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AULA 4 ELABORAÇÃO, GESTÃO E AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Prof. Raphael Hardy Fioravanti 2 TEMA 1 – O QUE É GOVERNANÇA Governar significa gerenciar diferentes necessidades, desejos e grupos políticos, cada qual com os seus próprios interesses. A gestão pública, desde os primeiros estudos gregos, muito evoluiu no ato de governar, em especial com as propostas da administração desde a Revolução Industrial. O que iremos trabalhar aqui é o conceito de governança a ser praticado em Estados Democráticos de Direito. Isso significa, é claro, considerarmos a forte influência da globalização, com entrada cada vez maior de atores globais internacionais, a interdependência dos Estados nos mais diferentes setores e a complexidade das relações advindas desde novo cenário. Primeiramente, vamos aqui conceituar o que é governança e, a partir desse conceito, fazermos os desdobramentos que impactam na gestão de políticos públicas. 1.1 Governança O conceito de governance surgiu a partir de discussões patrocinadas pelo Banco Mundial, com o objetivo de se aprofundar os conhecimentos que podem garantir um Estado mais eficiente (Diniz, 1995). O que começou com discussões de ordem econômica, logo se tornaram bem mais amplas, mostrando a necessidade de ação estatal mais abrangente, envolvendo as dimensões sociais e políticas. Segundo o Banco Mundial, Governança é o exercício da autoridade, controle, administração, poder do governo. É a maneira como o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econômicos de um país na busca do desenvolvimento, implicando a capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir as suas funções. O Instituo Brasileiro de Governança Corporativa – IBCC ainda nos apresenta que há quatro princípios de governança que são aplicáveis no cenário nacional, que são: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa (TCU, 2014). 1.2 Governança e Globalização A chamada nova gestão pública (new public management), também conhecida como administração pública gerencial, se desenvolve a partir de 3 conceitos práticos da administração pública em todo mundo. É um conjunto e ideias que procura reinventar os processos de gestão governamental, fazendo uso de mecanismos mais modernos da administração. É claro que, dada as especificidades, não podemos implementar os modelos de gestão do mundo privado na administração pública, mas seus conceitos e modelos podem servir para estimular as mudanças e modernizar o modelo vigente. Desde a década de setenta, procura-se fazer com que o governo funcione melhor e com menos custos. Podemos ver isso por meio de propostas de austeridade fiscal, esforços para aumentar a produtividade pública e buscas de mecanismos para a prestação de serviços públicos, por meio da terceirização, com a contratação de empresas privadas por meio de licitações, ou por meio de concessões. Também encontramos os maiores esforços para a privatização das empresas públicas, procurando, assim, trazer maior racionalidade aos serviços e clareza das prioridades onde o Estado realmente precisa ser o executor dos serviços. E esse fenômeno é global, exigindo, inclusive, a cooperação dos países entre si na busca de soluções de problemas sistêmicos, como por exemplos o controle da disseminação de doenças (como visto em 2020 com a Covid), incremento do comércio internacional, controle sobre a diminuição da biodiversidade e das reservas naturais, que afetam as reservas de alimentos advindos do extrativismo e a regulação do clima mundial, ou também da gestão internacional da migração de pessoas entre as nações (como as grandes migrações que vimos na História recente, como a dos refugiados da guerra na Síria e da Ucrânia. Isso faz com que sejam criadas regulamentações internacionais que precisam ser obedecidas localmente, não pela coerção, para construção do consenso e gerados em fóruns internacionais, ganhando assim legitimidade para a sua aceitação por parte dos Estados e seus governos. Os problemas são de todos e todos precisam cooperar para a sua resolução. TEMA 2 – A BOA GOVERNANÇA Não basta ter apenas governança, é preciso ter resultados efetivos com ela. O conceito de boa governança possui um conjunto de normativas que informa como deve ser um bom governo, levando em consideração as dimensões políticas e econômicas. Pelo lado político, há a necessidade de 4 legitimidade democrática e sistemas efetivos de prestação de contas. Já pelo lado econômico, devemos ter claras as definições de direitos de propriedade ou aplicação de princípios de gestão do mundo empresarial adaptados ao setor público. A boa governança tem sido considerada como um pré-requisito