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Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente Apresentação As unidades de saúde e órgãos públicos têm incentivado cada vez mais o uso de plantas medicinais e fitoterápicos como prática complementar em saúde, em parte devido à busca da população por opções alternativas aos medicamentos sintéticos, os quais trazem inúmeros efeitos adversos. Com isso, os profissionais de saúde têm buscado capacitação e conhecimento na área, a fim de oferecer informações fidedignas a respeito do modo correto de uso, posologia e segurança das plantas medicinais e fitoterápicos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as indicações clínicas de plantas medicinais e fitoterápicos no cuidado ao paciente, suas diferentes apresentações, as formas de utilização de plantas medicinais e fitoterápicos, além das contraindicações e reações adversas da fitoterapia. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Relacionar o conhecimento popular com a fitoterapia.• Identificar plantas medicinais seguras para a terapia.• Diferenciar as formas de utilização de plantas medicinais e fitoterápicos. • Infográfico Transtornos de ansiedade têm acometido cada vez mais a população mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 18,6 milhões de brasileiros sofram de algum transtorno de ansiedade. As plantas medicinais são muito utilizadas como alternativas aos fármacos sintéticos (benzodiazepínicos, por exemplo) no tratamento de quadros leves de ansiedade e insônia. No Infográfico a seguir, conheça as plantas medicinais utilizadas no tratamento de transtornos de ansiedade, bem como seu modo de preparo e posologia. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/d609c2b2-3fe2-4d0c-b53b-1bdeb7306101/62f33d35-6ce5-496c-8e5d-55dd4b0526e5.jpg Conteúdo do livro A indústria de fitoterápicos está em constante desenvolvimento, e cada vez mais a população e os profissionais de saúde têm buscado a fitoterapia como alternativa aos fármacos sintéticos. No Brasil, essa área também é impulsionada pela grande biodiversidade nacional e pelo conhecimento popular do uso de plantas medicinais. Hortos medicinais têm sido criados em diversas cidades no país, a fim de proporcionar o estudo dessas plantas, além de fornecer mudas e orientações para a população, especialmente a mais carente. No capítulo Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente, da obra Práticas integrativas e complementares em saúde, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, veja como tem crescido o interesse de órgãos públicos e pesquisadores pela fitoterapia, entendendo os fitoterápicos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como as indicações e o modo de usar as principais plantas medicinais no cuidado ao paciente. Boa leitura. PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Relacionar o conhecimento popular com a fitoterapia. > Identificar plantas medicinais seguras para uso na terapia. > Diferenciar as formas de utilização de plantas medicinais e fitoterápicos. Introdução Dentre as práticas integrativas e complementares em saúde, a fitoterapia é uma das mais conhecidas e mais amplamente utilizadas nos serviços públicos no Brasil e no mundo. Os profissionais de saúde têm apresentado interesse crescente nessa área, buscando capacitação e conhecimento, com o objetivo de realizar uma adequada prescrição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos em seus atendimentos. Embora as plantas medicinais sejam utilizadas pela população desde tempos imemoriais, o uso inadequado é frequente, devido à falta de conhecimento sólido em relação a dosagens, posologia, modo de preparo, contraindicações e reações adversas. Neste capítulo, você vai conhecer o histórico de uso de plantas medicinais e fitoterápicos e os fatores que têm despertado o interesse em fitoterapia pela população e pelos profissionais de saúde. Além disso, vai estudar formas de utilização, reações adversas e contraindicações de plantas medicinais e fitoterápicos. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente Marcella Gabrielle Mendes Machado Histórico da fitoterapia Desde os tempos mais antigos, os seres humanos utilizam plantas pelos seus diversos efeitos medicinais. De acordo com Saad et al. (2018), os registros mais antigos que indicam a utilização de plantas para fins terapêuticos remontam à Era Paleolítica, na forma de pólens de plantas medicinais em sítios arque- ológicos. Ademais, registros do uso de plantas medicinais em regiões como Índia, China e Egito datam de milhares de anos antes da civilização cristã. Nessas regiões, era muito comum a associação da terapêutica com práticas espirituais, sendo que muitos sacerdotes atuavam como médicos. Pitágoras, por volta de 500 a.C., estudou como as drogas vegetais atuavam no organismo, o que levou à formulação das bases da medicina humoral e da dietética, as quais influenciaram Hipócrates, pai da medicina, alguns anos mais tarde. Hipócrates desmistificou a associação de cura pelo uso das plantas medicinais com forças sobrenaturais, e deu início à