 5 – 10mL Gluconato de Cálcio – C12H22CaO14 5 – 10mL Sulfato de Magnésio – MgSO4 5 – 10mL Sulfato de Multivitamínico 10mL Solução de Oligoelementos 5mL Quadro: Solução de NP para adultos. Elaborado por: Edgard Martins de Alencar e Silva. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Para melhor compreensão da indicação da Terapia de Nutrição Enteral e Parenteral, acompanhe dois estudos de caso sobre a problemática. CASO 1 Paciente neonato, 32 semanas, internado em um serviço de UTI neonatal em razão do nascimento prematuro e incompleto desenvolvimento gestacional associado à impossibilidade de lactação. Como sabemos, a alimentação é fundamental para o desenvolvimento da fisiologia humana e maturação dos sistemas biológicos. Nesse contexto, o paciente pediátrico necessita de suporte nutricional indicado para sua condição. PENSANDO NESSE CONTEXTO, ANALISE A SITUAÇÃO E REFLITA: QUAL TRATAMENTO É O MAIS ADEQUADO - A NUTRIÇÃO ENTERAL OU PARENTERAL? Escolha uma das Respostas a seguir. NUTRIÇÃO ENTERAL NUTRIÇÃO PARENTERAL NUTRIÇÃO ENTERAL Não é bem assim! Neste caso, o que melhor se adapta é a nutrição parenteral. Como foi apresentado neste módulo, essa abordagem é importante para fornecer de forma javascript:void(0) javascript:void(0) individualizada os nutrientes necessários para realização das atividades desse paciente, dada a impossibilidade de acesso aos nutrientes por via oral. Somente com a nutrição parenteral será possível fornecer ao paciente pediátrico a exata quantidade de nutrientes compatíveis com sua idade gestacional e a outras condições que, porventura, possam existir, como infecção ou quaisquer outras complicações associadas ao parto prematuro e ao quadro de subnutrição. NUTRIÇÃO PARENTERAL Isso mesmo! Como foi apresentado neste módulo, essa abordagem é importante para fornecer de forma individualizada os nutrientes necessários para realização das atividades desse paciente, dada a impossibilidade de acesso aos nutrientes por via oral. Somente com a nutrição parenteral será possível fornecer ao paciente pediátrico a exata quantidade de nutrientes compatíveis com sua idade gestacional e a outras condições que, porventura, possam existir, como infecção ou quaisquer outras complicações associadas ao parto prematuro e ao quadro de subnutrição. Nesse caso, a vulnerabilidade do paciente, associada à importância de bem nutri-lo, exige enorme esforço da equipe multiprofissional para garantir o seu acesso à nutrição mais adequada, com todas as condições necessárias para tal, o que envolve ação conjunta de todos os profissionais. CASO 2 Paciente J.M.B., 84 anos, sexo masculino, portador da Doença de Parkinson, acamado, dependente de cuidados integrais para realização de atividades e sem a possibilidade de autocuidado. PENSANDO NO QUADRO DO PACIENTE J.M.B., ANALISE A SITUAÇÃO E REFLITA: QUAL TRATAMENTO É O MAIS ADEQUADO - A NUTRIÇÃO ENTERAL OU PARENTERAL? Escolha uma das Respostas a seguir. NUTRIÇÃO ENTERAL NUTRIÇÃO PARENTERAL NUTRIÇÃO ENTERAL Isso mesmo! Para realização de sua alimentação, foi acordada pela Equipe Multiprofissional em Terapia Nutricional a utilização de sonda nasogástrica. A escolha dessa via de administração da nutrição é muito importante dada a impossibilidade de deglutição que o paciente apresenta diante de sua condição clínica. Como já mencionado, a Terapia Nutricional baseada na administração de nutrição por via enteral permite manter o estado nutricional do paciente por meio de uma abordagem mais aproximada da fisiologia normal do trato javascript:void(0) javascript:void(0) gastrointestinal. Essa modalidade, quando comparada ao caso discutido anteriormente, tem menor nível de complexidade e, consequentemente, menor custo. NUTRIÇÃO PARENTERAL Não é bem assim! Para realização de sua alimentação, foi acordada pela Equipe Multiprofissional em Terapia Nutricional a utilização de sonda nasogástrica. A escolha dessa via de administração da nutrição é muito importante dada a impossibilidade