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14 Recombinante Biotecnologa, ontologia e protologia autor Ramiro Délio Borges de Meneses

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Revista de Bioética Latinoamericana / 2012/ volumen 10 / Pagina 31-45 / ISSN: 2244-7482. 
Rev Bioet Latinoam 2012; vol 10: 31-45. 
ADN – RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGIA, ONTOLOGIA E PROTOLOGIA
DNA - RECOMBINANT: BIOTECHNOLOGY, AND ONTOLOGY PROTOLOGY.
ADN - RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGÍA Y ONTOLOGÍA PROTOLOGÍA.
Ramiro Délio Borges de Meneses1
Fecha de recepción: 16.06.12 
Fecha de aceptación: 14.07.12
Summary
The nature of biotechnology was forever changed by the development of recombinant 
DNA technology. Genetic engineering provided the means to create highly productive 
strains, Microorganisms and eukaryotic cells could be used as biological factories for the 
production of insuline, interferon growth hormone, viral antigens, and a wide range of 
other proteins. Recombinant DNA technology could also be used to facilitate the biological 
production of large amounts of useful small molecular weight compounds and 
macromolecules that occur naturally in miniscule quantities. Plants and animals became 
natural bioreactors producing new or altered gene products could never have been 
created either by mutagenesis and selection or by crossbreeding. Finally, this new 
technology facilitated the development of radically new radical therapies and diagnostic 
systems. There is the insertion of a gene into a DNA vector – often a plasmid – to form a 
new DNA molecule, that can be perpetuated in a host cell. Also called recombinat DNA 
technology, genetic engineering, gene slicing, gene transplantation or molecular cloning.
On this article, I explain the prothological word of God and the philosophical and ethical 
foundation about genetic engineering.
1 Ramiro Delio Borges de Meneses. Investigador do Instituto de Bioética da Universidade Católica 
Portuguesa – Centro Regional do Porto. Professor Adjunto do Instituto Politécnico de Saúde do Norte 
(Gandra e Famalicão) – Portugal. Correo electrónico borges272@gmail.com
31
mailto:borges272@gmail.com
ADN – RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGIA, ONTOLOGIA E PROTOLOGIA 
Ramiro Délio Borges de Meneses
Key-Words: Recombinant DNA, prothology and onthology.
Introdução
O ADN – recombinante resulta da introdução, na sua cadeia, de um segmento de outro 
ADN (ácido desoxirribonucleico), que lhe é estranho. O ADN de interesse – produzido 
sinteticamente ou não – é inserido por ligação covalente na molécula de um ADN-vector, 
isto é, de um plasmídeo ou de um vírus (bacteriófago). O ADN-vector é, então, introduzido 
numa bactéria – Escherichia coli –, onde se replica de modo autónomo. Assim, os genes 
inseridos são frequentemente transcritos e traduzidos, em seus novos organismos, pela 
“maquinaria” genética aí existente, podendo tornar-se uma característica genética 
permanente do novo hospedeiro. Essa técnica revolucionou a bioquímica e forneceu 
meios para alterar genes e proteínas. A partir da genética molecular e da bioquímica, 
surgiu a tecnologia de genomas in vitro. 
Ao longo deste estudo, pretendemos apresentar os fundamentos ontológicos e as 
condições protológicas (antropologia teológica), iniciando-o com uma síntese sobre o ADN 
– recombinante.
A tecnologia do ADN – recombinante, iniciada no ano de 1973 (Stanley, Cohen e Boyer), 
determinou uma profícua variedade de aplicações, com grande importância prática nos 
domínios da medicina, agricultura e indústria (farmacêutica, etc), aportando vários 
dilemas axiológico-éticos, que serão referidos, sumariamente, na conclusão deste 
trabalho.
1. ADN – Recombinante: biotecnologia
A tecnologia do ADN – recombinante, introduzida pela bioquímica, visa alterar não só 
genes e proteínas, bem como “manipular” o património genético dos organismos. Esta 
biotecnologia baseia-se na enzimologia dos ácidos nucleicos, que se concretizam sub 
specie nos seguintes passos:
Revista de Bioética Latinoamericana / 2012/ volumen 10 / Pagina 31-45 / ISSN: 2244-7482. 
Rev Bioet Latinoam 2012; vol 10: 31-45. 
 podem cortar, de modo conveniente, a cadeia do ADN por endonucleases de 
restrição, em fragmentos que passam a ser manipulados como “módulos”;
 enzimas que ligam os fragmentos entre si: ADN-ligases;
 para que surja a replicação pelas “polimerases”;
 bem como fazer a transcrição, de um ARN num ADN por meio da “transcriptase 
reversa”.