medicina racional-naturalista a partir da descrição de sinais e sintomas, avaliação da sazonalidade de doenças e influência do emocional do paciente e condições de moradia (SAAD et al., 2018). Com a descoberta pelos europeus de novas regiões pelas grandes nave- gações no período da Renascença, novas drogas vegetais, assim como espe- ciarias, foram adquiridas pela Europa, aumentando seu arsenal terapêutico. Os estudos desenvolvidos pelo médico conhecido como Paracelso (1493–1541) levaram a um novo entendimento a respeito das plantas medicinais. De acordo com Saad et al. (2018, p. 3), Paracelso “[...] anunciou a noção de que a planta medicinal encerra um componente terapeuticamente ativo, suscetível de ser extraído por processo químico, e que o processo utilizado para isso era a destilação”. Até aquela época, a planta medicinal era utilizada na sua forma inteira ou em partes, como folhas e raízes. A partir da segunda metade do século XIX, com o desenvolvimento da química medicinal e da síntese da Aspirina (ácido acetilsalicílico) pela mo- dificação estrutural do ácido salicílico isolado da casca do salgueiro, as plantas medicinais passaram a ser utilizadas como matéria-prima para a obtenção de fármacos semissintéticos e como protótipos para a síntese de novas moléculas (SAAD et al., 2018). Embora o uso de plantas medicinais tenha diminuído frente ao processo de industrialização e desenvolvimento de fármacos sintéticos, seu uso pela população voltou a ganhar força nas últimas décadas. Muitos fatores têm contribuído para o aumento da utilização das plantas medicinais pela popu- lação, entre eles os efeitos adversos relacionados ao uso de medicamentos Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente2 industrializados, o difícil acesso à assistência médica, o aumento do consumo de produtos naturais em busca de uma vida mais saudável e a tendência ao uso da medicina integrativa (BRASIL, 2019). Atualmente, além de matéria-prima para fármacos semissintéticos, as plantas medicinais são utilizadas in natura (como em chás de plantas medi- cinais), em preparações galênicas simples (extratos fluidos e tinturas) e em formulações farmacêuticas com maior valor agregado, como os fitoterápicos (SIMÕES et al., 2017). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2011, p. 11), um fitoterápico pode ser definido como “[...] o produto obtido de planta medicinal, ou de seus derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa”. Embora as plantas medici- nais sejam utilizadas desde a Antiguidade, o uso oficial de fitoterápicos só foi reconhecido mundialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1978. No Brasil,o Ministério da Saúde, mediante a Portaria nº 212, de 11 de setembro de 1981, passou a incentivar como prioridade o estudo das plantas medicinais para aplicação clínica. Em 2006, a fitoterapia foi inserida no Sistema Único de Saúde (SUS), mediante a Portaria 971/2006, sendo que a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi regulamentada pelo decreto 5.813, de 22 de junho de 2006 (ANVISA, 2011). Atualmente, são ofertados pelo SUS 12 medicamentos fitoterápicos, listados no Quadro 1. Quadro 1. Medicamentos fitoterápicos ofertados pelo SUS Denominação genérica Apresentação Indicação/ação Alcachofra (Cynara scolymus L.) Cápsula, comprimido, solução oral, tintura Tratamento dos sintomas de dispepsia funcional (síndrome do desconforto pós-prandial) e de hipercolesterolemia leve a moderada. Apresenta ação colagoga e colerética. Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) Gel e/ou óvulo vaginal Apresenta ação cicatrizante, anti-inflamatória e antisséptica tópica, para uso ginecológico. (Continua) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 3 Denominação genérica Apresentação Indicação/ação Babosa (Aloe vera (L.) Burm. f.) Creme, gel Tratamento tópico de queimaduras de 1º e 2º graus e como coadjuvante nos casos de psoríase em placas. Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana DC.) Cápsula, tintura Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal eventual. Espinheira-santa (Maytenus officinalis Mabb.) Cápsula, emulsão, suspensão oral, tintura Coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal e sintomas de dispepsia. Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens DC. ex Meissn.) Cápsula, comprimido, comprimido de liberação retardada Tratamento da dor lombar baixa aguda e como coadjuvante nos casos de osteoartrite. Apresenta ação anti-inflamatória. Guaco (Mikania glomerata Spreng.) Solução oral, tintura, xarope Apresenta ação expectorante e broncodilatadora. Hortelã (Mentha x piperita L.) Cápsula Tratamento da síndrome do cólon irritável. Apresenta ação antiflatulenta e antiespasmódica. Isoflavona-de-soja [Glycine max (L.) Merr.] Cápsula, comprimido Coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério. Plantago (Plantago ovata Forssk.) Pó para dispersão oral Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal habitual. Tratamento da síndrome do cólon irritável. Salgueiro (Salix alba L.) Comprimido, elixir, solução oral Tratamento de dor