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CÓD: SL-117JN-24 7908433247814 CONCURSO NACIONAL UNIFICADO CNU Conhecimentos gerais para os BLOCOS 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 a solução para o seu concurso! Editora EDITAIS Nº 1, 2, 3, 4, 5, 6 E 7/2024 INTRODUÇÃO a solução para o seu concurso! Editora Como passar em um concurso público? Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação. É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação. Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação. Então mãos à obra! • Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho; • Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área; • Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito, determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total; • Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo; • Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação. • Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame; • Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse. A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos. Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial. A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos! ÍNDICE a solução para o seu concurso! Editora Políticas Públicas 1. Introdução às políticas públicas: conceitos e tipologias ............................................................................................................ 7 2. Ciclos de políticas públicas: agenda e formulação; processos de decisão; implementação, seus planos, projetos e programas; monitoramento e avaliação ....................................................................................................................................................... 17 3. Institucionalização das políticas em Direitos Humanos como políticas de Estado .................................................................... 18 4. Federalismo e descentralização de políticas públicas no Brasil: organização e funcionamento dos sistemas de programas nacionai ..................................................................................................................................................................................... 18 Desafios do Estado de Direito: Democracia e Cidadania 1. Estado de direito e a Constituição Federal de 1988: consolidação da democracia, representação política e participação cida- dã ............................................................................................................................................................................................... 23 2. Divisão e coordenação de Poderes da República ....................................................................................................................... 23 3. Presidencialismo como sistema de governo: noções gerais, capacidades governativas e especificidades do caso brasileiro .. 24 4. Efetivação e reparação de Direitos Humanos: memória, autoritarismo e violência de Estado ................................................. 25 5. Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3 (Decreto nº 7.037/2009) ............................................................................ 25 6. Combate às discriminações, desigualdades e injustiças: de renda, regional, racial, etária e de gênero ................................... 62 7. Desenvolvimento sustentável, meio ambiente e mudança climática ........................................................................................ 63 Ética e Integridade 1. Princípios e valores éticos do serviço público, seus direitos e deveres à luz do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, e do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/1994) ........................... 67 2. Governança pública e sistemas de governança (Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017); Gestão de riscos e medidas mitigatórias na Administração Pública ....................................................................................................................................... 74 3. Integridade pública (Decreto nº 11.529/2023) .......................................................................................................................... 80 4. Transparência e qualidade na gestão pública, cidadania e equidade social .............................................................................. 83 5. Governo eletrônico e seu impacto na sociedade e na Administração Pública; Lei nº 14.129/2021 .......................................... 88 6. Acesso à informação; Lei nº 12.527/2011 ................................................................................................................................. 97 7. Transparência e imparcialidade nos usos da inteligência artificial no âmbito do serviço público ............................................. 104 Diversidade e Inclusão na Sociedade 1. Diversidade de sexo, gênero e sexualidade; diversidade étnico-racial; diversidade cultural ..................................................... 107 2. Desafios sociopolíticos da inclusão de grupos vulnerabilizados: crianças e adolescentes; idosos; LGBTQIA+; pessoas com deficiências; pessoas em situação de rua, povos indígenas, comunidades quilombolas e demais minorias sociais ................. 110 ÍNDICE a solução para o seu concurso!Editora Administração Pública Federal 1. Princípios constitucionais e normas que regem a administração pública (artigos de 37 a 41 da Constituição Federal de 1988) .......................................................................................................................................................................................... 115 2. Estrutura organizacional da Administração Pública Federal (Decreto Lei nº 200/1967)............................................................ 121 3. Agentes públicos: Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas alterações) ...................................................................... 152 Finanças Públicas 1. Atribuições econômicas do Estado ............................................................................................................................................ 195 2. Fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento ................................................................................................... 196 3. Financiamento das Políticas Públicas: estrutura de receitas e despesas do Estado brasileiro .................................................. 196 4. Noções de orçamento público: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) .......................................................................................................................................................................................... 197 5. Federalismo fiscal no Brasil; Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) ................................................ 244 1 a solução para o seu concurso! Editora POLÍTICAS PÚBLICAS INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS E TIPOLOGIAS Políticas Públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. Para Seichi1 as Políticas Públicas, analiticamente, ocorrem com o monopólio de atores estatais, segundo esta concepção, o que determina se uma política é ou não “pública” é a personalidade jurídica do formulador, em outras palavras, é política pública somente quando emanada de ator estatal. As Políticas Públicas são formadas para atender as demandas da sociedade nas mais diversas áreas ou seguimentos, a iniciativa ocorre por parte dos poderes executivo e legislativo. A lei que institui uma política pública pode, se necessário, assegurar a participação da sociedade na criação, no processo, no acompanhamento e na avaliação da lei, a participação pode ocorrer em forma de conselhos estabelecidos no âmbito municipal, estadual ou federal. O quadro a seguir apresenta alguns conceitos de Políticas Públicas dados por estudiosos da área, os conceitos se integram e completam o significado ainda que em diferentes períodos: Autor Definição de Políticas Públicas Ano Mead Campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas. 1995 Lynn Conjunto específico de ações do governo que irão produzir efeitos específicos 1980 Peters Soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que influenciam as vidas dos cidadãos. 1986 Dye O que o governo escolhe fazer ou não fazer. 1984 Laswell Responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz. 1958 Fonte: Oliveira (2012). Assim as Políticas Públicas podem ainda ser consideradas como “outputs”2 como tratado na linguagem dos processos estabelecidos em uma organização, elas são resultados das atividades políticas. A política pública difere da decisão política, há uma necessidade de envolver diversas ações estratégicas para se implementar decisões tomadas e não apenas uma escolha entre outras alternativas, sendo assim, nem todas as decisões políticas podem ser consideradas como políticas públicas. A complexidade da sociedade moderna ocorre devido a fatores como: idade, religião, sexo, estado civil, renda, escolaridade, profissão, ideais, interesses, costumes, e tudo isso causa em algum momento uma série de conflitos. O gerenciamento desses conflitos pode assegurar a sobrevivência e progresso da sociedade como um todo, e isto é estabelecido por meio da política. Segundo Seichi3, organizações privadas, organizações não governamentais, organismos multilaterais, redes de políticas públicas (policy networks), juntamente com atores estatais, são protagonistas no estabelecimento das políticas públicas. Dica: Política Pública é um conceito que comporta diferentes expressões, existem várias definições esclarecedoras a respeito, que são importantes para formar uma ideia geral sobre o que seja política e política pública. 