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Espaços abertos e interligações com o entorno

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Projeto de 
Paisagismo II
Raquel Weijh 
Espaços abertos e 
interligações com o entorno
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Analisar espaços abertos e suas interligações com o entorno.
  Examinar aspectos que caracterizam os espaços abertos urbanos de 
diferentes cidades.
  Reconhecer a importância do conhecimento acerca do espaço aberto 
urbano para o paisagismo.
Introdução
A arquitetura enquanto ofício se insere em um contexto de aglomeração 
de obras de diversos profissionais, materializando o espaço privado dentro 
do espaço público e coletivo que é a cidade. É possível generalizar a 
representação do que é a cidade dizendo que ela é um grande mosaico 
— uma costura nem sempre harmônica — dos espaços públicos com os 
privados. Entretanto, ao nos aproximarmos da cidade a partir do ponto 
de vista do seu usuário, percebemos que ela é, na verdade, resultado das 
relações humanas e da experimentação dos diferentes espaços desse 
mosaico, públicos e privados, fechados e abertos. 
Neste capítulo, você compreenderá o papel do arquiteto e a respon-
sabilidade social do seu ofício no tratamento dos espaços abertos. Além 
disso, verá como o arquiteto urbanista e o paisagista, juntos, podem 
criar uma cidade viva, na qual as pessoas se apropriam efetivamente 
dos espaços públicos.
O que é um espaço público?
Um espaço público é um ambiente de posse e uso comum de todos. Ele pode 
ser fechado, como alguns equipamentos de uso público (escolas, órgãos de 
administração pública, hospitais), ou aberto, como parques, praças e até 
mesmo ruas. 
Todavia, há uma classificação intermediária entre público e privado: o 
semipúblico. Espaços semipúblicos podem ser um local de reunião de pessoas 
com acesso público, mas de propriedade de uma entidade ou empresa, como 
no caso de igrejas, associações recreativas ou alguns tipos de empresas, como 
shopping centers. 
Quanto à conceituação do que é um espaço público, Jacobs (2011), em seu 
livro A vida e a morte das grandes cidades, traz as seguintes definições sobre 
a diferenciação entre uso público e uso privado:
O primeiro, que pode ser chamado espaço público, é utilizado para a circulação 
pública geral de pedestres. É um espaço em que as pessoas se movimentam 
livremente, por livre escolha, no percurso de um lugar a outro. Ele inclui as 
ruas, vários dos parques menores e às vezes os saguões de prédios, quando 
usados livremente como área de circulação. O segundo tipo de espaço, que 
pode ser chamado de espaço especial, não é normalmente utilizado como 
via pública pelos pedestres. Pode ou não ter construções; pode ou não ser 
propriedade pública; pode ou não ser acessível às pessoas. Isso não importa. 
O que importa é que as pessoas andam em torno dele, ou ao longo dele, mas 
não através dele (JACOBS, 2011, p. 180).
Ainda de acordo com Jacobs (2011), o “espaço especial”, conforme a 
sua classificação, pode ser encarado como um obstáculo que está no meio 
do caminho, o qual pode ser geográfico, fechado ao público ou um espaço 
que não gere interesse por parte dos pedestres. De qualquer modo, é uma 
interferência no uso do espaço público. Esse “solo especial” promove a 
circulação de pessoas, pois o seu uso pode abrigá-las em residências ou 
no trabalho, ou ser um ponto de atração urbana por outro motivo qualquer. 
É importante salientar que, na cidade, a principal utilidade das ruas é 
a circulação entre as construções, embora a partir disso possam surgir 
outros usos. 
A inter-relação entre os espaços privados e públicos é essencial para que 
estes últimos sejam apropriados pelos usuários, ou seja, tenham vida. Os espaços 
Espaços abertos e interligações com o entorno2
públicos precisam ser considerados extensões dos espaços privados, pois eles 
são o palco do desenvolvimento de boa parte da vida das pessoas, tanto como 
local de transição entre espaços privados quanto como local de permanência. 
