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RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS

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Prévia do material em texto

Emerson Guzzi Zuan Esteves
Andréia Moreira da Fonseca Boechat
Ademir Cavalheiro Leite
Relações econômicas 
internacionais
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Esteves, Emerson Guzzi Zuan 
 
 ISBN 978-85-8482-980-4
 1. Comércio internacional. 2. Relações econômicas 
 internacionais. I. Boechat, Andréia Moreira da Fonseca. II. 
 Leite, Ademir Cavalheiro. III. Título. 
 CDD 337 
Zuan Esteves, Andréia Moreira da Fonseca Boechat, Ademir 
Cavalheiro Leite. – Londrina : Editora e Distribuidora 
Educacional S.A., 2017.
 152 p.
E79r Relações econômicas internacionais / Emerson Guzzi 
© 2017 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer 
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente Acadêmico de Graduação
Mário Ghio Júnior
Conselho Acadêmico 
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica 
Mauro Stopatto
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Unidade 1 | Teorias do comércio internacional
Seção 1 - As vantagens comparativas
1.1 | Teorias das vantagens comparativas
1.2 | Teoria das vantagens comparativas ou relativas, segundo David 
Ricardo (1820)
Seção 2 - O modelo de fatores específicos
2.1 | Hipóteses do modelo de fatores específicos
2.1.1 | O modelo estrutural de fatores específicos
2.1.2 | Teoria da indústria infante
Seção 3 - O modelo de Heckscher-Ohlin
3.1 | O modelo de produção simples de H-O
Seção 4 - O modelo geral do comércio
4.1 | Possibilidades de produção e oferta relativa
4.2 | Preços relativos e demanda
4.3 | Determinação do equilíbrio mundial
4.4 | Efeitos dos termos de troca sobre o bem-estar
4.4.1 | Crescimento econômico e deslocamento da RS
4.4.2 | Transferências internacionais de renda e deslocamento da RD
Sumário
7
Unidade 2 | Economia política do comércio internacional
Seção 1 - Características básicas do comércio internacional
1.1 | Evolução histórica do comércio internacional
1.2 | Conceito das vantagens comparativas
1.3 | Custo de produção: fator determinante na política do valor de troca
1.4 | Diversificação da produção
1.5 | Características básicas do comércio internacional
Seção 2 - O livre-comércio 
2.1 | Significado de livre-comércio
2.2 | Equilíbrio do comércio mundial
2.3 | Principais zonas de livre-comércio
2.4 | Protecionismo
2.5 | Desvantagens do protecionismo
Seção 3 - A Política cambial
3.1 | Conceito de câmbio
3.2 | Moedas conversíveis e moedas inconversíveis
3.3 | Conceito de crédito
3.4 | Política de câmbio livre
3.5 | Política de câmbio controlado
3.6 | Monopólio de câmbio
3.7 | Participantes do mercado cambial
3.8 | Câmbio fixo e câmbio flutuante
Seção 4 - Organizações internacionais
4.1 | Conceito de organismos internacionais
4.2 | O Fundo Monetário Internacional (FMI)
10
11
12
18
19
21
25
26
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55
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59
61
61
62
64
64
65
65
65
66
68
68
69
4.3 | O Banco Mundial
4.4 | Organização das Nações Unidas (ONU)
4.5 | Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)
4.6 | Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE)
4.7 | Organização Mundial da Saúde (OMS)
4.8 | Organização Internacional do Trabalho (OIT) 
4.9 | Organização dos Estados Americanos (OEA)
4.10 | World Trade Organization ou Organização Mundial do Comércio
Unidade 3 | O sistema monetário internacional
Seção 1 - Restauração da conversibilidade: dólar; moeda japonesa; 
euromercado
1.1 | O padrão-ouro clássico
1.2 | Arranjos no entre guerras
1.3 | Sistema de Bretton Woods
1.4 | Arranjos pós-Bretton Woods
1.5 | Câmaras de conversão
1.6 | Fundo Monetário Internacional (FMI)
1.7 | Banco Mundial
1.8 | Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) − Organização Mundial 
do Comércio (OMC)
Seção 2 - Globalização financeira e seus impactos sobre as políticas 
monetárias nacionais
2.1 | A internacionalização da economia: globalização produtiva e financeira
2.2 | As Multinacionais e o Investimento Estrangeiro Direto (IDE)
2.2.1 | Transnacionais
2.3 | A globalização do capital
2.4 | As procedências políticas estruturais da globalização do capital
Unidade 4 | Organismos e grupamentos internacionais
Seção 1 - ONU e organismos relevantes OIT, FMI, BIRD, OMC
1.1 | Organização das Nações Unidas (ONU)
1.2 | Organização Internacional do Trabalho (OIT)
1.3 | Fundo Monetário Internacional (FMI)
1.4 | Banco Mundial
1.5 | Organização Mundial do Comércio (OMC)
Seção 2 - OTAN e OEA
2.1 | Organização do Tratado do Atlântico Norte
2.2 |Organização dos Estados Americanos (OEA)
Seção 3 - Grupos econômicos: G-7; G-20; OPEP; BRICS
3.1 | Grupo dos Sete (G-7) e Grupo dos Vinte (G-20)
3.2 | Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
3.3 | BRICS
69
70
71
71
72
72
72
72
82
82
87
89
94
98
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79
102
102
105
106
107
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120
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131
131
132
136
136
138
139
Apresentação
Com o mundo globalizado, o comércio internacional está ganhando 
cada vez mais importância, pois é uma forma de transformar economias 
pequenas e em desenvolvimento, em potências econômicas. No caso do 
Brasil, o comércio exterior contribuiu e muito para que nossa economia 
crescesse por meio da maior competitividade, ou seja, o comércio permitiu 
que as indústrias produzissem mais do que a capacidade do mercado 
interno, por exemplo, o setor primário da economia brasileira (como você 
sabe somos um dos maiores exportadores de produtos primários, grãos).
Apesar de toda a importância, as exportações brasileiras em termos 
de valores monetários ainda são pequenas, se comparadas a países 
do mesmo porte do nosso. Esse fato demonstra a necessidade de 
estudarmos os problemas relacionados com a economia internacional 
e com o comércio exterior, ou seja, é preciso compreender as relações 
entre os países. 
Para isto, temas como teoria do comércio internacional; 
desenvolvimento econômico teórico recente, economias e 
deseconomias externas, concorrência imperfeita, comércio intraindústria, 
transferência de tecnologia; políticas e comércio internacional com ênfase 
ao livre-comércio, protecionismo e neoprotecionismo e organismos 
internacionais; e o sistema financeiro e monetário internacional serão 
tratados nesta disciplina. 
Assim, a disciplina Relações Econômicas Internacionais irá lhe 
proporcionar conhecimentos sobre a economia internacional, já que 
você, como futuro economista, precisa compreender as relações entre 
os países para poder avaliar as decisões tomadas pelo governo e também 
pelas empresas, principalmente as multinacionais. 
Bons estudos, 
Os autores.
U1 - Teorias do comércio internacional 7
Unidade 1
Teorias do comércio 
internacional
O intuito central da unidade é possibilitar uma noção 
elementar sobre as principais teorias do comércio exterior, 
de forma objetiva e clara. A proposta é fazer um resumo 
geral para apresentar ao estudante como começaram, quais 
foram as teorias, o que elas recomendavam e por quais 
motivos se completaram. Logo, pretende-se contextualizar 
o desenvolvimento e as principais teorias do comércio 
internacional, para um melhor entendimento das relações 
comerciaisentre países.
Nesse contexto, para dar conta desse conteúdo, a unidade está 
composta por quatro seções, conforme apresentado a seguir.
Objetivos de aprendizagem
Nessa seção você conhecerá os principais conceitos e características dessa 
teoria, que busca explicar os mecanismos que decidiam a escolha dos produtos 
a serem produzidos e comercializados internacionalmente.
Seção 1 | As vantagens comparativas
Nessa seção você conhecerá os principais conceitos e características deste 
modelo, no qual busca-se analisar, entre outros temas, o impacto do comércio 
internacional em relação à distribuição de renda interna dos países envolvidos.
Seção 2 | O modelo de fatores específicos
Nessa seção você conhecerá os principais conceitos e características deste 
modelo, que é um “clássico” do comércio internacional, agregando à explicação 
do comércio internacional, entre outras circunstâncias, a importância das 
diferenças nas dotações de fatores entre os países.
Seção 3 | O modelo de Heckscher-Ohlin
Emerson Guzzi Zuan Esteves
U1 - Teorias do comércio internacional8
Nessa seção você conhecerá os principais conceitos e características do 
Modelo Geral de Comércio, que é construído com base em quatro relações.
Seção 4 | O modelo geral do comércio
U1 - Teorias do comércio internacional 9
Introdução à unidade
Nesta obra, você terá oportunidade de conhecer a teoria do 
comércio internacional, que surgiu da necessidade de explicação 
das trocas internacionais. Ao estudar essa teoria, você fortalecerá os 
conhecimentos necessários para compreender que esta remonta 
aos autores clássicos (com destaque para as contribuições de Adam 
Smith e David Ricardo), além de conseguir desenvolver uma análise 
plausível de generalização a qualquer país, assim se contrapondo às 
concepções protecionistas dos mercantilistas. Dessa forma, você 
poderá fazer uma leitura mais qualitativa sobre como são geradas as 
trocas internacionais.
Portanto, o objetivo geral desta unidade é apresentar os conceitos 
da teoria do comércio internacional, que é o estudo das trocas 
internacionais dos agentes econômicos, isto é, da forma como estes 
procedem dado um conjunto de diferentes opções, comparando os 
benefícios e inconvenientes para a satisfação dos seus interesses.
U1 - Teorias do comércio internacional10
Seção 1
As vantagens comparativas
Introdução à seção
Uma das diversas hipóteses desenvolvidas por David Ricardo, 
focada no desenvolvimento recíproco e no comércio internacional, 
foi o Princípio dos Custos Comparativos, também conhecido como 
Teoria das Vantagens Comparativas (GILPIN, 2002).
