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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA CURSO A DISTÂNCIA ANTÔNIO EMERSON FITEPAUDE ALVES DOS SANTOS UMA REFLEXÃO SOBRE O ENSINO DA MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL MARCELINO VIEIRA/RN 2021 ANTÔNIO EMERSON FITEPAUDE ALVES DOS SANTOS UMA REFLEXÃO SOBRE O ENSINO DA MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Artigo apresentado ao Curso de Pedagogia como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia Orientadora: Profa. Dra. Andréia Silva Abbiati. MARCELINO VIEIRA/RN 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Moacyr de Góes - CE Santos, Antônio Emerson Fitepaude Alves dos. Uma reflexão sobre o ensino da matemática na perspectiva dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental / Antônio Emerson Fitepaude Alves dos Santos. - 2021. 30 f.: il. Artigo (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Educação, Graduação em Pedagogia a Distância. Marcelino Vieira, RN, 2021. Orientadora: Profa. Dra. Andréia Silva Abbiati. 1. Matemática - Artigo. 2. Ensino fundamental - Artigo. 3. Anos iniciais - Artigo. 4. Concepções docentes - Artigo. I. Abbiati, Andréia Silva. II. Título. RN/UF/Biblioteca Setorial Moacyr de Góes CDU 37:51 Elaborado por Jailma Santos - CRB-15/745 ANTÔNIO EMERSON FITEPAUDE ALVES DOS SANTOS UMA REFLEXÃO SOBRE O ENSINO DA MATEMÁTICA NA PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Artigo apresentado ao Curso de Pedagogia como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Aprovado em ___/___/_____ BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Profa. Dra. Andréia Silva Abbiati - Presidente INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO ______________________________________________ Profa. Ma. Vania Cristina da Silva - Examinadora UNIVERSIDADE FEDERAL DO GOIÁS _______________________________________________ Profa. Dr. Pedro Isaac Ximenes Lopes - Examinador UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE A Deus, por ser essencial em meu viver, autor de meu destino e da minha própria história. Obrigado, pela sua infinita bondade e por ser luz em minha vida. AGRADECIMENTOS Aos meus pais, que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos de minha vida. Em especial, à minha amada namorada e companheira, razão do meu viver. Obrigado pelo presente de cada dia, por acreditar tanto em mim e me fazer feliz, mesmo que a vida me pareça dura, de vez em quando. À professora orientadora, Dra. Andréia Silva Abbiati, pela orientação, competência e profissionalismo. Tenho a certeza de que não chegaria a este ponto sem o seu apoio. Aos membros da banca examinadora, que tão gentilmente aceitaram participar e colaborar com o meu artigo contribuindo, assim, com o meu crescimento pessoal e profissional. Aos colegas entrevistados, por colaborarem nesse processo e abrilhantarem as discussões tornando, dessa forma, o meu trabalho mais rico e completo. Suas “falas” colaboraram de forma significativa para a minha construção. Por fim, a todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para que esse sonho fosse realizado. Então, aqui ficam os meus sinceros agradecimentos. O que seria de mim, sem vocês? Gratidão, é a palavra final! A matemática é geralmente tida como uma disciplina extremamente difícil que lida com objetos e teorias fortemente abstratas, mais ou menos incompreensíveis. (PONTE, 1992, p.1) RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar a(s) concepção(concepções) pedagógica(s) que informam a prática dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Escola Municipal Abraão Cavalcante Bessa, do Município de Taboleiro Grande, Estado do Rio Grande do Norte – RN, em relação aos conhecimentos matemáticos. Nesse contexto, levantamos os seguintes questionamentos: Qual a concepção dos docentes que trabalham nessa repartição sobre o ensino da matemática? Que estratégias de ensino e aprendizagem são utilizadas nas aulas? Que metodologias são consideradas? Como os alunos são avaliados? O trabalho é caracterizado como uma pesquisa de natureza bibliográfica e de abordagem qualitativa. Para tanto, foi empreendida uma revisão bibliográfica sobre a temática e realizadas entrevistas semiestruturadas com os docentes da unidade escolar, objeto deste estudo. A pesquisa revelou que os docentes da unidade escolar se apropriam de várias estratégias de ensino, como aulas expositivas, estudos dirigidos, resolução de situações problemas, atividades em grupos e individuais. Detectou-se, também, a utilização de um modelo de avaliação formativa e que, embora a concepção tradicional de ensino prevaleça, os professores valorizam a ludicidade, compreendem que a educação exige diferentes forma de ensinar e, consequentemente, construir o conhecimento matemático. Palavras-Chave: Matemática. Anos iniciais. Concepções docentes. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 12 2.1 Refletindo sobre o conhecimento matemático e sua origem ............................... 12 2.2 Tecendo considerações sobre o ensino e aprendizagem da matemática nos anos iniciais ....................................................................................................................... 