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I - O Q É IMAGEM

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Prévia do material em texto

Leitura de Imagens 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Maria Jos Spiteri Tavolaro Passos
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
O Que é Imagem
• Imagem: Conceitos Gerais;
• Um Percurso Histórico pelo Mundo das Imagens;
• A Relação Imagem-Espectador;
• Metodologias: Uma Introdução.
• Compreender os conceitos e as classifi cações da imagem;
• Conhecer os aspectos da imagem ao longo da História;
• Refl etir sobre a presença da imagem na cultura atual e a forma como nos relaciona-
mos com as imagens;
• Compreender a importância de uma educação do olhar e da leitura das imagens;
• Refl etir sobre as relações entre o espectador e a imagem.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Que é Imagem
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Que é Imagem
Imagem: Conceitos Gerais
Um dos nossos mais potentes canais de comunicação com o mundo é o da vi-
são; assim, o ser humano é um grande consumidor de imagens.
Mas, afinal, o que é imagem?
A imagem é algo que sempre nos remete a algo visível e independentemente 
do meio em que ela se manifeste – físico ou mental -, a imagem é sempre produ-
zida por alguém. Veja como o nosso mundo é povoado por imagens: até mesmo 
quando fechamos os olhos, nosso cérebro continua alimentando os nossos pensa-
mentos com imagens.
No campo da arte, da fotografia, da comunicação, a imagem está ligada à re-
presentação visual, o que se dá por diferentes meios: pintura (em suas diferentes 
técnicas), desenho, gravura, fotografia, filme, vídeo...
Na antiguidade ocidental, “imago” era um tipo de máscara mortuária, asso-
ciada a manifestações ritualísticas. Assim, etimologicamente, imagem, imaginar, 
imaginação têm uma mesma palavra matriz: imago, a representação de algo que 
formamos e de que guardamos uma lembrança.
Ao longo da História, a imagem já passou por diferentes interpretações. Para 
o filósofo Platão (428/427 a.C. - 348/347 a.C.), por exemplo, as imagens cria-
das pelo homem eram todas enganadoras, pois não passavam de interpretações 
da realidade.
Assim, para esse pensador, as imagens criadas pelo homem imitavam a realida-
de e, portanto, poderiam nos desviar da verdade, nos enganar, afetando-nos pelas 
partes mais frágeis de nossa alma. Por isso, para Platão somente imagens produzi-
das pela natureza – as sombras, os reflexos etc. - deveriam ser objeto de atenção, 
pois não tinham a intenção de imitar (Figura 1).
Já um de seus discípulos, o também filósofo Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), 
via as imagens sob um outro ponto: para ele uma imagem poderia ter um caráter 
educativo, transmitir conhecimento e assim conduzir o ser humano a algum tipo 
de prazer.
Na Idade Média, definiu-se a imagem como algo que está no lugar de outra coisa 
(aliquid stat pro aliquo), assim a imagem é algo fabricado ou ainda gerado pelo 
recorte do olhar de alguém.
Diferentes autores nos apresentarão outros pontos de vista a respeito da ima-
gem. Para Martine Joly (2005, p. 13), por exemplo, embora a imagem nem sem-
pre remeta ao visível (pois às vezes estamos lidando com imagens mentais), para 
ser construída, “toma de empréstimo alguns traços ao visual e, em todo o caso, 
depende da produção de um sujeito: imaginária ou concreta, a imagem passa por 
alguém, que a produz ou a reconhece”.
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Resumindo, entendemos que a imagem é algo feito para representar uma outra 
coisa em sua ausência e, por isso, apresenta três dados intrínsecos:
• uma seleção da realidade (que pode inclusive excluir qualquer representação da 
realidade, como na pintura abstrata);
• uma seleção de elementos representativos;
• uma estruturação interna que organiza os referidos elementos.
Embora acredite-se que uma imagem possa falar mais do que mil palavras, é inte-
ressante observar que há ainda o contexto em que essa imagem se apresenta, pois 
fatores culturais podem interferir na sua leitura, gerando diferentes interpretações.
