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AULA 3

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AULA 3 
ELABORAÇÃO, GESTÃO E 
AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS 
Prof. Raphael Hardy Fioravante 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
A construção de uma política pública, em ações práticas, consiste de uma 
série de etapas, com início e fim, assim como o que encontramos em uma 
processo de gestão de projetos. Também conhecido como policy cycle (ciclo de 
política pública) é uma mecanismo de organização que nos ajuda a visualizar e a 
interpretar uma política pública em todo o seu ciclo de vida. Existem diferentes 
propostas de organização da policy cycle, mas aqui adotaremos aquele que nos 
parece ser o mais assertiva para acompanhamento didático do processo. 
Ele é formado por sete etapas que iremos trabalhar em detalhes nesta 
etapa. Essas etapas são: 
 
 
Fonte: Raphael Hardy Fioravanti. 
 
 
1. Identificação do 
problema (ou 
problemática)
2. Formulação de 
agenda
3. Elaboração de 
alternativas
4. Tomada de decisão
5. Implementação 6. Avaliação
7. Extinção
 
 
3 
TEMA 1 – O PROBLEMA 
É um incômodo algo que esteja provocando um descontentamento e/ou 
inconformidade com que se vê como ideial. Agora, para ele se tornar um problema 
político, há uma série de requisitos e circunstâncias. 
Um problema, para se tornar alvo de uma política pública, precisa 
necessariamente estar causando incômodo a um determinado grupo social, em 
que a situação atual não está próxima da situação almejada, e que esse grupo 
tenha condições de articulação e visibilidade para fazer fazer a sua pauta. 
Também vamos lembrar, conforme vimos anteriormente, que podemos ter grupos 
com desejos antagônicos, o que ainda aumenta as dificuldades para que um 
problema seja efetivamente enxergado pelo governo atual. 
Tudo parte da percepção do problema como um problema público. Isto 
significa que há uma certa subjetivididade, pois um problema passa a ser um 
problema no momento em que afeta atores políticos. 
Mas, uma vez o problema identificado e tornando um problema público, é 
necessário fazer as limitações, definindo os elementos que o compõem e 
encontrar uma forma sintética de defini-lo. Isto ajudará em muito nas próximas 
etapas, pois trará a luz uma certa objetividade e foco. Com a delimitação do 
problema, podemos criar norteadores que identificarão das causas, das soluções, 
potenciais culpados, obstáculos, bem como como deverão ser feitas as 
avaliações. 
A delimitação é fundamental para o processo de elaboração de políticas 
públicas, mas é uma ação temporária, que poderá ser revista quantas vezes forem 
necessárias durante o processo de implementação da política pública, redefinindo 
trajetórias e adaptações realizadas pelos políticos, burocratas, executores e, é 
claro, os próprios benificiários da política pública em questão. 
Outro ponto na definição da identificação do problema e na sua 
transformação em um problema público é que é necessário que o problema tenha 
condições de ser solucionado. Parece estranho falar isto, mas o problema, para 
ser considerado, precisa ter a possibilidade de ser solucionado, ou, no mínimo, 
ser mitigado e minimizar os seus efeitos negativos. Vale a máxima: um problema 
sem solução não é um problema. 
Não são apenas os políticos que estão envolvidos na definição do 
problema. Seus partidos políticos, burocratas, organizações não governamentais 
 
 
4 
são alguns dos agentes que constantemente fazem apontamento de problemas 
potenciais para serem foco de políticas públicas. Estejam cientes de que os 
problemas são a matéria-prima para o desenvolvimento dos trabalhos dos 
agentes políticos e a justificativa para sua existência ou atuação. 
Então, podemos resumir que, para um problema ser um problema público, 
ele precisa: 
• Gerar um incômodo 
• Afetar atores políticos com condições de mobilização 
• Ter condições de ser solucionado ou mitigado 
• Ter capacidade de visibilidade ao trabalho dos políticos 
Desta forma, a evolução do problema tem a seguinte construção: 
 