de deglutição que o paciente apresenta diante de sua condição clínica. Como já mencionado, a Terapia Nutricional baseada na administração de nutrição por via enteral permite manter o estado nutricional do paciente por meio de uma abordagem mais aproximada da fisiologia normal do trato gastrointestinal. Essa modalidade, quando comparada ao caso discutido anteriormente, tem menor nível de complexidade e, consequentemente, menor custo. Entretanto, é preciso destacar algumas complicações que podem surgir e que demandam atenção dos profissionais que assistem a esse paciente. Primeiramente, faz-se necessário planejar os horários da administração da nutrição e minimizar os impactos desta com a utilização dos medicamentos, em especial para um paciente idoso, pertencente a uma população comumente polimedicada. Outra questão pertinente se refere à composição da nutrição enteral e a possibilidade de efeitos adversos gastrointestinais como diarreias, flatulências, distensões abdominais, retardamento do esvaziamento gástrico e os impactos desses efeitos na farmacocinética dos medicamentos. Esse é um exemplo clássico da importância da EMTN em fornecer a nutrição adequada, sem comprometer o tratamento farmacológico do paciente, promovendo acréscimo de qualidade de vida. Antes verificarmos o que foi aprendido até aqui, assista ao vídeo que complementa o assunto abordado. AVALIAÇÃO CLÍNICA E O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES CALÓRICAS DOS PACIENTES O especialista João Maia demonstra como as condições clínicas dos pacientes afetam os cálculos dos nutrientes em nutrição parenteral (de diferentes tipos de pacientes e patologias): VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Reconhecer a legislação e boas práticas envolvidas na Terapia Nutricional Enteral e Parenteral LEGISLAÇÃO No Brasil, o órgão regulamentador da nutrição parenteral, pelo regulamento técnico publicado na Portaria nº 272, de abril de 1998, e da nutrição enteral, pela Resolução nº 63, de julho de 2000, é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segundo a ANVISA, Terapia Nutricional é definida como: “o conjunto de procedimentos terapêuticos para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio de nutrição parenteral ou enteral.” Cronologicamente, quando falamos da atuação do farmacêutico em terapia nutricional, alguns decretos, portarias e resoluções se destacam. São eles: Escolha uma das Etapas a seguir. DECRETO-LEI Nº 85878/1981 RESOLUÇÃO Nº 161/1993 (COFEN) E RESOLUÇÃO Nº 247/1993 (CFF) PORTARIA Nº 272/1998 (SVS/MS) Estabelece como atividade privativa do farmacêutico a manipulação de medicamentos e afins. Destacam as responsabilidades e os afazeres do farmacêutico na manipulação das nutrições parenterais. Normatiza os requisitos mínimos de estrutura e ambiente necessários para manipulação da nutrição parenteral, bem como seu armazenamento, transporte e insumos utilizados. Graças à sua formação, o farmacêutico de fato é o melhor profissional para lidar com a preparação das formulações de nutrição. É aolongo da faculdade que ele adquire as habilidades necessárias para reconhecimento das características físico-químicas dos componentes da NP, e suas possíveis interações com outros nutrientes e fármacos, para, assim, garantir um produto final em perfeita estabilidade e esterilidade. Além da manipulação de uma NP segura e de qualidade, que é um processo altamente padronizado e validado, o farmacêutico também acompanha clinicamente o paciente, junto à EMTN, em ambientes hospitalares e domiciliares. A Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) é a entidade que, desde 1991, realiza a prova de obtenção de título de especialista na área, reconhecido pelo Conselho Federal de Farmácia. EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE TERAPIA NUTRICIONAL (EMTN) No final da década de 60, os profissionais da saúde reconheceram, pela primeira vez, a importância da avaliação nutricional no ato da admissão hospitalar. A