O cerne dessa teoria está na busca pela explicação dos mecanismos 
que decidiriam a escolha dos produtos a serem produzidos e 
comercializados internacionalmente. Isso ocorre preservando-se a 
vocação individual e a busca da produtividade sistemática. 
De tal modo, observando países mais pobres, que não apresentam 
condições de produzir com custos menores para competir perante 
o mercado internacional, David Ricardo buscou analisar alternativas 
que garantissem a manutenção do comércio abarcando tais países, 
sem acarretar um desequilíbrio de suas riquezas (FOSCHETE, 2003).
Caso uma circunstância extremamente contraditória entre as 
condições dos países fosse analisada pela teoria das vantagens 
absolutas de Adam Smith, essa demonstraria a inviabilidade de 
existência do comércio internacional entre eles, pois uma das 
escolhas apontadas por Ricardo seria o comércio entre todos os 
países sem a determinação de vantagens absolutas na produção de 
qualquer produto (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Para saber mais
David Ricardo (Londres, 18 de abril de 1772 – Gatcombe Park, 11 de 
setembro de 1823). Considerado como um dos fundadores da escola 
clássica inglesa da economia política, juntamente com Adam Smith e 
Thomas Malthus. David Ricardo exerceu uma grande influência tanto 
sobre os economistas neoclássicos, como sobre os economistas 
U1 - Teorias do comércio internacional 11
Para saber mais
marxistas, o que revela sua importância 
para o desenvolvimento da ciência 
econômica. Os temas presentes em 
suas obras incluem a teoria do valor-
trabalho, a teoria da distribuição (as 
relações entre o lucro e os salários), 
o comércio internacional, temas 
monetários (WIKIPEDIA, 2017a).
1.1 Teorias das vantagens comparativas
A fim de obter respostas para questões como: por que duas 
nações distintas comercializam? É melhor para ambas o comércio 
mútuo? Quais produtos devem ser comercializados? - os economistas 
clássicos elaboraram a Teoria das Vantagens Comparativas.
Primeiramente, a teoria afirma que duas nações têm relações 
comerciais quando apresentam custos de produção distintos. Em 
segundo lugar, deduz que uma nação exportará sempre aquele 
produto que gerar custos relativamente menores do que o de outro. 
E, por fim, a partir destes resultados, argumenta que o comércio entre 
dois países (nações) é benéfico para ambos. Com ela, pretende-se 
definir os princípios que regem a divisão internacional do trabalho e, 
ao mesmo tempo, assegurar a mais ampla liberdade de comércio 
entre países (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Fundamentados nesse tipo de raciocínio, os clássicos concluíram 
que seria muito melhor para todos os países especializarem-se 
na produção daqueles bens em que tivessem melhor vantagem 
comparativa. Entretanto, para o funcionamento da previsão dos 
clássicos, era necessário que a teoria das vantagens comparativas 
fosse uma teoria realista. Nenhum país contemporâneo adota uma 
política de livre-comércio sem restrições à importação, abandonando 
sua economia e deixando-a completamente exposta à concorrência 
internacional (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
U1 - Teorias do comércio internacional12
Questão para reflexão
Você consegue entender como a Teoria das vantagens comparativas 
pode impactar seu cotidiano? Seus efeitos são iguais sobre pessoas e 
países com rendas diferentes? Por quê?
1.2 Teoria das vantagens comparativas ou 
relativas, segundo David Ricardo (1820)
1.2.1 A formulação original do modelo
O modelo das vantagens comparativas ou relativas, de David 
Ricardo, mostra que um país continua no comércio internacional 
produzindo um bem no qual seja eficiente, mesmo não sendo eficiente 
na produção dos demais bens (GILPIN, 2002). 
Para um melhor entendimento da teoria das vantagens comparativas, 
observa-se o exemplo do Quadro 1.1, proposto por David Ricardo, com 
dois países, dois produtos, conforme segue a exemplificação:
Fonte: adaptado de Salvatore (2007).
Quadro 1.1 | Relação Custo x Produtividade 
Bens: Tecido e Vinho
Custo (horas de traba-
lho necessárias para 
produzir 1)
Produtividade (produção 
por hora de trabalho)
Países Tecido Vinho X Y
Inglaterra 100 120 1/100 1/120
Portugal 90 80 1/90 1/80
Os custos unitários ou as produtividades são determinados pelas 
tecnologias dos países, tanto na ótica de Adam Smith, como na de 
David Ricardo. Na exemplificação do Quadro 1.1, o país menos 
desenvolvido, Portugal, apesar de sua condição, é absolutamente 
mais eficiente na produção de ambos os bens - logo, trata-se de um 
paradoxo. Para David Ricardo, no contexto das vantagens absolutas, 
não haveria comércio entre os dois países. Entretanto, para determinar 
o padrão de especialização e troca, é necessário utilizar o conceito de 
vantagens comparativas (SALVATORE, 2007). 
U1 - Teorias do comércio internacional 13
Convencionalmente, considerando que em economia fechada 
verifica-se uma troca de semelhantes, para tal, uma equivalência nos 
valores totais da produção nos dois bens pode estimar as Razões de 
Troca Autônomas (RTA) em cada um dos países. Observe a Figura 1.1, 
em que Q representa Quantidades, C representa Custos Unitários e, 
por exemplo, RTAPortugal T/1V representa a RTA de Tecido por um de 
Vinho em Portugal:
Fonte: adaptado de Salvatore (2007).
Figura 1.1 | Equivalência nos valores globais da produção, custos relativos a Razões 
de Troca Autônomas (RTA)
Fonte:adaptado de Salvatore (2007).
Quadro 1.2 | Custos relativos, representado matricialmente
Custos relativos
Países Tecido Vinho
Inglaterra 0,83(3) 1,2
Portugal 1,125 0,88(8)
O Quadro 1.2 demonstra o custo relativo de 0,88, que é RTAPortugal 
T/1V ou seja, o custo do Vinho comparativamente ao Tecido em 
Portugal. De onde, avaliando o custo relativo de cada bem em 
comparação ao outro, entende-se que Portugal tem uma vantagem 
relativa na produção de Vinho e a Inglaterra tem uma vantagem relativa 
na produção de Tecido. Para tal, o custo comparativo do Vinho é 
menor em Portugal, 0,88(8) < 1,2, e o custo comparativo do Tecido é 
menor na Inglaterra, 0,83(3) < 1,125 (SALVATORE, 2007). Em palavras, 
a Inglaterra é comparativamente menos eficiente na produção de 
Vinho e Portugal é menos eficiente na produção de Tecido, devido 
U1 - Teorias do comércio internacional14
aos diferentes custos relativos os países possuem estímulos à troca. 
Logo, a Inglaterra deve especializar-se totalmente na produção de 
Tecido e Portugal na produção de Vinho (SALVATORE, 2007). 
Resumindo, a especialização ocorre por causa das vantagens 
comparativas. No exemplo apresentado, cada país acaba por 
especializar-se na produção dos bens na qual possui o menor custo 
relativo (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Após conhecido o padrão de especialização, só será concretizada 
a troca caso existam estímulos para tal, havendo uma Razão de Troca 
Internacional (RTI) que favoreça a especialização nos dois países. 
Dessa forma, a especialização inglesa em tecido somente ocorrerá se 
alcançar no mercado internacional mais do que 0,83(3) unidades de 
Vinho (litros), por cada unidade de Tecido (metros), ou seja, mais Vinho 
do que se alcançaria internamente por metros de Tecido. Da mesma 
forma, os portugueses deveriam se especializar na produção de Vinho 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Em síntese, caso o interesse na troca entre os países se concretize, 
a RTI deverá estar compreendida entre os valores das RTAs. Assim, para 
David Ricardo, caso a RTI totalize 21 unidades, por exemplo, haveria 
comércio se a RTA fosse de 20 ou menos unidades (KRUGMAN; 
OBSTFELD, 2010).
David Ricardo não se atentou ao sentido objetivo da repartição dos 
benefícios por países, no entanto, existe a possibilidade de se provar, 
no que diz respeito aos benefícios da troca, que o país mais favorecido 
é aquele que tiver a RTI mais distante da RTA. No exemplo, vejamos 
como efetivamente os dois países lucram. Suponha-se que a RTIT/1V=1 
e que cada país precisa de uma unidade de cada um dos produtos para 
contentar seus anseios internos. Diante do exposto, pode-se verificar 
que a Inglaterra é a mais beneficiada com a troca de 1,2-1 > 1-0,88(8) 
(SALVATORE, 2007).
É importante terminar a análise do modelo (original) de Ricardo 
considerando as seguintes proposições:
1. Apesar do modelo não ser realista (principalmente em relação 
à estrutura de custos observados), a especialização que origina 
não é absolutamente “inocente”. Ela prega uma especialização 
industrial para a Inglaterra que, no longo prazo, levaria a 
altos benefícios e teria maiores ganhos do que os adquiridos 
por aqueles que viessem a se especializar em agricultura 
U1 - Teorias do comércio internacional 15
(problemática tácita da comparação entre as vantagens de 
curto prazo em relação às de longo prazo) (GILPIN, 2002). 
2. Tanto para Adam Smith quanto para David Ricardo, a 
especialização internacional é associada aos fenômenos do 
crescimento econômico, da distribuição do rendimento e da 
acumulação de capital. Embora observa-se, no nível dessa 
função, uma pequena disparidade para ambos os autores, 
que se localiza intimamente associada à diferente conjuntura 
histórica-econômica em que viveram (GILPIN, 2002).
Desse modo, havia a necessidade da importação de produtos 
agrícolas, visto que era possível reduzir as áreas agrícolas necessárias e 
ampliar a área disponibilizada à industrial, bem como suprir alimentos 
a preços menores, libertando-se fatores necessários à indústria e 
reduzindo o peso da agricultura. No nível da função esperada do 
comércio externo, enquanto Adam Smith priorizava as exportações, 
David Ricardo destacava as importações (GILPIN, 2002).
3. Diversas vezes entende-se que um país maior, devido ao 
seu tamanho e poder econômico, pode conseguir todos os 
benefícios do comércio, tendo vantagem relativamente a um 
país de menor tamanho e sem poder. No entanto, para a teoria 
clássica este pensamento é incorreto. De fato, quando dois países 
de tamanho muito diferentes trocam entre si, todos os ganhos 
podem passar para o país menor, e o país grande não ganha nada 
(SALVATORE, 2007). 
