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PSICOPATOLOGIA O que é psicopathologia? Profª: Valeska Zanello Apoio: Gustavo de Oliveira Tatiana G. Oliveira Há um profundo engano que se desenvolveu em torno do conceito de páthos, reduzindo-o à noção de doença. Páthos não é hybris (aberração, desvario e anormalidade). Psico= Psyque= alma pato= páthos= disposição afetiva fundamental (uma de suas possibilidades é a doença). logia= estudo, discurso que (re)colhe/junta. O domínio do patológico (modos privilegiados pelos quais pathos foi tomado e objetivado pela investigação científica moderna). *infirmitas: deformação, deficiência ou mutilação (terapêutica ortopédica) *nosos e morbus: desequilíbrio e desarmonia (terapêutica visando o reequilíbrio). *pathos e dolere: mal estar, dor, sofrimento objetivo e subjetivo. Não diz respeito apenas ao campo médico, mas também ao campo da psicologia, psicanálise, educação, antropologia, sociologia, etc. “Argonautas dos asilos”= tradição que pensa páthos como loucura/ desvio/ doença. Fazer psicopatologia não é o mesmo que acumular e descrever sintomas na maior parte das vezes exóticos e desarticulados do dia-a-dia. Fazer psicopatologia não é apenas fazer o estudo psicológico do patológico ou o estudo da patologia do psíquico. Consiste em qualificar o páthos enquanto disposição fundamental que move o sujeito, constituindo-o na sua humanidade. O páthos do sujeito e o páthos de uma época. O páthos de uma época = formação de um determinado tipo de homem privilegiado em uma determinada época. “Deus está Morto” (Nietzsche) “Chegamos tarde demais para os deuses e cedo demais para o Ser” (Heidegger) O páthos está presente em nosso cotidiano. Sim/pático, Anti/pático, patético, paixão. Páthos está ligado a sentimento, afecção, sofrimento, padecer, deixar-se levar por, deixar-se convocar por. O que faz alguém ter um destino malogrado? O essencial da dor é a repetição (se algo começa a acontecer muito, desconfie da “pré-disposição”). Qual é o páthos? Pré-disposição e transferência. O destino é construído, não é “machina fatalis”. Mais do que o sintoma, pensar a disposição do sujeito. A necessidade de qualificar a existência do inconsciente. O páthos age para o melhor e para o pior. A paixão pela verdade dos santos, a paixão pelo conhecimento dos cientistas, o crime passional... A paixão pela verdade dos santos... A paixão pelo conhecimento dos cientistas... O crime passional... CRIME PASSIONAL - Casal é executado com tiros na cabeça Tiana Brazão Foto: Jader Souza Casal foi assassinato dentro do bar Rei do Caldo pelo comerciante Oerdras Alves (no detalhe) Um crime passional abalou os moradores do bairro Liberdade, na noite de ontem. A estudante de Enfermagem Maria do Amparo de Oliveira, 23 anos, e o adolescente Francelino Mateus da Silva, 17 anos, foram executados a tiros. O autor dos disparos foi o marido de Maria do Amparo, o comerciante Oerdras Alves da Silva, que está sendo procurado pela polícia. Ele flagrou o casal na cama. O adolescente foi morto debaixo da cama, sem roupa e ainda com preservativo. Ela estava de camisola em cima da cama, ao lado de uma rosa vermelha. Os tiros foram na cabeça das duas vítimas. O duplo homicídio ocorreu dentro do bar Rei do Caldo, localizado no cruzamento da avenida Ataíde Teive com rua David Ramalho, que não abre às segundas-feiras. O estabelecimento pertence ao pai de Maria do Amparo, o comerciante Enoque Rodrigues. A paixão é o protótipo da psicose. Loucura é quando o sujeito perde a razão. As paixões são experiências páthicas = são sofridas, o sujeito se deixa levar por, se deixa convocar por. “É algo além de mim” diz o apaixonado. Experiência de passividade. O jovem Werther... (Goethe) Ao escrever Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe produziu uma obra de arte a que deu, como conteúdo, as suas próprias aflições e seus tormentos, os seus próprios estados de alma, procedendo como todo poeta lírico que, ao procurar aliviar o coração, exprime aquilo de que é afetado enquanto sujeito. Graças a isso, o que era interior imobilidade acha-se livre e transforma-se num objeto exterior de que a pessoa se libertou. Do mesmo modo as lágrimas servem de derivativo à dor do que, por assim dizer, se esvai através delas. Como ele mesmo o disse, Goethe escreveu o Werther para se libertar da angústia íntima, e conseguiu-o. Em tais situações líricas, pode refletir-se, por um lado, um estado objetivo, uma atividade referenciada ao mundo exterior, e, por outro lado, um estado da alma que, desligando-se de tudo o que é exterior, regressa a si mesma e torna-se o ponto de partida de estados internos e de sentimentos profundos. Resumo... O páthos está na essência do ser humano e não só na excepcionalidade do adoecer. Quando páthos é tomado como hybris, temos a objetivação (só sintomatologia e esquecimento do sujeito). O tipo de morte é o ápice do páthos. O desespero de se ter um Eu (experiência de deflexão) Ésquilo: Páthei Mathos (aprender pelo sofrimento) Modos de adoecimento especificamente humanos. O vir-a-ser do homem. O páthos está antes da cisão normal/anormal.
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