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8 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO FACULDADE DE EDUCAÇÃO LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA ELIVELTON DOS SANTOS SEGUNDO UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DOS PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL BELÉM 2017 9 ELIVELTON DOS SANTOS SEGUNDO UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DOS PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Educação do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia, sob a orientação da Prof. Dra. ZenildaBotti Fernandes. BELÉM 2017 10 ELIVELTON DOS SANTOS SEGUNDO UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DOS PROFESSORES QUE ENSINAM MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Educação do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia, sob a orientação da Prof. Dra. Zenilda Botti Fernandes. Avaliado em: Conceito: __________________ Banca Examinadora: ______________________________ Prof.ª Dr.ªZenildaBotti Fernandes Orientadora ___________________________________________ Prof.º Ms. Ival Rabêlo Barbosa Júnior Examinador ___________________________________________ Prof.ª Dra. Sônia Maria Maia Oliveira Examinadora 11 Dedicatória Aos meus pais, familiares e amigos que estiveram sempre presentes em minha caminhada. 12 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Deus pela força e por ter me ajudado a chegar até aqui. Gostaria de agradecer minha família que sempre me incentivou e motivou nos estudos, estando sempre a disposição para me amparar nas dificuldades e compartilhar os momentos de felicidades e gratificações. Gostaria de agradecer ao meu pai. Este que acompanha meus passos. É uma pessoa que me fortalece e me encoraja a seguir em frente para que não desista nas dificuldades e obstáculos que a vida me presenteia no decorrer do caminho. Gostaria também de agradecer minha avó Raimunda, minha mãe Elilma e as minhas irmãs Adriane, Elaine e Eliane pelo apoio concedido nas horas difíceis e pelos bons momentos que compartilhamos diariamente. Gostaria de agradecer em especial à minha Orientadora Prof.ª Dr.ª Zenilda Botti Fernandes, pela paciência e dedicação. Queria ressaltar que seu apoio foi fundamental na conclusão deste trabalho. Você foi tudo que eu precisei ao longo dessa caminhada: mãe, professora, psicóloga, amiga. Muito Obrigado! E, as pessoas que não foram citadas, mas que contribuíram direta e indiretamente para a conclusão deste trabalho, sempre indispensáveis no decorrer desta etapa. Deixo aqui o meu Carinho e meus agradecimentos a todos vocês! Muito Obrigado! 13 RESUMO O objetivo desta pesquisa foi compreender e refletir sobre as práticas pedagógicas do professor/pedagogo que ensina Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental, na perspectiva de identificar os procedimentos didático-pedagógicos adotados no ensino de Matemática, de modo a se chegar a uma compreensão sobre os desafios presentes no ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Assim como refletir sobre a formação inicial que este profissional recebe para a atuação no ensino da Matemática. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, bibliográfica, documental e de campo. As técnicas de coleta de dados utilizadas na elaboração do trabalho foram as observações que ocorreram durante os estágios previstos na grade curricular do Curso, a entrevista semiestruturada realizada com quatro Professores/Pedagogos de uma escola da rede pública do Município de Benevides/PA. Durante a realização da pesquisa percebe-se a importância da prática educativa, na qual agrega planejamento, pesquisa e paciência, destacando que para o aluno é fundamental a experiência com novas metodologias e diferentes formas de se ensinar. Palavras-Chave: Prática Pedagógica; Ensino de Matemática; Procedimentos Didático-Pedagógicos. 14 ABSTRACT The objective of this research was to look at the pedagogical practice of the teacher / educator who teaches Mathematics in the initial series of Elementary School, in order to identify the didactic-pedagogical procedures adopted in the teaching of Mathematics, in order to arrive at an understanding and reflection on the challenges present in the teaching of Mathematics in the initial grades of Elementary School. As well as reflect on the initial training that this professional receives for the performance in the teaching of Mathematics in the initial series of Elementary School. It is a research with a qualitative, bibliographical and field approach. The data collection techniques used in the elaboration of the study were the observation and the semi-structured interview conducted with four Teachers / Pedagogues of a public school in the Municipality of Benevides / PA. During the realization of the research the importance of the educational practice is verified, in which it adds planning, research and patience, emphasizing that for the student it is fundamental the experience with new methodologies and different ways of teaching. Keywords: Pedagogical Practice; Mathematics Teaching; Didactic-Pedagogical Procedures. 15 SUMÁRIO INTRODUÇÃO..........................................................................................................................9 Capítulo 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................12 1.1 A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO NO BRASIL PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.............................................................12 1.2 O CAMPO DE CONHECIMENTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA............................16 1.2.1 TENDENCIAS DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA.........................................................17 1.2.1.1 ETNOMATEMÁTICA...................................................................................................17 1.2.1.2 MODELAGEM MATEMÁTICA....................................................................................18 1.2.1.3 EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA........................................................................19 1.2.1.4 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS................................................................................20 1.3 TENDENCIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA...............................................................21 1.3.1 FORMALISTA CLÁSSICA................................................................................22 1.3.2 EMPÍRICO-ATIVISTA......................................................................................23 1.3.3 FORMALISTA MODERNA...............................................................................24 1.3.4 TECNICISTA.....................................................................................................25 1.3.5 CONSTRUTIVISTA..........................................................................................26 1.3.6 SOCIOETNOCULTURALISTA.........................................................................28 CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA DA PESQUISA.................................................................30 2.1 ABORDAGEM DA PESQUISA........................................................................................312.2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA..........................................................................................33 2.3 PESQUISA DE CAMPO...................................................................................................34 2.4 INSTRUMENTOS DE COLETA........................................................................................35 2.5 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA..............................................................................35 2.6 OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE.............................................................................36 2.7 ANÁLISE DOS DADOS/ TRIANGULAÇÃO......................................................................37 2.8 INFORMANTES................................................................................................................38 CAPÍTULO 3 – RESULTADOS DA PESQUISA....................................................................39 REFLEXÕES CONCLUSIVAS...............................................................................................47 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................49 APENDICE.............................................................................................................................53 9 INTRODUÇÃO A Matemática é uma disciplina útil para inúmeras atividades do dia-a-dia, e sem percebermos usamos nossos conhecimentos matemáticos em diversas tarefas, como as que exigem raciocínio lógico e medidas de tempo e espaço; nessa perspectiva surge a necessidade de se discutir e refletir sobre as práticas docentes do sujeito que propicia essa modalidade de ensino nas séries iniciais: o Pedagogo. É esse profissional que dá início ao processo de alfabetização nas escolas de estudantes das séries iniciais e atua em vários campos educativos afim de atender várias demandas sociais e educacionais. Nesse sentido, é importante compreender os desafios e demandas que fazem parte do cotidiano e práticas do Professor/Pedagogo. O ensino e a aprendizagem da matemática de maneira mecânica e