lombar baixa aguda. Apresenta ação anti-inflamatória. Unha-de-gato (Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult.) DC.) Cápsula, comprimido, gel Coadjuvante nos casos de artrites e osteoartrite. Apresenta ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Fonte: Adaptado de Brasil (2020). (Continuação) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente4 Em todo o mundo, a indústria de fitoterápicos está em constante de- senvolvimento, juntamente com o aumento do interesse em pesquisas com plantas medicinais, a fim de comprovar sua eficácia e confirmar as indicações terapêuticas relacionadas ao seu uso. Os fitoterápicos são uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos, os quais estão relacionados a um maior número de efeitos adversos. Na prática médica, são bem vistos os medicamen- tos fitoterápicos e plantas medicinais que passam por testes farmacológicos, toxicológicos, pré-clínicos e clínicos. O crescimento da indústria de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda é impulsionado pela grande bio- diversidade nacional e pelo conhecimento tanto popular quanto científico sobre essas plantas (SAAD et al., 2018). A produção de medicamentos fitoterápicos no Brasil tem apresentado um crescimento exponencial de cerca de 10% ao ano em valores. Em 2018, o mercado de fitoterápicos faturou R$ 2,3 bilhões, o que representa 2,2% do mercado farmacêutico total (RIBEIRO, 2020). De acordo com Ribeiro (2020), o fornecimento de medicamentos fito- terápicos somente na cidade de São Paulo cresceu em 662% no período entre 2015 e 2019. Somente em 2019, foram distribuídos mais de 6 milhões de fitoterápicos para a população paulistana. Essas cifras incluem quatro tipos de medicamentos, sendo três deles pertencentes à lista Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename): isoflavona-de-soja, garra-do-diabo e espinheira-santa. A valeriana, por sua vez, é utilizada no tratamento da depressão e da ansiedade em graus leves. Prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), as plantas medicinais podem ser disponibilizadas à população nas formas in natura, seca (droga vegetal), fitoterápico manipulado e fitoterápico industrializado. A planta medicinal in natura consiste na planta fresca, coletada no momento do uso, enquanto a planta medicinal (ou suas partes) seca passa pelos processos de coleta, estabilização (quando aplicável) e secagem, podendo ser dispo- nibilizada na forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. O fitoterá- pico manipulado é produzido pela farmácia de manipulação, enquanto o fitoterápico industrializado é produzido pela indústria farmacêutica ou pelo laboratório oficial. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 5 A planta medicinal in natura pode ser obtida de hortos medicinais ou de produtores com alvará de órgãos competentes para tal, os quais devem seguir normas de boas práticas de cultivo, que incluem uma adequada qualidade do ar, solo e água. O uso de adubos químicos e agrotóxicos no cultivo de plantas medicinais é proibido, uma vez que podem alterar a composição da planta, o que pode levar à perda de seu valor medicinal, ou até mesmo provocar efeitos colaterais ou tóxicos. As espécies cultivadas podem ser nativas ou exóticas, e geralmente encontram-se relacionadas pelos órgãos de saúde nacional, estadual ou municipal. Plantas medicinais que são amplamente utilizadas pela população local também podem ser fornecidas pelos hortos, desde que seus usos terapêuticos sejam validados (BRASIL, 2012). Hortos medicinais têm ganhado espaço em unidades de saúde em diversos municípios do país. Esses espaços são utilizados de forma educativa, assim como no fornecimento de mudas de plantas medicinais, es- pecialmente para a população mais carente. Muitos desses locais oferecem orientações e palestras a respeito do preparo de chás, posologia, doses, possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas. Podemos destacar o programa de fitoterapia no município de Fortaleza, Ceará, berço da Farmácia Viva, onde esse programa conta com hortos medicinais, laboratório de produção de fitoterápicos para serem ofertados nas unidades de saúde e orientação sobre o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos para profissionais de saúde. Figura 1. Projeto Farmácia Viva, promovido pelo Horto de Plantas Medicinais da Universidade Federal do Ceará. Fonte: Falconery e Lemos (2018, documento on-line). Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente6 A planta in natura costuma ser utilizada na forma de chás, definidos pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2012, p. 107), como “[...] formas líquidas obtidas pela extração a quente com água, preparadas para uso imediato a partir de plantas frescas ou secas. Dependendo da parte da planta utilizada e dos seus constituintes ativos, são preparados por infusão ou por decocção”. A infusão é indicada para as partes mais flexíveis da planta, como folhas e flores. Nesse método de preparação, a água morna ou fervente é vertida sobre a planta sólida, com abafamento do recipiente, por um determinado tempo. Já a decocção é indicada para partes mais rígidas da planta, como caule e raízes. Nesse processo, a planta é deixada em contato com a água em ebulição por um tempo determinado (BERMAR, 2014). A planta seca (droga vegetal) deve ser processada atendendo às exi- gências sanitárias, em estabelecimentos com infraestrutura adequada. Por meio de prescrição, ela é dispensada ao usuário,que pode, de modo semelhante à planta in natura, prepará-la por meio de infusão ou decocção (BRASIL, 2012). A produção de fitoterápicos manipulados e industrializados deve atender às normas regulatórias vigentes, sendo que o processo de manipulação em si é regulamentado pela RDC nº 67/2007, que dispõe sobre as boas práticas de manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. Os fitoterápicos manipulados podem ser preparados a partir da formulação indicada na prescrição feita por um profissional de saúde habilitado, ou a partir de uma formulação descrita no Formulário Fitoterá- pico Nacional ou em formulários internacionais reconhecidos pela Anvisa (ANVISA, 2018). Já as empresas produtoras de fitoterápicos industrializados devem atender às normas da RDC nº 301/2019, que dispõe sobre as boas práticas de fabricação de medicamentos, e a RDC nº 26/2014, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos, além das demais normas que complementam as orientações sobre como deve ser procedido o registro de produtos fitoterápicos, que incluem a RDC nº 66/2014, IN nº 02/2014, IN nº 04/2014 e IN nº 05/2014. Os fitoterápicos podem ser encontrados em forma de monodroga ou em composição com mais de uma droga vegetal, e podem ser comerciali- zados em diversas formas farmacêuticas (comprimidos, envelopes, sachês, xaropes, tinturas e extratos fluidos) de acordo com necessidade para o uso e a possibilidade tecnológica. A seguir são descritas as principais formas farmacêuticas para dispensação de medicamentos fitoterápicos (SAAD et al., 2018). Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 7 � Envelopes ou sachês — forma tradicional para acondicionamento dos pós em doses exatas para serem administrados ao paciente. As plantas em pó e/ou extrato seco são pesadas e misturadas até completa homogeneização. Depois, as doses são pesadas e acon- dicionadas em papéis dobrados, denominados envelopes farma- cêuticos ou sachês. � Cápsulas — são preparações sólidas em que plantas em pó ou ex- trato seco são acondicionadas em um invólucro solúvel duro ou mole. Nas cápsulas duras, normalmente o invólucro é formado de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias. Nas cápsulas moles, o invólucro de gelatina é mais maleável que o das cápsulas duras e também pode acondicionar conteúdos líquidos ou semissólidos. � Comprimidos — são preparações nas quais plantas em pó ou ex- tratos secos são homogeneizados e moldados por compressão, sendo acrescidos ou não de excipiente e/ou agentes adjuvantes, como aglutinantes, desintegrantes, secantes, lubrificantes, antio- xidantes, etc. � Tinturas e extratos fluidos — as tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto teor alcoólico e do forte sabor das plantas. O extrato fluido, apesar de ter teor alcoólico menor que a tintura, também deve ser diluído, em função do forte sabor e aroma de determinadas plantas. A concentração do extrato fluido é superior à tintura em relação à droga vegetal. � Xaropes e melitos — os xaropes são preparados a partir do xarope simples (base de água destilada + açúcar) e da incorporação de tinturas e/ou extratos fluidos, em uma concentração de até 10% em relação ao peso do excipiente. Os melitos são preparações com base de mel, nas quais são incorporadas tinturas e/ou extratos fluidos. � Pomadas — são preparações de consistência pastosa, tendo como base vaselina e lanolina, geralmente em uma proporção de 7:3. São utilizadas como insumo ativo tinturas em uma concentração de 10% do peso da pomada. Outros excipientes podem ser utilizados, como a base de polietilenoglicol (PEG). Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente8 � Cremes — são preparações obtidas a partir de emulsões água–óleo ou óleo–água, de consistência firme, tendo composições variadas. A base mais utilizada é a lanete. Incorpora bem insumos ativos, como tinturas (até 10%), óleos vegetais (até 20%) e óleos essenciais. � Géis — preparação de aspecto coloidal, obtida a partir de substâncias como carboximetilcelulose, ágar-ágar, pectina, alginato de sódio, água, etc. � Óvulos vaginais — preparações farmacêuticas de forma ovoide, de constituição sólida, introduzidas por via vaginal. Utiliza-se como base uma mistura de gelatina, glicerina e água destilada ou a base novata. Incorpora-se até 10% do insumo ativo (tinturas ou extratos). Segurança no uso de plantas medicinais Grande parte da população que faz uso de plantas medicinais desconhece os possíveis efeitos tóxicos decorrentes do seu uso, assim como a forma correta de preparo e as indicações e contraindicações de cada planta. Por serem produtos de origem natural, há uma crença de que as plantas medicinais e os fitoterápicos não podem causar qualquer prejuízo à saúde do usuário, crença esta que não tem embasamento científico (BRUNING et al., 2012). Por outro lado, muitos profissionais de saúde não reconhecem o valor da fitoterapia, em parte por não receberem a formação sobre o assunto durante a graduação. Com isso, faz-se necessário a atualização dos profissionais de saúde frente à fitoterapia, a fim de fornecerem informações seguras aos usuários e promoverem o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos (BRUNING et al., 2012). No Quadro 2 são estão descritos alguns exemplos de plantas medicinais, com sua respectiva posologia, modo de usar, indicações, contraindicações e efeitos adversos. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 9 Q ua dr o 2. T ab el a de p la nt as m ed ic in ai s No m en cl at ur a Pa rt e( s) u til iz ad a( s) / fo rm a de u til iz aç ão Po so lo gi a e m od o de u sa r In di ca çõ es Co nt ra in di ca çõ es Ef ei to s a dv er so s Ba bo sa (A lo e ve ra ) Ge l m uc ila gi no so d as fo lh as Ge l 1 0% e p om ad a 10 % Ap lic ar n as á re as af et ad as , 1 a 3 × ao d ia Ci ca tr iz an te e e m qu ei m ad ur as Nã o us ar e m g es ta nt es e la ct an te s — Ba rb at im ão (S tr yp hn od en d ro m ad st rig en s) Ca sc a De co cç ão : 3 g e m 1 L de á gu a Ap lic ar c om pr es sa s no lo ca l a fe ta do , 2 a 3× a o di a Ci ca tr iz an te e a nt is sé pt ic o tó pi co e m le sõ es d e pe le e m uc os as b uc al e g en ita l Nã o de ve s er u til iz ad o em le sõ es c om p ro ce ss o in fla m at ór io in te ns o — Ca rq ue ja (B ac ch ar is tr im er a) Pa rt es a ér ea s In fu sã o: 2 ,5 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 3 × ao d ia Di sp ep si a Na g ra vi de z, po is p od e pr om ov er c on tr aç õe s ut er in as . E vi ta r o u so co nc om ita nt e co m m ed ic am en to s pa ra hi pe rt en sã o e di ab et es . Ev ita r o u so e m p es so as al ér gi ca s ou c om h ip er - se ns ib ili da de a p la nt as d a fa m íli a As te ra ce ae Po de c au sa r h ip ot en sã o Ca st an ha -d a- -ín di a (A es cu lu s hi pp oc as ta nu m ) Se m en te s co m c as ca De co cç ão : 1 ,5 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 × ao d ia , l og o ap ós a s re fe iç õe s Fr ag ili da de c ap ila r, in su fic iê nc ia v en os a (h em or ro id as e v ar iz es ) Em c as o de g ra vi de z, la ct aç ão , i ns uf ic iê nc ia he pá tic a e re na l e le sõ es da m uc os a di ge st iv a em at iv id ad e Al ta s do se s po de m c au sa r irr ita çã o do tr at o di ge st iv o, ná us ea e v ôm ito (C on tin ua ) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidadoao paciente10 No m en cl at ur a Pa rt e( s) u til iz ad a( s) / fo rm a de u til iz aç ão Po so lo gi a e m od o de u sa r In di ca çõ es Co nt ra in di ca çõ es Ef ei to s a dv er so s Ca va lin ha (E qu is e- tu m a rv en se e o ut ra s es pé ci es ) Pa rt es a ér ea s In fu sã o: 3 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 4 × ao d ia Ed em as (i nc ha ço s) p or re te nç ão d e líq ui do s. C o- ad ju va nt e no tr at am en to da h ip er te ns ão le ve Pe ss oa s co m in su fic iê nc ia re na l e c ar dí ac a O us o po r p er ío do s up er io r a o re co m en da nd o po de p ro vo ca r do r d e ca be ça e a no re xi a. Al ta s do se s po de m p ro vo ca r irr ita çã o gá st ric a, re du zi r os n ív ei s de v ita m in a B1 e pr ov oc ar ir rit aç ão n o si st em a ur in ár io Ch ap éu -d e- co ur o (E ch in od or us m ac ro ph yl lu s) Fo lh as In fu sã o: 1 em 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 3 × ao d ia Ed em as (i nc ha ço ) p or re te nç ão d e líq ui do s e pr oc es so s in fla m at ór io s Po rt ad or es d e in su fic iê n- ci a re na l e c ar dí ac a Nã o ut ili za r d os es a ci m a da re co m en da da , p oi s po de ca us ar d ia rr ei a Co lô ni a (A lp in ia ze ru m be t) Fo lh as s ec as Ti nt ur a 20 % To m ar 10 m L da tin tu ra d ilu íd os e m 75 m L de á gu a, 3 × ao d ia Di ur ét ic o e an ti- -h ip er te ns iv o no s ca so s de hi pe rt en sã o ar te ria l l ev e; an si ol íti co le ve Ge st an te s, la ct an te s, la c- te nt es , c ria nç as m en or es de d oi s an os , a lc oo lis ta s e di ab ét ic os No tr at am en to c om o e xt ra to hi dr oa lc oó lic o, fo i o bs er va do o au m en to d e tr an sa m in as es e HD L Cu rc um a (C ur cu m a lo ng a) Ri zo m as Ti nt ur a 10 % 0, 5– 3 m L da ti nt ur a, di lu íd os e m 5 0 m L de á gu a, 3 × ao d ia Di sp ep si a e co m o an ti- in fla m at ór io Ge st an te s, la ct an te s, pe ss oa s po rt ad or as d e ob st ru çã o do s du to s bi lia re s e em c as o de úl ce ra g as tr od uo de na l — (C on tin ua ) (C on tin ua çã o) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 11 No m en cl at ur a Pa rt e( s) u til iz ad a( s) / fo rm a de u til iz aç ão Po so lo gi a e m od o de u sa r In di ca çõ es Co nt ra in di ca çõ es Ef ei to s a dv er so s Gi ns en g (P an ax gi ns en g) Ra iz Ut ili za r u m a xí c. d e 1 a 3× a o di a De co cç ão : 0 ,5 g em 20 0 m L de á gu a Es ta do d e fa di ga fí si ca e m en