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SEGMENTO ANTERIOR I - Parte II


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SEGMENTO ANTERIOR I – Parte II
PÁLPEBRAS E SUPRACÍLIOS
Músculos palpebrais:
 As pálpebras são movidas por dois tipo de músculos:
 A) OS PROTACTORES (que encerram as pálpebras):
 O músculo orbicular é o principal responsável pelo encerramento palpebral e tem um papel fundamental no funcionamento da bomba lacrimal. Está inervado pelo nervo facial (VII par craniano), e divide-se em 3 porções:
 Porção pré-tarsal: na face anterior do tarso e encarrega-se do encerramento palpebral espontâneo involuntário. Próximo do canalículo comum, as fibras mais profundas fundem-se para formar o músculo tensor do tarso (músculo de Horner), que se insere na crista lacrimal atrás do ligamento cantal interno. A sua contração posiciona o ponto lacrimal no lago lacrimal.
 Porção pré-septal: encontra-se sobre o septo orbitário, e é também responsável pelo encerramento palpebral espontâneo involuntário. Assim como a porção pré-tarsal, também se insere à frente e atrás da via lacrimal, de modo que ao contrair-se e relaxar-se cria as variações de pressão necessárias para o funcionamento da bomba lacrimal.
 Porção orbitária: cobre o rebordo orbitário e é encarregado do encerramento forçado das pálpebras.
O Músculo de Riolano é uma fina porção do orbicular que recobre o tarso por detrás da margem livre que tem como finalidade justapor a pálpebra ao globo ocular em todas as posições do olhar, assim como a secreção das glândulas de Meibömio, e a posição das pestanas. É o responsável pela linha cinzenta do bordo palpebral. O músculo corrugador, que se insere no rebordo orbitário supero-interno e na pele do supracílio, pela sua contração aproxima a cabeça dos dois supracílios, provocando o pregueamento vertical da pele. O músculo Procerus ou piramidal, que se insere no osso frontal e a pele da glabela, que na sua contração desce a cabeça do supracílio, provocando o pregueamento horizontal da pele.
 
B) OS RETRATORES (que abrem as pálpebras):
 O músculo elevador, é o principal elevador da pálpebra superior, encarrega-se da sua abertura voluntária e é inervado pelo nervo motor ocular comum (III par craniano). Insere-se no anel de Zinn no vértice da órbita e caminha para diante por debaixo do teto da órbita. Quando sai da órbita, e após ligações ao ligamento suspensor de Whitnall transforma-se em aponeurose, e muda de direção para a pálpebra, onde se inserem forma de leque, na face anterior do tarso, enviando também feixes para o músculo orbicular pré-tarsal (provocando a prega da pele da pálpebra superior), e duas asas, para os ligamentos cantais interno e externo (mais densa). O músculo de Müller, é um músculo fino de 10 mm de extensão, desde o bordo superior do tarso até ao músculo levantador da pálpebra superior. É inervado pelo SNA (simpático) e a sua função é a abertura palpebral involuntária (tem uma função de 2-3 mm).
 O músculo frontal, faz parte do complexo músculo-facial occipito-frontal, e é enervado pelo nervo frontal, ramo do facial (VII par craniano).
 Os retratores da pálpebra inferior têm como função descer a pálpebra inferior no olhar para baixo. O equivalente ao músculo elevador da pálpebra superior é, na pálpebra inferior, a fáscia capsulo palpebral, banda fibrosa densa que se insere no bordo inferior do tarso inferior, caminha para trás e engloba o músculo pequeno oblíquo e continua até alcançar o músculo reto inferior. O equivalente ao ligamento suspensor de Whitnall é, na pálpebra inferior, o ligamento de Lockwood, composto por uma condensação de fibras junto ao músculo pequeno oblíquo. Neste nível, emite o ligamento suspensor do fórnix, que puxa o fundo de saco para baixo. O músculo tarsal inferior é o equivalente ao músculo de Müller, e situa-se entre a conjuntiva e o prolongamento da fáscia até ao bordo inferior do tarso inferior.
ALTERAÇÕES PALPEBRAIS E SUPRACILIARES
Bolsa palpebral: problema estético, podendo estar hiperemiada, edemaciada. Existe um septo orbitário que segura a gordura próxima ao globo ocular, com o avançar da idade o septo perde sua tensão, e acaba derrubando a gordura sobre a pálpebra inferior.
 
Dermatocalase: quando a pálpebra superior apresenta flacidez e cai sobre o globo ocular, atrapalhando a visão do paciente, comum em idade avançada. 
Entrópio: quando a pálpebra inverte para dentro do olho, os cílios ficam em contato com o globo ocular, causando sensação de corpo estranho, hiperemia, lesão de córnea. 
Dois tipos de entrópio: (1) senil – flacidez do ligamento orbicular; (2) cicatricial, principalmente por tracoma. 
Triquíase: o cílio toca a córnea, pois cresce em direção do globo ocular, por cicatrização do tarso. 
Causa principal: tracoma. 
Tratamento: laser, eletrocauterização da raiz do cílio. 
Ectrópio: a borda da pálpebra fica evertida, podendo ser senil ou cicatricial (por tracoma), como no caso do entrópio. Também há o ectrópio tracional. Flacidez do ligamento lateral da pálpebra. 
QC: hiperemia de pálpebra, conjuntiva exposta com ressecamento, sintomas de irritação, lacrimejamento. 
Tratamento: cirúrgico. 
Caso o paciente não queira fazer cirurgia, recomenda-se utilizar lubrificante ocular, passar 3 a 4x/dia para manter a conjuntiva úmida. Existe um tipo de ectrópio causado por retração da pálpebra devido à exposição solar intensa, denominada retração actínica, relacionada à CBC. 
Blefarite maginal: blefarite seborreica causada por dermatite seborreica da raiz do cílio. 
Tratamento: higiene local e tratar dermatite seborreica de outras partes do corpo, pode ser usado pomada de corticoide. Quando há infecção secundária por S. aureus, o quadro torna-se intenso e grave, com tilose (borda da pálpebra espessada) e madarose (ausência de cílios), neste caso usar ATB (tetraciclina VO e local). 
Blefarite alérgica: ardência, prurido, escurecimento das pálpebras (geralmente causada por benzalcônio – substância presente em alguns colírios, para evitar contaminação). Tratamento: pomada oftálmica de corticoide, anti-histamínico oral. 
Edema palpebral: sem causa patológica, geralmente a causa é traumática.
Tratamento: compressa com gelo ou SF gelado; uso de anti-histamínico. 
Equimose palpebral: traumática. 
Blefaroespasmo: uma distonia facial caracterizada por contração espontânea, espasmódica, bilateral, involuntária dos músculos protatores da pálpebra (músculo orbicular, corrugador do supercílio e procerus).
Distiquíase: dupla fileira de cílios, anormalmente posicionada atrás da linha cinzenta, usualmente, nos orifícios das glândulas de Meibomius.
Xantelasma: tumor benigno, de origem conjuntival, resultante da infiltração na derme e no corpo papilar de células xantomatosas. 
Lagoftalmo: fenda palpebral, paciente não é capaz de fechar o olho, causa principal é paralisia de nervo. 
Ptose: abaixamento global dos cílios ou de importantes segmentos dos mesmos. A ptose ciliar é sempre um problema de atonia da lamela anterior, causando perda da função do músculo de Riolan e, portanto, abaixamento mais ou menos acentuado dos cílios.

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