Com efeito, outro recurso importante será a técnica de emparelhamento das bases 
“azotadas” (purinas: adenina e guanina; pirímidinas: citosina e timina) do ADN (bipolímero 
linear, em “dupla hélice”, com função informativa, como molécula da hereditariedade), 
que permite não só o reconhecimento e identificação das suas estruturas, tal como o uso 
de sondas complementares de ADN ou de ARN (ácido ribonucleico), para localizar 
sequências específicas de nucleosídeos. Assim, os vírus-plasmídeos têm sido utilizados, 
por esta tecnologia, como fonte de novos conhecimentos nessa área e como “vectores” 
para introduzir novos genes na estrutura cromossómica dos organismos eucariotas. In 
genere, um ADN – recombinante é formado por partes de diferentes origens.
Logo, a compreensão molecular do gene (segmento do ADN responsável pela síntese de 
uma cadeia polipeptídica) foi conduzida, a tal pormenor bioquímico, tendo permitido dar 
forma à Engenharia Genética (tecnologia de genomas in vitro), segundo a qual se poderá 
introduzir e pôr a funcionar, numa entidade eucariótica, um gene que ele não tinha e que 
foi retirado de um outro ser vivo, que poderá ser procariota. Por meio das técnicas de 
manipulação genética, será possível construir microrganismos que sintetizarão, em 
elevadas quantidades e mais economicamente, produtos de interesse terapêutico 
(insulina humana, somatostatina, interferões, hormona de crescimento, vacinas, factor 
VIII, etc.).
Esta biotecnologia usa a descoberta de “enzimas de restrição” produzidas por 
microrganismos (Bacillus amyloliquefaciens; Haemophillus influenzae, Escherichia coli, 
etc.). As endonucleares de restrição devem a sua designação ao facto de restringirem ou 
prevenirem a infecção vírica, mediante degradação do ADN invasor. Assim, reconhecem 
pequenas sequências específicas, in genere, com 4 a 6 pb e, muito raramente, de 8 pb.
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ADN – RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGIA, ONTOLOGIA E PROTOLOGIA 
Ramiro Délio Borges de Meneses
Estas “enzimas” de restrição podem ser de dois tipos, a saber:
 Tipo I: reconhecem uma sequência particular, mas não cortam o ADN, num 
local específico da sequência;
 Tipo II: reconhecem uma sequência particular e cortam o ADN num local 
específico da mesma sequência.
As bactérias, com enzimas de restrição, também possuem enzimas correspondentes, que 
metilam as bases nitrogenadas do ADN, nos locais reconhecidos pelas endonucleases. Já 
foram identificadas mais de 200 enzimas de restrição. Porém, a sua utilidade na clonagem 
deriva da capacidade reprodutível de cortar o ADN em fragmentos. Uma das primeiras 
enzimas de restrição (endonucleares) identificadas foi isolada a partir da E. coli, 
designando-se por Eco RI. Os locais de reconhecimento das enzimas de restrição são 
“palíndromas”. Os fragmentos de ADN produzidos pela digestão com, Eco RI, possuem 
extremidades de cadeia simples, que podem reemparelhar com extremidades de cadeia 
complementar de outros fragmentos do ADN.
A tecnologia do ADN – recombinante utiliza métodos derivados de ácidos nucleicos 
acoplada a técnicas genéticas, desenvolvidas a partir do estudo de bactérias e vírus. Esta 
biotecnologia permite o isolamento de quantidades ilimitadas de um gene. Assim, a 
tecnologia de ADN – recombinante cria combinações “artificiais” de moléculas de ADN.
Desta sorte, a tecnologia do ADN – recombinante, também designada de clonagem génica 
ou molecular, é um termo que compreendevariados protocolos experimentais, que 
conduzem à transferência de informação genética (ADN) de um organismo para outro. 
Uma experiência de ADN – recombinante segue o seguinte esquema:
 Purificação do ADN a partir de células ou tecidos;
 Geração de fragmentos de ADN, mediante uso de enzimas de restrição 
(endonucleases), que cortam e reconhecem as moléculas de ADN, em 
sequências nucleotidicas específicas;
 Os fragmentos produzidos pela digestão com enzimas de restrição são unidos a 
outras moléculas de ADN, que servem como “vectores” ou moléculas de 
transporte;
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Rev Bioet Latinoam 2012; vol 10: 31-45. 
