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41 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Unidade II 3 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS PARA DIAGNÓSTICO E PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS A partir de agora serão apresentados vários equipamentos de grande utilidade na prática clínica da estética. A maioria dos equipamentos são utilizados para realizar um procedimento estético. Porém, alguns são utilizados para a realização de diagnóstico. Esses recursos são importantes para traçar o melhor procedimento de acordo com as características individuais de cada um e também são muito utilizados para mostrar os resultados do procedimento estético nas camadas mais inferiores da pele. 3.1 Lâmpada de Wood A lâmpada de Wood é um recurso tecnológico que tem por finalidade realizar um diagnóstico preciso da concentração de melanina depositada na face. Esse equipamento emite uma luz que permeia a pele sem se desfocar em coloração diferente. As cores mais escuras indicam pigmentos de melanina superficiais, enquanto as mais claras apontam pigmentos mais profundos. Através da visualização, conseguimos identificar se o melasma é dérmico ou epidérmico. A luz de Wood é uma luz ultravioleta de longo comprimento de onda, emitida do filtro de Wood, o qual é opaco a todas as radiações, com exceção daquelas com comprimento de onda entre 320 nm a aproximadamente 365 nm, no espectro ultravioleta, com pico em 365 nm. A lâmpada de Wood é o método empregado na classificação do melasma (PEREIRA, 2014). A luz ultravioleta emitida pela lâmpada de Wood penetra no estrato córneo e epiderme, no qual a melanina está distribuída. A profundidade do pigmento determinará a fluorescência. As regiões cutâneas que apresentam maior concentração da melanina epidérmica ficarão com a coloração mais escura e as áreas com concentração diminuída se apresentarão mais claras e brilhantes. Pode-se, através do diagnóstico com a lâmpada, determinar se uma alteração hipercrômica encontra-se em nível epidérmico ou dérmico. A hiperpigmentação de nível epidérmico, ao exame da luz de Wood, apresenta-se mais escura, enegrecida; as manchas de nível dérmico são mais azuladas, permanecendo sem alteração ao exame com a luz de Wood. 42 Unidade II Figura 21 – Imagem diagnóstica sobre a lâmpada de Wood Para uma análise adequada, é necessário que a pele esteja limpa e isenta de qualquer substância, por exemplo, protetor solar, pois, do contrário, a visibilidade da imagem projetada pode ser prejudicada. Além disso, para melhor visualização, a lâmpada de Wood deve ter uma distância aproximada de 20 cm a 25 cm do local. É necessário estar em um ambiente completamente escuro e, depois que a lâmpada acender, esperar de três a quatro minutos para que ela atinja a temperatura ideal para a utilização (PEREIRA, 2014). Devido à necessidade de um ambiente escuro, alguns equipamentos se apresentam com um revestimento ao redor da lâmpada, o que garante a florescência das cores mesmo se o ambiente estiver mais claro. O diagnóstico das lesões em luz branca é indispensável, bem como a utilização de lupa e ficha de anamnese do cliente. É muito importante que os olhos do cliente estejam cobertos para a realização da análise diagnóstica. Figura 22 – Imagem diagnóstica sobre a lâmpada de wood Por ser um equipamento que não interfere diretamente no tratamento do melasma, e sim no diagnóstico, muitos profissionais não reconhecem a relevância desse recurso, entretanto, é muito importante saber identificar o tipo de melasma para elaborar o protocolo específico. 43 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Existem vários tipos de melasma, os superficiais, por exemplo, apresentam melhores resultados com peelings, enquanto os mais profundos respondem melhor a procedimentos de laser. Também é importante ressaltar a importância de conhecer a unidade de medida nanômetro para trabalhar com a lâmpada de Wood e com laser. Ao dividirmos um milímetro em mil, obtemos a medida de um micrômetro, que, por sua vez, dividido por mil, chega à unidade de um nanômetro – o qual, como se pode ver, é uma unidade muito diminuta. Saiba mais Para maiores informações sobre o manuseio do equipamento, leia o artigo: TAMLER, et al. Classificação do melasma pela dermatoscopia: estudo comparativo com lâmpada de Wood. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 1, n. 3. 2009. Disponível em: http://www.surgicalcosmetic.org.br/exportar- pdf/1/1_n3_30_pt/Classificacao-do-melasma-pela-dermatoscopia-- estudo-comparativo-com-lampada-de-Wood. Acesso em: 8 maio 2020. 3.2 Endermoterapia Ventosaterapia é uma técnica muito antiga que consiste em utilizar técnicas que promovem um sucção do tecido em pontos específicos para melhorar a circulação sanguínea. Esse efeito de vácuo suga a pele e resulta em aumento do diâmetro dos vasos sanguíneos. Como resultado dessa técnica, ocorre uma maior oxigenação e nutrição endógena dos tecidos e, devido a esses efeitos fisiológicos, atualmente ela é muito utilizada na estética para o desenvolvimento de protocolos para lipodistrofia localizada e FEG. Hoje em dia existem diversas marcas e formatos de equipamentos que geram essa sucção e promovem os efeitos mencionados. Porém, não foi sempre assim, antigamente era utilizado um chifre de gado para a realização da sucção da pele. Para gerar a pressão negativa, é necessário obter um vácuo que promova sucção e, para fazê-lo, acendia-se fogo dentro do chifre – o que retira o ar – que era então colocado diretamente no local onde se desejava realizar o tratamento (PEREIRA, 2014). A ventosaterapia é utilizada na China há centenas de anos em vários tipos de tratamentos diferentes, como a remoção de secreção purulenta de feridas e a diminuição de espasmos musculares ocasionados pela contratura dos músculos esqueléticos. Mais tarde, a prática foi sendo aprimorada e muitos métodos e equipamentos foram surgindo. A introdução de bombas de sucção eletrônica, elétrica ou mecânica promoveu maior facilidade de aplicação e novas nomenclaturas foram sendo desenvolvidas (PEREIRA, 2014). Atualmente, existem várias técnicas que se utilizam da pressão negativa, por exemplo, o vácuo, a vacuoterapia, a ventosaterapia, a endermoterapia, a endermologia, a dermotonia e a terapia subdérmica 44 Unidade II não invasiva. Entretanto, o termo endermoterapia é um dos mais utilizados pelos autores e por esse motivo será o utilizado neste livro-texto. A dermotonia é uma técnica que usa a pressão negativa induzida por equipamento de vidro e é utilizada manualmente. Endermoterapia é um equipamento eletrônico a vácuo no qual os cabeçotes, em vez de serem de vidro, são de plástico e possuem “rolos” em seu interior. Esses rolos auxiliam o deslizamento do cabeçote sobre a pele. Figura 23 – Equipamento de endermoterapia utilizado em procedimentos estéticos A técnica se baseia na utilização de um aparelho que produz vácuo, ou seja, pressão negativa nos tecidos cutâneos. A pressão negativa promove uma prega parecida com aquela que é desenvolvida através da manobra de rolamento na massagem clássica e modeladora. Os efeitos fisiológicos são praticamente os mesmos. Porém, quando utilizamos o equipamento de sucção, esses efeitos podem ser potencializados. Figura 24 – Ponteira de rolo maior (mais adequada a protocolos corporais) 45 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Para a execução da técnica, é necessário utilizar artefatos em forma de ventosas (conforme mostram a figura anterior e a seguinte), que podem ser de vidro ou de plástico, dependendo da escolha do profissional e do objetivo da técnica a ser realizada. A pressão negativa executada pelo aparelho pode ser contínua ou pulsátil. Figura 25 – Tamanho da ponteira de rolo maior, ideal para procedimentos na região abdominal As ponteiras menores têm a mesma indicação e efeitos fisiológicos da ponteira maior (figura seguinte). Contudo, são indicadas para regiões menores, uma vez que se adequam melhor às curvaturas de pequenas regiões corporais. Figura 26 – Ponteira maior e menor para procedimentos estéticoscorporais com endermoterapia A técnica contínua é indicada para: • protocolos estéticos de modelagem corporal; 46 Unidade II • relaxamento em casos de contratura muscular; • protocolos de FEG; • protocolos de tratamento para estrias vermelhas e nacaradas. Cada protocolo deverá ser associado com técnicas manuais e cosméticos específicos para cada objetivo. A técnica no modo pulsado é indicada para a realização de drenagem linfática e protocolos descongestionantes. Em casos de drenagem linfática, o valor da sucção deverá ser diminuído, pois é necessário respeitar a velocidade, a direção e a pressão realizada pelo sistema linfático. A técnica realizada nas direções de captação linfática com valor adequado de sucção poderá auxiliar no tratamento de edemas, redução de medidas e FEG. 3.2.1 Efeitos fisiológicos da endermoterapia A endermoterapia pode prevenir a fibrose e acelerar o processo de cicatrização, ativando a microcirculação, diminuindo os edemas, e favorecendo o retorno ao estado tecidual normal. O uso das ventosas pode fortalecer os vasos sanguíneos, pois os capilares reagem à pressão negativa, expandindo-se durante a aplicação da massagem – como uma espécie de ginástica circulatória. Durante a massagem com ventosas, ocorre ativação das trocas metabólicas e facilitação da eliminação de fluidos dos espaços intersticiais, o que promove desintoxicação. Além disso, como as glândulas sudoríparas e sebáceas são ativadas, é normal ocorrer maior sudorese e produção de sebo. Figura 27 – Pressão negativa exercida pela endermoterapia 47 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS A mobilização do sangue dentro dos capilares cutâneos melhora o trofismo e favorece a nutrição (BORGES, 2006). Já a desintoxicação resultante do procedimento tem como reflexo a diminuição de medidas, pois as toxinas ocupam um lugar significativo nos