repetitiva se tornam fatores difíceis nesse processo, geralmente a repulsa dos alunos se torna um fator de grande potencial em razão do desencanto com a disciplina, nesse sentido, é importante que o professor conheça os sentimentos e é quem vai ser um dos principais responsáveis por esse incentivo, para que assim possa desenvolver práticas educativas que tragam à tona o estímulo entre todos os envolvidos nesse processo (alunos e professores). As queixas quanto ao ensino da Matemática na educação básica ainda são uma realidade no contexto educacional. Seja entre professores ou alunos, tais situações nos levam a pensar que esses problemas podem contribuir para a repercussão de outros que giram em torno do ensino da Matemática nas séries iniciais do ensino fundamental e aos baixos rendimentos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino de Matemática para o Ensino Fundamental (Brasil, 1997) tratam da importância e dos meios que ajudarão os alunos a desenvolver suas capacidades de refletir, argumentar, criar hipóteses e posteriormente construir o conhecimento lógico-Matemático. A partir deste ponto de vista é necessário enfatizar a importância de se aprender Matemática e 10 compreender os procedimentos didático- pedagógicos que orientam o ensino da Matemática nas séries iniciais. Foram estas inquietações surgidas no decorrer de minha vivência acadêmica a respeito do ensino da Matemática voltado para as series iniciais do Ensino Fundamental, que foi possível observar e compreender a necessidade de pesquisar sobre o tema, tendo como base questões discutidas durante a disciplina “Abordagens Teórico - Metodológicas do ensino de Matemática” onde ocorreu a definição da pesquisa. Essa necessidade de reflexão, incide, do meu ponto de vista sobre a importância e reconhecimento do papel do Professor/Pedagogo pois o professor ao ensinar professa não apenas conhecimentos, mas também epistemologias e nessa relação é possível crer que determinadas preleções poderão transformar e dar significado à aprendizagem do aluno. Assim sendo, as questões que serviram de base para nortear o estudo dizem respeito à: 1 – Que referências teórico-metodológicas orientam a prática pedagógica dos professores que ensinam Matemática nas séries iniciais? 2 – Como se dá a formação dos professores no âmbito do curso de Pedagogia, para atuação na disciplina de Matemática das séries iniciais do Ensino Fundamental? 3 – Que procedimentos didático-pedagógicos orientam o ensino e a aprendizagem de Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental? 4 – Quais são os desafios mais frequentes enfrentados pelos professores/pedagogos no ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental? O trabalho, tem por objetivo geral: Analisar a prática pedagógica do professor/pedagogo que ensina Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Os objetivos específicos a serem alcançados pela pesquisa são: 11 1)Analisar a formação dos docentes em Pedagogia para o ensino da Matemática, na perspectiva dos professores que atuam nas séries iniciais do Ensino Fundamental. 2) Identificar os procedimentos didático-pedagógicos que orientam o ensino e a aprendizagem de Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental 3) Compreender e refletir sobre os desafios presentes no ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Para alcançar estes objetivos, utilizei a abordagem qualitativa da pesquisa de campo, assim como bibliográfica, na qual é indispensável a análise das bibliografias, sendo esta modalidade de pesquisa realizada a partir de materiais contemporâneos ou retrospectivos considerados cientificamente autênticos, necessários para melhor interpretação e descrição dos dados colhidos por meio da entrevista semi- estruturada, e também para a análise e observação destas informações que foram obtidas por meio das (os) professoras (es) das séries iniciais de escolas da rede pública do Município de Benevides/PA. Essa compreensão se faz necessária de modo a contribuir no papel do professor/pedagogo investigando através de suas práticas a existência de uma identidade e os reflexos impactados nesta modalidade de ensino,apresentar novas propostas e contribuir no processo de desenvolvimento do ensino referente à Matemática nas séries iniciais e a prática pedagógica. O presente trabalho está organizado em 3 capítulos, além da introdução e das considerações finais. O capítulo 1 tratará da formação do Pedagogo no Brasil para o Ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental, apresentando as tendências utilizadas no Ensino da Matemática. O capítulo 2 tratará do Método da realização da pesquisa, abordagem da pesquisa, pesquisa bibliográfica, informações á respeito do método da pesquisa de campo e os instrumentos de coleta de dados utilizados. O capítulo 3 tratará dos resultados provenientes da pesquisa como um todo. Encerrando o trabalho, apresento as considerações finais, as referencias bibliográficas utilizadas na produção do trabalho e a apêndice. 12 CAPITULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo vai tratar a respeito do contexto de formação e da prática do Pedagogo que ensina Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental, especificando os aspectos que norteiam os distintos papéis do professor pedagogo na Educação Básica. 1.1 A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO NO BRASIL PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL O ensino de Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental é de responsabilidade dos pedagogos, cuja formação acadêmica possui especificidades tanto quanto o curso que forma o licenciado em Matemática. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n. 9.394/1996,este profissional é formado para atuar em diversos campos dos segmentos educativos e nos setores públicos e privados nas seguintes modalidades: docência na educação infantil, nas séries iniciais do Ensino Fundamental na Educação de Jovens e Adultos (EJA), e disciplinas que compõem o eixo da formação pedagógica de nível médio; na organização e gestão de sistemas de ensino; unidades e projetos escolares e não- escolares; na produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico e nas áreas emergentes do campo educacional. Dentre as atribuições que o pedagogo pode se engajar, nesse trabalho, defino o pedagogo como professor de Matemática das séries iniciais do Ensino Fundamental. De acordo com o Projeto Político Pedagógico (2011), o curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará - UFPA, possui uma duração média de quatro anos, com disciplinas de ordem Científica, Didática, Psicopedagógica e voltadas para as questões referentes às práticas de ensino nas diversas modalidades já descritas. O graduando é formado para assumir todas as disciplinas do currículo das séries iniciais do Ensino Fundamental, tais como: Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências, Matemática. Com base nessas informações podemos definir o pedagogo como um profissional polivalente. 13 É importante enfatizar que os conhecimentos apreendidos em Matemática recebidos ao longo da formação é de caráter geral e básico, tendo como objeto de trabalho diagnosticar problemas referentes ao âmbito educacional e apresentar soluções em caráter formal, não formal e informal. As ferramentas de trabalho utilizadas por esse profissional são os conhecimentos básicos em matemáticas, assim como nas demais disciplinas presentes no currículo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), 9394/96 Art. 26, § 1º, confirma a necessidade e garantia do docente receber uma boa formação, pois o professor/pedagogo deve ensinar e desenvolver nos alunos o domínio dos cálculos matemáticos, levando em consideração que o atual currículo da UFPA em vigência, refere-se a abranger obrigatoriamente o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, assim como o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política especialmente em nosso país, para que assim se “tenha elementos que lhes permitam demonstrar aos alunos a matemática como ciência, que não trata de verdade eternas, infalíveis e imutáveis, mas como ciência dinâmica e que sempre está aberta à incorporação de novos conhecimentos [...] (BRASIL, 2000, p.37). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2000, p.37): a Matemática precisa fazer parte da formação inicial dos professores para que os mesmos possuam elementos que lhes permitam demonstrar aos alunos a matemática como ciência [...]. Assim sendo, é importante ressaltar que a Matemática nas séries iniciais requer uma atenção maior do professor e necessita que haja uma atenção maior em relação às especificidades da criança e todo o conjunto ... que envolve os processos de ensino e aprendizagem, assim como a necessidade de se repensar os fatores envolvidos. Em relação à formação do docente, é importante observar o que revela o PCN de Matemática (Brasil, 1997, p. 24): Parte dos problemas referentes ao ensino de Matemática estão relacionados ao processo de formação do magistério, tanto em relação à formação inicial como à formação continuada. Decorrentes dos problemas da formação de professores, as práticas na sala de aula tomam por base os livros didáticos, que, infelizmente, são muitas vezes de qualidade insatisfatória. A implantação de propostas inovadoras, por sua vez, esbarra na falta de uma formação profissional qualificada, na existência de concepções pedagógicas inadequadas e, ainda, nas restrições ligadas às condições de trabalho. 