ta l, ad ap tó ge no Ca ut el a ao u sa r e m ge st an te s e la ct an te s Po de c au sa r c ef al ei a, d ia rr ei a e al er gi as M ac el a (A ch yr oc lin e sa tu re io id es ) Ca pí tu lo s In fu sã o: 1, 5 g em 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 4 × ao d ia M á di ge st ão e c ól ic as in te st in ai s; c om o se da tiv o le ve ; e c om o an ti- in fla m at ór io Pe ss oa s al ér gi ca s ou c om hi pe rs en si bi lid ad e a pl an - ta s da fa m íli a As te ra ce ae — Pl an ta go (P la nt ag o ov at a) Ca sc a da s em en te De co cç ão : 4 a 2 0g di vi di da e m 2 a 3 d os es ad ul to s) ; c ria nç as : m et ad e da d os e M is tu ra r r ap id a- m en te e m p el o m en os 15 0 m L de ág ua fr ia p ar a ca da 5 g e en go lir o m ai s rá pi do p os sí ve l, na ho ra d as re fe iç õe s Tr at am en to d e ob st ip aç ão oc as io na l e c om o ad ju - va nt e de d ie ta d e ba ix a go rd ur a pa ra h ip er co le st e- ro le m ia le ve e m od er ad a Cr ia nç as m en or es d e 6 an os ; p ac ie nt es c om hi pe rs en si bi lid ad e ao in gr ed ie nt e; a nt es d e de ita r; qu an do h á in dí ci os de o bs tr uç ão in te st in al . Di st an ci ar d e ou tr os m ed ic am en to s pa ra n ão at ra pa lh ar a bs or çã o Po de o co rr er fl at ul ên ci a, di st en sã o ab do m in al e ri sc o de o bs tr uç ão e so fa gi an a ou in te st in al . H á ris co s de re aç õe s al ér gi ca s se o pr od ut o fo r i na la do , i nc lu si ve an af ila xi a Q ue br a- pe dr a (P hy lla nt hu s n iru ri) Pa rt es a ér ea s In fu sã o: 3 g e m 15 0 m L (x íc . d e ch á) Ut ili za r 1 x íc . d e ch á, 2 a 3 × ao d ia Li tía se re na l, pa ra a ux ili ar na e lim in aç ão d e cá lc ul os re na is p eq ue no s Co nt ra in di ca do n a el im i- na çã o de c ál cu lo s gr an de s. Nã o ut ili za r n a gr av id ez Em c on ce nt ra çõ es a ci m a da re co m en da da , p od e oc as io na r di ar re ia e h ip ot en sã o Fo nt e: A da pt ad o de B ra si l ( 20 19 ). (C on tin ua çã o) Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente12 No tratamento de diversas condições clínicas, pode ser necessário o uso de dois ou mais fármacos, os quais podem não apresentar o efeito terapêutico esperado em caso de interação medicamentosa. Muitas plantas medicinais também interagem farmacologicamente com outros medicamentos sintéticos e/ou naturais, o que pode levar à mudança do efeito do fármaco ou droga vegetal. Alguns exemplos de interações medicamentosas bem estabelecidas de plantas medicinais e fitoterápicos relatadas por Nicoletti et al. (2007) incluem: � Boldo, boldo-do-chile (Peumus boldo Molina) — a boldina, principal alcaloide presente nas folhas e cascas do boldo, causa inibição da agregação plaquetária. Com isso, pacientes que fazem uso de antico- agulantes não devem ingerir ao mesmo tempo formulações contendo boldo, pela ação aditiva aos medicamentos anticoagulantes. � Camomila (Matricaria recutita L.) — interage com anticoagulantes (como a varfarina) aumentando o risco de sangramento, com barbitúricos (como fenobarbital) e outros sedativos, intensificando ou prolongando a ação depressora do sistema nervoso central (SNC). A camomila tam- bém reduz a absorção de ferro ingerido por meio de medicamentos e/ou alimentos. � Erva-cidreira (Melissa officinalis L.) — interage com depressores do SNC e com hormônios tireoidiano. Pode interagir com outras plantas medicinais, destacando-se a kava-kava (Piper methysticum G. Forst). � Guaraná (Paullinea cupana H.B.K.) — potencializa a ação de analgési- cos e, por inibir a agregação plaquetária, pode aumentar o risco de sangramento ao ser administrado com anticoagulantes. � Maracujá (Passiflora incarnata L.) — apresenta ação depressora ines- pecífica do SNC, provocando ação sedativa e tranquilizante. Quando utilizado ao mesmo tempo com hipnóticos e ansiolíticos, o maracujá pode intensificar as ações desses medicamentos. � Valeriana (Valeriana officinalis) — a ação sedativa da valeriana pode ser potencializada ao ser administrada concomitantemente com ben- zodiazepínicos, barbitúricos, alguns antidepressivos, narcóticos, álcool e anestésicos. Grande parte dos fitoterápicos industrializados são isentos de prescri- ção médica, podendoser prescritos pelo profissional farmacêutico. Para a dispensação de produtos que requerem prescrição médica, exige-se a especialização na área clínica, comprovando-se conhecimentos e habilidades para uma adequada prescrição. Alguns fitoterápicos vendidos sob prescrição Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 13 médica incluem ginkgo (Ginkgo biloba L.), hipérico (Hypericum perforatum L.), kava-kava (Piper methysticum G. Forst.) e valeriana (Valeriana officinalis L). A partir do conteúdo abordado, percebe-se o crescente interesse na fitoterapia como prática complementar em saúde. As plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos representam hoje uma alternativa ao uso de medicamentos sintéticos para uma população cada vez mais preocupada com a saúde e bem-estar, sendo que a aplicação clínica da fitoterapia tem sido também incentivada por órgãos federais. De todo modo, é importante conhecer as doses, modo de utilização, contraindicações e reações adversas das plantas medicinais, a fim de garantir a saúde do paciente e alcançar o benefício terapêutico dessas plantas. Para prescrever fitoterápicos, o profissional de saúde deve ter conhe- cimentos sólidos nas áreas de farmacologia, semiologia e fisiologia, a fim de que a prescrição seja adequada e individualizada. Há diversos programas de especialização em fitoterapia clínica, com enfoque multiprofissional, os quais buscam capacitar os profissionais de saúde na escolha, controle, dispensação e administração de medicamentos fitoterápicos. Referências ANVISA. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 1. ed. Brasília, DF: ANVISA, 2011. ANVISA. Consolidado de normas de registro e notificação de fitoterápicos. Brasília, DF: ANVISA, 2018. BERMAR, K. C. O. Farmacotécnica — Técnicas de Manipulação de Medicamentos. São Paulo: Érica, 2014. BRASIL. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Plantas Medicinais e Fitoterápicos. 4. ed. São Paulo: CRFSP, 2019. Disponível em: http://crfsp.org.br/images/ cartilhas/PlantasMedicinais.pdf. Acesso em: 07 out. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Es- tratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: Rename 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ relacao_medicamentos_rename_2020.pdf. Acesso em: 21 out. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Aten- ção Básica. Práticas integrativas e complementares: plantas medicinais e fitoterapia na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_plantas_me- dicinais_cab31.pdf. Acesso em: 07 out 2020. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente14 BRUNING, M. C. R. et al. A utilização da fitoterapia e de plantas medicinais em unidades básicas de saúde nos municípios de Cascavel e Foz do Iguaçu-Paraná: a visão dos profissionais de saúde. Ciência & saúde coletiva, v. 17, p. 2675-2685, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232012001000017&script=sci_ abstract&tlng=pt. Acesso em: 20 out. 2020. FALCONERY, L. F.; LEMOS, M. Fitoterapia como alternativa natural no combate a do- enças: O uso de plantas medicinais, sob orientação profissional, que promovem a cura. Medium, 21 ago. 2018. Disponível em: https://medium.com/midium/fitoterapia- -como-alternativa-natural-no-combate-a-doen%C3%A7as-10effd1b428. Acesso em: 20 out. 2020. NICOLETTI, M. A. et al. Principais interações no uso de medicamentos fitoterápicos. In- farma, v. 19, n. 1/2, p. 32-40, 2007. Disponível em: http://www.revistas.cff.org.br/infarma/ article/view/222. Acesso em: 20 out. 2020. RIBEIRO, W. Prefeitura de São Paulo distribui mais de 6,7 milhões de medicamentos fitoterápicos. ICTQ, 22 jan. 2020. Disponível em: https://www.ictq.com.br/politica- -farmaceutica/1128-prefeitura-de-sao-paulo-distribui-mais-de-6-7-milhoes-de- -medicamentos-fitoterapicos. Acesso em: 07 out. 2020. SAAD, G. A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto Alegre: Artmed, 2017. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Plantas medicinais e a fitoterapia no cuidado ao paciente 15 Dica do professor O projeto Farmácia Viva, da Universidade Federal do Ceará (UFC), começou em 1984, sob a supervisão do professor Abreu de Matos. O projeto visava a estimular o uso correto de plantas medicinais pela população local, desde a fase de cultivo até a produção, tendo em vista que as plantas medicinais da flora local eram o único recurso terapêutico para boa parte da população nordestina. Devido à relevância desse projeto, o Farmácias Vivas foi instituído no SUS, e hoje diversas iniciativas semelhantes são encontradas em todo o país. Nesta Dica do Professor, conheça um pouco mais sobre o Farmácias Vivas no SUS. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/a7b2b18c361eeb86ee6e0040361ac734 Exercícios 1) A fitoterapia – com a acupuntura, homeopatia, antroposofia e medicina tradicional chinesa – foi inserida no SUS como prática integrativa e complementar pela Portaria nº 971/2006. A respeito dos medicamentos fitoterápicos ofertados pelo SUS, leia as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) A babosa é disponibilizada pelo SUS em apresentações tópicas, sendo indicada para tratar queimaduras de 1° e 2° grau. ( ) O romã é disponibilizado pelo SUS em apresentações orais, sendo indicado para tratar infecções da mucosa da boca e faringe. ( ) A hortelã é fornecida pelo SUS em cápsulas, sendo indicada para tratar a síndrome do cólon irritável. ( ) A garra-do-diabo é disponibilizada pelo SUS em apresentações orais, sendo indicada para tratar a dor lombar baixa aguda. Agora indique a alternativa que apresenta a ordem correta. A) V, F, V, V. B) F, V, V, V. C) V, F, F, V. D) F, V, V, F. E) V, V, F, F. 2) O ginkgo (Ginkgo biloba L.) é um fitoterápico indicado para tratar zumbidos (tinidos) que resultam de distúrbios circulatórios. Também é muito utilizado para prevenir a perda de memória. É correto afirmar que: A) o ginkgo é um fitoterápico disponível na forma farmacêutica de extrato, isento de prescrição médica. B) o uso de ginkgo deve ser interrompido antes de procedimentos cirúrgicos, pelo risco de sangramentos. C) o uso concomitante de ginkgo e anticonvulsivantes, como a fenitoína, pode aumentar o efeito do fármaco sintético. D) a parte utilizada da planta para produzir esse fitoterápico são os rizomas, que devem ser preparados por decocção. E) o ginkgo produz vasoconstrição e aumenta a viscosidade sanguínea, sendo indicado para insuficiência vascular cerebral. 