Fonte: Raphael Hardy Fioravanti. 
Uma vez o problema público identificado por algum ator político e que este 
tenha interesse em sua resolução, chega o momento de atuar para que esse 
problema torne-se uma prioridade e aí, sim, ter a geração de uma política pública. 
Ou seja, faça parte de uma agenda política. 
TEMA 2 – CONSTRUÇÃO DE AGENDA E ALTERNATIVAS 
Quando um problma é identificado por um ator político (poilítico, partido 
político, gestor público, burocrata, organizações sociais ou outro), e esse ator tem 
real interesse de que haja uma resolução, o próximo passo é a inserção do 
problema em uma agenda política. A agenda pode surgir em um programa de 
governo, planejamento orçamentário, plano de partido, um simplemente estar 
presente em uma lista de interesse divulgado pelos meios de comunicação pelo 
ator político. 
Vamos definir aqui que agenda é um conjunto de problemas ou de 
temáticas que são vistas como relevantes. Segundo Secchi (2013), podemos ter 
Problema
Problema 
social
Problema 
público
Política 
pública
 
 
5 
três tipos de políticas públicas e haveria: 
• Agenda política: é uma agenda sistêmica, com um conjunto de problemas 
e temas que o conjunto dos atores políticos entendem como merecedores 
de intervenção. 
• Agenda formal: é uma agenda institucional, onde estão definidos os 
problemas ou temas que o poder público já definiu que irá enfrentar. 
• Agenda da mídia: é onde estão presentes os problemas que recebem 
visibilidade e atenção dos meios de comunicação e que, em geral, 
conseguem atuar fortemente na opinião pública e, com isso, influenciar as 
agendas política e formal. 
Ainda podemos ter mais três tipos de agendas: 
• Agenda de governo: representa os interesses dos formuladores de 
políticas públicas 
• Agenda de decisão: é uma sub-agenda de governo em que estão 
presentes problemas que já tem desenhado a solução (decisão) feita pelos 
formuladores de políticas públicas e possuem condições para 
implementação. 
• Agenda de especializadas: é a agenda setorizadas dentro de uma 
determinada área do Estado, por exemplo, Saúde, Educação, 
Infraestrutura etc. Estão nesse tipo de agenda problemas que refletem bem 
a área de atuação. 
Dada a pluralidade de agentes políticos, podemos ter diversas agendas 
diferentes, que atuam simultaneamente, ora em convergência ou divergência, de 
acordo com os atores envolvidos e as temáticas dos problemas listados nas 
agendas. 
Também é preciso entender que as agendas não são imutáveis. Problemas 
entram e saem da agenda, de acordo com os impactos dos problemas e 
percepção de urgência pelos atores políticos e opinião púlbica. A falta de recursos, 
materiais, humanos ou financeiros, assim como a falta de tempo ou vontade 
política podem provocar mudanças nas agendas. 
Um problema político torna-se relevante para as agendas quando (Sebrae, 
2005): 
• Apresenta-se uma situação de crise, em que o custo de não resolver um 
 
 
6 
problema é maior do que resolvê-lo. 
• Possuir capacidade de mobilização e expressar os interesses de grupos 
que estejam em posições estratégicas e com acesso a recursos. 
• Possuir condições para que algum ator político obtenha vantagens com a 
solução do problema. 
Cabe à agenda também definir as prioridades da administração pública, 
levando em consideração as questões orçamentárias, mecanismos de formulação 
e de implementação de políticas públicas. É a agenda que irá determinar o que 
será ou não incluído nas arenas de decisão e quais serão efetivamente os agentes 
políticos e sua forma de atuação, pois há sempre a possibilidade de que os 
agentes encontrem-se em conflito pelo poder político. Toda construção de uma 
agenda envolve um processo seletivo, em que concorrem problemas de diversas 
hierarquias de prioridades e heteriogênas. 
Toda inserção de um problema à agenda é o resultado da construção de 
opiniões (divergentes), com o estebelecimento de normas formais ou não, 
apresentaçãodos interesses conflitantes e as percepções e juízos que se 
apresentam por meio da opinião pública. Vamos também lembrar que há sempre 
o jogo de interesses dos atores políticos e que, de acordo com as cirscuntâncias, 
do momento histórico e de comoção pública, as agendas podem sofrer alterações 
em suas prioridades. 
Também há a questão de que as agendas podem ser elaboradas de acordo 
com o nível da gestão estatal (Federal, estadual ou municipal) e que a relevância 
de um problema que transita dentro dos diferentes níveis podem ter pesos 
diferentes para cada um deles. 
2.1 Formulação de alternativas 
A partir da formulação dos problemas que irão compor a agenda, podemos 
identificar/formular os esforços necessários para a construção das soluções. A 
formulação de soluções passa pelo esclarecimento de objetivos e de estratégias, 
buscando entender quais são as consequências potenciais que cada alternativa 
nos trás. 
Vamos voltar ao exemplo da busca de cocos na ilha distante. Comentamos 
que podemos ter diferentes soluções para buscarmos os tais cocos: pode ser por 
ponte, por navio, helicóptero, a nado... porém, precisamos entender as 
 