14 Nesse sentido, ao longo da história da educação é possível observar os avanços alcançados no que diz respeito ao ensino da Matemática nas séries iniciais, mas sabemos que a escola ainda hoje enfrenta diversos problemas, como professores sem uma formação capaz de suprir as necessidades que precisam ser sanadas no campo das séries iniciais. De acordo com os PCNS (BRASIL, 2000) o objetivo do processo de ensino da matemática para o Ensino Fundamental centra-se em fazer com que o educando tenha a possibilidade de estabelecer uma relação comunicativa com a Matemática, tendo a possibilidade de compreender e transformar o mundo a sua volta, colaborando para o desenvolvimento de novas habilidades e linguagens que são exigidas das pessoas como importantes instrumentos e ferramentas necessárias nesse processo: Sendo assim, o ensino da Matemática prestará sua contribuição à medida que forem exploradas metodologias que priorizem a criação de estratégias, a comprovação, a justificativa, a argumentação, o espírito crítico e favoreçam a criatividade, o trabalho coletivo, a iniciativa pessoal e autonomia advinda do desenvolvimento da confiança na própria capacidade de conhecer e enfrentar desafios. (BRASIL, 2001, p.31). Nessa perspectiva, é fundamental reconhecer os desafios a serem enfrentados em sala de aula, compreender que o currículo é o mediador desse ensino e é quem rege a matriz curricular estabelecida. Segundo Curi (2005, p.22), no caso da Matemática, mesmo se limitando aos conteúdos básicos a serem ensinados, como “as quatro operações fundamentais com números naturais e racionais na forma fracionária, algumas noções de medidas, de proporcionalidade, incluindo porcentagem, regra de três e juros”, foram deixados de lado, e em muitos momentos, não havia a disciplina de Matemática no curso destinado à formação docente. É o que ocorre com a graduação do Curso de Pedagogia, o atual currículo do Curso (2011)oferece duas disciplinas que trabalham o ensino da Matemática nas séries iniciais: 1)Abordagens Teórico-Metodológicas da Matemática e 2) Ensino da Matemática nos anos iniciais. Diante dos desafios enfrentados na educação básica, é preciso refletir sobre os procedimentos e as práticas em sala de aula e a importância de sua reflexão para 15 uma atuação que atenda as reais necessidades dos educandos. Nesse processo constitutivo é preciso analisar e compreender o modo como o professor deve ser flexível visando atender a todos, mediante a realidade e necessidade de cada indivíduo que faz parte desse processo. Considerando as definições que são estabelecidas pela Comissão Assessora que rege a área de Pedagogia, a Portaria do Instituto Nacional de Pesquisas (INEP) n° 225/2011, resolve em parágrafo único que: Para atuar nestas áreas o graduando deverá estar capacitado, obedecendo os seguintes critérios: Compreender o contexto sociocultural respeitando e reconhecendo suas diferenças; considerando a formação profissional como um processo contínuo; conhecendo os conteúdos que fundamentam o processo educativo nas séries iniciais do ensino fundamental, afim de planejar e avaliar os projetos educativos, integrar diferentes conhecimentos e tecnologias no planejamento, desenvolver trabalho em equipe, investigar situações educativas e realizando diagnósticos de problemas e reconhecer e respeitar a diversidade cultural, social, etc. (Brasil, 2011, p.20). Outro fator importante a ser considerado nessa campo de reflexão sobre o ensino é a organização do currículo, que de acordo com os PCNS (Brasil,1997, p.53), é estabelecido que “O currículo de Matemática destinado ao ensino fundamental deve considerar os estudos dos “números e operações, espaços e formas, grandezas e medidas e tratamento da informação”. Partindo desse princípio é possível perceber que o currículo propõe metas, e o ponto chave desse contexto é como o professor alcançará esses objetivos e de que tipo de prática educativa se valerá para realizar este feito, no caso a aprendizagem dos conteúdos pré- estabelecidos.De acordo com Libâneo (1994, p.17) A prática educativa não se resume às exigências da vida em sociedade, ou as necessidades de preparação para o trabalho ou mesmo vestibulares. É um processo que visa promover nos sujeitos envolvidos, conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade. 16 A esse respeito, Fiorentini (1995) acredita que o aluno aprende significativamente Matemática, quando consegue atribuir sentido e significado às ideias Matemáticas – mesmo àquelas mais puras (isto é, abstraídas de uma realidade mais concreta) – e, sobre elas é capaz de pensar, estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar. 1.2. O campo de conhecimento da Educação Matemática A Educação Matemática que tem como patrono o Pesquisador e Professor Ubiratan , nasceu para corrigir as mazelas advindas de métodos ultrapassados, mais conhecidos como tradicionais. De acordo com D‟Ambrosio (1986, 2003), Fiorentini (1995, 2001), Danyluk (2002), a Matemática proporcionará aos alunos mais autonomia e cidadania, possibilitando que pensem, exercitem sua mente, usem habilidades e estratégias para favorecer o desenvolvimento critico, a capacidade de argumentação e formação dos conceitos científicos. Nessa perspectiva, D‟Ambrosio (1997, 12.) aponta que “há propostas que colocam o aluno como o centro do processo educacional, enfatizando o aluno como um ser ativo no processo de construção de seu conhecimento.” Nesse sentido, a Matemática oferece ao professor diversas oportunidades de desafiar seus alunos a encontrarem soluções para as questões que encontram na vida diária. O processo de construção do conhecimento, como um ideário pedagógico, tanto coletivo como individual, é sempre dialético (FIORENTINI, 1995). Nessa perspectiva é fundamental que o professor enquanto mediador do saber, busque aguçar a curiosidade de seus alunos, provocando o interesse nos mesmos para que a aula se torne dinâmica e diferente do que se vê no dia a dia. Nesse processo o professor não é o fator unicamente responsável pelos resultados que serão alcançados, mas é preciso refletir que o mesmo é um fator preponderante e esse princípio deve sempre ser levado em consideração no planejamento da aula e das atividades que farão parte do estudo. 17 1.2.1Tendências da Educação Matemática Atualmente, podemos considerar como novas tendências em Educação Matemática: a classificação feita por Fiorentini Etnomatemática, a Modelagem Matemática, a Resolução de Problemas, a História no Ensino da Matemática e a Leitura e Escrita na Matemática. É necessário se fazer essa compreensão afim de se refletir e repensar o ensino da Matemática nas séries iniciais do ensino Fundamental de maneira significativa e compreender assim os aportes Teórico – Metodológicos que orientam essa modalidade de ensino. 1.2.1.1Etnomatemática A palavra etnomatemática foi inicialmente apresentada e conceituada pelo Professor D‟Ambrosio. Segundo ele etnomatemática,: Para compor a palavra etnomatemática utilizei as raízes tica, matema e etno para significar que há várias maneiras, técnicas, habilidades (tica) de explicar, de entender, de lidar e de conviver (matema) com distintos contextos naturais e socioeconômicos da realidade (etno). (D‟AMBROSIO, 1997, p.111) De acordo com Flemming, Luz e Mello (2005), esta é uma definição que leva em consideração o modo como cada grupo cultural desenvolve o conhecimento matemático e assim compreende. Cada grupo utiliza-se da matemática conforme sua necessidade no cotidiano. Nessa perspectiva é importante compreender que a Matemática utilizada por um engenheiro não é a mesma vista e utilizada por uma criança das séries iniciais do Ensino Fundamental, nesse sentido é importante compreender essa forma de entendimento como conhecimentos distintos de alta complexidade e abstratos. 18 De acordo com D‟Ambrósio ( 2003, p.13): A teoria nos ensina a dar importância ao contexto e ao ambiente cultural no qual a matemática se desenvolve. Se os engenheiros da Embraer vão colocar um novo avião no mercado, eles usam a etnomatemática para aquele ambiente. Usam equações complexas para resolver situações de vôo. Já as crianças jogando bolinha de gude estão em um ambiente que pede outra matemática específica. Eles pensam „vou jogar assim com o dedão, qual será a trajetória da bolinha, qual força vou usar, qual a distância da outra bola‟, isso é matemática. O aluno que sai de casa e vai para a escola tem que traçar um trajeto, isso é etnomatemática adequada àquele ambiente, assim como o piloto de avião que sai de São Paulo e vai para o Rio. Ele usa a etnomatemática adequada para aquela situação. A teoria intervém na solução da situação que se apresenta e no conhecimento dessa situação. Mas a matemática que está na escola só reconhece as regras e formalismos desligados das reflexões mutáveis de acordo com o ambiente em que se está. Com base nessas afirmações, é possível perceber que a proposta pedagógica da etnomatemática é fazer da matemática algo vivo para lidar com situações reais que estejam no tempo e espaço atual, esse diferencial se torna fundamental até mesmo no estímulo e motivação da busca pelo conhecimento Matemático, é uma forma de atrair e demonstrar para as crianças que a Matemática irá fazer parte de sua vida até o fim e logo é necessário lidar com diferentes problemas que envolvem todas as formas de conhecimento nessa modalidade de conteúdos que serão apresentados no inicio da vida estudantil. 