 A molécula de ADN – recombinante é transferida para uma célula hospedeira. 
No interior da célula, a molécula recombinante replica, produzindo várias 
cópias, conhecidas como “clones”;
 As células hospedeiras que recebem esse ADN – recombinante são 
identificadas e seleccionadas daquelas que não receberam ADN – 
recombinante;
 Quando a célula hospedeira se divide, as moléculas de ADN – recombinante 
são transmitidas às células filhas, criando uma população de células 
hospedeiras. Cada uma delas transporta cópias da sequência do ADN – 
clonado;
 O ADN – clonado pode ser recuperado a partir das células hospedeiras, 
purificado e analisado;
 Potencialmente, o ADN – clonado pode ser transcrito, o seu m – ARN traduzido 
e o produto génico isolado e usado para pesquisa ou para fins industriais.
Todavia, por muito diferente que sejam dois “genomas” (todo o ADN de uma célula), 
terão, ao longo das moléculas de ADN, alguns desses pontos com composição única, 
requerida para a acção de determinada enzima de restrição. Como estas enzimas, cortam 
os diferentes ADN’s em sequências rigorosamente idênticas, onde todos os fragmentos 
resultantes terão extremidades iguais e poderão, assim, reunir-se de novo por ordem 
diferente. Entretanto, in vitro, poderá construir-se uma “molécula recombinante”, 
elaborada por fragmentos de ADN, extraídos de espécies muito afastadas, que poderão ir 
dos eucariotas aos procariotas e vice-versa. 
Com efeito, surgem bactérias que possuem, para além do cromossoma, uma molécula de 
ADN, que também se multiplica independentemente – plasmídeo – (são moléculas de 
ADN de cadeia dupla circular, que são extracromossomais, como vectores de ADN). Estes 
tornam-se elementos fundamentais em Engenharia Genética para o transporte do “gene 
estranho”, que se pretende transferir para bactérias.
A tecnologia de genomas in vitro pode realizar-se do seguinte modo: o ADN - plasmídeo é 
extraído de uma bactéria e cortado por endonucleases. Logo, o ADN extraído de um 
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ADN – RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGIA, ONTOLOGIA E PROTOLOGIA 
Ramiro Délio Borges de Meneses
“animal” é fragmentado separadamente pela mesma enzima. O produto resultante deste 
tratamento é adicionado ao plasmídeo. Desta feita, surgirá um “plasmídeo quimérico” 
que, sendo introduzido numa outra bactéria apropriada, deverá multiplicar-se dentro 
dela, ao mesmo tempo que o gene do animal, que lhe foi adicionado, sintetizará o 
produto correspondente.. Todas as bactérias descendentes terão uma cópia, pelo menos 
do plasmídeo quimérico, e, portanto, se dirá que esse gene foi clonado na bactéria. Mas, 
os vectores plasmídeos, mais usados em investigação e aplicabilidade tecnológica, para a 
clonização molecular, são: p SC 11 e o Be 322. Sempre que seja impossível introduzir na 
célula um plasmídeo, podem utilizar-se moléculas de ADN de transporte. Quando um 
fragmento de ADN está unido a um vector, ganha a capacidade de poder entrar na célula 
hospedeira, onde é clonado em muitas cópias. Existem várias possibilidades de 
clonização , como: clonização procariota-procariota (um segmento do plasmídeo do 
Staphylococcus aureus, que confere resistência à penicilina e à ampicilina, foi introduzido 
no plasmídeo p SC. 101); clonização de genes eucariotas em procariotas e, finalmente, 
clonização entre eucariotas.
2. Tecnologia do ADN – recombinante: ontologia
Criar in vitro novas formas de vida é velho sonho que a ciência biomédica impõe à 
realidade qua talis, como expressão da capacidade inventiva do Homo sapiens sapiens. 
Iniciou-se a ciência da vida pela descoberta da restrição e modificação, com barreiras 
interespecíficas, definidas pela evolução entre excessos de colectivização genética. Daqui 
passou a ciência biológica para a análise de genomas in vitro. Como a natureza não 
usurpara para si as enzimas de restrição (endonucleases), para a elaboração de genomas, 
a nova engenharia ultrapassou o velho aforismo: natura non facit saltus. Parece que 
estamos em presença de uma biotecnologia incontrolável e sem limites gnoseológicos. Os 
limites impostos, como antivalores, surgem pela suficiência biológica, desiquilíbrio 
ecológico, multiplicação incontrolada de espécies ou a guerra bacteriológica.