Em vários momentos da história da humanidade, em que o analfabetismo abran-
gia a maior parte da população, as imagens eram, sem dúvida, um potente instru-
mento para a divulgação das informações.
Nos dias atuais, mesmo que esse ponto não seja uma constante em todas as re-
alidades culturais e sociais, vivemos em um mundo com grande apelo visual e não 
raro as informações transmitidas por meio de imagens têm um alcance muito maior 
em velocidade e abrangência do que aquelas transmitidas por meio de textos verbais.
Figura 1 – Sombras projetadas
Fonte: Pixabay
Basicamente, poderíamos dividir as imagens em dois grandes grupos: imagens 
naturais, ou seja, produzidas sem intervenção humana (Figura 2), como os reflexos 
na água (imagem de Platão), e imagens artificiais ou fabricadas (Figura 3), aquelas 
que são construídas pelo ser humano. Nesse segundo grupo, insere-se a concepção 
de imagem mais frequente: representação gráfica ou verbal de coisas existentes ou 
que possam existir.
Assim, as imagens podem assumir diferentes naturezas, como afirma o histo-
riador da arte, iconólogo e crítico William John Thomas Mitchell (CONTRERA; 
HATTORI, 2003):
• Imagens gráficas – abrangem o universo das imagens construídas por meio 
da pintura, desenho e estátuas;
9
UNIDADE O Que é Imagem
• Imagens óticas – aquelas geradas pelo espelhamento e projeção;
• Imagens perceptuais – as que nos chegam pelos sentidos e reconhecimento 
de aparência;
• Imagens mentais – as que são geradas nos sonhos, pela memória e pelas ideias;
• Imagens verbais – aquelas descritas pelas palavras e sugeridas por metáforas.
É importante considerar que além desses grupos, podemos ainda ter imagens 
surgidas do intercruzamento entre eles, como, por exemplo, uma imagem mental 
que se forme a partir da descrição de algo, ou seja, de uma imagem verbal.
Figura 2 – Reflexos da natureza nas águas de um lago
Fonte: Pxhere
Figura 3 – Imagem artificial – pintura (Herman Saftleven, Landscape, cerca de 1680)
Fonte: Wikimedia Commons
As imagens fabricadas, ou seja, aquelas produzidas pelo homem, podem ser classifi-
cadas a partir de alguns parâmetros (veja o quadro a seguir) e com base neles podemos 
desenvolver verdadeiras sistemáticas para a leitura e interpretação dessas imagens.
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11
Quadro 1 –Parâmetros para análise de imagens
Parâmetros Tipos de imagens
Materialidade Imagens materiais (quadro, fotografia) e imateriais 
(imagem mental ou projeção holográfica)
Espacialidade Imagens bidimensionais ou tridimensionais
Temporalidade Imagens estáticas e móveis
Intenção semântica Imagens representativas ou não representativas 
(figurativas ou abstratas)
Condições de produção Utilizando meios mecânicos ou meios humanos
Imagens são, em linhas gerais, signos analógicos, ou seja, se assemelham a algo 
concreto e, por meio das analogias estabelecemos relações entre algo e aquilo que 
é representado na imagem. É a constância perceptiva que nos permite atribuir qua-
lidades constantes aos objetos e ao espaço. Ela está na base da nossa percepção 
do mundo visual, enfim, das imagens. Com base na constância perceptiva, ou seja, 
nessas analogias, é que conseguimos reconhecer um objeto, por exemplo, a partir 
de uma representação.
Segundo E. Gombrich, “a imagem tem por função primeira garantir, reforçar, 
reafirmar e explicitar nossa relação com o mundo visual: ela desempenha papel de 
descoberta do visual” (apud Aumont, 2002, p. 81).
As imagens têm histórias, relacionando-se a valores culturais e temporais. As-
sim, signos plásticos, como cores, texturas, formas e estruturas compositivas, po-
dem guardar uma mensagem visual.