Suponhamos, pelo Quadro 1.3, que o mundo consiste em dois 
países, sendo o país A de grande dimensão e o país B de pequena 
dimensão, e que produzem dois bens, X e Y, conforme segue a matriz 
de produtividades:
Fonte: adaptado de Salvatore (2007).
Quadro 1.3 | Quadro de produtividades de dois bens e dois países
Unidades de bem por unidade de fator 
(output por unidade de trabalho)
Países X Y
A 4 8
B 1 6
U1 - Teorias do comércio internacional16
Assim, A é definitivamente mais eficiente a produzir ambos os 
bens, pois, de acordo com a teoria das vantagens absolutas, não 
haveria troca, logo, a partir da teoria das vantagens comparativas de 
David Ricardo, no Quadro 1.4, segue a matriz de custos relativos:
Fonte: adaptado de Salvatore (2007).
Quadro 1.4 | Matriz de custos relativos
Custos relativos
Países X Y
A ______1/4
1/8
= 2 ______1/8
1/4
= 0,5
B ______1/1
1/6
= 6 ______1/6
1/1
= 0,16(6)
Analisando, observa-se que o país A teria vantagem relativa em 
X e o país B tem vantagem relativa em Y, uma vez que, devido à 
grande diferença de tamanho, é impossível a B suprir a totalidade 
do mercado de A para o bem Y. Logo, o país A também produz Y, 
pelo que os preços mundiais refletirão os custos do país A, ou seja, 
os termos de troca serão equiparados com os preços comparativos 
do país A. Nessas circunstâncias, A não ganha nada e todos os 
benefícios do comércio irão para o país B (SALVATORE, 2007). 
4. O livre-comércio é mutuamente benéfico se e só se existir 
vantagem comparativa (GILPIN, 2002).
Suponha-se, por exemplo, o seguinte caso, apresentado no 
Quadro 1.5:
Fonte: adaptado de Gilpin (2002).
Quadro 1.5 | Matriz de trocas relativas
Unidades de bem por unidade de fator 
(output por unidade de trabalho)
Países X Y
A 4 8
B 1 2
Logo, de acordo com a teoria das vantagens absolutas não 
haveria troca (A é absolutamente mais eficiente a produzir ambos os 
bens). No Quadro 1.6, observamos em termos de custos relativos:
U1 - Teorias do comércio internacional 17
Fonte: adaptado de Gilpin (2002).
Quadro 1.6 | Matriz de custos relativos
Custos relativos
Países X Y
A ______1/4
1/8
= 2 ______1/8
1/4
= 0,5
B ______1/1
1/2
= 2 ______1/2
1/1
= 0,5
Por conseguinte, nesse caso não há bases para o comércio 
reciprocamente benéfico, pois a relativa superioridade de A é idêntica 
em X e Y. Trata-se de um caso especial de mesma vantagem, no 
qual nenhum país tem vantagem comparativa em nenhum dos bens 
(GILPIN, 2002).
Atividades de aprendizagem
1. Qual a diferença entre o modelo ricardiano de vantagens comparativas e 
o modelo de vantagens absolutas de Adam Smith? Mostre essas diferenças 
por meio de um exemplo.
2. Qual a importância dos salários no modelo ricardiano? 
U1 - Teorias do comércio internacional18
Seção 2
O modelo de fatores específicos
Introdução à seção
A renda é a remuneração aos proprietários dos fatores de produção 
por sua utilização. No modelo Ricardiano, em que há só um tipo de 
fator de produção escasso (a mão de obra homogênea) e inexistem 
custos ou barreiras para a movimentação do fator trabalho entre 
os diferentes setores produtivos, a questão da distribuição da renda 
interna não pode ser avaliada de forma adequada (GILPIN, 2002).
As limitações do modelo ricardiano não acabam com sua utilidade, 
pois seus resultados básicossobre a relação entre a produtividade 
e a remuneração aos fatores e referente à existência de potenciais 
ganhos com o comércio sempre que os custos de oportunidade 
relativos sejam diferentes entre os países são inatacáveis e válidos. 
Para tratar de questões mais apuradas, entretanto, uma especificação 
mais precisa e detalhada da estrutura das economias passa a ser 
necessária (GILPIN, 2002).
Com o modelo de fatores específicos (Paul Samuelson e Ronald 
Jones), busca-se analisar, entre outros temas, o impacto do comércio 
internacional em relação à distribuição de renda interna dos países 
envolvidos. Este não é o único modelo adequado para tratar do tema 
da distribuição de renda, mas é um modelo que se destaca nessa 
modalidade de análise (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Para tratar do assunto da distribuição de renda interna, o novo 
modelo exige alterações em diversas hipóteses simplificadoras do 
modelo ricardiano. No modelo de fatores específicos mais simples, há 
dois países, dois bens e três fatores de produção (Capital, Terra e Mão 
de Obra). As tecnologias de produção estão sujeitas a rendimentos 
marginais decrescentes, sendo Capital e Terra específicas dos 
respectivos setores de produção, ressalta-se observar que estes recursos 
não podem ser deslocados da produção de um bem para a de outro. O 
trabalho, como no modelo ricardiano, permanece homogêneo e com 
mobilidade entre os setores (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
U1 - Teorias do comércio internacional 19
Para saber mais
Paul Anthony Samuelson (Gary, 
15 de maio de 1915 – Middlesex, 
Massachutes, 13 de dezembro de 2009) 
foi um economista americano da escola 
neokeynesianista. É considerado um 
economista “generalista”, no sentido de 
que suas contribuições para a ciência 
econômica são aplicadas em vários 
campos (WIKIPEDIA, 2017d).
2.1 Hipóteses do modelo de fatores específicos
O comércio internacional, em decorrência da distribuição de 
renda, mostra que recursos não podem mudar de um setor para 
outro de forma imediata e sem custo, e que as indústrias possuem 
diferenças quanto aos fatores de produção demandados. O modelo 
de fatores específicos é composto por dois bens: manufaturas e 
alimentos; e três fatores: terra, capital e trabalho. O trabalho é um 
fator variável, logo, pode se mover de um setor para o outro; já os 
fatores capital e terra são específicos e só são utilizados na fabricação 
de um bem, ou seja, a terra somente será utilizada na produção de 
alimentos e o capital para a fabricação de manufaturas. Este modelo 
possui mercados em perfeita concorrência (FOSCHETE, 2003).
O estado de pleno emprego exige que o abastecimento de toda a 
economia seja uma somatória do trabalho empregado na produção 
de alimentos e o trabalho empregado na fabricação de manufaturas. 
A curva de possibilidade de produção retrata como a formação dessa 
produção move-se à medida que o trabalho é deslocado de um 
setor para o outro. O formato da função de produção retrata a lei dos 
rendimentos decrescentes, que mostra que a cada incremento de 
trabalhadores na produção sem que haja elevação de trabalhadores 
na fabricação do capital empregado, cada trabalhador terá menos 
capital para trabalhar, ou seja, cada elevação sucessiva na produção 
de trabalho adicionará menos que o anterior na produção (AMADO, 
2003).
U1 - Teorias do comércio internacional20
A partir do ponto em que os preços dos dois bens alteram na 
mesma proporção, não ocorrem mudanças reais. Logo, a taxa de 
salário eleva-se na mesma proporção que os preços, de modo que 
os salários reais não são alterados. As rendas reais de detentores 
de capital e proprietários de terra também se mantêm. O salário 
eleva-se menos que proporcionalmente ao incremento nos preços 
relativos. Supondo uma elevação no preço da manufatura, o efeito 
econômico dessa elevação sobre a renda dos trabalhadores não 
poderia ser inferido se estivesse em melhor ou pior situação, por 
existir uma dependência da importância relativa que as manufaturas e 
os alimentos têm na economia em questão. Quanto aos detentores 
de capital, com certeza ficariam melhores e os proprietários de terra 
certamente piores (AMADO, 2003).
O comércio internacional no modelo de fatores específicos 
mostra que a oferta relativa dos países pode divergir devido às 
diferenças de tecnologia e fatores de produção. Um país que tenha 
mais capital do que terra tende a produzir uma proporção maior entre 
manufaturas e alimentos a quaisquer preços dados. Em um país que 
não faz comércio, a produção de um bem deve ser a mesma que 
seu consumo. O comércio internacional viabiliza que a composição 
de manufaturas e alimentos utilizada seja distinta da composição 
produzida, pois o padrão de comércio também retrata que um país 
não pode gastar mais do que recebe (FOSCHETE, 2003).
O comércio internacional tem grande influência na distribuição de 
renda dentro dos países, logo, gera tanto perdedores quanto ganhadores. 
Os efeitos da distribuição de renda são dados por dois motivos: os 
fatores de produção não podem se mover, instantaneamente e sem 
custo, de uma indústria para outra, e as alterações na composição do 
produto de uma economia têm efeitos distintos sobre a demanda e os 
fatores de produção (FOSCHETE, 2003).
O modelo de fatores específico é útil para os efeitos da distribuição 
de renda do comércio internacional, pois, neste modelo, as diferenças 
nos recursos podem fazer com que os países tenham curvas de 
ofertas relativas distintas, o que estimula o comércio internacional. Os 
fatores específicos dos setores de exportação em cada país mostram 
ganhos do comércio, enquanto os fatores específicos dos setores 
que competem com as importações perdem. Logo, os fatores 
móveis podem ser utilizados nos dois setores, podendo então ganhar 
U1 - Teorias do comércio internacional 21
ou perder. Em suma, o comércio produz ganhos gerais no sentido 
limitado de que os que ganham podem, a priori, compensar os que 
perdem, continuando ainda em melhor situação do que estavam 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Para saber mais
Ronald Winthrop Jones (nascido em 
1931) é um influente economista do 
comércio internacional e professor 
Xerox de Economia na Universidade 
de Rochester. Seu recente e altamente 
aclamado livro Globalization and 
Theory of Input Trade (2000) resume 
muito de seu trabalho anterior e 
também discute a tendência recente do 
mercado em direção à fragmentação e 
terceirização do processo de produção 
(WIKIPEDIA, 2007e).