fundamental para a garantia do desenvolvimento da democracia, permitindo a economia de mercado competitiva. Assim, não podemos pensar o lado político e econômico de forma separada. Dias e Matos (2012) nos apresentam as principais características dessas duas dimensões que precisamos observar: Quadro 1 – Características da Dimensão Polícia e Econômica Dimensão Política Dimensão Econômica Legitimidade do governo Reforma do setor público e busca de iniciativas para privatização Eleições livres, competitivas e periódicas Controle da corrupção Princípio de legalidade: proteção e defesa dos direitos Princípio de legalidade: marco legal apropriado para garantir o funcionamento do mercado Prestação de contas Prestação de contas das organizações públicas e privadas Participação da sociedade civil na elaboração das políticas Estabilidade do marco regulados dos setor privado Busca do consenso e negociação com a socidade civil Tranparência e livre circulação de informação e acesso às instituições públicas por parte dos cidadãos Transparência e informação para a liberdade da impressa, pulbicações estatísticas e informes públicos Equidade e igualdade de oportunidade para a melhoria e manutenção do nível do bem-estar Eficácia e eficiência na realização de objetivos e a busca da otimização dos recursos públicos. Créditos: Dias; Matos, 2012. Ter uma boa governança permite (TCU, 2014): 5 1. Garantia de entrega de benefícios econômicos, sociais ambientais para a sociedade. 2. Garantia que a organização seja responsável para com a sociedade; 3. Clareza acerca de quais devem ser os produtos e serviços efetivamente prestados a comunidade e manter foco no seu propósito; 4. Ter transparência, mantendo sempre a comunidade informada das decisões tomadas e dos riscos envolvidos; 5. Ter e utilizar informações de qualidade e mecanismos claros e competentes de apoio à tomada de decisão; 6. Sempre dialogar com a comunidade e prestar contas à sociedade; 7. Garantir a qualidade e a efetividade dos serviços prestados; 8. Promover o desenvolvimento contínuo da liderança e dos colaboradores; 9. Definir com clareza os processos, papéis, responsabilidade e limites de poder e autoridade; 10. Institucionalizar as estruturas necessárias para a governança; 11. Selecionar a liderança com base nos aspectos de conhecimento, habilidades e atitudes, de acordo com as competências individuais; 12. Avaliar o desempenho e a conformidade da organização e da liderança, mantendo um balanceamento adequado entre eles; 13. Garantir que haja um sistema efetivo de gestão de riscos; 14. Fazer uso de controles internos para controlar os riscos a níveis adequados e aceitáveis; 15. Fazer rígido controle das finanças, com robustez e responsabilidade 16. Manter a sociedade abastecida de dados e com informações claras e de qualidade. Outra forma de pensar numa boa governança é através dos 10 princípios que gestores públicos podem seguir para promover uma nova forma de se fazer gestão pública. Esses princípios foram originalmente desenhados porDavida Osborne e Ted Gaebler (1992). Aqui os apresentamos a partir de uma interpretação mais próxima com a realidade brasileira: 1. Gestores públicos devem direcionar os caminhos do governo, vendo entre as mais diferentes possibilidades de caminho, procurando sempre o melhor equilíbrio entre os recursos disponíveis e as necessidades. 2. Promover o empoderamentos dos atores sociais, transferindo iniciativas para a comunidade, gerando autonomia e comprometimento. 6 3. Promover a competição saudável entre os fornecedores de serviços permite a maior eficiência e gera inovação. 4. Obedecer às regras e fazer delas aliadas, pois elas são capazes de direcionar melhor os reforços e recursos, pois dão foco ou missão. 5. Sem deixar de ver a legalidade e economicidade, o gestor público deve observar os resultados que se deseja obter. Para isso, deverá criar objetivos claros que possam ser gerados, mas também sejam desafiadores. 6. Deve observar mais as necessidades daqueles que irão consumir as políticas públicas do que as burocracias. Dada a quantidade de regras que o poder público é exposto, é muito fácil que gestores públicos estejam mais preocupados em atender as burocracias do que as reais necessidades dos beneficiários das políticas públicas. 7. Apesar de controvérsia, os novos gestores públicos devem se focar mais nas receitas do que nas despesas. Isso não significa gerar novos impostos, onerando ainda mais a sociedade, e sim vincular melhor as receitas às despesas, com foco em investimentos que promovam a transformação positiva da sociedade 8. Focar suas ações mais nas prevenções do que em soluções de problemas que poderiam ser evitados. De forma geral, temos identificados que os investimentos em medidas preventivas são menos onerosos à sociedade (social e economicamente) do que ter que investir em resolver problemas que poderiam ser evitados. 