Um Percurso Histórico pelo 
Mundo das Imagens
O estudo das imagens é um campo amplo que pode envolver aspectos históri-
cos, simbólicos, técnicos etc.
Na história da arte, temos, por exemplo, a iconologia como um estudo especifi-
camente dirigido à leitura das imagens.
Iconologia: Ciência voltada ao estudo e interpretação, de forma ampla, do signifi cado dos 
ícones ou do simbolismo artístico de uma obra ou artista, em diferentes contextos históricos 
e culturais. Também designa uma área das belas-artes que estuda como um determinado 
tema é tratado por diferentes artistas em diferentes épocas, resultando em representações 
alegóricas ou emblemáticas de uma visão de mundo. (ICONOLOGIA. In: Enciclopédia Itaú 
Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018.
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É interessante pensar que os mais antigos registros de imagens produzidas pelo 
homem nos levam à Pré-história, quando utilizando materiais naturais, como terras 
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UNIDADE O Que é Imagem
misturadas com água, gordura animal ou resinas vegetais e outros extratos retira-
dos de plantas ou mesmo minerais, nossos antepassados criaram diferentes tipos 
de sinais gráficos e figuras representando animais, pessoas, cenas que provavel-
mente estivessem relacionadas a suas crenças e desejos (Figura 4).
Figura 4 – Reprodução de pintura rupestre na gruta de Lascaux – França
Fonte: Wikipedia
Com o passar dos séculos, os conhecimentos a respeito dos materiais se am-
pliaram e civilizações como a egípcia, bem como os povos da Mesopotâmia, já de-
monstram um grande domínio sobre elementos da natureza, o que lhes possibilitou 
o uso de diferentes cores, mais vibrantes e com maior poder de fixação à superfície.
Com relação às imagens produzidas por esses povos, é importante observar que 
ainda guardam um grande conteúdo simbólico, relacionado à hierarquia social e às 
suas crenças. São representações sintéticas, que privilegiam o uso da figura de perfil 
e não usam de artifícios gráficos para expressar volumes, luzes e sombras (Figura 5).
Figura 5 – Arte egípcia
Fonte: Wikimedia Commons
12
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O desenvolvimento das sociedades e as diferentes concepções a respeito do mundo 
também influenciaram o modo de ver e representar as imagens. Na Grécia e, pos-
teriormente, no Império Romano, as representações passaram a envolver as figuras 
mitológicas e pessoas de maior destaque no império (em Roma). As técnicas de pintura 
e escultura também se desenvolveram, bem como as imagens passaram a expor uma 
maior atenção quanto aos estudos de proporções das formas naturais, aos estudos de 
anatomia (humana e animal), gerando, assim, um maior realismo em suas obras.
O cristianismo encontrou no mundo das imagens um rico espaço para a evange-
lização. O índice de analfabetismo era altíssimo e o acesso às leituras também era 
muito difícil. Assim, as imagens se tornaram algo muito favorável para a transmissão 
de conhecimentos (Figura 6). Embora durante a Idade Media tenham ocorrido muitas 
discussões a respeito do uso ou não das imagens, elas provaram a sua eficácia e, 
assim, ocuparam as paredes e os tetos das igrejas sob a forma de pinturas e, poste-
riormente, de esculturas, além de aparecerem como ilustrações nos textos sagrados.
Iluminura: Chamamos de iluminura aos elementos decorativos que eram aplicados às le-
tras capitulares (letra de abertura do texto) dos textos religiosos medievais, bem como às 
ilustrações que acompanhavam esses escritos. Essas produções eram feitas pelos monges 
copistas que trabalhavam nos mosteiros e abadias.