interstícios. Assim, quando são liberadas, ocorre notável diminuição de medidas corporais. A força da aspiração das ventosas também é eficiente na diminuição dos nódulos apresentados na hipoderme. Além disso, amplia a irrigação sanguínea dos músculos e tecidos, o que resulta em aumento de nutrição e oxigenação endógena. Devido ao aumento do aporte de oxigênio e nutrientes, as células passam a disponibilizar mais recursos para a execução das funções específicas. Portanto, é correto afirmar que as células passam a executar as funções específicas com maior eficácia, inclusive os fibroblastos, que constituem a camada dérmica. É errado, entretanto, falar que protocolos realizados corretamente podem gerar flacidez tissular ou muscular, pois, quando a técnica é executada de maneira adequada, os efeitos fisiológicos descritos melhoram a irrigação celular e, consequentemente, aumentam a atividade dos fibroblastos, que têm a função de produzir o colágeno. Observação O colágeno é a substância mais importante na constituição da sustentação dos tecidos. Quando executada de maneira correta, a endermoterapia atua diretamente na reestruturação do tecido conjuntivo. Ela melhora a troficidade, atuando na restruturação do tecido conjuntivo, graças ao aporte de enzimas e nutrientes e à eliminação de toxinas. Porém, vale a pena ressaltar que, quando a técnica é utilizada de maneira inadequada, pode gerar hematomas, devidos ao rompimento de vasos sanguíneos. Nesse caso, em vez de ajudar no fortalecimento do capilar, o procedimento poderá fragilizar o vaso – portanto, se usado de maneira errada, pode prejudicar a circulação, por isso é necessário estar bastante atento. A endermoterapia também pode ser utilizada para prevenir a fibrose e acelerar o processo de cicatrização. Em casos de protocolo utilizando a técnica pulsátil, a endermoterapia pode estimular as principais cadeias de captação linfática durante as técnicas de drenagem linfática. Nesse caso, as áreas de linfonodos podem ser ativadas no início da sessão e durante a finalização das manobras de deslizamento. 48 Unidade II 3.2.2 Técnicas de execução Para a realização do procedimento estético com o equipamento de endermoterapia, o profissional deverá considerar alguns fatores, por exemplo: a tonicidade da pele, a presença de fragilidade tissular, a sensibilidade à dor e ainda, claro, a verificação de possíveis contraindicações através de uma ficha de anamnese cuidadosa e detalhada. É importante não iniciar o tratamento com valores de sucção muito altos. A pressão inicial pode variar entre 150 mmHg e 200 mmHg, podendo ser aumentada gradativamente de acordo com a sensibilidade e com o local de tratamento. Os movimentos deverão ser longitudinais, sempre obedecendo a direção das fibras musculares, no sentido da circulação de retorno. Podem ser realizados movimentos circulares (com cabeçote específico) com o amaciamento das zonas de fibrose e descongestionamento do tecido mais profundo. Para a realização da drenagem linfática com equipamento de endermoterapia, é necessário utilizar a pressão inicial de 30 mmHg e tomar cuidado para não ultrapassar nunca 60 mmHg. A direção percorrida deverá ser a realizada pelo sistema linfático. As áreas de linfonodos deverão ser estimuladas no início e decorrer do procedimento. A drenagem com endermoterapia auxilia na remoção das partículas tóxicas existentes no sistema linfático. A velocidade deverá ser vagarosa, bem como a velocidade de drenagem linfática manual. Os efeitos fisiológicos são os mesmos, mudando apenas o recurso para a execução. Para a realização de massagem modeladora utilizando o equipamento de endermoterapia, é importante que o profissional siga as seguintes orientações: • A pele deverá estar com óleo ou creme de massagem para auxiliar no deslizamento. • As manobras deverão ser realizadas de maneira rápida e precisa e para isso é importante que você treine bastante para adquirir a destreza necessária e não machucar nenhum cliente. Nas coxas, por exemplo, o ideal é dividir a região em três e seguir na direção linfática, trabalhando uma parte por vez. Deslizamento muito longo poderá acarretar possíveis hematomas. Figura 28 – Direção percorrida para tratamento com endermoterapia na região de coxa 49 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS • A região da parte interna de coxa é delicada e requer maior cuidado pelo profissional durante a aplicação. Deslizamentos muito longos implicam sugar uma maior quantidade de pele e poderão deixar hematomas – o que não é um efeito desejado. • Sempre ao final do deslizamento é importante que o profissional “remova” o vácuo do cabeçote. Os cabeçotes de vidro possuem um furinho, os quais, sempre que estiverem tampados, ocasionarão o vácuo que promove uma sucção. Na hora de retirar o cabeçote da pele, o profissional deverá retirar o dedo desse furinho para que o ar entre no vidro e se desprenda da pele sem causar nenhum tipo de dano ao tecido. Em casos de cabeçote de plástico com rolos, o profissional poderá mover levemente o cabeçote para a lateral, o que permitirá a entrada de ar e o desprendimento da sucção, manobra que garante que o tecido não sofrerá nenhum tipo de lesão decorrente da sucção. • É importante prestar atenção na hiperemia causada na região que está sendo trabalhada. A vermelhidão é normal e ocorre devido aos incrementos ocorridos na circulação sanguínea e à liberação de histamina no local. Porém, caso a hiperemia seja muito intensa, é melhor reduzir a pressão de sucção e executar menos deslizamentos com o cabeçote. Devemos sempre ter consciência de que é com a integridade do cliente que devemos nos preocupar em primeiro lugar. Outro detalhe muito importante é que todos somos diferentes uns dos ouros, portanto, as pessoas poderão responder de maneiras diversas aos mesmos estímulos. Desse modo, não existe uma receita infalível para todos, cada um possui suas características particulares. Alguns são mais sensíveis à dor, outros, menos, alguns têm maior fragilidade vascular, outros, maior sensibilidade cutânea. Cabe, portanto, ao profissional que trabalhacom o equipamento estar sempre atento às reações ocorridas na aplicação do procedimento. Observação Muitos clientes reclamam de dor e hematomas com a utilização do equipamento de endermoterapia. Contudo, a dor só ocorrerá se o valor de sucção estiver alto para a cliente e o hematoma só surgirá se a técnica de aplicação estiver inadequada. É importante ressaltar que, caso o cliente seja muito sensível, talvez seja melhor optar por uma técnica manual que promova efeitos fisiológicos parecidos, pois valores de sucção muito baixos podem não ser satisfatórios. A seguir examinaremos exemplos de protocolos corporais. 3.2.3 Protocolo para tratamento de lipodistrofia localizada Passo 1: primeiro devemos fazer a higienização da área a ser tratada, conforme se pode ver na figura a seguir: 50 Unidade II Figura 29 – Higienização da área com loção líquida bactericida Passo 2: depois da higienização, a próxima etapa é fazer a esfoliação para a remoção das células mortas. Figura 30 – Quantidade de esfoliante necessária para a região abdominal 51 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS É importante não colocar quantidades excessivas de esfoliante, pois isso dificultaria o processo de remoção do produto. O movimento de vaivém das mãos deve ser rápido e pode causar leve hiperemia. Figura 31 – Aplicação do esfoliante na região abdominal A remoção do esfoliante poderá ser realizada com pequenas esponjas de algodão e gaze ou, dependendo do produto, apenas gaze. É importante utilizar um recurso descartável. Figura 32 – Remoção do esfoliante 52 Unidade II Passo 3: aplicação de óleo de massagem ou creme de massagem corporal para melhor deslizamento do cabeçote. A massagem deverá ser realizada no sentido das fibras musculares. Figura 33 – Quantidade de creme de massagem para protocolo em região abdominal O creme deverá ser espalhado em toda a região para auxiliar o deslizamento do cabeçote. Porém, é importante ressaltar que o equipamento deve conter um protetor do local de encaixe das ponteiras. Esse protetor tem a função de impedir a passagem do produto para o interior do equipamento, o que pode resultar em danos e prejuízos. Figura 34 – Aplicação do creme de massagem antes da aplicação 53 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Se o protocolo estiver sendo realizado na região abdominal, as manobras deverão ser feitas na direção linfática. Figura 35 – Direção da massagem ativa com cabeçote de rolo Para tratamento de “gordura localizada”, as manobras devem ser rápidas, com os mesmos princípios da massagem modeladora. Caso o protocolo seja realizado na região das coxas, as manobras deverão seguir o sentido das fibras musculares e devem ser rápidas e rítmicas. Figura 36 – Cabeçote utilizado para endermoterapia na região abdominal Outra dica importante para a prática é realizar deslizamentos curtos, pois os deslizamentos mais longos podem machucar o cliente por causa da sucção. 54 Unidade II O cabeçote composto por pequenas bolinhas em sua circunferência também pode ser utilizado na região abdominal para estimular a circulação sanguínea do local. Nesse caso, os movimentos são circulares. Figura 37 – Cabeçote composto de roletes na circunferência Esse tipo de aplicação pode ser utilizado para complementar a massagem anteriormente realizada com o cabeçote de rolo. Figura 38 – Movimentos circulares com endermoterapia na região abdominal 55 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Passo 4: aplicação de argila associada a soro fisiológico. Vale a pena ressaltar que existem argilas de várias cores e com diversas indicações terapêuticas e o profissional da área de estética deve aprofundar os conhecimentos sobre esse tema, pois ele é aplicável a vários tipos de procedimentos corporais, faciais e até mesmo capilares. Figura 39 – Aplicação de argila verde no abdome Passo 5: envolvimento de filme osmótico para maior aquecimento. Além do filme, a região do corpo pode ser coberta com toalha e manta térmica por 20 minutos para potencializar os efeitos. Figura 40 – Aplicação do filme osmótico com argila verde na região abdominal 56 Unidade II Observação Apesar de não haver comprovação científica sobre o aumento da permeação de princípios ativos através da utilização da manta térmica, ela é indicada ao final do protocolo por causa do aquecimento promovido. A teoria que baseia essa prática é a da termorregulação humana e os efeitos fisiológicos decorrentes do aumento de calor sobre a pele, por exemplo, a vasodilatação. 