3) Apesar dos avanços na medicina com a introdução dos fármacos sintéticos, o consumo de plantas medicinais – com uma forte base na tradição familiar – tornou-se uma prática da medicina popular, e seu uso tem sido incentivado por órgãos governamentais em todo o mundo. Dessa forma, é correto afirmar que: A) as plantas medicinais, por serem produtos naturais, têm poucos efeitos adversos, sendo seguras para gestantes, por exemplo. B) os fitoterápicos são obtidos a partir de triturações sucessivas da droga vegetalou diluições seguidas de sucussão. C) profissionais de saúde podem utilizar fitoterápicos nos atendimentos, desde que seu conhecimento na área seja certificado. D) o fácil acesso da população à assistência médica tem impulsionado o consumo de plantas medicinais e fitoterápicos. E) os fitoterápicos podem ser dispensados nas formas farmacêuticas de extrato fluido e tintura, visto que esta apresenta teor alcoólico menor. Grande parte da população usa plantas medicinais de forma inadequada, especialmente na forma de chás, devido à falta de conhecimento de preparo e posologia, ou das contraindicações e possíveis reações adversas. Analise as plantas medicinais a seguir e relacione corretamente a primeira coluna com a segunda: I. Carqueja. II. Cavalinha. 4) III. Plantago. IV. Chapéu-de-couro. ( ) Não deve ser utilizado por gestantes, pois pode resultar em contrações uterinas. ( ) Pode causar flatulência e distensão abdominal. ( ) Não deve ser utilizado por pacientes com insuficiência renal. ( ) Altas doses podem causar diarreia. Agora assinale a alternativa que aponta a ordem correta. A) I, II, IV, III. B) I, II, III, IV. C) IV, III, II, I. D) II, III, I, IV. E) I, III, II, IV. Após a colheita, a planta medicinal pode ser utilizada em sua forma fresca (in natura) ou pode seguir para o processo de secagem da parte desejada. A planta “seca” – também conhecida como droga vegetal – é submetida a processos farmacotécnicos para formular diferentes apresentações de fitoterápicos e serem dispensados ao paciente. A respeito do uso de plantas medicinais e fitoterápicos, leia as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s): ( ) A planta in natura geralmente é utilizada na forma de chá, que pode ser preparado por infusão ou decocção. ( ) Os fitoterápicos na forma farmacêutica de tintura devem ser diluídos em água, devido ao teor alcoólico da formulação e ao sabor forte das plantas. ( ) Os xaropes de plantas medicinais, por serem preparações com alto teor de açúcar, devem ser evitados por pacientes diabéticos. ( ) Os sachês são utilizados para acondicionar plantas pulverizadas, sendo inadequados para a planta rasurada, devido ao maior volume. 5) Agora assinale a alternativa que indica a ordem correta. A) V, F, V, V. B) F, V, V, V. C) V, F, F, V. D) V, V, V, F. E) F, V, V, F. Na prática Com a evolução da fitoterapia nas últimas décadas, um grande número de fitoterápicos industrializados é ofertado em farmácias e drogarias. Os fitoterápicos também podem ser manipulados a partir de uma prescrição elaborada por profissional capacitado, atendendo à necessidade clínica do paciente. Embora sejam de origem natural, esses medicamentos devem ser utilizados sempre conforme as recomendações do prescritor. Neste Na Prática, conheça um estudo de caso em que uma médica da Unidade Básica de Saúde (UBS) prescreveu uma formulação fitoterápica oral para uma paciente diagnosticada com doença ulcerosa péptica, que estava sentindo fortes dores abdominais, gosto amargo na boca, e apresentava regurgitação ácida e aftas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5fc81dd7-8633-4bd8-b890-d28974ff24af/154bd807-9ff9-4a3d-bc41-4d40c94e203f.jpg Saiba + Para ampliar seu conhecimento no assunto, veja a seguir as sugestões do professor: Hortos medicinais em UBS do Maranhão No vídeo a seguir, assista à palestra sobre hortos medicinais e uso de plantas medicinais ministrada pela professora Kallyne Bezerra Costa, coordenadora do programa Farmácia Viva Hortos Terapêuticos do Maranhão. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Webpalestra: Covid-19 – Plantas medicinais e fitoterápicos na pandemia podem ajudar? No vídeo a seguir, acompanhe a palestra da doutora Henriqueta Tereza do Sacramento sobre os benefícios das plantas medicinais e fitoterápicos durante a pandemia de Covid-19 por pacientes acometidos por transtornos emocionais leves, sintomas respiratórios e para reforçar o sistema imunológico. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/_WNAfs8kV1c https://www.youtube.com/embed/sZZsIsjRHKY
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