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Trauma de pelve (1)

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Beatriz Menegotto Tostes 
Clínica Cirúrgica II 
Trauma de pelve 
• No trauma pélvico, como qualquer trauma, deve ser respeitado o ABCDE e só depois 
vamos partir para o mecanismo do trauma propriamente dito. 
 
• Como pacientes com fraturas pélvicas e hipotensão tem uma alta taxa de mortalidade, 
qualquer tomada de decisão é fundamental para um bom desfecho clínico. Fraturas 
pélvicas associadas a hemorragia comumente apresentam ruptura dos ligamentos ósseos 
posteriores (sacro ilíaco, sacro tuberoso, sacro espinhoso e fibromuscular do assoalho 
pélvico) evidenciado por uma fratura sacral, uma fratura saco ilíaca e/ou luxação da 
articulação sacro ilíaca. 
 
Mecanismo de trauma e classificação: 
• Lesões do anel pélvico podem ser causadas por acidentes automobilísticos, acidentes de 
moto, atropelamentos, esmagamento direto da pelve ou quedas. 
• As fraturas pélvicas são classificadas em 4 tipos, com base nos padrões de força da lesão: 
o Compressão anteroposterior (AP) LIVRO ABERTO → esse tipo de compressão é 
frequentemente associado com colisões frontais de motocicleta e carros. Este mecanismo 
produz rotação externa da hemipelve com afastamento da sínfise púbica e esgarçamento 
do complexo ligamentar posterior. O anel pélvico rompido se afasta rompendo o plexo 
venoso posterior e os ramos do sistema arterial ilíaco interno. A hemorragia pode ser grave 
e fatal. 
o Compressão lateral → Envolve força lateral diretamente aplicada à pelve, é o mecanismo 
mais comum de fratura pélvica em uma colisão de carros. Em contraste com a compressão 
AP, a hemipelve gira internamente durante a compressão lateral reduzindo o volume 
pélvico e reduzindo a tensão nas estruturas vasculares pélvicas. Esta rotação interna pode 
direcionar o púbis ao sistema geniturinário inferior, causando lesões potenciais na bexiga 
e/ou uretra. A hemorragia e outras sequelas de lesão por compressão lateral raramente 
são fatais. 
o Cisalhamento vertical → O cisalhamento vertical da articulação sacro ilíaca também pode 
romper a vascularização ilíaca e causar hemorragia grave. Neste mecanismo, uma força de 
cisalhamento de alta energia ocorre ao longo de um plano vertical nos aspectos anterior e 
posterior do anel. Este cisalhamento rompe os ligamentos sacrotuberoso e sacroespinhoso 
levando à instabilidade pélvica. Uma queda de altura superior a 36,6 metros geralmente 
resulta em uma lesão por cisalhamento vertical. 
o Mecanismos combinados 
• A hemorragia é o principal fator potencialmente reversível, que contribui para a 
mortalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Beatriz Menegotto Tostes 
Clínica Cirúrgica II 
Tratamento: 
• O tratamento inicial de uma fratura pélvica grave associada a choque hemorrágico requer 
tanto o controle do sangramento como a reposição volêmica. O controle da hemorragia é 
obtido por meio de estabilização mecânica do anel pélvico e contrapressão externa. 
• Os pacientes com estas lesões podem ser avaliados e tratados inicialmente em hospitais 
sem recursos para tratar definitivamente a hemorragia associada. Nesses casos, técnicas 
simples podem ser usadas para estabilizar a pelve, antes de transferir o paciente. 
• Como as lesões pélvicas associadas a grandes hemorragias rodam externamente a 
hemipelve, a rotação interna dos membros inferiores também pode reduzir o volume 
pélvico. 
• Ao aplicar um suporte diretamente a pelve do paciente é possível estabilizar a pelve 
fraturada, reduzindo ainda mais o potencial de hemorragia pélvica. Um lençol, cinta 
pélvica ou outro dispositivo pode produzir uma fixação temporária eficiente para a pelve 
instável quando aplicada ao nível dos trocânteres maiores dos fêmures. 
• Nos casos de lesões por cisalhamento vertical, a tração longitudinal aplicada através da 
pele ou do esqueleto também pode ajudar a proporcionar estabilidade. Isso deve ser feito 
com a consulta de um ortopedista. 
• Cintas pélvicas externas são um procedimento de emergência temporário. A aplicação 
adequada é obrigatória e os pacientes com cinta pélvica exigem monitoramento 
cuidadoso. Cintas apertadas ou as que permaneceram na posição por períodos prolongado 
podem causar lesões na pele ou ulcerações sobre as proeminências ósseas. 
 
• Para o tratamento definitivo dos pacientes com alterações hemodinâmicas relacionadas a 
uma fratura pélvica, é necessária uma equipe composta por um cirurgião de trauma, um 
cirurgião ortopédico, um radiologista intervencionista e um cirurgião vascular. A 
embolização angiográfica é frequentemente utilizada para parar hemorragia arterial 
relacionada a fraturas pélvicas. 
• O empacotamento pré-peritoneal é um método alternativo para controlar a hemorragia 
pélvica quando a embolização demorar ou não estiver disponível. 
• A consideração precoce de transferência para um centro de trauma é essencial. Em 
ambientes de recursos limitados, a ausência de recursos cirúrgicos e/ou angiográficos para 
pacientes hemodinamicamente instáveis com fraturas pélvicas ou pacientes 
hemodinamicamente normais com lesão significativa de órgãos sólidos requer 
transferência precoce para um centro de trauma com recursos disponíveis.

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