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COEFICIENTE DE TRANFERÊNCIA DE CALOR EM OBJETOS SUBMERSOS Alexsandra Da Silva Costa1, Antonio Jerffeson Lima Araujo2, José Caio Chaves Holanda3, Pedro Lucas Martins Sena4, Sara Alves Cândido5, Geraldine Angelica Silva da Nobrega 6. 1. INTRODUÇÃO Alguns processos ao qual ocorre a transferência de calor, são dependentes do tempo, como, a condução transiente. Por exemplo, um metal aquecido com temperatura uniforme (Ti), submerso em um meio líquido cuja temperatura é menor (T∞), com o passar do tempo ocorrerá a transferência de calor na interface sólido-líquido a qual ocasionará a redução da temperatura do metal, este processo durará até que a temperatura do sólido seja igual a temperatura do líquido. Diante disso, o método da capacitância global tem as seguintes condições: • Durante o processo de troca de calor, a temperatura do sólido é uniforme no espaço. • No interior do sólido deve-se desprezar gradientes de temperatura [1]. No processo de transferência de calor em um corpo sólido, desta vez, aquecido por um fluido quente que o rodeia, procede-se da seguinte forma: 1º) ocorre a transferência de calor para o corpo através do processo de convecção; 2º) ocorre a condução do calor para o interior do corpo. A partir da razão dessas duas condições, é possível determinar o número de Biot equação (1) ou a equação (2), que relaciona a razão da resistência interna do corpo à condução de calor com a resistência externa à convecção de calor [2]. 𝐵𝑖 = ℎ 𝑘/𝐿𝑐 ∙ 𝛥𝑇 𝛥𝑇 (1) ou 𝐵𝑖 = 𝐿𝑐/𝑘 1/ℎ (2) 2. OBJETIVO Avaliar o número de Biot e coeficiente de transferência de calor por convecção entre um corpo sólido em um meio estagnado à temperatura constante. 1 Discente do curso de Engenharia Química da Universidade Federal Rural do Semi-árido; 2 Discente do curso de Engenharia Química da Universidade Federal Rural do Semi-árido; 3 Discente do curso de Engenharia Química da Universidade Federal Rural do Semi- árido; 4 Discente do curso de Engenharia Química da Universidade Federal Rural do Semi-árido; 5 Discente do curso de Engenharia Química da Universidade Federal Rural do Semi-árido; 6 Docente do curso de Engenharia Química da Universidade Federal Rural do Semi-árido. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO - UFERSA CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA Laboratório de Engenharia Química I (2022). 3. METODOLOGIA 3.1. Materiais utilizados e metodologia • Termômetro • Cronometro • Banho termostático • Corpo de prova com orifício para leitura da temperatura 3.2. Metodologia Incialmente, foi-se regulamentado o banho na primeira temperatura a ser fixada (sugestão: 90oC), verificando-se a mesma com o termômetro. Logo após, inseriu-se o corpo de prova no banho termostatizado até atingir a temperatura do banho, retirando-se o corpo de prova do banho e acionando-se o cronômetro. Posteriormente, inseriu-se o termopar no corpo sólido, construindo-se uma tabela da temperatura do termopar como função do tempo, verificando-se com o termômetro a temperatura do meio ambiente. 4. RESULTADOS Neste tópico serão apresentados as equações, dados, discussões e resultados obtidos para o experimento de corpos submersos realizado no laboratório de engenharia química da Universidade Federal Rural do Semri-árido. Para tal, foram coletados dados inerentes aos corpos, como mostra a tabela 1. Tabela 01: Diâmetro (mm) Comprimento(mm) Material Cilindro maior 25,26 81,89 Alumínio Cilindro menor 12,58 81,47 Esfera menor 14,75 - Aço Esfera maior 28,49 - Fonte: A partir dos dados acima e das equações abaixo, obteve-se o volume, área da superfície e comprimento característico dos corpos: 𝐴𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 = 4𝜋𝑟 2; 