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Resumo: Coma Mixedematoso Introdução O coma mixedematoso é a manifestação mais grave do hipotireoidismo, constituindo uma emergência médica com mortalidade elevada. Estes pacientes se apresentam com sintomas provenientes de uma queda importante do metabolismo basal, principalmente redução do nível de consciência e hipotermia. Aqui é válido ressaltar que embora o termo usado tradicionalmente para esse distúrbio seja “coma mixedematoso”, os pacientes não estão necessariamente em estado comatoso, mas sim com graus variados de rebaixamento do nível de consciência. Em geral, esse quadro é desencadeado por algum fator precipitante em um paciente com hipotireoidismo mal controlado ou não tratado. Sempre que houver suspeita de clínica de coma mixedematoso é importante questionar a família sobre sintomas prévios de hipotireoidismo, além de tratamento anterior com radioiodoterapia ou tireoidectomia. Clínica A maioria dos pacientes já tem um diagnóstico anterior de hipotireoidismo e estigmas da doença podem estar presentes e auxiliarem em caso de dúvida, como diminuição dos reflexos tendinosos, macroglossia e pele e cabelos secos. Porém, referente, especificamente ao coma mixedematoso, existem dois achados significativos: 1. Alteração no nível de consciência: os pacientes apresentam uma diminuição do nível de consciência, muitas vezes sem resposta a estímulos. Apesar da nomenclatura coma mixedematoso ser utilizada, é importante ressaltar que qualquer rebaixamento do nível de consciência deve ser considerado, como letargia e sonolências, que podem ser de longa data. 2. Perda da termorregulação: os pacientes apresentam hipotermia (temperatura < 35 Cº) ou ausência de febre, no caso, específicos, de quadros infecciosos. Isso ocorre devido à redução da termogênese em decorrência da diminuição do metabolismo. É importante ter atenção aos casos de temperaturas muito baixas, visto que alguns termômetros não conseguem registrar. Outra condições podem estar associadas, como hipotensão, bradicardia, hiponatremia, hipoglicemia e hipoventilação. • Hiponatremia – Cerca de metade dos pacientes podem ter hiponatremia, sódio plasmático < 136 mEq/L. Pode ser grave e contribuir para a diminuição do estado mental. A maioria dos pacientes, mas não todos, tem comprometimento da excreção de água livre devido ao excesso de secreção de vasopressina inadequada ou comprometimento da função renal. Além disso, alguns pacientes podem ter insuficiência adrenal concomitante. • Hipoventilação – A hipoventilação com acidose respiratória resulta principalmente da depressão central do impulso ventilatório com diminuição da responsividade à hipóxia e hipercapnia. Outros fatores contribuintes incluem fraqueza dos músculos respiratórios, obstrução mecânica por uma língua grande e apneia do sono. • Hipoglicemia – A hipoglicemia pode ser causada apenas por hipotireoidismo ou, mais frequentemente, por insuficiência adrenal concomitante devido a doença adrenal autoimune ou doença hipotálamo- hipofisária. O mecanismo presumido é a diminuição da gliconeogênese, mas a fome e a infecção podem contribuir. • Anormalidades Cardiovasculares – o hormônio tireoidiano desempenha um papel na homeostase da pressão arterial. Pacientes com hipotireoidismo têm hipertensão diastólica, embora o débito cardíaco seja reduzido, e pressão de pulso reduzida. O hipotireoidismo grave está associado à bradicardia, redução da contratilidade miocárdica, baixo débito cardíaco e, às vezes, hipotensão. A insuficiência cardíaca congestiva evidente é bastante rara na ausência de doença cardíaca preexistente. Isso provavelmente se deve à menor demanda dos tecidos por oxigenação e débito cardíaco no hipotireoidismo. Derrame pericárdico pode estar presente. Suas manifestações clínicas incluem sons cardíacos diminuídos, baixa voltagem no eletrocardiograma (ECG) e uma grande silhueta cardíaca na radiografia de tórax; entretanto, a função ventricular raramente é comprometida. Na maioria dos casos existe algum fator desencadeador, a exemplo de infecções, infarto e AVC ou medicações. Retirado de: VELASCO, Irineu Tadeu; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antonio; SOUZA, Heraldo Possolo de; et al. Medicina de emergência: abordagem prática. 13ª edição. Barueri-SP: Manole, 2019. Diagnóstico O diagnóstico de coma mixedematoso deve ser considerado em qualquer paciente com coma ou estado mental deprimido que também apresenta hipotermia, hiponatremia e/ou hipercapnia. Em caso de suspeita do diagnóstico, uma amostra de sangue deve ser coletada antes do tratamento para medição de: TSH, Tiroxina livre (T4) e Cortisol. A concentração sérica de T4 é geralmente muito baixa. A concentração sérica de TSH pode ser alta, indicando hipotireoidismo primário, ou pode ser baixa, normal ou ligeiramente alta, indicando hipotireoidismo central. A maioria dos pacientes com coma mixedematoso tem hipotireoidismo primário. Tratamento Para pacientes com coma mixedematoso, sugere-se terapia combinada com T4 (levotiroxina) e T3 (liotironina) em vez de T4 sozinho. Sugere-se uma dose inicial de 200 a 400 mcg de T4 por via intravenosa, seguida de doses intravenosas diárias de 50 a 100mcg até que o paciente possa tomar T4 por via oral. T3 é administrado por via intravenosa ao mesmo tempo; a dose inicial é de 5 a 20 mcg, seguida de 2,5 a 10 mcg a cada oito horas, dependendo da idade do paciente e da doença cardiovascular coexistente. T3 é continuado até que haja melhora clínica e o paciente esteja estável. Até que a insuficiência adrenal coexistente possa ser excluída, o paciente deve receber terapia com altas doses de glicocorticóides (hidrocortisona 100 mg por via intravenosa a cada oito horas por dois dias, em seguida, doses mais baixas). As medidas de suporte são extremamente importantes, incluindo ventilação mecânica, reposição de fluidos adequada e correção de hiponatremia e hipotermia. Além disso, muitas vezes há uma doença associada que deve ser tratada, como infecção ou sangramento gastrointestinal. Resumo: Coma Mixedematoso Introdução Clínica Diagnóstico Tratamento
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