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Rev Bioet Latinoam 2012; vol 10: 31-45. 
A Engenharia Genética, com acuidade, veio colocar, em “crise ontológica”, os princípios da 
individuação e da especiação. Neste momento, não se trata de promover in vitro, para 
condições seleccionadas, recombinações intra-específicas celularmente, que se poderiam 
operar na natureza, mas antes levar a cabo a construção extra-celular e artificial pela 
recombinação entre moléculas, que a natureza ao que se sabe decretou incomunicáveis. 
Assim, tais moléculas artificialmente recombinadas são introduzidas num ser vivo, onde se 
autoperpetuam. Desta sorte, nova problemática biológica surge para se interpretar o 
axioma da ontologia escolástica (S. Tomás de Aquino), que caracteriza a individuação 
como materia quantitate signata e ainda uma nova visualização para a máxima da 
especiação: forma qualitate signata.
As espécies, ao romperem as suas barreiras ontológicas, impostas pela natureza, e de 
acordo com a nova tecnologia artificial de genomas, passaram a reger-se não pelo 
princípio de individuação, mas antes pelo princípio da especiação dos seres finitos. Se é 
certo que o quebrar das barreiras biológicas, definidas pela natureza, passando a vigorar 
dois princípios: natura facit saltus et forma qualitate signata, então não poderão ser 
menos certas duas condições ontológicas: uma condição ontológica, de raiz negativa, 
induzirá a “teratologia das espécies”. Porém, outra condição, na linha positiva, auferirá o 
melhoramento das espécies, e, segundo a antropologia, uma espécie mais perfeita ao 
manipularem-se os genes, para salvagurdar a alteração genética na evolução.
O plasmídeo é o aspecto qualitativo e o DNA – estranho define a quantidade de 
fenómenos in vitro, segundo a ontologia. 
Na linha da perfeição ontológica, diremos que o plasmídeo define o existir no fenómeno 
da clonização. Este será de ordem fenoménica, embora possa induzir mudanças 
substanciais, na linha biológica, segundo a causalidade. Segundo a tecnologia artificial de 
genomas, o vector é um plasmídeo usado como transportador do ADN – estranho. Assim, 
a recombinação do ADN com um vector origina um plasmídeo. Mas, o plasmídeo 
quimérico constitui-se como efeito, sendo a causa, o ADN – estranho, usando uma 
condição ontológica, isto é, o vector. O plasmídeo usado imprimirá sentido e direcção ao 
evento do “molecular cloning”. Assim, os genes não têm raça. 
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ADN – RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGIA, ONTOLOGIA E PROTOLOGIA 
Ramiro Délio Borges de Meneses
A raça, segundo o mapeamento genético e a biotecnologia, desapareceu,ficando somente 
a espécie. Este aspecto define uma visualização do princípio da especiação.
3. ADN – Recombinante: protologia
A irrupção da ciência biomédica no santuário da matéria e da vida não constitui, para a fé 
cristã, qualquer profanação ou sacrilégio. O versículo veterotestamental: crescite et 
multiplicamini et replete terram et subicite eam (Gen. 1:28) é entendido, pela antropologia 
teológica, como um convite do Criador ao H. sapiens sapiens para que este colabore na 
acção criadora do micro ao macrocosmos, que não saiu acabado de “Suas mãos” O 
biotecnologista, pelo seu labor cooperante, terá de completar aquilo que falta à obra 
criadora de Deus – Pai, segundo o Pentateuco. A ciência, nossa coeva, começa a capacitar 
a técnica para poder actuar a partir das raízes mais profundas da natureza. Assim, a 
evolução dos procariotas até aos eucariotas, passando, prioritariamente, pelo H. sapiens 
sapiens, poderá começar a depender do querer e da decisão do mesmo H. sapiens 
sapiens. Mas, tudo isto não é mais do que o prolongamento teológico, inscrito no livro do 
Génesis, marcando o arranque bíblico do “submeter, cultivar e dominar a terra”. Este 
mandamento divino significará, segundo a moderna protologia teológica, que o Homem 
se constitui como “co-criador” da obra divina do Universo e da Vida (G. Von Rad).