1.2.1.2 Modelagem Matemática A Modelagem Matemática é o processo que se deu a partir da obtenção de um modelo que também pode ser considerado um processo de caráter artístico, haja vista que, para se elaborar um modelo, além de conhecimento de Matemática, é necessário o modelador possuir uma dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, saber diferenciar os conteúdos matemáticos e ter a compreensão da situação em que os mesmos melhor se adaptam ao ambiente e metodologias apropriadas. De acordo com Biembengut (2005, p. 12) é importante ressaltar que o senso crítico é essencial nessa formulação para que assim se possa jogar com as variáveis envolvidas. 19 Bassanezi, (2002, p.16) conceitua a Matemática como a arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real. Nessa perspectiva Pozo (1998, p.9) reforça que é necessário que o professor tenha em mente que só há problema se o aluno perceber uma dificuldade, um obstáculo que pode ser superado” Estimular o aluno a obter essa percepção é fundamental na construção do raciocínio lógico e indutivo, assim como demonstrar ao mesmo que é possível resolver determinados problemas através da análise e percepção. Nesse aspecto é importante ressaltar a importância da disciplinariedade nesse processo de construção, não é só a Matemática pela Matemática, mas enfatizar a importância da leitura como importante aliada no processo de construção do conhecimento matemático, a fim de possibilitar que o mesmo consiga resolver diferentes problemas em situações distintas. Flemming; Luz; Mello, (2005, p.74) reforçam que a proposta da resolução de problemas deve seguir no sentido de os alunos interpretarem diferentes situações e que as mesmas possam levá-los a encontrar o resultado. Nessa perspectiva vale ressaltar: [...] o problema certamente não é um exercício em que o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou um processo operatório. Só há problema se o aluno for levado a interpretar o enunciado da questão que lhe é posta e a estruturar a situação que lhe é apresentada. (BRASIL,1997, p.32) Através da utilização de situações problemas em sala de aula, o professor faz com que o aluno pense produtivamente, desenvolva o raciocínio lógico e propicia um envolvimento maior com a matemática, demonstrando através de instrumentos didáticos a Matemática de maneira concreta. 1.2.1.3 Educação Matemática Crítica A Educação Matemática Crítica tem como um dos principais responsáveis por sua divulgação o professor dinamarquês Olé Skovsmose (2008 p. 2) ressalta que 20 um cenário de investigação é aquele que convida os alunos a formular as questões e a procurar explicações, nesse aspecto é importante compreender que o ambiente de ensino é um dos fatores importantes que podem contribuir nesse estimulo pela busca do conhecimento, habilitando os alunos á um pensamento mais critico, possibilitando os mesmos á buscarem possíveis soluções para os problemas em questão. Pinheiro (2005), enfatiza a importância da competência crítica, ressaltando que o conhecimento matemático não é incontestável. Mas, que deve ser analisado, criticado e refletido para que assim possam buscar decisões em relação ao problema estudado. É importante esclarecer que sem essa noção fica difícil a criança compreender essa relação e acompanhar os seus desdobramentos, assim como não ter a habilidade de atribuir hipóteses sobre determinadas situações e através das indagações chegar a uma possível conclusão sobre o problema/ situação apresentado (a). 1.2.1.4 Resolução de Problemas Flemming; Luz e Mello (2005), advertem que o professor no trabalho de sala de aula pode desenvolver a ideia errada de que todos os problemas possuem uma única solução, pois no momento em que trabalha - se problemas que envolvam várias soluções podemos explorar mais os conteúdos e estabelecer diferentes interpretações e soluções para os mesmos. Nessa perspectiva, é preciso tornar os alunos pessoas capazes de enfrentar situações e contextos variáveis, que exijam deles a aprendizagem de novos conhecimentos e habilidades. Segundo Pozo (1998, p.9) “[...] um dos veículos mais acessíveis para levar os alunos a aprender a aprender é a resolução de problemas.” A proposta da resolução de problemas é possibilitar aos alunos interpretarem tal situação e levá-los a encontrar o resultado, o problema certamente não é um exercício em que o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou um processo operatório. Só há problema se o aluno for levado a interpretar o enunciado da questão que lhe é posta e a estruturar a situação que lhe é apresentada. Nesse sentido, é importante ressaltar a importância da interpretação de texto nesse 21 processo, assim também compreender que a utilização de situações problemas em sala de aula faz com que o aluno pense produtivamente, desenvolva o raciocínio lógico, além de oportunizar o envolvimento com a matemática. De acordo com Polya (2006) à medida do possível, é importante que os problemas sejam provocativos, pois quando o aluno é desafiado, suas emoções de entusiasmo na busca de solução são despertadas. Para esse autor, se o professor apresentar aos alunos problemas que desafiem a curiosidade certamente vai despertar o interesse dos mesmos para resolvê-los. A satisfação gerada, pela solução encontrada pode ativar um talento natural para a matemática que poderá ser um instrumento profissional ou até mesmo a própria profissão. Isso significa dizer que ninguém pode saber o gosto de alguma coisa sem antes experimentá-la. O autor ressalta ainda que, os problemas precisam estar adequados ao nível dos alunos, isto é, nem tão difíceis para que não desanimem frente às dificuldades encontradas e nem tão fáceis para que não percam o interesse por julgarem fáceis demais. 1.2 Tendências no ensino da Matemática Para que se possa ter uma compreensão melhor sobre as tendências que regem os aportes metodológicos do ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental, é necessário conhecer e analisar sua evolução histórica. Fiorentini (1995) apresenta uma categorização no processo de ensino da Matemática ao longo dos anos identificando assim, seis tendências pedagógicas: a formalista clássica, a empírico-ativista, a formalista moderna, a tecnicista e suas variações, a construtivista e a sócioetnoculturalista. De acordo com o autor a tendência formalista clássica foi acentuadamente livresca, com foco no professor, e a aprendizagem do aluno se dava de maneira passiva e de memorização. Os conhecimentos eram considerados preexistentes e não construídos pelo homem (concepção platônica) cabendo ao professor o que seria ensinado e a organização dos conteúdos “prontos e acabados” que eram repassados e ao aluno restaria apenas “copiar” e “repetir” o que era repassado. Para Fiorentini (1995) como negação ou oposição, a escola clássica surge embasada na tendência empírico-ativista, onde o professor passa de elemento fundamental do ensino a orientador da aprendizagem. Nessa perspectiva é 22 importante compreender que o conhecimento não se dá pela descoberta e sim, que é necessária a ação dos sujeitos envolvidos neste processo de ensino e aprendizagem, prevalecendo a manipulação ou experimentação para que a aprendizagem ocorra de maneira que alcance maior êxito. Com base nas afirmações acima, compreendo que conhecimento matemático se dá pela ação do indivíduo com o meio através da construção, tudo que está á volta faz parte desse processo e de certa forma trará impacto e influencias nessa aprendizagem. Essa é a base da tendência construtivista destacando “o aprender a aprender.” 1.3.1 Formalista Clássica Até a década de 50, a Matemática no Brasil quase de maneira geral era evidenciada pelas idéias e características da Matemática clássica, sobretudo ao modelo euclidiano e a concepção platônica de Matemática. Os livros didáticos brasileiros anteriores à década de 50, como mostram IMENES (1989) e MIGUEL, FlORENTlNI& MIORIM (1992), parecem reproduzir implicitamente o modelo euclidiano, pois geralmente partem de elementos primitivos e definições para prosseguir com a teoria (teoremas e demonstrações) O modelo euclidiano era caracterizado pela sistematização lógica do conhecimento Matemático, com base em elementos primitivos (definições, axiados, postulados). Essa sistematização é expressa através de teoremas e corolários que são deduzidos dos elementos primitivos já citados à cima. De acordo com MIGUEL (1993, P. 160): Foi a concepção platônica da finalidade atribuída à educação matemática que apareceu pela primeira vez na história dessa área de conhecimento, um primeiro modo de ruptura entre forma e conteúdo matemático, sendo a ênfase posta sobre o primeiro elemento desse par tensional. A ênfase na forma, no sentido de ênfase no método aristotélico – euclidiano de se reproduzir o conteúdo matemático já produzido de outra forma, foi a razão do aparecimento histórico do primeiro tipo de formalismo em educação matemática. 23 Didaticamente falando, o ensino da Matemática nessa tendência pedagógica foi acentuadamente livresco e centrado no professor e no seu papel enquanto o transmissor e expositor do conteúdo através de preleções ou desenvolvido de maneira teórica na lousa. Nessa perspectiva a aprendizagem era de maneira passiva, pautada na memorização e reprodução (imitação/repetição) do conteúdo ministrado pelo professor. Esses pressupostos didáticos são compatíveis com a concepção platônica, pois se os conhecimentos preexistem e não são construídos ou inventados pelo homem, então bastaria ao professor „passar” ou “dar” os conteúdos prontos e acabados, que já foram descobertos e se apresentam de maneira sistematizada nos livros didáticos. Nessa concepção simplista de didática, é suficiente que o professor apenas conheça a matériaque ira ensinar. O papel do aluno nesse contexto seria somente copiar, reter e devolver do mesmo modo que recebeu na avaliação. 