 
7 
consequências de cada uma das soluções e do seu impacto para o todo da 
sociedade (ou especificamente dos benificiários da política pública). 
“A definição das alternativas é o instrumento supremo de poder, porque a 
definição de alternativas é a escolha dos conflitos, e a escolha dos conflitos aloca 
poder” (Schattschneider, 1960 citado por Secchi, 2013). A criação das alternativas 
de soluções são formados a partir de análises formais e informais das 
consequências do problemas, dos custos e dos benefícios de cada alternativa. 
Um exemplo prático que podemos citar aqui foi a escolha da nova aeronova 
de combate Grippen em 2013. Na época, foi dado o problema: a necessidade de 
ter uma nova aeronave de combate para substituir as obsoletas existentes e 
garantir a soberania do nosso espaço aéreo. Na época, foram vistas três opções 
pré-selecionadas para a solução do problema, de acordo com requisitos técnicos 
dados pela Força Aérea brasileira: o caça sueco Grippen, o caça francês Rafale, 
o caça norte-americano F-18 Super Hornet. 
Cada uma das opções tinham características próprias, custos diferenciados 
e propostas de negócio diferentes. A definição das alternativas levava em 
consideração elementos técnicos de capacidade das aeronaves e de operação. 
Coube ao presidente na época analisar esses quesitos e outros, mais subjetivos, 
como o de relação diplomática e de transferência de tecnologia. 
Vejam que, ao relatar o problema, foi feito algo a mais, sendo fundamental 
para a análise das alternativas: apresentei um conjunto de objetivos. Com a 
formulação de alternativas de solução, acabamos por também estabelecer 
objetivos, que é o momento em que os políticos e demais atores envolvidos no 
processo resumem o que se espera de resultados da política pública. Os objetivos 
podem ser estabelecidos de maneira mais ampla e subjetiva, ou mais específica, 
de acordo com as características do problema. Porém, quanto mais concretos 
forem os objetivos, mais fácil será para verificar a eficácia de uma política pública. 
Para tanto, e resumindo a formulação de alternativas, recomendamos que 
sejam tomadas as seguintes ações: 
a) Transformar as informações estatísticas em dados relevantes para o 
problema. 
b) Analisar quais são as preferências dos atores políticos envolvidos. 
c) Criação de dois objetivos (e posteriormente as ações) baseadas no 
conhecimento adquirido sobre o problema. 
Fazendo isto, teremos melhores condições de analisarmos os problemas e 
 
 
8 
as alternativas de resolução de forma mais clara, sem deixarmos de considerar 
os aspectos de disputa de poder inerentes às políticas públicas. 
TEMA 3 – PROCESSO DECISÓRIO 
Na criação de políticas públicas, a etapa de tomada de decisão é vista como 
uma etapa que vem depois da formulação das alternativas de solução do 
problema. É no momento da tomada de decisão que os interesses dos atores 
políticos procuram ser equacionados, e os objetivos e métodos a serem utilizados 
na resolução do problema público ficam explicitadas no processo e para a opinião 
pública. 
Podemos encontrar três formas para lidarmos com as tomadas de 
decisões: 
1. Problemas que buscam soluções: os policy makers possuem problemas 
e vão atrás de soluções com base nas alternativas que se apresentam por 
meio de estudos. Ou seja, isto acontece quando se tem problemas que já 
foram estudados e analisados, com isto, os objetivos já estão definidos e 
que o necessário a se fazer é encontrar e definir qual alternativa de se 
apresentar, como a mais apropriada de acordo com o cenário que se 
apresenta, considerando agilidade, custo, sustentabilidade e demais 
critérios que se façam valer para a tomada de decisão. 
2. Comparações sucessivas, mas limitadas: é quando os policy markers 
vão ajustando os problemas às soluções possíveis e também as soluções 
aos problemas. Parece confuso, mas não é. Quando surge um problema, 
o estabelecimento dos objetivos e a busca de soluções são atividades que 
ocorrência simultâneamente e ocorrem dentro parâmetros ou critérios pré-
definidos, de acordo com o cenário, buscando o melhor ajuste para 
atendimento de tais critérios, que são de ordem política e prática. Porém, 
isto não ocorre no ciclo eterno. Há limitações de tempo e alternativas que 
limitam as comparações. 
3. Soluções que procuram problemas: isto ocorre quando policy markers 
possuem soluções em suas mãos e procuram problemas que podem ser 
solucionados por meio delas. Por exemplo, é quando uma empresa, como 
uma startup direcionada para políticas públicas, cria uma solução e recebe 
a predileção de um policy markers para tal solução e, na disputa da agenda 
política, procura inflar o problema por meio da opinião pública e no meio 
 
