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Indaial – 2021 Planejamento de mídia Prof. César Steffen 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. César Steffen Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S817p Steffen, César Planejamento de mídia. / César Steffen. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 206 p.; il. ISBN 978-65-5663-509-5 ISBN Digital 978-65-5663-510-1 1. Mídia (Publicidade) - Planejamento. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 659.13 aPresentação Seja bem-vindo aos estudos de planejamento de mídia, uma área de importância fundamental; estratégica para a comunicação e a publicidade; e que está passando por profundas transformações e até mesmo mutações desde que o digital surgiu e se espalhou por todos os lados, todas as áreas e fazeres da sociedade. Essa chegada trouxe uma mudança permanente e constante à comunicação e à mídia, levantando até mesmo o questionamento do que é uma mídia. Muitos pesquisadores direcionam seu foco para apontar a mídia como uma linguagem, uma forma particular e específica de organizar e transmitir informações. Outros ainda mantêm o foco no suporte e na forma de transmissão. Independentemente do paradigma e do foco, a mídia é e se faz está presente no cotidiano da sociedade contemporânea, informando, entretendo, divertindo, ocupando um espaço fundamental no contexto contemporâneo. Não somos somente receptores, consumidores, mas, também, graças ao digital, geradores, produtores de conteúdo, fornecedores de mídia para aqueles com quem nos relacionamos. Até este momento a humanidade não tinha vivido um período de tamanha liberdade e facilidade de acesso à informação, que muda e altera a relação das pessoas com o conhecimento e é um desafio para os profissionais que atuam com a comunicação, que precisam levar suas mensagens para as pessoas. Neste livro serão abordados os conceitos, elementos, formatos, técnicas, linguagens e ferramentas que precisam ser conhecidas, reconhecidas e aplicadas para que uma mensagem chegue ao seu público, independentemente da tecnologia, do suporte, ofertando assim a base para a atuação no campo da comunicação. Na Unidade 1, apresentaremos os conceitos, técnicas e elementos essenciais, fundamentais para a compreensão e aplicação na área de mídia, visto que mesmo um profissional de comunicação que não deseja atuar nessa área poderá desenvolver plenamente suas atividades. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos os meios digitais, as mídias interativas, redes sociais e o impacto delas no planejamento de mídia para, então, na Unidade 3, tratar especificamente da construção de um planejamento de mídia. Boa leitura e bons estudos! Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA .......... 1 TÓPICO 1 — MÍDIA .............................................................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 O QUE É MÍDIA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES .......................................................................... 4 2.1 TERMINOLOGIA DA ÁREA DE MÍDIA ................................................................................. 10 2.2 BREVE HISTÓRICO DA MÍDIA NO BRASIL .......................................................................... 18 2.3 A RELAÇÃO ENTRE MÍDIA E MARKETING ........................................................................ 22 2.4 PROCESSOS DE DECISÃO EM MÍDIA .................................................................................... 25 2.5 PESQUISA DE MÍDIA E INSTITUTOS DE PESQUISA .......................................................... 28 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 33 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34 TÓPICO 2 — MEIOS ............................................................................................................................ 37 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37 2 MEIOS E SUAS CARACTERÍSTICAS .......................................................................................... 38 2.1 JORNAL ......................................................................................................................................... 38 2.2 REVISTA ......................................................................................................................................... 41 2.3 OUTDOOR ..................................................................................................................................... 42 2.4 RÁDIO ............................................................................................................................................ 44 2.5 CINEMA ......................................................................................................................................... 46 2.6 TV ABERTA ................................................................................................................................... 49 2.7 TV POR ASSINATURA ................................................................................................................ 50 2.8 DIGITAL ......................................................................................................................................... 52 RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................54 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 55 TÓPICO 3 — MEIOS X VEÍCULOS .................................................................................................. 57 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 57 2 OS ELEMENTOS BÁSICOS PARA A MÍDIA ............................................................................. 58 2.1 MÍDIA E PUBLICIDADE ............................................................................................................. 61 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 68 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 69 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 70 UNIDADE 2 — AS MÍDIAS DIGITAIS ........................................................................................... 71 TÓPICO 1 — O DIGITAL COMO MÍDIA ...................................................................................... 73 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73 2 O DIGITAL COMO MÍDIA: CARACTERÍSTICAS ................................................................... 74 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 85 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 86 TÓPICO 2 — O CENÁRIO DAS MÍDIAS COM O DIGITAL .................................................... 87 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 87 2 RECURSOS DE MÍDIA DIGITAL ................................................................................................. 89 2.1 BANNERS E REDE DISPLAY ..................................................................................................... 92 2.2 WEBSITE E BLOGS ....................................................................................................................... 95 2.3 REDES SOCIAIS COMO VEÍCULOS DE MÍDIA .................................................................... 97 2.4 FACEBOOK .................................................................................................................................. 101 2.5 INSTAGRAM ............................................................................................................................... 103 2.6 TWITTER ...................................................................................................................................... 105 2.7 LINKEDIN .................................................................................................................................... 107 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 109 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110 TÓPICO 3 — COMO ANALISAR UMA REDE SOCIAL PARA APLICAÇÃO COMO MÍDIA ........................................................................................................... 111 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 111 2 REDE SOCIAL PARA APLICAÇÃO COMO MÍDIA ............................................................... 111 3 STREAMING É MÍDIA? ................................................................................................................ 118 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 122 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 123 TÓPICO 4 — NO MEDIA OU MÍDIA ALTERNATIVA ............................................................. 125 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 125 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 132 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 133 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 135 UNIDADE 3 — O PLANEJAMENTO DE MÍDIA ........................................................................ 137 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO DE MÍDIA ............................................................................... 