9. Promover o trabalho em equipe e diminuir a hierarquias pode promover maior agilidade e qualidade no esforço de trabalho. 10. Atuar de forma a permitir que o mercado possa se reestruturar, criando um ambiente que faça com que o mercado direcione seus esforços na elevação da qualidade de vida e no incremento das oportunidades econômicas. TEMA 3 – A REDE DE GOVERNANÇA Assim como governança, o conceito de rede é relativamente recente nas esferas da gestão pública. Os primeiros estudos nesse sentido datam da década de 70 do século passado. Esses conceitos, quando operandos em conjunto, vão de encontro à transformação das relações entre Estado e sociedade. Como diria 7 Schneider (2005): “Ambos os conceitos pontuam que a solução de problemas políticos modernos e relevantes por meio de políticas públicas somente é possível com base em novas estruturas políticas”. Nos estudos acadêmicos, quando analisamos políticos públicos, vemos a existência de dois caminhos possíveis: a. Intermediação de interesses: observa redes de políticas como associadas a várias formas de relações entre os grupos de interesses e o Estado. Vê redes de políticas como um conceito geral que pode ser aplicado a todos os tipos de relações entre atores públicos e privados. b. Governança: vê redes de políticas como uma forma específica de governança, sendo as redes um mecanismo de mobilização de recursos políticos quando estes estão dispersos na sociedade, em diferentes atores públicos e privados. Aqui as relações são mais específicas, do tipo público-privada em uma política pública. Isto quer dizer que se baseia na coordenação e não na hierarquia. Essas duas interpretações são fluidas na literatura, não havendo segmentação clara e podem, inclusive, coexistir. Redes de políticas públicas se caracterizam por padrões mais ou menos estáveis de relações sociais entre atores que são interdependentes que se organizam em torno de problemas políticos. Podemos identificar nas redes de políticas públicas 3 grandes características: 1. Redes existem para devido a interdependência dos atores; 2. Redes são formadas a partir da diversidade de atores; 3. Redes demonstram relações de natureza relativamente duradoura entre os atores. Podemos definir redes de políticas públicas, então, como um agrupamento de organizações que estão ligadas entre si por meio da dependência de recursos, porém cada organização possuindo o seu próprio conjunto de interesses, mas que naquele determinado objetivo, cooperam para a prosperidade de políticas públicas. Existe a possibilidade de identificarmos as tipologias de redes de políticas que podemos encontrar, como a proposta por Marsh e Rhodes (In: Dias; Matos, 2012), que nos permitem entender as suas dinâmicas a partir de algumas dimensões: 8 Quadro 2 – Dimensões DIMENSÃO COMUNIDADE POLÍTICA REDES EM TORNO DE PROBLEMAS Número de participantes Muito limitado. Alguns grupos são excluídos Ampla. Tipos de participantes Homogêneo e geralmente de caráter técnico e econômico Heterogêneo. Integração: - Contato frequentes - Continuidade dos participantes - Grau de consenso Elevado De qualidade. Muitas vezes estão institucionalizados Os participantes compartilham de valores e princípios básicos no que se refere à política Débil e fragmentada. Não chegam a institucionalizar-se Baixa. Mudam constantemente. Existe um acordo, mas o conflito está presente de forma contínua Recursos: - Distribuição de recursos entre atores públicos e atores privados. - Distribuição de recursos dentro de cada grupo de participantes Os participantes têm recursos que trocam em plano de igualdade Grau de mobilização elevado. O líder da associação exerce controle sobre seus membros Os recursos são limitados e se distribuem de forma desigual entre os membros Nenhuma organização monopoliza a representação de interesses Distribuição de poder Existe equilíbrio de poder. Relação de poder de soma positiva Poder desigual. Relação de poder de soma negativa Fonte: Dias; Matos, 2012. Os diferentes elementos de redes de políticas públicas podem ser vistos em diferentes áreas da política e em diferentes níveis. Podemos identificar nas parcerias público-privada desde o nível local até transnacionais. As configurações e atores pode ser os mais distintos e elas podem determinar como ocorreram a formulação de políticas públicas, acesso a recursos ou regras para tal acesso. Também podem nos ajudar a identificar e entender possíveis hierarquias, limitações de atores, mas também acenam para uma certa horizontalidade entre 