seleção e utilização da Terapia Nutricional foram determinantes na evolução e prognóstico do paciente. Desse modo, os hospitais viram que era interessante investir na formação das EMTN. A Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral, em 1975, vendo o crescente número de casos de desnutrição, e do alto interesse pela nutrição parenteral, criou um comitê científico multiprofissional com o objetivo de promover um atendimento com melhor qualidade ao paciente. Esse comitê também investe em pesquisa e educação (P&D) em Terapia Nutricional, desenvolve guidelines (diretrizes) para a prática dessa terapia e norteia a formação de equipes, distribuindo as atribuições aos diferentes profissionais que as compõem. ATENÇÃO Todos os requisitos mínimos exigidos para administração de TNP ou TNE estão estabelecidos na Portaria nº 272/1998 e na Resolução nº 63/2000 da ANVISA. A EMTN é um grupo formado, obrigatoriamente, por um médico, um farmacêutico, um enfermeiro e um nutricionista – todos habilitados para a prática da TN. As atribuições resumidas da EMTN, conforme a Portaria nº 272/1998 e a RDC nº 63/2000, são: Estabelecer diretrizes técnico-administrativas que norteiem as atividades da equipe e suas relações com a Instituição. Elaborar mecanismos para desenvolvimento das etapas de triagem e vigilância nutricional em hospital, ambulatório e domicílio, sistematizando metodologias capazes de identificar pacientes que precisem de TN. Atender às solicitações das avaliações do estado nutricional do paciente, indicando, acompanhando ou modificando a TN, quando necessário e com aval médico, até que sejam atingidos os critérios de reabilitação nutricional. Assegurar condições adequadas da indicação, prescrição, preparação, conservação, transporte e administração, bem como controle clínico e laboratorial, visando à obtenção de benefícios máximos e riscos mínimos. Capacitar os profissionais envolvidos (direta ou indiretamente) com a aplicação do procedimento, por meio de programas de educação continuada. Documentar todos os resultados do controle e da avaliação da TNP e TNE, garantindo a qualidade do procedimento. Estabelecer auditorias periódicas a serem realizadas por membros da própria EMTN para verificar o cumprimento e registro dos controles da TNP e TNE. Analisar custo-benefício no processo de decisão que envolve a indicação/manutenção/suspensão da TNP e TNE. Desenvolver, rever e atualizar as diretrizes e procedimentos relativos aos pacientes e aos aspectos operacionais. ATRIBUIÇÕES DO MÉDICO Entre as atribuições médicas na EMTN, podemos resumidamente destacar: • Determinar qual terapia nutricional seguir (se enteral ou parenteral). • Prescrever a TNE/TNP. • Garantir, via sonda, acesso ao TGI para a TNE (cirurgia). • Estabelecer o acesso para a administração da TNP (intravenoso). • Orientar pacientes e familiares quanto aos riscos e benefícios do tratamento. • Registrar evolução médica dos procedimentos. • Analisar de perto o controle clínico-laboratorial do paciente em TNE questionando o ingresso de nutrientes, as interações fármaco-nutriente ou quaisquer alterações em exames laboratoriais. ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NA NP Entre as atribuições dos nutricionistas em NP, podemos resumidamente destacar: • Avaliar o quadro nutricional do paciente, identificando risco ou deficiência nutricional. • Acompanhar e registrar informações quanto à evolução nutricional dos pacientes. • Participar da padronização dos processos da NP. • Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada. ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA NA NE Entre as atribuições dos nutricionistas em NE, podemos resumidamente destacar: Elaborar a prescrição dietética. Formular a NE determinando sua composição quanti e qualitativa, bem como seu fracionamento e formas de apresentação. Acompanhar a evolução nutricional do paciente até sua alta nutricional, estabelecida pela EMTN. Adaptar a prescrição, em consenso com o médico, conforme meta, evolução nutricional e tolerância digestiva. Utilizar técnicas consolidadas de preparação da NE que assegurem a manutenção das propriedades organolépticas e garantam segurança microbiológica. Qualificar fornecedores. Assegurar que os rótulos da NE apresentem todas as informações pertinentes. Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada. Desenvolver e atualizar regularmente as diretrizes e procedimentos relativos aos aspectos operacionais da preparação da NE. ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO Entre as atribuições dos enfermeiros, podemos resumidamente destacar: Orientar o paciente e familiares quanto a utilização e controle da TN. Preparar o paciente, o material e o local necessários para o acesso enteral ou para inserção do cateter intravenoso para o acesso parenteral. Proceder e assegurar a colocação das sondas. Proceder e assegurar a punção venosa periférica. Receber a NP (da farmácia) e a NE (da nutrição) e assegurar sua administração e conservação até a completa infusão. Analisar minuciosamente as informações contidas no rótulo, confrontando-as com a prescrição médica. Assegurar a infusão do volume prescrito. Garantir o registro das informações relacionadas à administração e evolução do paciente quanto ao peso, sinais vitais, tolerância digestiva e outros que se fizerem necessários. Participar e promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada. Zelar pelo perfeito funcionamento das bombas de infusão. Assegurar que nenhuma outra droga e/ou nutriente sejam administrados na mesma via de administração da NE ou da NP, sem a autorização formal. No Brasil, não há muitos dados referentes à EMTN – ou sequer sua existência. SAIBA MAIS A SBNPE verificou, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a utilização da nutrição parenteral com enfoque na indicação, produção, custos e formação da EMTN. Dos 232 hospitais analisados, 70% utilizavam NP, porém apenas 20% tinham uma EMTN. No âmbito do Sistema Único de Saúde, quando falamos em mecanismos para implementação de Terapia Nutricional, devemos pensar em duas portarias: Escolha uma das Etapas a seguir. PORTARIA Nº 343/2005 (ANVISA) Instituiu mecanismos para implantação da assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional. PORTARIA Nº 131/2005 (ANVISA) Define as Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional e suas aptidões e qualidades. Contudo, essas portarias estabeleceram a necessidade da existência de uma EMTN formalmente constituída e registrada para a prática de TNP e TNE. Com a criação de uma EMTN ocorre, imediatamente, a redução da taxa de complicações cirúrgico-infecciosas, bem como a mortalidade provocada pela desnutrição intra-hospitalar, o que comprova que um investimento para formação de uma EMTN é extremamente vantajoso e com retorno econômico. Em 2004, Waitzberg e Baxter demonstraram que pacientes cirúrgicos recebendo TN sob orientação de uma EMTN levavam a uma redução de custos em 2,6 vezes. AQUISIÇÃO DOS MEDICAMENTOS,PRODUTOS E CORRELATOS Uma atividade fundamental do farmacêutico, em toda essa cadeia de produção das nutrições, é a logística da aquisição de medicamentos, produtos e equipamentos necessários para que a manipulação e administração da NE ou NP ocorram dentro dos aspectos legais de sua instituição. Quaisquer produtos e correlatos farmacêuticos adquiridos para o preparo da NP devem estar registrados no Ministério da Saúde e devem vir acompanhados do Certificado de Análise próprio, emitido pelo fabricante. Isso garantirá a pureza físico-química e microbiológica tão necessária para um bom atendimento às especificações estabelecidas pela Portaria nº 272/1998. javascript:void(0) javascript:void(0) COMUNICAÇÃO E ACOLHIMENTO AO PACIENTE A interação entre farmacêuticos, prescritores e pacientes é fundamental para o sucesso do tratamento, que não depende somente de um diagnóstico e indicação correta da TN, mas também da adesão e aceitação do paciente ao