Buscar

Fundamentos do Direito Civil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 3
Fundamentos do Direito Civil 
Noções de Direito
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
CAMILA COELHO MOREIRA
AUTORIA
Camila Coelho Moreira
Sou formada, pós-graduada e mestre em Direito, com experiência 
técnico-profissional na área. Atualmente sou diretora da área de 
contencioso civil de um escritório de advocacia no qual eu sou sócia na 
cidade de Vitória/ES. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir 
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. 
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Noções de Direito Civil .............................................................................10
Conceito de Direito Civil .............................................................................................................10
Personalidade e capacidade civil ....................................................................................... 12
Dos fatos e atos jurídicos ..........................................................................................................16
Bens e obrigações ......................................................................................19
Bens .......................................................................................................................................................... 19
Bens quanto a si mesmos ..................................................................................... 19
Bens reciprocamente considerados ..............................................................22
Bens em relação às pessoas ...............................................................................24
Bens em relação a sua comercialidade ......................................................25
Obrigações .........................................................................................................................................26
Contratos e direitos das coisas ..............................................................34
Contratos ...............................................................................................................................................34
 Direito das coisas ......................................................................................................................... 40
Direito de família e direito das sucessões ........................................43
Direito de família ..............................................................................................................................43
Direito das sucessões ................................................................................................................. 46
7
UNIDADE
03
Noções de Direito
8
INTRODUÇÃO
O Direito Civil é um ramo do Direito Privado Interno que cuida das 
relações particulares das pessoas. Grande parte das normas civis do 
direito brasileiro encontram-se previstas no Código Civil e ao longo dessa 
unidade trabalharemos algumas delas. Iniciaremos tratando os direitos 
da personalidade, a capacidade civil e os atos e negócios jurídicos. 
Posteriormente vamos conhecer o significado de bens e em que consiste 
o direito das obrigações. Uma vez que você aprendeu sobre bens e 
obrigações, será o momento de aprender sobre o direito contratual e o 
direito das coisas, importantes áreas do direito civil e por fim trataremos do 
direito de família e do direito das sucessões. Perceba que nessa unidade, 
em termos civis, abordaremos desde o nascimento do indivíduo até a 
sua morte, passando por todos os acontecimentos civis, tentando trazer 
para você os principais conceitos e definições para aplicação na sua vida 
profissional e pessoal. Animado para mais essa jornada? Ao longo desta 
unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Noções de Direito
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término 
desta etapa de estudos:
1. Reconhecer algumas noções introdutórias de Direito Civil.
2. Identificar em que consistem os bens e as obrigações na legislação 
civil brasileira.
3. Interpretar as determinações legais sobre os contratos no direito 
brasileiro e o direito em relação às coisas.
4. Analisar as determinações legislativas acerca do direito das 
famílias e sucessões no Brasil. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Noções de Direito
10
Noções de Direito Civil 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
em que consiste o Direito Civil, bem como sobre os direitos 
da personalidade e sobre capacidade civil. Além disso, 
estudaremos sobre atos e fatos jurídicos e o conhecimento 
adquirido neste capítulo será base para seu aprendizado 
nos demais. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
Conceito de Direito Civil
O Direito Civil consiste em um ramo do direito que surgiu na Roma 
Antiga, cujo objetivo à época era reger a vida dos cidadãos, abrangendo 
todo o direito existente, de modo que englobava os ramos dos direitos 
penal, trabalhista, administrativo e processual (DINIZ, 2016). 
Esse ramo do direito passou por diversas transformações e 
influências durante a Idade Média e somente na idade moderna, ganhou, 
através do direito anglo-americano, designação de private law, ou seja, 
direito privado. 
O Direito Civil, portanto, é um ramo do direito privado que regula 
as relações entre pessoas físicas ou jurídicas, podendo tais relações ser 
de caráter pessoal, familiar, patrimonial ou obrigacional, disciplinadas em 
grande parte no Código Civil. 
O Direito Civil é aplicado a todas as pessoas e disciplina o modo 
de agir e de ser, independente da condição social ou cultural de cada 
um. Tal regramento estabelece normas mínimas para a convivência em 
sociedade, além de assegurar os direitos e deveres aos jurisdicionados. 
Atualmente encontra-se em vigor o Código Civil de 2002 (Lei 
10.406/2002), que, ao contrário do Código Civil de 1916, dispositivo legal 
anterior à referida lei, passou a abordar em seus artigos os preceitos 
Noções de Direito
11
constitucionais adotados pela Constituição de 1988. Segundo as lições 
de Miguel Reale (2013), o Código Civil rege-se por princípios próprios, que 
são eles: 
a. Socialidade – esse princípio considera a coletividade em 
detrimento da individualidade.
b. Eticidade – por esse princípio considera-se a ética e a boa-fé 
acima de qualquer negócio jurídico.
c. Operabilidade – esse princípioleva em conta a simplificação dos 
processos e a efetividade das cláusulas e conceitos trazidos pelo 
atual Código Civil. 
O Código Civil contém atualmente 2.046 (dois mil e quarenta e 
seis) artigos e divide-se em duas partes: a geral, que trata dos direitos 
individuais das pessoas, seus bens, fatos, atos e negócios jurídicos e 
a parte especial, que cuida dos direitos das obrigações, do direito da 
empresa, direito das coisas, direito de família e direito das sucessões. 
Além disso, são considerados princípios gerais do Direito Civil por alguns 
autores os seguintes: 
a. Personalidade – todo ser humano é sujeito a direitos e obrigações.
b. Autonomia da vontade – reconhecimento da capacidade do 
indivíduo em praticar ou não certos atos. 
c. Liberdade de estipulação negocial – liberdade de restrição de 
direitos (dentro dos limites legais) na celebração de negócios 
jurídicos.
d. Propriedade individual – o homem possui, dentro das formas 
admitidas pela lei, a possibilidade de exteriorizar seus ganhos 
através de bens móveis e imóveis.
e. Intangibilidade familiar – a família é uma extensão da 
personalidade individual, sendo protegida pelas normas jurídicas.
f. Legitimidade da herança e direito de testar – relacionado com 
o poder que as pessoas têm sobre seus bens, inclusive após sua 
morte, podendo dispor deles dentro dos limites legais.
Noções de Direito
12
g. Solidariedade social – possui o condão de conciliar os interesses 
individuais com os interesses da coletividade.
Nesse sentido, tais princípios, juntamente com as normas, são os 
responsáveis por regular as relações e o comportamento dos indivíduos 
dentro da sociedade. Trata-se do denominado pela doutrina por relação 
jurídica, que consiste nesse vínculo entre as pessoas diante de uma lide. 
As pessoas ocupam o espaço de sujeito ativo (quem pede) ou sujeito 
passivo (quem deve prestar a obrigação), em prol do objeto da lide. 
EXEMPLO: 
Ana deseja requerer alimentos (pensão alimentícia) a seu pai, 
Roberto. Ana será o sujeito ativo da demanda, Roberto, o sujeito 
passivo e os alimentos serão o objeto da lide.
A seguir trataremos pormenorizadamente das pessoas no Código Civil. 
Personalidade e capacidade civil
Antes de iniciarmos o estudo sobre personalidade e capacidade 
civil, é importante que você saiba o conceito de pessoa no direito. Assim 
como outras definições que já estudamos, o sentido jurídico do termo 
pessoa é algo mais complexo.
Doutrinadores do direito definem pessoa como alguém ou algo 
coletivo sujeito de direitos e obrigações (DINIZ, 2016). Dizer que alguém é 
sujeito de direito refere-se a uma pessoa que detém um dever jurídico, 
uma pretensão ou que é o titular de um direito.
No direito brasileiro, o conceito de pessoa classifica-se em física 
(natural) ou jurídica. Pessoa física é o indivíduo humano, enquanto 
pessoa jurídica está relacionada com um conjunto de pessoas ou de 
bens criados pela lei com uma finalidade. Sempre uma pessoa física será 
responsável pela pessoa jurídica. 