2.1.1 O modelo estrutural de fatores específicos
O modelo de fatores específicos segundo Krugman e Obstfeld 
(2010), é formalizado a partir da seguinte composição:
1) Estrutura:
a) 2 bens:
i) Manufaturas (M)
ii) Alimentos (A)
b) 2 países:
i) local (doméstico/interno)
ii) estrangeiro (“*”)
c) 3 fatores escassos:
i) 2 específicos aos setores (indústrias)
U1 - Teorias do comércio internacional22
(1) Capital, K, usado apenas na produção de manufaturas
(2) Terra, T, usado apenas na produção de alimentos
ii) 1 fator não específico:
(1) Mão de obra, L, usada tanto na produção de manufaturas, 
LM, quanto na produção de alimentos, LA.
 d) Tecnologia − Funções de Produção:
i) Produção de manufaturas 
Q
M
 = Q
M
 (K,L
M
)
 (Produtividade Marginal do Trabalho Positiva)
 (Rendimentos Marginais Decrescentes)
 (Produtividade Marginal do Capital Positiva)
ii) Produção de Alimentos 
 
 Q
A
 = Q
A
(T,L
A
) (Produtividade Marginal do Trabalho Positiva) 
 
 (Rendimentos Marginais Decrescentes)
 
 (Produtividade Marginal da Terra Positiva)
e) Graficamente (F = Food = Alimentos):
____ = PMg
1.M
 > 0∂QM
∂L
_______ < 0
∂PMg
LM
∂L
____ = PMg
KM
 > 0∂QM
∂K
____ = PMg
1.A
 > 0∂QA
∂L
_______ < 0
∂PMg
LA
∂L
____ = PMg
TA
 > 0∂QA
∂T
Questão para reflexãoVocê consegue entender como o modelo de fatores específicos pode 
impactar seu cotidiano? Seus efeitos são iguais sobre pessoas e países 
com rendas diferentes? Por quê?
U1 - Teorias do comércio internacional 23
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.2 | Produtividade marginal do trabalho positiva e formato da função de produção
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.3 | Acréscimo no estoque do capital a PMgL aumenta para cada nível de 
utilização de trabalho (QM)
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.4 | Acréscimo no estoque do capital a PMgL aumenta para cada nível de 
utilização de trabalho: Q
M
 = QM(K
1
,L
M
)
Output Q
M
Q
M
 = Q
M
(K.L
M
)
Labor
input, L
M
Marginal product
of labor, MPL
M
MPL
M
Labor
input, L
M
Input, QM Q = Q (K , L )M M r M
Q = Q (K, L )M M M
Labor
input, LM
U1 - Teorias do comércio internacional24
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.5 | Solução gráfica do modelo
iii) Pleno Emprego: o estado de pleno emprego dos fatores agora 
é tríplice:
(1) K = K, tal que, todo o estoque de capital é utilizado.
(2) T = T, tal que, todo o estoque de terra é utilizado.
(3) L = L
M
 + L
A
iv) se as condições (a), (b) e (c) forem atendidas, a economia 
estará empregando plenamente seus recursos, dada as condições 
observadas sobre a Fronteira de Possibilidades de Produção (FPP). 
Supõe-se, na análise da Figura 1.5, que a economia esteja operando 
em pleno emprego, ou seja, que as três condições acima sejam 
satisfeitas.
O gráfico mostra nos quadrantes superiores esquerdos e inferiores 
direito as funções de produção de alimentos e manufaturas, 
respectivamente. Na elaboração destas curvas, supõe-se que os 
estoques de insumos específicos, T e K, sejam iguais aos totais 
disponíveis na economia, o que garante o pleno emprego destes dois 
fatores na análise (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Para assegurar o pleno emprego da mão de obra, o quadrante 
inferior esquerdo exibe a restrição de plena utilização deste fator, que 
pode ser deslocado, sem custos, entre os dois setores (produção de 
alimentos e de manufaturas). Sobre a restrição L = LA + LM, a mão de 
obra está plenamente utilizada (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
1
2
3
1’
2’
3’
L
LA
2
QM
2
LM
2
QA
2
PP
AA
L
Q = Q (S,L )A A A
Função de produção 
de alimentos
Fronteira de possibilidades de
produção da economia (PP)
Alocação de trabalho
na economia (AA)
Função de produção
de manufaturas
U1 - Teorias do comércio internacional 25
A explicação da Figura 1.5 é bastante simples, pois para produzir 
cada vez mais alimentos é necessário arcar com os custos crescentes 
em fazê-lo: tanto a produtividade marginal do trabalho diminui na 
produção de alimentos (mais horas de trabalho são necessárias à 
produção de cada unidade de alimentos incrementais), quanto o custo 
da redução na produção de manufaturas aumenta (mais unidades 
de manufaturas são desprezadas de produzir a cada unidade de 
mão de obra deslocada para a produção de alimentos) (KRUGMAN; 
OBSTFELD, 2010).
2.1.2 Teoria da indústria infante
A Teoria da Indústria Infante foi formulada por autores alemães e 
americanos, ainda no século XIX, em rebate à Teoria das Vantagens 
Comparativas. Ela nasce da constatação de que o país que se 
industrializar primeiro assume tais vantagens comparativas na 
produção industrial, em detrimento dos demais países. Foi o que 
aconteceu com a Alemanha e os Estados Unidos no século passado 
(SILVA; CARVALHO, 2007). 
A indústria alemã não tinha capacidade de concorrer em condições 
de igualdade, no mercado nacional, com a britânica. Logo, para 
viabilizar sua industrialização, os Estados Unidos e a Alemanha passaram 
a proteger seus mercados internos, cobrando altas tarifas aduaneiras 
sobre produtos importados que competissem com os de suas próprias 
indústrias. A Teoria da Indústria Infante surgiu, de certa forma, para 
justificar essa prática protecionista (SILVA; CARVALHO, 2007).
No Brasil, durante o auge do ciclo cafeeiro (1840-1930), o 
argumento da “indústria infante” foi largamente utilizado para defender 
políticas aduaneiras favoráveis aos ramos que procuravam substituir 
as importações nesse período (GONÇALVES, 2000).
Atividades de aprendizagem
1. Quais as contribuições adicionais do modelo de comércio com fator 
específico em relação ao modelo de vantagens comparativas? Em quais 
conclusões há convergência e em quais há divergência? 
2. Sob quais pressupostos ocorrerá o comércio internacional? 
U1 - Teorias do comércio internacional26
Seção 3
O modelo de Heckscher-Ohlin
Introdução à seção
O modelo Hecksher-Ohlin (H-O) é um “clássico” do comércio 
internacional, agregando à explicação do comércio internacional, entre 
outras circunstâncias, a importância das diferenças nas dotações de 
fatores entre os países. Eli Hecksher e Bertil Ohlin são suecos, sendo que 
esse último recebeu o Nobel em 1977 (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
O comércio internacional é influenciado pelas dotações relativas 
de fatores e cabe ressaltar que o país que tem mais terra (em 
comparação aos outros países), geralmente tem uma vantagem na 
produção de bens que utilizem esse insumo de forma intensiva. O 
tratamento explícito da importância das proporções de fatores fez 
com que este modelo também fosse conhecido como o “modelo de 
proporções de fatores” (SILVA; CARVALHO, 2007).
Em sua versão mais clássica, aqui analisada, o modelo H-O supõe 
2 economias, cada qual produzindo 2 bens e usando 2 fatores, que é 
o de modelo 2 x 2 x 2.
Diversos teoremas importantes decorrem do modelo H-O, sendo:
i) Um país exporta os bens cuja produção é intensiva na utilização 
dos fatores de produção que lhe são relativamente fartos (KRUGMAN; 
OBSTFELD, 2010).
ii) Se as tecnologias e produtos nos dois países forem iguais e todos 
os produtos forem produzidos em todos os países (especialização 
incompleta), os preços dos fatores serão iguais nos dois países, o 
que é chamado de teorema da equalização dos preços dos fatores 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
iii) Qualquer efeito do comércio que aumente o preço local do 
produto importado beneficia os donos do fator produtivo usado 
intensivamente na produção do bem concorrente do importado, 
o que é chamado de Teorema de Stolper Samuelson (KRUGMAN; 
OBSTFELD, 2010).
U1 - Teorias do comércio internacional 27
Para saber mais
Eli Filip Heckscher (24 de 
novembro de 1879 - 23 de 
dezembro de 1952) foi um 
economista político sueco e 
historiador econômico. De 
acordo com uma bibliografia 
publicada em 1950, tinha, a partir 
do ano anterior, publicado 1.148 
livros e artigos, entre os quais se 
pode mencionar o seu estudo 
do Mercantilismo, que tinha sido 
traduzido para várias línguas, 
e uma monumental história 
econômica da Suécia em vários 
volumes. É mais conhecido por um modelo explicando padrões no 
comércio internacional, pelo modelo Hecksher-Ohlin (H-O) que 
desenvolveu com Bertil Ohlin na Escola de Economia de Estocolmo 
(WIKIPEDIA, 2007b).
3.1 O modelo de produção simples de H-O
David Ricardo não se preocupou em explicar o porquê de as 
produtividades divergirem entre os países, pois no seu ponto de 
análise, o que explica as vantagens comparativas é o simples fato de 
os países se beneficiarem de diferentes tecnologias, logo, de diferentes 
produtividades do fator trabalho. Por sua vez, na abordagem neoclássica, 
pela ótica da demanda, são as diferenças em relação à procura é que 
determinam diferentes preços, e, contudo, fornecem os incentivos à 
relação de trocas no comércio entre países (SILVA; CARVALHO, 2007). 
Segundo Krugman e Obstfeld (2010), para melhor entendimento 
da nova abordagem neoclássica, apresenta-se o modelo de H-O, com 
uma série de hipóteses e pressupostos.
Hipóteses:
• Fabricam-se duas mercadorias, 1 e 2, com o auxílio de dois 
fatores primários e homogêneos: capital (K) e trabalho (L).
• As funções de produção são do tipo Qi = F (Ki, Li), com i = 1,2, 
U1- Teorias do comércio internacional28
sendo funções homogêneas de grau um, com rendimentos 
constantes à escala, e infinitamente diferenciáveis e contínuas.