Por isso, Jacobs (2011) afirma que o que produz a cidade são as relações das 
pessoas no e com o ambiente público.
A apropriação dos espaços públicos pelas pessoas se dá a partir da relação 
harmônica entre estes e os objetos construídos. Logo, os arquitetos precisam 
considerar as relações entre construções e espaços adjacentes na hora de 
projetar as edificações, sempre levando em conta também as diretrizes ur-
banísticas do local.
Nesse sentido, Gehl, em seu livro Cidades para pessoas, é enfático:
Se reforçarmos a vida na cidade de modo que mais pessoas caminhem 
e passem um tempo nos espaços comuns, em quase todas as situações, 
haverá um aumento da segurança, tanto da real quanto da percebida. 
A presença de “outros” indica que um lugar é considerado bom e seguro. 
Há “olhos nas ruas” e frequentemente, também “olhos sobre as ruas”, 
porque seguir e acompanhar o que acontece nas ruas acabou se tornando 
algo significativo e interessante para os usuários dos edifícios do entorno 
(GEHL, 2015, p. 99).
Gehl (2015) complementa falando sobre o impacto das áreas térreas das 
edificações sobre a vida das pessoas e sobre o espaço urbano. Os espaços 
térreos estão na escala do pedestre, no nível do olho do passante; porém, os 
andares baixos também podem acompanhar as movimentações que ocorrem 
na rua. Portanto, segundo Gehl (2015), é imprescindível que os térreos sejam 
agradáveis e suaves, e incitem a ocupação desse espaço, de forma a cercar os 
pedestres por atividade humana. Ele salienta ainda que, mesmo à noite, quando 
esses térreos não estiverem ocupados, os sinais de que há vida nesses espaços 
durante o dia suscitam uma sensação de segurança no pedestre.
A transição mais suave entre o privado e o público torna a cidade mais 
acolhedora. Nesse sentido, ruas comerciais repletas de objetos que sinalizam 
o seu uso durante o dia são mais confortantes do que ruas comerciais que, 
à noite, são fechadas por portas metálicas, visto que ruas escuras e desertas 
despertam a sensação de rejeição e insegurança.
São espaços livres de uso público as ruas, as praças, os parques, entre outros 
locais que constituem variações destes. Conforme você viu anteriormente, 
esses espaços são, ao mesmo tempo, produto e produção das relações humanas. 
3Espaços abertos e interligações com o entorno
Há diversos profissionais do urbanismo desenvolvendo trabalhos em grandes metró-
poles, no sentido de tornar o espaço público mais agradável ao usuário, e as cidades, 
mais humanas. Dois escritórios que têm desenvolvido isso com muita intensidade são 
os escritórios de Jan Gehl e Jeff Speck. 
Jan Gehl trabalha a cidade como resultado de relações humanas, e Jeff Speck 
desenvolveu um conceito chamado walkable city, ou “cidade caminhável”. Acesse 
os links a seguir (em inglês) para conferir alguns dos trabalhos que esses arquitetos 
estão desenvolvendo.
https://qrgo.page.link/yffhc
https://qrgo.page.link/RpnD1
Os espaços abertos urbanos
Como você já viu, os espaços abertos dentro de uma cidade são os espaços 
de transição entre os objetos construídos e possuem caráter público. A fi m de 
compreender as características de cada espaço, vamos subdividi-los e analisar 
como eles aparecem nas cidades.
Ruas
As ruas, enquanto espaços livres de uso público, sempre tiveram como prin-
cipal função promover a conexão entre diferentes pontos da cidade, ou seja, 
a circulação de pessoas, bens móveis e meios de transporte individuais ou 
coletivos. A largura desses espaços costuma ser dimensionada conforme os 
fl uxos previstos.
Após a Revolução Industrial e com o advento dos veículos motorizados, 
as ruas passaram a tomar uma escala cada vez maior, fazendo com que as 
cidades passassem a ser projetadas para os veículos. É possível analisar essa 
condição em Brasília, por exemplo, onde grandes vias sem conexões com o 
seu entorno ligam os blocos habitacionais e de serviço (Figura 1). Isso torna 
a cidade, segundo Ling (2019), um dos maiores exemplos de validação do 
urbanismo modernista no mundo.