Logo, a este discurso paranético poderemos adicionar o que disse Jahwé à humanidade 
(Adão): tulit ergo dominus Deus hominem et posuit eum in paradiso voluptatis ut 
operaretur et custodiret illum...” (Genesis, 2:15). O jardim foi colocado para o Homem 
(Adaham = humanidade) e deverá entender-se, segundo a antropologia semita 
veterotestamentária, como doação nascida do gracioso cuidado de Jahwé-Eloim para com 
este ser criado, segundo a imagem e semelhança de Deus. (Gen. 1:27). O versículo, 
segundo H. Urs. Von Balthasar, – et creavit Deus hominem ad imaginem suam, ad 
imaginem Dei creavit illium masculum et feminam creavit eos (Genesis, 1:27), interpõe-se 
para separar a fecundidade humana da fecundidade infrahumana. Mas, homem e mulher, 
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Rev Bioet Latinoam 2012; vol 10: 31-45. 
segundo esta narrativa sacerdotal, aparecem no âmbito da “imagem de Deus”, colocando 
a humanidade bisexualmente, - traduzindo-a como criatura, nele se podendo identificar o 
conteúdo – imago et similitudo.
A vida criada por Deus, segundo a revelação bíblica, autoregenera-se, transmite-se per se 
e autocomunica-se, num longo processo histórico de autoevolução, previsto pelo desígnio 
criador de Deus (providência), que o crente aceita pela fé.
Aquele Deus, que é “bárá” do mundo capaz de autoregenerar e autoregular a vida 
biológica (biós), em todas as suas idiossincrasias, cria também um ser humano capaz de 
“cooperar” e “colaborar” e inserir no desígnio criador protológico. Esta inserção activa do 
homem num Eden, que sempre se pode actuar em termos positivos ou negativos, pela 
biotecnologia, fundamenta-se sobre a liberdade do todo, segundo a qual Deus o quis criar.
O homem foi chamado para “guardar” o jardim, significando a vocação do serviço e da 
administração, segundo o seu cuidado, não como propriedade sua. O cientista deverá 
entender estas palavras, como aquele que faz crescer e desenvolver o que Deus – Pai 
originou (bárá) sem devastar nem destruir. Foi assim que pela narrativa folclórica do 
Génesis, Deus outorgou esta primeira palavra, como dom gratuito, entregando à 
humanidade (Adão) as amplas dimensões daquele domínio, onde se moveria livremente, 
inserindo-se o H. sapiens sapiens na vida ad intra (trinitária) et ad extra (universo e 
criaturas) do De Deo Elevante.
Segundo o plano protológico, Deus é “bárá” (não no sentido ex nihilo sui et subjecti – 
Macabeus) e o homem dá livremente, ou não o seu contributo à obra criadora de Deus 
(ciência e tecnologia), não só relativamente ao ecossistema natural, como também à 
procriação e, até mesmo, à autorealização da vida. 
Com efeito, a vida, no âmbito da perspectiva bíblico-teológica, é uma “gabe” (dom) de 
Deus ao homem, que se transforma em “aufgabe” (contra-dom) ou em tarefa para o 
homem, tal como se expressa na biotecnologia, na responsabilidade para viver no tempo 
e na história pela “co-criação” com Deus. Aqui, está, em sentido teológico, o carinho de 
Deus para o homem, tornando-se seu colaborador, ao desvendar e manipular os segredos 
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ADN – RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGIA, ONTOLOGIA E PROTOLOGIA 
Ramiro Délio Borges de Meneses
e mistérios da vida. O homem é capax universi, porque Deus o quis “assim”, porque dele 
recebeu uma vida superior à de todos os outros seres sobre a terra. (Is. 64:7).
Só ao homem se incumbe a “tarefa” ou contra-dom (aufgabe) de colaborar, no plano 
protológico de Deus-Pai, ou, no plano criador, pela biotecnologia, segundo o dom (gabe) 
do mesmo Deus. Apenas, enquanto vive no tempo e no espaço, pelo arco limitado da vida 
terrena, o H. sapiens sapiens “deve” (sollen) servir ao Deus criador e às demais criaturas. 
O cientista não pode não responder àquele Deus, que o criou aceitando assumir as 
responsabilidades éticas que lhe são dadas. O homem, segundo o desígnio divino, é 
administrador da vida. E o esforço por uma melhoria biológica, para uma melhor 
hominização, corresponde ao sentimento do Criador. Não existem ora motivações 
filosóficas plausíveis ora razões teológicas reveladas, que torne ilícita a interferência do 
homem nos processo biotecnológicos e que imponham limites ao conhecimento e ao 
domínio da natureza.