13 2.3 A matemática e o lúdico como proposta pedagógica no Ensino Fundamental Anos Iniciais .............................................................................................................. 17 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 19 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................... 21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27 APÊNDICE - ENTREVISTA DOCENTE ................................................................... 29 9 1 INTRODUÇÃO A Matemática sempre se fez presente na vida do homem desde os primórdios da humanidade até nossos dias atuais. É uma área de conhecimento que surgiu da necessidade do ser humano nas mais diversas situações do dia a dia. Não há como negar que sua presença é constante em nosso cotidiano. Via de regra, é considerada uma disciplina com elevado grau de dificuldade, isso porque, desde o princípio, era tida como um “bicho de sete cabeças”, vista como um tabu, sendo abominável para um número expressivo de estudantes que apresentavam dificuldades de aprendizagem dos seus conceitos. Segundo Pontes (1992): A matemática é geralmente tida como uma disciplina extremamente difícil que lida com objetos e teorias fortemente abstratas, mais ou menos incompreensíveis. Para alguns, salienta-se o seu aspecto mecânico, inevitavelmente associado ao cálculo. É uma ciênciausualmente vista como atraindo pessoas com o seu quê de especial. Em todos estes aspectos poderá existir uma parte de verdade, mas o facto é que em conjunto eles representam uma grosseira simplificação, cujos efeitos se projectam de forma intensa (e muito negativa) no processo de ensino-aprendizagem (PONTES, 1992, p. 1). Partindo desse princípio, não é uma empreitada simples desmistificar esse juízo, quebrar esse tabu e tornar o ensino desse componente mais prazeroso para o educando. É preciso vencer esse preconceito de modo que o docente compreenda que esse paradigma precisa ser superado, principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental. Conforme apontam os Parâmetros Curriculares Nacionais: O Ensino da matemática nos anos iniciais, está intimamente ligado ao desenvolvimento de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, raciocínio lógico/dedutivo/matemático do aluno, à resolução de problemas que envolvam situações da vida cotidiana e do trabalho, além de apoiar na construção de conhecimentos em outras áreas do saber (BRASIL, 2001, p. 29). Nesse sentido, o aluno necessita ser envolvido em atividades matemáticas que permitam a construção da aprendizagem de forma significativa. Essa construção deve ser mediada pelo professor, o qual deverá planejar suas aulas e trabalhar conteúdos e conceitos, porém, precisa estar atento e aberto às novas metodologias de ensino e ao uso de diferentes recursos didáticos e pedagógicos considerando, nesse processo, 10 as dificuldades dos alunos. Assim sendo, é preciso incentivar os docentes a participarem de cursos de formação continuada, nos quais possam conhecer práticas inovadoras de ensino e aprendizagem que instiguem o desenvolvimento de aulas mais ativas e motivadoras. Do mesmo modo, o professor precisa compreender que cada aluno traz consigo seu conhecimento prévio, aprende de forma diferente e tem suas especificidades. Por isso, o professor, dever repensar o currículo da escola, verificar o grau de conhecimento de cada aluno, replanejar e possibilitar novas estratégias de ensino e aprendizado, ou seja, construir significados juntos aos pares e assim estar em constante formação. Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo de analisar a(s) concepção (concepções) pedagógica(s) que informam a prática dos professores dos anos iniciais, do ensino fundamental, da Escola Municipal Abraão Cavalcante Bessa, do Município de Taboleiro Grande, Estado do Rio Grande do Norte – RN, em relação aos conhecimentos matemáticos. Para isso, nos remetemos aos seguintes questionamentos: Qual a concepção dos docentes que trabalham nessa repartição sobre o ensino da matemática? Que estratégias de ensino e aprendizagem são utilizadas nas aulas? Que metodologias são consideradas? Como os alunos são avaliados? Ressaltamos que a justificativa para esse trabalho recai sobre a realidade do autor, o qual leciona matemática em uma escola pública, verificando, constantemente, as dificuldades dos alunos em Matemática. Assim, interessa-nos, neste estudo, analisar qual a concepção pedagógica que informa a prática dos docentes dos anos iniciais do ensino fundamental, visto que alguns alunos atravessam esse período e chegam aos anos finais, com lacunas de aprendizagem, nessa disciplina. Na tentativa de uma melhor compreensão e fundamentação da pesquisa, organizamos o artigo em cinco seções assim distribuídas: a primeira faz referência à parte introdutória, na qual apresenta-se o trabalho e evidencia-se sua temática, problemática, objetivo, justificativa e estrutura, além de explicitar sua relevância. Na segunda seção, intitulada de referencial teórico, base de sustentação para o trabalho, apresentamos uma reflexão sobre o conhecimento matemático e sua origem, tecemos algumas considerações sobre o ensino e aprendizagem dessa disciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental e discutimos a importância da utilização de atividades lúdicas como proposta pedagógica. 