𝐴𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 2𝜋𝑟L; (3) 𝑉𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 = 4 3 𝜋𝑟3; 𝑉𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝜋𝑟 2𝐿; (4) nos quais os valores estão representados no fluxograma 01 . Fluxograma 01: Área, volume e comprimento característica dos corpos de prova. Fonte: Autoria própria. A fim de avaliar o comportamento dos materiais ao serem submersos em um fluido, neste caso água, e a relação da variação da temperatura em função do tempo, é necessário conhecer as propriedades químicas e físicas que cada corpo possui levando em consideração o material que o constitui. Diante disso, as propriedades como capacidade calorífica, densidade e condutividade térmica estão sintetizadas na tabela 02, levando em consideração, da tabela 01, que as esferas são de aço e os cilindros são de alumínio. Tabela 02: Propriedades dos corpos. Corpos Cp (J/Kg*K) ρ (Kg/m³) K (W/m*K) Esfera 435 7800 35 Cilindro 903 2700 240 Fonte: Autoria própria. De posse de todos os dados (tabela 01, 02 e fluxograma 1), obteve-se o valor de teta e tetai por meio das equações; 𝑇−𝑇∞ 𝑇𝑖−𝑇∞ = 𝑒 −( ℎ𝐴𝑠 𝜌𝑉𝑐 )∗𝑡 (5) Sendo possível observa-los na tabela 03 e 04, juntamente com a variação da temperatura em função do tempo. Tabela 03: Temperatura e 𝑙𝑛 𝜃 𝜃𝑖 em função do tempo. Esfera com diâmetro menor Esfera com diâmetro maior T (ºC) T (min) θ 𝜃𝑖 𝑙𝑛 𝜃 𝜃𝑖 T t θ 𝜃𝑖 𝑙𝑛 𝜃 𝜃𝑖 27 1 27 55 -0,711 42 1 17 56 -1,19214 26 2 26 55 -0,749 30 2 5 56 -2,41591 26 3 26 55 -0,749 27 3 2 56 -3,3322 26 4 26 55 -0,749 27 4 2 56 -3,3322 25 5 26 55 -0,749 26 5 1 56 -4,02535 26 6 26 55 -0,749 26 6 1 56 -4,02535 26 7 26 55 -0,749 26 7 1 56 -4,02535 26 8 26 55 -0,749 26 8 1 56 -4,02535 26 9 26 55 -0,749 26 9 1 56 -4,02535 26 10 26 55 -0,749 26 10 1 56 -4,02535 Fonte: Autoria própria. Esfera Cilindro ///////// Esfera menor Esfera maior Cilindro menor Cilindro maior Área Área Área Área Volume Volume Volume Volume Comp. caract. Comp. caract. Comp. caract. Comp. caract. 0,0032 𝑚2 0,0065 𝑚2 0,0007 𝑚2 0,0025 𝑚2 1,01 ∗ 10−5 𝑚3 4,10 ∗ 10−5 𝑚3 1,68 ∗ 10−6 𝑚3 1,21 ∗ 10−5 𝑚3 3,14 ∗ 10−3 𝑚 6,32 ∗ 10−3 𝑚 2,46 ∗ 10−3 𝑚 4,75 ∗ 10−3 𝑚 Tabela 04: Temperatura e 𝑙𝑛 𝜃 𝜃𝑖 em função do tempo. Cilindro com diâmetro menor Cilindro com diâmetro maior T (ºC) T (min) θ 𝜃𝑖 𝑙𝑛 𝜃 𝜃𝑖 T t θ 𝜃𝑖 𝑙𝑛 𝜃 𝜃𝑖 27 38 13 55 -1,44238 52 1 27 54 -0,69315 26 30 5 55 -2,3979 45 2 20 54 -0,99325 26 27 2 55 -3,31419 38 3 13 54 -1,42403 26 26 1 55 -4,00733 34 4 9 54 -1,79176 25 26 1 55 -4,00733 31 5 6 54 -2,19722 26 26 1 55 -4,00733 30 6 5 54 -2,37955 26 26 1 55 -4,00733 28 7 3 54 -2,89037 26 25 0 55 - 27 8 2 54 -3,29584 26 25 0 55 - 27 9 2 54 -3,29584 26 25 0 55 - 27 10 2 54 -3,29584 Fonte: Autoria própria. Observando a equação 05, nota-se que ela equipara-se à equação da reta y = ax − b, onde 𝑇−𝑇∞ 𝑇𝑖−𝑇∞ é o termo dependente e, 𝑒 −( ℎ𝐴𝑠 𝜌𝑉𝑐 )∗𝑡 o termo independente. Sabendo disso, é possível plotar os gráficos Tversust e lnversust, nos quais estão representados abaixo. Gráfico 01: Temperatura em função do tempo. Fonte: Autoria própria. Gráfico 02: 𝑙𝑛 𝜃𝑖/𝜃𝑖 função do tempo - cilindro menor. Fonte: Autoria própria. 0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 Te m p er at u ra Tempo Cma Cme Eme Ema y = -0,2153x - 0,6377 R² = 0,9949 -4,5 -4 -3,5 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0 5 10 15 20 Gráfico 03: 𝑙𝑛 𝜃𝑖/𝜃𝑖 em função do tempo - cilindro maior. Fonte: Autoria própria. Gráfico 04: 𝑙𝑛 𝜃𝑖/𝜃𝑖 em função do tempo - esfera menor. Fonte: Autoria própria. Fonte: Autoria própria. Gráfico 05: 𝑙𝑛 𝜃𝑖/𝜃𝑖 em função do tempo - esfera maior. Fonte: Autoria própria. Conforme apresentado nas tabelas 03 e 04, observa-se que a partir da terceira linha,os valores da temperatura dos corpos tenderam ao equilíbrio. Consequentemente, os valores de ln y = -0,0094x - 0,6738 