tratamento, estando hospitalizado ou recebendo a nutrição em domicílio. É primordial que o farmacêutico mantenha um diálogo assertivo e respeitoso com os pacientes e seus cuidadores, além de estar seguro de que o paciente recebeu a orientação apropriada para aquela terapia. AVALIAÇÃO DA PRESCRIÇÃO O profissional responsável pela indicação, prescrição e acompanhamento do paciente é o médico. Os itens a serem contemplados em prescrição médica são: Determinação da via de administração. Tipo e qualidade do nutriente que o paciente necessita, obedecendo ao seu estado nutricional e objetivos nutricionais. O profissional que deverá avaliar essa prescrição, e se ela está adequada ao prognóstico e objetivo nutricional do paciente, é o farmacêutico. É importante ressaltar que os produtos utilizados em NP e NE interagem entre si e com o paciente de forma muito dinâmica. Quando misturamos produtos diferentes – que isoladamente são inertes e em equilíbrio –, sistemas, que antes eram distintos, agora podem se incorporar e afetarem um ao outro. E dessa mistura, três coisas podem acontecer: a) ambos manterem sua qualidade; b) um ou ambos perderem sua atividade; e c) um ou ambos potencializarem sua atividade. INCOMPATIBILIDADES FARMACOLÓGICAS EM NP INCOMPATIBILIDADE FÍSICA Ocorre entre duas ou mais substâncias. Visivelmente reconhecível, tais como: precipitados macroscópicos, turbidez ou mudança de coloração. INCOMPATIBILIDADE QUÍMICA Ocorre entre duas ou mais substâncias. Como a deterioração não é visível, requer pessoal treinado e laboratórios capacitados para reconhecê-la. INCOMPATIBILIDADE TERAPÊUTICA Ocorre entre duas ou mais substâncias. Interação farmacológica que leva à potencialização ou redução dos efeitos terapêuticos das substâncias, perda da eficácia do produto ou desenvolvimento de reação adversa no paciente. Elaborado por: Edgard Martins de Alencar e Silva Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal O farmacêutico deve liderar o desenvolvimento de um programa de vigilância e documentação das reações adversas, incluindo erros de prescrição. O médico titular deve ser notificado toda vez que um evento dessa natureza ocorrer, bem como entidades governamentais competentes. Ainda durante a avaliação da prescrição de NP, o farmacêutico deve verificar se a via de acesso utilizada é compatível com a preparação. Por exemplo, se utilizado o acesso periférico, deve ser analisado se a osmolaridade e a concentração de glicose na solução permitem esse acesso. Por fim, como os componentes da NP também podem interagir com os medicamentos que o paciente utiliza (pacientes que muitas vezes são polimedicados), o farmacêutico também deve analisar as possíveis interações entre os componentes da NP/NE e os medicamentos. BOAS PRÁTICAS DE PREPARAÇÃO DA NUTRIÇÃO PARENTERAL (PORTARIA Nº 272/1998) A nutrição parenteral é utilizada por acesso venoso. Portanto, deve ser estéril e apirogênica. Para obter e principalmente manter a esterilidade de uma NP são necessárias rigorosas técnicas assépticas de preparo, bem como componentes de qualidade aliados a condições ambientais ideais sob as quais as manipulações são feitas. DE QUEM É ESSA ATRIBUIÇÃO? É, portanto, dever do farmacêutico fornecer uma NP estável, estéril e apirogênica, com presença de nutrientes quimicamente compatíveis entre si e nas dosagens adequadas. Afinal, como já foi estudado, a possibilidade de interação entre os componentes da nutrição parenteral é bastante alta em virtude da sua complexidade e multiplicidade. Portanto, todas as soluções devem ser avaliadas previamente para que quaisquer desvios como floculação, precipitação e turbidez sejam evitados. QUAL É O LOCAL IDEAL PARA O PREPARO? O local utilizado no preparo das nutrições parenterais também deve ser cuidadosamente analisado. A sala limpa precisa ter requisitos estruturais com relação a pisos, paredes e tetos: devem ser nivelados, lisos, livres de fissuras, feitos de material impermeável, de fácil limpeza e