• A categorização dos dois bens de acordo com a sua intensidade 
fatorial é inequívoca para todos os preços relativos dos fatores, 
ou seja, não existe reversibilidade das intensidades fatorais.
• Há mobilidade dos fatores entre os setores do país, porém 
imobilidade entre os países. Os preços dos fatores são 
maleáveis, o que garante o pleno emprego.
• A oferta dos fatores é restringida, ou seja, autônoma dos 
seus preços.
• Os países têm dotações relativas de fatores distintos.
• Os conhecimentos tecnológicos estão da mesma forma 
disponíveis para todos os países e sem custo. Assim, a função 
de produção é idêntica nos dois países para o mesmo produto.
• Os bens movimentam-se internacionalmente de uma forma 
independente, sem custos de transporte, barreiras alfandegárias 
ou outros empecilhos ao comércio livre.
• Existe concorrência perfeita tanto no mercado dos bens como 
no mercado de fatores produção.
• Cada consumidor tenta maximizar uma função de utilidade 
análoga e homotética, ou seja, a elasticidade rendimento 
da procura é unitária para cada bem nos dois países. 
Apresentadas as diversas hipóteses do modelo de Heckscher-Ohlin 
(H-O), pode-se concluir que cada país goza de vantagens comparativas 
nos bens que usam mais intensivamente o seu fator mais abundante, 
ou seja, relativamente mais barato (SILVA; CARVALHO, 2007).
Questão para reflexão
Você consegue entender como o Modelo de Heckscher-Ohlin (H-O) 
pode impactar seu cotidiano? Seus efeitos são iguais sobre pessoas e 
países com rendas diferentes? Por quê?
O modelo H-O admite que, em longo prazo, os fatores produtivos 
são substituíveis entre si. Isso significa que se, por hipótese, o preço 
do trabalho (w) aumenta em relação ao preço do capital (r), em longo 
prazo as empresas trocarão trabalho por capital: utilizarão mais trabalho 
U1 - Teorias do comércio internacional 29
e menos capital para produzir cada unidade de produto (KRUGMAN; 
OBSTFELD, 2010).
Por exemplo, em um determinado período as empresas de uma 
indústria utilizam duas unidades de trabalho e duas unidades de capital 
para produção de uma unidade de produto final, logo, um acréscimo 
do preço relativo do trabalho levará essas empresas a produzirem 
uma unidade de produto final com base em três unidades de capital 
e somente uma unidade de trabalho (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Em esquema:
2K + 2L > 1Y ------- ↑ w/r -------> 3K + 1L > 1y
Antes Depois
Onde, y é o produto final de uma indústria.
Logo, o modelo H-O admite que os diferentes bens são produzidos 
usando-se os vários fatores produtivos com diversas intensidades.
Entretanto, importa procedermos a uma comparação entre o 
teorema H-O e o teorema de Ricardo, pois de acordo com ambos 
os teoremas, o comércio existe porque em relações de trocas alguns 
bens são produzidos a preços menores em alguns países quando 
comparados com outros. Não obstante, segundo o teorema de 
Ricardo tal situação ocorre porque os países têm tecnologias de 
produção distintas, enquanto que de acordo com o teorema H-O isso 
acontece porque as dotações relativas de fatores são diferentes entre 
países (SILVA; CARVALHO, 2007).
Em suma, os dois teoremas enfatizam a mesma causa próxima do 
comércio, ou seja, a diferença entre os preços relativos dos bens em 
trocas de país para país, além de diferenças como: tecnologias distintas, 
no caso do teorema de Ricardo, e diferentes dotações de fatores, 
no caso do teorema de H-O. Nota-se ainda que, sendo distintas, 
estas causas não são incompatíveis: mais do que pôr em questão a 
explicação ricardiana para o comércio internacional, o teorema H-O 
propõe uma explicação complementar para esse comércio. A teoria 
de Heckscher e Ohlin difere do modelo ricardiano por distinguir o 
comércio internacional do comércio inter-regional e na identificação 
dos fatores que determinam a existência de vantagens comparativas 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
U1 - Teorias do comércio internacional30
Para saber mais
Bertil Gotthard Ohlin (23 de abril 
de 1899 − 3 de agosto de 1979) foi 
um economista e político sueco. 
Ele foi professor de economia na 
Escola de Economia de Estocolmo 
de 1929 a 1965. Também foi líder 
do Partido Popular, um partido 
social-liberal que na época era 
o maior partido em oposição ao 
Partido Social Democrata, de 1944 
a 1967. Trabalhou brevemente 
como Ministro do Comércio 
de 1944 a 1945 no governo de 
coalizão sueco durante a Segunda 
Guerra Mundial. Foi Presidente do Conselho Nórdico em 1959 e 
1964 (WIKIPEDIA, 2017b).
Atividades de aprendizagem
1. Explique a teoria da Hecksher-Ohlin, enfatizando os resultados sobre 
padrão e ganhos de comércio, esclarecendo o que a diferencia da teoria 
ricardiana e descrevendo o funcionamento do modelo H-O.
2. Qual a condição de especialização para o modelo H-O? Quais as 
implicações decorrentes da abertura ao comércio em relação à distribuição 
de renda?
U1 - Teorias do comércio internacional 31
Seção 4
O modelo geral do comércio
Introdução à seção
Segundo Amado (2003), o Modelo Geral de Comércio é construído 
com base em quatro relações:
i) Fronteira de Possibilidade de Produção e Curva de Oferta Relativa 
(FPP).
ii) Preços Relativos e Demanda.
iii) Determinação do Equilíbrio Mundial (RS e RD).
iv) Efeito dos termos de troca (preço relativo internacional) sobre o 
bem-estar de uma nação.
A integração entre fronteira de possibilidade de produção e a curva 
de oferta relativa segue as premissas de que cada país produza dois 
bens, supondo-se alimentos e tecidos. A FPP é uma curva amena e 
o ponto em que a economia produz efetivamente sobre a fronteira 
de possibilidade de produção está sujeita ao preço dos tecidos em 
relação aos de alimentos. As linhas de isovalor são linhas ao longo das 
quais o valor do produto é constante. A economia maximiza o valor da 
produção aos preços dados, logo, a economia produzirá na linha de 
isovalor mais alta no limite da FPP. As preferências dos consumidores 
são representadas pelas curvas de indiferenças, que são combinações 
de bens que tornam os consumidores igualmente satisfeitos. A alteração 
no bem ocorre quando o preço de um bem altera em relação ao preço 
do outro bem, o que é chamado de efeito renda, pois trata-se de uma 
alteração na renda que gera bem-estar. A substituição de um bem por 
outro ocorre quando o preço do bem muda em relação ao outro, que 
é considerado efeito substituição (AMADO, 2003). 
O crescimento econômico intitulado de crescimento viesado é 
quando a fronteira de possibilidade de produção se move para fora, 
mais em uma direção do que na outra, ou seja, um setor cresce mais 
do que o outro, sendo assim, a oferta relativa sofre alteração. Já o 
crescimento empobrecedor é uma situação na qual o crescimento 
U1 - Teorias do comércio internacional32
viesado para exportações nas nações mais pobres piora tanto seus 
termos de troca que elas continuariam em pior situação, caso não 
houvesse aumentado (COSTA; GRISI, 1999).
O crescimento viesado para exportação é o que expande a fronteira 
de possibilidade de produção do país desproporcionalmente na 
produção de exportação do país. O seu efeito minimiza o termo de 
comércio, geralmente diminuindo o seu bem-estar e aumentando o 
bem-estar do país externo. Já o crescimento viesado para importações 
é quando a fronteira de possibilidade de produção aumenta 
desproporcionalmente na produção que o país importa e seu efeito 
aumenta os termos de troca do país, em regra aumentando o seu bem-
estar e diminuindo o bem-estar do país externo (COSTA; GRISI, 1999).
O remanejamento de renda desloca apenas a curva de demanda 
relativa, enquanto que a curva de oferta relativa é afetada pela mudança 
na dotação dos fatores de produção. Em suma, uma transferência 
de renda agravará os termos de troca do país quetransferiu a renda, 
caso este apresente uma propensão marginal a consumir em seu 
bem de exportação maior do que o país que está recebendo de renda 
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Questão para reflexão
Você consegue entender como o Modelo Geral de Comércio pode 
impactar seu cotidiano? Seus efeitos são iguais sobre pessoas e países 
com rendas diferentes? Por quê?
4.1 Possibilidades de produção e oferta relativa
Segundo Krugman e Obstfeld (2010), os pressupostos do 
modelo são:
• Que cada país produza dois bens: alimento (A) e tecidos (T).
• Que a fronteira de possibilidades de produção de cada país seja 
uma curva suave (TT).
O alvo em que a economia efetivamente produz sobre a fronteira 
de possibilidades de produção depende do preço dos tecidos em 
relação ao dos alimentos, P
T
/P
A
.
Linhas de isovalor: P
T
.Q
T
 + P
A
.Q
A
 = V, linhas ao longo das quais o 
valor do produto é constante, conforme segue a representação gráfica 
na Figura 1.6:
U1 - Teorias do comércio internacional 33
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.6 | Preços relativos determinam o produto da economia
A economia maximiza o valor da produção aos preços dados, 
contudo a economia produzirá em Q (ver Figura 1.6) que está na linha 
de isovalor mais alta possível.
Uma alta do preço relativo PT/PA deixa as linhas de isovalor mais 
inclinadas. Como resultado desta inclinação (ver Figura 1.7 e 1.7a), a 
economia produz mais tecidos e menos alimentos e o produto de 
equilíbrio na FPP desloca-se de posição.