 
9 
político de maneira a tornar a proposta uma política pública. 
Existem também alguns modelos teóricos que apontam como pode ser feito 
o mapeamento de alternativas (e também possíveis decisões) e que vem de 
encontro aos três padrões de tomada de decisão que citamos acima. O primeiro 
modelo teórico é do garbage can, ou “lata de lixo”, criado por Cohen, March e 
Olsen (Souza, 2006), que apontam que as escolhas das políticas públicas são 
feitas como se as alternativas estivesse agrupadas, havendo muitos problemas e 
poucas soluções. 
As soluções não seriam analisadas em detalhes e as suas escolhas 
dependeriam das opções disponíveis no momento para os policy makers. Neste 
modelo, não há realmente grande preocupação com a ação em si, pois haveria 
limitação de compreensão efetiva das soluções por parte dos policy makers. Ou 
seja, os problemas acaberiam sendo escolhidos a partir das soluções disponíveis. 
Outro modelo é o da coalização de defesa, criado por Sabatier e Jenkins-
Smith (Souza, 2006). Esse modelo vai contra o do garbage can, pois considera 
que a política pública deveria ser concebida como um conjunto de sistemas e 
subsistemas que são relativamente estáveis. Defende que as crenças, valores e 
ideias são dimensões importantes no processo de formulação de políticas 
públicas e no garbage can e que estariam sendo colocadas em segundo plano: 
“cada subsistema que integra uma política públicca é composto por um número 
de coalizões de defesa que se distinguem pelos seus valores, crenças e idéias e 
pelos recursos de que dispõem” (Souza, 2006). 
Por último, gostaríamos de citar as arenas sociais. Esse modelo vê as 
políticas públicas como iniciativas dos chamados empreendedores políticos, que, 
em determinadas circuntâncias, procuram tornar um problema em um problema 
político, direcionando o viés da tomada de decisão por meio da divulgação de 
indicadores sobre o problema e a solução proposta, ou, então, demonstrando as 
falhas das outras soluções propostas, influenciandoa opinião pública e, assim, 
pressionar os polícy makers para direcionar as suas tomadas de decisões. 
Talvez o melhor caminho para entendermos como esses modelos de 
análise do processo de tomada de decisão seja explorar a racionalidade 
envolvida nessa ação. 
• Racionalidade absoluta: é quando a decisão é considerada uma atividade 
puramente racional, em que os custos e benefícios das alternativas são 
calculadas pelos policy markers em busca da melhor opção possível. Aqui 
 
 
10 
não há espaço para subjetividade podem ser vistas como tomadas de 
decisões “frias”. 
• Racionalidade limitada: aqui entendemos que os policy makers possuem 
limitações que podem ser informativas ou de capacidade de compreensão 
do problema ou das soluções propostas, pois não entendem plenamente a 
complexidade do assunto que estamos tratando. Entendemos, aqui, que a 
tomada de decisão é um esforço para se escolher dentro das opções 
aquela que seja satisfatória, mas não necessariamente será a melhor 
escolha. 
• Racionalidade incremental: este talvez seja o modelo mais utilizado pelos 
tomadores de decisão. O incrementalismo (Secchi, 2013) possui como 
característica ver os problemas e soluções como sendo definidos e 
revisados de forma simultânea e em vários momentos. Também vê as 
decisões como sendo dependentes de decisões tomadas anteriormente 
(por isto são incrementais), com limites que são impostos pelas instituições 
formais e informais, criando barreiras para tomadas de decisões livres. Por 
último, esse modelo considera que as decisões são dependentes dos 
próprios atores envolvidos no processo de elaboração da política pública, 
assim sendo, a solução escolhida pode não ser a melhor opção, mas, sim, 
aquela que foi melhor aceita politicamente, por meio da construção de 
consenso e de ajuste dos interesses. 
• Múltiplos fluxos: esse modelo é inspirado no modelo do garbage can, em 
que vemos que há muitas soluções disponíveis e que as decisões são os 
encontros casuais entre tais soluções e a oportunidade da tomada de 
decisão voltadas para elas. 
Leonardo Secchi organizou esses diferentes modelos em um quadro muito 
prática para entendermos em que modelo uma determinada decisão sobre uma 
política pública se encaixa: 
 