A personalidade jurídica, por sua vez, consiste em um atributo 
jurídico, que nas lições de Diniz, “liga-se à pessoa a ideia de personalidade, 
que exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações” 
(DINIZ, 2016, p. 130). 
Noções de Direito
13
Quanto ao início da personalidade jurídica da pessoa natural, existem 
três teorias sobre seu marco: a teoria natalista, pela qual a personalidade 
jurídica se inicia com o nascimento; a teoria concepcionista, pela qual 
a personalidade jurídica se inicia desde a concepção; e a teoria da 
personalidade condicionada, adotada pelo Código Civil Brasileiro, pela 
qual estabeleceu o nascimento como marco inicial da personalidade 
humana, mas que também resguarda os direitos do nascituro (feto) desde 
a concepção, condicionando sua efetivação ao nascimento. 
A personalidade jurídica tem início com o nascimento com vida, 
a partir da primeira respiração. Dessa forma, o nascimento com vida de 
um bebê é o marco de atribuição da personalidade, mesmo que ele 
venha a óbito posteriormente. Tal previsão encontra-se prevista no artigo 
2º do Código Civil e por esse motivo que os direitos do nascituro estão 
resguardados pela lei civil brasileira. 
Já o marco final da personalidade jurídica da pessoa física é a morte 
real, por meio do óbito ou presumida (declarada por um juiz, ocorre nos 
casos previstos na lei em que a pessoa se encontra desaparecida e que 
existem justos motivos para declarar seu óbito). Quanto à pessoa jurídica, 
seu marco final pode se dar pela dissolução proveniente da vontade 
dos sócios ou por morte ou incapacidade de sócio ou pela falência da 
empresa.
Os direitos oriundos da personalidade, em regra, possuem as 
seguintes garantias: 
a. Erga omnes – oponíveis a todos, ou seja, valem perante toda a 
sociedade.
b. Indisponíveis – não podem ser renunciados ou transferidos à 
terceiros.
c. Vitalícios – são para a vida toda, enquanto o sujeito existir. 
d. Intransmissíveis – não são passados de pais para filhos ou podem 
ser vendidos.
e. Essenciais – fazem parte da essência do ser humano. 
Noções de Direito
14
VOCÊ SABIA?
Um exemplo de exceção ao direito da personalidade, por 
ser disponível, é o direito autoral, previsto na Lei 5.988/73.
A personalidade jurídica possui atributos, sendo eles o nome, 
domicílio, estado civil e a capacidade e suas definições possibilitam 
distinguir um indivíduo dos demais, de modo que cada particularidade o 
torna único perante a coletividade.
O nome consiste em um meio de individualização da personalidade 
jurídica. O nome é formado pelo prenome, nome (sobrenome) e, em 
alguns casos, o agnome (Júnior, Neto, Sobrinho). Tanto a pessoa natural 
quanto a pessoa jurídica possuem esse atributo da personalidade. 
Quanto ao domicílio, este consiste no local em que a pessoa 
estabelece sua residência fixa, sua morada com fim definitivo. O Código 
Civil também considera como domicílio o local onde a pessoa exerce 
sua profissão (art. 72). O título III do Código Civil é todo destinado a 
especificidades ligadas ao domicílio. As pessoas jurídicas também 
estabelecem domicílio, que é o local em que exercem suas atividades. 
O estado civil, também denominado de estado familiar, consiste 
na situação civil do indivíduo, podendo ser solteiro, casado, divorciado. O 
estado civil, via de regra, é provado por meio de registros públicos. 
Quanto à capacidade, essa merece uma atenção especial. A 
capacidade civil, como conceito, consiste na aptidão da pessoa para 
exercer direitos e assumir deveres no âmbito civil. O artigo 1º do Código 
Civil considera que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem 
civil, cabendo prova ao contrário. 
A capacidade civil, portanto, é formada pela capacidade de direito 
e capacidade de fato. A capacidade de direito é a comum a todos, 
inerente à personalidade, relacionada com a personalidade jurídica. Já 
a capacidade de fato está relacionada com a capacidade individual de 
Noções de Direito
15
cada um para exercer os direitos e deveres na vida civil. Tal diferenciação 
é necessária ao tratarmos da incapacidade.
Os incapazes encontram-se tipificados pelo artigo 3 e 4 do Código 
Civil e foram alterados pela Lei n° 13.146, de julho de 2015, que instituiu o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência e conferiu uma nova roupagem sobre 
as incapacidades no Direito Civil brasileiro. Os incapazes se classificam em 
absolutamente incapazes e relativamente incapazes. 
Os absolutamente incapazes, após a alteração trazida pela Lei 
13.146/2015, são somente os menores de 16 (dezesseis) anos e todos os 
atos civis praticados pelos absolutamente incapazes são absolutamente 
nulos (art. 166, I do Código Civil). 
Quanto aos relativamente incapazes, passaram a ser entendidos 
como pessoas que precisam ser assistidas, auxiliadas na prática de atos 
da vida civil. São relativamente incapazes os maioresde dezesseis e 
menores de dezoito anos, os ébrios habituais e os viciados em tóxico, 
aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade e os pródigos (art. 4º do Código Civil).
Os atos praticados pelos relativamente incapazes são anuláveis, 
de modo que dependem de uma decisão judicial que analise cada caso 
concreto, para que não haja prejuízo entre as partes. O interessado deve 
propor a ação de anulação do ato jurídico no prazo de 4 (quatro) anos.
VOCÊ SABIA?
Antes da entrada em vigor da lei 13.146/2015, os indígenas 
eram considerados incapazes, dependendo da FUNAI 
a validação de seus atos. Com a entrada em vigor do 
dispositivo legal, os indígenas integrados à comunhão 
nacional passaram a poder exercer os atos civis livremente 
e somente os indígenas que não estiverem integrados 
passaram a ser assistidos pela FUNAI.
A seguir, trataremos mais detalhadamente dos fatos e atos jurídicos, 
vamos nessa?
Noções de Direito
16
Dos fatos e atos jurídicos
Agora que você já conheceu quem é o sujeito de direito e quais 
são suas características, é importante que você saiba em que consiste 
o fato jurídico. Entende-se por fato jurídico o elemento que dá origem 
aos direitos subjetivos, ou seja, a origem da relação jurídica, concretizada 
na norma jurídica (DINIZ, 2016). Em suma, é fato jurídico todo evento que 
produz efeitos jurídicos. 
Os fatos jurídicos classificam-se em naturais ou humanos. Os fatos 
jurídicos naturais são aqueles que ocorrem sem que haja interferência 
da vontade humana, como o nascimento, a morte, a maioridade ou 
até mesmo um alagamento, desabamento, incêndio. Note que tais 
acontecimentos têm consequência jurídica, tornando alguém sujeito a 
direitos e obrigações. 
Por conseguinte, os fatos jurídicos humanos são aqueles cujo 
acontecimento está diretamente ligado à vontade humana, podendo ser 
voluntários ou involuntários. Voluntários são atos em que há a vontade do 
agente e involuntários são aqueles sem a vontade do agente. 
Nesse sentido, temos os atos ilícitos, que segundo a definição do 
Código Civil, consiste em “ação ou omissão voluntária, culposa ou não, 
conforme a espécie, praticada por pessoa imputável que, implicando 
infração de dever absoluto ou relativo, viole direito ou cause prejuízo a 
outrem” (BRASIL, 2002).
Por conseguinte, o ato jurídico consiste em um fato jurídico 
decorrente de ação lícita ou ilícita, ou omissão humana. Note que o ato 
jurídico é uma consequência de um fato jurídico. Um ato jurídico, para ser 
considerado válido, precisa reunir os seguintes elementos: ser praticado 
por pessoa capaz, o objeto do ato jurídico precisa ser lícito e a forma deve 
ser prevista em lei (ou não proibida por lei). Estando presentes todos esses 
requisitos, temos o que a doutrina chama de ato jurídico perfeito. 