3.2.4 Casos clínicos M. C. é uma mulher de 40 anos que procurou os tratamentos estéticos para a redução de medidas na região abdominal. Ela já teve uma gestação e por isso, além da gordura localizada, também possui flacidez tissular na região. Qual protocolo estético seria indicado? Parecer profissional A cliente descrita pode realizar sessões do protocolo para tratamento de lipodistrofia localizada, pois ele utiliza a técnica de endermoterapia, que é indicada para a diminuição de medidas devido à ativação metabólica. Além disso, pode ser utilizada a aplicação da argila verde, pois ela auxilia o processo de remineralização da pele, uma vez que aumenta a permeação de minerais. O protocolo pode ser realizado em dias alternados por aproximadamente dois meses, somando em média dez sessões de tratamento. Após esse período, é necessária reavaliação para dar continuidade ao tratamento estético. Em muitos casos, a massagem modeladora ou a drenagem linfática associada a uma rotina de exercícios e reeducação alimentar pode ajudar a manter os resultados obtidos no programa de estética. 3.2.5 Protocolo para execução da drenagem linfática corporal com equipamento de endermoterapia Passo 1: higienização da axila, da virilha e dos pés com loção bactericida. Nas axilas e na virilha, a limpeza pode ser realizada com algodão umedecido com loção e, nos pés, com loção bactericida e toalha de papel. Passo 2: desobstrução das principais cadeias ganglionares, como: região axilar, região da virilha e região poplítea. Para desobstrução dessas áreas, o cabeçote deverá estar posicionado parado nas regiões descritas por aproximadamente dez segundos em cada área. 57 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Figura 41 – Desobstrução ganglionar da região inguinal A ação do vácuo promove um bombeamento local, efeito reflexo, estimulando, assim, os linfonodos da região. Exclusivamente para essas manobras de captação das regiões ganglionares, se utiliza uma pressão em torno de 600 mmHg a 700 mmHg. Figura 42 – Desobstrução da região axilar com cabeçote de rolo 58 Unidade II Passo 3: aplicação de creme com princípios ativos drenantes. O creme potencializa a ação do protocolo e auxilia o deslizamento do cabeçote da endermoterapia. Passo 4: realização de deslizamentos vagarosos e rítmicos nas direções da drenagem linfática manual. Nesse momento do procedimento, é indicado utilizar a depressomassagem sobre todos os trajetos linfáticos. As direções são as mesmas seguidas na drenagem linfática manual. É muito importante que nessa etapa a pressão não ultrapasse 60 mmHg e que seja realizada a depressomassagem pulsátil nas zonas de linfonodos para a realização dos bombeamentos e esvaziamento deles (BORGES, 2006). Figura 43 – Deslizamento do cabeçote na parte interna da coxa É importante lembrar que o procedimento não deve ser desconfortável para o cliente, portanto, se este apresentar queixa, você, como profissional, deverá buscar uma alternativa para dar continuidade ao tratamento. A) B) Figura 44 – A) Deslizamento na região medial da coxa; B) deslizamento na região proximal da coxa 3.2.6 Caso clínico M. F. é uma mulher de 30 anos que, mesmo tendo uma rotina de dieta balanceada, tem os membros inferiores edemaciados. Isso ocorre porque ela tem fragilidade vascular e biotipo ginoide, no qual a maior parte de gordura corporal se localiza na região de glúteos e coxa. Que tipo de protocolo estético pode ser indicado para a cliente citada?59 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Parecer profissional Nesse caso, são indicados os procedimentos estéticos que têm como finalidade ativar o sistema linfático para auxiliar a remoção dos líquidos intersticiais. Assim, é indicada a drenagem linfática manual, a qual, nesse caso, pode ser praticada com o recurso tecnológico de endermoterapia, que também promove resultados satisfatórios. Quanto à periodização, o ideal é que a cliente mantenha o tratamento constantemente. Você, como profissional, pode propor um valor mensal e até mesmo variar as sessões executando também a drenagem linfática manual. O importante é utilizar uma técnica que tenha como principal objetivo a desintoxicação corporal. 3.2.7 Protocolo de endermoterapia para as estrias nacaradas Passo 1: inicialmente deverá ser realizada uma higienização no local a ser tratado. Essa higienização pode ser feita com loção bactericida. Passo 2: depressomassagem pulsátil ao redor da região com estrias para aumentar a irrigação sanguínea no local. Essa etapa pode ser realizada com a ventosa de vidro de tamanho maior. Figura 45 – Estrias brancas (nacaradas) em glúteo feminino 60 Unidade II Passo 3: depressomassagem contínua sobre a estria até obter hipervascularização. A ponteira utilizada nessa etapa é a de vidro com bico fino, pois dessa forma fica mais fácil trabalhar em cima da estria (BORGES, 2006). Figura 46 – Equipamento de endermoterapia e ponteiras faciais. As indicadas pela seta são as recomendadas para esse protocolo Ao escolher as ponteiras de bico fino, faça movimentos de vai e vem ao longo da estria até que a região apresente uma hiperemia. O protocolo é feito em nível epidérmico. Figura 47 – Protocolo para estrias com ponteira de bico fino de endermoterapia 61 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Esse protocolo poderá ser associado a outros procedimentos, por exemplo, aplicação de produtos ortomoleculares ou associação com eletrolifting. O objetivo do tratamento nas estrias é obter melhora da troficidade da cicatriz e estimulação dos fibroblastos, originando reconstrução do colágeno e fibras elásticas (BORGES, 2006). 3.2.8 Endermoterapia no pré e pós-operatório de cirurgias plásticas estéticas No pré-operatório, a aplicação da técnica de endermoterapia tem o objetivo de fortalecer os vasos sanguíneos e linfáticos da região que posteriormente sofrerá os traumas da cirurgia. É indicado utilizar a técnica de depressomassagem contínua e pulsátil. A técnica contínua auxilia o descongestionamento dos tecidos e a pulsátil estimula as zonas de captação linfática dos linfonodos, devendo, para isso, ser realizada sobre as áreas de linfonodos. A depressomassagem linfática pode estimular o sistema linfático, auxiliando a eliminação de toxinas, o que irá contribuir com o processo de cicatrização e redução de edemas no pós-operatório. Devem ser realizadas no mínimo cinco sessões antes do procedimento cirúrgico (BORGES, 2006). Já no pós-operatório, a técnica de depressomassagem linfática irá auxiliar o tratamento dos edemas instalados, promovendo cicatrização mais rápida e de melhor qualidade. O tratamento poderá ser realizado de duas a três vezes por semana. Inicialmente, é necessário fazer a desobstrução ganglionar sobre as regiões de linfonodos e, em seguida, é indicado realizar a depressomassagem linfática, drenando os exsudatos metabólicos. Depois disso, pode ser aplicada novamente a técnica de depressomassagem pulsátil nas regiões de linfonodos para auxiliar o esvaziamento das toxinas localizadas especialmente nessas áreas. Os efeitos pretendidos são: o alívio do desconforto típico do pós-operatório, como dores e edemas. Diante dos efeitos fisiológicos proporcionados pela técnica, podemos afirmar que ocorre melhora na qualidade da cicatrização e tonificação do tecido (BORGES, 2006). 3.2.9 Contraindicações das técnicas corporais Entre as contraindicações das técnicas corporais mencionadas até este ponto no livro-texto, estão: • tumores cutâneos; • dermatoses; • fragilidade capilar; • doenças infecciosas evolutivas; • reumatismos inflamatórios. 62 Unidade II Observação Apesar de o protocolo de endermoterapia não causar flacidez tissular e de esta não ser uma contraindicação para o procedimento, vale ressaltar que em casos de flacidez grave, a sucção poderá machucar a pele, pois esta será sugada para dentro do cabeçote. Portanto, é melhor verificar as condições de cada cliente antes de executar o protocolo, principalmente mulheres pós-gestação (mas não necessariamente no puerpério). 3.2.10 Aplicabilidade da endermoterapia nos procedimentos faciais A endermoterapia pode ser utilizada em diversos tipos de procedimentos faciais, por exemplo: extração de lesões acneiformes na limpeza de pele, realização de drenagem linfática, massagem lifting para rejuvenescimento facial e estimulação da circulação a fim de obter aumento do trofismo. Para a realização da limpeza de pele com método de sucção na extração, é importante realizar todas as etapas que constituem uma limpeza de pele. São elas: higienização, esfoliação, tonificação, aplicação de aquecimento para promoção da emoliência, extração (que nesse caso será realizada com as ventosas de vidro e bico fino), aplicação do equipamento de alta frequência, máscara (normalmente calmante) e finalização com protetor solar se for dia ou hidratante especifico, se for noite. A extração manual dos comedões tem maior capacidade de remoção do sebo contido no interior do folículo, porém é uma técnica dolorida. Já a técnica de sucção para extração de comedões, apesar de ser indolor, não é tão eficiente na remoção do sebo contido nas regiões mais profundas do folículo. Sendo assim, cada técnica possui suas vantagens e desvantagens e cabe ao profissional investigar o que deseja o seu cliente. 