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Assista ao fi lme O nome da rosa (França, 1986 – Jean-Jacques Annaud) e veja um exemplo 
de um desses gabinetes onde os monges trabalhavam.Ex
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Figura 6 – Letra “P” capitular – iluminura na Bíblia de Malmesbury – letra “P”
Fonte: Wikipedia
Com a chegada do Renascimento, os modelos clássicos de representação foram 
retomados e, assim, as imagens votaram a apresentar um naturalismo que refletia 
os resultados das investigações científicas de que passaram a se cercar artistas 
como Leonardo da Vinci, Rafael dei Sanzio e outros. Assim, a anatomia humana, 
animal e vegetal passaram a ser representadas de modo a aproximar-se mais da 
13
UNIDADE O Que é Imagem
realidade e isso estendeu-se a todas as linguagens utilizadas na época – desenho, 
pintura a óleo, a têmpera, escultura, gravura etc. (Figura 7).
É interessante observar como 
ao longo da história da arte pare-
cem surgir ciclos alternando razão 
e emoção, equilíbrio e exagero, 
objetividade e subjetividade. Isso 
se torna visível quando tratamos 
de imagens. Após um período em 
que se buscou enfatizar o equilí-
brio racional das formas, como 
ocorreu durante o Renascimento, 
surge um novo modo de olhar e 
representar o mundo, destacando 
as emoções, como ocorreu nos 
séculos XVII e XVIII.
Basta observar obras como as 
dos pintores Michelangelo Cara-
vaggio, Diego Velazquez, as do escultor e arquiteto Gian Lorenzo Bernini, entre 
outros, nas quais a dramaticidade promovida pelo uso das composições em diago-
nal, as poses contorcidas e os jogos de luzes e sombras vêm acentuar um caráter 
teatral nessas produções (Figura 8 e Figura 9).
Figura 8 – Michelangelo Caravaggio, A conversão de 
São Paulo a caminho de Damasco, 1600-0
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 9 – Gian Lorenzo Bernini – Netuno e Tritão, 
1622-23 – Victoria and Albert Museum, Londres
Fonte: Wikipedia
O século XVIII foi marcado pelo Iluminismo, corrente de pensamento que va-
lorizava a investigação científica e a compreensão de Deus e do Homem a partir 
Figura 7 – Rafaello Sanzio – A Escola de Atenas (detalhe), 1510
Fonte: Wikimedia Commons
14
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de princípios calcados na razão. Nesse período, as investigações arqueológicas 
conduziram à descoberta das ruínas das antigas cidades de Herculano e Pompeia 
(Figura 10), reacendendo o interesse pelos princípios valorizados pelos gregos e 
romanos. Assim, o gosto pela dramaticidade e exagero do Barroco e do Rococó 
deram lugar à busca de uma postura nobre, austera, equilibrada, pura e verdadeira, 
características do Neoclassicismo e, em seguida, à expressão individual como algo 
único e insubstituível e ao espírito de contemplação da natureza, que marcaram o 
Romantismo e o Naturalismo.
Figura 10 – Ruínas da antiga cidade romana de Pompeia, Itália
Fonte: Pixabay
Talvez uma das mais significativas mudanças na história das imagens tenha ocor-
rido no século XIX: o surgimento da fotografia. Embora os experimentos óticos já 
acompanhassem o homem desde a Idade Media, por meio da câmara escura e que 
posteriormente passou a ser utilizada pelos artistas, bem como das lentes e dosespelhos (já no Renascimento), foi por meio da associação entre os conhecimentos 
da química e da ótica que Nicéphore Niépce (1765-1833) conseguiu registrar pela 
primeira vez uma imagem real em uma superfície. Sua descoberta foi possível pois 
sensibilizou uma placa de estanho com uma emulsão de betume-da-Judeia e a ex-
pôs à luz natural por oito horas consecutivas (Figura 11).
Figura 11 – Nicéphore Niépce, Vista da janela no Le Gras, 1826
Fonte: Wikimedia Commons
15
UNIDADE O Que é Imagem
Importante!
A câmara escura é um instrumento óptico composto por uma caixa (pode ser até uma sala) 
com um pequeno orifício em uma de suas paredes. A luz externa entra por esse orifício e 
projeta na parede interna oposta uma imagem invertida do ambiente externo à caixa.