O ato jurídico que não é perfeito é denominado ato ilícito, que são 
aqueles praticados em desconformidade com a lei. Esses atos que são 
vedados pela lei violam a boa-fé e são fontes de obrigação para quem os 
Noções de Direito
17
pratica, considerando o prejuízo que possa ser causado e a necessidade 
de repará-lo. São excludentes de atos ilícitos os praticados em legítima 
defesa, no exercício regular do direito ou em estado de necessidade. Os 
atos ilícitos podem ter efeitos tanto na esfera civil quanto na esfera penal. 
IMPORTANTE:
A legítima defesa, conforme definição do Código Penal, 
entende-se por quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a 
direito seu ou de outrem. Já o exercício regular do direito 
é aplicável àqueles indivíduos que, geralmente em razão 
de sua profissão, possuem o dever de proteger (policiais, 
bombeiros) e age em estado de necessidade aquele que 
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou 
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito 
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era 
razoável exigir-se.
Como estão as coisas até aqui? Animado sobre esse tema? A 
seguir, continuaremos desbravando o Código Civil e seus artigos. Siga 
aqui comigo!
SAIBA MAIS:
A Lei 13.146/2015, conforme já conversamos, trouxe 
importantes alterações legislativas para as pessoas com 
deficiência. O artigo a seguir traz mais detalhes sobre esse 
importante tema, cuja leitura é imprescindível pra seu 
aprendizado. 
PEREIRA, R.C. Lei 13.146 acrescenta novo conceito para 
capacidade civil. Disponível aqui. 
Noções de Direito
https://bit.ly/2xrXhKh
18
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você iniciou esse capítulo aprendendo sobre o conceito 
de Direito Civil e a sua história desde o seu surgimento até 
sua materialização no Código Civil de 2002. Além disso, 
você foi apresentado aos princípios do Direito Civil, bem 
como você pode aprender sobre a personalidade jurídica, 
seus conceitos e que se tratam de direitos erga omnes, 
indisponíveis, vitalícios, intransmissíveis e essenciais. Ainda 
neste capítulo, você pode conhecer a figura do incapaz no 
direito, aprendeu sobre a diferença entre o relativamente 
incapaz e o absolutamente incapaz, bem como foi 
apresentado à recente alteração legislativa sobre o tema 
trazida através da Lei 13.146/2015. Por fim, nesse capítulo 
você foi apresentado às diferenças entre atos e fatos 
jurídicos, suas classificações e aprendemos sobre o que 
consiste um ato ilícito.
Noções de Direito
19
Bens e obrigações 
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
como a legislação civil brasileira regula a relação de 
propriedade de um bem de determinada pessoa, bem como 
terá a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos 
sobre o direito obrigacional. Isto será fundamental para 
o exercício de sua profissão, afinal, certamente sua 
atividade profissional estará relacionada com algum direito 
obrigacional. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
Bens
Bem consiste em tudo aquilo que possui um valor para alguém. 
Todo bem é individualizável, economicamente valorável e representa um 
interesse de ordem econômica (DINIZ, 2016). 
O legislador civilista estipulou quatro critérios para classificar os 
bens no Código Civil, levando em conta suas características peculiares, 
de modo que um bem pode enquadrar-se em mais de uma categoria, a 
depender das suas características. De modo geral, eles são classificados 
por si mesmos (arts. 79 a 91), em relação aos outros (arts. 92 a 97) e em 
relação com o titular do domínio (98 a 103). A seguir, analisaremos cada 
uma delas. 
Bens quanto a si mesmos
A primeira distinção dos bens quanto a si mesmos é em móveis e 
imóveis. Bens móveis são aqueles que podem removidos, transportados, 
deslocados, sem que haja qualquer alteração em sua estrutura ou forma. 
Noções de Direito
20
Figura 1 – O automóvel é um exemplo de bem fungível
Fonte: Pixabay
Já os bens imóveis são aqueles que o seu transporte ou 
deslocamento acarreta em alteração significativa da sua composição. 
Figura 2 – Bens imóveis
Fonte: Pixabay 
Outra distinção que se faz no que diz respeito aos bens quanto a si 
mesmos é por serem fungíveis ou infungíveis. Bens infungíveis são bens 
únicos, que não podem ser substituídos, enquanto bens fungíveis são 
aqueles que podem ser trocados. 
EXEMPLO: 
É um exemplo de bem infungível uma obra de arte exclusiva ou 
até mesmo um produto comum que possua uma história para seu 
proprietário, como uma joia de família ou um carro deixado por 
algum parente para outro.
Noções de Direito
21
Figura 3 – A Monalisa é um exemplo de bem infungível 
Fonte: Pixabay 
A terceira distinção que se faz é entre os bens consumíveis e 
inconsumíveis. Consumíveis são aqueles que permitem somente uma 
utilização e perdem o seu conteúdo a partir do seu uso, enquanto os não 
consumíveisconsistem nos bens que podem ser utilizados por mais de 
uma vez sem que sua integridade esteja ameaçada. 
A última distinção é relacionada aos bens singulares e coletivos. 
Singulares são os bens individualizados, cuja existência se dá por si 
mesmo, enquanto os bens coletivos são aqueles que são considerados 
em seu conjunto, em sua universalidade. 
EXEMPLO: 
O exemplo de um bem coletivo de alguém é uma biblioteca, que só 
existe por meio da coletividade de livros que a integra.
Noções de Direito
22
Figura 4 – Bem coletivo – Biblioteca 
Fonte: Pixabay
Bens reciprocamente considerados
A primeira distinção que se faz quanto a essa categoria de bens é 
em relação aos bens principais e bens acessórios. Principais são os bens 
que existem independentemente da existência de outros bens. Já os 
bens acessórios são aqueles que, para existirem, dependem de um bem 
principal. Os bens acessórios dividem-se em três classificações: frutos, 
produtos e benfeitorias. 
Figura 5 – O solo é um exemplo de bem principal a plantação de bem acessório 
Fonte: Pixabay 
Noções de Direito
23
Os frutos, por sua vez, consistem em utilidades produzidas pelo 
bem principal que não afetam sua existência, ou seja, que podem sem 
retirados ou excluídos sem prejuízo do bem principal. São exemplos de 
frutos uma colheita, por exemplo, ou até mesmo o aluguel de um imóvel. 
Outra espécie de bens reciprocamente considerados são os 
produtos, que consistem em utilidades produzidas pelo bem principal, 
mas que lhe diminuem a quantidade. São exemplos de produtos o ouro 
ou pedras preciosas extraídas de determinado solo. 
IMPORTANTE:
Os produtos distinguem-se dos frutos, porque a colheita 
não diminui o valor e nem a substância da fonte, enquanto 
os produtos sim.
As benfeitorias são melhorias realizadas no bem principal e 
diferenciam-se por ser necessárias, aquelas intrínsecas à conservação 
da coisa, úteis que são aquelas que otimizam a utilização da coisa ou 
voluptuárias, que são melhorias supérfluas, para mero embelezamento. 
EXEMPLO: 
São exemplos de fruto uma safra de café ou de laranja; são exemplos 
de produto a extração de carvão mineral ou granito; é um exemplo 
de benfeitoria necessária a construção de uma estrutura de uma 
casa que tenha desabado; de benfeitoria útil a construção de uma 
rampa de acesso para um cadeirante e de benfeitoria voluptuosa a 
instalação de uma piscina em um imóvel.
Noções de Direito
24
Figura 6 – As melhorias com fins estéticos, como a instalação de piscina ou decoração são 
consideradas voluptuárias
Fonte: Pixabay 
Bens em relação às pessoas
Quanto às pessoas, os bens distinguem-se em particulares, 
públicos ou res nullis. Os bens particulares são aqueles que pertencem a 
uma pessoa jurídica de direito privado ou a uma pessoa física. Já os bens 
públicos são aqueles que pertencem a uma pessoa jurídica de direito 
público interno, de modo que são bens de propriedade do povo. 
Os bens públicos dividem-se em bens de uso comum do povo, 
sendo aqueles que podem ser utilizados livremente pela coletividade, 
como rios, praias, lagos; bens de uso especial, que são aqueles que são 
destinados à atividade pública, como hospitais públicos e ministérios e os 
bens dominicais, entendidos por aqueles que fazem parte do patrimônio 
da administração pública. 