3.2.11 Protocolo para realização da limpeza de pele com método de sucção Passo 1: higienização da pele com emulsão de limpeza facial. Realizar movimentos circulares por aproximadamente três minutos e depois remover a emulsão de limpeza com esponjas descartáveis umedecidas com água. Passo 2: esfoliação. Passo 3: tonificação. Passo 4: aquecimento com o equipamento de vapor de ozônio. 63 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Figura 48 – Vapor de ozônio Passo 5: extração com o cabeçote de vidro e bico fino. Figura 49 – Ponteiras faciais de vidro. As ponteiras numeradas seis e sete são as indicadas para a extração dos comedões Nessa etapa, não é recomendado deslizar o cabeçote, e sim adaptá-lo em cima de comedões e acionar a sucção. 64 Unidade II Figura 50 – Extração de comedões utilizando a ponteira de bico fino Passo 6: aplicação do equipamento de alta frequência para obter ação bactericida, fungicida, bacteriostática e oxigenante. Figura 51 – Aplicação de alta frequência 65 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Passo 7: aplicação de máscara facial específica para o tipo de pele em questão. Normalmente, após o procedimento de extração, é utilizada uma máscara calmante, pois a pele se encontra congestionada. Figura 52 – Aplicação de máscara cosmética após eletroterapia Passo 8: para potencializar a ação descongestionante do equipamento de alta frequência, o profissional poderá utilizar a depressomassagem pulsátil nas áreas de captação linfática. Depois, é indicado empregar a depressodrenagem linfática para drenar os exsudatos metabólicos (esse tipo de procedimento pode prevenir as cicatrizes ocasionadas pela acne) e, por fim, realizar novamente a depressomassagem ganglionar para esvaziamento dos linfonodos (BORGES, 2006). Figura 53 – Depressomassagem modo pulsado com endermoterapia 66 Unidade II Passo 9: aplicação do protetor solar, se for dia, e nutritivo, se for noite. 3.2.12 Endermoterapia para tratamento das linhas de expressão facial O envelhecimento é algo que ocorre com todos nós a partir do momento do nascimento. Para alguns, é mais fácil aceitar as marcas do tempo, já para outros essasmarcas podem prejudicar a autoestima. Assim, o envelhecimento é um tema muito relevante na estética e com certeza é uma área que nos traz muitos clientes. Nosso papel, como profissionais da beleza, é sempre tentar fazer com que nossos clientes tenham melhor qualidade de vida e aumento da autoestima. Nem sempre conseguimos eliminar completamente as marcas do envelhecimento, mas conseguimos atenuar e melhorar o aspecto da pele. Porém, o mais importante é que a pessoa se aceite, aceite suas marcas e entenda que os cuidados estéticos são capazes de ajudar na prevenção e na melhora da qualidade de vida, embora nem sempre possam mudar tudo que desejamos. O envelhecimento cutâneo é resultante de quatro causas diferentes (BORGES, 2006): • Desidratação da camada córnea da epiderme: é comum as pessoas sentirem a pele mais ressecada na maturidade, inclusive por isso normalmente os produtos destinados a essa faixa etária têm teor mais alto de hidratação. • Redução da atividade dos fibroblastos: a qualidade e quantidade da produção de fibras de colágeno e elastina diminuem, ou seja, com o passar da idade, a nossa capacidade de produzir colágeno se limita. • Atrofia progressiva de pequenos músculos mímicos. • Alteração tissular ligada à restrição vascular da microcirculação cutânea. Diante dessa breve explicação sobre o envelhecimento, é importante ressaltar que uma pele na maturidade precisa de procedimentos estéticos que aumentem o teor de hidratação, além de tratamento estético tissular e muscular. Os músculos mímicos estão inseridos na pele, portanto, quando ocorre o envelhecimento, a pele também reflete as marcas das mudanças que eles sofrem. Desse modo, se faz necessária a elaboração de protocolos estéticos que trabalhem músculo, estimulação da produção de colágeno e, por fim, o clareamento da superfície cutânea, pois as alterações hormonais ao longo da vida, juntamente com o acúmulo da radiação solar, podem ocasionar algumas manchas, denominadas melasmas. 3.2.13 Protocolo de tratamento com endermoterapia para aumentar a irrigação sanguínea da pele Esse protocolo proporcionará maior quantidade de nutrição e oxigenação celular. Ele poderá ser realizado em todo o rosto com as ponteiras faciais de maior calibre e nas linhas de expressão com as ponteiras de bico mais fino para a obtenção de um resultado melhor nos locais com linhas de expressão mais aparentes. 67 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Passo 1: higienização da pele. Figura 54 – Quantidade de produto higienizante necessário para limpeza facial A higienização deve ser realizada com movimentos circulares por aproximadamente três minutos. A retirada deve ser feita com algodão umedecido com água. Figura 55 – Aplicação do higienizante facial 68 Unidade II Essa etapa de higienização é comum para todos os protocolos faciais, pois é muito importante remover as impurezas da superfície da pele antes de qualquer tipo de procedimento estético. Figura 56 – Remoção do produto de limpeza facial Passo 2: esfoliação suave para remoção das células mortas. Figura 57 – Esfoliação realizada com movimentos circulares. 69 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Passo 3: aplicação de creme hidratante para auxiliar no deslizamento da ponteira do equipamento de endermoterapia. Realização da depressomassagem contínua que deve ocorrer na direção das fibras musculares, sempre em sentido ascendente na face. Essa primeira parte é realizada com a ponteira de bico mais largo. Figura 58 – Deslizamento da ponteira redonda no sentido das fibras musculares Essa etapa da massagem também pode ser realizada com a ponteira de bico de pato e é feita no sentido das fibras musculares. Figura 59 – Massagem com a ponteira facial de bico de pato 70 Unidade II A região dos olhos também pode ser estimulada para ativação da microcirculação. Porém, deverá ser realizada sempre no modo pulsado e com valores baixos de sucção. Figura 60 – Sucção na área dos olhos com método pulsado e valor baixo de sucção A segunda parte da massagem será realizada com a ponteira de bico fino com movimentos de vaivém nas linhas de expressão facial até a obtenção de leve hiperemia local. Figura 61 – Deslizamento da ponteira de bico fino sob a linha de expressão facial Passo 4: pinçamentos de Jacquet para restaurar a microcirculação local, estimular a atividade dos fibroblastos e melhorar a flexibilidade da pele. 71 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Figura 62 – Pinçamentos de Jacquet para estimulação Passo 5: depressomassagem pulsátil e depressodrenagem linfática. Figura 63 – Sucção gerada pelo equipamento na região facial 72 Unidade II Passo 6: aplicação de máscara com princípios ativos cosméticos específicos ao tipo de protocolo. Deixe agir por aproximadamente 20 minutos ou conforme orientação do fabricante. Passo 7: aplicação de protetor solar, se for dia, ou hidratante facial, se for noite. 4 CORRENTE GALVÂNICA O galvanismo é a forma mais antiga de eletroterapia. Como já mencionamos, Luigi Galvani observou pela primeira vez a contração dos músculos da pata de uma rã sobre uma placa metálica. As experiências realizadas por ele foram de grande valia para a eletroterapia, pois deram início aos estudos de eletrofisiologia, a partir dos quais vários estudos foram sendo reconhecidos. Em 1870, Van Bruns investigou e comprovou a ocorrência de traços de iodeto na urina, após o tratamento com corrente galvânica. Entre 1900 e 1912, Stéphane Leduc, de quem falaremos mais posteriormente em nosso livro-texto, demonstrou em experiência que poderia introduzir íons medicamentosos no organismo animal (os experimentos foram realizados em coelhos), provocando efeitos fisiológicos gerais (LEITÃO apud BORGES, 2006). A corrente galvânica se caracteriza por uma corrente contínua e unidirecional (conforme demonstra a figura seguinte). Ela apresenta efeitos polares (possui dois polos, o positivo e o negativo) e sua representação gráfica é do tipo monofásica. Figura 64 – Característica de pulso da corrente galvânica interrompida 4.1 Efeitos fisiológicos produzidos pela galvanização Um dos efeitos gerados pela galvanização é o aumento da temperatura local e produção de calor. O tráfego da corrente através dos íons contidos nos líquidos orgânicos produz calor por efeito joule. Sua intensidade tem relação direta com a resistência do meio no qual a corrente estiver sendo aplicada. O calor produzido pela corrente é mínimo e muitas vezes nem é percebido. Porém, esse calor é capaz de produzir efeitos fisiológicos específicos nas microestruturas corporais. É importante ressaltar que o uso inadequado da corrente elétrica nos tecidos biológicos, por exemplo, o excesso de tempo ou de intensidade, pode gerar queimadura química. As moléculas de um meio iônico se dividem em diferentes componentes químicos (dissociação). Cada molécula pode apresentar uma carga elétrica diferente. Quando a corrente contínua é aplicada 73 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS sobre a superfície do corpo, os íons positivos (cátions) e negativos (ânions) que estão dissolvidos nos fluidos corporais são movimentados, segundo sua polaridade, em direção à região subcutânea próxima à colocação dos eletrodos na superfície da pele. Isso é chamado de dissociação eletrolítica ou eletrólise. As partículas negativas seguem em direção ao polo positivo e as positivas, em direção ao polo negativo. Essa movimentação recebe o nome de eletroforese, que é o princípio da iontoforese. EpidermeEpiderme EpidermeEpiderme EletrodoEletrodoEletrodoEletrodo EletrodoEletrodo DermeDerme DermeDerme HipodermeHipoderme HipodermeHipoderme Figura 65 – Esquema de eletroforese Além do calor, outros efeitos fisiológicos da galvanização são: • vasodilatação, decorrente do aumento da hiperemia e do calor. A hiperemia também atinge estruturas mais profundas, por ação reflexa. Consequentemente, ocorre um aumento da irrigação sanguínea em todo o local que está recebendo a correnteelétrica. • aumento da ação de defesa corporal, resultante da vasodilatação e maior irrigação sanguínea; ocorre então estimulação da fagocitose e aumento de anticorpos que estão no sangue na área eletroestimulada. • analgesia: com base no fenômeno de aneletrotônus, através do polo positivo, a corrente galvânica é capaz de promover analgesia em certos casos de dor. Devido a esse efeito fisiológico, alguns profissionais utilizam a corrente galvânica antes de procedimentos dolorosos, como a 74 Unidade II carboxiterapia. É recomendada a utilização de correntes polares antes da aplicação do CO2, que costuma ser dolorosa, principalmente nas regiões de membros inferiores. Lembrete Devemos sempre considerar que o limiar de dor é algo individual e particular. • estimulação nervosa: esse efeito pode ocorrer através da corrente galvânica interrompida, que é uma corrente constituída de pulsos retangulares com longa duração de pulso (BORGES, 2006). Figura 66 – Característica de pulso da corrente galvânica interrompida • anti-inflamatório: o efeito anti-inflamatório é decorrente do aumento das defesas corporais, devido a incrementos ocorridos na microcirculação local. 