11 Na terceira seção, apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa e os sujeitos envolvidos na mesma. Na quarta seção, tem-se os resultados e discussões dos dados obtidos por meio entrevistas realizadas com os docentes da escola supracitada. Por fim, apresentamos a quinta e última seção na qual externamos as considerações finais, manifestando as limitações enfrentadas pelo pesquisador durante o desenvolvimento da pesquisa e sugestões para trabalhos futuros. 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO Esta seção tem a finalidade de apresentar uma reflexão sobre o conhecimento matemático e sua origem, tecer algumas considerações em relação ao ensino e aprendizagem na área, bem como discutir a importância do lúdico como proposta pedagógica para o ensino da disciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental. 2.1 Refletindo sobre o conhecimento matemático e sua origem A matemática, nasce da relação do ser humano com a natureza, pois o homem primitivo necessitava medir a distância entre fontes de água ou para saber se seria capaz de capturar um animal. Posteriormente, no momento em que se tornou sedentário, precisou saber a quantidade de alimentos que necessitaria para comer. Também deveria entender como e quando ocorriam as estações do ano, pois isso significava saber em que época deveriam plantar e colher (SOARES, 2007). Nessa perspectiva, o conhecimento matemático surge das necessidades dos homens na vida diária, como contar, medir, calcular, organizar, “[...] em sua origem, a matemática constitui-se a partir de uma coleção de regras isoladas, decorrentes da experiência e diretamente conectadas com a vida diária” (BRASIL, 2001, p.27). É importante destacar que a matemática não teve nenhum inventor, mas foi criada a partir da necessidade das pessoas em medir e contar objetos, porém, Mendes (2001) afirma que provém de diferentes grupos socioculturais que se organizaram e se desenvolveram intelectualmente de acordo com suas necessidades, interesses e condições de sobrevivência, levados pela mobilidade característica da sociedade humana e que a informação histórica pode contribuir para a disseminação desse conhecimento. Tratando-se desses diferentes grupos e fazendo uma retrospectiva histórica, é válido acrescentar, segundo Afonso (2002): Que os egípcios contribuíram com o primeiro sistema de numeração e a representação de quantidades de objetos por meio de símbolos, pois houve avanço do comércio, das indústrias e construções de pirâmides e templos, tornando cada vez mais difícil efetuar cálculos com pedras, além da criação do calendário com 365 dias e o relógio de sol. Os romanos, usaram o sistema de números egípcios para criar uma nova forma de contar e foram capazes de apresentar uma quantidade maior 13 de números do que já existia na contagem egípcia (AFONSO, 2002, p. 3). Assim, a história da matemática, quando bem interpretada, pode ser vista como imprescindível, pois ela é essencial nas discussões sobre a disciplina e seu ensino. (GASPERI; PACHECO, 2007). Corroborando com esse pensamento, MILIES (2008) nos confirma que a história da matemática pode ser um ótimo instrumento para o processo de ensino- aprendizagem no que tange a esse componente curricular. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sustentam que: [...] os conceitos abordados em conexão com sua história constituem- se veículos de informação cultural, sociológica e antropológica de grande valor formativo. A História da Matemática é, nesse sentido, um instrumento de resgate da própria identidade cultural (BRASIL, 1997, p. 34). Dessa forma, para que os alunos percebam o caráter investigativo presente na história da matemática, ela precisa ser incluída nas atividades de ensino - aprendizagem, para que os mesmos compreendam seus conceitos e possam ter uma visão distintadesse componente. 2.2 Tecendo considerações sobre o ensino e aprendizagem da matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental Ensinar matemática para as crianças não é uma tarefa fácil, isto porque o professor é um profissional que atua com alunos que, ao ingressarem na escola, já trazem consigo histórias de vida e saberes constituídos pelas próprias experiências vivenciadas. Fundamentado na obra do psicólogo suíço Jean Piaget, o construtivismo propõe, dentre outros aspectos, que a construção do conhecimento pelo estudante ocorra por meio da sua interação com o meio no qual está inserido. Nessa concepção de ensino, o educando é a essência no processo de aprendizagem e, nesse sentido, considerar os seus conhecimentos prévios é fundamental para o processo de ensino aprendizagem, possibilitando ao aluno 14 associar os conhecimentos anteriores àqueles que ainda estão em fase de construção, favorecendo, assim, a aprendizagem. Para Fiorentini (1995): O