Há ainda uma terceira divisão, a res nullis, que, em tradução livre 
do latim, são as coisas sem dono, como os peixes do oceano e pássaros 
do céu. 
Noções de Direito
25
Figura 7 – Os animais da natureza são um exemplo de res nullis
Fonte: Pixabay 
Bens em relação a sua comercialidade
Quanto à comercialidade, os bens dividem-se em bens de comércio 
e bens fora do comércio. Bens de comércio são aqueles bens que podem 
ser comercializados sem nenhum impedimento. Já os bens fora do 
comércio são aqueles que que não podem ser comercializados, como o 
sol, as estrelas, a lua etc. 
Figura 8 – Bens incomerciáveis são aqueles que não são passíveis de negociação, como as 
estrelas do céu 
Fonte: Pixabay 
Noções de Direito
26
Agora que você já aprendeu sobre o conceito e bens e suas 
classificações, trataremos brevemente sobre o direito das obrigações! 
Respira fundo e vamos nessa! 
Obrigações 
O Direito das Obrigações é disciplinado pelo Código Civil entre os 
artigos 233 e 285 e consiste em regular o vínculo jurídico que liga o sujeito 
ativo, que neste caso é o credor ao sujeito passivo, que é o devedor, com 
o fim de exigir alguma obrigação existente entre eles. 
O vínculo jurídico que dá origem à relação obrigacional pode ser 
originário por meio da lei ou pela vontade das partes. As obrigações, 
assim como os bens, classificam-se conforme algumas variantes que 
iremos analisar a seguir. 
O direito das obrigações difere-se dos direitos reais, pois estão 
relacionados com um vínculo transitório, diferente do direito real, se 
paga a dívida acaba a obrigação, por exemplo. Nesse sentido, o direito 
das obrigações consiste em um direito pessoal, que só gera efeitos entre 
partes, não configurando efeitos para terceiro e o direito real, ao contrário 
do direito das obrigações, gera efeitos para terceiro.
Figura 9 – Direito das obrigações 
Fonte: Pixabay 
Noções de Direito
27
As obrigações, portanto, podem ser classificadas como relações 
jurídicas estabelecidas de forma provisória pelo sujeito ativo (credor) 
e pelo sujeito passivo (devedor), tendo como objeto uma prestação 
econômica que pode ser positiva (obrigações de dar e de fazer) ou 
negativa (obrigação de não fazer) e que uma vez inadimplida, terá como 
garantia o patrimônio do próprio devedor ou por quem ele responsável, 
no caso da existência da figura do fiador.
VOCÊ SABIA?
O fiador é alguém que se responsabiliza pelo pagamento 
(obrigação de pagar) de uma dívida, caso a outra pessoa 
não consiga cumprir com seu compromisso.
A fonte da obrigação pode ser um contrato, um acordo, um ato 
ilícito ou um ato unilateral de vontade, que caracterizam o vínculo jurídico, 
ou seja, o liame legal que une os sujeitos da obrigação.
A prestação econômica, doravante elemento objetivo da obrigação, 
consiste no objeto da obrigação. A lei civil estabelece que o objeto da 
relação obrigacional deve ser lícito, possível e economicamente apreciável 
e pode constituir-se em: dar, fazer e não fazer, as quais estudaremos 
detalhadamente a seguir.
A obrigação de dar ou entregar, como o próprio nome já diz, 
consiste em uma obrigação entre as partes (credor e devedor) e dar ou 
entregar alguma coisa. A doutrina ainda estabelece uma classificação 
entre coisa certa e incerta. A obrigação de entregar coisa certa ocorre 
quando o devedor se obriga a entregar algo específico e individual, 
cabendo ao credor exigir o cumprimento literal da obrigação. 
Noções de Direito
28
Figura 10 – Obrigação de dar ou entregar 
Fonte: Pixabay 
Pense na seguinte situação: Pedro se obrigou a entregar um colar 
de pérolas de sua mãe falecida à sua filha quando ela completasse 
dezoito anos. Note que se trata de uma obrigação bem específica, não se 
limitando apenas a um colar de pérola, mas sim o colar de pérola de sua 
mãe falecida. 
A obrigação de dar coisa certa se extingue com o perecimento da 
coisa, podendo gerar obrigação de indenizar, caso haja culpa do devedor. 
A coisa pertencerá ao devedor, com seus acréscimos, até a entrega ao 
devedor e se houverem frutos serão de propriedade do devedor. 
Exemplificando com o exemplo de Pedro, caso o colar de pérolas 
seja roubado, Pedro não precisará mais entregá-lo a sua filha, mas caso 
Pedro perca o colar (tenha culpa), ele deverá indenizar sua filha com o 
valor do colar, além de perdas e danos. 
Já a obrigação de dar ou entregar coisa incerta, o devedor 
estabelece somente o gênero e a quantidade, cabendo ao devedor 
escolher a qualidade. Ainda sobre o exemplo acima, se a obrigação fosse 
de somente dar um colar de pérolas, caberia a Pedro escolherem qual 
loja iria comprá-lo, por exemplo. 
Outro tipo de obrigação é a obrigação de fazer, que consiste 
em um ato imperativo de praticar um determinado ato ou realizar um 
determinado serviço. A obrigação será inadimplida quando o devedor 
Noções de Direito
29
não puder fazê-la por impossibilidade ou recusa. Em caso de recusa, 
caberá ao devedor indenizar o credor por perdas e danos e, em caso de 
impossibilidade, a obrigação restará resolvida. 
Figura 11 – Obrigação de fazer 
Fonte: Pixabay 
A obrigação de fazer pode ser personalíssima ou não personalíssima. 
Personalíssima é a obrigação que deve ser realizada somente por 
um profissional específico, devido a sua expertise ou exclusividade na 
prestação do serviço. Caso a obrigação não seja personalíssima e que 
o devedor originário não cumpra com sua obrigação, pode o credor 
contratar outro profissional às expensas do devedor, porém, em se 
tratando de obrigação personalíssima, é cabível perdas e danos. 
EXEMPLO: 
Renan contratou uma banda para tocar em seu aniversário e Larissa 
contratou um pintor para pintar seu escritório. Note que a obrigação 
de Renan é personalíssima, pois trata-se de uma banda específica. 
Já em relação à Larissa, a mesma contratou um pintor que pode 
ser substituído por outro, configurando, portanto, uma relação não 
personalíssima.
Noções de Direito
30
Figura 12 – Obrigação personalíssima
Fonte: Pixabay 
A terceira e última classificação é a obrigação de não fazer. Por ela, 
obriga-se uma das partes a obrigatoriamente não praticar um ato. No caso 
de inadimplemento, vigora a mesma regra: se por culpa, deverá indenizar 
o credor e, mediante impossibilidade, a obrigação estará resolvida. 
EXEMPLO: 
André é um youtuber que recentemente foi contratado por uma 
grande emissora brasileira para apresentar um show, porém no 
contrato existe uma cláusula que impede André de trabalhar ou 
conceder entrevistas para outras emissoras no país. Esse é um 
exemplo de obrigação de não fazer e caso André descumpra a 
obrigação, deverá arcar com as consequências de seu ato ilícito.
Os exemplos trazidos até o momento ilustram o que a doutrina 
classifica como obrigações simples, que são aquelas que possuem o 
credor, o devedor e o objeto da obrigação é uma coisa certa, como um 
valor, um imóvel ou um bem móvel como um carro, uma joia. 
É possível também que entre as partes haja o que se chama de 
obrigação alternativa, cujo objeto da relação obrigacional pode ser uma 
coisa ou outra.
Noções de Direito
31
EXEMPLO: 
Paulo contraiu uma obrigação com Leonardo e tem o dever de 
entregar a Julio um carro X ou o valor desse carro em dinheiro. 
Outro tipo de obrigação permitida no direito brasileiro é a obrigação 
cumulativa, que, conforme o próprio nome sugere, é composta por dois 
ou mais objetos, como, por exemplo, dar um dinheiro e um carro. 