Espaços abertose interligações com o entorno4
Figura 1. Grandes vias com trânsito de veículos intenso e pouca conexão 
com o entorno, em Brasília.
Fonte: Governança... (2017, documento on-line).
Acesse o link a seguir e compreenda um pouco mais sobre o urbanismo modernista 
presente na capital do país no artigo Brasília: uma cidade que não faríamos de novo, 
escrito por Anthony Ling.
https://qrgo.page.link/ZYYtf
Jane Jacobs, logo após a implantação das primeiras cidades modernistas 
e também a partir da análise das cidades norte-americanas, estabeleceu as 
primeiras críticas sobre o modelo planejado para os veículos. Segundo a 
autora, quem é responsável por dar vida às cidades são as pessoas, isto é, os 
pedestres, desvinculados dos seus veículos motorizados.
É preciso, portanto, redimensionar vias e estabelecer conexões simples, 
que possam ser potencializadas pelos pedestres, mirando uma cidade viva. 
A maneira como a rua é tratada pode aumentar a circulação das pessoas 
por ela, proporcionando espaços de permanência e convivência, ou tornar 
5Espaços abertos e interligações com o entorno
a rua mais segura para os pedestres, deixando o trânsito de veículos auto-
motores mais lento ou controlado. Conclui-se, assim, que as ruas, mais do 
que conectar os espaços e permitir o trânsito de veículos, são o palco para 
grandes interações sociais dentro das cidades.
Veja no projeto proposto pelo escritório nórdico Snøhetta para a revitaliza-
ção da Times Square, em Nova York, um exemplo de proposta que privilegiou 
os pedestres, criando espaços para a sua permanência. Antes dessa proposta, 
em que a avenida era tomada pelos automóveis e o espaço assumia uma função 
maior de circulação e menor de permanência (Figura 2). 
Figura 2. Revitalização da Times Square — Snøhetta.
Fonte: Adaptada de Times... (2017).
Espaços abertos e interligações com o entorno6
O projeto do escritório Gehum e Hetedik Muterem para a revitalização 
da Avenida do Castelo, em Sopron, na Hungria, propõe algo completamente 
voltado para a permanência no espaço e a sua contemplação (Figura 3). 
É possível perceber que a cidade possui outra escala, se comparada ao 
caso de Nova York. Consequentemente, o f luxo de veículos é mais lento 
e esparso, bem como a vivência das pessoas, o seu dia a dia e a relação 
delas com as ruas.
Por esses motivos, foram propostos largos passeios com espaços de 
permanência, com bancos sombreados por árvores, rodeados de f lores 
da estação e com iluminação compatível com alta circulação de pessoas. 
Além disso, é possível perceber que há um cuidado especial na proposição 
de pisos, uma vez que a sua mudança de desenhos e texturas demonstra a 
mudança de uso do espaço, ou seja, cada tipo de piso é direcionado a um 
uso diferenciado.
Figura 3. Revitalização da Avenida do Castelo, 
em Sopron, na Hungria — Gehum e Hetedik 
Muterem.
Fonte: Sopron... (2016).
7Espaços abertos e interligações com o entorno
Quando a rua é invadida pelos pedestres
O urbanismo tático, ou urbanismo de guerrilha, descreve ações tomadas 
a partir dos usuários do espaço público. É um termo cunhado no início dos 
anos 2010, nos Estados Unidos, que se refere a ações iniciadas por grupos 
de pessoas em todo o país, mais expressivamente em São Francisco, na 
Califórnia, as quais tinham por fi nalidade ocupar espaços públicos livres 
que não possuíam políticas públicas que contemplassem as necessidades 
dos usuários.
As ações mais populares desses grupos foram os parklets, que se apro-
priavam de vagas de estacionamento nas ruas e as tornavam local de estadia 
e permanência ao ar livre. Essas iniciativas se espalharam por vários lugares 
em todo o mundo, sendo reproduzidas livremente em intenção, mas com 
características locais. Na Figura 4, você pode ver um exemplo desse tipo de 
intervenção no Brasil.