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.7 | Como um aumento no preço relativo de tecidos afeta a oferta relativa
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.7a | Como um aumento no preço relativo de tecidos afeta a oferta relativa
TT
Produção de alimentos, QA
Produção de tecidos, QT
Q
Linhas de isovalor
TT
Produção de alimentos, QA
Produção de tecidos, QT
Q
VV (P /P )
Q
1
2
1
T A
1
VV (P /P )2 T A
2
QA
QT
Q
Q
1
2
Pt/Pa
Q
Q
1
2
Qt/Qa
RS
Dom
U1 - Teorias do comércio internacional34
4.2 Preços relativos e demanda
De acordo com Krugman e Obstfeld (2010), o valor do consumo de 
uma economia é igual ao valor de sua produção: 
P
T
Q
T
 + P
A
Q
A
 = P
T
D
T
 + P
A
D
A
 = V, ou 
P
T
.(Q
T
-C
T
) + P
A
.(Q
A
-C
A
) = V
A preferência pela economia de um ponto sobre a linha de isovalor 
depende dos gostos dos consumidores, que podem ser representados 
graficamente pela Figura 1.8, dada uma série de curvas de indiferença.
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.8 | Produção, consumo e comércio no modelo-padrão
Caso aconteça um aumento do preço relativo do tecido, P
T
/P
A
, a 
opção de preferência de consumo da economia se moverá de D1 para 
D2. O deslocamento de D1 para D2 reproduz dois efeitos, o efeito-
renda e o efeito-substituição. Em teoria, é possível que o efeito-renda 
seja forte a ponto de, quando PT/PA aumentar, o consumo de ambos 
os bens efetivamente aumenta, mas a razão entre o consumo de T e 
de A tenderá à redução (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Seguem graficamente os efeitos elencados por Krugman e Obstfeld 
(2010), conforme observa-se nas Figuras 1.9 e 1.10.
Produção de alimentos, QA
T
D
Q
Produção de tecidos, Q
Exportação de tecidos
Importação
de alimentos
Curvas de indiferença
Linha de isovalor
TT
U1 - Teorias do comércio internacional 35
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.9 | Efeitos de um aumento no preço relativo de tecidos
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.10 | Efeitos de um aumento no preço relativo de tecidos altera a demanda
Para saber mais
Paul Robin Krugman (Nova 
Iorque, 28 de fevereiro de 1953) é 
um economista norte-americano, 
vencedor do Nobel de Economia 
de 2008. Foi crítico da Nova 
Economia, termo cunhado no 
final da década de 1990, para 
descrever a passagem de uma 
economia de base principalmente 
industrial para uma economia 
baseada no conhecimento e nos 
serviços, resultante do progresso 
tecnológico e da globalização 
econômica (WIKIPEDIA, 2017c).
Produção de alimentos, QA
TProdução de tecidos, Q
D
D
Q
Q
TT
VV (P /P )
VV (P /P )
1
1
1 1
2
2
A
A
T
T
2 2
QA
TQ
C2
C1
Q1
Q2
Curvas de 
indiferença
Pt/Pa
Qt/Qa
C2
C1
RD
Dom
U1 - Teorias do comércio internacional36
4.3 Determinação do equilíbrio mundial
Segundo Foschete (2003), cada país, com suas demandas e ofertas 
relativas, possui um preço relativo de equilíbrio em trocas. A abertura 
comercial permite a interação entre os mercados, de tal sorte que 
haverá oferta e demanda relativas internacionais, que determinarão os 
termos de troca do comércio internacional, conforme observado na 
Figura 1.11:
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.11 | Equilíbrio de mercado com comércio internacional
4.4 Efeitos dos termos de troca sobre o bem-estar
Em função do padrão de comércio, um determinado país será 
exportador de alimentos ou de tecidos. A depender do padrão, a direção 
da variação dos termos de troca pode favorecer ou desfavorecer o 
bem-estar da nação. Por exemplo, caso o país seja inicialmente um 
exportador de alimentos, a redução de PT/PA traria um ganho de 
bem-estar, ou seja, o poder de compra do alimento exportado, em 
termos de tecido, tenderia a aumentar. Todavia, para a mesma variação 
nos termos de troca, se o país exportar tecidos, haveria um declínio 
de bem-estar, ou seja, o poder de compra do tecido, em termos de 
alimento, seria menor (SILVA; CARVALHO, 2007).
4.4.1 Crescimento econômico e deslocamento da RS
As implicações do crescimento econômico sobre o comércio 
internacional procedem do fato de tal crescimento ter um viés. O 
crescimento enviesado ocorre quando a FPP desloca-se para fora, 
mais em uma direção do que em outra, conforme Figura 1.12. Um 
crescimento que ultrapassa as possibilidades de produção de um país 
Qt+Qt /Qa+Qa
Pt/Pa
*
RS
Int
RD
Int
*
U1 - Teorias do comércio internacional 37
desproporcionalmente na direção do bem que ele exporta, logo, é um 
crescimento voltado para as exportações (SILVA; CARVALHO, 2007).
Fonte: adaptado de Silva e Carvalho (2007).
Figura 1.12 | Equilíbrio de mercado com comércio internacional
Na Figura 1.13, observa-se, de modo similar, um crescimento 
enviesado na direção do bem que o país importa: é um crescimento 
voltado para as importações.
Fonte: adaptado de Silva e Carvalho (2007).
Figura 1.13 | Crescimento enviesado da FPP, para tecidos
De acordo com Silva e Carvalho (2007), aceita-se o seguinte princípio:
• O crescimento com foco em exportações propende a piorar 
os termos de troca de um país em crescimento, em benefício 
do resto do mundo.
• O crescimento com foco em importações propende a 
melhorar os termos de troca de um país às custas do resto 
do mundo.
A partir da Figura 1.14, é possível observar o deslocamento da oferta 
relativa, em relação ao crescimento enviesado para Alimentos e para 
Tecidos, conforme foi exemplificado pelas Figuras 1.12 e 1.13.
Qt
Qa
Q2
FPP 2
Q1
FPP 1
Qt
Qa
Q2
FPP 2
Q1
FPP 1
U1 - Teorias do comércio internacional38
Fonte: adaptado de Silva e Carvalho (2007).
Figura 1.14 | Crescimento enviesado da oferta relativa, respectivamente para 
tecidos e alimentos
Na ótica de Krugman e Obstfeld (2010), os impactos do crescimento 
ampliarão ou reduzirão os benefícios de acordo com os seus vieses. 
No caso do crescimento empobrecedor, existiriam efeitos indesejáveis 
dadas condições bem específicas, como:
• O crescimento intensamente voltado para exportações deve 
ser ajustado com curvas RS e RD muito inclinadas, ou seja, 
bastante inelásticas;.
• Desse modo, caso a alteração nas relações de troca, após 
deslocamento da RS, seja elevada o suficiente para compensar 
os efeitos favoráveis iniciais de um aumento na capacidade 
produtiva do país, o acréscimo da quantidade transacionada 
não consegue compensar a perda dos termos de troca da 
relação inicial.
4.4.2 Transferências internacionaisde renda e 
deslocamento da RD
Entre os motivos pelos quais a RD se desloca destacam-se as 
mudanças de preferências, as novas tecnologias e novos produtos, 
além das transferências de renda. As transferências de renda do país 
local para o estrangeiro ocorrem quando a renda e gastos do país 
local se reduzem, logo, no país estrangeiro ocorre inverso, portanto, 
aumentam (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Essa transferência pode afetar a divisão dos gastos mundiais, em 
função das diferentes preferências. Logo, a RD pode se deslocar e, 
portanto, alterar os termos de troca, porém, se a proporção dos gastos 
não se alterar, a RD não se desloca e, por consequência, os termos de 
troca não são afetados (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Qt+Qt /Qa+Qa
Pt/Pa
* *
RS
int RS
int 2
RD
int
Qt+Qt /Qa+Qa
Pt/Pa
* *
RS
int
RS
int 2
RD
int
U1 - Teorias do comércio internacional 39
Caso ocorra o deslocamento da RD, este será o único efeito da 
transferência de renda, pois a RS não se deslocará.
Contudo, se os dois países (Local e Estrangeiro) não alocarem suas 
alterações de renda em forma de gastos de mesma proporção, a RD 
se deslocará e o termo de troca sofrerá alteração, ou seja, diferentes 
padrões de gastos (como maior propensão marginal a consumir tecidos 
no país Local) fazem a RD se deslocar quando ocorrer a transferência 
de renda para o Estrangeiro. Na Figura 1.15, é possível observar que uma 
transferência de renda piora os termos de troca do doador se este tem 
uma maior propensão marginal a gastar em seu bem de exportação do 
que o receptor (KRUGMAN; OBSTFELD, 2010).
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2010).
Figura 1.15 | Redução da demanda relativa interna
De acordo com o exemplo na Figura 1.15, que caso o doador 
apresentar uma menor propensão marginal a gastar em seu bem de 
exportação, seus termos de troca realmente melhorarão, e a demanda 
relativa apresentaria deslocamento para direita, e não para esquerda 
como exemplificado.
Atividades de aprendizagem
1. Quais as características comuns dos modelos estudados até agora? 
2. Usando o modelo ricardiano com dois países, no qual o país doméstico 
tem vantagem comparativa em alimentos e que no equilíbrio inicial há 
especialização de produção, qual seria o efeito nos preços relativos e no 
bem-estar de:
Qt+Qt /Qa+Qa
Pt/Pa
* *
RS
int
RD
int 2
RD
int
U1 - Teorias do comércio internacional40
a) Aumento na força de trabalho estrangeira.
b) Uma queda, de mesmo valor percentual, na utilização de trabalho na 
produção de uma unidade de alimento e de tecido no país doméstico.
c) Uma queda, de mesmo valor percentual, na utilização de trabalho na 
produção de uma unidade de tecido nos dois países.
Fique ligado
Nesta unidade, foi abordada a teoria do comércio internacional, 
que surgiu da necessidade de explicação das trocas internacionais, 
com seus principais conceitos e características. Também foi 
explanado sobre a Teoria das vantagens comparativas, na qual 
foram expostos os principais conceitos e características dessa 
teoria, que está no fato de que ela busca explicar os mecanismos 
que decidiriam a escolha dos produtos a serem produzidos e 
comercializados internacionalmente.
Foi abordado sobre o Modelo de fatores específicos, mostrando 
os principais conceitos e características desse modelo, no qual 
busca-se analisar, entre outros temas, o impacto do comércio 
internacional em relação à distribuição de renda interna dos 
países envolvidos.