4.1.1 Tipos de eletrodos A eletroterapia possui particularidades que exigem a utilização de eletrodos específicos para cada tipo de procedimento. Eles são responsáveis por transferir a corrente elétrica para os tecidos biológicos e devem sempre ser utilizados com um meio de acoplamento de condução elétrica. Para isso, é necessário que o produto empregado seja ionizável. Sua base será água, podendo o produto se apresentar em forma líquida, sérum ou gel. Em alguns casos, dependendo do modelo do eletrodo, também são utilizadas esponjas ou algodões embebidos em soluções ionizáveis. Os principais eletrodos são: • Placas metálicas confeccionadas de latão ou alumínio: são os melhores condutores de eletricidade, mas não são muito utilizadas atualmente, pois apresentam o inconveniente de se corroerem se não forem muito bem higienizadas e secas após o uso e de terem pouca maleabilidade para se adequarem às curvaturas do corpo. Quando o profissional optar por esse tipo de eletrodo, deve tomar o cuidado de não deixar a placa metálica em contato direto com o corpo, pois isso poderia ocasionar uma queimadura física. Para evitar esse risco, o ideal é embeber esponjas em soluções aquosas ionizáveis e colocar entre o eletrodo e a pele. • Placas de borracha ou silicone: esse tipo de eletrodo é o mais utilizado na atualidade. Possui maior facilidade de higienização, pois pode ser lavado, seca mais rápido e não oferece o risco de corrosão. Além disso, tem a vantagem de se adequar facilmente às curvaturas corporais. 75 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Figura 67 – Eletrodos de borracha utilizados em protocolos corporais • Caneta eletroestimuladora: é um eletrodo utilizado na corrente galvânica interrompida para a eletroestimulação neuromuscular facial. • Rolo metálico: esse eletrodo é muito empregado nos procedimentos estéticos faciais em geral. Ao utilizar esse eletrodo, o cliente deverá ter contato com o eletrodo dispersivo, que introduzirá no corpo o outro polo da corrente elétrica. Esse eletrodo dispersivo pode se apresentar em forma de bastão ou placas, que podem ser adesivas ou não, dependendo do modelo do equipamento. Figura 68 – Eletrodos utilizados para condução de corrente galvânica • Máscara: o eletrodo em forma de máscara é utilizado para conduzir a corrente galvânica em procedimentos faciais. A vantagem desse tipo de eletrodo é que ele abrange toda a área facial durante todo o tempo da aplicação. 76 Unidade II Figura 69 – Equipamento de ionização facial em forma de máscara • Autoadesivo: em virtude de aderir uniformemente à pele, minimiza os problemas de concentração de corrente em apenas alguns pontos da pele. Entretanto, é pouco utilizado nos procedimentos estéticos por dois motivos: primeiro por apresentar impossibilidade de uso para a iontoforese e segundo pelo alto custo, pois o correto é descartar o eletrodo depois de cada cliente, por questões de biossegurança. Normalmente os equipamentos de tratamento estético corporal são conjugados, ou seja, apresentam mais de uma função em um único equipamento. Figura 70 – Equipamento conjugado de estética corporal 77 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS 4.1.2 Iontoforese A Iontoforese é uma técnica empregada para aumentar a permeação de determinadas substâncias específicas no organismo através da pele utilizando a corrente contínua. Nessa técnica, a corrente galvânica atua como veículo para o transporte de princípios ativos cosméticos. Figura 71 – Eletrodos utilizados para ionização facial A iontoforese está baseada na capacidade que a corrente contínua possui de repelir íons da mesma polaridade do eletrodo (íons iguais se repelem e diferentes se atraem). Existem diversos trabalhos publicados que comprovam a permeação de partículas (íons) através da corrente contínua (iontoforese), por exemplo, a experiência de Leduc em coelhos e de Chatzky utilizando iodeto de potássio em batatas (PEREIRA, 2014). Stéphane Leduc (1853-1939) foi um pioneiro no estudo da iontoforese. Em algumas literaturas, ele é apontado como criador devido à popularidade que deu à técnica no início do século XX, com uma experiência que demonstrou a permeação de íons através da pele de coelhos. Umas das experiências de Chatzky tinha o objetivo de demonstrar a migração iônica e os fenômenos de eletrólise por ação de corrente galvânica. Foi utilizada uma batata em cuja superfície foi feito um sulco, dentro do qual foi colocado iodeto de potássio, depois, foram acoplados eletrodos de corrente galvânica nas suas extremidades, de maneira que a corrente passasse através do sulco no qual estava a solução de iodeto de potássio. Ao final de um determinado tempo, quando retirou os eletrodos, Chatzky constatou que a superfície da batata no polo positivo estava azulada, mas sem alteração no polo negativo. Esse resultado provou que houve a eletrólise, na qual o iodo foi separado do potássio, e que ocorreu uma migração iônica, pois a coloração azul sob o polo positivo deveu-se à reação do amido da batata com o iodo que, depois de separado, migrou para o ânodo (BORGES, 2006). 78 Unidade II 4.1.3 Princípios básicos para a aplicação Antes de aplicar qualquer tipo de corrente elétrica na pele, é necessário realizar uma higienização facial para a remoção da sujidade e da oleosidade. O óleo natural da pele pode dificultar a permeação da corrente. A corrente contínua produz uma ação ácida no ânodo e alcalina no cátodo e, como consequência disso, o pH é alterado após a aplicação. A pele possui características ácidas (pH em torno de 4,5 a 5,5) e o transporte da solução ionizável também pode sofrer alterações em virtude da influência no pH cutâneo sobre o eletrodo no qual a solução será aplicada. Entretanto, não há relatos sobre o quanto essas alterações no pH podem interferir na iontoforese (BORGES, 2006). É muito importante saber escolher o produto adequado para a realização da técnica. Em primeiro lugar, você deve se certificar de que o produto é ionizável, ou seja, que foi desenvolvido para ser dissociado da corrente elétrica. Após constatar que o produto é ionizável, é necessário identificar a polaridade dele. Encontramos, no mercado de cosméticos, substâncias de ambas as polaridades, cuja ionização deverá ser realizada conforme o fabricante. Existem produtos que deverão ser ionizados na polaridade positiva, na polaridade negativa e em ambas as polaridades, sendo que durante metade do tempo recomendado deverá ser realizada ionização em uma polaridade e na outra metade do tempo, na polaridade oposta. No caso dos produtos que deverão sofrer ionização em ambas as polaridades, normalmente a intensidade de corrente e o tempo de aplicação recomendados são os mesmos para a introdução das duas partes da solução ionizável (BORGES, 2006). É muitoimportante realizar um treinamento com o fabricante do equipamento, pois cada aparelho se apresenta de uma forma diferente, apesar de conduzirem, todos, a mesma corrente. Em alguns modelos, essa identificação das polaridades será realizada em uma chave seletora da polaridade e, em outros, o profissional deverá introduzir os eletrodos ativo e dispersivo em canais que possuem uma polaridade já atribuída. Para que aconteça a ionização do princípio ativo através da pele, deverá ser atribuída a polaridade oposta à polaridade do produto no equipamento. É considerado eletrodo ativo aquele utilizado para repelir substâncias iônicas, o que ocorre devido às cargas serem iguais. Considera-se eletrodo passivo aquele que fecha o circuito; e ele é oposto ao ativo. Sendo assim, quando a substância é positiva, o eletrodo ativo é o positivo e o passivo é o negativo, e vice-versa (PEREIRA, 2014). Outro detalhe importante da utilização dessa técnica é que esse protocolo poderá servir para os mais diversos tipos de procedimentos estéticos faciais: rejuvenescimento, clareamento, hidratação, revitalização, entre outros. É necessário fazer uma avaliação prévia para identificar as necessidades da pele e possíveis contraindicações. Após essa análise detalhada, você deverá escolher produtos específicos para o tratamento. A sequência será sempre a mesma, o que mudará são os produtos utilizados. 