1 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. SP: Cengage Learning, 2010. 2 Saídas 3 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. SP: Cengage Learning, 2010. POLÍTICAS PÚBLICAS 22 a solução para o seu concurso! Editora Convém lembrar que Política Pública é diferente de política, porque Política é ampla, envolve um conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se des- tinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos, já Política Pública possui soluções/ações específicas. Os instrumentos que compõem as Políticas Públicas são: - Planejamento: os planos são direcionados a estabelecerem as diretrizes, prioridades e objetivos em geral, ao estabelecerem os planos são firmadas metas estratégicas para períodos longos. - Execução: os programas são estabelecidos buscando atender objetivos gerais com foco em um determinado tema, público, conjunto ou área. - Monitoramento: o monitoramento é realizado por meio de ações que visam alcançar determinados objetivos preestabelecidos no programa. - Avaliação: as atividades de avaliação são estabelecidas com o objetivo de avaliar os resultados ou percursos alcançados a partir dos objetivos preestabelecidos. Atores das Políticas Públicas Esse é o nome dado aos grupos que apresentam as reivindicações que possivelmente poderão ser convertidas em Políticas Públicas, as ações estabelecidas por este grupo levam aos dirigentes os interesses da sociedade e promovem uma integração dos grupos com o Sistema Político. Esses atores são todas as pessoas, grupos ou instituições que, direta ou indiretamente participam da formulação e implementação de uma política. Os envolvidos no processo de discussão, criação e execução das Políticas Públicas podem ser classificados como estatais ou privados: - Estatais: são os procedentes do Governo ou do Estado, alguns foram eleitos pela sociedade por um período determinado (os políticos eleitos) e outros atuarão de forma permanente exercendo funções públicas no Estado (servidores). Os servidores teoricamente deveriam atuar de forma neutra, sem agir de acordo com os interesses pessoais, mas sim contribuindo de modo essencial para um bom desempenho das ações governamentais. - Privados: são os procedentes da Sociedade Civil, eles não possuem um vínculo direto com a administração do Estado, esse grupo é formado por sindicatos de trabalhadores, sindicatos patronais, entidades de representação da Sociedade Civil Organizada, a imprensa, os centros de pesquisa, entre outros. Ao longo dos anos as mudanças que ocorreram na sociedade como um todo levaram o Estado a ampliar seu papel de atuação que concentrava-se na segurança pública e defesa externa em caso de ataques inimigos. Essa ampliação foi tomada pela democracia e pelas novas responsabilidades que levaram o Estado a atuar pelo bem-estar da sociedade como um todo. As atividades realizadas pelo Estado no exercício e busca pelo bem-estar comum são desenvolvidas nas mais diversas áreas como: saúde, trabalho, educação,meio ambiente, segurança, etc. Dessa forma, as políticas públicas são ações que buscam atingir resultados nessas diversas áreas e consequentemente promover o bem-estar da sociedade, sendo assim, elas podem ser compreen- didas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade, que é a soma das ações, metas e planos que os governos estabelecem buscando alcançar o bem-estar da sociedade. A maneira pela qual a sociedade expressa os interesses e ne- cessidades é através de solicitações aos grupos organizados. Essas necessidades são apresentas aos vereadores/deputados/senado- res, e estes levam os interesses e demandas da sociedade aos pre- feitos/governadores/presidente da República, membros do Poder Executivo escolhidos para representar a sociedade e atender ao bem-estar coletivo. Os grupos organizados podem ser chamados de Sociedade Civil Organizada, incluindo também sindicatos, associações, entidades empresariais, associações patronais e ONGs em geral. Vivemos em uma sociedade que se caracteriza por uma grande diversidade, ou seja, diferentes valores, cultura, costumes, religião, idade, sexo, profissão, interesses e ainda por inúmeras necessida- des com uma quantidade escassa de recursos. A formação de grupos que possuem interesses comuns é um caminho muito comum para criar força e se organizar para reivindi- car direitos e melhorias para a sociedade, é importante que essas ações sejam sempre estabelecidas de acordo com as conformida- des da legislação vigente. Levando em conta que as necessidades são ilimitadas faz-se necessário ao formulador de políticas públicas selecionar as prio- ridades de modo que as políticas sejam então respostas que aten- dam as expectativas e demandas da sociedade voltando o governo para o atendimento dos interesses públicos da sociedade buscando assim atender o bem-estar da sociedade. Os interesses apresentados pelos grupos aos dirigentes do go- verno podem ser específicos para atender uma parte específica do grupo de pessoas, como por exemplo a construção de uma creche, ou um sistema de captação de águas, ou mesmo de interesse geral da sociedade, como por exemplo, a necessidade de melhorias na saúde pública ou na questão da segurança. A apresentação das demandas e interesses não significa ne- cessariamente que serão atendidas mas a força, justificativas ou o impacto com que as reivindicações chegam aos dirigentes pode demonstrar a urgência e importância de tal ação para o grupo ou a sociedade. Modelos de Tomada de Decisão em Políticas Públicas As decisões são escolhas entre diferentes cursos de ações pos- síveis, normalmente uma pessoa faz escolhas diariamente para diferentes situações ou circunstâncias e isso também ocorre no contexto organizacional, essas decisões têm inúmeras implicações, inclusive no alcance de resultados e no consumo de recursos da empresa. O estudo sistemático do processo decisório pode maximizar as chances de decisões boas a serem tomadas e minimizar as chances de serem tomadas decisões que tragam consequências negativas para a organização. Com a finalidade de descobrir a melhor decisão para determi- nadas situações, cabe ao indivíduo tomador de decisões construir o máximo de alternativas possíveis para que então possa escolher o melhor caminho otimizando e possibilitando o crescimento e desenvolvimento da empresa nesse contexto de competitividade agressiva. POLÍTICAS PÚBLICAS 3 a solução para o seu concurso! Editora Etapas para Solução de Problemas Seguir critérios racionais e etapas estabelecidas pode ser um caminho para resolução de problemas e tomada de decisões no contexto organizacional. Abaixo foram litadas as etapas da solução de problemas e as principais técnicas de cada uma. Deve-se primeiramente realizar a identificação do problema ou da oportunidade, pode ser caracterizada pela existência de um obstáculo ao alcance de objetivos organizacionais, por uma nova oportunidade, por um problema nos processos de trabalho ou por um acontecimento qualquer que exija uma decisão e, subsequente- mente, a adoção de determinadas ações. O diagnóstico do problema consiste na caracterização do pro- blema, devemos entender o problema, seu contexto, suas causas e suas consequências ante de iniciar o processo de resolução. Chia- venato destaca condições sob as quais a decisão pode ser tomada: 4 1. Incerteza: situação em que o tomador de decisão tem pouca ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência de cada evento futuro. 2. Risco: é a situação em que sabemos a probabilidade de ocorrência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. Por exemplo: na prova desse concurso, se cair uma questão que trate de um assunto acercado do qual nunca ouvimos falar, e todas as alternativas parecem igualmente plausíveis, temos 20% de chance de acertar e 80% de chance de errar. Para marcar o gabarito, cada um adotará uma tática, considerando os riscos e benefícios envolvi- dos. Neste caso, a intuição, que vimos anteriormente, também pode estar presente. 3. Certeza: é a situação em que temos sob controle todos os fatores que afetam a tomada de decisão, aqui sabemos quais são os riscos e probabilidades de ocorrência de eventos, temos infor- mações acerca de custo, sabemos quais são os fatores potenciali- zadores e restritivos, e possuímos estudos de viabilidade das alter- nativas etc. 4. Turbulência: é a condição para tomada de decisão que ocor- re quando as metas não são claras ou quando o meio ambiente muda muito depressa. Decisões Racionais As decisões ordenadas de forma lógica são chamadas de deci- sões racionais, uma vez que seguem critérios para escolher a me- lhor alternativa buscando os melhores resultados com os menores custos, algumas características são a busca pelo resultado e evitar a incerteza. É necessário considerar que não é possível obter todas as in- formações de modo a tomar uma decisão cem por cento racional, considerando que nem todas as variáveis estão sob nosso total con- trole. Decisões Intuitivas As decisões baseadas em sentimentos, intuição, percepção são chamadas de decisões intuitivas, esse tipo de decisão normalmente ocorre quando as informações, dados não são suficientes para se tomar uma decisão racional ou mesmo quando não há tempo para se analisar todas as variáveis. 