construtivismo vê a Matemática como uma construção humana constituída por estruturas e relações abstratas entre formas e grandezas reais ou possíveis. Por isso, essa corrente prioriza mais o processo que o produto do conhecimento. Ou seja, a Matemática é vista como um constructo que resulta da interação dinâmica do homem com o meio que o circunda (FIORENTINI, 1995. p.20). Na área do ensino de Matemática no ensino fundamental, a Base Nacional Comum Curricular - BNCC1, ressalta a importância de considerar os conhecimentos provenientes de experiências vividas pelos educandos, ideia está alinhada à abordagem construtivista. Assim: No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, deve-se retomar as vivências cotidianas das crianças com números, formas e espaço, e também as experiências desenvolvidas na Educação Infantil, para iniciar uma sistematização dessas noções. (...) não se pode frear a curiosidade e o entusiasmo pela aprendizagem, tão comum nessa etapa da escolaridade, e muito menos os conhecimentos prévios dos alunos (BNCC, 2017, p. 276). Nesse sentido, é preciso pensar em ações pedagógicas que conduzam os alunos às experiências que ampliem os conhecimentos já constituídos, em algum momento de seu percurso pessoal e social, pois a formação do cidadão crítico, reflexivo e participativo, passa também pelas aulas de matemática. Assim, se faz necessário entender, que os primeiros anos de escolarização são a base para o desenvolvimento do educando e, por isso a responsabilidade dos professores, é ainda maior. Nesse período, surgem as primeiras aprendizagens, e também, as necessidades da criança em construir bases para o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, emocionais e sociais. Santana e Campos (2012, p. 3) relatam que: “A criança, desde as séries iniciais de escolaridade, é cidadã que se constrói através de inúmeros atos interativos com os outros e com o meio em que vive. Ela é sujeito de seus conhecimentos”. 1 Base Nacional Comum Curricular - Documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagem essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. 15 Nesse contexto, a atuação do professor é fundamental, bons professores são eternos exploradores, questionadores, problematizadores, e motivam os alunos ao ensino e aprendizagem, tornando-os permanentes, querendo sempre aprender mais. Nessa ótica Libâneo (1991) afirma que: A tarefa principal do professor é garantir a unidade didática entre ensino e aprendizagem, através do processo de ensino. Ensino e aprendizagem são duas facetas de um mesmo processo. O professor planeja, dirige e controla processo de ensino, tendo em vista estimular, suscitar a atividade própria dos alunos para a aprendizagem (LIBÂNEO, 1991, p.81). A citação supra, nos leva a pensar que a motivação do professor, que tem a concepção construtivista, onde a interação professor/aluno, são essenciais no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que quando o estudante se sente sujeito desse processo, torna-se um ser crítico e com maiores possibilidades de desempenhar sua cidadania. Por outro lado, o docente entende que ensinar é ir além do espaço limitado à imposição de um modelo ou uma concepção pedagógica conservadora, tal como a tradicional, a qual segundo Mizukami (1986, p. 8), Privilegiam-se o especialista, os modelos e o professor, elemento imprescindível na transmissão de conteúdo. Como se sabe, o adulto, na concepção tradicional, é considerado como um homem acabado, "pronto" e o aluno um "adulto em miniatura", que precisa ser atualizado. O ensino, em todas as suas formas, nessa abordagem, será centrado no professor. Esse tipo de ensino volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores. (...) o papel do professor se caracteriza pela garantia de que o conhecimento seja conseguido e isto independentemente do interesse e vontade do aluno, o qual, por si só, talvez, nem pudesse manifestá-lo espontaneamente e, sem o qual, suas oportunidades de participação social estariam reduzidas. Considerando a perspectiva tradicional em relação ao ensino da Matemática, pode-se afirmar que o ato de ensinar restringe-se a comunicar os objetos de conhecimento ao estudante sem considerar os seus conhecimentos, usufruindo, para tanto, de metodologias nas quais o docente é o único detentor do conhecimento e manipulador da informação. 