As obrigações podem ser divisíveis ou indivisíveis. As obrigações 
divisíveis são aquelas que possuem dois ou mais sujeitos em um dos 
polos da relação obrigacional. O artigo 257 do Código Civil estabelece 
que “havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação 
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, 
quanto os credores ou devedores”.
As obrigações indivisíveis, por sua vez, ocorrem diante de um 
objeto indivisível e quando duas ou mais pessoas ocupando o mesmo 
polo da relação jurídica. Imagine que Anna e Julia se obrigaram a dar 
um carro a Murilo. Como Murilo não pode dividir o carro ao meio e exigir 
metade de cada uma, o Código Civil permite que Murilo cobre a dívida 
integralmente de uma das devedoras, cabendo a elas se resolverem 
posteriormente. 
Há ainda as obrigações solidárias, que ocorrem quando há mais de 
um devedor ou credor e que, entre ambos, existe um vínculo. O artigo 265 
do Código Civil estabelece que a solidariedade não se presume, e resulta 
sim da lei ou da vontade das partes. Nesse caso, ambos são responsáveis 
pelo pagamento da dívida, cabendo a eles resolverem sua situação em 
processo posterior. 
Noções de Direito
32
Figura 13 – Obrigação solidária é aquele assumida por duas ou mais pessoas
Fonte: Pixabay 
As obrigações constituídas pelas vontades das partes são, em 
grande parte, oriundas de um contrato celebrado pelo credor e devedor. 
No capítulo a seguir, trataremos mais detalhadamente sobre o tema 
contratos. 
SAIBA MAIS:
O direito obrigacional é um ramo de suma importância para 
as relações civis. A seguir, temos um artigo de extrema 
relevância que envolve do direito do esquecimento, oriundo 
do direito da personalidade, direito obrigacional e direito 
digital. Se eu fosse você eu não perdia essa leitura! Artigo: 
Direito ao esquecimento criou obrigações para veículos de 
comunicação. Autor: Tadeu Rover. Disponível aqui. 
Noções de Direito
https://www.conjur.com.br/2019-ago-28/direito-esquecimento-criou-obrigacoes-meios-comunicacao
33
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você 
iniciou esse capítulo aprendendo sobre o que é um bem 
para o direito brasileiro e a diferença entre bens móveis 
e imóveis, bens fungíveis e infungíveis, bens consumíveis 
e não consumíveis, bens singulares e coletivos, bens 
principais e bens acessórios, bens particulares e públicos 
e bens de comércio e bens fora do comércio. Nesse 
mesmo capítulo você também teve a oportunidade de 
aprender sobre o direito obrigacional, ramo do Direito Civil 
que regula as relações estabelecidas por particulares. 
Você pode conhecer as obrigações existentes no direito: 
obrigação de dar, obrigação de fazer e obrigação de 
não fazer, oportunidade em que aprendemos todas as 
consequências quando elas não são cumpridas e as 
possibilidades mediante o descumprimento. Vimos ainda 
a diferença entre as obrigações, podendo ser simples, 
alternativas, cumulativas, divisíveis, indivisíveis e as 
obrigações solidárias.
Noções de Direito
34
Contratos e direitos das coisas
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
em que consiste o direito contratual e de que forma ele 
interfere nas relações entre particulares, além de aprender 
também sobre as coisas que são objetos desses contratos. 
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!
Contratos
O direito contratual é um sub-ramo do Direito Civil que surgiu há 
muito tempo e faz parte da história do homem até os dias atuais. Trata-
se de um ramo do Direito Civil extremamente importante na vida do 
indivíduo, uma vez que faz parte das relações civis por ele vivenciadas 
cotidianamente. 
O fato de você ter acesso a esse material e estar participando deste 
curso por si só é um exemplo de uma relação contratual, celebrada entre 
você, o aluno, e a instituição de ensino. Além disso, atos rotineiros, como 
andar de ônibus e comprar coisas no mercado, são elementos do direito 
contratual. 
Figura 14 – Contratos cotidianos
Fonte: Pixabay
Noções de Direito
35
O marco do surgimento do direito contratual surgiu no direito romano, 
expressão designada às regras do Corpus Juris Civilis que era o equivalente 
ao nosso Código Civil. O Corpus Juris Civilis consistia no conjunto de leis 
e princípios criado pelo imperador Justiniano, considerado até hoje como 
um importante instrumento do direito na história da humanidade. 
Na era do Imperador Justiniano, as obrigações entre os cidadãos 
romanos eram definidas como vinculum, ou seja, uma conexão entre 
duas pessoas, podendo uma cobrar da outra a execução da obrigação. 
Inicialmente, no direito romano, os contratos eram pré-estabelecidos, 
sendo somente o contrato de venda, locação, mandato e sociedade. Com 
o tempo, as relações interpessoais dos cidadãos romanos foram evoluindo 
de modo que as demais relaçõesocorridas nessa época passaram a ser 
objeto do direito contratual. 
Ainda sobre a história do direito contratual na sociedade, é 
importante ressaltar que até o século XV os contratos carregavam em 
si a carga religiosa que era vivida na sociedade, com apego a doutrinas 
religiosas e vinculação do cumprimento a obrigações divinas. 
Com o evoluir da sociedade e principalmente com a laicidade 
do Estado, as influencias religiosas deixaram de refletir nas relações 
particulares dos indivíduos e o que une as partes é somente a autonomia 
da vontade entre elas. 
Sendo assim, o contrato, em termos de conceito, consiste em um 
acordo celebrado entre duas ou mais pessoas capazes com o fim de 
criar, extinguir, construir ou modificar uma situação jurídica de natureza 
patrimonial (DINIZ, 2016). 
O direito contratual encontra-se tipificado no Código Civil dos 
artigos 421 a 480 e nele encontram-se normas que buscam interferir 
minimamente na vontade das partes, mas sem deixar de regular tais 
relações. Para tanto, devem ser respeitados os seguintes princípios: 
a. Boa-fé – um dos mais importantes princípios do direito contratual, 
determina que as partes devem agir sempre utilizando a lealdade 
nas relações contratuais. 
Noções de Direito
36
b. Autonomia da vontade – as partes possuem liberdade para 
estipulares o que quiserem, dentro dos limites da lei.
c. Supremacia das normas de ordem pública – os contratos devem 
respeitar as normas legais existentes no direito. 
d. Relatividade dos efeitos dos contratos – em regra os contratos 
fazem lei somente entre as partes. 
e. Obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda) – o 
contrato, se atendida todas as determinações legais, faz lei entre 
as partes.
f. Revisão dos contratos (rebus sic stantibus) – essa previsão 
permite que, caso haja alguma modificação da situação fática que 
torne o contrato extremamente oneroso para uma das partes, ele 
possa ser revisado judicialmente. 
É muito comum que as pessoas associem o direito contratual 
somente às relações solenes de assinatura de contratos, sem se dar conta 
que atos cotidianos como comprar um pão na padaria e pegar um ônibus 
também são formas de relações contratuais. Isso porque existem diversas 
classificações de contratos, de acordo com vários fatores. 
Figura 15 – Atos cotidianos podem ser contratos 
Fonte: Pixabay 
Noções de Direito
37
Quanto aos efeitos, o contrato pode ser unilateral ou bilateral. 
Unilateral é o contrato que obriga somente uma das partes, enquanto 
bilateral é o contrato em que ambas as partes se obrigam a alguma 
coisa. Repare que sempre um contrato será bilateral em relação as partes, 
devendo ter um sujeito ativo e um sujeito passivo, porém é possível que 
somente uma das partes tenha que prestar alguma obrigação. 
EXEMPLO: 
O contrato de compra e venda é um contrato bilateral, pois uma 
pessoa se obriga a pagar um valor enquanto a outra se obriga a 
entregar o bem. Já um contrato de doação é um exemplo de contrato 
unilateral, pois somente uma das partes se obriga a entregar o bem, 
não havendo contraprestação.