4 CHIAVENATO, I.; Administração nos novos tempos. 2ª ed., RJ: Elsevier, 2004. São muitos os fatores que afetam uma decisão, tais como: cus- tos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assumidos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponí- veis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do to- mador de decisão, estrutura de poder da organização entre outros. Decisões Programadas e Não Programadas As decisões podem ainda ser programadas ou não programa- das, as programadas são aquelas para a qual a organização dispõe de soluções padronizadas e preestabelecidas. São tomadas com base em regras e procedimentos preestabelecidos aplicam-se a problemas rotineiros, cujas soluções podem ser previstas. Neste caso, não seguiremos as etapas de decisão, pois o diagnóstico já foi identificado, aconselha-se no contexto organizacional tomar o maior número possível de decisões programáveis. Já as decisões não programáveis ou não programadas são aquelas referentes a problemas inéditos, novos ou problemas que as soluções programadas não são capazes de resolver. As transfor- mações que ocorrem no mundo organizacional contribuem para que decisões não programáveis sejam frequentemente necessárias, esse tipo de decisão exige que sejam seguidas todas as etapas de tomada de decisão (identificação do problema, diagnóstico etc.). Há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em que ela é tomada, assim: - Decisões Estratégicas: são aquelas mais amplas, referentes à organização como um todoe sua relação com o ambiente, elas são tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e possuem consequên- cias de longo prazo. - Decisões Táticas: ou chamadas também de administrativas, são tomadas nos níveis das unidades organizacionais ou departa- mentos. - Decisões Operacionais: são aquelas tomadas no dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realidade organi- zacional. - Decisões Autocráticas: são decisões tomadas sem discussões, acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma rápida de tomada de decisão e não devem ser questionadas. Muitas vezes, são decisões de cunho estritamente técnico. - Decisões Compartilhadas: são aquelas decisões tomadas de forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso. Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consulta, ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta. - Decisões Delegadas: são tomadas pela equipe ou pessoa que recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam ser aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo assu- me plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a infor- mação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes para decidir da melhor maneira possível. Serão apresentadas abaixo cinco etapas sequenciais no proces- so de decisão, este processo começa com a identificação da situa- ção e vai até monitoração e feedback. 1ª Etapa - Reconhecimento: ocorre aqui a identificação/ diagnóstico da situação, é a etapa mais difícil, pois é necessário reconhecer um problema e/ou oportunidade. Ela é fundamental POLÍTICAS PÚBLICAS 44 a solução para o seu concurso! Editora porque, se não for bem-feita, todo trabalho de uma equipe será perdido, essa etapa é considerada a mais difícil das cinco etapas do processo decisório. 2ª Etapa - Planejamento: nessa etapa acontece o desenvolvi- mento de alternativas, ou seja, aqui são elaboradas as alternativas de ação. Faz-se necessária a elaboração de alternativas porque é a partir delas que uma decisão deverá ser tomada, e sem elas, não existe decisão a ser tomada. Para facilitar essa etapa, pode ser de- senvolvido um instrumento gráfico, denominado “árvore de deci- são”, que avalia as alternativas disponíveis (esse processo é normal- mente usado quando há muitas alternativas a serem discutidas). 3ª Etapa - Avaliação: ocorre aqui a avaliação e escolha das al- ternativas, que foram desenvolvidas na etapa anterior. Nesta etapa, deverá ser feita uma análise das vantagens e desvantagens das al- ternativas desenvolvidas, e é importante destacar que realmente deve-se avaliar as vantagens e as desvantagens de cada alternativa utilizando senso crítico ao avaliar as alternativas. 4ª Etapa - Decisão e implementação: faz-se a seleção e depois a implementação, ou seja, nessa etapa é o momento de selecio- nar a melhor alternativa. Uma vez escolhida, deve-se anunciá-la com confiança e de forma decisiva, pois caso contrário poderá ser despertado um sentimento de insegurança nos outros. Para a im- plementação da alternativa escolhida, deve-se também, verificar o momento oportuno de implementá-la, é um erro comum imple- mentar a alternativa escolhida na época errada. 5ª Etapa - Controle: ocorre aqui a monitoração e o feedback, para que se alcance os resultados desejados e para um bom contro- le do andamento e do processo, faz-se necessário a avaliação dos resultados da decisão. Nessa etapa é necessário humildade, pois em se verificando que os resultados não atingiram o esperado é preferível admitir o erro que manter a decisão, pois as consequên- cias poderão ser danosas. Modelos de Tomada de Decisão Com relação as Políticas Públicas, os modelos de tomada de decisão são classificados como: Modelo Incremental: segundo informações do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o modelo de tomada de decisão incremental pode ser visto como um processo político caracterizado pela barganha e pelo compromisso entre decisores auto orientados. As decisões limitam-se a decisões sucessivas an- teriores, sendo, portanto, apenas marginalmente diferentes das an- teriores. Dessa forma, ocorreriam apenas mudanças incrementais no status quo. O modelo incremental traz duas constatações ao processo de políticas públicas: 1) Por mais adequada que seja a fundamentação técnica de uma alternativa, a decisão envolve relações de poder; 2) Os governos democráticos não possuem efetivamente liber- dade total na alocação de recursos públicos. A principal crítica a este modelo se refere à sua pouca compa- tibilidade com as necessidades de mudanças necessárias à gestão de programas e projetos, podendo gerar prejuízos à eficiência do Estado e legitimar um viés conservador no processo decisório. Modelo Racional: segundo ainda informações do MPOG, nes- te modelo, a tomada de decisão segue as seguintes atividades se- quenciais: - Um objetivo para solucionar um problema é estabelecido. - Todas as estratégias alternativas para alcançar o objetivo são exploradas e listadas. - Todas as sequências significantes de cada alternativa estraté- gica são previstas e as probabilidades dessas consequências ocorre- rem são estimadas. - Por fim, a estratégia que parece resolver o problema ou que o resolve com menor custo é selecionada. Esse modelo parte de um pressuposto ingênuo de que a infor- mação é perfeita e não considera limites cognitivos em se analisar todas as opções de políticas. Tampouco, considera adequadamente o peso das relações de poder na tomada de decisões. Os decisores, muitas vezes, são obrigados a selecionar políticas públicas em bases políticas, ideológicas ou aleatoriamente, sem referência a padrões de eficiência. Tipos de Políticas Públicas Veja como Oliveira5 explica as os tipos de políticas públicas: Políticas Distributivas: referem-se a decisões alocativas, sem contrapartidas fiscais, esse tipo de política implica nas ações cotidianas que todo e qualquer governo precisa fazer. Ela diz respeito à oferta de equipamentos e serviços públicos, mas sempre feita de forma pontual ou setorial, de acordo com a demanda social ou a pressão dos grupos de interesse. São exemplos de políticas públicas distributivas: as podas de árvores, os reparos em uma creche, a implementação de um projeto de educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre outros. O seu financiamento é feito pela sociedade como um todo através do orçamento geral de um estado. Políticas Regulatórias: disciplinam aspectos da atividade social, esse tipo consiste na elaboração das leis que autorizarão os governos a fazerem ou não determinada política pública redistributiva ou distributiva. Se estas duas implicam no campo de ação do poder executivo, a política pública regulatória é, essencialmente, campo de ação do poder legislativo. Políticas Redistributivas: são aquelas que de várias formas (transferências, isenções, etc.) redistribuem recursos de qualquer natureza, entre grupos sociais. Consistem em redistribuição de renda em forma de recursos e financiamentos de equipamentos e serviços públicos. São exemplos de políticas públicas redistributivas: os programas de bolsa-escola, bolsa-universitária, cesta básica, renda cidadã, isenção de IPTU e de taxas de energia/água para famílias carentes, dentre outros. 5 OLIVEIRA, A.F. Políticas Públicas Educacionais: conceito e contextualização numa perspectiva didática. SINPRODF. 2012. POLÍTICAS PÚBLICAS 5 a solução para o seu concurso! Editora Do ponto de vista da justiça social o seu financiamento deveria ser feito pelos estratos sociais de maior poder aquisitivo, de modo que se pudesse ocorrer, portanto, a redução das desigualdades sociais. No entanto, por conta do poder de organização e pressão desses estratos sociais, o financiamento dessas políticas acaba sendo feitopelo orçamento geral do ente estatal (união, estado federado ou município). Políticas Constitucionais: estabelecem procedimentos para a adoção de decisões públicas e relações entre os vários aparatos do Estado. Cada tipo de política pressupõe uma arena de poder diferente, uma rede diferente de atores, uma diferente estrutura decisional e um contexto institucional diferente. Fases das Políticas Públicas As fases das Políticas Públicas também são conhecidas como “Processo de Formulação de Políticas Públicas” ou “Ciclo das Políticas Públicas”. Veja na tabela a seguir, as cincos fases das Políticas Públicas: 1ª Fase Formação da Agenda: seleção das prioridades. 