Segundo Borré, ao homo sapiens et faber, criado à imagem e semelhança de Deus, está-
lhe confiada a “aufgabe” (dom e tarefa) de ser “co-criador”, deitando mão aos recursos 
biológicos do mundo (manipulando-os) e prolongando a acção divina para continuara a 
criação. O mandamento – dominai e submetei a terra – reveste-se numa gestão tão 
responsável e inteligente quanto ausente do domínio selvagem ou da exploração nefasta, 
Ao investigador em Biotecnologias compete o domínio sobre o criado, como interventor 
da criação. Esta é uma missão realizável através da biotecnologia e da bioquímica. Tais 
actividades são intrínsecas à lógica do projecto divino.
Conclusão
As decisões “morais” do H. sapiens sapiens, perante microrganismos geneticamente 
modificados, deverão ser orientadas normativamente (segundo o ditame objectivo) pela 
recta ratio agibilium, como prudens ao administrar a natureza genómica, respeitando a 
lógica intrínseca dos seres eucariotas e procariotas, sendo consciente na manipulação in 
vitro, avaliando riscos e benefícios. Contudo, o cientista deverá ser empreendedor na 
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transferência de genes de umas espécies para outras. Devemos apresentar duas 
formulações éticas: por um lado, a ética pragmática conduziria ao domínio incondicional 
do H. sapiens sapiens sobre os microrganismos, se os “manipulasse” a seu bel-prazer, com 
o menosprezo de ecossistemas; por outro, rejeita-se uma ética teleológica, na busca da 
conservação da natureza, sem atender às inúmeras possibilidades oferecidas pela 
modificação genética de microrganismos, em favor do progresso da humanidade, 
nomeadamente em Medicina, na Indústria Farmacêutica ou em Bromatologia. De grande 
aplicabilidade na manipulação genética são as éticas narrativas ou discursivas.
As terapias de células germinais ou de células somáticas não poderão pôr em perigo a 
vida, a saúde, a integridade e a dignidade pessoal do H. sapiens sapiens.Cumpra-se, 
assim, o adágio hipocrático: primum non nocere. Nunca os humanos, pela acção da 
tecnologia do ADN-recombinante, “devem”, sob ameaça perder a sua axiologia.
Eticamente pensando, a Manipulação Genética não foi criada para levar ao domínio do 
homem pelo homem e não foi feita para levar à “escravatura”, mas antes para humanizar 
e personalizar o ser humano pela aretologia.
A inviolabilidade do genoma não pode converter-se em dogma da ética genética, nem 
mesmo concebê-la ora universal ora atemporalmente. Este poderá ser questionável, como 
sucedeu ao dogma (afirmação) da genética molecular.
O cerne da questão ética reside nos critérios para o uso responsável da liberdade, 
implicando as normas limitativas na ordem axiológica. P. Ramsey insistiu, perante a 
manipulação genética, sobre a importância de uma ética que integre meios e fins. Deverá 
existir um critério ético fundamental centrado na dignidade da pessoa e na busca de um 
bem integral. À Engenharia Genética poderá aplicar-se o princípio ético de U. Eibach, 
inspirado em H. Jonas, actua de tal forma que as consequências da tua acção não possam 
destruir ou colocar em perigo ou diminuir a possibilidade da vida humana e do meio 
ambiente na actualidade e no futuro.
Frente à biotecnologia surge o princípio fundamental da responsabilidade de H. Klompse, 
que vem de M. Weber (ética da responsabilidade perante a ética das convicções).
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ADN – RECOMBINANTE: BIOTECNOLOGIA, ONTOLOGIA E PROTOLOGIA 
Ramiro Délio Borges de Meneses
Segundo Mc Cormick, surgem as seguintes exigências éticas, que “deverão” estar 
presentes na tecnologia de genomas in vitro: respeito pela vida; interdependência das 
diferentes estruturas dentro do nosso ecossistema; diversidade dos seres humanos e a 
unicidade de cada um; a responsabilidade e as prioridades da investigação devem 
responder aos imperativos da justiça distributiva (Aristóteles). Nesta área, a 
multidimensionalidade do ser humano, pelo aspecto biológico, converte a natureza 
biológica em “norma ética, onde a criteriologia do juízo moral se funda na dignidade da 
pessoa humana e dos seus actos (Gaudium et Spes, 51).
Revista de Bioética Latinoamericana / 2012/ volumen 10 / Pagina 31-45 / ISSN: 2244-7482. 
Rev Bioet Latinoam 2012; vol 10: 31-45. 
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Cooper, G. M. – The Cell, a molecular approach, ASM Press, Washington, 1997.
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Ramiro Délio Borges de Meneses
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	Summary
	Key-Words: Recombinant DNA, prothology and onthology.

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