Figura 4. Parklet no bairro da Liberdade, em São Paulo.
Fonte: São Paulo (2019, documento on-line).
Espaços abertos e interligações com o entorno8
O grupo Shoot The Shit, de Porto Alegre, tem uma iniciativa muito interessante relacio-
nada com o urbanismo tático. Acesse o link a seguir para conferir o trabalho do grupo.
https://qrgo.page.link/Zi3nk
Praças
A praça é um dos espaços públicos mais comuns nas cidades. Esses locais são, 
com frequência, conformados por um quarteirão constituído basicamente por 
um grande espaço aberto, que naturalmente se torna referência no bairro e 
local de reunião das pessoas que vivem próximas ao espaço. Entretanto, uma 
praça sem projeto adequado ou interligação efi ciente com o entorno pode se 
tornar um ambiente perigoso e repulsivo.
A praça é um espaço público aberto já consolidado no imaginário das pessoas, 
por ser uma configuração de espaço aberto milenar, acompanhando o surgimento 
das primeiras cidades. É um local de reunião e integração entre os cidadãos 
daquela localidade, sendo a ágora grega uma das referências na sua conformação. 
A ágora era um espaço onde se praticava a democracia na sociedade grega, 
marcada por estar próxima ou adjacente a um mercado popular — assim como 
o Fórum Romano, que tinha a mesma função e forma semelhante.
Na Europa da Idade Média, a praça também era acompanhada pelo mercado, 
mas poderia estar localizada próximo de uma igreja ou catedral. A partir do 
Renascentismo, as praças passaram a adquirir características comuns, as quais 
podemos identificar ainda hoje, como os espaços ajardinados, de permanência 
e contemplação. Inicialmente, esses locais estavam conformados perto dos 
palácios das famílias reais, às vezes, inclusive, fora da malha urbana, como o 
Palácio de Versalhes, na França, conhecido mundialmente pelos seus jardins. 
Foi somente a partir do século XIX que esse espaço público aberto passou 
a receber maior atenção do Poder Público, tornando-se um local planejado. 
Enquanto espaço público, a praça pode abrigar muitas funções e usos, desde 
funções políticas e sociais, como reuniões cívicas para celebrações de datas 
9Espaços abertos e interligações com o entorno
importantes, manifestações ou comícios, até usos econômicos, como o co-
mércio para as pessoas que usam o local, mercados populares, itinerantes ou 
não, lazer dos mais variados tipos e contemplação.
De acordo com Macedo e Robba (apud VIERO; BARBOSA FILHO, 2009, 
documento on-line), há algumas classificações desse espaço, de acordo com 
a sua configuração espacial e as suas diretrizes de uso:
Espacialmente, a praça é definida pela vegetação e outros elementos construí-
dos. Neste sentido, de acordo com cada sentido que a palavra praça pode assu-
mir, estes espaços podem ser classificados (MACEDO e ROBBA, 2002) em:
a. Praça Jardim: espaços nos quais a contemplação das espécies vegetais, o contato 
com a natureza e a circulação são priorizados. Estes podem ser fechados por gra-
des ou cercas, como o passeio público do Rio de Janeiro e de Curitiba, ou ainda 
podem ser abertos e rodeados de imóveis (comerciais e residenciais). No Brasil, 
o conceito de praça está, normalmente, associado a ideia de verde e de ajardina-
mento urbano, por este motivo, os espaços públicos formados a partir do pátio 
das igrejas e dos mercados públicos é comumente chamado de adros ou largos.
b. Praça Seca: largos históricos ou espaços que suportam intensa circulação 
de pedestres. Em algumas destas praças inexiste qualquer tipo de árvores 
ou jardins e nelas o importante é o espaço gerado pela arquitetura e são re-
lações entre volumes do construído e do vazio que dão ao conjunto a escala 
humana. Nestes locais destacam-se símbolos arquitetônicos como a Praça 
de São Marcos em Veneza (Itália), a Praça de São Pedro em Roma (Itália) 
ressaltando a Basílica, a praça dos três Poderes em Brasília e o Memorial da 
América Latina em São Paulo.
c. Praça Azul: praças na qual a água possui papel de destaque. Alguns bel-
vederes e jardins de várzea possuem esta característica.
d. Praça Amarela: as praias em geral são consideradas praças amarelas.