1.3.2 Empírico-ativista Na tendência Empírico – ativista, o professor deixa de ser o elemento fundamental do ensino, tornando-se orientador ou facilitador da aprendizagem. O aluno passa a ser considerado o centro da aprendizagem - um ser "ativo” . O currículo, nesse contexto, deve ser organizado a partir dos interesses do aluno e deve atender ao seu desenvolvimento psicobiológico. Os métodos de ensinoconsistem nas “atividades” desenvolvidas em pequenos grupos, com ricomaterial didático e em ambiente estimulante que permita a realização de jogos e experimentos ou o contato-visual e tátil - com materiaismanipulativos. ROXO e BACKHEUSER seriam os principais representantes dessa corrente de pensamento, que teve início a partir da década de 20, oriundo do movimento escolanovista1, estando também associado ao 1 O movimento escolanovista .. Foi o movimento que surgiu com o objetivo de contrapor o que era considerado “tradicional”. O seus seguidores lutavam por diferenciar – se das práticas pedagógicas anteriores. No fim do século XIX, muitas mudanças que seriam afirmadas como originais pelo ”escolanovismo” da década de 20, já eram levantadas e colocadas em prática. Este movimento teve como principal representante Jhon Dewey. 24 pragmatismo norte-americano de John Dewey, também defendida pelos representantes do movimento renovador de ensino da Matemática liderado, na Europa Felix Klein (MIORIM, MIGUEL &, FIORENTINI, 1993 p. 23). Essa tendência, no Brasil, contribuiu não só para unificar a Matemática em uma única disciplina, mas também para formular as diretrizes metodológicas do ensino da Matemática da Reforma Francisco Campos (1931). Além disso, favoreceu o surgimento de livros didáticos com figuras ou desenhos sob uma abordagem mais pragmática. 1.3.3 Formalista moderna Após 1950, a Educação Matemática no Brasil passaria por um período de intensa mobilização em virtude da realização dos cinco Congressos de Ensino de Matemática realizados qui no País (1955, 1957, 1959, 1961 e 1966) e do engajamento de um grande número de matemáticos e professores brasileiros no movimento internacional de reformulação e modernização do currículo escolar, que ficou sendo conhecido como oMovimento da Matemática Moderna (MMM). Os principais propósitos do movimentoforam os seguintes: a) Unificar os três campos fundamentais da matemática. Não uma integração mecânica, mas a introdução de elementos unificadores como Teoria dos Conjuntos, Estruturas Algébricas e Relações e Funções. b) Dar mais ênfase aos aspectos estruturais e lógicos da matemática em lugar do caráter pragmático, mecanizado, não-justificativo e regrado, presente, naquele momento, na matemática escolar. c) O ensino de 1o e 2o graus deveria refletir o espírito da matemática contemporânea que, graças ao processo de '"ebrização”, tornou-se mais poderosa, precisa e fundamentada logicamente (MIGUEL, FIORENTTNI &MlORIM, 1992). Quanto à relaçãoprofessor-alunoeao processo ensino - aprendizagem, não há grandes mudanças. O ensino de um modo geral, continua sendo acentuadamente 25 autoritário e centrado no professor que expõe/demonstra rigorosamente tudo no quadro-negro O aluno continua sendo considerado passivo, tendo de reproduzir a linguagem e os raciocínios lógico estruturais ditados pelo professor. 1.3.4 Tecnicista O tecnicismo pedagógico é uma corrente de origem norte – americana que objetiva otimizar os resultados da escola e torná-la “eficiente” e “funcional”, aponta como soluções para os problemas do ensino e da aprendizagem o emprego de técnicas especiais de ensino e de administração escolar. No Brasil, esta seria a pedagogia “oficial” de regime militar pós 64 que pretendia inserir a escola nos modelos de racionalização do sistema de produção capitalista Psicologicamente, essa tendência encontra fundamento no Behaviorismo2 para o qual a aprendizagem consiste em mudanças comportamenlais através de estímulos, A técnica de ensino desenvolvida e privilegiada por essa corrente psicológica é a "instrução programada", dando inicio â era da informática, aplicada à educação, com as "máquinasde ensinar"..Esta tendência fundamenta-se sociofilosoficamente no funcionalismo para o qual a sociedade seria um sistema organizado e funcional, isto é, um todo mundo harmonioso em que o conflito seria considerando uma anomalia e a manutenção da ordem uma condição para o progresso. Assim, a escola como parte desse sistema, teria uma função importante para a sua manutenção e estabilidade. Mais especificamente a educação escolar teria a finalidade de preparar e “integrar” o individuo a sociedade tornando-o útil ao sistema. O tecnicismo pedagógico teve presença marcante desde o final da década de 60 até o final da década de 70. Foi caracterizado pela sua ênfase às “tecnologias de ensino”, sobretudo aquelas relativas ao planejamento e a organização e controle do processo de ensino- aprendizagem. 2 O Behaviorismo – Teoria e método de investigação psicológica que procura examinar de modo mais objetivo o comportamento humano e dos animais, com ênfase nos fatos objetivos (estímulos e reações) sem fazer recurso a introspecção. 26 1.3.5 Construtivista Embora Piaget não tenha se preocupado em construir uma teoria de ensino ou de aprendizagem do ponto de vista educacional, foi exatamente a partir da epistemologia genética piagetiana que o construtivismo emergiu como tendência pedagógica, passando, então, a influenciar fortemente as inovações do ensino da Matemática. Essa influência, pois trouxe maior embasamento teórico para a iniciação ao estudo da Matemática, substituindo a prática mecânica, memónica e associacionista em aritmética por uma práticapedagógica quevisa, com o auxilio de materiais concretos, à construção das estruturas do pensamento lógico-matemático e/ou à construção do conceito de número e dos conceitos relativos às quatro operações. O construtivismo, segundo Freitag(1992 p. 26-27) (...) parte do pressuposto epistemológjco de que o pensamento não tem fronteiras: que ele se constrói, se desconstrói, se reconstrói. (...) As estruturas do pensamento. do julgamento e da argumentação dos sujeitos não são impostas às crianças, de fora. como acontece no Behaviorismo. Também não são consideradas inatas, como se fossem uma dádiva da natureza. A concepção defendida por Piaget e pelos piagetianos e que essas estruturas de pensamento são o resultado de uma construção realizada (internamente) por parte da criança em longas etapas de reflexão, de remanejamento que resultam da ação da criança sobre o mundo e da interação com seus pares e interlocutores. Isso significa que o pólo decisório dos processos de aprendizagem está na criança e não na figura do professor do administrador, do diretor (...). Epistemologicamente, esta tendência nega a teoria racionalista de conhecimento, na qual se assentava o formalismo clássico e sobretudo, o moderno. Para os racionalistas, o conhecimento matemático parte do sujeito, podendo ser produzido por isoladamente do mundo ou da realidade. Ou seja, uma elaboração estritamente mental, levada a efeito através da dedução ou da indução lógica. Nega 27 também a teoria empirista3que sustenta que o conhecimento só é possível mediante os recursos da experiência e dos sentidos. Isto é, omundo físico seria a fonte do conhecimento matemático e não o sujeito reflexivo. Para o construtivismo, o conhecimento matemático não resulta do mundo físico nem de mentes humanas isoladas do mundo, mas sim da ação interativa/reflexivado homem com o meio ambiente e/ou com atividades. Ou seja, a ideia pedagógica de ação, concebida pelos construtivistas, é muito diferente daquela idealizada pelos empírico-ativistas. Foi a partir das décadas de 60 e 70 que se começa a sentir no Brasil, a presença do construtivismo piagetiano. O principal divulgador desse ideário naquela época, foi o educador matemático húngaro-canadense Zoltán P. Dienes. A presença dessa tendência também pode ser notada nas experiências e estudos realizados isoladamente por alguns educadores, como Luís Alberto Brasil (Ceará), Waldecyr de Araújo Pereira (Pernambuco), Ester Grossi e Maria Fialho Crosius (Rio Grande do Sul), entre outros Paulo (1988), com fundamentação teórico-pedagógica no construtivismo. Nessa tendência, os conteúdos passam a desempenhar papel de meios úteis, mas não indispensáveis, para a construção e desenvolvimento das estruturas básicas da inteligência ou seja, o importante não é aprender isto ou aquilo, mas sim aprender a aprender e desenvolver o pensamento lógico-formal. Crusius (1994 p. 169) chama de "construtivista-interacionista"uma prática pedagógica na qual o papel do aluno consiste em ver, manipular o que vê, produzir significado ao que resulta de sua ação, representar por imagem, fazer comparações entre a representação imaginada e o objeto de sua ação real: desenhar, errar, corrigir, construir a partir do erro. mostrando da maneira que pode, através de desenhos. Kamil (1988 p. 64) ressalta : Considerando que o erro é um reflexo do pensamento da criança. a tarefa do professor não é a de corrigir a resposta, mas de descobrir 3 A teoria empirista foi uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas, ou principalmente, a partir da experiência sensorial. O método indutivo, por sua vez, afirma que a ciência como conhecimento só pode ser derivada a partir dos dados da experiência. 