desinfecção, com cantos arredondados e iluminação que facilite a limpeza (geralmente com acrílico protetor). A NP deve ser manipulada em sala limpa ISO 7 (classe 10.000), em cabines de fluxo laminar ISO 5 (classe 100), com pressão positiva. Além disso, deve haver uma antecâmara para desinfecção e paramentação do manipulador, para que não libere partículas e esteja esterilizado. Na ISO, salas limpas são classificadas de acordo com a quantidade de partículas de tamanhos específicos existentes por metro cúbico de ar: Agora, observe os níveis de limpeza de uma sala limpa e as diferenças entre ISO 5 e ISO 7: O farmacêutico deve validar as prescrições de NP, analisar sua adequação, concentração e compatibilidade físico-química dos componentes e realizar todas as operações inerentes ao desenvolvimento atendendo às Boas Práticas de Preparo da Nutrição Parenteral. Toda manipulação de NP deve ser feita em capela de fluxo laminar horizontal classe 100. O procedimento operacional padrão (POP) é o principal aliado do farmacêutico na cadeia de processo da produção de uma NP – e ele deve desenvolvê-lo. Os POPs garantem que tudo que é feito esteja documentado, ordenado e arquivado para haver rastreabilidade total do processo produtivo. Os POPs, minimamente, devem conter as seguintes informações: título, sigla identificando o documento, número da revisão do documento, quem preparou e sua função, quem aprovou e sua função, datas, objetivos, quais os responsáveis e o texto propriamente dito. MÉTODOS UTILIZADOS NA MANIPULAÇÃO VIDROS Ideal para instituições de pequeno porte, os pequenos frascos são comercializados em embalagens contendo aminoácidos e soluções glicosadas. Em condições de assepsia (capela de fluxo laminar), essas soluções são misturadas, mediante a transferência da glicose para o vidro de aminoácidos, com ferramentas estéreis de transferência (por ex.: equipos). Depois da aditivação dos macronutrientes, por fim são transferidos os micronutrientes, homogeneizando- se a solução. BOLSAS DE PVC O cloreto de polivinila é uma substância dura, frágil e inflexível, e plastificadores como o DEHP (lipídeo solúvel, possivelmente carcinogênico, hepatotóxico e teratogênico) são adicionados para dar flexibilidade. Desse modo, não é recomendado que sejam administradas nutrições parenterais misturadas em bolsas de PVC, principalmente se as soluções permanecerem na bolsa por longos períodos que antecedem a sua administração. MISTURADORES Muitos hospitais de grande porte preparam suas NP em misturadores, aparelhos especialmente desenvolvidos já com bombas de transferência de nutrientes. Esse método tem duas principais vantagens: a) flexibilidade em fornecer quantidades exatas e individualizadas de aminoácidos, glicose e lipídeos para cada paciente; b) o tempo de preparo é bem inferior aos demais se comparado à quantidade manipulada dos demais métodos, além de maior precisão, eficácia e segurança, pois é um processo automatizadoe, portanto, de fácil controle da esterilidade. Após o preparo da solução básica de macronutrientes são adicionados minerais e vitaminas individualmente. CONTROLE DE QUALIDADE (CQ) DA NUTRIÇÃO PARENTERAL Quando falamos de CQ em nutrição parenteral, é importante ter em mente que é um conjunto de normas e procedimentos que, executados de forma correta, interferem positivamente na qualidade final do serviço (produto manipulado). Portanto, para que isso ocorra devidamente, é imprescindível cuidar, do início ao fim, dos seguintes quesitos: Aquisição dos produtos necessários para que a NP seja produzida. Qualificação dos fornecedores desses produtos. Área limpa compatível com as BPPNP. Validação das metodologias de desinfecção e limpeza da área e dos insumos. Correta esterilização dos materiais Treinamento constante dos profissionais envolvidos no preparo da NP (farmacêuticos e técnicos) Avaliação periódica das instalações da área limpa, bem como seus filtros e filtros da capela de fluxo laminar. Vigilância nos principais