 
 
 
 
 
11 
Quadro 1 – Modelos de tomada de decisão 
Modelos Condições 
cognitivas 
Análise das 
alternativas 
Modalidade 
de escolha 
Critério de 
decisão 
Racionalidade 
absoluta 
Certeza 
Análise 
completa e 
cálculo das 
consequências 
Cálculo Otimização 
Racionalidade 
limitada 
Incerteza 
Pesquisa 
sequencial 
Comparação 
das 
alternativas 
com as 
expectativas 
Satisfação 
Racionalidade 
incremental 
Parcialidade 
Comparações 
sucessivas 
limitadas 
Ajuste mútuo 
de interesses 
Acordo 
Múltiplos 
fluxos 
Ambiguidade Nenhuma 
Encontro de 
soluções e 
problemas 
Casual 
Fonte: Raphael Hardy Fioravanti. 
TEMA 4 – IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
Esta é uma etapa fundamental, pois é quando saímos das fases dos 
discursos e entramos na execução para a resolução de problemas. É o momento 
de transformar as palavras em ações efetivamente. Apesar de ser uma etapa 
fortemente pautada nas questões técnicas que versam as políticas públicas, ela é 
também impactada pelas questões políticas. Falhas administrativas, de gestão ou 
dificuldades de implementação reverberam no âmbito político. 
A execução de qualquer política pública revela como está estruturado e 
como funciona um sistema político-institucional. Também nos deixa claro como 
está distribuído o poder na sociedade e como é a relação de cada um dos 
envolvidos, bem como os mecanismo utilizados na defesa de seus interesses. 
Também precisamos lembrar que as ações são executadas por pessoas e, 
assim sendo, as políticas públicas são impactadas por elas de diferentes formas 
e essas próprias pessoas, por sua vez, também sofrem impactos e influências de 
diferentes ordens. 
 
 
12 
Todas as instâncias e instituições envolvidas na implementação de uma 
política pública, seja do Executivo, Legislativo ou Judiciário, seja do sociedade 
civil organizada, possuem características sociais, políticas e de interesses que se 
fazem presente também nos aspectos administrativos. É claro que o ideal é 
sempre a neutralidade da administração pública, mas isto está longe da realidade 
do mundo da política. 
É também na fase de implementação que vemos o processo de adaptação 
dos programas das políticas públicas (ou agenda política) em ações concretas 
que irão gerar resultados. Se não há a ação, não há política pública (com a 
exceção de quando a inação é uma política pública, é claro). Para isto, é preciso 
fazer uso das organizações disponíveis para serem as ferramentas de 
implementação das políticas públicas. E como há quem controla tais 
organizações, o processo de implementação não pode ser visto de forma 
simplista. Na fase de implementação, continuam as disputas de poder. 
A implementação de uma política pública 
corresponde à execução de atividade que permitem que ações sejam 
implementadas com vistas à obtenção de metas definidas no processo 
de formulação das políticas. Baseada em um diagnóstico prévio e em 
um sistema adequado de informações, na fase de formulação são 
definidas não só as metas, mas também os recursos e o horizonte 
temporal da atividade de planejamento. (Silva; Melo, 2000). 
É nesta fase também que são feitos os planejamentos administrativos e 
demais recursos para a efetivação da política pública. É quando são definidos e 
levantada+s as disponibilidades de recursos humanos e materiais, para que a 
aplicação da política pública atinja os resultados esperados de acordo com a 
solução de proposta definida na fase de tomada de decisão. 
Quando colocamos em prática uma política pública, podemos analisá-la a 
partir de duas perspectivas diferentes, que podem ser vistas como opostas ou 
complementares entre si. 
1. Top-down (de cima para baixo): é a concepção mais tradicional, em que 
o trabalho administrativo se desenvolve na parte de cima da hierarquia 
organizacional (top) e se espalha para a base (down). Podemos ver o 
mesmo movimento, quando visto que as ações partem de um centro para 
a periferia. O ponto principal dela é que há hierarquia de autoridades, 
distinção entre o mundo político e o mundo administrativo e a busca que 
eficiência. Essa perspectiva considera que a implementação é um processo 
 