79 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS A ionização serve para aumentar a permeação dos princípios ativos através da pele, portanto, se o protocolo for de rejuvenescimento, o produto utilizado nessa etapa deverá ser um que estimule a produção de colágeno, se o protocolo for de clareamento, o princípio ativo presente no produto ionizável deverá ser clareador, e assim por diante. As máscaras também deverão ser escolhidas conforme o protocolo, podendo ser hidratantes, clareadoras, tensoras, entre outras. A intensidade varia de acordo com o tamanho da área, podendo ser µA (miliampere) ou microampere µA (miliampere). Geralmente o fabricante indica a intensidade máxima que pode ser usada em cada peça. A intensidade também pode variar de acordo com o local e a sensibilidade do cliente. Recomenda-se não ultrapassar os 0,05 µA /cm2 (PEREIRA, 2014). O tempo depende do tamanho da peça utilizada para fazer a iontoforese. Se a peça for móvel, o importante é que esse movimento seja mais lento e uniforme; se for fixa, recomendam-se de 20 a 30 minutos (ZARAGOZA apud PEREIRA, 2014). 4.1.4 Protocolo para realização da iontoforese facial Passo 1: higienização da face com emulsão de limpeza facial. Passo 2: esfoliação. É importante ressaltar que a esfoliação deve ser sutil. Essa etapa é importante para remover a camada de células mortas que formam uma barreira à permeação dos princípios ativos, contudo, a pele não pode ficar sensibilizada. Por isso, aplique o esfoliante e realize movimentos circulares suaves, sem fazer pressão com os dedos. Após a esfoliação, remova o produto com esponjas descartáveis de algodão e gaze. Passo 3: aplicação da corrente galvânica com eletrodo de rolo facial. Figura 72 – Aplicação da corrente galvânica com eletrodo de rolo metálico 80 Unidade II Observação O cliente deverá segurar o eletrodo de bastão (eletrodo dispersivo), pois a polaridade oposta também deverá estar em contato com a pele para que ocorra o processo de ionização das partículas. Não se esqueça de que, nessa fase, você deverá identificar a polaridade do produto que será ionizado e atribuir a polaridade oposta no seu equipamento. Figura 73 – Eletrodo dispersivo Passo 4: após a ionização dos princípios ativos, pode ser realizada uma massagem ativa (em peles alípicas e envelhecidas) ou pinçamentos de Jacquet (em peles lipídicas). Passo 5: pode ser aplicada uma máscara com princípios ativos cosméticos específicos ao tipo de tratamento. Passo 6: finalização com protetor solar, se for dia, ou hidratante específico aos tipos de pele, se for noite. 4.1.5 Protocolo de ionização corporal A ionização corporal pode ser realizada com o eletrodo de borracha ou com o de rolo que, nesse caso, tem tamanho maior do que o facial. A diferença dos eletrodos é que se o profissional optar pelo eletrodo de placas de borracha, a ionização ocorrerá em uma área maior. Normalmente, ele é indicado para: • a ionização de princípios ativos em grandes áreas, como parte anterior e posterior de coxa e glúteos; • quando o profissional tem a intenção de ionizar vários segmentos corporais ao mesmo tempo. 81 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS O eletrodo de rolo, mesmo sendo de um tamanho maior do que o eletrodo facial, abrange uma área menor e deverá ser utilizado quando o protocolo for localizado e acometer uma região menor, por exemplo, um tratamento localizado na região central do abdome. Figura 74 – Ionização corporal com eletrodos de borracha Passo 1: higienização da área com loção bactericida. Passo 2: esfoliação suave. Passo 3: aplicação do produto ionizável. Figura 75 – Aplicação de gel ionizável no eletrodo de borracha Se o profissional optou por utilizar eletrodos de borracha em várias áreas corporais, deverá escolher um produto ionizável em gel, pois soluções aquosas, nesses casos, podem secar, o que implicaria várias complicações, como sensibilização da pele. Caso o eletrodo escolhido seja de rolo, 82 Unidade II o profissional poderá optar por soluções ionizáveis em gel ou loções líquidas – lembrando que, no caso de soluções líquidas, é muito importante que a pele esteja úmida com o produto durante todo o tempo da condução elétrica. Figura 76 – Adaptação dos eletrodos de borracha para ionização corporal Passo 4: realização de uma massagem ativa, escolhida de acordo com o objetivo do protocolo estético. Essa massagem poderá ser realizada com creme de massagem contendo princípios ativos drenantes e lipolíticos que contribuirão para os resultados do tratamento. Observação A esfoliação é uma etapa que não precisa ser realizada em todas as sessões. O profissional deverá analisar o tipo de pele, a abrasão do produto e a periodização do tratamento, pois excessos de esfoliação podem deixar a pele sensibilizada. É importante que o profissional realize uma periodização correta do tratamento estético. As sessões deverão ser divididas ao logo da semana. Em casos de protocolos específicos para redução de medidas ou tratamento do FEG é interessante iniciar o tratamento com três sessões semanais, as quais, para melhor distribuição, idealmente devem ser realizadas em dias intercalados. Para a manutenção dos resultados, o número de sessões semanais poderá ser reduzido para duas ou até mesmo uma vez por semana. É importante também levar em consideração sempre que os resultados de um protocolo estético também dependem muito do estilo de vida do cliente. Alimentação adequada, boa ingestão de líquidos e atividade física auxiliam a manutenção dos resultados e contribuem para uma melhor qualidade de vida. 83 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Saiba mais Para maior entendimento da aplicabilidade e dos efeitos da corrente contínua no tratamento de adiposidades, leia o artigo: MACEDO, A. C. B. et al. Efeitos da aplicação da corrente polarizada e da iontoforese na gordura localizada em mulheres. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 26, n. 3, jul./set. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-51502013000300020&lang=pt. Acesso em: 12 maio 2020. 4.2 Desincruste O desincruste é um recurso tecnológico de ação eletroquímica que tem como objetivo remover os excessos de sebo contidos no folículo piloso de peles oleosas e seborreicas. Esse recurso é realizado com um aparelho constituído para gerar uma corrente contínua. Portanto, possui como característica o princípio galvânico, isto é, tensão contínua, constante unidirecional com polaridade determinada (polo positivo e polo negativo). Ele atua no processo de eletrólise para produzir a substânciadesincrustante ativa (VIGLIOGLIA apud BORGES, 2006). O procedimento é indicado para peles oleosas e seborreicas, mas é contraindicado para peles alípicas, pois o biótipo apresenta pouca oleosidade e poderia, portanto, sofrer desidratação e fissuras. Existe, contudo, uma divergência de autores com relação a essa indicação. Miedes (apud BORGES, 2006) afirma que esse é um procedimento que deverá ser executado exclusivamente em peles seborreicas, enquanto que Silva (apud BORGES, 2006) afirma que ele também pode ser aplicado em peles lipídicas esporadicamente para a remoção de sujidades como resíduos de maquiagem e poluição, que podem produzir uma obstrução na passagem osmótica de cosmético. Portanto, há opiniões diferentes e nós, profissionais, devemos ter muita cautela e coerência na hora de elaborar os protocolos, pois cada caso é único e específico. Além disso, mesmo pertencendo ao mesmo biótipo, peles de diferentes pessoas podem se apresentar de maneiras diversas. Peles lipídicas não são todas iguais, assim como as peles alípicas também não. A pele de cada cliente possui características próprias, por exemplo, uma sensibilização ao produto, irritabilidade, entre outros. É comum observarmos, na eletroterapia, autores que discordam em vários aspectos, como intensidade, tempo de aplicação e periodização. Há artigos que relataram métodos diferentes de aplicação, mas com resultados igualmente satisfatórios. Por exemplo, Winter (apud BORGES, 2006) relatou que a intensidade ideal para trabalhar com desincruste deve estar entre 0,2 mA e 1 mA, desde que promova formigamento leve, e o tempo de aplicação na face deve ficar entre 15 e 20 minutos. Entretanto, Miedes (apud BORGES, 2006), referindo-se ao mesmo equipamento, mencionou que a intensidade deve ser de 1 mA a 5 mA, com duração de 3 a 4 minutos por sessão. Ambas as técnicas apresentam resultados satisfatórios. 84 Unidade II Assim, não se espante se encontrar divergências na literatura sobre esse tema. O profissional deve ter o conhecimento de várias técnicas de aplicação para verificar qual aquela que mais se adequa ao seu cliente – lembrando que as pessoas possuem características, objetivos e disponibilidades diferentes. Nas peles lipídicas, além da reeducação do trabalho das glândulas sebáceas, busca-se a eliminação das secreções sebáceas sem sua retirada total, para que seja evitado o efeito feedback. Nesse caso, a pele poderia acionar mecanismos de defesa e aumentar a produção de sebo. Esse efeito é conhecido popularmente como “efeito rebote”. As soluções à base de sódio (utilizadas no procedimento) apresentam um pH em torno de 12, o que quer dizer que são altamente alcalinas. O pH da pele normalmente fica em torno de 4,5 a 5,5, ou seja, é levemente ácido. É importante usar uma loção equilibrante de pH após a aplicação do desincruste, pois uma boa parte do manto hidrolipídico é removida com o procedimento. Os princípios ativos utilizados para a execução da técnica geralmente são alcalinos, como cloreto de sódio 10% e bicarbonato de sódio 10% (PEREIRA, 2014). Quando usamos essas substâncias, o polo ativo é o negativo e o passivo é o positivo. Nesse caso, o polo ativo (negativo) atrai íons positivos, formando hidróxido de sódio, que, ao reagir com os ácidos oleosos produzidos pela glândula sebácea, se transforma em sabão, favorecendo, assim, a eliminação do excesso de oleosidade, já que é solúvel em água. O polo passivo (positivo) deve ficar conectado ao cliente, fechando um campo elétrico (PEREIRA, 2014). 4.2.1 Técnicas de aplicação Para a realização do protocolo de desincrustação da pele é necessário realizar uma higienização para remoção de oleosidade e outros tipos de sujidades que possam impedir a passagem da corrente elétrica na pele. Os eletrodos utilizados são o de gancho e o de bastão (que fechará o ciclo da corrente). Figura 77 – Eletrodo de gancho utilizado para a realização do desincruste Algumas empresas fabricam eletrodos adesivos ou em placas para serem o eletrodo dispersivo (o modelo de eletrodo não fará diferença). O essencial é que você saiba manusear o seu equipamento de acordo com as especificidades dele, por isso é importante realizar um treinamento com o fabricante. 