Prévia do material em texto
Guerra Civil Espanhola (1936/1939) “O ENSAIO” DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E A ASCENSÃO DO FASCISMO NA ESPANHA Guernica, 1937 (Pablo Picasso) – a representação dos horrores da guerra Bombardeamento alemão a cidade de Guernica, que ficou em escombros com 1500 mortos e 900 feridos. “Não, a pintura não foi inventada para decorar casas. É um instrumento de guerra para atacarmos e para nos defendermos do inimigo.” (Pablo Picasso) O que é uma guerra civil? É um conflito armado e político que ocorre dentro de um Estado nacional entre projetos societários opostos, entre grupos organizados e cidadãos provenientes do mesmo país, que envolve geralmente a manutenção, aquisição ou apropriação do exercício de autoridade da nação; Projetos esses estão ligados a retirada/manutenção de privilégios de Classe e propriedade; assim como as profundas desigualdades sociais e exclusão política. Outros exemplos: guerra civil britânica (1642-1649): ocorrida entre Rei Charles I e o Parlamento inglês, conduzida por Oliver Cromwell; guerra civil Russa (1918-22): entre os bolcheviques e a antiga ditadura russa; Questão: Seria possível uma guerra civil onde apenas um dos lados está devidamente armado e preparado para a guerra? E ainda, se for uma guerra civil preventiva, afim de resguardar seus privilégios? O que isso tem a nos dizer sobre o presente (conjuntura)? Natureza do evento: A guerra civil espanhola não foi apenas uma guerra civil. Ela também foi algo que três anos depois desembocaria na Segunda Guerra Mundial. Ela serviu de experiências para o “equilíbrio” das forças europeias. Quem pensava num golpe militar vitorioso e rápido do general Franco, viu-se levantar uma formidável internacionalização do conflito. Trata-se do confronto político- militar a partir da reação das forças fascistas e o avanço do movimento na Europa (“Nacionalistas”- “Arriba España!”)- sob comando do General Franco. Aderiam a estes: Militares (maioria do Exército); Clero; Conservadores; Monarquistas; Partido Falangista ( grupo fascista espanhol) Movimentos de direita e a burguesia Espanhola Franco contou com apoio direto das tropas Italianas (Mussolini enviou 50 mil soldados); Forte apoio alemão (Hitler enviou principalmente a sua força aérea) e Portugal ( de Franco, com apoio mais tímido). Bandeira Falangista Contra a Frente popular/ forças anti-fascistas (“No passaran!”): Os “Republicanos” (legalistas): Em defesa contra o Fascismo e sua manutenção no poder, uma vez eleito democraticamente. apoiados por: Operários; Sindicalistas Maioria da Marinha Espanhola; Milícias civis; Nacionalistas Bascos e Catalães (em favor de maior autonomia local). U.R.S.S. – político, bélico e militar. Brigadas internacionais antifascistas Congregaram um total 40 mil voluntários de vários países (franceses, polacos, checos, suíços, ingleses, americanos. Internacionalismo proletário. Os países europeus decidiram por não intervirem no conflito. Mapa da Espanha Questões relacionadas à Unificação Espanhola e separatistas. Cronologia dos eventos: 1923- Ditadura militar chefiada pelo general Primo de Rivera. 1931- Implementação da República. 1936- Eleições ganhas pela Frente popular (união de partidos de Esquerda). 1936- Tentativa de golpe por parte do General franco e início da guerra civil que dura até 1939. Fatores (década de 20/30): Conflito com origens no pós primeira guerra que se aprofunda após a crise de 1929, a qual a Espanha é severamente atingida. Apesar de não participar diretamente da primeira guerra, a Espanha também sofre as consequências da mesma. Um dos países mais afetados pela Crise “Espanhola”, na qual 20 milhões morreram ao redor do mundo. Crise econômica: Diminuição do poder de compra dos trabalhadores. Alta dos preços. Desvalorização da moeda e inflação. Crise social: Profundas desigualdades sociais. Acentuada miséria na classe trabalhadora. Reação dos trabalhadores: manifestações, greves gerais e paralisação da produção. Crise política: Instabilidade governativa. Descrédito da Monarquia Parlamentar. Instauração da Ditadura militar de Primo de Rivera: Suspensão da atividade parlamentar. Proibição dos partidos; Repressão ao movimento trabalhador Primo