139 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 139 2 O BRIEFING DE MÍDIA ................................................................................................................ 142 3 MERCADO-ALVO E MÍDIA ........................................................................................................ 149 3.1 PÚBLICO ..................................................................................................................................... 151 3.2 VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS ................................................................................................ 152 3.3 VARIÁVEIS COMPORTAMENTAIS (PSICOGRÁFICAS) ................................................... 154 3.4 VARIÁVEIS DO PRODUTO ...................................................................................................... 156 3.5 SAZONALIDADE ..................................................................................................................... 157 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 159 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 160 TÓPICO 2 — OBJETIVOS DE MÍDIA ........................................................................................... 161 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 161 2 O ESSENCIAL PARA A CONSTRUÇÃO DO CAMINHO ..................................................... 161 3 ALCANCE E FREQUÊNCIA .......................................................................................................... 163 3.1 CONTINUIDADE (TIMING) .................................................................................................... 164 3.2 GRP ............................................................................................................................................... 166 3.3 BALANCEAMENTO ALCANCE-FREQUÊNCIA................................................................. 167 3.4 OBJETIVO DE MÍDIA QUANTO AO PÚBLICO ................................................................... 168 3.5 OBJETIVO DE MÍDIA QUANTO AO MERCADO................................................................ 169 3.6 OBJETIVO DE MÍDIA QUANTO AO PRODUTO ................................................................. 170 RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................172 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 173 TÓPICO 3 — AVALIAÇÃO DE CUSTOS ..................................................................................... 175 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 175 2 CUSTO POR GRP ............................................................................................................................ 176 3 CPM .................................................................................................................................................... 177 4 BIG DATA APLICADO AO PLANEJAMENTO DE MÍDIA .................................................... 178 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 184 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 185 TÓPICO 4 — O PLANO DE MÍDIA ............................................................................................... 187 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 187 2 DELIMITAÇÃO DE VERBA POR MEIO .................................................................................... 190 3 DELIMITAÇÃO DE VERBA POR VEÍCULO ............................................................................ 191 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 193 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 194 TÓPICO 5 — MODELO DE PLANO DE MÍDIA ......................................................................... 195 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 195 2 INFORMAÇÕES BÁSICAS ........................................................................................................... 195 3 OBJETIVOS DE MÍDIA ................................................................................................................. 196 4 PÚBLICO(S) ...................................................................................................................................... 197 5 ESTRATÉGIA DE MÍDIA .............................................................................................................. 198 6 CRONOGRAMA DE VEICULAÇÃO .......................................................................................... 198 7 MIX DE MEIOS ................................................................................................................................ 199 8 COBERTURA GEOGRÁFICA ...................................................................................................... 199 9 CONTINUIDADE OU TIMMING ................................................................................................ 200 10 VERBA E DISTRIBUIÇÃO .......................................................................................................... 201 11 VERIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO ................................................................................................ 201 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 202 RESUMO DO TÓPICO 5................................................................................................................... 203 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 204 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 205 1 UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • apresentar o conceito de mídia no campo da comunicação; • esclarecer a terminologia da área; • observar e analisar os elementos fundamentais da área de mídia e comunicação; • estabelecer os fundamentos da área de mídia. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – MÍDIA TÓPICO 2 – MEIOS TÓPICO 3 – MEIOS X VEÍCULOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 MÍDIA 1 INTRODUÇÃO A palavra “Mídia” não raro carrega, especialmente em nosso país, uma imprecisão de significados que precisa ser esclarecida. Muitas vezes a palavra mídia é aplicada se referindo ao meio, ou seja, a tecnologia e formato de suporte da informação. Outras vezes, fala do campo social (BOURDIEU, 2000) cuja habilidade é fazer circular conteúdos e informações na sociedade. Outras vezes refere-se à imprensa, ao jornalismo, e não raro também a um veículo específico. FIGURA 1 – MÍDIA E, EM ESSÊNCIA, COMUNICAÇÃO, CONSTRÓI-SE PELO IMAGINÁRIO DAS PESSOAS, MAS TAMBÉM FORMA O IMAGINÁRIO FONTE: <https://bit.ly/3wHK3TR>. Acesso em: 22 mar. 2021. Isso demonstra uma imprecisão conceitual que, para os objetivos deste estudo, não pode resistir, nem persistir. Assim, ocupamo-nos neste início a, recorrendo a diferentes linhas e análises dentro do campo da comunicação, esclarecer o sentido que a palavra mídia adquire no contexto desta obra. Como conta Veronezzi (2002, p. 15) “eram comuns brincadeiras jocosas que as pessoas faziam misturando trabalhar em mídia, com a expressão pejorativa fazer média”. A palavra em português mídia deriva do latim medium, que significa, em tradução literal, meio. Dentro do campo da comunicação, a expressão surge e é aplicada primeiramente nos estudos do Mass Communication Research (WOLF, 2012) ainda na década de 1920, perdurando nos estudos desse campo social até a atualidade. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 4 2 O QUE É MÍDIA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES O termo mídia tem origem na palavra media (meio, do inglês). Até a década de 1960, no Brasil, o termo era empregado na sua grafia original, tanto pelas empresas de comunicação quanto pelos anunciantes. De acordo com Veronezzi (2002), quem originalmente empregou o termo mídia foi o Grupo de Mídia São Paulo. A partir de então, ele foi popularizado por Paulo Francis, em artigos redigidos para a Folha de São Paulo nos quais passou a empregar o termo mídia para designar todos os meios de comunicação. Observa-se que, no Brasil, optou-se ou seguiu-se a lógica norte-americana, na qual o inglês medium fez surgir a palavra mídia para referir-se aos meios. Os meios de comunicação rádio, cinema e jornal eram os únicos até então, mas com o passar do tempo as linhas de pesquisa e os focos foram se ampliando, criando visões das mais díspares. Neste contexto, as palavras suporte, tecnologia, ambiente e mesmo instrumento se mostraram como sinônimos de meio e mídia, sendo diferentes formas de referir a um mesmo elemento e processo em diferentes visões e formas de análise. FIGURA 2 – TECNOLOGIAS GANHAM SENTIDO, ESPAÇO E DENOMINAÇÃO DE MÍDIA À MEDIDA QUE AS PESSOAS AS USAM FONTE: <https://bit.ly/3uy2N6e>. Acesso em: 22 mar. 2021. Trataremos em detalhes da aplicabilidade da mídia ao longo deste e dos demais capítulos deste livro. ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 — MÍDIA 5 Jacques Perriault (1991), pesquisador e pensador Francês da comunicação, afirma que uma tecnologia só ganha sentido através dos usos que as pessoas fazem dela. Seguindo essa pista, essatrilha deixada pelo autor, vemos que uma mídia só tem valor, ganha sentido a partir da maneira como a sociedade relaciona-se com ela. Ou seja, à medida que a sociedade cresce e tem seus processos e interações diretas diminuídas ou dificultadas, a mídia passa a assumir, gradativamente, o papel de mediadora dos processos e fazeres dos diversos integrantes da sociedade, realizando os contatos e negociações entre os campos através de suas redes técnicas e linguagens. As interações e circulações de conteúdos geram o valor e impacto da mídia no contexto social, devido às trocas discursivas que se realizam em torno de questões de interesse comuns dessa sociedade. Assim, através da comunicação e da circulação de discursos formam- se os processos de negociação. Ora, se é função e natureza operativa da mídia circular discursos dos diversos campos, há de se considerar que se forma assim sua competência como instância de mediação social. Claro que integrantes da sociedade mantêm relações diretas e autônomas entre si, negociando suas demandas e resolvendo seus conflitos. Entretanto, nas sociedades modernas e contemporâneas, com o crescimento populacional, a concentração urbana e a assincronia das dinâmicas individuais, e devido a sua natureza simbólica e consequente atividade de circular os processos, demandas e fazeres dos atores sociais na sociedade, a mídia ascende como instância maior, e até mesmo central, do processo de mediação, interação e visibilidade sociais. A mídia torna-se um importante elemento de organização da esfera pública, exercendo um papel de forte influência ou mesmo de preponderância nos processos políticos. A mídia deve ser encarada como sujeito, como elemento que dá a ação e faz a ação, que expõe e faz exposto, que media e se faz mediadora e opera a visibilidade do processo dos campos nas sociedades contemporâneas. Os integrantes, atores sociais, assim, acoplam-se ao campo midiático, ou seja, unem- se por um fazer, uma estratégia ou um elemento comum aos seus interesses para se fazerem visíveis e buscar cumprir seus objetivos. Assim, nessas perspectivas, percebemos que um meio de comunicação social, uma mídia, não deve ser entendido como suporte técnico ou somente como processo simbólico em ampla escala, mas como um dispositivo de comunicação a serviço de subjetividades e identidades que deste se utilizam para projetar para outro mensagens e enunciados conduzidos através de uma tecnologia. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 6 FIGURA 3 – MÍDIA ARTICULA DIVERSAS FERRAMENTAS, ESTILOS, CONHECIMENTOS E SENTIMENTOS FONTE: <https://cdn.pixabay.com/photo/2017/02/20/14/18/media-2082641_960_720.jpg>. Acesso em: 22 mar. 2021. Somando, articulando as visões dos autores, vemos que a tecnologia é a base de um meio de comunicação social, influindo diretamente em suas linguagens e processos. No entanto, um meio sustenta sua existência ou tem valor social através dos usos para os processos que a sociedade promove e reconhece nestes meios. Podemos concluir então que uma tecnologia de linguagem só irá se desenvolver como mídia se a ela for dado valor e sentido pelas pessoas. Logo, uma mídia deve se caracterizar como tal pelos usos, apropriações, interações e mediações que os diversos campos promoverem através desta tecnologia. Porém, para que isso aconteça, não podemos deixar de considerar que cada meio tem sua maneira própria, específica de apresentar e organizar as informações. Por exemplo, jornal e revista eram, antes do surgimento do digital, impressos em papel. Todavia, mesmo usando o mesmo suporte, cada um deles tem uma forma específica de organizar e de apresentar a informação para seus leitores. O jornal é mais rápido, direto, de consumo mais fugaz, enquanto a revista tende a ser mais visual e a apresentar informações mais focadas e com maior aprofundamento. A questão social, de oferta ou de acesso para grandes grupos de pessoas ao mesmo tempo, é central para a compreensão do conceito de mídia. IMPORTANT E TÓPICO 1 — MÍDIA 7 FIGURA 4 – MEIOS COEXISTEM E, À MEDIDA QUE A SOCIEDADE EVOLUI E MUDA, PODEM TER SEU PAPEL E IMPACTO ALTERADOS FONTE: <https://klickpages.com.br/blog/tecnicas-de-marketing/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Isso é o que se denomina de “gramáticas de produção”, os elementos de linguagem específicos de cada meio, que marcam as suas especificidades, benefícios e limitações, e também somando formas próprias de uso e recursos estéticos, visuais e textuais que devem ou podem ser manipulados por aqueles que desejam projetar-se sobre outros. Podemos notar então que linguagem e técnica se condicionam mutuamente. Planos, enquadramento, diagramação, iluminação, foco etc. são elementos das linguagens das várias mídias que acabam por condicionar os processos de comunicação através delas, permitindo o reconhecimento, validação e projeção da experiência por ela registrada. E, da mesma forma, validando o papel social que elas exercem. Assim, temos que um meio de comunicação comporta uma tecnologia de produção, gramáticas de produção e reconhecimento de mensagens em que as pessoas em uma sociedade se reconhecem, visto que é onde circulam informação, conteúdos, entretenimento, anúncios, publicidade e propaganda. Aqui está o cerne da noção de mídia que nos acompanhará em toda esta obra. Buscando uma definição formal dentro do contexto da comunicação e da publicidade, encontramos Sissors e Bumba (2001, p. 18) que apresentam que: Em tempos digitais, a linguagem se torna fundamental para o papel e o reconhecimento de uma mídia. Trataremos disso quando focarmos em linguagem. IMPORTANT E UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 8 A mídia existe primordialmente para levar entretenimento, informação e publicidade a um amplo público. A mídia deve ser entendida como um sistema tanto condutor quanto distribuidor. Ela transporta as propagandas e as entrega a indivíduos que compram ou escolhem a mídia inicialmente com base no critério de tipo e qualidade de entretenimento e informação e, secundariamente, pelo tipo de publicidade que entregam. Destaca-se nessa definição a noção de “amplo público”, de “sistema distribuidor” e de “transporte da propaganda”. Como citamos anteriormente, para ser reconhecida como mídia, uma tecnologia precisa de um amplo acesso social, atingir grandes parcelas da sociedade. Forma, assim, um sistema de distribuição e circulação de informações e conteúdos no qual a propaganda encontra espaço para atingir seus públicos de interesse. Neste mesmo sentido, podemos citar Veronezzi (2002, p. 21) que menciona que "o termo mídia é empregado para designar a função, o profissional, a área, o trabalho de mídia, o ato de planejar, desenvolver, pensar e praticar mídia: pelos veículos de comunicação a serem usados na campanha, sua grade, entre outros”. Encontramos também Martino (2016, p. 14), que cita o seguinte O termo “mídia” pode ser encontrado em mais de uma pesquisa como sinônimo de um determinado aparato de caráter artificial produzido dentro de um contexto histórico, econômico e social por intermédio do qual se estabelecem relações – e o uso de “intermédio” é apenas um reforço da perspectiva de “estar no meio” – entre as instâncias ligadas pela “mídia”. Assim, reforça-se a ideia de que a mídia é o conjunto, o somatório dos meios e veículos de comunicação que se instalam e operam em um determinado ambiente social, circulando informações e conteúdos com diversas e diversificadas características. FIGURA 5 – O QUE É MÍDIA FONTE: <https://conceitoideal.com.br/servicos/anuncios/planejamento-de-midia>. Acesso em: 22. Mar. 2021. TÓPICO 1 — MÍDIA 9 Então mídia, retomando Veronezzi (2002, p. 15), é “a função, o profissional, a área, o trabalho de mídia ou o ato de planejar, desenvolver, pensar e praticar a mídia”. Para Reis e Siqueira (2009, p. 13), o termo mídia pode ser empregado para definir “o conjunto dosmeios de comunicação que inclui diferentes veículos, recursos e técnicas”. Para os autores, portanto, o conceito de mídia pode ser empregado de diferentes formas, mas sempre na área da comunicação e de sua gestão. É possível, entretanto, de acordo com Veronezzi (2002), encontrar o termo empregado no mercado para designar aparatos eletrônicos ou funções (tarefas profissionais) que não têm relação com atividades designadas a um profissional de mídia. Portanto, há aplicações desse conceito que não são adequadas dentro da área da Comunicação ou da Publicidade e Propaganda. FIGURA 6 – PROFISSIONAL DE MÍDIA LIDA COM AS LINGUAGENS, O ALCANCE, VERBAS E DEMAIS VARIÁVEIS FONTE: <https://multimidiadigital.com.br/2018/06/21/dia-do-profissional-de-midia/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Assim, como uma área de atividade profissional específica, ele tem sua terminologia própria, específica, que precisa ser conhecida para formar a base de atuação e estudo. Trataremos isso no próximo item. Vários profissionais de comunicação dão dicas e oferecem conteúdos da área de comunicação no YouTube. Sugerimos que você assista a um vídeo de Cláudia Gama intitulado Qual o Papel da Mídia na Agência de Publicidade? Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=NONJxs3L7QI>. DICAS UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 10 2.1 TERMINOLOGIA DA ÁREA DE MÍDIA Neste momento é importante começar a tomar conhecimento das expressões utilizadas e aplicadas na área de mídia. Muitos desses termos e conceitos serão aprofundados ao longo dos demais capítulos deste livro, mas é importante que sejam desde já conhecidos para a plena compreensão dos conceitos e elementos que virão. Uma distinção importante que deve ser apresentada e esclarecida de início é quanto às diferenças entre meio e veículo, algumas distinções são necessárias, uma vez que ambos são termos comuns à mídia e, não raro, são empregados de forma equivocada. FIGURA 7 – ASSIM COMO OUTRAS ÁREAS, MÍDIA TEM MUITOS TERMOS GRAFADOS EM INGLÊS FONTE: <https://blog.maxieduca.com.br/terminologias-ingles-administracao/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Ao citarmos “meio”, referimo-nos ao canal em que as mensagens estão sendo comunicadas. Pode-se, por exemplo, desenvolver um filme para TV ou fazer um spot de rádio, ou mesmo um anúncio para jornal ou revista. Nesse caso, de um modo mais amplo, trata-se do meio no qual a mensagem é disponibilizada – meio é qualquer interface que pode transmitir um esforço de comunicação até um provável consumidor e/ou público-alvo. No Brasil, um importante veículo do mercado publicitário, jornalístico e de mídia é a revista Meio&Mensagem, que dentre vários outros recursos, tem um canal gratuito no Youtube. Acesse-o através do seguinte link: <https://www.youtube.com/user/ meioemensagem>. DICAS TÓPICO 1 — MÍDIA 11 Ao abordar o veículo, está elencando-se a empresa específica especializada em determinado tipo de comunicação paga. Veículo é, portanto, “o nome específico do meio, como razão social ou nome fantasia da empresa” (REIS; SIQUEIRA, 2009, p. 80). Assim como essa distinção, é importante, desde o início, compreender os termos da área. Longe de ser nossa intenção colocar ou construir aqui um glossário de termos, objetivamos sim formar a seguir o campo de significados necessário para o seu pleno e satisfatório conhecimento. • ABORDAGEM – do inglês approach, é o foco, o enfoque, o tratamento conceitual de uma ação publicitária ou de uma campanha. • AGÊNCIA DE PROPAGANDA – empresa que detém as competências para analisar, planejar e executar ações de publicidade e propaganda para empresas, organizações e instituições, e tem sua atuação gerida ou orientada legalmente. • ALCANCE – quantidade expressa numericamente de pessoas impactadas por um veículo ou meio. • ANUNCIANTE – quem contrata a agência de propaganda, assina e é responsável pelos custos da ação. • ANÚNCIO – a mensagem comercial do anunciante, veiculada em veículos dos diferentes meios. FIGURA 8 – UM ANÚNCIO FONTE: <https://plugcitarios.com/blog/2011/08/05/dicas-basicas-para-criar-um-anuncio/>. Acesso em: 22 mar. 2021. • AUDIÊNCIA – total de pessoas que são afetadas, acessadas, que recebem e veem, ou leem, ou assistem ou ouvem o conteúdo de um meio, veículo ou propaganda. • BRIEFING – documento que sintetiza e sistematiza as informações sobre uma marca ou empresa, seu histórico de comunicação, objetivos e metas que orientam as ações atuais e futuras da agência para essa marca ou empresa. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 12 • CAMPANHA – conjunto de peças publicitárias impressas, eletrônicas e digitais de uma mesma marca, produto ou serviço unidas pelo mesmo conceito e tema, abordagem. • CENTÍMETRO/COLUNA – medida padrão para anúncios em meio jornal, sendo que, em cada veículo, a largura da coluna tende a ser diferente, mas a altura em centímetros pode ser determinada. • COBERTURA – área ou distância ou mesmo região geográfica que um meio ou veículo alcança. • CONTINUIDADE – estratégia de programação de uma campanha por um período determinado sem interrupção. • COPY – palavra oriunda do inglês que se refere à redação ou à uniformização da linguagem de uma campanha. • CUSTO POR MIL – unidade de medida econômico-financeira, é a expressão do curso para que uma peça atinja mil pessoas do público-alvo desejado. • DEPARTAMENTO DE MÍDIA – setor ou área de uma agência de propaganda responsável pelas tarefas e atividades de veiculação. • EDITORA – empresa que publica veículos impressos, como livros e jornais. Atualmente, considera-se também a empresa que atua apenas com formatos digitais. • ENGAJAMENTO – o envolvimento do público-alvo com uma marca, ação ou campanha. Envolve medidas quantitativas, como visitas; e qualitativas, como comentários ou interações. FIGURA 9 – ENGAJAMENTO É MUITO APLICADO E UTILIZADO COMO MÉTRICA NO DIGITAL, MAS TAMBÉM É APLICÁVEL NO ANALÓGICO FONTE: <https://klickpages.com.br/blog/o-que-e-engajamento/>. Acesso em: 22 mar. 2021. • ESTRATÉGIA – o direcionamento, o como, onde, quando e por que de uma ação ou campanha dentro do contexto da comunicação e do marketing de uma marca ou organização. • FOLLOW UP – expressão em inglês que faz parte do jargão publicitário, refere-se ao acompanhamento ou retorno de e sobe uma ação. • FREQUÊNCIA – expressão numérica da quantidade de vezes em que uma pessoa é exposta a uma mensagem da mídia. TÓPICO 1 — MÍDIA 13 • GRP – Gross Rating Point, medida que abarca a soma das audiências de um programa ou campanha, em porcentagens. • IMAGEM DE MARCA – a reputação ou o conceito que uma pessoa tem de uma determinada marca, seja positiva ou negativa. • IMPACTOS – medida quantitativa dos contatos, da exposição de um veículo junto ao seu público. • IMPRENSA – muitas vezes sinônimo de jornalismo, também se refere aos veículos de comunicação como um todo. • IMPRESSO – material de informação ou divulgação que utiliza suporte em papel. • INDETERMINADO – peça publicitária cuja posição, localização ou horário não são especificados pelo anunciante. Normalmente em custos mais baixos. • ÍNDICE DE AUDIÊNCIA – percentual de pessoas ligadas a uma emissora de rádio ou de televisão em determinado horário. FIGURA 10 – EXEMPLO DE ÍNDICES DE AUDIÊNCIA NO ANO DE 1993 FONTE: <https://bit.ly/31YvpcC>. Acesso em: 22 mar. 2021. • INSTITUCIONAL – mensagem publicitária cujo objetivo é construir ou reforçar a imagem de uma organização, sem um objetivo comercial direto, claro ou aparente. • JORNAL – meio de comunicação de natureza jornalística e informativa, normalmente diário e que tem adquirido características cada dia mais regionais e locais na contemporaneidade. • LINKS PATROCINADOS – tipo de veiculação paga no meio digital, em que a empresa é exposta na tela de busca de palavras-chave específicas. • LUMINOSO – tipo de outdoor iluminado, que assim ganha destaque à noite. • MALA-DIRETA – tipode propaganda impressa normalmente remetida pelo correio de forma direta e mais pessoal ao consumidor. Na atualidade, pode também referir ações via e-mail. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 14 FIGURA 11 – EXEMPLO DE MALA-DIRETA FONTE: <https://composergrafica.com/blog/as-funcionalidades-da-mala-direta/>. Acesso em: 22 mar. 2021. • MARCA - identificador da origem de um produto ou serviço, ao qual o consumidor associa um conceito ou imagem positivo ou negativo. • MARKETING - conforme a AMA, American Marketing Association, é a execução das atividades que conduzem o fluxo de mercadorias e serviços do produtor ao consumidor final”. • MERCHANDISING – para a área de mídia, é a inserção de um produto ou serviço e sua menção no contexto de um programa, seja ao vivo ou gravado. Para a propaganda, designa também ações de tornar o produto destacado para o cliente no Ponto de Venda, seja através de materiais gráficos, seja através de brindes e demonstrações. • MÍDIA – palavra que designa tanto os meios de comunicação, os veículos, quando a área de uma agência de propaganda responsável pelo planejamento e organização da veiculação das mensagens. • MÍDIA OFF-LINE – convenciona-se assim denominar todas as mídias que não sejam a Internet, ou seja, jornal, rádio etc. • MÍDIA SEGMENTADA – veículo dirigido para um público específico. • OPINIÃO PÚBLICA – conceito de ampla complexidade, podemos resumir como o somatório das opiniões individuais a respeito de um determinado tema e que possa ser captada por pesquisas específicas. TÓPICO 1 — MÍDIA 15 FIGURA 12 – OPINIÃO PÚBLICA É UM TERMO QUE SURGIU ANTES DE MUITOS ESTUDOS SOBRE A COMUNICAÇÃO SOCIAL E A MÍDIA, ATRAVÉS DE GABRIEL, TARDE NO SÉCULO XIX FONTE: <https://twitter.com/angolaopiniao>. Acesso em: 22 mar. 2021. • OUTDOOR – tipo de mídia impressa exterior. • PAINEL ELETRÔNICO – Equipamento formado por clusters de leds ou de microlâmpadas, que permitem uma boa definição de imagens com cores e movimentos. • PARTICIPAÇÃO DE AUDIÊNCIA – expressão numérica percentual da audiência de determinado segmento de público em um veículo ou horário. • PATROCINADOR – produto, serviço ou marca que se associa a um determinado programa ou conteúdo em um veículo, obtendo assim exposição contínua, duradoura e benefícios por sua relação com o conteúdo. • PATROCÍNIO – o que faz um patrocinador. • PAUTA – tema ou temas tratados por um programa ou veículo em uma ou mais edições. • PEÇA – a unidade de uma campanha publicitária, podendo ser impressa, analógica, digital, entre outros. • PLANO DE MÍDIA – a organização das ações de mídia a partir do planejamento, ou seja, as ações táticas, específicas e organizadas em cada meio e veículo ao longo do tempo determinado. • POSICIONAMENTO – termo do marketing que se refere ao conceito de uma marca, produto ou serviço junto ao seu público. • PRESS KIT – peça de divulgação a ser enviada para os meios de comunicação. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 16 FIGURA 13 – EXEMPLO DE UM PRESS KIT FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/454230312400472380/>. Acesso em: 22 mar. 2021. • PRODUCT PLACEMENT – inserção de marcas ou produtos no enredo, na narrativa de produções de entretenimento. • PROPAGANDA – termo com ampla significação no mercado, mas que conceitualmente refere-se às ações de comunicação que buscam construir imagens e relacionamento, sem objetivos comerciais explícitos. • PUBLICIDADE – semelhante à propaganda, também encontra várias acepções, mas, de forma direta, podemos colocar que é semelhante à propaganda, mas com objetivos comerciais explícitos. • PÚBLICO-ALVO – um segmento de mercado, da audiência que se deseja atingir com uma ação. • QUANTITATIVA – refere-se à pesquisa de campo cujos resultados são expressos unicamente de forma numérica e/ou percentual. • RÁDIO – meio de comunicação que utiliza basicamente a voz e a audição, e que apresenta altíssimo alcance e penetração no Brasil. • RECALL – em tradução literal, lembrança, ou seja, refere-se a quanto uma marca, produto ou serviço é lembrada pelo seu público-alvo. • REDE SOCIAL – para a área de mídia, trata-se de espaço ou recurso da internet no qual as pessoas encontram recursos para comunicação, exposição e troca de informações com outras pessoas; e em que se pode veicular mensagens publicitárias com alta assertividade. • RELEASE – em tradução literal, trata-se de um comunicado, normalmente remetido à imprensa com informações relevantes. • REVISTA – meio de comunicação tradicionalmente impresso com periodicidade e temática definidas que se relacionam com um público mais focado. Atualmente, muitas revistas estão migrando para os meios digitais, mas mantendo as características visuais de diagramação e os elementos editoriais. TÓPICO 1 — MÍDIA 17 FIGURA 14 – REVISTA FONTE: <http://www.pesquisamundi.org/2015/07/a-relevancia-das-revistas.html>. Acesso em: 22 mar. 2021. • ROI (Return on Investment) – em tradução direta, retorno sobre o investimento, medida do retorno alcançado por um investimento. • SATURAÇÃO – efeito ou estratégia gerada pela programação intensa de uma mesma mensagem para obter retorno rápido, mas que pode levar o receptor a rejeição também muito rapidamente. • SEGMENTAÇÃO – divisão ou organização de um grande mercado em faixas ou “fatias” menores com características mais semelhantes, quase homogêneas. • SEGMENTO – parte de um mercado definido na segmentação. • SEGUNDA TELA – definição para o hábito de muitos consumidores de mídia ficarem ligados em outros dispositivos, como smartphones e celulares com redes sociais. • SHARE OF MIND – o nível de conhecimento de uma marca junto ao seu público-alvo, medido em um momento específico por pesquisa com metodologia orientada para tal. FIGURA 15 – SHARE OF MIND TRATA-SE DE QUANTO UMA MARCA PODE SER OU É LEMBRADA FONTE: <https://bit.ly/3d0v67f>. Acesso em: 22 mar. 2021. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 18 • SPAM – e-mail com mensagem publicitária remetida sem solicitação ou autorização. • SPOT – tipo de comercial de rádio no qual o texto é lido ou falado, ao contrário do Jingle que é cantado como música. • SUSTENTAÇÃO – fase de uma campanha em que a mensagem é mantida presente nos meios e veículos selecionados, mas com níveis mais baixos de exposição. • TEASER – a tradução literal é provocadora, estimuladora. Em mídia, denomina-se as peças ou ações de lançamento de uma campanha usadas ou aplicadas para atrair a atenção do público. • TELESPECTADOR – pessoa ou grupo de pessoas que assistem a um canal ou programa. • TV A CABO – sistema de transmissão de TV por meio de cabo físico ou sinal de micro-ondas, normalmente com os canais abertos da região e outros canais exclusivos. • VEÍCULO – empresa, pessoa jurídica que circula conteúdos usando a tecnologia e linguagem de determinado meio. Por exemplo, a Rede Globo é um veículo do meio TV; a revista Veja é um veículo do meio Revista; e assim por diante. • VERBA – os recursos financeiros disponíveis para a veiculação de uma campanha publicitária. Finalmente, cabe lembrar que a área de mídia é dinâmica. Novos recursos, ferramentas e termos surgem, termos são adicionados ou mudam de sentido. Então, o futuro profissional deve estar atento para se manter atualizado em relação ao meio e seu linguajar. FONTE: Rede Globo. Dicionário de mídia. Disponível em: https://negocios8.redeglobo. com.br/PDF/MidaKit/Dicionario%20de%20Midia%202018.pdf. Acesso em: 22 mar. 2021. 2.2 BREVE HISTÓRICO DA MÍDIA NO BRASIL Em todas as sociedades e economias, especialmente, as capitalistas contemporâneas, o desenvolvimento da mídia sempre esteve diretamente ligado ao desenvolvimento das economias locais. À medida que a economia crescia, cresciam os meios, os veículos e a circulação de informações. Livros, jornais, rádio, cinema, TV e internet estão também ligados ao comportamentohumano. Segundo Sousa (2004), as Efemérides Gregas e as Actas Romanas criaram uma espécie de jornal pré-tipográfico. Todavia o real impacto da imprensa surgiu com a invenção da imprensa por Guttenberg e a possibilidade de reprodução de conteúdos impressos, como primeiramente os livros e depois os jornais. Por trás da invenção de Gutenberg, além de uma nova técnica, uma tecnologia a serviço das pessoas, surgiu e começou a se formar uma verdadeira revolução que afetou a sociedade até os nossos dias. TÓPICO 1 — MÍDIA 19 A impressão já era conhecida de chineses e japoneses, que tinham técnicas como entalhar os ideogramas do texto em um tronco de árvore, que recebia a tinta e o papel era passado ao redor. Ou também imprimiam com os ideogramas entalhados em madeira. Gutenberg, sabendo disso ou não, misturou uma prensa de uvas para vinhos com caracteres em metal e, aplicando tinta e papel, criou a primeira impressão tipográfica que se tem notícia. FIGURA 16 – ILUSTRAÇÃO DO TRABALHO DE UM ESCRIBA FONTE: <https://www.apaixonadosporhistoria.com.br/artigo/49/o-livro-na-idade-media>. Acesso em: 22 mar. 2021. Então, se até aquele momento a informação dos livros era restrita aos mosteiros e aos escribas; e acessada somente pelos membros do clero e da nobreza, com a tecnologia da imprensa, os textos passaram a ser mais facilmente reproduzidos e a circularem com mais velocidade e facilidade. Se a escrita já tinha se mostrado como uma enorme revolução cultural no passado, permitindo que uma pessoa registrasse seu conhecimento e o deixasse disponível aos demais, com a imprensa, essa mesma escrita passou a circular além. Um texto, um poema, uma receita, um estudo científico, a bíblia e toda e qualquer forma de informação e conhecimento puderam ser registrados e enviados para todos os locais do mundo, tornando o conhecimento cada vez mais acessível. Gradativamente a informação começou a sair dos círculos da igreja e passou a chegar às ruas, às pessoas comuns (as poucas que eram alfabetizadas, claro). Vários grupos e organizações sociais passaram a utilizar esse recurso como forma de propagar suas ideias e cumprir seus objetivos. Não por acaso, durante a Revolução Francesa, ocorreu uma “explosão” de jornais, revistas, cartazes, que informavam a população e a burguesia, que estava mais diretamente envolvida com a revolução e a apoiava, do que estava ocorrendo. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 20 No Brasil especificamente, a imprensa teve o início de sua história no período imperial. Enquanto o país se mantinha como colônia de Portugal, era proibida a impressão de qualquer material em território brasileiro. Somente com a vinda da família real tivemos a chegada da primeira máquina de impressão e a implantação da Imprensa Régia, ligada, claro, ao reinado, ao governo central. Era dessa forma que a coroa comunicava e informava a população sobre o que estava ocorrendo. No entanto, a impressão e distribuição eram direito e dever apenas da imprensa Régia, não sendo permitido a outros grupos ou à sociedade usar a técnica para objetivo algum. Isso não impediu que grupos contrários à coroa portuguesa e simpatizantes da república criassem nosso primeiro jornal. FIGURA 17 – PÁGINA DE UMA EDIÇÃO DO “CORREIO BRAZILIENSE” DE 1811 FONTE: <https://bit.ly/322ePIE>. Acesso em: 22 mar. 2021. O primeiro jornal brasileiro que pode ser considerado independente da coroa teve que ser impresso em Londres, entre 1808 e 1822, e enviado clandestinamente ao Brasil de navio. O “Correio Braziliense” defendia a liberdade econômica, atacava o domínio português e era entregue de navio clandestinamente. A maioria dos escritores colocavam seus textos sob pseudônimos, para evitar perseguições e retaliações, o que nem sempre era efetivo, vários acabaram presos, como Hipólito José da Costa. No período que contém a independência e a proclamação da república