 
13 
que parte de um nível superior (político) para um mais próximo a base 
(técnico). É um modelo linear, que é mais ideal do que realista, pois não 
leva em contas as diversas dificuldades que podem ser encontradas 
durante esta etapa. 
2. Bottom-up (de baixo para cima): é quando o processo segue a direção 
oposta da primeira perspectiva. Ou seja, parte de um nível mais baixo, 
como o nível técnico, por exemplo e parte para cima, no nível político, em 
que está a tomada de decisão. De modo geral, as políticas públicas que 
partem dessa perspectiva possuem processos de implantação mais críticos 
ou alternativos, se comparados com as possíveis deficiências e 
ineficiências encontradas na perspectiva top-down. Essa perspectiva parte 
da ideia de que a política pública deve se construir de forma gradual, 
observando os comportamentos, formulando regras, procedimentos e 
estruturas organizacionais. 
Tradicionalmente, podemos identificar que a fase de implementação de 
políticas públicas está concentrada nas mãos de gestores públicos e daqueles 
que fazem o monitoramento/controle, contudo, pessoas privadas também podem 
realizar tarefas para a implementação de políticas públicas. É preciso obter a 
cooperação entre diferentes instituições e/ou empresas, com atividades 
direcionadas aos objetivos da política pública, podem ser incumbidas para 
promover o seu desenvolvimento, buscando superar os desafios de gestão, 
comunicação e participação. 
Aqueles que estarãocomo responsáveis pela fase de implantação 
precisam estar cientes que serão a ponte de comunicação ou relação entre os 
cidadãos e o Estado, desenvolvendo as suas atividades e interagindo diretamente 
com aqueles que serão os benificiários da política pública, dando a estes as 
oportunidades de influenciar na execução. Aqueles que estarão na “linha de 
frente” podem ter responsabilidades e formação diversas, a depender da política 
pública. Como exemplos, podemos citar, professores, médicos, funcionários de 
atendimento ao público, trabalhadores sociais, policiais e gestores imediatos. 
A implementação deve ser entendida como um processo autônomo, em 
que decisões fundamentais serão tomadas (ou não) e não apenas 
implementadas. Desta forma, poderemos ter políticas que são “criadas” ao 
orientar outras políticas, como também serão fonte de informação para a 
 
 
14 
formulação de novas políticas públicas. Podemos indicar aqui alguns dos pontos 
críticos que podemos identificar na implementação de uma nova política pública: 
• Diversidade muito grande nos envolvidos na execução da política pública. 
• Falta de entendimento das teorias ou bases que conceberam a política 
pública. 
• Falta de experiência dos atores envolvidos ou de agentes especializados. 
• Falta de clareza nos objetivos, metas e das estratégias a serem adotadas. 
• Excesso de burocracia ou do entendimento das suas exigências. 
• Falta de articulação. 
• Falta de informações confiáveis. 
• Falta de comunicação entre os decisores e executores. 
• Falta de motivação dos funcionários envolvidos. 
• Alta rotatividade dos atores. 
• Dificuldade de participação dos beneficiários (de influência, organização ou 
compreensão). 
TEMA 5 – ACOMPANHAMENTO E EXTINÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
A etapa de acompanhamento é quando temos a avaliação e monitoramento 
de uma política pública. Na avaliação da política pública, é quando verificamos a 
validade das propostas, bem como identificamos os sucessos e/ou falhas do 
projeto de implantação. Ainda existe a possibilidade de termos o processo de 
monitoramento, que ocorre durante o processo de implementação para termos 
condições de fazermos correções imediatas. 
A avaliação é a fase em que o processo de implementação e o desempenho 
de uma política pública serão examinados com o objetivo de conhecer melhor em 
que estado se encontra a política pública e qual é o nível de redução que provocou 
no problema a qual ela estava direcionada. A avaliação pode ser feita por 
diferentes atores e responsabilidades. Podemos resumir os tipos de avaliação de 
acordo com o quadro a seguir: 
 
 
 
 
 
15 
Quem avalia Sua função Conteúdo da 
avaliação 
A perspectiva 
temporal 
• Interna (por quem 
implementa) 
 
• Externa (por 
agentes externos 
ao processo) 
• Somativa (criação 
e obtenção de 
informações para 
facilitar as 
tomadas de 
decisão) 
 