2ª Fase Formação de Políticas: apresentação das alternativas ou soluções. 3ª Fase Processo de Tomada de Decisão: determinação ou escolha das ações. 4ª Fase Implementação: execução das ações. 5ª Fase Avaliação: verificação dos resultados alcançados. Fonte: Elaborado com base no SEBRAE. 1ª Fase - Formação de Agenda: dá-se o nome de formação de agenda para o procedimento de escolha da lista com os principais pro- blemas da sociedade a serem tratados. Estabelecer quais os assuntos ou questões serão tratadas pelo Governo é fundamental, uma vez que, ilimitados são as reivindicações e interesses da sociedade em meio a uma limitada quantidade de recursos. Faz-se necessário definir as questões a serem tratadas bem como reconhecer aquelas que não serão levadas adiante, alguns elemen- tos poderão ser levados em conta para a inserção de um problema na Agenda Governamental. Veja os exemplos abaixo: Exemplo 1: se um número elevado de pequenas empresas encerra os negócios nos primeiros meses de existência, uma política pública voltada especificamente para esta situação poderia ser criada como medida de controle ou influência. Exemplo 2: acontecimentos como crimes violentos podem levar a população a uma comoção, o impacto social causado por evento específico pode levar os dirigentes do governo a estabelecerem ações que possam evitar a repetição do ato ocorrido. O feedback das ações governamentais que podem contribuir para o apontamento de falhas em medidas adotadas pelo programa avaliado ou outros programas que não receberam atenção governamental. O período onde ocorre transição entre os governos pode ser considerado como um período onde a agenda passa por mudanças, diante desta circunstância faz-se necessário valorizar e dedicar maior atenção aos temas já selecionados como mais relevantes entre as demandas da sociedade. Porém ainda que uma questão esteja selecionada na Agenda Governamental, isso não significa obrigatoriamente que será dedicada uma atenção especial ou prioridade. Isso normalmente ocorrerá quando outros fatores são somados a esta questão como, por exemplo, mobilização popular, vontade política, percepção dos custos de não se resolver a questão versus os custos de resolver. 2ª Fase - Formulação de Políticas: faz-se necessário definir quais caminhos ou ações deverão ser tomadas para solucionar uma situa- ção já vista como um problema inserido na Agenda Governamental. Diante da realidade mencionada anteriormente compreende-se que esse processo nem sempre é tomado como um processo pacífico, embora as ações ou medidas tomadas sejam favoráveis e de interesse de determinado grupo/parte da sociedade, outros grupos poderão considerar as ações não favoráveis aos seus interesses e necessidades. Por isso, definir os objetivos da política, os programas e metas a serem desenvolvidas fazem-se importantes e necessárias, ainda que provoque rejeições de várias propostas de ação. As decisões devem ser tomadas após ouvir o corpo técnico da administração pública, considerando recursos materiais, econômicos, técnicos, pessoais, e ainda após verificação do posicionamento dos grupos sociais. Veja abaixo alguns importantes passos para a elaboração de Políticas Públicas: - A conversão de estatísticas em informação relevante para o problema; - Análise das preferências dos atores; e - Ação baseada no conhecimento adquirido. POLÍTICAS PÚBLICAS 66 a solução para o seu concurso! Editora Deve haver uma comunicação entre o responsável pela elabo- ração da Política Pública e os atores envolvidos no contexto com o propósito de facilitar a formulação de propostas, onde ela irá ser implantada e requerer a eles uma proposta sobre qual seria a me- lhor forma de proceder. As diversas opiniões poderão servir como um banco de ideias que poderão apontar o caminho desejado por cada segmento social. Uma análise objetiva precisa ser realizada com relação as opi- niões do grupo e ainda considerar a viabilidade técnica, legal, fi- nanceira e política. Comparar e medir as alternativas, os riscos, a eficácia e eficiência pode conduzir a um melhor atendimento aos interesses e objetivos sociais. 3ª Fase - Processo de Tomada de Decisão: embora seja neces- sário tomar decisões em todos os momentos no ciclo de Políticas Públicas, esta fase concentra-se em um importante momento de ação em resposta aos problemas escolhidos para a Agenda. Defi- nem-se os recursos e o prazo temporal da ação política. As formali- zações das escolhas são expressas por meio de leis, normas, resolu- ções, decretos, e outros atos da administração pública. É importante ressaltar que na terceira fase ou processo de to- mada de decisão, verificam-se os procedimentos a seguir antes de tomar a decisão. Faz-se necessário decidir aqueles que participarão do processo e ainda se o mesmo será aberto ou fechado. Se for aberto faz-se necessário verificar se ocorrerá participação dos be- neficiários, se a decisão será ou não tomada por votação, e em qual grau direto ou indireto. As decisões serão fortemente influenciadas por diferentes for- mas de decisão e diferentes controladores da Agenda. Pesquisadores e estudiosos desenvolveram modelos que po- derão amenizar erros e elevar eficiência desse processo. Dentre os diversos modelos, cabe a Abordagem das Organizações, que pres- supõe que o governo é um conjunto de organizações dos mais di- versos níveis, dotadas de maior ou menor autonomia. A forma dos governos perceberem problemas são os sensores das organizações, e as informações fornecidas por tais sensores se constituem em re- curso para se solucionar os problemas inseridos nesse modelo, as Políticas Públicas passam a ser entendidas como resultado da atua- ção das organizações. Assim, os atores são as próprias organizações que concorrem em termos de poder e influência para promover a sua perspectiva e interpretação dos problemas tratados. Sob este enfoque, expli- cam-se as decisões basicamente como o resultado de interações políticas entre as organizações burocráticas. As soluções ajustam-se aos procedimentos operacionais padronizados, ou seja, às rotinas organizacionais. Segundo esse modelo, uma boa decisão seria aquela que per- mitisse a efetiva acomodação de todos os pontos de conflito envol- vidos naquela Política Pública. Os principais atores, ou seja, aque- les que têm condições efetivas de inviabilizar uma Política Pública devem ter a convicção de que saíram ganhando. Na pior hipótese, nenhum deles deve se sentir completamente prejudicado. Na práti- ca, isso requer que os atores que podem impedir a execução devem sentir que poderão não ter ganhos reais mas, ao menos, não terão prejuízos com a política proposta. 4ª Fase - Implementação: Na quarta fase, na implementação ocorre a transformação do planejamento e das escolhas em atos. O principal responsável pela execução da política ou ação direta é o corpo administrativo. Devem realizar a aplicação, o controle e o monitoramento das medidas já definidas. Dependendo da postura do corpo administrativo a política poderá sofrer mudanças drásticas durante este período/fase. Mencionaremos aqui dois modelos de implementação das Políticas Públicas, o de cima para baixo e o de baixo para cima. De Cima para Baixo: aplicação descendente, do governo para população. Este modelo representa um modelo centralizadoonde um número muito pequeno de funcionários participa das decisões e pode opinar sobre a forma da implementação das Políticas Pú- blicas. As decisões tomadas pela administração pública devem ser cumpridas sem quaisquer questionamentos. De Baixo para Cima: aplicação ascendente, da população para o governo. Este modelo representa um modelo descentralizado. Ocorre participação dos beneficiários ou usuário final das políticas em questão. O contato direto com aqueles que serão os beneficiá- rios, o cidadão, permite uma perspectiva participativa nas Políticas Públicas. Nesta fase deve-se chamar a atenção para fatores que podem comprometer a eficácia das políticas, as disputas de poder entre as organizações, os fatores internos e externos que podem afetar o desempenho das organizações, suas estruturas, sua preparação formal. Dentre os fatores de disputas entre as organizações, desta- cam-se a quantidade de agências ou organizações envolvidas no acompanhamento e controle das políticas e o grau de cooperação ou lealdade entre elas. Quanto maior o número de organizações envolvidas na execu- ção de uma política, maior será o número de comandos ou ordens que tem de ser expedidas e, consequentemente, o tempo deman- dado para a realização das tarefas, a extensão da cadeia de coman- do mede-se pelo número de decisões que é necessário adotar para que o programa funcione. A extensão de comando afeta o grau de cooperação entre as organizações, tornando o controle e monitoração do processo de implementação mais complexo e difícil. Dessa forma, quanto mais elos (agências e organizações da administração pública envolvidas na execução de tarefas) tiver a cadeia de comando (canais