28 como foi que a criança fez o erro baseado nessa compreensão, o professor pode, muitos vezes, corrigira resposta Nessa perspectiva, Kilpatrick ((Apud LERMAN, 1959) focaliza também a questão sob o ponto de vista filosófico e epistemológico, descrevendo o construtivismo atual, a partir das seguintes hipóteses: l) O conhecimento é construído pelo sujeito cognoscente e não passivamente recebido do ambiente. 2) O vir a conhecer é um processo adaptativo que organiza o mundo experiencial de uma pessoa, isto é, que não descobre um mundo preexistente e independente da mente do conhecedor. 1.3.7 Sócioetnoculturalista. A tendência socioetnoculturalista tem como ponto de partida o fracasso do Movimento Modernista4 bem como as dificuldades apresentadas quanto à aprendizagem da Matemática por alunos das classes economicamente menos favorecidas, fez com que alguns estudiosos, a partir da década de 60, voltassem a atenção aos aspectos socioculturais da Educação Matemática. Inicialmente, acreditava-se - e a pesquisa educacional das décadas de 50, 60 (nos EUA) e 70 (no Brasil) para isso - que os alunos oriundos dessas classes sociais apresentavam carências culturais que os impediam de acompanhar a escola ou obter sucesso na educação formal. Algumas pesquisas mais recentes - como, por exemplo, as de CARALIER (1988), D'AMBROSIO (1990) e PATTO (1990) entretanto, mostrariam que crianças mal-sucedidas na escola não eram necessariamente aquelas mal- sucedidas fora da escola.Caralier, por exemplo, mostra as contradições existentes entre a "aprendizagem” da Matemática na escola e as soluções buscadas pelo 4 O Movimento Modernista surgiu entre 1922 e 1930 no Brasil, teve como marco em seu inicio a semana de Arte Moderna em Fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo e pretendia fazer com que a população de modo geral, tomasse consciência da realidade brasileira. Este movimento cultural foi idealizado e liderado por um grupo de artistas integrados pelo escritores Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Pechia e pela pintora Anita Malfatti. 29 indivíduo no cotidiano, dentro de contextos relacionados a vida, ao trabalho. Segundo CARALIER (1998 p.175) (...) organizam sua atividade de resolução de problemas em situações extra-classe de acordo com os mesmos principias lógico- matemáticos em que precisa apoiar sua aprendizagem de matemática na sala de aula. O que esta constatação de sua capacidade revela è a existência de contradições na escola - um aluno que já sabe somar não aprende a somar. Uma importante tarefa dos professores, enquanto Educadores Matemáticos, nas séries iniciais, é tentar produzir no aluno o gosto e o prazer pela Matemática. Essas primeiras experiências, com certeza, acompanharão o aluno ao longo de toda a sua vida. Por conta disso, atitudes amistosas do professor e atividades diferenciadas para os alunos são importantes antídotos para o mito existente em torno da tão temida Matemática. 30 CAPÍTULO 2- METODOLOGIA DA PESQUISA Neste capítulo serão apresentadas a abordagem da pesquisa e os instrumentos de coleta de dados utilizados para compor a investigação inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica para uma melhor contextualização teórica sobre o tema escolhido. A entrevista semiestruturada possibilitou a liberdade para assuntos que surgiram durante a conversa no entorno do tema de pesquisa, e a observação não participativa possibilitou na construção de um olhar por outro ângulo a respeito do ensino no cotidiano das aulas de Matemática. Além destes instrumentos, foi usado utilizado como base os relatórios produzidos ao longo dos estágios para análise documental, o PPC da escola onde foi realizada a pesquisa, e o plano de ensino das professoras. 2.1. ABORDAGEM DA PESQUISA A abordagem que compõe a presente pesquisa é do tipo qualitativa e de acordo com Godoy (1995), a pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar fenômenos que envolvem os seres humanos e suas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes. É interessante destacar que Godoy (1995) discute características básicas acerca de estudos qualitativos que segundo essa perspectiva, um fenômeno pode ser mais bem entendido no contexto que ocorre e do qual é parte, necessitando ser em uma perspectiva integrada, assim o pesquisador vai a campo “captar” o fenômeno em estudo, a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes. Para Marconi e Lakatos (2006, p. 269) a pesquisa qualitativa: Preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece analise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento e etc. A metodologia de pesquisa, segundo Minayo (2003, p. 16-18): 31 é o caminho do pensamento a ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e trata-se basicamente do conjunto de técnicas a ser adotada para construir uma realidade. A pesquisa é assim, a atividade básica da ciência na sua construção da realidade. A pesquisa qualitativa, no entanto, trata-se de uma atividade da ciência, que visa a construção da realidade, mas que se preocupa com as ciências sociais em um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando com o universo de crenças, valores, significados e outros construto profundos das relações que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Desta forma, a abordagem selecionada para compor o presente trabalho foi a pesquisa qualitativa devido o seu caráter descritivo, que para Marconi e Lakatos (2006, p. 269): Preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidadedo comportamento humano. Fornece analise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento e etc. A pesquisa qualitativa é uma técnica decisiva para a pesquisa em ciências sociais e humanas, na qual a análise documental é indispensável porque a maior parte das fontes escritas, ou não, são quase sempre a base do trabalho de investigação; é aquela realizada a partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos. Esta modalidade de pesquisa envolve a aquisição de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com os sujeitos de pesquisa e o espaço,buscando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo. De acordo com Triviños(1987, p.120): [...] os pesquisadores perceberam rapidamente que muitas informações sobre a vida dos povos não podem ser quantificadas e precisavam ser interpretadas de forma muito mais ampla que circunscrita ao simples dado objetivo. A pesquisa qualitativa se preocupa com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, dentre outros. Dela faz parte a aquisição de dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto estudo. Na pesquisa qualitativa é frequente que o pesquisador 32 procure entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada, e a partir daí,interpretar os fenômenos estudados. Bogdan e Biklen (1994, p.47-49) apontam algumas características importantes para a pesquisa qualitativa: O ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave: essa característica é ressaltada pela importância do ambiente na configuração da personalidade, problemas e situações de existência do sujeito. O pesquisador se coloca em contato direto com o local de sua pesquisa, observa, entrevista, anota, na busca por produzir dados O pesquisador é importante quando não esquece uma visão ampla e complexa do real social, pois as categorias das pesquisas partem do fenômeno social concreto. É descritiva: tem apoio teórico na fenomenologia. As descrições estão nos significados que o ambiente lhe oferece e são produtos de uma visão subjetiva, logo, os resultados surgem coma totalidade de uma reflexão que tem como base a percepção de um fenômeno num contexto. Ainda que os dados sejam captados por meio de imagens, áudios, retratos eles são transcritos e apresentados sob a forma narrativa no sentido de dar coerência aos dados, descortinar aspectos relevantes, respeitando sempre as falas e pontos de vista dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Há um interesse maior pelo processo que pelos resultados ou produtos: essa característica é importante na individualização como atividade cientifica de pesquisa qualitativa, pois a preocupação está voltada só em atingir as aparências dos fenômenos sociais, o que se apresenta a observação ou experimentação. O pesquisador deve ter ouvidos de ouvir os silêncios, olhos de enxergar expressões aparentemente banais. Os pesquisadores tendem a analisar os dados de forma indutiva: Na pesquisa qualitativa fenomenológica não tem hipóteses que verificar empiricamente, como ocorria no positivismo. o processo indutivo de análise dos dados na investigação qualitativa assemelha-se a um funil em que “[...] as coisas estão abertas no início (ou no topo) e vão se tornando mais 33 fechadas e específicas, em uma situação em que o pesquisador seleciona o que lhe parece mais importante. Na pesquisa qualitativa é fundamental levar em conta na coleta de dados, as experiências, os questionamentos dos sujeitos sobre suas vivências, interpretações, representações e estruturas possíveis. É por isso que são essenciais as etapas de coleta de dados para que haja o confronto de informações no momento das análises dos dados coletados. O processo de investigação é uma espécie de troca de informações entre os investigadores e os informantes. 