Por ser um espaço público livre, ele também é muito dinâmico,acompa-
nhando as mudanças de comportamento dos usuários, de modo que pode sofrer 
intervenções para adequações do espaço às necessidades dos usuários, passando 
por revitalizações. A Plaza de la Encarnación, localizada na cidade medieval 
de Sevilha, na Espanha, é um bom exemplo disso. A equipe de Jürgen Mayer 
H. Architects trabalhou com um espaço que possui em seu entorno edificações 
de até quatro pavimentos de diferentes períodos. A praça abriga uma estrutura 
composta por uma malha tridimensional de madeira que possui diversos usos, 
como restaurantes, bares, antiquário e outros usos culturais e recreativos. 
A principal diretriz projetual foi tornar Sevilha uma referência mundial no 
que tange à cultura. A forma da estrutura, que é identificada por alguns como 
uma floresta de cogumelos, foi denominada Metropol Parasol, pois lembra 
guarda-sóis (Figura 5). Outro ponto interessante a considerar é a maneira 
Espaços abertos e interligações com o entorno10
como os arquitetos proporcionam a experimentação desse espaço, permitindo 
que o usuário acesse toda a estrutura, inclusive no nível de cobertura, para 
contemplar a partir dela os diversos visuais da cidade.
Figura 5. El Parasol, em Sevilha, na Espanha.
Fonte: a) Metropol Parasol (2019, documento on-line); b) Setas de Sevilha (2018, docu-
mento on-line).
Parques
Os parques são espaços públicos livres cujas áreas em geral são maiores que 
as das praças, pois possuem como característica principal a preservação da 
natureza nativa de alguma localidade, dentro ou fora da cidade. Segundo a 
prefeitura de São Paulo (2019, documento on-line):
Os parques constituem unidades de conservação, terrestres e/ou aquáticas, 
normalmente extensas, destinadas à proteção de áreas representativas de 
ecossistemas, podendo também ser áreas dotadas de atributos naturais ou paisa-
11Espaços abertos e interligações com o entorno
gísticos notáveis, sítios geológicos de grande interesse científico, educacional, 
recreativo ou turístico, cuja finalidade é resguardar atributos excepcionais 
da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas 
naturais com a utilização para objetivos científicos, educacionais e recreativos. 
Assim, os parques são áreas destinadas para fins de conservação, pesquisa 
e turismo. Podem ser criados no âmbito nacional, estadual ou municipal, 
em terras de seu domínio, ou que devem ser desapropriadas para esse fim. 
Além disso, podem reunir, em seus programas de necessidades, todas 
as atividades que possam ser contempladas nas praças, como reuniões de 
cunho político, econômico, social, cultural ou recreativo, além de atividades 
de interesse ambiental, como já mencionado. Algumas vezes, a fundação de 
parques urbanos pode ser uma alternativa para requalificar áreas degradadas, 
devolvendo-as aos cidadãos. Um bom exemplo de projeto que contempla uma 
tentativa de requalificar o espaço urbano é o do Jiading Central Park, em 
Xangai (Figuras 6 e 7).
Figura 6. Jiading Central Park, em Xangai.
Fonte: Adaptada de Jiading... (2016, documento on-line).
Espaços abertos e interligações com o entorno12
Figura 7. Jiading Central Park, em Xangai. 
Fonte: Adaptada de Jiading... (2016, documento on-line).
O novo parque reinsere uma vasta área degradada ao cotidiano da ci-
dade, interligando equipamentos de grande porte, como biblioteca e centros 
comerciais e residenciais. Por sua extensão avantajada, esse parque prevê 
usos diferenciados, conforme a localização geográfica, como recreativo, 
esportivo e político.