Figura 12 – Princípio da câmara escura
Fonte: Wikipedia
Você Sabia?
O artista e pesquisador inglês David Hockney desenvolveu uma série de análises 
dos retratos pintados e outras obras de renomados artistas do Renascimento e de 
períodos posteriores, concluindo que utilizaram a câmara escura e a associaram a 
lentes e espelhos como ferramentas de apoio para os seus projetos de pinturas.
Confira lendo o livro Conhecimento secreto, de David Hockney. Editora Cosac & Naify, 2001, e 
assista ao documentário David Hockney e o conhecimento secreto (BBC, 2003).Ex
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Aprenda a fazer uma câmara escura neste vídeo muito didático: https://youtu.be/fVi8NhD8BAE
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E assim nasceu a fotografia:
Foi com betume branco da Judeia que Niépce conseguiu a sua primeira imagem. Dá-se o 
nome de betume da Judeia ao asfalto natural, substância de composição semelhante à do 
asfalto que resulta da destilação do petróleo bruto. Niépce cobriu uma placa de estanho 
com betume da Judeia, que tem a propriedade de endurecer quando atingida pela luz, usou 
essa placa na sua câmara escura com uma exposição de cerca de 10 horas, depois retirou as 
partes do betume não afetadas pela luz, com uma solução de essência de alfazema. Niépce 
chama ao seu procedimento heliografia
Ex
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Gradativamente, a invenção dos franceses foi aperfeiçoada tanto nos equipa-
mentos quanto nos materiais e, consequentemente, nos resultados obtidos. O tem-
po de exposição à luz tornou-se cada vez menor, o que permitiu à fotografia o re-
gistro de imagens da realidade com grande precisão (Figura 13), coisa que a pintura 
e o desenho não poderiam realizar da mesma forma. Isso gerou uma crise no mun-
do da arte, e os artistas, especialmente os pintores, passaram a questionar o seu 
16
17
próprio papel e as suas produções. Foi assim que 
a pintura se reinventou a partir do século XIX: o 
artista não precisava mais copiar o mundo, mas 
sim interpretá-lo segundo a sua própria visão, e 
ao longo do tempo, a fotografia foi, inclusive, 
incorporada pelos artistas em seus processos de 
criação, aos poucos ganhou autonomia e hoje é 
considerada linguagem artística.
A fotografia abriu possibilidades para que os 
artistas se dedicassem a outras investigações visu-
ais, como, por exemplo, a distorção das formas, 
a exploração da cor, da linha, das texturas... Sem 
o compromisso de retratar a realidade, o artista 
se permitiu mergulhar na linguagem visual e en-
contrar as sínteses formais, os valores simbólicos 
e, inclusive, a abstração (Figura 14 e Figura 15).
Figura 14 – Wassily Kandinsky – All Saints, 1911 – pintura abstrata
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 15 – Pablo Picasso – Guernica – 1937 – Museo Reina Sofi a, Madri
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 13 – Felix Nadar – 
Retrato de Sarah Bernardt – 1864
Fonte: Wikipedia
17
UNIDADE O Que é Imagem
Embora a fotografia tivesse solucionado o problema da captura de imagens com 
maior precisão e em menor tempo do que a pintura, ainda faltava solucionar um 
problema com relação ao registro das imagens: o movimento. A solução encon-
trada foi o registro sequencial de imagens de um corpo em deslocamento, criando, 
assim, uma série de fotogramas. Em seguida, esses mesmos fotogramas passaram 
a ser projetados em ordem de registro e numa velocidade de 24 imagens por 
segundo, e o cérebro do observador as uniria e interpretaria como um movimento 
contínuo. No início (cerca de 1895), os primeiros filmes eram mudos, em preto-e-
-branco e de curta duração, mas os avanços tecnológicos trouxeram uma grande 
evolução, tanto em qualidade de imagem quanto na duração, e em 1932, o surgi-
mento das imagens coloridas. Os filmes falados surgiram em 1927, com O cantor 
de jazz, de Alan Crosland.