9 atores políticos de diferentes níveis, de acordo com a maturidade das relações estabelecidas. TEMA 4 – ESTILOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS É possível promover a elaboração e implementação de políticas públicas de diferentes formas. Os arranjos metodológicos na criação de políticas públicas como estamos trabalhando aqui, até então, se baseia na ideia que os policy markers desenvolvem as políticas em meio de uma estrutura mais ou menos estável, com a inserção de problemas em suas agendas. Porém, a forma como uma política pública será conduzida está ligada diretamente a quanto os atores políticos possuem de liberdade para escolher os seus rumos, de como são tomadas as decisões e de como será feita a avaliação dessa política pública. Caso os atores políticos tenham liberdade para escolher como querem conduzir os trabalhos e definir quais serão as táticas, então são protagonistas no processo, e aí se torna pertinentes estudarmos os diferentes estilos de políticas públicas para entender se os caminhos adotados para resolver o problema vão de encontro ao que identificamos como boa governança. Agora, se observamos que os policy markers não possuem condições de autonomia decisória/escolha, cabe a nós analisarmos, então, quais são os elementosdeterminantes que irão ditar qual é o estilo da política pública. Esses elementos podem estar relacionados ao setor/área da política pública que está direcionada, à arena política, à cultura ou às regras formais, ou mesmo aos grupos de pressão. Assim vamos então trabalhar alguns estilos possíveis, de acordo com de acordo com Richardson, Gustafsson e Jordan (1982): 1. Estilo proativo: é o estilo de política pública que está mais focada na racionalidade, buscando ter objetivos bem definidos e analisando as opções com foco nas soluções. É um estilo mais direcionada às análises lógicas. 2. Estilo reativo: é o estilo de política pública mais focada no incrementalismo, com atenção aos possíveis obstáculos políticos e institucionais, vendo as mudanças possíveis. Assim, é um estilo que é mais sensível ao pensamento política. 10 3. Estilo impositivo: É um estilo de política pública onde os policy makers tomam decisões de forma mais autônoma dos demais atores políticos. 4. Estilo Consensual: é um estilo de política pública onde os policy makers dão abertura para demais atores envolvidos para encontram equilíbrio nas decisões. Entenda que qualquer política pública não tem um “tipo puro” de acordo com as propostas acima. O estilo flutua entre esses modelos, onde poderemos encontrar e qual estilo a política pública analisada está mais próxima. Os atores apresentam esses estilos justamente em um gráfico de dois eixos onde, de acordo com a características analisadas, que vai definir a sua posição. Fonte: Elaborado por Fioravanti, 2022, com base em Richardson; Gustafsson; Jordan, 1982, p. 13. Também precisamos ficar atentos ao nível de acesso à política pública por parte dos beneficiários na identificação do estilo da política pública. Nesse sentido, podemos ter, basicamente dois tipos diferentes. Ou a política pública procura estabelecer uma série clara de regras, gerando restrições, ou então cria mecanismos de recompensa ou punições de acordo com as atitudes dos benificiários. Esses estilos são mais comuns de serem identificados em políticas públicas do tipo regulatória e burocráticas. O acesso ou a dificuldade de acesso por parte dos beneficiários está ligado diretamente ao sucesso ou não da política pública. Como também a construção das regras de recompensas ou punições acaba por observar os resultados, pelo viés da eficiência administrativa. 11 TEMA 5 – PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Em Estados democráticos, a participação na construção de políticas públicas é um dos temas mais analisados. A participação pode ocorrer em qualquer etapa de desenvolvimento, desde a elaboração, passando pela implementação e, é claro, na avaliação das políticas públicas. A participação pode ocorrer na forma de organização das preferências para as tomadas de decisão, na coleta e disponibilidade de informações ou mesmo da construção de decisões coletivas. Neste sentido, podemos organizar as decisões coletivas em dois tipos: 1. Concepção decisória: é o processo de tomada de coletiva onde são somadas as preferências dos atores envolvidos por meio do voto. Nesse modelo, parte-se da premissa de que os atores possuem informações e são capazes de organizar as decisões de forma a priorizar as escolhas de acordo com as melhores escolhas para si e para a coletividade. 