Depois foi visto o modelo de Heckscher-Ohlin, com os principais 
conceitos e características deste modelo que é um “clássico” do 
comércio internacional, agregando à explicação do comércio 
internacional, entre outras circunstâncias, a importância das diferenças 
nas dotações de fatores entre os países.
Por fim, foi estudado o modelo geral do comércio, que é construído 
com base em quatro relações e sobre o qual foram apresentados os 
principais conceitos e características.
Para concluir o estudo da unidade
Em termos de aprofundamento dos conceitos de teoria do 
comércio internacional, recomenda-se a leitura da obra dos autores 
David Ricardo, Adam Smith, Paul Anthony Samuelson, Paul Krugman 
entre outros.
U1 - Teorias do comércio internacional 41
Atividades de aprendizagem da unidade
1. (MPOG 2009) Os produtos X e Y são produzidos em determinado país 
empregando-se apenas a mão de obra local. Em um dia, cada trabalhador 
é capaz de produzir 3 unidades do bem X ou, alternativamente, 5 unidades 
do bem Y. Nesse caso, pode-se afirmar que: 
a) o custo de oportunidade de se produzir uma unidade do bem X é de 3/5 
de unidade do bem Y.
b) o custo de oportunidade de se produzir uma unidade do bem Y é de 3/5 
de unidade do bem X. 
c) o custo de oportunidade de se produzir três unidades do bem Y é de 5 
unidades do bem X.
d) o custo de oportunidade de se produzir três unidades do bem X é de 3 
unidades do bem Y.
e) não é possível calcular o custo de oportunidade da produção do bem X 
ou do bem Y, pois o enunciado não informa a oportunidade perdida com 
essa produção.
2. (Enade 2006, nº 31) Suponha que a tabela abaixo representa a produção 
diária de vinho e de tecidos de um trabalhador, na Inglaterra e em Portugal, 
no século XVIII.
Inglaterra Portugal
Vinho 2 barris 1 barril
Tecidos 4 peças 1 peça
Com base na tabela, é possível afirmar que:
a) a Inglaterra tem vantagem comparativa em ambos os bens.
b) em condições de livre-comércio entre os dois países, a competição de 
produtos ingleses inviabilizará a produção em Portugal.
c) seria imperativo que Portugal procurasse proteger sua produção de 
tecidos, que é a mais ameaçada pelos ingleses.
d) uma vez estabelecido o livre-comércio, a Inglaterra irá especializar-se 
na produção de tecidos, e Portugal, na de vinhos.
e) desde que cada país se especialize na produção de um bem, qualquer 
escolha é igualmente vantajosa para ambos.
3. (PROVÃO, 2002, nº 25) Em 1817, David Ricardo publicou seu livro 
Princípios de Economia Política e Tributação, no qual apresenta a teoria 
U1 - Teorias do comércio internacional42
4. (Aptada de: CESGRANRIO, BNDES, 2013) Com base no modelo de 
comércio de dotação de fatores, em um equilíbrio com livre-comércio:
a) a taxa de juros é maior no país com menos capital.
b) o salário é maior no país abundante em trabalho.
c) os países se especializam no bem que possui vantagem tecnológica 
absoluta.
d) os países importam o bem que possui dotação relativa abundante.
e) os países exportam o bem intensivo no fator de produção relativamente 
abundante.
5. O modelo básico de Heckscher-Ohlin, de comércio internacional, 
supõe que, entre os países envolvidos, a(o): 
a) vantagem comparativa seja anulada.
b) dotação dos fatores de produção seja a mesma. 
c) economia de escala na produção determine o comércio internacional.
d) tecnologia disponível seja a mesma.
e) comércio internacional de fatores de produção possa ocorrer.
das vantagens comparativas. De acordo com ela, o comércio internacional 
pode ser benéfico para dois países, mesmo quando um deles é mais 
eficiente na produção de todos os bens. Para isso, basta que cada país se 
especialize e exporte os bens para os quais possua vantagem comparativa.
Suponha, de acordo com a teoria clássica do comércio internacional, dois 
países (A e B) que produzem dois produtos (X e Y), usando apenas um fator 
de produção (trabalho). As produtividades médias do trabalho (constantes 
na produção de ambos os bens e em ambos os países) são apresentadas 
na tabela abaixo:
Produtos
Países
A B
X 2 1
Y 3 2
 
Nesse contexto, é correto afirmar que o país A deverá:
a) exportar o bem X e importar o bem Y.
b) exportar o bem Y e importar o bem X.
c) exportar tanto o bem X quanto o bem Y.
d) importar tanto o bem X quanto o bem Y.
e) não comerciar com o país B.
U2 - Economia política do comércio internacional 43
Referências
AMADO, Adriana M. Noções de macroeconomia: razões teóricas para divergências 
entre os economistas. Barueri, SP: Manole, 2003. 
BRIGAGÃO, Clóvis. (org.).Estratégias de negociações internacionais. Rio de Janeiro: 
Aeroplano/Faperj, 2001.
COSTA, Ligia Maura; GRISI, Celso Cláudio de Hildebrand e. Negociações internacionais 
e a globalização. São Paulo: LTR, 1999. 
FOSCHETE, Mozart T. Relações econômicas internacionais. São Paulo: Aduaneiras, 
2003.
GILPIN, Robert. A economia política das relações internacionais. Brasília: Editora da 
UNB, 2002. 
GONÇALVES, Reinaldo. O Brasil e o comércio internacional: transformações e 
perspectivas. São Paulo: Contexto: 2000. 
KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Economia internacional. São Paulo: Pearson, 
2010. 
SALVATORE, Dominick. Introdução à economia internacional. Rio de Janeiro: LTC, 
2007. 
SILVA, Cesar Roberto Leite da; CARVALHO, Maria Auxiliadora de. Economia internacional. 
4. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 
WIKIPEDIA. David Ricardo. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/David_
Ricardo>. Acesso em: 30 abr. 2017a.
______. Heckscher-Ohlin model. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/
Heckscher%E2%80%93Ohlin_model>. Acesso em: 30 abr. 2017b.
______. Paul Robin Krugman. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_
Krugman>. Acesso em: 30 abr. 2017c.
______. Paul Samuelson. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_
Samuelson>. Acesso em: 30 abr. 2017d.
______. Ronald W. Jones. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Ronald_W._
Jones>. Acesso em: 30 abr. 2017e.
U2 - Economia política do comércio internacional44
U2 - Economia política do comércio internacional 45
Unidade 2
Economia política do 
comércio internacional
Nesta unidade, iremos abordar: a economia política do 
comércio internacional; as interferências governamentais nas 
operações de comércio; as características do livre-comércio; 
a política cambial; o protecionismo moderno e a presença das 
organizações internacionais. Nossa abordagem está dividida em 
quatro seções, que serão apresentadas a seguir.
Objetivos de aprendizagem
Nessa seção serão abordados: os conceitos básicos da evolução do 
comércio internacional; as características do comércio entre as nações; o 
princípio da vantagem comparativa; a relação do comércio exterior com a 
balança comercial. 
Seção 1 | Características básicas do comércio internacional
O significado das zonas de livre-comércio; as modalidades das zonas de 
livre-comércio; o protecionismo moderno; os atrasos tecnológicos oriundos do 
protecionismo, são temas a serem abordados nessa seção.
Seção 2 | O livre-comércio
Na Seção 3, os temas a serem abordados são: o conceito de política cambial; 
os fatores que levam os países a praticarem a política cambial; a relação do 
câmbio com comércio internacional; as diferenças existentes entre política de 
câmbio fixo, câmbio controlado, câmbio flutuante e monopólio cambial.
Seção 3 | A política cambial
Por fim, na Seção 4, será discorrido sobre: a importância das organizações para a 
equalização do comércio internacional; a função do FMI no contexto de comércio 
entre os países; a substituição do GATT pela OMC; a missão do Banco Mundial e a 
atuação da ONU como mediadora do sistema do comércio entre as nações.
Seção 4 | Organizações internacionais
Ademir Cavalheiro Leite
U2 - Economia política do comércio internacional46
U2 - Economia política do comércio internacional 47
Introdução à unidade
Nesta unidade de ensino, será observada a maneira como é 
conduzida a dinâmica do comércio internacional, a forma como os 
governos interagem dentro do contexto no qual existem relações 
comerciais entre as nações, além da importância e da presença das 
organizações industriais. 
U2 - Economia política do comércio internacional48
Seção 1
Características básicas do comércio internacional 
Nesta seção veremos a evolução do comércio internacional; 
estudaremos a importância da navegação marítima do século XVI 
para a intensificação do comércio entre as nações; observaremos 
a maneira como era conduzida a realização do comércio durante 
o mercantilismo; analisaremos os fatores que desencadearam 
o conceito das vantagens comparativas; veremos que o custo 
de produção é fator determinante da política do valor de troca; 
discutiremos a importância de uma política voltada para o processo 
de diversificação da produção, com o objetivo de avaliar se esta é 
positiva ou não; teremos a oportunidade de observar a importância 
do superávit da balança comercial para a elaboração de políticas 
direcionadas ao mercado internacional; e finalizaremos a seção 
analisando as características básicas do comércio internacional. 
Questão para reflexão
• Você acredita que o resultado da Balança Comercial é importante 
para a definição de políticas macroeconômicas voltadas para o 
comércio internacional? 
• Seria correto afirmar que no período mercantilista o Estado 
intervinha de forma direta na economia?
1.1 Evolução histórica do comércio internacional
O comércio em sua fase embrionária era caracterizado pela 
presença de trocas e permutas. Ao longo do tempo, essas ações 
ficaram conhecidas pelo nome de escambo, que eram transações 
diretas entre seres humanos pertencentes às sociedades primitivas. 
Conforme pode ser observado na Figura 2.1, “na idade média, as 
trocas comerciais tiveram continuidade com a presença de feiras 
mercantis realizadas pela burguesia da época, que já utilizavam moeda 
como base de troca.” (GASTALDI, 2005, p. 287).
Introdução à seção
U2 - Economia política do comércio internacional 49
Fonte: <https://pvmarques.files.wordpress.com/2012/09/feira_medieval.jpg>. Acesso em: 8 mar. 2017.