Figura 16 – Contrato Bilateral 
Fonte: Pixabay 
Quanto ao proveito econômico, os contratos podem ser onerosos 
ou gratuitos. Onerosos são os contratos em que ambas as partes 
possuem vantagem e proveito econômico. Já os contratos gratuitos são 
aqueles em que somente uma das partes possui proveito econômico. Via 
de regra, os contratos unilaterais são gratuitos, porém o direito permite 
alguns casos que os contratos unilaterais sejam onerosos, como no caso 
de uma doação em que haja uma obrigação a ser prestada. 
Noções de Direito
38
Figura 17 – A doação é um exemplo de contrato gratuito
Fonte: Pixabay 
Quanto à natureza da obrigação, os contratos classificam-se como 
comutativos ou aleatórios. Comutativos são os contratos em que possuem 
prestações equivalentes, já os aleatórios são os contratos que tratam de 
coisas futuras que podem inclusive não existir ou coisas arriscadas. 
EXEMPLO: 
Um exemplo de contrato comutativo são os de compra e venda, 
troca, prestação de serviços em geral. Já os contratos aleatórios são 
os de jogo de loteria, por exemplo.
Além disso, o contrato pode ser expresso ou tácito. Expresso é 
o contrato em que todas as cláusulas são estipuladas entre as partes 
previamente, enquanto o contrato tácito consiste no contrato em que as 
partes, sem declarar suas intenções, agem de forma consonante com 
determinada obrigação, de modo que dessa relação surgem direitos e 
obrigações. 
EXEMPLO: 
Marli é tia de Paula, que teve um filho recentemente. Por conta da 
chegada do novo sobrinho, Marli passou a ir todas as quartas-feiras 
à casa de Paula e dar uma faxina e Paula, por gratidão, sempre 
deixava um dinheiro para a tia como forma de compensar o serviço. 
Noções de Direito
39
Mesmo não havendo um acordo formal entre elas, ambas possuem 
um contrato tácito.
Importante destacar que o contrato tácito não se confunde com o 
contrato não formal. O contrato não formal é aquele em que as partes 
possuem um pacto prévio, porém não o formalizaram na forma da lei. 
Já os contratos solenes são aqueles que seguem a previsão legal do 
Código Civil. 
Figura 18 – Contrato solene
Fonte: Pixabay 
Um contrato se origina a partir da proposta e se concretiza por meio 
da sua formalização. A proposta contratual possui valor entre as partes, 
obrigando o proponente a cumpri-la, caso não a desfaça anteriormente. 
Sobre o direito contratual e a previsão existente no Código Civil, é 
importante mencionarmos os vícios redibitórios. Os vícios redibitórios 
consistem em defeitos ocultos do bem objeto de negociação em um 
contrato, de modo que tais defeitos tornem o bem impróprios para o uso 
a que se destinam ou que lhe diminuam seu valor. 
Diante de tal situação acima mencionada, o adquirente do bem 
poderá redibir (desfazer) o contrato devolvendo o bem, requerer o 
abatimento no preço ou ainda solicitar sua reparação. 
Importante mencionarmos que a Lei 8.078/1990, que deu origem 
ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC), também possui 
Noções de Direito
40
determinação semelhante, porém aplicada aos casos de vícios ou defeitos 
dos produtos nas relações de consumo. 
Existe ainda nas relações contratuais e evicção, que ocorre quando 
o objeto de determinado contrato é perdido por conta de sentença judicial 
anterior. Imagine a situação de alguém que te venda um carro e dois dias 
após a compra você é notificado de uma busca e apreensão do veículo. 
Neste caso, você terá direito a receber o valor pago pelo bem (no caso, 
o carro), além de perdas e danos, custas judiciais e todas as despesas 
causadas pelo vendedor. 
Via de regra, o contrato se extingue por meio do cumprimento 
das obrigações que foram ajustadas, dentro dos prazos e condições 
estabelecidas entre as partes. Porém, existem algumas ocasiões previstas 
pelo legislador que o contrato pode ser extinto sem que as obrigações 
tenham sido cumpridas, sendo elas: 
a. Nulidade – se alguma cláusula contratual desrespeitar a previsão 
legal, o contrato será considerado nulo. 
b. Condição resolutiva – ocorre nos casos em que há previsão para 
o contrato se resolver. Ocorre nos casos em que descumprimento 
da obrigação por impossibilidade, por exemplo.
c. Direito de arrependimento – previsto no artigo 420 do Código 
Civil, deve estar previsto expressamente nos contratos.
d. Morte de uma das partes – ocorrerá caso de uma das partes 
venha a falecer e o contrato seja personalíssimo. 
 Direito das coisas 
O Direito das coisas, também chamado de direitos reais (res latim = 
coisa), é uma área do Direito Civil que regulamenta as relações jurídicas 
entre o homem e os bens. 
O direito das coisas distingue-se do direito contratual, pois o direito 
contratual regula a relação jurídica entre as partes, entre as pessoas 
envolvidas no contrato, enquanto o direito das coisas regulamentaa 
relação entre as partes e os bens objeto do contrato. 
Noções de Direito
41
A posse, regulamentada pelo Código Civil nos artigos 1196 a 1224, 
consiste na detenção da coisa em nome próprio ou como se dono fosse. A 
posse difere-se da detenção, que consiste na condição de quem detém o 
bem em nome de outrem. Considera-se possuidor, portanto, aquele que 
tem de fato o exercício dos direitos relacionados ao domínio da coisa. É 
objeto da posse tudo que pode ser dominado. 
EXEMPLO: 
O dono de um imóvel que reside no imóvel é considerado 
possuidor. Se esse dono resolve alugar o imóvel, o inquilino torna-
se possuidor, pois a ele são conferidos todos os direitos inerentes 
à posse. Porém caso o dono deseje contratar um caseiro, este é 
considerado detentor, pois ele não é o dono e nem age como dono.
O possuidor, se de boa-fé, possui direito aos frutos, à indenização 
pelas benfeitorias necessárias e úteis, direito de retenção pelo pagamento 
das benfeitorias e direito de retirar as benfeitorias voluptuárias. Tais 
direitos não se aplicam ao possuidor de má-fé, que deverá pagar pelos 
frutos colhidos, se responsabilizar pela perda da coisa e possui o direito 
de ressarcimento somente das benfeitorias necessárias. 
A posse se encerra quando o possuidor perde o bem (abandono, 
perda, destruição), quando outra pessoa passa a se apropriar do bem 
ou quando quem possui a posse passa a possuí-la em nome alheio 
(constituto possessório). 
A propriedade, por sua vez, consiste no direito que possui a pessoa 
(física ou jurídica) de usar, gozar, dispor ou reivindicar o bem de quem 
injustamente o possua. São elementos constitutivos da propriedade: 
a. Direito de uso – utilização do bem da forma que convém.
b. Direito de gozo – poder de perceber os frutos naturais e civis do 
bem, bem como tirar proveito econômico delas. 
c. Direito de dispor – direito de vender a coisa ou transferir a posse. 
d. Direito de reivindicar – poder reaver a coisa de quem o possua 
injustamente.
A propriedade abrange, além do bem, o solo, tudo o que está 
abaixo da superfície e dentro dos seus limites (art. 1229 CC). As jazidas, 
minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, 
Noções de Direito
42
os monumentos arqueológicos e outros bens que estejam dentro da 
propriedade de alguém pertencem à União (BRASIL, 2002). Além disso, o 
direito de propriedade deve ser exercido de acordo com a função social 
da propriedade, atendendo às suas finalidades econômicas e sociais.
A propriedade pode extinguir-se por meio da alienação do bem, de 
seu abandono, por meio da perda do objeto (destruição) ou por meio da 
desapropriação, que consiste na reivindicação do bem por ato unilateral 
do Poder Público em prol da coletividade. 
SAIBA MAIS:
Quer saber mais sobre o assunto, recomendamos o artigo 
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que 
traz explicações sobre uma ação muito importante sobre a 
propriedade: a usucapião. Acesse por meio deste link. 