85 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS A solução desincrustante deve ser utilizada para embeber o algodão que será fixado ao eletrodo ativo (gancho). Figura 78 – Algodão sendo umedecido com loção desincrustante Esse algodão umedecido com loção desincrustante deverá ser fixado no eletrodo de gancho para a realização da aplicação. A) B) C) Figura 79 – A) colocação do algodão no eletrodo de gancho parte inicial; B) envolvimento do eletrodo em algodão; C) algodão acoplado ao eletrodo 86 Unidade II Segundo Pereira (2014), o tempo de aplicação de uma sessão deve ser de três a quatro minutos, com intensidade de 1 µA a 5 µA, sendo que esse tempo deverá ser dividido entre todas as áreas faciais. Já Winter (apud BORGES, 2006) afirma que os resultados são mais satisfatórios quando o tempo de aplicação é de 10 a 15 minutos, com intensidades de 0,2 µA a 1 µA. Como mencionado anteriormente, a literatura é divergente e ambos os autores obtiveram resultados satisfatórios em experimentos. Portanto, cabe ao profissional realizar uma análise cuidadosa do cliente a fim de saber suas reais necessidades para só então realizar a técnica mais adequada. Entretanto, vale a pena ressaltar que um grande indicativo para aumentar ou diminuir a intensidade de um aparelho é o limiar de dor e sensação de um cliente. Não é interessante que ele sinta desconforto. Pode ser que você tenha um cliente que se adapte melhor a pouca intensidade e mais tempo de exposição, outro poderá preferir uma intensidade maior em um intervalo de tempo mais curto, por isso que devemos ter o conhecimento de várias técnicas e aprender a fazer o mesmo protocolo de várias formas. A técnica desincrustante pode ser realizada de duas formas. A primeira utiliza como eletrodo ativo o polo negativo. Nesse caso, o sódio eletrolisado no algodão do eletrodo ativo entra em contato com o sebo contido na pele a partir do momento em que a corrente elétrica é acionada e o algodão desliza sobre a pele. Os íons sódio têm polaridade positiva e, por isso, são atraídos para o polo negativo no eletrodo ativo, fixando-se ao algodão que envolve esse eletrodo. A segunda forma de técnica desincrustante é realizada por alguns profissionais que preferem iniciar a sessão utilizando o polo positivo como eletrodo ativo. Nesse caso, a eletrólise isola o sódio que entra em contato com o sebo, produzindo uma espécie de “sabão”, em seguida, a polaridade da corrente pode ser invertida e o eletrodo ativo passa a ter a polaridade negativa, então começa a atrair o sódio (que tem polaridade positiva) agregado ao sebo da pele (BORGES, 2006). É comum o algodão ganhar uma coloração cinzenta após a aplicação. Isso ocorre devido ao excesso de sujidade que se encontrava no interior do folículo piloso. É importante, contudo, ressaltar que isso não ocorre por falta de higiene pessoal. Nossa higiene é superficial, não existe uma maneira de “lavar” o interior dos folículos pilosos durante o nosso banho. Justamente por isso é recomendado realizar técnicas de limpeza profunda esporadicamente, tais como a limpeza da pele com extração de comedões e sessões com desincruste. O período de intervalo entre as sessões depende de cada caso, mas normalmente são realizadas sessões mensais. Durante a aplicação da corrente elétrica, é importante que o algodão contido no eletrodo ativo esteja sempre úmido e, para isso, deve-se deixar um recipiente com solução desincrustante à mão. Sempre que o algodão secar, o profissional deve umedecê-lo na loção. Para fazê-lo, pode ser utilizado um conta-gotas ou uma pipeta – o profissional pode verificar qual a melhor maneira. 87 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Figura 80 – Umidificação do algodão durante o procedimento O desincruste nãopode ser realizado toda semana, pois o excesso desse procedimento pode ativar uma reação de defesa na qual o corpo estimula a produção de sebo. A esse efeito damos o nome popular de “efeito rebote”. Para Miedes (apud BORGES, 2006) o ideal é que o intervalo entre as sessões seja de 30 dias, ou seja, o autor indica sessões mensais do procedimento. Já Soriano et al. (apud BORGES, 2006), relata que o intervalo entre as sessões deve ser de 15 a 20 dias. Lembrete Esse é mais um caso em que a literatura é divergente, é importante, então, sempre que isso ocorrer, verificar qual técnica será a mais adequada a cada tipo de cliente, avaliando individualmente o caso. Para verificar qual a melhor indicação de periodização para o cliente, o ideal é que o profissional execute uma vasta ficha de anamnese e que ouça o relato dele, pois o feedback muitas vezes é o fator determinante para uma escolha profissional acertada. 88 Unidade II 4.2.2 Protocolo da técnica de aplicação do desincruste Passo 1: higienização da pele com emulsão de limpeza. Passo 2: esfoliação para retirada da cama de células mortas e queratina, que formam uma barreira. Figura 81 – Execução de esfoliação fácil Passo 3: aplicação da técnica de desincruste. Utilizar o eletrodo de gancho popularmente conhecido como eletrodo de jacaré (por causa do formato, que se assemelha à boca de um jacaré) com algodão embebido em loção desincrustante. Figura 82 – Aplicação do desincruste com eletrodo de gancho 89 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Passo 4: remoção do sebo fluidificado com algodão umedecido com água. Passo 5: aplicação de loção equilibrante para equilíbrio do pH da pele. Figura 83 – Aplicação de tônico para equilíbrio da pele Passo 6: aplicação de máscara descongestionante ou argila verde (etapa não obrigatória) para complementar o tratamento. Passo 7: aplicação do protetor solar, se for dia, ou hidratante, se for noite. Observação Os produtos para a finalização e os produtos que serão indicados para uso home care deverão ser anticomedogênicos, ou seja, seborreguladores, que não estimulam o aumento da produção sebácea. 4.2.3 Contraindicações da técnica Entre as contraindicações da técnica de aplicação do desincruste, estão: • alergias ao produto desincrustante; • hipersensibilidade à corrente elétrica; • próteses metálicas ou qualquer tipo de implante metálico; • cardiopatia descompensada; • hipertensão descompensada. 90 Unidade II 4.2.4 Caso clínico J. C. é do sexo masculino, tem 30 anos e procurou o tratamento estético para tentar controlar a oleosidade excessiva da pele. J. C. não possui contraindicações. Qual seria a conduta profissional? Parecer profissional J. C. tem biótipo cutâneo lipídico, ou seja, possui pele oleosa. Pessoas que apresentam esse biótipo normalmente se queixam do aspecto oleoso que piora com o decorrer do dia. Nesse caso, o profissional de estética poderá recomendar uma limpeza de pele e sessões do protocolo de desincrustação com corrente galvânica para remoção do excesso de sebo contido no folículo piloso – lembrando que esse procedimento não pode ser realizado semanalmente, para não ocasionar efeito rebote na pele. Lembrete A remoção excessiva de sebo em peles oleosas poderá gerar uma reação de defesa corporal, na qual o corpo aumenta a produção de sebo, o que aumenta a oleosidade, em vez de diminuí-la. A prescrição de produtos cosméticos específicos para uso diário também é fundamental para o controle da oleosidade. Observação Lembre-se sempre de que a pele oleosa também precisa de hidratação. Porém, nesse caso, o produto deverá ser oil free (livre de óleo). 4.3 Microcorrentes A microcorrente, também conhecida como Mens (micro electro neuro stimulation), é um tipo de estimulação elétrica que utiliza corrente elétrica com intensidades medidas em µA (microampere) e com baixa intensidade. Podem se apresentar de forma contínua ou alternada. Segundo Robson e Snyder-Mckler (apud BORGES, 2006), o modo como a corrente é trabalhada ocorre em níveis incapazes de ativar as fibras nervosas sensoriais subcutâneas e, devido a isso, o cliente não sente a aplicação. É interessante, então, explicar para ele por que não está sentindo a corrente, caso contrário, ele poderá até mesmo achar que o equipamento se encontra quebrado ou necessita de manutenção. A maior vantagem da microcorrente é que não gera nenhum tipo de desconforto ao paciente. Ela é promovida por uma corrente medida em microampere (µA), capaz de atuar sobre a epiderme, derme, hipoderme e músculos. Possui vários efeitos benéficos, como: ativação do metabolismo celular, aumento 91 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS da produção de ATP (adenosina trifosfato), aumento do número de fibroblastos, aumento da síntese proteica, melhora do tônus tecidual e muscular, melhora da cicatrização dos tecidos e maior absorção de cálcio. Atualmente é normal encontrar diversos tipos e modelos de aparelhos com uma grande diversidade com relação às suas características físicas, pois não existe um padrão para a construção do aparelho. As correntes emitidas podem se apresentar de várias formas físicas, por exemplo: • ondas individuais com característica de pulso monofásico retangular com inversão automática de polaridade: esse tipo de corrente é muito eficiente, pois trabalha as duas polaridades no mesmo ciclo de tratamento; • ondas individuais com característica de pulso monofásico com rampas de subida e descida: essa corrente apresenta graus de elevação e declínio; • ondas individuais com característica de pulso monofásico triangular: essa é a maneira mais comum de encontrarmos pulso monofásico; • ondas individuais com característica de pulso monofásico sem subidas e descidas; • ondas individuais com característica de pulso monofásico trapezoidal, que é caracterizado como uma corrente contínua; • ondas individuais com característica de pulso bifásico retangular. É comum encontrar no mercado equipamentos que possuem