16 Nesta perspectiva, a ação do estudante restringe-se a receber dados informativos relativos a uma determinada área do conhecimento. O educando está, assim, exposto a uma metodologia de ensino padronizada, não qual os seus conhecimentos anteriores são desconsiderados pelo professor. No entanto, é necessário que as crianças desenvolvam a capacidade de pensar matematicamente, de utilizar um raciocínio lógico e de resolver problemas para que possam interagir com o mundo e com as outras áreas do conhecimento. De acordo com Brasil (2014), o ensino da matemática deve se configurar como uma prática de: Investigar é experimentar coletivamente, ler, escrever e discutir matematicamente, levantar hipóteses, buscar indícios, observar regularidades, registrar resultados provisórios, compartilhar diferentes estratégias, variar procedimentos, construir argumentos matemáticos, como também ouvir os argumentos matemáticos dos colegas, buscar generalizar, conceituar. Professor e alunos participam desse movimento questionando, apresentando seu ponto de vista, oferecendo contraexemplos, argumentando, matematizando. A comunicação acontece por meio da dialogicidade (BRASIL, 2014, p.18). Nessa dimensão, o professor deve compreender que o processo de ensino e aprendizagem relaciona-se com a metodologia utilizada. A dinâmica da sala de aula e a interação professor/aluno influenciam nesse processo. A esse respeito, Felicetti (2010) assinala que: A maioria dos alunos não gostam de Matemática, porque os professores não sabem ensinar a matéria. A Matemática deveria ser ensinada pelo professor, utilizando-se da criatividade, pois a mesma, não é uma disciplina feita para calcular, mas para pensar. Assim, não associam a Matemática da escola com a Matemática do cotidiano. Parece que a Matemática serve somente para “passar de ano” na escola e nada mais (FELICETTI, 2010, p. 34). Contudo, a metodologia, a interação professor/aluno e a postura docente em relação à Matemática determinam, de fato, o envolvimento e o sucesso do aluno, haja vistas que o conhecimento matemático é um referencial importante para a compreensão das demais disciplinas. Ressaltamos que, além da dinâmica de sala de aula, da metodologia, da interação professor/aluno, é precisoconsiderar, também, o processo de avaliação o qual, segundo Freire (2002), apud Cipriano (2007), pode ser assim, definido: 17 Avaliar é um exercício de reflexão, capacidade única e exclusiva do ser humano, de pensar os seus atos, de analisá-los, interagir não só com o mundo, mas também com os outros seres, e de influenciar na tomada de decisões e transformação da realidade (FREIRE, 2002, apud CIPRIANO, 2007, p.48). Sendo assim, cabe ao professor, pensar em um processo de avaliação formativa 2 , avaliar sua prática, planejar, replanejar e organizar esse processo educativo, de modo a impulsionar o desenvolvimento do seu aluno. Além do mais, ter empatia e levar em consideração o diagnóstico da turma bem como suas especificidades, sabendo que cada aluno traz consigo suas vivências e aprende de forma diferenciada. Dessa forma, salientamos que o ensino da matemática, nos anos iniciais do ensino fundamental, deve ser associado com a ludicidade, pois para que as crianças atribuam significados aos conceitos matemáticos, nesta faixa etária, é necessário aliá- los às brincadeiras, jogos, trabalhos em grupo, entre outras abordagens, de modo que o ambiente de aprendizagem seja repleto de oportunidades e materiais que permitam o desenvolvimento desses conhecimentos. 2.3 A matemática e o lúdico como proposta pedagógica nos anos iniciais do Ensino Fundamental No contexto educacional contemporâneo, manter os alunos motivados não é uma tarefa fácil, já que vivemos em um mundo no qual as tecnologias da informação e comunicação são predominantes. “As tecnologias da informação e comunicação ou simplesmente (TICs), podem ser compreendidas como um conjunto de recursos tecnológicos que interagem entre si” (KENSKI 2007, p. 34). 2 “Avaliação formativa - ajuda o aluno a compreender e a se desenvolver. Colabora para a regulação de suas aprendizagens, para o desenvolvimento de suas competências e o aprimoramento de suas habilidades em favor de um projeto. Um professor comprometido com a aprendizagem de seus alunos utiliza os erros, inevitáveis sobretudo no começo, como uma oportunidade de observação e intervenção. Com base neles, propõe situações-problema cujo enfrentamento requer uma nova e melhor aprendizagem, possível e querida para quem a realiza” (MACEDO, 2007, apud MENEGUEL e HREISCH, 2009). 18 Segundo Silva e Cogo (2007) essas tecnologias estão transformando a maneira de ensinar e aprender, oferecendo maior versatilidade na criação e no compartilhamento do conhecimento, interatividade e flexibilidade de tempo e de espaço no processo educacional. Para Kenski (2007, p. 46), “não há dúvida de que as novas tecnologias de comunicação e informação trouxeram mudanças consideráveis e positivas para a educação”. Nesse cenário, o professor precisa se adequar à realidade, atentando-se para as novas tecnologias, buscando diferentes possibilidades e estratégias de ensino, nas quais o aluno possa, de fato, ser protagonista do processo. É importante destacar que a ludicidade apresenta-se como uma alternativa para estimular a aprendizagem significativa dos alunos. Entretanto, a utilização do lúdico na educação precisa de planejamento, o qual deve considerar os objetivos propostos para o processo. Segundo Vygotsky (apud HATINGER, 2005, p. 84), “o jogo por ser considerado material concreto é um instrumento pedagógico essencial para o ato de ensinar e aprender”. Para esse autor, a criança é introduzida no mundo adulto pelo lúdico, e sua imaginação pode contribuir para sua habilidade conceitual. De acordo com Kishimoto (2003), as brincadeiras são consideradas atividades significativas. Com isso, Vygotsky (apud HATINGER, 2005, p. 122) acrescenta, que são atividades que despertam o interesse do aluno, pois por meio delas, a criança desenvolve o seu conhecimento do mundo adulto e surgem os primeiros sinais de uma capacidade especificamente humana, a capacidade de imaginar: “Brincando a criança aprende”. Destarte, no contexto dos anos iniciais, faz-se necessário que o docente compreenda que quando o lúdico é trabalhado de forma planejada, o aluno pode vir a se sentir mais atraído pelas curiosidades e peculiaridades da matemática, modificando, assim, a concepção que se tem a respeito desse componente curricular. 