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Camila Gondo Galace – Ortopedia (Alberto) FRATURAS EXPOSTAS É aquela em que há comunicação entre o foco de fratura e o ambiente externo, geralmente através de uma lesão na pele. Nem sempre o osso está aparente, como fraturas com comunicação com o tubo digestivo, vagina e ânus, além disso, mesmo na presença de ferida às vezes não é possível visualizar a fratura. Se uma fratura ocorre no mesmo segmento do membro da ferida, a mesma deverá ser considerada exposta até que se prove o contrário. Se o ferimento for superficial e não evidenciar a fratura, então não é fratura exposta. Se houver contato do osso com o meio externo através de uma ferida deve ser pesquisada a presença de saída de sangue. ETIOPATOGENIA Acidentes de alta energia, geralmente associada a outras lesões (politraumas) ou pacientes com baixa defesa musculoesquelética em traumas menores. · O maior problema da fratura exposta é quando o tecido fica avascular. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: inspeção e palpação, para diferenciar ferimento próximo à fratura e às fraturas expostas ocultas (fratura da pelve que pode perfurar ânus ou aparelho genital). IMAGEM: RX em 2 incidências ortogonais com articulação proximal e distal. Classificação de Gustilo-Anderson É feita de acordo com o tamanho do ferimento, grau de desvitalização dos tecidos (grau de deslocamento do osso, quantidade de energia cinética absorvida) e grau de contaminação (depende basicamente do local onde ocorreu a lesão, ambiente rural, terra, grama, asfalto; esse fator é o que torna a fratura gravíssima) e lesões associadas. TIPO 1: lesão < 1 cm + lesão de partes moles mínima Desvitalização mínima de dentro para fora e traço simples. Lesão pequena, espículas ósseas perfuram a pele TIPO 2: lesão = 1-10 cm + lesão de partes moles moderada De fora para dentro e fratura Multifragmentar (danos maiores) TIPO 3: lesão > 10 cm + lesão de partes moles grave Geralmente não é possível cobrir o osso Grande contaminação, trauma de alta energia 3A: é possível cobrir o osso com partes moles 3B: não é possível cobrir o osso exposto (necessita de reconstrução cirúrgica) 3C: perda de tecidos ou lesão arterial DIAGNOSTICO DIFERENCIAL - Luxações expostas e ferimentos próximos à fratura - Articulação aberta é considerada fratura exposta TRATAMENTO 1. ABCDE (segundo ATLS) Ressuscitação (se necessária) → estabilização do paciente 2. Cobertura da ferida com curativo estéril (sempre fazer compressão dos vasos lacerados se possível, garroteamento não é utilizado) e imobilização provisória (tala). 3. Evitar infecção (profilaxia contra o tétano, antibioticoprofilaxia com cefalosporina 3ª geração por 3 semanas e analgesia) permitindo a cicatrização dos tecidos moles e osso, reestabelecendo a anatomia e função o mais precocemente possível. 4. Avaliação das partes moles em ambiente estéril e avaliação neurovascular (pulsos periféricos, perfusão). 5. Radiografia de boa qualidade (somente após examinar e estabilizar o paciente e o membro afetado). 3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: desbridamento (remoção de corpo estranho, tecidos desvitalizados, reduzir contaminação e criar ferida vascularizada) + estabilização + cobertura cutânea AVALIAÇÃO INICIAL: cirurgia primária + secundária Cirurgia primária → é a lavagem e desbridamento com assepsia e antissepsia definitiva para a estabilização da fratura, sendo que até a classificação 3A pode-se usar placas, parafusos ou hastes intramedulares e acima do tipo 3A apenas fixação externa. Cirurgia secundária → ocorre após 48-72 horas para a revisão do desbridamento, reconstrução e reparação do revestimento cutâneo e correções dos desvios e estabilizações. · O tratamento é feito em até 3 semanas e então é feita a fixação definitiva (facilita o manuseio do paciente, ajuda a diminuir a proliferação bacteriana e evita a perpetuação da lesão de partes moles). Todo tecido desvascularizado (osso solto ou pouco aderido) deve ser retirado, pois funciona como corpo estranho. Não retirar vaso e nervo, mesmo que estejam pouco aderidos. Ferimento de até 6 horas já é potencialmente contaminado, acima de 6 horas provavelmente contaminado e acima de 12 horas já é contaminado. Métodos de reparação do revestimento cutâneo: sutura primaria, enxerto de pele, retalhos convencionais e retalhos microcirúrgicos. COMPLICAÇÕES INFECÇÃO: desbridar e manter ferimento aberto, drenado e estabilizado com antibioticoterapia de acordo com a CCIH. Lavar a ferida geralmente com 5-7 litros de soro fisiológico Desbridamento para retirar tecidos moles FALHA NA CONSOLIDAÇÃO: consequência da lesão de partes moles e devem ser tratadas precocemente. LESÕES VASCULO-NERVOSAS: lesões vasculares tratar na urgência e as nervosas assim que tiver condições de partes moles. GANGRENA GASOSA: grave, põe risco à vida, causa crepitação e odor característico. Paciente apresenta febre, palidez, edema e toxemia. Tratamento: é por desbridamento amplo e amputação, se necessário. EMBOLIA GORDUROSA: confusão mental, dispneia, insuficiência respiratória, taquicardia, petéquias. O diagnóstico é fundamentalmente clínico e tratamento é hidratação. No politrauma, deve-se estabilizar precocemente. Todo tecido desvascularizado deve ser retirado e jogado fora, não adianta ser recolocado. Pode ser partes ósseas, tendão, músculos, vasos, entre outros, em sua grande maioria de até 6 horas de ocorrência, porque após 6 horas as estruturas já não apresentam vida Com o rompimento de vasos, há mistura da medula óssea, que contém partículas de gordura com sangue que é levado ao pulmão e que pode chegar ao cérebro, rim e coração, obstruindo os vasos capilares. · Geralmente o início é gradual, com hipóxia, sintomas neurológicos, febre e erupções cutâneas (petéquias que surgem, tipicamente, de 12-36 horas após a injúria) PROGNÓSTICO - Proporcional ao nível de energia que causou o trauma. - A evolução do caso depende a extensão/quantidade de tecido desvitalizado.
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