Outro exemplo de parque urbano é o Parque do Ibirapuera, em São 
Paulo (Figura 8). Fundado em 1954, a sua área de quase 160 hectares no 
coração da metrópole é ocupada por áreas de preservação de espécies e 
equipamentos públicos culturais, recreacionais e esportivos. O projeto 
do parque é do paisagista Roberto Burle Marx, e o das edificações é de 
Oscar Niemeyer. 
13Espaços abertos e interligações com o entorno
Figura 8. Parque do Ibirapuera.
Fonte: Coletta (2018, documento on-line).
Ruas, praças e parques são os principais espaços abertos públicos, e é a partir deles 
que se constroem as interligações com o entorno construído. Esses espaços devem ser 
discutidos, estudados e previstos no planejamento urbano para que possam exercer a 
sua função adequadamente. Nas cidades, nada deve ser projetado de forma isolada, e 
quanto mais integrados forem os projetos de edificações com o espaço aberto, mais 
harmoniosas serão as relações das pessoas dentro das cidades.
O paisagismo nos espaços abertos urbanos
O projeto paisagístico é um grande aliado dos equipamentos abertos públicos. 
O paisagismo é o elemento que compatibiliza a escala da cidade com a escala 
do usuário, já que é projetado para a escala humana. Então, o paisagismo 
urbano é o conjunto de elementos que preenchem os espaços abertos públicos. 
O autor Jan Gehl (2015) afirma que a cidade deve ser percebida sob o 
olhar do ser humano e as suas percepções de escala e de conforto. O usuário 
precisa se identificar com os equipamentos urbanos. Isso não significa que os 
espaços abertos devam ser pequenos, e sim que é preciso aplicar estratégias de 
gradação de escala, adequando dimensões do espaço e dimensões do usuário.
Espaços abertos e interligações com o entorno14
Essa questão também foi levantada por Jane Jacobs (2011), ao descrever a 
agradabilidade das ruas de Nova York. Apesar de serem grandes vias, segundo 
a autora, possuem uma adaptabilidade competente à escala humana. Isso se 
dá em função de diversas características, entre as quais é possível destacar 
a presença de comércio nos térreos dos edifícios. As vitrines, normalmente 
aderidas ao passeio público, promovem a conexão entre usuários que caminham 
e usuários que consomem nas lojas e nos serviços oferecidos.
Apesar de grandes vias, os quarteirões são relativamente curtos, o que é 
mais convidativo para o pedestre. As calçadas frequentemente são utilizadas 
pelo comércio local, com canteiros e mesas, promovendo uma integração ainda 
mais eficiente. A conexão entre as pessoas de dentro e de fora das edificações, 
as chamadas fachadas vivas (Jacobs, 2011) e os trajetos mais dinâmicos são 
alguns dos responsáveis pelas ruas agradáveis de Nova York (Figura 9).
Figura 9. Rua em Nova York.
Fonte: Angheben ([2018], documento on-line).
Além de fornecer condições agradáveis para as pessoas caminharem, os 
espaços abertos devem oferecer condições de estar confortáveis. Logo, praças 
com sombra e locais para sentar-se e para encontrar pessoas são fundamentais. 
Roma, por exemplo, é uma cidade muito convidativa ao pedestre, em parte por 
oferecer para os usuários recantos de estar em diversas escalas (Figura 10). 
Sejam caminhantes cansados ou vizinhos se encontrando, o uso do espaço 
público pelas pessoas é o que dá o caráter à cidade.
15Espaços abertos e interligações com o entorno
Figura 10. Piazza Navona, Roma.
Fonte: Piazza Navona... (2018, documento on-line).
O papel do paisagismo na escala urbana é de transformar a cidade para 
o olhar humano: ruas agradáveis para caminhar e espaços confortáveis para 
recreação, encontro e descanso. Para isso, o planejamento urbano precisa prever 
as áreas de ruas, praças, parques e largos de forma a conectar com harmonia 
os objetos construídos. Nesse sentido, o paisagismo é a área que transforma 
esses lugares em lugares vivos e convidativos para os usuários.