19 3 METODOLOGIA O trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica e abordagem qualitativa, visto que durante as etapas de desenvolvimento, pelo fato da pandemia, realizou-se entrevistas de forma remota. Segundo (LAKATOS, 2007, p. 75), a pesquisa bibliográfica “consiste em um levantamento de obras relacionadas com o tema a ser estudado, com base em material disponibilizado no meio público, podendo assim, ser livros, jornais, pesquisas, periódicos e outros”. Assim, entre os meses de junho a agosto de 2021, foi realizada a revisão da literatura acerca da temática, utilizando-se, para tanto, as bases da Scientific Electronic Library Online (SciELO), do Google Acadêmico e repositórios de instituições públicas. Já a pesquisa qualitativa, por sua vez, “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 2009, p. 21). Com a pesquisa qualitativa, os entrevistados estão mais livres para apontarem os seus pontos de vista sobre determinados assuntos que estejam relacionados com o objeto de estudo. O objeto deste estudo foi a Escola Municipal Abraão Cavalcante Bessa, situada à Rua: Joaquim Pereira, 314 centro - Taboleiro Grande/RN. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2018), o município de Taboleiro Grande/RN, está localizado na microrregião de Pau dos Ferros e mesorregião Oeste Potiguar Rio Grande do Norte, com 385,7 km de distância da capital Natal e possui aproximadamente, 2.542 habitantes, sendo considerada pelo órgão como de pequeno porte. A referida instituição localiza-se em uma área de 3.232.51 m², contendo 09 (nove) salas de aula que comportam, em média, 40 (quarenta) alunos. De acordo com o Projeto Político Pedagógico (2020) da unidade escolar, no que se refere aos aspectos culturais e socioeconômicos, tem-se uma comunidade voltada para a indústria de peças intimas e de agricultura, as quais empregos para os jovens e adultos. Os estudantes, em sua maioria, são dependentes dos pais, têm acesso a TV, rádio, internet e mídias. Além do mais, frequentam igrejas católicas e evangélicas, porém, não costumam frequentar teatros e nem cinemas. A leitura é restrita à escola, todavia, participam de apresentações artísticas e culturais oferecidas tanto dentro da escola, quanto fora dela. 20 O público-alvo são alunos com idade entre seis e trinta e cinco anos. No período matutino, a unidade atende ao Ensino Fundamental Anos Iniciais (crianças de seis a doze anos), no turno vespertino, o Fundamental Anos Finais (alunos de doze a dezoito anos) e no noturno, atende ao Fundamental Anos Finais e a modalidade EJA - Educação de Jovens e Adultos (alunos entre dezoito e trinta e cinco anos (Projeto Político Pedagógico, 2020). Entretanto, como a pesquisa visa instigar as concepções docentes na área de Matemática, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, participaram deste estudo todos os sujeitos envolvidos nesse processo na referida unidade escolar. Assim, contamos com a colaboração de oito professores, os quais mesmo de forma remota, participaram de forma espontânea de uma entrevista semiestruturada, cujo roteiro encontra-se em anexo. Ressaltamos que: [...] a entrevista semiestruturada é aquela em que o entrevistador possui um ponto de partida e uma diretriz inicial a seguir e, apesar de não seguir um roteirofixo, possui questões predefinidas. Ela pode ser adaptável conforme o rumo do diálogo. É capaz de oferecer dados importantes ao pesquisador, bem como como informações quantitativas e qualitativas. A entrevista semiestruturada, combina perguntas fechadas e abertas, onde o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada (MINAYO 2009, p. 64). Desse modo, o roteiro de entrevista contou com 12 (doze) perguntas abertas e fechadas com o intuito de responder às questões da pesquisa. Ressaltamos a importância da participação dos envolvidos nesse processo e advertimos que os dados da entrevista foram utilizados somente para fins acadêmicos. 