Se você gosta de cinema, pode assistir a um clássico dos musicais: Cantando na chuva (EUA, 
1952, direção de Gene Kelley e Stanley Donen) e, mais recentemente, O artista (França, 
2011, direção de Michel Hazanavicius), filmes que têm como tema central o surgimento do 
cinema falado e como isso revolucionou a atuação dos profissionais da área.
Assista também ao filme A invenção de Hugo Cabret (2011, direção de Martin Scorsese), 
que trata a respeito dos primeiros efeitos especiais no cinema.
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Figura 16 – Cartaz do filme Cantando na chuva (Singing in the rain), 1952
Fonte: Wikimedia Commons
Ainda com relação às imagens em movimento, temos algumas outras possibili-
dades: as animações e a televisão. É interessante notar como a relação observador-
-imagem é alterada pela presença do movimento, exigindo do observador uma 
18
19
atenção e velocidade maiores do que aquelas dispendidas para a apreciação de 
imagens fixas.
O surgimento dos computadores e das tecnologias para a manipulação digital de 
imagens tornou-se, sem dúvida, uma nova revolução nesse campo. O desenvolvi-
mento de equipamentos e programas vem favorecendo não apenas o tratamento, 
mas também a criação de imagens bidimensionais e tridimensionais, podendo-se 
associar recursos físicos e digitais, com resultados de elevado nível de sofisticação, 
sem, no entanto, diminuir ou anular a sensibilidade, imaginação, conhecimento e 
criatividade dos seres humanos (Figura 17).
Processo de criação digital para o fi lme O planeta dos macacos. Disponível em: https://goo.gl/qeyteB
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Figura 17 – Cenário criado digitalmente representando a cidade de Buenos Aires
Fonte: Pixabay
Assim, verificamos que ao longo da história a produção de imagens concretas 
pelo homem passou por grandes transformações técnicas, formais e conceituais. 
Hoje somos constantemente bombardeados por um turbilhão de imagens que nos 
envolvem por todos os lados, o importante é saber como nos relacionamos com 
elas, como as lemos e compreendemos.
A Relação Imagem-Espectador
As imagens são elementos atraentes e cativantes.
Em nosso estudo, percebemos que as imagens, em sua maioria, são criadas 
para determinados fins, sejam estes individuais ou coletivos. Cientes disso, meios 
de comunicação exploram esse universo de modo ávido, influenciando o compor-
tamento das massas em suas atitudes pessoais, sociais, éticas e ideológicas, desde 
a mais tenra idade. Basta verificar como o público infantil vem sendo marcado 
por “modelos estereotipados” amplamente divulgados pela mídia. A questão é que 
19
UNIDADE O Que é Imagem
esses padrões raramente contribuem para a construção do conhecimento significa-
tivo, tornando-se verdadeiros limitadores do desenvolvimento de um pensamento 
reflexivo e criativo (BUORO, 2003, p. 35).
Nem tudo o que é veiculado por meio das imagens é verdadeiro: o desenvolvi-
mento das tecnologias digitais vem permitindo tamanha manipulação das imagens 
que muitas vezes chegamos a duvidar de sua veracidade e realidade. Isso já era 
previsto há anos, como nos apresenta o escritor cubano Ítalo Calvino em seu livro 
Seis propostas para o próximo milênio:
Vivemos sob uma chuva ininterrupta de imagens; os media todo-pode-
rosos não fazem outra coisa senão transformar o mundo em imagens, 
multiplicando-o numa fantasmagoria de jogos de espelhos-imagens que 
em grande parte são destituídas da necessidade interna que deveria 
caracterizar toda imagem, como forma e como significado, como força de 
impor-seà atenção, como riqueza de significados possíveis. Grande parte 
dessa nuvem de imagens se dissolve imediatamente com os sonhos que 
não deixam traços na memória; o que não se dissolve é uma sensação de 
estranheza e mal-estar (CALVINO, 1990, p. 73).