• Formativa 
(fornecer 
informações para 
melhorar o que 
está sendo 
avaliado) 
• Conceitual ou de 
projeto (avalia a 
concepção) 
• Do processo de 
aplicação e 
gestão (examinar 
como foi gerido e 
executado) 
• De resultados e 
impactos (se 
atingiu os 
objetivos) 
• Ex-ante (anterior 
à implementação) 
• Intermediária 
(durante a 
implementação) 
• Ex-post (após 
implementação) 
Fonte: Raphael Hardy Fioravanti, com base em Dias; Matos, 2012. 
Para o acompanhamento, avaliação e monitoramento, é fundamental 
estabelecermos critérios lógicos que nos permitirão termos clareza no julgamento 
ou nas escolhas que deverão ser feitas. Os critérios devem estar fundamentados 
a partir de elementos valorativos da realidade e que permitem àquele que está 
avaliando julgar corretamente se a política pública funcionou conforme o que se 
esperava dela. A seguir, vejam alguns dos principais critérios usados nas 
avaliações de políticas públicas: 
• Legalidade: se a política pública está atendendo todos os aspectos legais 
e regulatórios relacionados a ela e aos objetivos a que ela se destina. 
• Economicidade: como foram aplicados os recursos destinados aos políticos 
públicos com foco na otimização (inputs). 
• Produtividade: resultados obtidos pela implementação da política pública 
(outputs). 
• Eficiência econômica: a relação entre outputs e inputs. 
• Eficiência administrativa: qual o grau de conformidade da execução e dos 
métodos preestabelecidos. 
• Eficácia: o nível de alcance de metas ou objetivos preestabelecidos. 
• Equidade: trata da homogeneidade no tratamento dos beneficiários da 
política pública, de acordo com as regras previamente estabelecidas. 
 
 
16 
Por fim, dependendo de cada política pública, temos que fazer o seu 
encerramento ou extinção. Assim como um projeto, a política pública precisa ter 
um começo, um meio e um fim. Os estudos sobre encerramento de políticas 
públicas ganharam maior relevância a partir dos anos 1970, quando os Estados 
de bem-estar social começaram a ser mais questionados com relação à sua 
efetividade. 
O encerramento de uma política pública pode ocorrer em três casos 
(Secchi, 2012): 
1. Problema que originou a política pública foi considerado como resolvido. 
2. Os programas, leis e/ou ações que criaram a política pública foram 
considerados ineficientes. 
3. O problema, mesmo que não tenha sido resolvido, perdeu relevância e saiu 
das agendas políticas e formais de governo. 
Também poderão ocorrer casos que uma política pública já tenha sido 
criada com prazo determinado e que, mesmo que o problema não tenha sido 
resolvido, ela deverá ser extinta, sob pena dos policy markers serem questionados 
legalmente pela sua não extinção. 
Há políticas públicas as quais dificilmente veremos a sua extinção ou 
encerramento. Os casos mais comuns são aqueles do tipo redistributivo, pois se 
forem extintas, provavelmente provocaram grande conflito entre os beneficiários 
e os mantenedores (pagantes). As políticas públicas distributivas também 
dificilmente são encerradas, dada a capacidade de organização dos beneficiários. 
Teoricamente, qualquer política pública pode ser encerrada. Se o será ou 
não, depende do jogo de poder e das capacidades de mobilização dos atores 
políticos envolvidos. Tenham em mente que todo encerramento de uma política 
pública pode abrir a possibilidade do nascimento de novas propostas e 
oportunidades. Momentos de alteração de mandatos do Executivo e Legislativo, 
aprovações de orçamentos são momentos em que políticas públicas consideradas 
pouco relevantes podem ser extintas ou substituídas por outras. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
DIAS, R.; MATOS, F. Políticas públicas: princípios, propósitos e processos. São 
Paulo: Atlas, 2012. 
SEBRAE. Políticas públicas municipais de apoio às micro e pequenas 
empresas. Organização: Ricardo Caldas e Silvério Crestana. São Paulo: 
SEBRAE, 2005. 
SECCHI, L. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. 
2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013. 
SILVA, P. L. B.; MELO, M. A. B. O processo de implementação de políticas 
públicas no Brasil. Caderno 48, Núcleo de Estudos de Políticas Públicas, 
Unicamp, 2000. 
SOUZA, C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Revista Sociologias, 
Porto Alegre, ano 8, n. 6, p. 20-45, 2006.

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