até o início do século XX, vários jornais surgiram em vários locais, levando informação e opinião as suas regiões. Não era raro encontrar jornais vinculados e empresas, grupos econômicos e até mesmo movimentos políticos que propagavam seus ideais e suas ideias no papel. TÓPICO 1 — MÍDIA 21 Os veículos mais profissionais começaram a se organizar e deram origem a grandes grupos de mídia no Brasil, como os Diários Associados – que trouxe a televisão ao Brasil nos anos 1950 – o grupo Globo, Folha e Estado de São Paulo e vários outros que ainda permanecem no cenário nacional até hoje ou outros que pereceram frente as dificuldades econômicas e de gestão. FIGURA 18 – ASSIS CHATEAUBRIAND, FUNDADOR DOS DIÁRIOS ASSOCIADOS, PRIMEIRO GRANDE GRUPO DE MÍDIA DO BRASIL, COM VEÍCULOS POR TODO O TERRITÓRIO NACIONAL FONTE: <https://glo.bo/3fPejpM>. Acesso em: 22 mar. 2021. O rádio, nascido como uma evolução do telégrafo, desenvolveu-se tecnicamente na segunda metade do século XIX e logo chegou ao Brasil. Aqui encontrou um terreno fértil para seu desenvolvimento. Chamado pelo pioneiro do rádio no Brasil, Padre Landell de Moura, considerado por muitos o inventor do rádio, de “jornal dos analfabetos”, não por acaso cresceu rapidamente junto à população como um todo, chegando aos lares mais ricos e às regiões mais pobres e afastadas. FIGURA 19 – A EVOLUÇÃO DO RÁDIO FONTE: <https://quemondequando.wordpress.com/2015/10/08/o-surgimento-do-radio/>. Acesso em: 22 mar. 2021. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 22 Um país de dimensões continentais como o Brasil se beneficiou muito do rádio e suas transmissões uniram o país com shows, entretenimento, música e notícias de todo o mundo. E era o rádio o mais importante meio de comunicação nessa época. A TV, como já mencionamos, chegou ao Brasil pelas mãos de Assis Chateaubriand e seu grupo de “Diários Associados”, jornais e emissoras de rádio. Foi no período após o golpe de 1964 e durante a ditadura militar que a TV cresceu. Em 1972 ganhou cores e se firmou como o meio mais popular e de maior impacto para a publicidade no Brasil, a ponto de receber mais de 70% das verbas dos grandes anunciantes. A publicidade cresce junto com os meios. De anúncios de escravos nos jornais clandestinos nos tempos do império ao patrocínio da transmissão de grandes eventos esportivos mundiais, como Olimpíadas e Copa do Mundo pelas emissoras a cabo, a publicidade Brasileira se firmou nos anos 1980 como uma das mais criativas e premiadas do mundo. A mídia como área e profissão cresceu na mesma medida. O apagar das luzes do século XX ainda viu o surgimento da internet comercial. Se nos anos 1980 a internet já havia chegado, mesmo que timidamente, aos meios acadêmicos, foi em 1995, após um “boom” de crescimento nos EUA, que a criação e oferta de acesso a internet se oficializou e popularizou no Brasil. De um rápido e bem distribuído crescimento, com centenas de empresas locais e nacionais oferecendo acesso discado e algum conteúdo, a internet chegou ao século XXI com banda larga, acesso via celular e smartphones, redes sociais e um impacto para a mídia que precisa ser observado e medido, pois é forte ao ponto de tirar investimentos e verbas de meios tradicionais e de grande alcance, como a TV. Não era objetivo, aqui, apresentar detalhes da evolução e da história da mídia no Brasil, mas sim estabelecer uma breve linha de tempo que situe a mídia no contexto histórico nacional e permita a compreensão e a inserção dos meios e veículos em seu papel na história nacional e como acaba impactando na área de mídia e na publicidade, relação que aprofundaremos a seguir. 2.3 A RELAÇÃO ENTRE MÍDIA E MARKETING Como vimos até agora, a Mídia, além de denominar o campo social que contém as empresas de mídia, é a área da Propaganda que se ocupa de pesquisar, organizar e planejar as atividades de veiculação de uma campanha, anúncio, ação. Não se foca somente nos meios de comunicação, podendo se ocupar também de ações em meios não convencionais,como eventos, ações rápidas e mais. TÓPICO 1 — MÍDIA 23 Marketing, conforme definem Kotler e Keller (2006, p. 22) é o “processo social e gerencial por meio do qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da troca de produtos de valor com outros”. De forma diferente, mas seguindo a mesma linha, Toffler (1980, p. 19) cita que marketing pode ser resumido em três fases: “defina quem é seu cliente; descubra o que ele quer; entregue o que ele quer”. O marketing lida diretamente com as variáveis e processos referentes à gestão da empresa, de preferência atuando com um olhar integrado, “holístico” para todos os elementos, como produtos, serviços, atendimentos, preço, distribuição e mais, de forma a alinhar todas as atividades em torno e no foco dos objetivos mercadológicos e comunicacionais estabelecidos estrategicamente. Temos, então, que o marketing é o “cérebro” da empresa, em que se definem variáveis intrínsecas, inerentes à empresa ou ao negócio. Quando Kotler e Keller (2006, p. 22) falam em “processo social e gerencial” referem-se a algo contínuo, sem fim, que precisa e deve ser observado, monitorado e ajustado continuamente de forma a gerar as trocas. Da mesma forma, Toffler (1980) menciona a importância de definir e conhecer de forma detalhada as pessoas que serão o foco do produto, marca ou empresa, de forma a maximizar os resultados dos esforços empreendidos. Assim, à medida que o Marketing estabelece as diretrizes referentes ao mercado e ao público-alvo; e também os objetivos e as metas dentro desse mercado, a propaganda e mídia devem, em suas ações e efeitos, refletir esses objetivos, metas e decisões do marketing. A TV Brasil tem produzido programas e debates sobre os rumos da comunicação e versa sobre a publicidade especificamente no vídeo que você pode acessar por meio do seguinte link: <https://www.youtube.com/watch?v=Ecyx-zjKHQc>. DICAS UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 24 FIGURA 20 – O MARKETING CONFIGURA O NORTE, OS OBJETIVOS DOS NEGÓCIOS EM COMUNICAÇÃO, E, LOGO EM MÍDIA FONTE: <https://bit.ly/3muPHnz>. Acesso em: 22 mar. 2021. O marketing da empresa é que estabelece o Norte, o direcionamento estratégico das ações, levando em conta a imagem que precisa ou deve ser construída, posicionamento estratégico, objetivos e metas empresariais e institucionais, volumes e limites de produção e distribuição, sazonalidade, demandas do mercado, e mais toda a série de variedade de dados e informações que afetam o negócio. A propaganda se conecta, integra as ações e o planejamento do Markering na medida em que estabelece o contato com o mercado. Muitos indicam que a comunicação, a propaganda está no “P” de Promoção. No entanto, a comunicação como um todo será a voz e a face do marketing, dando vida e conferindo valor, identidade e construindo a imagem e os conceitos planejados junto ao público-alvo. O marketing estabelece as metas e os objetivos. A propaganda constrói as mensagens aplicáveis. O marketing analisa o mercado e constrói cenários. A comunicação transforma isso em mensagens para os clientes. O marketing inova. A publicidade leva isso para o mercado. Assim, a propaganda lançará mão das estratégias de fundo e objetivo mais persuasivo, que busquem construir e fazer compreender os diferenciais mais claros ou mais sutis do produto, marca, ou serviço, utilizando para isso Um dos sistemas de análise do Marketing, os “4 P’s”, coloca a propaganda dentro da Promoção, sendo uma das ações integrantes ou aplicadas pelo Marketing para levar os produtos, o serviço, a marca e seus conceitos ao conhecimento do público consumidor. Claro que a Propaganda é muito mais que isso na atualidade, mas esse conceito e relação nos ajuda a compreender a relação e o relacionamento entre essas áreas. IMPORTANT E TÓPICO 1 — MÍDIA 25 estratégias de veiculação das mensagens nos meios de comunicação que são analisadas, planejadas, organizadas e efetivadas pelo departamento ou setor de mídia, no qual se pode observar a relação mais clara e direta entre os dois. 2.4 PROCESSOS DE DECISÃO EM MÍDIA Tendo relação direta com os objetivos e metas de marketing e sendo parte responsável pela organização da forma e dos meios pelos quais a mensagem publicitária chegará ao seu mercado, a mídia é parte integrante, ativa não somente das ações de comunicação, mas também do marketing como um todo. A relevância do profissional de mídia ou de um departamento de mídia nas agências de publicidade reside no desafio maior de se encontrar proposições eficazes para uma ação ou campanha (REIS; SIQUEIRA, 2009). Segundo Reis e Siqueira (2009, p. 15) “a função da mídia é planejar onde, para quem, quando, por que e como a mensagem deverá ser veiculada”. Essa função alia o rigor científico de conhecimentos tanto das ciências humanas (comportamento) quanto das ciências exatas (valores de mídia versus efetividade por públicos alcançados), pois o investimento em mídia necessita de sólidos conhecimentos, que conduzam para decisões assertivas. O processo de decisão em mídia parte, se inicia em uma variável decisiva: o público-alvo da empresa anunciante. Sem essa informação é até possível planejar e executar ações, mas as chances de construção de resultados positivos e atingimento de metas são mínimas. Conforme Reis e Siqueira (2009), a informação é o diferencial mais importante do profissional dessa área, porque promove a condição de avaliar, entre as tantas alternativas de mercado, a mais adequada para a situação proposta. A área de Comunicação é, por si só, desafiadora, uma vez que se transforma constantemente, e é influenciada pela cultura (LUPETTI, 2000). Assim, todas as transformações culturais vivenciadas pelos grupos afetarão as formas de comunicação, por isso a obrigatoriedade de se manter atualizado em relação às mudanças sociais. O acompanhamento e o entendimento das realidades de mercado e do comportamento do consumidor são, portanto, condições básicas para tomadas de decisões eficazes em mídia (SISSORS; BUMBA, 2001). Além disso, os profissionais de comunicação têm sempre que considerar uma variável imprescindível, que são os recursos financeiros disponíveis para a campanha (budget). A verba disponível é uma das primeiras informações que devem ser consideradas para que o profissional de mídia consiga fazer o cruzamento entre recursos, meios e veículos possíveis e adequados. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 26 Quais as características de relação e de consumo de mídia do público- alvo, suas preferências de informação, onde buscam entretenimento, com que frequência, em que meios, veículos, canais? Que tipo de informação, de mensagem, de apelo chama sua atenção. Quais personalidades ou pessoas influenciam, geram aderência à mensagem? Quem gera rejeição? Quem gera aceitação, identificação? O que o público conhece e gosta; e é capaz de atrair sua atenção e gerar efeitos? O que está em seu cotidiano? Quais os meios nos quais se costuma informar? Quais seus veículos preferidos? Quais programas, conteúdos, horários estão mais presentes? Quais programas estão mais atentos? Não raro a mídia deve buscar em pesquisas o que precisa para desenvolver seu trabalho. Os dados, as informações, entre outros, que se adéquam aos objetivos, à mensagem etc., serão tratados, analisados e organizados de forma a sistematizar as ações com relação aos objetivos da ação, da campanha e da peça. Eles serão programados junto aos veículos que se comunicam com o público-alvo. Sobre as pesquisas trataremos em detalhes mais adiante, mas adiantamos que as pesquisas alimentam forte e amplamente as decisões de mídia. ATENCAO Trataremos das pesquisas em detalhes mais adiante, mas adiantamos que elas alimentam forte e amplamente as decisões de mídia. ATENCAO A veiculação é precedida por um amplo processo de negociação dos valores, envolvendo valores unitários, descontos porhorário e volume, e mais. Quanto mais longo for o tempo de veiculação da campanha, quanto maior a quantidade de espaços ocupados, quanto maior a frequência, melhor será a condição de negociação dos valores. TÓPICO 1 — MÍDIA 27 FIGURA 21 – CARLOS MORENO EM COMERCIAL DE TV DA BOMBRIL: ELE DETÉM ATÉ HOJE O RECORDE REGISTRADO NO LIVRO GUINNESS DE GAROTO-PROPAGANDA QUE MAIS TEMPO FICOU NO AR POR UMA MESMA MARCA FONTE: <https://minilua.com/comerciais-historicos-tv-brasileira-1/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Um comercial de TV de 30 segundos veiculado diariamente em um programa tenderá a ter um custo unitário menor do que um comercial veiculado esporadicamente. Isso tem a ver com políticas e estratégias de negociação do veículo, mas também com a fase da campanha, pois no lançamento tende-se a usar mais espaços e a veicular com mais intensidade do que em fases posteriores de manutenção. O inverso também se apresenta. Assim, as decisões de e em mídia mostram uma não tão relativa complexidade em sua construção e efetivação. Não raro, meios e veículos diferentes ou mesmo concorrentes apresentam benefícios e barreiras semelhantes ou assemelhados para levar a mensagem a um determinado público. Algumas vezes se complementam, de forma que um apoie, sustente e alavanque o alcance e o impacto de uma campanha ou mensagem. Também não é raro que um meio ou veículo seja usado, aplicado estrategicamente com outros, complementando a mensagem e gerando novos efeitos. Cabe à mídia, ao profissional da área, observar com cuidado e atenção o público-alvo, os objetivos de marketing e de comunicação e tomar as decisões de veiculação. É função dele também monitorar os resultados, observando a efetividade das decisões e, se necessário, corrigir rumos. A questão da negociação de valores será tratada em detalhes em parte específica deste livro. ATENCAO UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 28 2.5 PESQUISA DE MÍDIA E INSTITUTOS DE PESQUISA Como apresentado anteriormente, uma das formas de construir a decisão em mídia é consultar as pesquisas de mídia, que observam e captam a relação dos meios e veículos com os públicos de uma cidade, região, estado ou mesmo em todo o país. FIGURA 22 – UMA PARTE DOS DADOS DE UMA PESQUISA DE MÍDIA FONTE: <http://www.orbitapublicidade.com.br/orbitawp/?page_id=79>. Acesso em: 22 mar. 2021. As pesquisas objetivam traçar um perfil, um “raio-x” das características do público de um meio e de um ou mais veículos, suas preferências, horários de maior e menor audiência, programas mais assistidos ou conteúdos mais lidos, alcance e mais. Isso apresenta, de forma detalhada, as características de cada um de forma a municiar e a subsidiar as decisões de mídia dos anunciantes. Por exemplo, os meios rádio e revista têm cada dia mais focado em segmentos de públicos específicos. Há revistas de artesanato, de análise dos fatos da semana, sobre temas como Filosofia e Religião etc. Da mesma forma há É normal que as pesquisas utilizem dados ou mesmo se baseiem e comecem com informações oriundas de outras fontes para organizar os dados. A classificação do público em classes, por exemplo, na maioria das vezes segue a classificação do IBGE, que é o órgão do governo responsável pelo CENSO demográfico e econômico. ATENCAO TÓPICO 1 — MÍDIA 29 emissoras de rádio com foco maior em notícias, outras em músicas em seus vários estilos, como sertanejo, MPB, Rock etc. Certamente, se você mudar um pouco o dial do rádio em sua cidade, perceberá algumas diferenças bem marcadas e marcantes nas diversas emissoras. Assim, podemos inferir que cada um destes veículos e programas obterá a atenção ou terá a preferência de uma parte diferente do público; e que a relação de cada público com estes conteúdos será também diferente. Logo, cada veículo, programa terá benefícios e recursos diferentes como mídia publicitária, devendo assim ser avaliados. FIGURA 23 – AS DIFERENTES MÍDIAS AFETAM DIFERENTES PÚBLICOS EM DIFERENTES FORMAS FONTE: <http://midiatudodebom.blogspot.com/2010/05/o-que-e-o-marplan.html>. Acesso em: 22 mar. 2021. Essas diferenças precisam ser verificadas, avaliadas, validades para que o investimento em mídia tenha a máxima assertividade em suas ações. Como apresentamos anteriormente, a mídia deve buscar cumprir, em suas ações e planejamento, os objetivos de comunicação e marketing da empresa, marca ou produto. As questões subjetivas (comportamentos, valores, atitudes, movimentos sociais que envolvem um ou vários grupos) são de extrema relevância para construir um embasamento sólido, que vai compor as recomendações para um plano de mídia efetivo. No entanto, como em todos os processos, existem determinados estágios a serem cumpridos quando clientes e agências de publicidade estão construindo o que será uma campanha de comunicação. Um deles é identificar claramente o público e a audiência. • Público e audiência De forma rápida, público é o grupo de pessoas com características em comum que interessam a uma campanha ou ação. Já audiência são as pessoas que ouvem, assistem, leem, compram, acessam, clicam, que têm contato com um determinado veículo em um certo momento e que, assim, podem ser acessados, impactados. UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 30 FIGURA 24 – UM MAPA DO BRASIL, INDICANDO O CONSUMO E CONTATO MÉDIO COM O MEIO RÁDIO NO ANO DE 2017 FONTE: <https://www.kantaribopemedia.com/o-ouvinte-de-radio-nunca-visto-antes/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Imagine uma rádio local. O horário da tarde tem um público mais amplo, pois é ouvida por pessoas no trabalho, no trânsito etc. Logo, poderá ser de interesse de vários anunciantes, como marcas de alimentação, limpeza, lojas locais entre outros. À noite, o público tende a ser mais masculino, pois a programação foca em esportes e times locais. Assim, a variedade de anunciantes tende a reduzir as marcas que atendem a esse público, como artigos esportivos, produtos para barbear, para churrasco etc. FIGURA 25 – AS PESQUISAS PODEM INDICAR COM PRECISÃO O QUE NOSSO PÚBLICO ESTÁ CONSUMINDO DE MÍDIA FONTE: <https://cakeerp.com/blog/publico-alvo-na-sua-loja-de-calcados/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Da mesma forma, uma revista de artesanato tende a atrair um público diferente do que um jornal focado em esportes. Este atrairá públicos diferentes do que um jornal de economia e negócios. Sim, os exemplos são muito