Com relação às imagens, um dos caminhos para desenvolver competências para 
a construção do homem como ser social e cultural, leitor e intérprete, criador e 
criatura é o estudo da arte e da linguagem visual. Segundo Anamélia Bueno Buoro:
A obra de arte parece ser um objeto especialmente facilitador desse resga-
te, não só porque aglutina múltiplas formas do saber, mas principalmente 
porque uma obra de arte não é apenas objeto de apreciação estética; é 
fruto de uma experiência de vida desvelada pelo processo de criação do 
artista e pelo sistema de signo da obra. Partilhamos da sua criação quando 
no momento da leitura somos interpretantes, criando signos-pensamen-
tos, habitando a obra, recriando-a. (BUORO, 2003, p. 31.)
Enquanto as imagens veiculadas pela mídia nos chegam prontas, rápidas, efê-
meras, a arte exige do observador um tempo maior para a apreciação significativa. 
No entanto, a falta de alfabetização visual cria uma grande distância entre especta-
dor e obra, sobretudo quando tratamos de arte contemporânea.
Jacques Aumont, em seu livro A imagem (1993, p. 81-86), nos explica que 
para Rudolf Arnheim, do ponto de vista psicológico, duas funções estão envolvidas 
na relação entre o observador e as imagens artísticas: o reconhecimento e a re-
memoração. Ao observar uma imagem, reconhecer significa identificar nela, pelo 
menos em parte, algo que já vimos no mundo real.
Imagine que você esteja perdido, sozinho em um lugar desconhecido e, de re-
pente, depois de dias de muita solidão, encontra um outro ser humano. É possível 
que a sensação seja de conforto, afinal está encontrando alguém da sua espécie e 
talvez seja possível ter companhia a partir de então.
No campo da percepção visual, o reconhecimento pode trazer a mesma sen-
sação. Não é à toa que muitas pessoas ao olharem para uma imagem abstrata 
20
21
tentem encontrar nela alguma figura reconhecível, identificando-a com algo do 
seu próprio repertório.
Esse reconhecimento também se dá em razão da “rememoração”, ou seja, exis-
tem determinados esquemas compositivos, quase como “esqueletos” das formas, 
que podem se repetir e, ainda que aquilo que estamos vendo não seja exatamente 
como a realidade, ainda assim somos capazes de reconhecer. Lembre-se das ima-
gens da Pré-história, elas não eram exatamente como aquilo que representavam, 
porém guardavam esquemas estruturais que nos permitem ainda hoje relacioná-las 
aos seres que conhecemos.
No campo da arte, esse exercício às vezes se torna difícil, especialmente quando 
tratamos de arte abstrata e também quando nos relacionamos com imagens da 
arte contemporânea, pois não nos trazem respostas prontas, ou uma relação direta 
com o real.
E mais, na arte contemporânea, muitas vezes quando a relação com a realidade 
é muito explícita, o significado é completamente diferente.
Exemplos como esse podem ser vistos em obras como O porco, do brasileiro 
Nelson Leirner. Uma obra criada durante um período de rígidas sanções com rela-
ção à expressão individual e coletiva no Brasil. Ou ainda, A fonte (Figura 18), do 
francês Marcel Duchamp – obra essa em que ao expor um mictório e ressignificá-lo 
chamando-o de “fonte”, ele próprio questiona anonimamente os rumos da arte e 
do seu sistema no início do século XX. Embora seja uma obra de 1917, este traba-
lho de Duchamp ainda suscita muitas discussões até os dias atuais.
Figura 18 – Marcel Duchamp – A fonte – 1917
Fonte: Wikimedia
A arte contemporânea é questionadora em seu tempo. Nos dias de hoje, a pro-
dução artística se questiona quanto ao seu lugar, seu papel, o próprio mundo e suas 
estruturas. Assim, observadores que não tenham uma relação mais atenta e crítica 
com o mundo em que estão inseridos terão grande dificuldade em se relacionar 
com a arte contemporânea e todas as linguagens que nela se encaixam, incluindo 
a fotografia.
