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Fórum: Zélia Gattai
Zélia Gattai foi uma escritora, fotógrafa, memorialista (como preferia ser chamada) brasileira e uma defensora de longa data da militância política do país. Compartilhou cinquenta e seis da vida ao lado do também escritor Jorge Amado anos. Filha dos imigrantes italianos Angelina e Ernesto Gatai, é a caçula de cinco filhos. Nasceu e passou a infância na Alameda Santos, 8, Consolação, São Paulo.
Pelos serviços prestados na Bahia, Zélia Gattai recebeu o título de Cidadã da Cidade de Salvador em 1984. Na França foi agraciado com o título de cidadão honorário da Comuna de Mirabeau (1985) e agraciado com o grau de Comendador da Ordem das Artes e Letras do Governo Francês (1998). Em 2001, a prefeitura de Taperoá, no estado da Bahia, homenageou Zélia Gattai dando o nome da escritora à sua Fundação de Cultura e Turismo. Também, neste ano, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 23, anteriormente ocupada por Jorge Amado, que teve Machado de Assis como primeiro ocupante e José de Alencar como patrono. No mesmo ano, foi eleita para a Academia de Letras da Bahia e para a Academia Ilheense de Letras. Em 2002, tomou posse nas três.
Em 1952, retornaram ao Brasil e voltaram para o Rio de Janeiro, onde viveram vários anos antes de se mudarem para El Salvador em 1963. No mesmo ano, Zélia publicou uma fotobiografia do companheiro. O casamento oficial ocorre apenas 13 anos depois, em 12 de maio de 1976. Em 1979, então com 63 anos, Zélia publicou sua primeira obra literária, Os Anarquistas, Graças a Deus. Este livro de memórias ganhou o Prêmio Paulista de Revelação Literária e posteriormente foi adaptado para a televisão como minissérie dirigida por Walter Avancini. Publicou também todas as suas memórias e livros de infância, Pipistrelo, incluindo Um Chapéu para Viagem (1982), O Jardim de Inverno (1988), A Casa do Rio Vermelho (1999) e Vacina de Sapo e Outras Memórias (2005). Núcleos do moinho Darth. (1989) e o romance "Crônicas da Amizade" (1995). Alguns de seus livros foram traduzidos para espanhol, italiano, francês, alemão e russo.
Baseada num livro de memórias, a obra de Zélia parece estar rodeada da ideia de que a ficção tem maior valor literário. Ou a ideia de que o tema do livro é muito doméstico e trata de problemas familiares, do dia a dia. O espaço tradicionalmente ocupado pelas mulheres recebe olhares estranhos de quem quer permanecer na esfera privada ao ingressar na esfera pública. No livro de Zélia, o leitor é apresentado à sua família, desde imigrantes italianos até parentes de Jorge Amado. Zélia conta anedotas do cotidiano com humor e muita confiança, que também revelam informações interessantes sobre os lugares onde morou e os momentos históricos que viveu.
A memória literária, obra em que o autor aprende a arte de escrever e reproduz uma história através da própria memória, exige a recuperação das experiências de vida narradas. Uso autoritário da linguagem e máxima criatividade. Aqui estão exemplos de trabalho em nível nacional.
Seria exatamente com nosso vizinho, Luiz Apolônio, que iria defrontar-se, alguns anos mais tarde, na implantação do Estado Novo, em1937, no cárcere, preso pela polícia política, acusado de “comunista perigoso”. Na época do Estado Novo, bastava uma denúncia ou simples suspeita para que uma família fosse cercada pelo enorme aparato bélico, policiais apontando metralhadoras, os lares invadidos a qualquer hora do dia ou da noite, por policiais armados, pais de família arrancados de seus leitos e arrastados para as masmorras, para o porão úmido e escuro da Delegacia da Ordem Política e Social, incomunicável. (GATTAI,1998, p.241)

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