de trans- missão das ordens para execução das tarefas) mais sujeita a defici- ências estará a implementação de políticas. Dentre os fatores internos que afetam as organizações, pode- mos enumerar, em primeiro lugar, as características estruturais das agências burocráticas (recursos humanos, financeiros e materiais) e a relação entre quantidade de mudanças exigidas por uma política e extensão do consenso sobre seus objetivos e metas. As características das agências abrangem aspectos objetivos (como tamanho, hierarquia, autonomia, sistemas de comunicação e de controle) e qualitativos (como a competência da equipe e a vitalidade de seus membros). Essas características estruturais são responsáveis não apenas pela eficácia na execução das tarefas como também pela compre- ensão mais ou menos precisa dos implementadores acerca da polí- tica e pela abertura ou adaptabilidade da organização às mudanças. Quanto ao segundo fator interno, cabe destacar a existência de consenso dentro da burocracia, com efeito, a relação entre a quantidade de mudanças exigidas afeta inversamente o consenso sobre a política, ou seja, quanto mais mudanças no padrão de inte- ração dos atores ou nas estruturas forem necessárias, menor será o consenso sobre como atingi-las. Isso afeta negativamente o grau POLÍTICAS PÚBLICAS 7 a solução para o seu concurso! Editora de cooperação entre as organizações e a lealdade da burocracia aos formuladores, provocando deficiências e deturpações na imple- mentação das Políticas Públicas. Os fatores externos, por fim, também afetam as Políticas Pú- blicas, com efeito, a opinião pública, a disposição das elites, as con- dições econômicas e sociais da população e a posição de grupos privados podem tornar problemática a execução das políticas. A indiferença e descaso gerais, a resistência passiva ou a mobili- zação intensa contra as medidas podem configurar uma conjuntura negativa que prejudique a aplicação dos objetivos e metas propos- tas na política. Para melhor se entender isso, é importante ressaltar quais características possuem os indivíduos que podem contribuir para o aparecimento dos fatores externos. Além da diferença na escala social (grupos de alta, média ou baixa posição), as características mais importantes dos atores polí- ticos são: a racionalidade, os interesses e as capacidades que pos- suem para agir. Se entendermos essas três características, entende- remos como ocorre a formulação de Políticas Públicas na prática. A racionalidade é a capacidade de um Grupo Social (um ator) definir estratégias e cursos de ação para alcançar seus objetivos. Os interesses representam as preferências de um dado ator por uma certa política com a qual possui mais afinidade em detrimento de outras que desconhece ou não possui simpatia. A capacidade reflete os recursos (carisma, possibilidade de mo- bilização, liderança, unidade, acesso aos meios de comunicação) que um ator possui na sua relação com seus representados, o que faz com que a sociedade ouça seus argumentos e os leve em consi- deração (ou não). 5ª Fase - Monitoramento ou Avaliação: o fato de que o “Mo- nitoramento e Avaliação” são classificados como a quinta fase não significa que suas atuações ocorram somente no final. A avaliação pode ser realizada em todos os momentos do ciclo de Políticas Pú- blicas. O constante exercício do monitoramento e avaliação pode contribuir para o sucesso das ações governamentais e para a maxi- mização dos resultados obtidos com os recursos. O monitoramento e avaliação tem vital importância no processo de percepção sobre quais ações tendem a elevar melhores resultados. O monitoramento e a avaliação permitem à administração: - Corrigir e prevenir falhas; - Prestar contas de seus atos; - Justificar as ações e explicar as decisões; - Gerar informações úteis para futuras Políticas Públicas; - Fomentar a coordenação e a cooperação entre esses atores; - Identificar as barreiras que impedem o sucesso de um pro- grama; - Promover o diálogo entre os vários atores individuais e cole- tivos envolvidos; e - Responder se os recursos, que são escassos, estão produzindo os resultados esperados e da forma mais eficiente possível; O processo de avaliação de uma política leva em conta seus impactos e as funções cumpridas pela política, busca determinar sua relevância, analisar a eficiência, eficácia e sustentabilidade das ações desenvolvidas, e ainda serve como um meio de aprendizado para os atores públicos. Os impactos se referem aos efeitos que uma Política Pública provoca nas capacidades dos atores e grupos sociais, por meio da redistribuição de recursos e valores, afetando interesses e suas es- truturas de preferências. A avaliação de impacto analisa as modifi- cações na distribuição de recursos, a magnitude dessas modifica- ções, os segmentos afetados, as contribuições dos componentes da política na consecução de seus objetivos. A avaliação de uma política também deve enfocar os efeitos que esses impactos provocam e que se traduzem em novas deman- das de decisão por parte das autoridades, com o objetivo de anular ou reforçar a execução da medida. Também é importante analisar se a política produziu algum impacto importante não previsto ini- cialmente, bem como determinar quais são os maiores obstáculos para o seu sucesso. Quanto às funções cumpridas pela política, a avaliação deve comparar em que medida a Política Pública, nos termos em que foi formulada e implementada, cumpre os requisitos de uma boa política. Idealmente, uma boa política deve cumprir as seguintes funções: - Promover e melhorar os níveis de cooperação entre os atores envolvidos; - Constituir-se num programa factível, isto é, implementável; - Reduzir a incerteza sobre as consequências das escolhas fei- tas; - Evitar o deslocamento da solução de um problema político por meio da transferência ou adiamento para outra arena, momento ou grupo; - Ampliar as opções políticas futuras e não presumir valores dominantes e interesses futuros nem predizer a evolução dos co- nhecimentos. Uma boa política deveria evitar fechar possíveis alter- nativas de ação. Para se determinar a relevância de uma política deve se per- guntar se as ações desenvolvidas por ela são apropriadas para o problema enfrentado. Parase analisar a eficácia e eficiência de um programa, uma avaliação deve buscar responder se os produtos alcançados são ge- rados em tempo hábil, se o custo para tais produtos são os meno- res possíveis e se esses produtos atendem aos objetivos da política. Quanto à sustentabilidade, uma política deve ser capaz de que seus efeitos positivos se mantenham após o término das ações governa- mentais na área foco da Política Pública avaliada. Por fim, é importante se apreender, dentre outras coisas, quais seriam outras alternativas de ações que poderiam ter sido adota- das – e que poderão ser em intervenções futuras – e quais lições se tirar da experiência – tanto daquilo que deu certo como do que deu errado. A avaliação pode ser dividida de forma interna ou externa. A primeira divisão se dá entre a avaliação interna – que é conduzida pela equipe responsável pela operacionalização do programa – e a externa – feita por especialistas que não participam do programa. A vantagem da primeira se dá devido ao fato de que, ao es- tarem inseridos no programa, a equipe terá maior conhecimento sobre ele, além de acesso facilitado às informações necessárias, o que diminui o tempo e os custos da avaliação. Em contrapartida, a equipe envolvida no programa pode não contar com a separação do objeto avaliado, necessária para se ga- rantir a imparcialidade. Já a avaliação externa tem como ponto fra- co o tempo necessário para se familiarizar com o objeto de estudo, porém conta com imparcialidade maior. POLÍTICAS PÚBLICAS 88 a solução para o seu concurso! Editora A segunda divisão se refere ao objetivo da avaliação, e pode ser formativa, quando se busca informações úteis para a equipe na parte inicial do programa, ou a somativa, que busca gerar informa- ções sobre o valor ou mérito do programa a partir de seus resulta- dos, para que a autoridade responsável possa tomar sua decisão de manter, diminuir, aumentar ou encerrar as ações do programa. Controle Social Transparência e Participação social: Os novos Arranjos de Po- líticas e Políticas Públicas A complexidade das políticas públicas tem originado iniciati- vas pontuais, fragmentadas e descontinuadas no tempo, em face das constantes mudanças decorrentes de influências políticas e da incapacidade de resolver consistentemente os problemas que são postos pela sociedade para o Estado e para a Administração Públi- ca, e essa é a imagem da política pública transmitida pelos meios de comunicação. No Brasil vigora e está em desenvolvimento um regime de- mocrático, os princípios democráticos refletem profundamente no modo como as políticas públicas são desenvolvidas e implementa- das. Em regimes democráticos é importante considerar que existem condições essenciais a serem observadas e respeitadas no que tan- ge à gestão de interesses públicos por meio de políticas públicas. Os fundamentos democráticos que contextualizam e parame- trizam o desenvolvimento de políticas públicas são: a) o jogo político ocorre com base em regras preestabelecidas, haja vista que as ações e decisões políticas são pautadas direta ou indiretamente por regras constitucionais; b) as eleições são periódicas e têm como base o sufrágio (voto) universal – logo, constituem fontes de manifestação de preferências e escolhas