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você iniciou 
esse capítulo aprendendo o que é o direito contratual e sua 
previsão no Código Civil. Vimos quais são os princípios do 
direito contratual, como boa-fé, autonomia da vontade, 
relatividade dos efeitos dos contratos, obrigatoriedade 
dos contratos e a possibilidade de revisão dos contratos, 
além de trabalharmos juntos em algumas classificações 
dos contratos, uma vez que aprendemos que existem 
várias formas das partes celebrarem contratos. Ainda neste 
capítulo você pode aprender sobre os vícios redibitórios, 
defeitos ocultos presentes nos objetos dos contratos e as 
consequências jurídicas para as partes. Na outra metade 
desse capítulo trabalhamos com os direitos reais, direitos 
das coisas. Pudemos aprender sobre os conceitos de posse 
e propriedade e as formas de adquiri-la. Vimos as formas 
de obtenção e fim da posse e propriedade bem como os 
direitos do possuidor e proprietário.
Noções de Direito
https://bit.ly/3brOlTO
43
Direito de família e direito das sucessões
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender 
como funciona o sistema legislativo brasileiro que cuida do 
direito de família, além de estudarmos juntos sobre temas 
que dizem respeito ao direito das sucessões. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Direito de família
O Direito de família consiste em um ramo do direito familiar que 
regula as relações de convivência, organização, estrutura e proteção dos 
integrantes da família. Destacaremos alguns pontos importantes no que 
diz respeito a esse ramo do Direito Civil. 
O início do Direito de família se dá por meio da regulamentação do 
casamento, por meio dos artigos 1.511 a 1.590 do Código Civil. Ressaltamos 
que o Código Civil reconhece a família independente da formalização do 
casamento, mas essa foi somente uma escolha do legislador ao disciplinar 
o tema. 
O casamento consiste, em termos legais, na união entre homem 
e mulher com o objetivo de constituir uma família e deve ser baseada 
na igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges, sendo proibido a 
qualquer pessoa interferir na comunhão de vida instituída pela família. 
A relação entre homem e mulher sem a formalização do casamento 
até 1988 era chamada de concubinato e os integrantes dessa relação não 
possuíam qualquer direito, sendo considerada uma relação ilegítima. 
Com a entrada em vigor da Constituição de 1988, o artigo 226 estabelece 
que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” e 
no parágrafo terceiro do mesmo artigo, reconheceu que “para efeito da 
proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a 
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em 
Noções de Direito
44
casamento”. Nesse sentido, a partir da entrada em vigor desse dispositivo 
e com a redação do Código Civil de 2002, os conviventes em união estável 
passaram a ter os mesmos direitos e deveres de quem é casado pelo 
regime da comunhão parcial de bens. 
Em 5 de maio de 2011, durante o julgamento a Ação Direita de 
Inconstitucionalidade (ADI) no 4277 e da Arguição de Descumprimento 
de Preceito Fundamental (ADPF) no 132, o Supremo Tribunal Federal 
reconheceu como legítimas as uniões estáveis homo afetivas e consagrou 
aos casais homossexuais todos os direitos conferidos às uniões estáveis 
entre casais heterossexuais.
Feitas essas considerações sobre a união estável, no Brasil são 
permitidos os seguintes regimes de casamento: 
a. Comunhão total ou universal de bens – por esse regime, todos 
os bens que são de um cônjuge devem ser compartilhados com 
o outro, sendo excluídos os bens doados e as dívidas anteriores 
ao casamento, além de pensões e bens essenciais ao exercício da 
profissão. 
b. Comunhão parcial de bens – também conhecido como regime 
geral, por eles todos os bens adquiridos na constância do 
casamento deverão ser compartilhados, excluindo-se da divisão 
os bens particulares que as partes tiverem antes da união.
c. Separação total de bens – por esse regime todos os bens 
adquiridos antes ou depois do casamento são incomunicáveis, ou 
seja, não serão divididos entre as partes.
d. Participação final nos aquestos – trata-se de um regime instituído 
pelo Código Civil de 2002 e pode ser considerado um regime 
misto, pois cada cônjuge possui seu próprio patrimônio (separação 
total) e somente o adquirido na constância do casamento será 
compartilhado entre as partes (comunhão parcial). Aquestos é 
sinônimo de patrimônio adquirido onerosamente na constância do 
casamento. 
Noções de Direito
45
O divórcio é o marco final do casamento, não admitindo 
restabelecimento. Caso as partes se divorciem e desejem retomar o 
relacionamento, deverão constituir um novo casamento. Importante 
destacar que odivórcio encerra o vínculo conjugal entre as partes, mas 
não desfaz o vínculo familiar caso da união sobressaiam filhos, de modo 
que o casal deverá, juntos, continuar o exercício do poder familiar. 
O divórcio, do jeito que você conhece, é uma figura recente no 
direito brasileiro. Apesar de ser previsto pela Constituição de 1988, o artigo 
226 originalmente determinava que as pessoas que não desejassem mais 
conviver conjugalmente deveriam ingressar com uma ação de separação 
judicial e após o período de dois anos poderiam se divorciar de fato. 
Somente após a entrada em vigor da Emenda Constitucional 66/2010, 
que a vontade de uma das partes se tornou o único requisito para que o 
divórcio aconteça. 
Sobre o direito de família, o Código Civil também regula as relações 
de parentesco, que consistem na relação existente entre as pessoas de 
uma mesma família. Existe, no direito de família, o que chamamos de 
parentesco consanguíneo, aquele derivado das relações de sangue (pai 
e filho) e o parentesco por afinidade, originado através da vontade das 
partes em se unirem (marido e mulher). 
Além dessa classificação, os graus de parentesco podem se dar 
horizontalmente ou verticalmente a partir de você, surgindo, portanto, 
as figuras dos ascendentes (pais, avós e bisavós), descendentes (filhos e 
netos) e parentes colaterais (tios, primos). 
Após a promulgação da Constituição de 1988, os filhos havidos 
fora do casamento passaram a ser considerados legítimos, possuindo 
os mesmos direitos dos filhos havidos na constância do casamento, 
fazendo desaparecer do mundo jurídico o termo bastardo. Via de regra, a 
paternidade é reconhecida por meio da certidão de nascimento, porém a 
lei permite, diante da dúvida, a investigação da paternidade. 
Outro ponto importante sobre direito de família presente no 
Código Civil é a questão dos alimentos. Os alimentos são tudo aquilo 
que é necessário para manutenção da vida e sobrevivência de uma 
Noções de Direito
46
pessoa dentro de um modo compatível com sua condição social, como 
alimentação, vestuário, saúde, lazer, entre outros. 
O Código Civil determina que cabe aos descendentes, ascendentes, 
irmãos, cônjuges e companheiros a obrigação de prestação de alimentos 
de forma recíproca. A fixação de alimentos deve sempre levar em conta o 
binômio necessidade e possibilidade, de modo que deve atender sempre 
à necessidade de quem precisa dos alimentos, mas também observada a 
possibilidade de quem deverá paga-los. 
Por fim, abordaremos sobre o bem de família, que se encontra 
disciplinado entre os artigos 1711 e 1722 que constitui um importante 
instituto jurídico. O bem de família constitui uma roupagem, uma proteção 
estabelecida pelo Direito Brasileiro à propriedade familiar. Essa proteção 
dada pelo bem de família impede que o bem seja penhorado, não 
servindo de garantia para o pagamento de dívidas. 
Para que o bem seja considerado de família, a lei civil estabelece 
que eles podem ser determinados pelo cônjuge por escritura pública e 
pode recair sobre imóvel urbano ou rural. 
A legislação também determina que será considerado bem de 
família o único bem de propriedade da entidade familiar, mesmo que 
não haja nenhum registro a respeito, porém, caso o casal possua mais de 
um imóvel com destinação de moraria, será considerado bem de família 
o imóvel de menor valor, salvo se houver determinação no registro no 
imóvel de maior valor para tanto. 
Direito das sucessões
Conforme combinamos no início desse e-book, iríamos tratar de 
questões da vida civil do indivíduo desde o seu nascimento até a sua morte 
e aqui estamos. O Direito das Sucessões é o ramo do Direito Civil que irá 
disciplinar a transmissão das obrigações e do patrimônio de alguém após 
a sua morte aos herdeiros e legatários. 