vários tipos de ondas em um único tratamento com o objetivo de promover efeitos diferenciados de acordo com determinadas formas de onda (BORGES, 2006). Figura 84 – Eletrodos para aplicação de microcorrentes facial 92 Unidade II 4.3.1 Efeitos fisiológicos da microcorrente Um dos importantes efeitos fisiológicos da microcorrente é o aumento da síntese de ATP: a maior parte do ATP utilizado como fonte de energia pelas células é formada durante o metabolismo da glicose. A molécula de ATP armazena energia de consumo imediato para a célula, que pode ser utilizada em vários processos químicos que requerem energia, como a contração muscular, a condução de estímulo nervoso e o transporte ativo através das membranas. O processo de formação de ATP está intimamente ligado a um processo elétrico fisiológico, o qual é acelerado com a ação da microcorrente, que aumenta a capacidade fisiológica de produzir essa molécula de energia celular. O ATP é sem dúvida a principal fonte de energia celular e é requerido para controlar as funções celulares, ou seja, as células desenvolverão com maior êxito suas funções se receberem uma carga extra de energia. Tecidos lesionados são pobres em ATP, por isso esse tipo de estimulação elétrica é muito recomendado em procedimentos estéticos pós-cirúrgicos. Além disso, protocolos estéticos com microcorrentes são indicados para rejuvenescimento, pois aumentam a capacidade celular e estimulam uma maior produção de colágeno através dos fibroblastos (BORGES, 2006). Outro importante efeito fisiológico da microcorrente é o aumento do transporte de membranas, o qual é decorrente da ampliação da produção de ATP, pois, devido a esse incremento, ocorre uma intensificação do transporte através da membrana plasmática celular. A produção de ATP aumentada consegue oferecer a energia que os tecidos exigem para aumentar a síntese de proteína – esse processo é considerado fundamental para o desenvolvimento de tecidos saudáveis. O transporte ativode aminoácidos também está entre os efeitos fisiológicos da microcorrente. Os aminoácidos são componentes essenciais para a formação de proteína no corpo. Quando ingerimos proteínas, o organismo realiza uma quebra e o aminoácido absorvido aumenta a nossa capacidade intrínseca de gerar outras proteínas. Porém, o único mecanismo de transporte desses aminoácidos para a célula é o transporte ativo celular, que é ampliado pelo aumento de ATP. Com o aumento da produção de ATP decorrente da microcorrente, haverá um aumento significativo na absorção de aminoácidos, o que contribuirá para uma maior produção de proteína. Diante desse efeito fisiológico, é justificada a indicação da corrente para aumentar a tonicidade muscular também nos procedimentos de rejuvenescimento, principalmente em protocolos faciais. Segundo Borges (2006), a síntese de proteína é aumentada em torno de 30% a 40% com o emprego da microcorrente. A ampliação da produção de ATP consegue oferecer a energia que os tecidos exigem para aumentar a síntese de proteína, processo considerado fundamental para o desenvolvimento de tecidos saudáveis. 93 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Ação no sistema linfático: uma importante função do sistema linfático é devolver as proteínas plasmáticas intersticiais, decorrentes do metabolismo celular, à circulação sanguínea. Excessos de resíduos nos espaços intercelulares resultam em edemas. Entre as maiores causas dessa congestão circulatória estão o excesso de toxinas e a compressão vascular, que normalmente ocorrem pelo aumento das células adiposas. O edema acumulado gera desconforto, em alguns casos, dor e alterações estéticas, por exemplo, aumento do grau de FEG. A microcorrente amplia a mobilização dessas toxinas para os capilares linfáticos. A pressão osmótica dos canais linfáticos é elevada e o líquido intersticial é absorvido através dos capilares linfáticos. Dessa forma, podemos afirmar que a utilização da microcorrente aumenta a capacidade de absorção das toxinas provenientes de resíduos celulares localizadas nos espaços entre as células. Os resultados desse efeito fisiológico são a diminuição de edemas, a melhora das condições do tecido, maior capacidade de regeneração tecidual e, em casos de protocolos corporais, a diminuição de medidas, pois esses excessos de líquidos “ocupam um espaço significativo” no organismo. Observação Muitas pessoas acreditam que as medidas aumentam somente por causa do ganho de peso (gordura corporal). Porém, indivíduos que possuem dificuldade de eliminação de líquidos intersticiais tendem a ficar edemaciados, ou seja, inchados, sentindo, devido a isso, crescimento nas medidas corporais. Assim, muitos conseguem perder medidas quando associam dieta a procedimentos estéticos que aumentam a velocidade do sistema linfático – ou seja, perdem gordura e líquidos retidos. Fora isso, a microcorrente tem os seguintes efeitos fisiológicos: • Promoção da analgesia: um dos benefícios das microcorrentes é a diminuição da dor e promoção da analgesia. A Mens consegue criar ou modificar o fluxo da corrente direta constante dos tecidos neurais que podem, de algum modo, influenciar a transmissão de impulsos nervosos dolorosos. Vale ressaltar que, além de contribuir para a diminuição da dor, os benefícios dessa corrente elétrica ajudam o processo de cicatrização e regeneração dos tecidos, que também é essencial para a diminuição das dores (GUIRRO; GUIRRO, 2004). • Efeito anti-inflamatório, que está associado ao aumento das capacidades de cicatrização tecidual e diminuição das toxinas. A aceleração das funções do sistema linfático fortalece a imunidade corporal. O aumento da circulação local também é um fator determinante para a diminuição dos processos inflamatórios. Porém, vale a pena ressaltar que, apesar de ter resultados satisfatórios na redução de processos inflamatórios, tais como artrites e bursites, o equipamento de microcorrente só poderá ser utilizado pelo profissional de estética para realizar procedimentos que visem a resultados estéticos. No caso de clientes com qualquer tipo de inflamação ou infecção, o procedimento estético utilizando a Mens será contraindicado. 94 Unidade II • Efeito bactericida: a cicatrização de feridas pode ser impedida por infecção. Em alguns estudos (BORGES, 2006) a estimulação elétrica foi considerada em cultura in vivo como sendo bacteriostática, ou seja, controlou a proliferação de micro-organismos, além de ter ação bactericida. Feridas úmidas que são submetidas à Mens se recuperam mais rápido. • Relaxamento muscular: os incrementos na circulação, inclusive em nível muscular, promovem maior aporte de sangue nos músculos, o que aumenta a temperatura e diminui os espasmos. As microcorrentes poderão ser aplicadas em procedimentos corporais ou faciais. O eletrodo poderá ser o de borracha, de adesivo ou de bastão. Os eletrodos de borracha estão disponíveis em diferentes tamanhos. Eletrodos menores e eletrodos de bastão são indicados para tratamentos faciais, enquanto eletrodos maiores são indicados para procedimentos corporais. As indicações da técnica são: • revitalização cutânea; • acne (auxilia o processo de cicatrização das lesões inflamatórias); • desintoxicação tecidual; • auxílio no tratamento de flacidez; • auxílio na eliminação de toxinas intersticiais; • rejuvenescimento; • olheiras. Lembrete A flacidez tissular é ocasionada principalmente pela diminuição da produção de colágeno e das estruturas que sustentam a pele. Portanto a aplicação correta do equipamento de endermoterapia não irá ocasionar flacidez tecidual, mas é essencial que a aplicação seja feita com cuidado a fim de não causar hematomas. 4.3.2 Técnicas de aplicação corporal Para a realização de protocolos corporais, o ideal é utilizar os eletrodos de borracha ou adesivos. Eles deverão ser adaptados na área a ser tratada após a higienização do local, a qual poderá ser realizada com uma loção bactericida. 95 RECURSOS TECNOLÓGICOS ESTÉTICOS GERAIS Figura 85 – Equipamento corporal conjugado. Os eletrodos de borracha são utilizados para a aplicação de microcorrentes corporais 4.3.3 Técnicas de aplicação facial Para a utilização da corrente em protocolos faciais, o mais indicado são os eletrodos de bastão ou porta cotonetes (esse modelo está um pouco defasado). A sessão será dividida em três etapas: a primeira tem o objetivo de ativar o metabolismo cutâneo, a segunda atinge as papilas dérmicas, promovendo uma melhoria da irrigação sanguínea, por fim, a terceira causa o aumento da vascularização, a intensificação circulatória e a bioestimulação (crescimento da produção de ATP), além de ocasionar maior absorção de princípios ativos. Essa última etapa intensifica os resultados das etapas anteriores. É importante ressaltar que, assim como em outras terapias com eletroestimulação, existem vários modelos de protocolos de utilização. O protocolo descrito a seguir promove incremento circulatório e tem indicação para procedimentos estéticos faciais, principalmente rejuvenescimento. 4.3.4 Protocolo facial Para a realização desse protocolo, serão utilizadas as ponteiras de bastão com esferas. Passo 1: higienização da face com emulsão de limpeza facial. Após a limpeza, é necessário aplicar o gel de contato em toda a face. Passo 2: ajustar o equipamento em frequência de 100 Hz, com intensidade de 500 µA, por dez minutos, sendo cinco minutos gastos em cada hemiface. Realizar microalongamentos com movimentos lentos em toda a hemiface de três a cinco vezes para cada movimento. Esses movimentos podem ser realizados bem próximos da área dos olhos. Não se deve encostar uma caneta na outra. 96 Unidade II A) B) C) Figura 86 – A) ponteiras deslizando sobre a face na região frontal; B) ponteiras deslizando sobre a face na região temporal; C) ponteiras deslizando sobre a face na região do zigomático Passo 3: ajustar o equipamento em frequência de 100 Hz, intensidade 100 µA, por dez minutos,
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