2. Deliberação: é o processo de tomada de decisão coletiva em que os atores fazem a troca de argumentações para buscar a homogeneidade das escolhas individuais. É um processo que procura construir a decisão por meio do diálogo. Para isso, faz-se uso de fóruns participativos e conselhos de gestão. A principal crítica à concepção decisória recai sobre a real capacidade de racionalidade dos membros, seja por limitação ao acesso de informações, seja pela falta real de capacidade técnicas dos envolvidos de realizar decisões que sejam consideradas “boas” Já a deliberação é um meio de participação que parece ser mais estimulado em nosso modelo político, mas que também tem pontos de deficiência ou crítica dos quais também precisamos falar. O primeiro é a possibilidade da existência de muitos interessados, o que dificulta em si o processo deliberativo, pois aumenta substancialmente o número de interesses particularizados. Como a falta de argumentações que base de informações que vão além do próprio fórum decisório e assim, podem deixar de lado informações relevantes para tomada de decisões mais racionalizadas. Fung (citado por Secchi, 2012) apresenta um modelo analítico chamado de cubo de democracia, que procura estabelecer os processos participativo por meio de três eixos, que definem o “grau” da participação: 12 1. Acessibilidade (quem pode participar). Este eixo diz respeito ao modelo como são selecionados os participantes, que pode ser desde a abertura total, até a definição por meio de critérios técnicos. 2. Tipo de interação (como é o compartilhamento de informações e tomada de decisão). Este eixo diz respeito aos processos participativos estabelecidos de acordo com a forma de interação entre os atores no momento da tomada de decisão. 3. Grau de influência (a capacidade de estabelecer o elo entre as discussões e a decisão). Este eixo diz respeito a apresentação da capacidade de influência que pode ser desde participação que é inócua, até a ser responsável pela tomada de decisão. Também fique atento ao momento em que a participação deverá ocorrer. O tipo de participação pode ser diferente em cada etapa da política pública. Por exemplo, no momento de identificar as possíveis soluções, a participação é mais restrita, focada em membros com grande capacidade técnica. Já no momento da implementação, a participação pode ser mais ampla, de acordo com o modelo de governança política adotado ou indicado para cada caso. Como comentamos anteriormente, os modelos mais amplos de participação são os mais comuns no Brasil, principalmente quando procura-se envolver o cidadão comum no processo decisório, por meio das audiências públicas. Contudo, na prática, são raros os momentos em que tais arenas promovem alterações naquilo que é proposto pelas equipes técnicas envolvidas na etapa de elaboração das políticas públicas. A participação em qualquer etapa da política pública afeta diretamente a percepção da sua relevância, legitimidade, transparência e eficácia. Políticas públicas elaboradas de forma mais participativas podem promover maior agregação à sua proposta, bem como elevar a quantidade e qualidade das informações disponíveis para a tomada de decisão, desde que o processo de governança seja bem gerido, sendo clara, transparentem e metodologia bem desenhada. A maior participação pode dar maior visibilidade à política pública e, consequentemente, aumenta a possibilidade de acesso aos recursos para a sua execução. 13 REFERÊNCIAS BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública / Tribunal de Contas da União. Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2014. v. 2. DIAS, R.; MATOS, F. Políticas públicas: princípios, propósitos e processos. São Paulo: Atlas, 2012. DINIZ, E. Governabilidade, Democracia e Reforma do Estado: Os desafios da Construção de uma Nova Ordem no Brasil dos Anos 90. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 38, n. 3, p. 385-415, 1995. OSBORNE, D.; GAEBLER, T. Reinventing government. New York: Peguin Press, 1992. RICHARDSON, J.; GUSTAFSSON, G.; JORDAN, G. The concept of policy style. In: RICHARDSON, J.; JORDAN, G. Policy styles in Western Europe. Londres: Alllen & Unwin, 1982. p. 1-16. SCHNEIDER, V. Redes de políticas públicas e condução de sociedades complexas. Porto Alegre: Civitas, 2005. v. 5. SEBRAE. Políticas públicas municipais de apoio à microe pequenas empresas. In: CALDAS, R.; CRESTANA, S. (Org.). São Paulo: SEBRAE, 2005. SECCHI, L. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. SILVA, P. L. B.; MELO, M. A. B. O processo de implementação de políticas públicas no Brasil. Caderno 48. Núcleo de Estudos de Políticas Públicas – Unicamp, 2000. SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Revista Sociologias, Porto Alegre, ano 8, n. 6, p. 20-45, 2006.
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