de Rivera abandona o cargo em 1930, dando início à segunda República. As eleições de 1931 conduzem os Republicanos (de inspiração socialista) ao poder: Elaboração da Constituição de 1931: Consolida a democracia. Alarga-se o voto as mulheres (sufrágio universal); Reforço do poder Legislativo (maior autonomia do Parlamento). Lei da Reforma Agrária: Pretende-se a distribuição mais igualitária da propriedade e o fim da miséria. Promove o Estado Laico. Segunda República espanhola: Enquanto esteve no poder, a coligação realizou algumas reformas, mas as mais ousadas, como a agrária, não seguiram adiante. A frustração popular que se seguiu provocou a derrota da esquerda nas eleições de 1934. A volta das classes proprietárias e tradicionais espanholas ao poder implicou a revogação das limitadas reformas realizadas pelo governo anterior, evidenciando às classes populares o equívoco que a recondução dos seus adversários ao poder significou. Em 1936, as forças da Frente Popular (socialistas, anarquistas, comunistas, liberais e nacionalistas) voltaram a enfrentar o partido da Falange (empresários, latifundiários, igreja, militares, classes médias) nas eleições que foram vencidas novamente pela esquerda. Governo da Frente Popular (tendência Socialista): Eleita por eleições livres; Momento político conturbado com instabilidades e inseguranças, como o temor de um golpe Fascista. Objetivava combater a crise agrícola, comercial e industrial; assegurando a paz e a liberdade Promoveu reformas como a Laicização do Estado; o direito à greve; Ocupação de terras ociosas; eleva o salário mínimo. Governo com forte apoio popular e avanços sociais e de tensionamento dos conflitos sociais. A guerra civil A reação da Direita Fascista liderada por Franco, que responsabiliza a Frente Popular pelas más conduções da economia e da política espanhola. Assim, Franco e o Exército comandado pelo mesmo tentam dar um golpe de Estado. O general Francisco Franco não aceitou o resultado das eleições e, com o apoio da Falange, mobilizou as tropas para impedir o estabelecimento do novo governo. A Frente Popular (legalista) reagiu contra o ataque Fascista, e o conflito evoluiu para uma guerra civil, que durou até 1939. Consequências da Guerra Civil Estima-se que um milhão de mortos, milhares de feridos e mutilados e outros muito sumidos. Destruição de meios de produção (fábricas, fazendas e etc) e do patrimônio artístico e histórico; Campo de ensaios para a Segunda Guerra Mundial e novas técnicas militares italianas e alemães. Destruição das principais cidades espanholas, como Barcelona e Madrid. Vitória dos Nacionalistas e implementação da Ditadura Franquista. Fim da Guerra civil Vitória dos Nacionalista e a instauração da Ditadura Franquista, que dura até 1978. O Franquismo descontrói as conquistas sociais conseguidas pela esquerda no poder; exalta o conservadorismo nacional e limita os direitos individuais. O regime franquista era fantasiado de discurso romântico, catolicista, anticomunista e tradicionalista, essas propagandas tinham o interesse de enaltecer o ditador e manter o controle da população. Ele restringiu diversos direitos individuais, promoveu a perseguição aos movimentos dos trabalhadores e a execução da oposição ao governo, implementando a pena de morte. O governo Franco ficou marcado por algumas características insólitas: a neutralidade política em que a Espanha se manteve, o que possibilitou a continuidade do regime após a segunda guerramundial. E o combate aos comunistas, o que engendrou o apoio dos EUA e das nações liberais da Europa. Também articulou os militares, os cristãos e os monarquistas numa aglomeração política nacionalista. A última resolução política de Franco, diante da proximidade de sua morte, foi articular a restauração da monarquia dos Bourbon, que faria a manutenção da estrutura político-econômica conservadora e capitalista estruturada por seu governo. Estabeleceu um herdeiro: o rei Juan Carlos I, seu sucessor a partir de 1975, ano da morte do ditador, vítima de uma insuficiência cardíaca. Tendo catastróficos: 300 mil pessoas presas, 150 mil fuzilados, e 30 mil desaparecidos. F. Franco (Espanha) com D. Eisenhower (EUA), em 1959 / Crédito: Wikimedia Commons