2.2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA A pesquisa bibliográfica constitui-se no primeiro passo dessa pesquisa científica. Com isso buscou-se, por meio da fundamentação teórica, alcançar os objetivos propostos pelo estudo. De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 43): A pesquisa bibliográfica compreende oito fases distintas: escolha do tema; elaboração do plano de trabalho; identificação; localização; compilação; fichamento; análise e interpretação; redação.[...] trata-se de um levantamento de algumas bibliografias já publicada em forma de livros, revistas, teses, publicações avulsas e imprensa escrita. A pesquisa bibliográfica objetiva colocar o pesquisador em contato com determinado tema, com a finalidade de colaborar na análise de sua pesquisa. É desenvolvida a partir de material já elaborado, formada principalmente de livros e artigos científicos. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica consiste no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla. Para Sulzarty (2010), a pesquisa bibliográfica é aquela em que: Realiza-se diversas leituras, em várias fontes diferentes, produzindo resumos, resenhas e fichamentos. Depois, dos dados coletados, inicia-se a fase da transcrição dos dados que servirá como base para fundamentar os argumentos, e explicar os fatos, não perdendo de vista o objeto de estudo. Nessa perspectiva Malheiros (2010), apud Sulzart (2010), afirmam que a pesquisa bibliográfica levanta o conhecimento disponível na área e possibilita que o 34 pesquisador conheça as teorias produzidas, análise e avalie sua contribuição para compreender ou explicar o seu problema objeto de investigação. Gil (2008) alerta sobre os dados coletados em sites, pois é necessário verificara confiabilidade e a fidelidade das fontes. Então, na pesquisa bibliográfica, é importante que o pesquisador verifique a veracidade dos dados obtidos, observando as possíveis incoerências ou contradições que as obras possam apresentar. A pesquisa bibliográfica é o primeiro passo de uma pesquisa científica, é a revisão da literatura sobre o assunto a ser pesquisado. Ela constitui uma excelente técnica para fornecer ao pesquisador a bagagem teórica, de conhecimento, e o treinamento cientifico que habilitam a produção de trabalhos. A partir deste conhecimento observei que é necessário muita dedicação e leitura, buscando diversos livros que possam tratar do assunto que está sendo pesquisado, assim como a internet que nos disponibiliza até mesmo outros trabalhos acadêmicos que tenham algum tema parecido com o do pesquisador, mas sendo importante sempre buscar a fonte dos conhecimentos selecionados, pesquisando autores dos mais antigos aos mais atuais que escrevam sobre o assunto que está em pauta e que sem dúvida possuem uma contribuição significativa pra fazer a construção dos saberes acrescentados a um trabalho baseado em uma pesquisa bibliográfica. 2.3. PESQUISA DE CAMPO Para Gonçalves (2001, p. 67) a pesquisa de campo é: o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem analisadas. A pesquisa de campo tem como objetivo compreender os diversos aspectos da sociedade, em busca de informações e conhecimentos de determinados problemas a serem analisados, tendo em vista descobrir novos fenômenos, seja dos indivíduos, dos grupos, das comunidades, das instituições entre outros ambientes. 35 De acordo com Fonseca (2002, p. 31) a pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto apessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa. É importante ressaltar que esta modalidade de pesquisa constitui-se a partir da pesquisa bibliográfica, a qual apresentará um referencial teórico acerca do tema pesquisado, em seguida ocorre a seleção das técnicas de coleta de dados para então ser realizado o registro e análise dos resultados a pesquisa. 2.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Esta pesquisa foi desenvolvida em etapas. Na primeira etapa foi desenvolvida a pesquisa bibliográfica a partir de estudos realizados por autores especialistas na área da educação, especificamente no que se refere ao ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental, utilizando sites como Google Acadêmico, Capes, Ministério da Educação (PCNS) e o acesso a outros textos, artigos e documentos para obtenção de pesquisas relacionadas. Na segunda etapa será realizada a observação, através da qual pude perceber a rotina da escola, e por fim realizei a entrevista com as professoras das séries iniciais para obtenção dos resultados. 2.5 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA Para a realização das entrevistas, optei pelo tipo semiestruturada, na qual o informante tem a possibilidade de conversar sobre suas experiências, a partir do foco principal proposto pelo pesquisador; ao mesmo tempo em que permite respostas livres e espontâneas do informante e valoriza a atuação do entrevistador. O objetivo do pesquisador é conseguir informações ou coletar dados que não seriam possíveis somente através da pesquisa bibliográfica e da observação. Uma 36 das formas que complementariam estas coletas de dados seria a entrevista, mais especificamente a entrevista semiestruturada que segundo Triviños (1987, p. 144): É um dos principais meios que tem o investigador para realizar a coleta de dados [...] em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiado em teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante. Ao realizar a entrevista tomei alguns cuidados importantes como o planejamento, tentar alcançar os objetivos pretendidos, não fazer perguntas arbitrárias que venham a constranger o entrevistado, e também manter o anonimato dos informantes, caso eles peçam para não serem identificados. Considero que esta técnica consiste em conhecer a realidade dos professores quanto a sua forma de Ensinar Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental. As entrevistas traduzem a representação dos professores sobre seu trabalho e, dessa forma, constituem-se sempre em uma aproximação do concreto vivido. A entrevista foi para complementar e fazer o contraponto com os dados obtidos da observação. 2.6 OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE A observação não participante é um procedimento fundamental na pesquisa de campo, esta técnica objetiva observar as atitudes e ações diversas dos sujeitos que estão sendo alvo da pesquisa para compreender ou esclarecer a temática abordada. Marconi e Lakatos (2003, p. 192), afirmam que: Na observação não-participante, o pesquisador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela: permanece de fora. Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a observação não seja consciente, dirigida, ordenada para um fim determinado. O procedimento tem caráter sistemático. 37 Consideramos que a observação é muito importante em uma pesquisa científica, com ela pude perceber a estrutura da sala de aula, a postura do professor e sua relação com os alunos na hora da aula, o que contribuiu de forma positiva na construção desta pesquisa. Triviños (1987) reforça que, observar não é apenas olhar, observar é destacar um conjunto, algo específico, atentando em suas características. Um fenômeno ao ser analisado precisa ser separado de seu contexto para que em sua dimensão individual seja estudados em seus atos, atividades, significados e relações. Desse ponto de vista para o autor, a observação pode ser estruturada ou padronizada, esse tipo de observação é utilizado na pesquisa qualitativa quando se deseja colocar em relevo a existência de algum traço especifico do fenômeno que se estuda, buscando a verificação de hipóteses. A pesquisa qualitativa usa a observação livre do desenvolvimento de determinada situação, nela temos dois importantes aspectos da natureza metodológica que são a amostragem de tempo e anotações de campo. A amostragem de tempo seriam o processo de escolhas dos dias, tempo, horas, jornadas e as anotações de campo está ligada ao registro de informações sejam descritivas e também de natureza reflexiva. 2.7 ANÁLISE DOS DADOS TRIANGULAÇÃO DOS DADOS Para a análise dos dados utilizei a técnica da triangulação que tem por objetivo abranger a descrição, a explicação e a compreensão do objeto em estudo. Sendo assim, na visão de Triviños (1987) essa técnica parte de princípios que sustentam que é impossível conceber a existência isolada de um fenômeno social, sem raízes históricas, sem significados culturais e sem vinculações estreitas e essenciais com uma macro-realidade social. Esta técnica caracteriza-se por três enfoques: processos e produtos centrados no sujeito, elementos produzidos pelo meio do sujeito e processos e produtos originados pela estrutura socioeconômica e cultural do macro-organismo social do sujeito. 