A sucessão deve ser aberta sempre após o falecimento do autor da 
herança e no local de seu último domicílio. Aberta a sucessão, a herança 
Noções de Direito
47
deixada pelo falecido, que é chamado pelo Código Civil de cujus, será 
transmitida a seus herdeiros, meeiros e legatários.
Herdeiro será toda pessoa que recebe os bens do de cujus. Os 
herdeiros classificam-se da seguinte maneira:
a. Herdeiro legítimo – é aquele que é indicado pela lei por ter 
preferência em relação aos demais. São herdeiros legítimos os 
descendentes, o cônjuge sobrevivente, os ascendentes, o cônjuge 
sobrevivente e os colaterais (artigo 1829 do Código Civil);
b. Herdeiro testamentário – é aquele designado em função de 
testamento prévio.
c. Herdeiro universal – é o herdeiro único, quem receberá a 
totalidade da herança. 
A figura do meeiro refere-se ao cônjuge sobrevivente, que terá 
direito à metade do patrimônio do de cujus (a depender do regime de 
casamento). É importante ressaltar que pessoas que são casadas pelo 
regime da separação total de bens não dividem patrimônio, de modo que 
não há o que se falar em meação. Por outro lado, o quantitativo de bens 
que serão objeto da meação também irá variar de acordo com o regime: 
comunhão universal de bens (todos os bens do de cujus) ou comunhão 
parcial de bens (somente os bens adquiridos após o casamento). 
O legatário, por sua vez, constitui pessoa que herda algo certo e 
individualizado do de cujus. O legatário difere-se do herdeiro legítimo 
por não necessariamente ser uma das pessoas do 1829. Além disso, o 
herdeiro é sucessor pela universalidade dos bens, enquanto o legatário 
recebe uma coisa certa e determinada. 
Toda pessoa, ao falecer, possui liberdade de testar sobre 50% do 
seu patrimônio, ou seja, ao morrer, você pode fazer o que quiser com 
metade dos seus bens, sendo a outra metade destinada necessariamente 
a seus herdeiros. 
A sucessão classifica-se em legítima e testamentária. Legítima será 
a sucessão em que ocorrerá de acordo com a vontade do legislador, 
Noções de Direito
48
enquanto a sucessão testamentária seguirá as disposições do de cujus 
antes de seu falecimento. 
A sucessão legítima deverá obedecer a ordem de sucessão 
hereditária estabelecida no artigo 1829 do Código Civil e ocorrerá nos 
casos em que não houver testamento ou que o testamento for declarado 
nulo. A ordem de vocação será sempre: descendentes, ascendentes, 
cônjuges, colaterais até o quarto grau (primos ou tio-avô). Caso o de cujus 
não tenha nenhum parente nessas linhas de sucessão, sua herança será 
considerada jacente e o patrimônio será destinado ao poder público. 
Na ausência de ascendentes (pais e avós) e descendentes (filhos 
e netos), o cônjuge sobrevivente herdará todo o patrimônio do de cujus. 
Independentemente do regime de bens, o cônjuge sobrevivente possui 
direito real de habitação na residência da família quando o imóvel for 
o único do casal, de modo que mesmo que não seja considerado o 
proprietário do imóvel, terá sua posse pelo tempo em que residir no 
imóvel. 
O testamento constitui o ato de última vontade de uma pessoa, pelo 
qual você pode fazer suas últimas declarações. Muitas pessoas no Brasil 
ainda acreditam que o testamento é algo que deve ser feito somente por 
pessoas de muitas posses, não se dando conta que o testamento é um 
ato de última vontade, de modo que você pode dispor do que quiser e 
não somente sobre questões patrimoniais. 
Nesse sentido, é possível que, em sede de testamento, seja 
reconhecido um filho havido fora do casamento, pode-se deserdar 
algum herdeiro ou até mesmo organizar sua vida após a morte, como 
estabelecer quem deve cuidar de seus animais de estimação ou de que 
modo a pessoa deverá dispor de seu patrimônio. 
EXEMPLO: 
“Quanto aos meus livros, quero que Renata, minha secretária, 
procure a instituição de ensino carente e doe-os. Desejo que Alicia 
de Tal, minha vizinha, cuide do meu gato Lary. Desejo que Betina, 
minha amiga, continue honrando o financiamento que fiz para minha 
mãe por meio do meu saldo bancário.”
Noções de Direito
49
Conforme já aprendemos,qualquer pessoa só poderá testar o 
equivalente a metade de seu patrimônio, devendo a outra metade 
constituir a herança necessária. Caso alguém teste um valor acima do 
permitido, a lei civil irá reduzi-lo ao valor legalmente estabelecido no 
processo de inventário. 
O inventário consiste em um processo judicial por meio do qual são 
levantados todos os ativos e passivos da herança. O inventário deve ser 
aberto no local de último domicílio do de cujus e todos os interessados 
(herdeiros, meeiros, legatários) deverão se habilitar por meio de petição feita 
por advogado. Durante o período em que o processo de inventário vai se 
desenvolvendo, o juiz deverá nomear uma pessoa de confiança chamada 
de inventariante para administrar os bens, devendo prestar contas. 
A partilha dos bens consiste em uma das etapas do inventário que 
sucede a habilitação dos herdeiros. É nela em que serão divididos os bens 
conforme o quantitativo de bens e na proporcionalidade dos sucessores. 
É possível que a partilha seja feita pelos sucessores e só homologada pelo 
juiz, nos casos em que não há conflito entre as partes, sendo uma etapa 
que agiliza consideravelmente o processo. Porém, diante de conflito entre 
os herdeiros, é necessário que o juiz interfira no processo e decida como 
proceder. 
A lei civil permite que o inventário e a partilha sejam feitos 
extrajudicialmente, sem a necessidade de se recorrer ao judiciário, nos 
casos em que todos os sucessores estejam de acordo e que não haja 
menores de idade. 
SAIBA MAIS:
A seguir temos um artigo que aborda de maneira brilhante 
a relação entre os companheiros e o direito sucessório, 
ambos temas abordados neste capítulo, que tal conferi-lo? 
Companheiros são herdeiros necessários ou facultativos? 
Disponível aqui. 
Noções de Direito
https://bit.ly/2xx9Ljx
50
RESUMINDO:
E então? Gostou de tudo até aqui? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você iniciou esse capítulo aprendendo sobre o início da 
família por meio do casamento, oportunidade em que 
vimos a diferença entre o casamento e a união estável, a 
possibilidade da união homo afetiva no Brasil e os regimes 
de casamento que vigoram no Brasil: a comunhão universal 
de bens, a comunhão parcial de bens, a separação total 
de bens e o regime de participação final nos aquestos. 
Estudamos também a figura do divórcio e suas alterações 
legislativas. Ainda neste capítulo, em sua primeira parte, 
você pode aprender sobre as relações de parentesco e os 
alimentos, de que forma essa relação se estabelece e, por 
fim, estudamos em que consiste o bem de família no direito 
brasileiro. Na segunda parte deste capítulo você teve a 
oportunidade de aprender sobre o direito das sucessões no 
Brasil. Você pode aprender sobre os conceitos de herdeiros 
existentes no código civil e a diferença entre herdeiro, 
meeiro e legatário. Por fim, aprendemos sobre o processo 
de inventário e partilha.
Noções de Direito
51
REFERÊNCIAS
BRASIL. LEI 10.406/2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF: 
Presidência da República, [2002]. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em 18 fev. 2020. 
DIAS, M.B. Manual das Sucessões. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2015. 
DINIZ, M.H. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 
2016.
REALE, M. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2013.
Noções de Direito
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
	Noções de Direito Civil 
	Conceito de Direito Civil
	Personalidade e capacidade civil
	Dos fatos e atos jurídicos
	Bens e obrigações 
	Bens
	Bens quanto a si mesmos
	Bens reciprocamente considerados
	Bens em relação às pessoas
	Bens em relação a sua comercialidade
	Obrigações 
	Contratos e direitos das coisas
	Contratos
	 Direito das coisas 
	Direito de família e direito das sucessões
	Direito de família
	Direito das sucessões

Outros materiais