21 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Esta seção corresponde às análises e discussões dos dados coletados durante as entrevistas, as quais foram realizadas no período de 5 a 20 do mês de agosto de 2021, com um número de 8 professores da unidade escolar supracitada. De acordo com os dados coletados, podemos afirmar que todas as participantes são do sexo feminino, possuem entre 18 e 55 anos e nível superior em pedagogia. Uma das entrevistadas é pós-graduanda do curso de psicopedagogia e outra é especialista em “Educação, pobreza e desigualdade social”. Com exceção de apenas uma participante, todas as demais possuem entre 6 a 31 anos de docência. Isso significa, que todas as profissionais possuem uma vasta experiência no campo de atuação. Sobre a concepção dos sujeitos pesquisados em relação ao ensino da matemática nos anos iniciais, todos revelaram compreender a sua importância, pois, além de contribuir com a estruturação do pensamento lógico, serve de suporte para as demais áreas do conhecimento. Assim, de acordo com duas entrevistadas: Apesar da matemática ser estigmatizada como uma área difícil, devemos lembrar que ela está em todos os lugares e precisa ser trabalhada de maneira concreta (PROFESSORA - A). O ensino da matemática deve ocorrer de forma leve e lúdica, aliada aos conceitos básicos da área e as situações - problemas presente no cotidiano das crianças. (PROFESSORA - B). Nessa perspectiva, é importante desmistificar a ideia de que a matemática é uma disciplina difícil, pensar que ela realmente está em todos os lugares e proporcionar ao aluno, uma aprendizagem significativa dentro dessa área. Conforme Moura: Nas séries iniciais encontramos as maiores possibilidades de se trabalhar com as crianças. As situações de ensino são (ou deveriam ser) de caráter lúdico, e estão (ou deveriam estar) constantemente desestruturando a criança, proporcionando-lhe a construção de novos conhecimentos (MOURA, 1992, p. 51). Com relação às dificuldades encontradas pelos docentes, no que se refere a prática do ensino da matemática, somente uma professora mencionou não identificá- 22 las, o que contradiz a concepção da maioria, quando relatam que as maiores dificuldades encontradas em sala de aula são: a falta de compromisso por parte de alguns profissionais, com relação aos conceitos matemáticos; determinados conteúdos, que não condiz com a realidade do aluno; falta de materiais disponíveis, bem como suporte metodológico e didático adequado; o desconhecimento numérico de alguns alunos; dificuldades para realizar e interpretar cálculos mentais e ainda, a falta de atenção nas atividades desenvolvidas, sem falar da falta de compromisso da família. Certamente, vivemos no século XXI, e apesar das grandes conquistas e mudanças no sistema educacional Brasileiro, todos os dias somos condicionados a aprender e desafiados pelo próprio sistema. Assim, pensar a educação do Brasil e seu futuro, prevê então uma reformulação de todo o sistema educacional, em caráter de emergência, já que nossas salas de aulas hoje, apresentam inúmeras dificuldades. No que diz respeito às estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas pelos docentes durante as aulas de Matemática, observou-se uma variedade delas, conforme informações obtidas durante as entrevistas e compiladas no Quadro 1, a seguir: Quadro 1 – Respostas das entrevistadas sobre as estratégias de ensino- aprendizagem utilizadas nas aulas de Matemática (2021) PROFESSORA – A PROFESSORA – B PROFESSORA – C PROFESSORA – D Jogos, dinâmicas, resolução de situações problemas e atividades em grupos. Rodas de conversas, resolução de situações problemas, atividades experimentais, jogos e brincadeiras. Resolução de situações problemas, atividades em grupos, aulas expositivas, pesquisas e estudos dirigidos. Aulas expositivas, resolução de situações problemas, recursos tecnológicos e jogos matemáticos. FONTE: Elaborado pelo autor à luz das entrevistas realizadas (2021) De acordo com os dados do Quadro 1, verifica-se as seguintes estratégias de ensino durante as aulas de Matemática: aulas expositivas, atividades em grupos, 23 estudos dirigidos, rodas de conversas, resolução de situações problemas, atividades experimentais, jogos e brincadeiras e ainda, recursos tecnológicos. As estratégias de ensino-aprendizagem podem ser assim definidas por Nisbett (1987), apud Pozo (1996), “como procedimentos, atividades ou sequências de conteúdos facilitadoras da seleção, armazenamento e aplicação de informações relevantes". Para o autor, as estratégias de aprendizagem melhoram o desempenho na aprendizagem dos educandos e equilibram aspectos afetivo-motivacionais envolvidos no ato de aprender, proporcionando a autorregulação da mesma. Para Vygotsky (1998, p. 32), “o aluno é parte de uma construção histórica, cultural e social e o professor mediador do processo de ensino-aprendizagem. Por isso, todos os instrumentos utilizados para a aprendizagem é tudo que se interpõe entre o homem e o ambiente, ampliando e modificando assim, suas formas de ação”. No Quadro 2 a seguir, compilamos excertos das entrevistas no que diz respeito às concepções pedagógicas docentes. Quadro 2 – Respostas das entrevistadas sobre as concepções pedagógicas dos professores utilizadas em sala nas aulas de Matemática (2021) PROFESSORA - C PROFESSORA – D PROFESSORA - E PROFESSORA - F Considero-me flexiva, pois há momentos que o tradicional precisa ser credenciado. Nem totalmente tradicional, nem construtivista, um pouco de cada uma Tento equilibrar, afinal tanto o ensino tradicional, quanto o construtivismo tem suas contribuições no processo de ensino e aprendizagem. Apesar de temos um pouco do tradicional de forma consciente, busco sempre inovações. FONTE: Elaborado pelo autor à luz das entrevistas realizadas (2021) Conforme os dados do Quadro 2, verifica-se que, em suas práticas, os professores consideram-se flexivos, no que se refere as suas concepções pedagógicas. 