do eleitorado sobre amplos programas de governo de políticas públicas; c) os mandatos dos eleitos são limitados temporalmente e quanto ao alcance de decisões e ações, o que exige a definição de consistentes linhas de ação, preferencialmente, institucionalizadas em legislação e instrumentos orçamentários de longo prazo para que as políticas públicas tenham continuidade; d) a prevalência da vontade da maioria da população, limitada por regras preestabelecidas, é que determinará que tipos de políti- cas públicas serão priorizadas em cada governo; e) a oposição tem participação legítima do jogo político e deve ter condições de assumir o poder por meio do voto popular – logo, sempre terá importância o seu papel de crítica sobre como estão sendo conduzidas políticas públicas e como propositora de diferen- tes agendas a serem cumpridas caso venha a assumir o poder; f) os representantes são responsáveis frente ao eleitorado, de modo que ao cidadão sempre caberá o direito de cobrar a criação de novas políticas púbicas de seu interesse e pela eficiência e eficá- cia das já existentes; g) os clássicos direitos civis (direito à vida, liberdade, seguran- ça, igualdade, dentre outros) são garantidos – logo, exigem ações concretas dos governantes para manutenção de políticas públicas permanentes para que os cidadãos os desfrutem na sua plenitude. Os elementos acima ganharam força na condução dos interes- ses públicos, principalmente a partir dos fundamentos da Reforma Gerencial de 1995, com a Reforma Gerencial houve claro delinea- mento sobre o papel da administração pública e o perfil de atuação do Estado na gestão de políticas públicas. Nessa concepção a administração pública não se restringe à execução de rotinas ou ao gerenciamento de órgãos públicos: ela é bem mais ampla que isso, compreende a estrutura organizacio- nal do Estado, em seus três poderes. O Estado, por sua vez, é mais abrangente, compreende também o sistema constitucional-legal, que regula a população nos limites de um território. Portanto, a concepção, a implementação e a avaliação de po- líticas públicas devem ser balizadas pelos condicionantes de um regime democrático. A gestão pública deixa de ser voltada para somente rotinas e procedimentos burocráticos internos para se colocar também como meio para que governantes, políticos, ad- ministradores e sociedade a utilizem para viabilização de políticas públicas capazes de fortalecer a democracia por meio da elevação dos níveis de justiça social e fomentar o desenvolvimento econômi- co sustentável. A ampliação das discussões e a abertura de espaços para no- vos participantes com influências na concepção e implementação de políticas públicas deve ser regra na democracia, pois “se demo- cracia é participação dos cidadãos, uma participação insuficiente debilita-a” (Bobbio et al., 1998). Por que a participação é tão importante no processo de for- mação de políticas públicas? A falta de participação torna difícil para os agentes públicos e governantes perceberem demandas não expressas pelo número re- duzido de cidadãos que se manifestam nas esferas políticas, essa falta de percepção dos problemas enfrentados pela sociedade fra- giliza a produção legislativa que regula a distribuição de recursos entre grupos na sociedade. Numa situação como essa, existe a tendência de que os recur- sos públicos sejam direcionados para os poucos cidadãos que par- ticipam dos processos políticos de elaboração de políticas públicas em detrimento da maioria da população não participante, o que gera falta de legitimidade dos governos perante a sociedade. Assim, como o nosso sistema é democrático, não há alternativa diferente para compreender as políticas públicas e utilizá-las para fazer cumprir o que constitucionalmente foi determinado. Veja a importância da participação que vem sendo atribuída na elabora- ção do Plano Plurianual federal e de alguns estados e municípios. É o cidadão e a sociedade civil organizada obtendo um espaço para priorizar a alocação de recursos orçamentários em políticas que consideram prioritárias. Antes de ser vista como coisa de políticos, a política deve ser compreendida por servidores públicos, agentes políticos e cida- dãos, para que consigam se instrumentalizar, se capacitar e se arti- cular com eficiência com vistas a planejar e executar ações públicas capazes de encontrarem um mínimo de legitimidade, eficiência e eficácia perante a sociedade. Como a Administração Pública trabalha para o público, não pode esperar, principalmente dos que detêm cargos com capacida- de decisória, que “um chefe” diga o que e como fazer política pú- blica. Desenvolver políticas públicas é, portanto, atividadeque en- volve políticos, administradores e servidores públicos, e cidadãos. POLÍTICAS PÚBLICAS 9 a solução para o seu concurso! Editora No processo de transformação de modos de governo centra- lizado para governos mais descentralizados, a governança passou a significar um modo de governo distinto do modelo de controle hierárquico, característico do Estado intervencionista. A acepção atual de governança diz respeito a um novo estilo de governo, distinto do modelo de controle hierárquico. Está relacio- nada a governos que atuam procurando maior grau de cooperação e de interação entre o Estado e os atores não estatais em redes decisórias mistas situadas na intersecção entre o espaço público e o espaço privado. A governança expande o foco para incluir atores públicos, pri- vados e da sociedade civil como componentes essenciais do proces- so de governo, daí na nova governança a abertura de espaços e de canais institucionais para ampliação da participação nos processos de concepção e implementação de políticas públicas é consequên- cia lógica no processo de fortalecimento da democracia brasileira. DICA: A nova governança pública representa um novo modo de governar: mais democrático, mais participativo, mais descen- tralizado e com maior número de atores participantes. A gestão pública brasileira vive um intenso processo de trans- formação, ainda sob a influência principal da redemocratização do país e da reforma do Estado, que tem na descentralização um de seus eixos principais para aproximação da ação pública das reais aspirações da sociedade. No âmbito local, surgem tendências de crescente constituição de estruturas organizacionais em forma de rede envolvendo organi- zações estatais, não governamentais e privadas para atuarem coo- perativamente em contextos de múltiplas e sobrepostas jurisdições. As relações entre tais organizações têm fundamentos que vão além de simples relações contratuais. Num processo de negociação contínua em longos períodos tende a haver formação de laços so- ciopolíticos em que a confiança entre os atores assume papel rele- vante; logo, as relações se diferenciam substancialmente daquelas constituídas em regras puras de mercado. Nessa linha, estudos têm mostrado que o resgate da importân- cia do município na definição e condução de políticas públicas e na gestão do território está, cada vez mais, exigindo a concepção de novas formas de intervenção voltadas ao atendimento das necessi- dades locais, assim como a incorporação de uma multiplicidade de novos atores na articulação dos interesses da comunidade. A qualidade da gestão local passa a depender da capacidade de obtenção de equilíbrios dinâmicos nas articulações entre atores internos, integrantes do próprio poder público, e externos, oriun- dos da iniciativa privada ou da sociedade em geral, participando da concepção e implementação de políticas públicas. As estruturas locais de governança são vistas mais como inicia- tivas orgânicas que mecanicistas, logo, a forma de gestão de inicia- tivas locais tende a ser descentralizada e distribuída. Esta lógica da governança leva à constituição de configurações únicas de conjun- tos de atores em torno de projetos específicos. Os projetos, neste caso, apresentam a peculiaridade de ir além da atuação das organizações e, ao mesmo tempo, serem conduzi- dos sob uma lógica própria de gestão desenvolvida em espaço de intersecção de condicionantes do setor público e do setor privado local. Nessa nova perspectiva de condução das atividades estatais, no Brasil apostou-se no controle social realizado por meio de comis- sões/conselhos de cidadãos para avaliação da qualidade de servi- ços, possibilitando, deste modo, influir nas mudanças da gestão dos equipamentos sociais. A gestão de serviços tende a ser deixada a cargo da comunida- de, das organizações não governamentais ou mesmo de especialis- tas e voluntários, com patrocínio parcial de empresas com objetivos de melhorar sua imagem e evitar efeitos negativos dos problemas sociais que pudessem atingi-las. Ao Estado caberia manter o fun- cionamento e controle dessas políticas por meio de uma burocracia preparada para tal função. Com a Reforma do Estado de 1995 foi dado início ao processo de publicização, como incentivo à constituição de organizações hí- bridas de propriedade pública não estatal, submetidas ao controle social, para ocupar o espaço compreendido entre o Estado e a so- ciedade para prestação de serviços sociais e competitivos. Nesse sentido, a chamada Lei do Terceiro Setor (Lei n° 9.790/1999), instituiu o Termo de Parceria como instrumento de regulação das relações entre o poder público e as entidades quali- ficadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. O objetivo foi formar vínculos de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução de políticas públicas