fatores que, potencialmente, podem interferir na qualidade final do produto. O farmacêutico deve verificar se a manipulação foi corretamente preparada, obedecendo à incorporação correta dos componentes na fórmula, bem como às suas quantidades. Além disso, ao final do preparo, é fundamental a análise da integridade da embalagem, análise da cor da solução, presença de turbidez, floculação ou precipitação e se o volume e peso finais estão corretos. Todos esses cuidados são fundamentais para a garantia da qualidade da preparação final e futuro bem-estar do paciente. ATENÇÃO Toda NP deve apresentar em seu rótulo as seguintes informações: nome do paciente, prontuário/registro hospitalar/número do leito, composição qualitativa e quantitativa de todos os componentes, osmolaridade, volume total, velocidade de infusão, via de acesso, data e hora da manipulação, prazo de validade, condições para conservação e transporte e nome e CRF do farmacêutico responsável pelo preparo. A determinação do prazo de validade de uma bolsa de NP geralmente é baseada na estabilidade físico-química da preparação ou em algo que comprometa diretamente sua esterilidade. As fontes utilizadas para determinar o prazo de validade são: compêndios oficiais, recomendações dos fabricantes ou estudos de estabilidade publicados. Toda e qualquer nutrição parenteral deve ser conservada sob refrigeração, em geladeira exclusiva para medicamentos, com temperaturas que variam de 2°C a 8°C. O transporte da NP deve ser feito em recipientes términos exclusivos, em condições que a preparação se mantenha entre 2°C e 20°C do início ao fim do transporte. O tempo de transporte não deve exceder 12 horas e os recipientes devem ser resistentes às ações do tempo e devem ser também fotoprotetores. CONTROLE DE QUALIDADE (CQ) DA NUTRIÇÃO ENTERAL Não há uma regra geral para se estabelecer um indicador de qualidade em nutrição enteral, mas alguns autores sugerem exemplos que podem ser utilizados em diversas realidades. São eles: JEJUM ANTES DO INÍCIO DA TERAPIA NUTRICIONAL É interessante conhecer a frequência de jejum inadequado antes da indicação de TN, pelo risco de ocorrência de desnutrição, a qual leva a uma maior possibilidade de infecções e dificulta a resposta ao tratamento. EVOLUÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL Determinar parâmetros que reflitam a evolução do estado nutricional como, por exemplo, informações sobre ganho ou perda de massa magra, presença de edema e perda de peso ponderal podem indicar uma resposta inadequada da terapia escolhida. FREQUÊNCIA DA REAVALIAÇÃO PERIÓDICA NOS PACIENTES EM TERAPIA NUTRICIONAL Verificar se o período entre as avaliações está de acordo com a legislação vigente e se a terapia escolhida está atingindo o objetivo proposto, adequando a oferta calórica em casos de desnutrição ou supernutrição. VOLUME PRESCRITO VERSUS VOLUME INFUNDIDO Garantir que o paciente receba o aporte calórico necessário para sua recuperação ou manutenção do estado nutricional. Os fatores que interferem na diferença entre o volume prescrito versus volume infundido são o tempo de pausa da dieta para realização de procedimentos, banho, troca de decúbito etc. FREQUÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE DIARREIA A diarreia é uma das complicações mais comuns observadas na TNE e interfere diretamente na evolução do estado nutricional do paciente. É importante o controle de sua frequência e a identificação de suas causas para a adoção de medidas corretivas e preventivas. Vamos assistir a mais um vídeo para complementar o seu aprendizado? OSMOLARIDADE DAS BOLSAS DE NUTRIÇÃO PARENTERAL Desta vez, o especialista João Maia fala sobre a definição e abordagem da osmolaridade das bolsas de nutrição parenteral e o impacto disso na escolha da via de administração. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das informações aqui apresentadas, não restam dúvidas que o papel do farmacêutico contribui positivamente para a melhora da qualidade do atendimento nutricional ao paciente, já que é o profissional responsável por fornecer o suporte nutricional individualizado, de qualidade, obedecendo às BPPNP, reduzindo problemas nas manipulações e evitando incompatibilidades farmacológicas. Assim como os demais profissionais que compõem a EMTN, o farmacêutico deve manter a ética de sua profissão para oferecer ao paciente e a seus familiares uma linguagem adequada, assertiva, técnica e respeitosa, sempre tendo em mente que o paciente é o maior objetivo e combustível para aprimorar constantemente o trabalho e ações de toda a equipe. PODCAST Agora, confira o que o especialista João Maia tem a dizer sobre o tema, fazendo um apanhado geral do que foi visto por você até aqui. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BARBOSA-SILVA M.G.C.; BARROS, A.J.D. Avaliação nutricional subjetiva. Parte 1 – Revisão de sua validade após duas décadas de uso. Arquivos de Gastroenterologia. v. 39, n. 3, 2002. CALDWELL, M. Normal Nutritional Requeriments. Surg Cluin North Am. v. 61 n. 3, p. 489- 507. 1981. CORREIA, M. I. T. D.; ECHENIQUE, M. Custo-Benefício da Terapia Nutricional. In. Waitzberg, D. L.; Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica, Rio de Janeiro: Atheneu, 3. Ed., 2001. Cap. 24. 385 – 397. LEITE, H.P.; CARVALHO, W.B.; SANTANA E MENESES, J.F. Atuação da equipe multidisciplinar na terapia nutricional de paciente sob cuidados intensivos. Revista Nutr. Campinas, 18(6):777-784. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 272 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, Regulamento para a Terapia de Nutrição Parenteral. Brasília, 1998. Ministério da Saúde. Portaria nº 343 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, institui no âmbito do SUS, mecanismos para implantação da assistência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional. Brasília, 2005. Ministério da Saúde. Portaria nº 131 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, institui mecanismos para a organização e implantação de Unidades de Assistência e Centros de Referência de Alta Complexidade em Terapia Nutricional, no âmbito do Sistema Único de Saúde. Brasília, 2005. Ministério da Saúde. RDC nº 67 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias. Brasília, 2007. Ministério da Saúde. RDC nº 63 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, Regulamento Técnico para a Terapia de Nutrição Enteral. Brasília 2000. NOVAES, M. R. C. G. Terapia Nutricional Parenteral. In. GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências Farmacêuticas: Uma abordagem em Farmácia Hospitalar. São Paulo: Atheneu, 1. ed., 2006. Cap. 25, p. 449 – 469. WAITZBERG, D.L.; BAXTER, Y.C. Costs of patients under nutritional therapy: from prescription to discharge. Nutrition in the intensive care unity. Current Opinion Clinical Nutrition & Metabolic Care. v. 7, n. 2, p. 189 – 198, mar., 2004. WAITZBERG, D.L.; NOGUEIRA, M.A. Nutrição Oral, Enterale Parenteral na Prática Clínica. Rio de Janeiro: Atheneu, 4. edição, 2009. Cap. 53. p. 921-932. EXPLORE+ Novos substratos em terapia nutricional vêm sendo avaliados a fim de minimizar os problemas de incompatibilidades entre os nutrientes. Solucionar o problema de incompatibilidade entre fosfato e cálcio em Nutrição Parenteral é um deles. O fornecimento diário de cálcio e fosfato, concomitantemente para pacientes que necessitam de grandes quantidades desses elementos, é inadequado quando se utiliza fontes inorgânicas de fósforo, como a solução disponível no Brasil. O artigo de Administração de Cálcio e Fósforo na Terapia Nutricional Parenteral, de Sakamoto e colaboradores, publicado pela Revista Nutrire (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição), expõe essa problemática tão importante e discute estratégias para solucioná-la. Vale a leitura! CONTEUDISTA Edgard Martins de Alencar e Silva CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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