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UNIDADE O Que é Imagem
Metodologias: Uma Introdução
Como já vimos, as imagens nos permitem diferentes abordagens, que podem 
envolver conhecimentos de diferentes áreas, como os fundamentos teóricos e téc-
nicos da arte, a história, a filosofia, a antropologia, a psicologia etc., e cada uma 
dessas abordagens pode ser chamada de metodologia.
Nas próximas unidades nos dedicaremos a uma maior aproximação com algumas 
dessas metodologias, buscando um contato com diferentes olhares a respeito das ima-
gens, ampliando, assim, as nossas possibilidades para a sua leitura e compreensão.
Vale destacar que cada uma delas enfatizará um ou alguns aspectos da imagem: 
questões históricas, técnicas, formais, simbólicas etc. A reunião dessas diferentes 
leituras pode nos conduzir a uma postura mais crítica e aprofundada quanto ao 
contato com as imagens.
O autor Antonio Costella, em seu livro Para apreciar a arte, propõe que o 
observador, ainda que leigo, olhe uma obra a partir de 10 diferentes pontos de vis-
ta: factual, expressional, técnico, convencional, estilístico, atualizado, institucional, 
comercial, neofactual, estético. Veja que nessa proposta o autor tenta colocar o 
leitor em contato com dimensões da obra que envolvem desde a imagem como um 
fato e, portanto, um contato descritivo apenas em termos visuais, passando gra-
dativamente por aspectos que envolvem a expressão do criador e seu efeito ao ser 
recebido pelo observador, questões técnicas ligadas ao “fazer artístico”, chegando 
até a aspectos comerciais, históricos etc.
Neste primeiro momento, tivemos um primeiro contato com alguns pontos de 
vista que podem estar envolvidos em uma imagem, esses já ampliam a nossa forma 
de observar uma obra. A partir de agora, procure olhar as imagens por mais do que 
um único ângulo: tente investigar a sua composição, quem é o seu autor ou, ainda, 
qual a história dessa imagem. É provável que o seu olhar a respeito de algumas 
dessas imagens mude e que você até se surpreenda com os resultados!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Conhecimento secreto
HOCKNEY, David. Conhecimento secreto. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.
 Filmes
A vida secreta de Walter Mitty
A vida secreta de Walter Mitty (EUA, 2013, direção de Ben Stiller).
A invenção de Hugo Cabret
A invenção de Hugo Cabret (EUA, 2011, direção de Martin Scorsese).
 Leitura
A civilização das imagens – Entrevista com Jacques Aumont
https://goo.gl/VXGVJ2
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UNIDADE O Que é Imagem
Referências
ARGAN, G. C.; FAGIOLO, M. Guia de história da arte. Lisboa: Editorial Estam-
pa, 1994.
AUMONT, J. A imagem. Campinas: Papirus, 2011.
BOSI, A. Reflexões sobre a arte. 7ª ed. São Paulo: Ática, 2003.
BUORO, A. B. O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendiza-
gem da arte na escola. São Paulo: Cortez, 2003.
CALVINO, Í. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia 
das Letras, 1990.
CAUQUELIN, A. Arte contemporânea: uma introdução. Trad. Rejane Janowit-
zer. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
COSTELLA, A. F. Para apreciar a arte: roteiro didático. 3ª ed. São Paulo: Se-
nac, 2002. 
FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2010.
GERVEREAU, L. Ver, compreender e analisar as imagens. Portugal: Edições 
70, 2007.
HACKING, Juliet. Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
JESUS, V. G. El comentario de la obra de arte. España: UND, 1993.
JOLY, M. Introdução à análise da imagem. 9ª ed. Campinas: Papirus, 2005.
TREVISAN, A. Como apreciar a arte: do saber ao sabor. Uma síntese possível. 
3ª ed. Porto Alegre: Age, 2002.
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Outros materiais