38 Primeiramente Triviños (1987) caracteriza os processos e produtos elaborados pelo pesquisador através de entrevistas, questionários, autobiografias, diários íntimos, cartas, livros, entre outros. Triviños (1987, p. 139) caracteriza os elementos produzidos pelo meio, como sendo: Documentos (internos, relacionados com a vida peculiar das organizações e destinados, geralmente, para o consumo de seus membros; e externos, que têm por objetivo, principalmente atingir os membros da comunidade em geral); instrumentos legais: leis, decretos, pareceres, resoluções, regulamentos, regimentos etc. [...] É interessante sublinhar que as fotografias podem constituir-se também como fontes de informações dos processos e produtos centrados no sujeito. No terceiro enfoque Triviños (1987) caracteriza os processos e produtos originados pela estrutura socioeconômica e cultural do macro-organismo social do sujeito sendo como nos modos de produção (escravagismo, capitalismo, socialismo), as forças e as relações de produção, a propriedade dos meios de produção as classes sociais. Por fim, a triangulação refere-se ao uso de vários métodos para obter os dados mais completos e detalhados possíveis sobre o fenômeno. Envolve a combinação de diversos métodos, geralmente observação e entrevista. Informações recebidas de diferentes ângulos podem ser usadas de modo a compreender, confirmar, preparar ou clarear o problema de pesquisa. 2.8 INFORMANTES Realizei a entrevista com quatro professoras (es) de uma escola da rede pública de ensino, todas com formação acadêmica em Pedagogia, a maior parte possui especialização na área da Matemática. Um professor possui graduação em Matemática e o restante apenas o Curso de Pedagogia e especializações. Todos dão aulas das séries iniciais. Nesta escola a dinâmica do currículo nas séries iniciais do ensino fundamental acontece de forma que as professoras alternam as disciplinas, ou seja, uma mesma professora (pedagoga) ensina uma ou duas matérias por turma. Optei por professoras dessas séries pela idade dos alunos que, 39 respectivamente, são 10-11 anos e estão mais dentro do tema de pesquisa.Para preservar a identidade das entrevistadas usei os termos P1, P2, P3 e P4 e a entrevista se baseou em um roteiro com três perguntas, sendo elas 1-Quaissão os desafios mais freqüentes enfrentados pelos professores que ensinam Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental? 2 -Quais são os procedimentos didático- pedagógicos adotados por você no ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental? 3-Como você avalia a formação inicial que é oferecida na graduação (Curso de Pedagogia) para o Ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental? CAPÍTULO 3 - Resultados da Pesquisa Neste capitulo serão apresentados os resultados da pesquisa de acordo com os dados levantados, por meio da observação e das respostas dos entrevistados. Os resultados obtidos foram organizados segundo as categorias. Essas categorias foram obtidas a partir do desenvolvimento da pesquisa e da análise de investigação. 3.1 – Referências teórico-metodológicas da prática pedagógica dos professores que ensinam Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental Esta categoria visa tratar sobre as referências teórico–metodológicas adotadas pelos professores no ensino da Matemáticas nas séries iniciais. Para P1: Na escola utilizamos materiais que possibilitem um aula mais dinâmica, de maneira que se possa trabalhar os conteúdos de maneira prática, abrangendo os quatro eixos. Nós recorremos às diferentes leituras para adaptar os conteúdos à faixa etária que a 40 turma possui, eu entendo que é necessário tornar o conteúdo mais prático para que haja um melhor aproveitamento. Para P2: Ainda hoje utilizamos com muita frequência o livro didático, ainda é ele que determina os conteúdos á serem trabalhados em sala de aula. Utilizamos com bastante frequência apostilas, oficinas e simulados que são os recursos que a escola possui hoje, além do material dourado, ábaco, bingo e as seqüências didáticas Para P3: Hoje temos materiais ricos para se trabalhar a Matemática, a Universidade de Minas Gerais em parceria com a Prefeitura de Benevides implantou no Município o Programa Benevides á escola. Através dos materiais disponibilizados realizamos muitas oficinas. O material é bem rico, possuindo textos que facilitam o trabalho e compreensão dos alunos P4 ressalta: Hoje utilizamos o que a escola pode oferecer né!? O mais importante nesse processo é a leitura, a formação continuada para assim que tenhamos um embasamento melhor em como vamos trabalhar determinado conteúdo. Á partir das leituras na internet, livro didático, apostilas, nós montamos jogos, trabalhamos com bingo e vários outros conteudos dependendo do que possuímos. No que diz respeito a esta categoria, as professoras entrevistadas relatam a importância da leitura e a busca por materiais que possibilitem oferecer aos alunos uma aula melhor. Percebi pelas entrevistas que o ensino da Matemática evoluiu muito nos últimos anos, esse avanço é bem notável, de acordo com os professores o envolvimento dos mesmos nas atividades, um processo decorrente das metodologias adotadas.Para Libâneo (1994, p.249) 41 A Interação professor e alunos é um aspecto fundamental da organização da „situação didática‟, tendo em vista alcançar os objetivos do processo de ensino: a transmissão e assimilação dos conhecimentos, hábitos e habilidades. O autor ressalta a importância da interação e da organização didática do Professor, é muito importante que se tenha consciência que a didática e a mediação pedagógica são importantes no processo de aprendizagem. Nessa perspectiva, essa organização deve favorecer e auxiliar na formação dos professores, contribuindo para este olhar reflexivo sobre seu próprio trabalho, beneficiando a construção do ser professor, consciente das diversas dimensões que deve alcançar. 3.2 – Formação Inicial dos professores que ensinam Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental Esta categoria retrata o que os professores entrevistados pensam a respeito da formação inicial que é recebida na graduação para atuação no ensino da Matemática nas séries iniciais: Para P1: É na sala de aula que a gente vai aprender de fato a contornar as diferentes situações, o que é dado no Curso de Pedagogia, o que Paulo Freire pensa é muito bonito, mas na prática tudo é bem diferente. É preciso se preparar constantemente para os desafios seguintes, não se acomodar! Para P2: 42 É no dia a dia que a experiência vêm e com ela a aprendizagem, só a formação que é recebida na Universidade não é suficiente para se ter uma atuação de êxito no ensino de Matemática nas séries iniciais. O certo é todo e qualquer profissional da educação buscar aprimorar o seu trabalho, buscando capacitação, especializações e todo tipo de conhecimento que é necessário para a realização do ensino. A gente não pode ficar parado. P3 ressalta : A prática é bem diferente da teoria, é na escola que você vai aprender de fato à ensinar, surgem as demandas e você vai correr atrás dos conhecimentos necessários para realizar a atividade proposta. Infelizmente os currículos atuais que preparam o profissional para atuar nessa modalidade de ensino precisam ser repensados e discutidos. Se pensar em mais disciplinas que dê conta para esse segmento, só o que é pincelado na formação inicial é difícil, as demandas são muitas e nós como profissionais da educação precisamos dar conta de todas elas e cumprir nosso papel. Para P4: O aprendizado mesmo vêm do dia a dia, é preciso buscar melhorar nosso trabalho com formações, pesquisas e se auto-avaliar enquanto educador. Em dias que o ensino público enfrenta muitas dificuldades em relação a precariedade é preciso “fazer das tripas coração” e dá continuidade nos trabalhos (risos). Quantos aos professores, foi possível verificar que todos possuem formação de nível superior em Pedagogia, embora admitam falhas na sua formação profissional, a maioria trabalha em mais de uma escola e mais de um turno, mercê do baixo salário oferecido; a maioria sugere a existência de mais aulas práticas como fator de melhoria da assimilação da disciplina pelo aluno, e para torná-la mais agradável; muitos associam a dificuldade na aprendizagem da disciplina à 43 dificuldade na interpretação de textos e à falta de base, embora reconheça que esta dificuldade não está centrada só no aluno, mas também no professor e no currículo que rege o processo educacional vigente. Apesar da importância de dominar as metodologias e os conteúdos básicos, a Pedagogia deve se preocupar também com a formação de um professor crítico e reflexivo. Desenvolvendo neles a competência de pensar e repensar sobre suas práticas. Segundo Pimenta (2005) é necessário, que desenvolva neles a capacidade de investigar a própria atividade para, a partir dela, constituírem e formarem seus saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de construção de suas identidades como professores 3.3 – Desafios dos professores/pedagogos no ensino da Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental Esta categoria retrata o que os professores entrevistados pensam a respeito dos desafiosencontradas no dia a dia referente ao ensino da matemática nas séries iniciais P1: Ao longo das aulas nós procuramos fazer uma triagem e assim detectamos as dificuldades que cada aluno têm. Hoje na turma temos alunos que possuem dificuldades em se trabalhar com o sistema decimal e nós retornamos o conteúdo, a escola possui reforço, tendo uma equipe de professores para essa tarefa. Nós temos ainda muitas dificuldades para se trabalhar os conteúdos de Matemática, mas em relação ao Português creio que é mais fácil pela riqueza de materiais e metodologias que podem ser adotadas .No nosso Município hoje recebemos capacitação, mas creio que o curso de Pedagogia é bem resumido nessa parte referente ao ensino da Matemática, poderia ser mais abrangente a formação inicial que é dada, são pouquíssimas
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