Figura 2.1 | Feiras medievais
No início do século XVI, com o surgimento da bússola e dos 
navios de grande porte, o comércio internacional passou por grandes 
transformações, levando os governantes dos principais países 
europeus a adotarem políticas mercantilistas das mais diversas. 
Espanha e Portugal competiam pelo controle das rotas do 
comércio marítimo internacional e chegar até as índias através do 
oceano Atlântico era o objetivo dos dois Estados-Nação. 
Nesse contexto, Cristóvão Colombo acabou descobrindo a 
América em outubro de 1492, atendendo aos interesses da Espanha, 
e Vasco da Gama descobriu a rota para as Índias, em maio de 1498, 
atendendo aos interesses de Portugal. 
As navegações do período estavam tão intensas que Pedro Álvares 
Cabral descobriu o Brasil em abril de 1500.
Fonte: <https://historiaestvitae.wordpress.com/2014/06/24/a-vida-no-mar-no-sec-xv-xvi-parte-iv-os-instrumentos-
de-navegacao/>. Acesso em: 7 mar. 2017.
Figura 2.2 | Caravela portuguesa século XVI
U2 - Economia política do comércio internacional50
O Mercantilismo foi a prática econômica adotada durante os 
séculos XVI, XVII e XVIII e em termos políticos ficou marcado pela 
intervenção do Estado na economia.
1. 2 Conceito das vantagens comparativas
O conceito das vantagens comparativas de David Ricardo estava 
apoiado no fato de as nações, em termos de recursos naturais, não 
serem homogêneas. O que era fácil de ser produzido por um país, 
poderia ser difícil para outro. 
Nesse contexto, Ricardo, que aparece na Figura 2.3, sugeria que 
cada nação produzisse produtos que tivessem para ela custos mais 
baixos, para que, no futuro, utilizando as vantagens do comércio 
internacional, pudessem se beneficiar do sistema de trocas.
Fonte: <http://moneyweek.com/wp-content/uploads/2016/10/817-Ricardo-1200.jpg>. Acesso em: 7 mar. 2017.
Figura 2.3 | David Ricardo (1772 -1823)
1.3 Custo de produção: fator determinante na política 
do valor de troca
Do ponto de vista político, David Ricardo estava correto na análise 
dos custos de produção. Para ele, um país, por ter facilidade na 
produção de trigo, poderia se especializar na produção de macarrão 
e exportar o excedente do que houvesse produzido para outro, que 
tivesse custos baixos na produção de uva. 
De forma natural, o país com facilidade na produção de uva poderia 
produzir vinho e trocar o excedente com o país produtor de macarrão. 
U2 - Economia política docomércio internacional 51
Se analisarmos o pensamento de Ricardo com relação ao comércio 
internacional, o Brasil está correto em importar petróleo do Iraque e 
exportar aves congeladas para esse país.
1.4 Diversificação da produção
Na visão de Ricardo, cada país teria obrigação de explorar 
suas vantagens comparativas, se possível diversificando a pauta 
de exportações. 
Essa realidade pode ser vista no Brasil, que tem sua pauta de 
exportação apoiada em cinco produtos básicos: soja in natura e triturada; 
minérios de ferro e seus concentrados; óleos brutos de petróleo; açúcar 
oriundo da cana-de-açúcar; e carne de frango congelada. 
1.5 Características básicas do comércio internacional
Por definição, o comércio internacional pode ser classificado como 
o intercâmbio de bens e serviços entre as nações.
Da mesma forma que o comércio internacional auxilia os países 
a importarem os produtos que necessitam, também os ajuda nas 
exportações dos excedentes de produção oriundos da existência das 
economias de escala. 
É importante destacar que a possibilidade pura e simples da venda 
de excedentes precisa ser analisada com muito cuidado. No caso das 
exportações de bens duráveis, existe a necessidade da adaptação do 
produto que será exportado às condições do país que irá recebê-lo. 
Apenas exportar o excedente não é recomendável. 
Imagine um veículo automotor (carro), produzido para andar na 
cidade do Rio de Janeiro, que apresenta temperatura média de 40° 
C durante o ano, sendo exportado para a Groelândia, país onde a 
temperatura predominante quase sempre está abaixo de zero. 
Com certeza um veículo produzido no Brasil precisará de adaptações 
para conseguir ser operacional em países onde a temperatura for 
demasiadamente baixa. 
Portanto, a exportação de excedentes exige muito critério, tanto 
por parte de quem exporta, como por parte de quem vier a importar. 
A Figura 2.4 mostra um Fusca com volante no lado direito, produto 
típico de consumo local. 
U2 - Economia política do comércio internacional52
Fonte: <https://goo.gl/eRNeCX>. Acesso em: 7 mar. 2017.
Figura 2.4 | Fusca projetado para a Inglaterra
Em suma, podemos afirmar que a importância do comércio não é 
apenas econômica, mas também social e política. 
1.6 A relação do comércio exterior com a balança 
comercial
A partir do momento em que um país começa a manter relações 
comerciais com o resto do mundo, surge a necessidade de se 
estabelecer um controle sobre o fluxo de pagamentos e recebimentos 
realizados nas relações comerciais internacionais. Nesse contexto, o 
país precisa se comportar como uma empresa, que vende bens e 
serviços, não devendo em hipótese alguma ter prejuízo. 
Para que esse controle possa ser realizado é necessária a 
existência do Balanço de Pagamentos do Brasil, que é o registro 
contábil de todas as transações do país com os outros Estados-
Nações do planeta. 
Em uma interpretação mais simples: “O Balanço de Pagamentos 
é o registro contábil entre os residentes e não residentes de um 
país mensurado em um determinado período de tempo" (LEITE, 
2007, p. 26).
Os residentes são pessoas com residência fixa no país, 
inclusive estrangeiros, por exemplo, funcionários de embaixadas. 
Analisando o contexto comercial, como instrumento 
básico de trocas, podemos dizer que ele serve de ligação entre 
o homens, os povos e as nações, pelo fato de representar 
um fator de intercâmbio social de amplitude internacional. 
(GASTALDI, 2005, p. 287)
U2 - Economia política do comércio internacional 53
Também estão incluídos entre os residentes, as filiais das 
empresas estrangeiras no país. No Balanço de Pagamentos 
estão registradas as importações e exportações de mercadorias 
realizadas pelo país. É importante destacar que o resultado do 
registro das exportações e importações recebe no Balanço de 
Pagamentos o nome de Balança Comercial. 
Diante desse cenário, todos os países com superávit na 
Balança Comercial procuram desenvolver políticas comerciais 
voltadas para a manutenção do sistema superavitário. Por outro 
lado, os países com déficits necessitam do desenvolvimento de 
políticas comerciais que possibilitem a inversão dos processos 
causadores desses déficits.
Portanto, podemos afirmar que o resultado da Balança 
Comercial interfere de maneira direta na condução das políticas 
macroeconômicas, voltadas para o mercado internacional.
Para saber mais
Você sabia que a globalização modificou significativamente o 
tratamento jurídico direcionado ao comércio internacional?
Atividades de aprendizagem
1. Leia as afirmativas a seguir:
I - O comércio, em sua fase embrionária, era caracterizado pela presença 
de trocas e permutas. Ao longo do tempo, essas ações ficaram conhecidas 
pelo nome de escambo, que eram transações diretas entre seres humanos 
pertencentes às sociedades primitivas. 
II - No início do século XVI, com o surgimento da bússola e dos 
navios de grande porte, o comércio internacional passou por grandes 
transformações, levando os governantes dos principais países europeus a 
adotarem políticas mercantilistas das mais diversas. 
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) As afirmativas I e II estão incorretas.
U2 - Economia política do comércio internacional54
d) Todas as afirmativas estão corretas.
e) As afirmativas não têm relação com a Teoria do Desenvolvimento 
Econômico.
2. Leia as afirmativas a seguir: 
I - O conceito das vantagens comparativas de David Ricardo estava 
apoiado no fato de as nações, em termos de recursos naturais, não serem 
homogêneas. O que era fácil de ser produzido por um país, poderia ser 
difícil para outro. 
II - Por definição, o comércio internacional pode ser classificado como o 
intercâmbio de bens e serviços entre as nações.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Nenhuma das afirmativas está correta.
d) As afirmativas I e II estão corretas.
e) As afirmativas não têm relação com a Teoria do Desenvolvimento 
Econômico. 
U2 - Economia política do comércio internacional 55
Seção 2
O livre-comércio 
Introdução à seção
Nesta seção veremos o que significa livre-comércio; o que são 
zonas de livre-comércio; observaremos as particularidades das zonas 
de livre-comércio; abordaremos o conceito de protecionismo; 
discutiremos os efeitos positivos do protecionismo; destacaremos os 
efeitos negativos do protecionismo; finalizaremos a seção abordando 
a relação do protecionismo com o desenvolvimento econômico. 
Questão para reflexão
• Você acredita que existe protecionismo no comércio 
internacional? 
• Que tipo de impacto as políticas protecionistas dos países ricos 
podem causar nos países pobres?
2.1 Significado de livre-comércio
Livre-comércio é um modelo de mercado no qual as trocas fluem 
de forma natural, sem a interferência de restrições impostas pelo Estado. 
São consideradas zonas de livre-comércio as associações entre 
países, nas quais as mercadorias podem circular com taxas alfandegárias 
reduzidas em decorrência de acordos mútuos entre os parceiros 
comerciais.
2.2 Equilíbrio do comércio mundial
O equilíbrio do comércio mundial tem relação direta com o 
comportamento geopolítico das principais potências do planeta. 
A hegemonia da Inglaterra no século XIX levou os historiadores a 
classificarem esse período de multipolar, pelo fato de a influência inglesa 
definir os rumos da política e do comércio internacional da época. 
Após a Segunda Guerra Mundial, surge uma nova ordem mundial, 
apoiada na ascensão dos Estados Unidos e na consolidação da União 
U2 - Economia política do comércio internacional56
Soviética como potência militar. A nova realidade deixou o mundo 
dentro de um contexto bipolar (dois polos de domínio).
Nesse contexto, a segunda metade do século XX ficou conhecida 
como “o período da Guerra Fria” e nesse cenário as políticas que 
normatizavam as relações do

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