ANGHEBEN, F. Wall Street: o que fazer no distrito financeiro de Nova York. In: DICAS 
NOVA YORK. [S. l.: s. n., 2018]. Disponível em: https://dicasnovayork.com.br/wall-street-
-nova-york-o-que-fazer/. Acesso em: 14 nov. 2019.
COLETTA, R. D. Concessão do Ibirapuera, o controverso pivô da guerra eleitoral em 
São Paulo. El País, jul. 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/23/
politica/1532357628_025230.html. Acesso em: 14 nov. 2019.
Espaços abertos e interligações com o entorno16
GEHL, J. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2015.
GOVERNANÇAinovadora é tema do Dia Mundial das Cidades, celebrado hoje. Agência 
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cia/2017-10/governanca-inovadora-e-tema-do-dia-mundial-das-cidades-celebrado-
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nov. 2019.
LING, A. Brasília: uma cidade que não faríamos de novo. In: CAOS PLANEJADO. [S. l.: 
s. n.], 2019. Disponível em: https://caosplanejado.com/brasilia-uma-cidade-que-nao-
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METROPOL PARASOL. In: WIKIPEDIA. [S. l.: s. n.], 2019. Disponível em: https://hu.wikipedia.
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PIAZZA NAVONA, Rome, Italy, Europe. In: HOTEIS.COM. [S. l.: s. n.], 2018. Disponível 
em: https://bloghoteis.com/melhores-atracoes-em-roma/piazza-navona-rome-italy-
-europe/. Acesso em: 14 nov. 2019.
SÃO PAULO. Prefeitura Municipal. Rua Galvão Bueno. São Paulo: Prefeitura, 2019. Dispo-
nível em: https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/projetos-urbanos/centro-aberto/
rua-galvao-bueno/. Acesso em: 14 nov. 2019.
SETAS DE SEVILHA. Recordamos que el precio de la entrada a nuestro mirador es de 3€, con 
una consumición gratuita en los bares de la Plaza de la Encarnación ¿Subes? Sevilla, 18 maio 
2018. Twitter: @Setas_deSevilla. Disponível em: https://twitter.com/setas_desevilla/st
atus/997417795121016832?lang=es. Acesso em: 14 nov. 2019.
SOPRON Castle District Revitalization. In: LANDEZINE. [S. l.: s. n.], 2016. Disponível em: 
http://www.landezine.com/index.php/2016/08/sopron-castle-district-revitalization/. 
Acesso em: 14 nov. 2019.
TIMES Square Redesign. In: LANDEZINE. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: http://landezine.
com/index.php/2017/04/times-square-redesign-by-snohetta-opens-today/. Acesso 
em: 14 nov. 2019.
VIERO, V. C.; BARBOSA FILHO, L. C. Praças públicas: origem, conceitos e fun-
ções. In: JORNADA DE PESQUISA E EXTENSÃO, 1., 2009, Santa Maria. Anais [...]. 
Santa Maria: ULBRA, 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/15176779/
PRA%C3%87AS_P%C3%9ABLICAS_ORIGEM_CONCEITOS_E_FUN%C3%87%C3%95ES. 
Acesso em: 14 nov. 2019.
17Espaços abertos e interligações com o entorno
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Leituras recomendadas
COMUNICAÇÃO para causar impacto social positivo. In: SHOOTTHESHIT. Porto Alegre: 
[S. n.], 2019. Disponível em: http://www.shoottheshit.cc/. Acesso em: 14 nov. 2019.
GEHL PEOPLE. Copenhagen: Gehl, 2019. Disponível em: https://gehlpeople.com/. 
Acesso em: 14 nov. 2019.
SPECK, J. Jeff Speck is a city planner and urban designer who advocates internationally for 
more walkable cities. In: JEFF SPECK. Brookline: [S. n.], 2019. Disponível em: https://www.
jeffspeck.com/. Acesso em: 14 nov. 2019.
Espaços abertos e interligações com o entorno18

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