24 Em relação ao processo de avaliação, duas das professoras entrevistas afirmam realizá-lo da seguinte forma: Processual, continua e formativa através de observações diagnósticas. (PROFESSORA - B). Relatórios e registros individuais, levando em consideração a participação, assiduidade e desempenho dos alunos nas aulas. (PROFESSORA - C). Convém lembrar que: Avaliação processual, conhecida como avaliação formativa ou continuada, é a prática de examinar a aprendizagem ao longo das atividades do bimestre. Por isso, é um método avaliativo eficiente para mensurar o aprendizado das turmas e propor atividades assertivas na construção do processo de ensino-aprendizagem (LUCKESI 2003, p.82). Nesse viés, a Base Nacional Comum Curricular, sustenta a avaliação formativa e diz que está, tem o objetivo de fazer uma análise global e integral do estudante, devendo considerar “os contextos e as condições de aprendizagem e tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores edos alunos” (BRASIL, 2017). Constatou-se, ainda, que as entrevistadas, consideram a questão da ludicidade importante, para o desenvolvimento da aprendizagem da criança. Nas palavras da professora - C: “o lúdico quando bem planejado em conformidade com o conteúdo e de forma intencional, é uma excelente ferramenta para facilitar o processo de ensino e aprendizagem, tornando-o mais dinâmico e interativo”. 25 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho objetivou analisar a(s) concepção(concepções) pedagógica(s) que informam a prática dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Escola Municipal Abraão Cavalcante Bessa, do Município de Taboleiro Grande, Estado do Rio Grande do Norte – RN, em relação aos conhecimentos matemáticos. Assim, com a discussão teórica, foi possível perceber que a matemática surgiu da necessidade do homem, e apesar de estar presente no nosso cotidiano, é considerada uma disciplina de difícil compreensão, isto porque, desde o princípio, era tida como um “bicho de sete cabeças”. Evidentemente, entendemos que ensinar matemática para as crianças não é uma tarefa fácil, pois os primeiros anos de escolaridade são cruciais em sua formação. Além disso, compreendemos que é preciso valorizar o conhecimento prévio do estudante e manter uma relação harmoniosa entre professor e aluno. Essa relação materializa-se por meio da utilização de estratégias de ensino e de metodologias que podem favorecer o desenvolvimento do educando enquanto sujeito do processo. Ademais, conforme a discussão dos resultados obtidos por meio das entrevistas, foi possível averiguar que os docentes se apropriam de diferentes estratégias de ensino e aprendizagem e que o lúdico se constitui em uma importante ferramenta de ensino, principalmente nos anos iniciais, a qual deve ser trabalhada de forma planejada e alinhada às concepções construtivistas de aprendizagem, os docente preocupam-se com a formação do aluno, na perspectiva de um ser ativo, participativo, crítico e autônomo. Verificamos, ainda, que os professores adotam uma avaliação processual, continua e formativa. Esse processo é realizado por meio de observações diagnósticas, relatórios onde são registrados o desempenho, a participação e a assiduidade de cada estudante no decorrer das aulas. Contudo, apesar de algumas dificuldades impostas pelo isolamento social e a impossibilidade de realizar a entrevista de forma presencial com os docentes, a realização do trabalho foi de grande valia para o crescimento pessoal, profissional e acadêmico do autor. Destarte, espera-se que a pesquisa desenvolvida provoque reflexões outras no que se refere à temática em questão. Da mesma forma, aponte caminhos para que os docentes reflitam sobre a importância do estudo da matemática nos anos iniciais, além 26 da inclusão da ludicidade em suas práticas pedagógicas, favorecendo, assim, a aprendizagem significativa. Portanto, desejamos que o trabalho, suscite a visão de novos olhares no campo acadêmico e que possibilite discussões outras em relação à temática abordada. 27 REFERÊNCIAS AFONSO, P. B. Vencendo as armadilhas da educação matemática por meio da abordagem etnomatemática, 2002. Disponível em: <https://alb.org.br/arquivo- morto/edicoes_anteriores/anais16/sem15dpf/sm15ss12_02.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_s ite.pdf>. Acesso em: 09 jul. 2021 ______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Brasília: MEC, SEB, 2014. ______. Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília: MEC - SEF, 1997. FELICETTI, Vera Lúcia. 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Que metodologias são consideradas? 10. Você se considera? ( ) Tradicional ( ) Construtivista Justifique sua resposta 11. Como seus alunos são avaliados? 12. O que acha da ludicidade nos anos iniciais, especificamente na disciplina de matemática?
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