genéricos e até mesmo estereotipados, mas servem para nos fazer compreender que um mesmo veículo pode atender ou se relacionar com públicos diferentes em horários e momentos diferentes, obtendo inclusive mais ou menos atenção de cada público em cada momento. TÓPICO 1 — MÍDIA 31 Como exposto anteriormente, um planejamento de mídia pressupõe um problema de marketing. É preciso, antes de qualquer formulação de planejamento, identificar aonde se quer chegar e o que é preciso resolver para, a partir daí, escolher quais são as estratégias e as ações a serem postas em prática. É necessário também saber claramente quem é o público, como ele se comporta, o que e quando consome mídia, levando essas informações para o planejamento. Com os objetivos estabelecidos, é necessário compor qual será a forma de comunicação (estratégia criativa da marca), quais serão os canais que transmitirão essas mensagens e quais ferramentas serão utilizadas. Uma campanha pode conter diferentes objetivos e cada objetivo pode recorrer a uma determinada estratégia, que vai se valer de diversos meios para atingi-lo. Uma campanha também pode unir publicidade (que gerenciará diretamente a mídia) a ações de relações públicas, promocionais, entre tantas outras. Nesse caso, o importante é que todas as ações estejam norteadas pelos mesmos princípios estratégicos, definidos no planejamento de marketing, de comunicação e/ou de mídia, como as características de cada meio e veículo e a quais públicos se destinam. Considerando as especificidades doscanais de mídia, atualmente, os especialistas na área têm bastante prestígio, porque dão conta de informações complexas, métricas e resultados extremamente valorizados pelos clientes. O objetivo maior de qualquer estratégia na área de mídia é a busca de resultados concretos para o cliente. No entanto, há muitos caminhos possíveis para alcançá-los e é imprescindível que a trajetória seja realizada com o máximo de segurança, no sentido de obter os resultados almejados, a partir de informações obtidas previamente e que estão disponíveis para os profissionais que se dediquem a identificá-las. Existem vários institutos que atuam no mercado de pesquisas de mídia e fornecem dados para as agências e profissionais de mídia, como IBOPE, Marplan, entre outros. Muitos são gratuitos, outros precisam ser adquiridos, mas essas pesquisas são fundamentais para as definições e o planejamento de mídia. ATENCAO UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA 32 FIGURA 26 – EXEMPLO DE UMA PLANILHA DE VEICULAÇÃO DE MÍDIA FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/831266043693501082/>. Acesso em: 22 mar. 2021. Por fim, para que um plano de mídia tenha a maior confiabilidade possível, é importante fazer o cruzamento das informações disponíveis, principalmente, em relação ao custo (verba disponível versus valores das mídias), audiência e alcance. Essas questões são fundamentais para uma projeção segura dos resultados. 33 Neste tópico, você aprendeu que: • O termo “mídia” pode ser encontrado em mais de uma pesquisa como sinônimo de um determinado aparato de caráter artificial produzido dentro de um contexto histórico, econômico e social por intermédio do qual se estabelecem relações – e o uso de “intermédio” é apenas um reforço da perspectiva de “estar no meio” – entre as instâncias ligadas pela “mídia”. • Em todas as sociedades e economias, especialmente, as capitalistas contemporâneas, o desenvolvimento da mídia sempre esteve diretamente ligado ao desenvolvimento das economias locais. • À medida que a economia crescia, cresciam os meios, os veículos e a circulação de informações. • Para que um plano de mídia tenha a maior confiabilidade possível, é importante fazer o cruzamento das informações disponíveis, principalmente, em relação ao custo (verba disponível versus valores das mídias), audiência e alcance. RESUMO DO TÓPICO 1 34 1 As mídias desempenham um papel essencial no contexto das ações de comunicação mercadológica. Através dos meios de comunicação, as mensagens desenvolvidas visando à construção dos objetivos de marketing e, consequentemente, de comunicação, são expostas ao público desejado, construindo assim os resultados, as metas a serem alcançadas. A elaboração de um planejamento de mídia envolve avaliar e analisar tanto em questões estratégicas quanto táticas e deve considerar o máximo de variáveis possíveis sobre o ambiente em que a empresa e seus concorrentes atuam. A partir dessas informações e do conteúdo estudado nesta unidade, vemos que o primeiro passo para a construção de um planejamento de mídia é: a) ( ) Analisar os ambientes externo e interno, as características do público e os meios para atingi-los. b) ( ) Escolher os veículos que serão utilizados nas ações táticas. c) ( ) Decidir as características dos meios adequados ao target. d) ( ) Observar as estratégias de posicionamento da concorrência. e) ( ) Estabelecer a relação entre os objetivos, as estratégias, as táticas e os meios utilizados. 2 “Mídia – Técnica de propaganda que se baseia no estudo e na observação atenta dos veículos disponíveis, para que se possa planejar e orientar a utilização mais apropriada desses veículos. Cabe a ela verificar a frequência, a audiência, área de alcance, circulação, tiragem, duração, localização, preços, e tipos de veículos, para que seja possível planejar a melhor forma de divulgação da mensagem, rentabilizando o investimento do anunciante”. NAKAMURA, Rodolfo. Mídia: como fazer um planejamento de mídia na prática. São Paulo: Farol do Forte, 2009, p. 30 A palavra “mídia” encontra vários significados e sentidos no contexto atual. No entanto, tratando-se da área de Publicidade, foca-se, como apresenta Nakamura, nos meios que se adequam aos objetivos de comunicação de uma campanha. Considerando a citação apresentada e os conteúdos estudados, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I- Os profissionais de mídia ainda demonstram incerteza quanto à indicação de planejamentos unindo as mídias tradicionais com mídias digitais. POR QUE II- Os diferentes públicos estão consumindo de formas distintas as diversas plataformas de mídia, gerando muitas vezes formas inesperadas e até mesmo inovadoras no ambiente digital. AUTOATIVIDADE 35 A seguir, assinale a alternativa correta: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 36 37 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 MEIOS 1 INTRODUÇÃO Retomaremos, então, a questão da caracterização de um meio, para que assim possamos avançar no sentido de compreender com clareza e detalhamento as características de cada meio. FIGURA 27 – BREVE LINHA DO TEMPO COM A EVOLUÇÃO DOS MEIOS FONTE: <https://bit.ly/3dOK2Vk>. Acesso em: 22 mar. 2021. Um meio é, em essência, uma plataforma e uma tecnologia de transmissão de informações, de conteúdos em diferentes formatos com amplo alcance social, ou seja, que atingem grandes parcelas de pessoas de uma população, de um local, de uma cidade ao mesmo tempo. Os meios que existem e atuam na atualidade são Jornal, Revista, Outdoor, Rádio, Cinema, TV aberta, TV a cabo ou por assinatura e meios digitais. É importante citar que neste ponto um meio comporta um suporte de transmissão e uma linguagem, uma forma de organização das informações, uma forma de analisar e reconhecer um meio que aparece com o surgimento e desenvolvimento da internet. Assim, passamos a ter necessidade de dar foco não no suporte, mas na forma de organizar o conteúdo. 38 UNIDADE 1 — TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA PENSAR E FAZER MÍDIA Um livro segue os mesmos princípios de organização no papel e nos e-readers, como Kindle e Kobo. O jornal mantém a organização e a periodicidade mesmo na internet. A TV segue unindo imagem e som, assim como o cinema, mas se diferenciando deste em planos, enquadramentos e na forma de organização da narrativa. Assim, vemos que a ascensão do digital leva a uma compreensão de que um meio é também e, se não principalmente, uma forma específica de organizar as informações que serão acessadas por um público. Essa compreensão é importante para as decisões em um planejamento de mídia. 2 MEIOS E SUAS CARACTERÍSTICAS Vamos, então, conhecer os meios e suas características, tendo como foco sua caracterização e identificação, ou seja, o que faz com que sejam reconhecidos. 2.1 JORNAL O meio jornal figura entre as mídias tradicionais. Foi o precursor dos meios e o primeiro a ser utilizado formalmente, para construir o início da publicidade contemporânea (REIS; SIQUEIRA, 2009). Apesar de seu fim já ter sido anunciado muitas vezes, em função da facilidade gerada pelo meio digital (e a partir das previsões que dão conta das mudanças culturais), o jornal continua tendo uma relevância considerável para os públicos. O meio jornal é, de acordo com Reis e Siqueira (2009), uma mídia seletiva, uma vez que seu propósito primeiro é o de informar. Os jornais podem ser impressos diariamente, semanalmente e até mensalmente. É comum, por exemplo, que jornais de bairro tenham tiragens (número de impressões) semanais, enquanto jornais de público mais amplo
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