R² = 1 -0,755 -0,750 -0,745 -0,740 -0,735 -0,730 -0,725 -0,720 -0,715 -0,710 -0,705 0 2 4 6 8 10 y = -0,1646x - 0,8847 R² = 0,906 -4,5 -4 -3,5 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0 5 10 15 20 25 y = -0,0922x - 0,2987 R² = 0,9955 -3,5 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0 10 20 30 40 𝜃 𝜃𝑖 também tiveram o mesmo comportamento, ocasionado nos três últimos valores de θ, para a esfera menor, o valor zero. A justificativa para isto está na capacidade dos materiais transferirem/perder calor de um meio mais quente para um mais frio conforme a variação do tempo. No caso dos corpos analisados, a variação no tempo de análise foi maior que a sua capacidade de perda, implicando, graficamente, em pontos constantes e valores de 𝑅2 < 0,5. Uma possível solução para obtenção de maior variabilidade nos dados e reversão dos erros experimentais citados anteriormente, seria analisar a perda calor em intervalos de tempo menores. Por esta razão, foram utilizados apenas os valores inconstantes para obtenção da equação da reta dos gráficos 02, 03, 04 e 05. Nesse contexto, por meio da inclinação da reta, em que ℎ𝐴𝑠 𝜌𝑉𝑐 é o coeficiente angular, calculou-se o coeficiente convectivo das duas esferas e dos dois cilindros. Isolando para h, obtém-se a seguinte equação: ℎ = −𝑎𝜌𝐶𝑝𝑉 𝐴𝑠 (4) Os resultados podem ser visualizados na tabela abaixo: Tabela 05: Coeficiente convectivo dos corpos hesfera menor hesfera maior hcilindro menor hcilindro maior 78,4066 2651,8862 1650,8826 1419,5667 Fonte: Autoria própria. Ao ser realizado o cálculo do coeficiente convectivo, sendo possível obter através da relação do coeficiente angular das variações de temperaturas em função do tempo para cada corpo, obteve-se uma diferença entre o cilindro e esfera maior de 1232,3195 (W/m²*°C), e para os corpos de cilindro e esfera menor de 1572,476 (W/m²*°C), podendo-se associar os respectivos valores com a influência da área e volume de cada corpo. A partir dos dados da tabela 05, calculou-se através da equação (5) o número de Biot para os corpos, nos quais estão expostos na tabela 06. Obteve-se para o número de Biot dos corpos menores, cilindro e esfera, e o corpo maior esférico, valores < 0,1, podendo-se considerar que não há gradiente de temperatura no interior do corpo. Já o valor obtivo para a esfera maior foi > 0,1, sendo possível analisar que a transferência de calor convectiva é mais intensa que a condução no interior do corpo, logo ocorrerá gradiente de temperatura no interior da esfera. 5. CONCLUSÃO A partir do experimento realizado, percebe-se que o método alternativo para o cálculo do coeficiente convectivo é necessário quando o mesmo depende de vários parâmetros, sendo eles a massa especifica, o volume, a área, e a capacidade calorifica, características para cada material que é construído o determinado corpo. Desse modo, é possível que o mesmo método alternativo facilita uma análise quanto ao número de Biot para cada corpo. 6. REFERÊNCIAS INCROPERA, F.P.; DEWITT, D.P. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa, 7ª ed. LTC, 2014. JABORANDI, Francisco. Termologia, 2013. Disponível em: <https://termologiajaborandi.blogspot.com/2013/05/calor-especifico-e-capacidade- termica.html>. Acesso em 28 de out. 2022. LANCASTRE, I. A. Termometria, Calorimetria E Termodinâmica, 2015. Disponível em: <https://slideplayer.com.br/slide/5746167/>. Acesso em 28 de out. 2022. RODRIGUES, A. V. Tabela Algumas Densidades. Portal Acústico, 2019. Disponível em: <https://portalacustica.info/isolamento-sonoro/tabela_algumas_densidades/>. Acesso em 28 de out. 2022. VIII. CENGEL, Y.A., GHAJAR, A. J. Transferência de Calor e Massa. Uma Abordagem Prática. McGraw Hill, 4ª ed. 2012. ÁREA
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