e de atividades de interesse público. Além disso, essa lei reforçou a atuação dos Conselhos de Políticas Públicas nos diferentes níveis de governo ao determinar a necessidade de consultas a eles quanto à intenção de firmar Termos de Parceria com organizações privadas e do terceiro setor. Um ponto positivo nesse processo de descentralização da ges- tão de políticas públicas foi instituição e ampliação da atuação dos conselhos como espaços públicos (não estatais). Isso sinalizou para a possibilidade de representação de interesses coletivos na cena política e na definição da agenda pública, apresentando um caráter híbrido, uma vez que são, ao mesmo tempo, parte do Estado e da sociedade. Esses conselhos, como canais institucionalizados de participa- ção política, de controle público sobre a ação governamental, de deliberação legalmente aceita e de publicação das ações do gover- no, marcam uma reconfiguração das relações entre Estado e so- ciedade que, idealmente, busca a corresponsabilização quanto ao desenho, monitoramento e avaliação de políticas públicas. Ao lado de vários outros conselhos já institucionalizados que figuram como arena de manifestação da sociedade civil dentro de um novo espaço “público não estatal” de interseção entre Estado e a Sociedade, a Lei de Responsabilidade Fiscal ampliou as insti- tuições democráticas, ao trazer a figura dos Conselhos de Gestão Fiscal. Tais conselhos são integrados por representantes do Estado, além de contar com a presença do Ministério Público e entidades representativas da sociedade, que têm como função a promoção de avaliação continuada da gestão. Embora com funcionamento ainda precário, esses conselhos se apresentam como instrumentos de controle social sobre o Estado ao viabilizarem um canal de participação da população na formula- ção, implementação e no controle da execução de políticas públicas mais concatenadas com as demandas dos segmentos sociais a que se destinam. POLÍTICAS PÚBLICAS 1010 a solução para o seu concurso! Editora Os conselhos de políticas públicas funcionam como uma espé- cie de fórum para negociação e captação de demandas de grupos sociais, possibilitando a participação pública de segmentos menos representativos. As principais dificuldades enfrentadas pelos conselhos são: - A desigualdade de condições entre seus participantes; - A ausência de garantia de que suas decisões sejam efetiva- mente implementadas; e - A ausência de instrumentos jurídicos que imponham ao Poder Executivo o cumprimento das decisões emanadas dos conselhos. Não obstante a precariedade, os conselhos como bem explici- tam Iglesias e Souza6 (Pinho et al, 2006), representam arranjos que podem vir a viabilizar caminhos para maior proximidade dos cida- dãos em direção à formulação e implementação de políticas públi- cas, bem como da prestação de serviços pelo governo. DICA: Esses conselhos existem nas políticas públicas mais bem estruturadas. Têm amparo legal com atribuições definidas e atuam mais no planejamento e fiscalização. Em regra são paritários (50% de participantes públicos e 50% não públicos),e nem todos são obrigatórios. O aumento das atividades associativas voluntárias propiciou a distribuição mais equitativa de serviços do governo, e o fortaleci- mento da cidadania e da democracia no Brasil. Exemplo disso foi a criação de mais de 170 projetos de orçamento participativo ins- talados, a instalação de cerca de 5000 conselhos de saúde, e de milhares de comissões de planejamento urbano.7 Além disso, são realizadas audiências públicas em diferentes âmbitos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para tratar de assuntos que afetam interesses coletivos. No contexto das políticas há mudanças na concepção sobre a natureza dos serviços prestados e novas propostas são aplicadas para fazer frente a novos desafios, como a ampliação de espaços de cidadania, com atenção a minorias excluídas, aliadas à ampliação e reconstrução da esfera de atuação dos governos locais dentro de um processo de reconstrução da esfera pública, orientado para a democratização da gestão das políticas públicas.8 A democracia brasileira vai, assim, deixando de ser uma demo- cracia de elites para se transformar em uma democracia de opinião pública na qual já podem ser percebidas características da demo- cracia participativa ou republicana, na medida em que se multipli- cam os processos participativos oriundos de organizações da socie- dade civil, sejam elas públicas não estatais, de controle e advocacia social, ou corporativas, como associações representativas de inte- resses e sindicatos. Nesse sentido, os governos locais assumem assim um papel de coordenação e de liderança, mobilizando atores governamentais e não governamentais e procurando estabelecer um processo de ‘concertação’ de diversos interesses e de diferentes recursos em torno de objetivos comuns. 6 IGLESIAS, D.; e SOUZA, A. C. P. de; Governo Eletrônico, Transparência, Accountability e Participação: o que portais de governos estaduais no Brasil mostram. 2005. 7 AVRITZER, L. Sociedade Civil e Democratização. Belo Horizonte: Del Rey, 1994. 8 FARAH, M. F. S. Parcerias, novos arranjos institucionais e políticas públicas no nível local de governo. RAP- Revista de Administração Pública, 2001. Através dos novos arranjos institucionais assim constituídos tende a crescer a perspectiva de sustentabilidade de políticas públi- cas que, de outra forma, poderiam sofrer solução de continuidade a cada mudança de governo. O enraizamento das políticas em um espaço público que trans- cende a esfera estatal reforça a possibilidade de políticas de longo prazo, com repercussões sobre a eficiência e a efetividade das polí- ticas implantadas.9 Não obstante os conselhos e a formação de novos arranjos de governança e de gestão pública, ainda persistem profundamente arraigadas culturalmente tendências de condução dos interesses públicos “a portas fechadas”. Os espaços efetivos para os cidadãos se fazerem presentes ain- da, por um lado, são bastante diminutos e, por outro, a maioria dos cidadãos ainda não detêm suficiente clareza sobre os seus direitos em relação à administração e aos administradores públicos. Outros Aspectos de Políticas Públicas Instituições Públicas Quase todas as políticas públicas são executadas por institui- ções públicas, essas instituições têm papel decisivo: influenciam as decisões com seu poder, condicionam as decisões com sua estru- tura, limitam as decisões com suas normas, e impõem seu estilo próprio de agir. Portanto, as instituições influenciam na escolha, na forma e na implementação das políticas públicas. Instituições, políticos, gestores e servidores não são neutros: cada um tem seus interesses e nem sempre esses interesses são harmônicos. DICA: As instituições impõem limites e procuram moldar o comportamento dos atores na direção que lhes interessa. É comum abordar o aspecto da racionalidade nas instituições: A racionalidade substantiva utiliza valores absolutos e preocupa- -se com a efetividade dos resultados, mas nessa ótica os fins não justificam os meios. É utilizada por políticos e refere-se à ética da convicção. Na racionalidade instrumental, funcional ou da conveniência, os fins justificam os meios, nessa ótica os valores não são absolu- tos (os valores são conscientes), e busca-se selecionar os melhores meios que possibilitem alcançar os resultados desejados, é típica das Organizações e refere-se à ética da responsabilidade. Pluralismo e Elitismo: O pluralismo admite a existência de di- versos grupos de poder e pressão e entende que as soluções podem ser diferentes para os mesmos problemas. O pluralismo beneficia as minorias organizadas. O Elitismo compreende a tese de que apenas poucas pessoas detêm o poder, definem e controlam as políticas públicas com a finalidade de obter vantagens. É a denominada elite dominante, em que os interesses da população são relegados a um segundo plano. Carona: Em políticas públicas, carona é aquele cidadão que se beneficia das políticas públicas sem ter concorrido para isso. Ex.: políticas de preservação do meio ambiente, de controle da qualida- de do ar, etc. Carona também é o cidadão que não paga os impostos 9 Idem POLÍTICAS PÚBLICAS 11 a solução para o seu concurso! Editora que financiam a produção de bens/serviços pelo Estado e mesmo assim utiliza esses bens/serviços produzidos. Ex.: serviços de saúde, de educação etc. O carona é irracional do ponto de vista da sociedade, mas racio- nal sob a ótica do indivíduo/carona, visto que os cidadãos procuram obter os melhores benefícios com um mínimo de custo ou esforço. O carona também se aplica a entes estatais como Estados- -membros e Municípios. Ex.: Investir menos em programas sociais para não atrair beneficiários de outros entes, ou, até mesmo, forçar cidadãos da comunidade a buscar atendimentos em outros Municí- pios e/ou Estados-membros. Empresário Político: São empresários/atores de origem diversa que têm disposição e recursos para investir em políticas públicas que lhes favoreçam ou gerem algum benefício. O empresário pode ser um político (eleito ou não), jornalistas, lobistas, servidores pú- blicos, acadêmicos, etc. DICA: O empresário político, em regra, não é um comercial/ industrial. Equilíbrio Interrompido: utiliza-se esse termo para explicar as políticas públicas que são implementadas por longos períodos, mas que em determinado momento são interrompidas em face de insta- bilidades que provocam mudanças nas políticas anteriores. Tipos de Demandas: considera três tipos de demandas: as de- mandas novas resultam do surgimento de novos atores políticos ou de novos problemas; as demandas recorrentes se referem a proble- mas não resolvidos ou mal resolvidos, que retornam com frequên- cia ao debate e à agenda governamental; e as demandas reprimidas contemplam problemas já existentes que não foram considerados problemas, mas apenas um “estado de coisas”. CICLOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS: AGENDA E FORMULA- ÇÃO; PROCESSOS DE DECISÃO; IMPLEMENTAÇÃO, SEUS PLANOS, PROJETOS E PROGRAMAS; MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO. Ciclo das Políticas Públicas Compreende cinco etapas: 1) Construção da Agenda: no início do ciclo, ocorre a identifi- cação e seleção de questões ou problemas que merecem atenção e ação por parte do governo. Isso é influenciado por diversos atores e fatores, como grupos de interesse, eventos atuais e necessidades da sociedade. A montagem da agenda de políticas públicas, con- forme Wöhlke, começa com a identificação de um problema, sua transformação em uma questão pública e sua inclusão nas priorida- des do governo. Nesse processo, diversos atores sociais desempe- nham um papel crucial, incluindo atores formais, como os poderes legislativo e executivo, e atores informais, como sindicatos, ONGs e mídia, que influenciam a seleção dos temas públicos relevantes a serem transformados em políticas públicas. 2) Formulação da Política: a fase de formulação de políticas públicas envolve o planejamento das ações que foram previamente identificadasna agenda. Nesta etapa, é essencial realizar um diag- nóstico do problema, a fim de elaborar alternativas viáveis. Estabe- lecer objetivos claros é fundamental, pois eles orientarão o proces- so de formulação, bem como as fases subsequentes de tomada de decisão, implementação e avaliação das políticas públicas. Durante essa fase, são realizadas reuniões, consultas públicas e audiências para analisar os cenários e considerar os aspectos jurídicos, admi- nistrativos e financeiros relacionados à política pública. Essa etapa é crucial para o sucesso das fases subsequentes. 3) Processo Decisório: analisa quem será responsável por to- mar decisões e como isso será feito após o processo de formulação de políticas públicas. Durante esta etapa, determina-se o curso de ação a ser seguido. Existem alguns modelos que servem de base para a tomada de decisão: – Modelo de Racionalidade Absoluta: neste modelo, os atores calculam os custos e benefícios de cada alternativa para encontrar a melhor solução. – Modelo de Racionalidade Limitada: aqui, a decisão é base- ada em opções satisfatórias, não necessariamente nas melhores. – Modelo Incremental: este modelo considera mais o elemen- to político do que o critério técnico. A melhor decisão é aquela que garante o melhor acordo entre os envolvidos. – Modelo de Fluxos Múltiplos: no modelo de fluxos múltiplos, há uma convergência de problemas, soluções e situações favorá- veis. A tomada de decisão visa encontrar a melhor solução possível com o mínimo uso de recursos disponíveis, com base em uma aná- lise de custo-benefício. 4) Implementação: uma vez que uma política é aprovada, ela entra na fase de implementação. Isso envolve a tradução das polí- ticas em ações concretas, alocação de recursos, definição de res- ponsabilidades e execução dos programas e serviços relacionados à política. Na fase de implementação, a política pública é efetivamen- te colocada em prática, transformando as intenções políticas em ações concretas. Isso ocorre após a delimitação da política pública, a tomada de decisão, a alocação de recursos e o desenho institu- cional. No entanto, esta fase pode enfrentar desafios, como: – Desenho inadequado da política; – Caráter genérico da política; – Envolvimento de várias organizações na implementação; – Níveis de consenso em relação à opinião política. Esses desafios podem impactar a eficácia da implementação da política pública. 5) Avaliação: após a implementação da política pública, é ne- cessário realizar uma avaliação para verificar se seus objetivos e metas estão sendo alcançados. Isso envolve verificar se a política está tendo um impacto positivo no público-alvo e se está cumprin- do sua finalidade. A avaliação pode ocorrer tanto após a implementação da polí- tica, para corrigir possíveis problemas, quanto antes da implemen- tação, para prevenir efeitos indesejados. Com base na avaliação, é possível tomar várias decisões, como: – Continuar a política pública sem alterações; – Fazer modificações em alguns aspectos da política; – Encerrar a política pública quando o problema foi resolvido ou quando a implementação se mostrou ineficaz. POLÍTICAS PÚBLICAS 1212 a solução para o seu concurso! Editora É importante notar que, embora essas etapas sejam apresen- tadas de forma sequencial, na prática, elas muitas vezes se sobre- põem e interagem entre si. Além disso, o processo de políticas pú- blicas envolve uma ampla gama de atores e interesses, tornando-o complexo e sujeito a mudanças ao longo do tempo. As três principais causas que podem levar ao fim de uma Polí- tica Pública são: a) Quando o problema público é resolvido; b) Quando a política pública se torna ineficaz para resolver o problema; c) Quando o problema público, mesmo não resolvido, perde sua importância na agenda política e no programa de governo. INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS EM DIREITOS HU- MANOS COMO POLÍTICAS DE ESTADO A institucionalização das políticas em direitos humanos como políticas de Estado representa um marco fundamental na promo- ção e proteção dos direitos fundamentais de todos os cidadãos. Este processo envolve a incorporação de princípios e normas de direitos humanos em todos os níveis de governança e em todas as áreas da administração pública, assegurando que esses direitos se- jam respeitados, protegidos e cumpridos pelo Estado. Fundamentos e Importância Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. A institucionalização desses direitos nas políticas de Estado visa garantir que as práticas governamentais sejam consistentemente orientadas pelos padrões internacionais de direitos humanos. Isso é essencial não apenas para proteger os indivíduos contra abusos e violações, mas tam- bém para promover o bem-estar e a dignidade de todas as pessoas. Políticas de Estado e Estruturas Institucionais As políticas de Estado em direitos humanos requerem estru- turas institucionais sólidas. Isso inclui a criação de órgãos governa- mentais especializados, como comissões ou secretarias de direitos humanos, que são responsáveis por formular, implementar e mo- nitorar políticas nesta área. Também é fundamental a existência de um quadro legal abrangente que alinhe a legislação nacional com as obrigações internacionais em matéria de direitos humanos. Educação e Conscientização A institucionalização efetiva também passa pela educação e conscientização. Isso significa integrar os direitos humanos nos currículos educacionais e promover campanhas de conscientização pública para informar os cidadãos sobre seus direitos e sobre como protegê-los. Uma população bem informada sobre seus direitos é mais capaz de reivindicá-los e defender-se contra abusos. Participação Pública e Sociedade Civil Outro aspecto chave é a participação pública e o envolvimento da sociedade civil. Políticas eficazes de direitos humanos exigem um diálogo aberto entre o governo e a sociedade, incluindo organiza- ções não governamentais, grupos de defesa de direitos, acadêmicos e outros atores relevantes. A participação ativa desses grupos asse- gura que as políticas sejam inclusivas, representativas e sensíveis às necessidades de diferentes comunidades. Monitoramento e Responsabilidade Para garantir a eficácia dessas políticas, é crucial ter mecanis- mos de monitoramento e responsabilização. Isso pode ser realizado através de relatórios regulares, revisões independentes e a criação de órgãos de supervisão que possam avaliar o cumprimento dos compromissos de direitos humanos e responsabilizar as autorida- des por falhas ou violações. Desafios e Perspectivas Futuras Apesar de sua importância, a institucionalização das políticas de direitos humanos enfrenta desafios, incluindo resistências po- líticas, limitações de recursos e a necessidade de harmonização das práticas locais com padrões internacionais. A superação desses desafios requer compromisso político, recursos adequados e uma abordagem colaborativa entre diferentes setores da sociedade. Em conclusão, a institucionalização das políticas em direitos humanos como políticas de Estado é fundamental para a constru- ção de sociedades justas e equitativas. Ela promove o respeito à dignidade humana, a proteção contra abusos e a promoção de uma cultura de respeito e valorização dos direitos humanos. Esta abor- dagem não apenas fortalece o estado de direito e a democracia, mas também contribui para a estabilidade social e o desenvolvi- mento sustentável. Portanto, assegurar que os direitos humanos sejam uma prioridade nas políticas de Estado é um imperativo tanto ético quanto prático para governos comprometidos com o bem-es- tar de seus cidadãos e o progresso de sua nação. FEDERALISMO E DESCENTRALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚ- BLICAS NO BRASIL: ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE PROGRAMAS NACIONAIS O federalismo e a descentralização de políticas públicas no
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