Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ma UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL P P G E C PPGEC- Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil CEP. 50740-530 – Cidade Universitária Recife – PE Tel: 0 81 – 2126-7923 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA E OTIMIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE LIXIVIADOS POR PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS Diego Eugênio Bulhões de Oliveira Recife/PE Agosto/2012 i Diego Eugênio Bulhões de Oliveira AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA E OTIMIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE LIXIVIADOS POR PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS Orientador: Prof. Dr. Maurício Alves de Motta Sobrinho Recife - PE Agosto de 2012 Dissertação submetida ao corpo docente da Coordenação do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. i Catalogação na fonte Bibliotecária Maria Luiza de Moura Ferreira, CRB-4 / 1469 O48a Oliveira, Diego Eugênio Bulhões de. Avaliação paramétrica e otimização do tratamento de lixiviados por processos físico-químicos / Diego Eugênio Bulhões de Oliveira. - Recife: O Autor, 2012. 68 folhas; il., tabs. Orientador: Prof. Dr. Maurício Alves de Motta Sobrinho. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação do Departamento de Engenharia Civil, 2012. Inclui Referências. 1. Engenharia Civil. 2. Lixiviados. 3. Adsorção. 4. Resíduo da Malacocultura. I. Motta Sobrinho, Maurício Alves de. (Orientador). II. Título. 624 CDD (22. ed.) UFPE/BCTG/2012-236 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL A comissão examinadora da defesa da Dissertação de Mestrado intitulada AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA E OTIMIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE LIXIVIADOS POR PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS defendida por Diego Eugênio Bulhões de Oliveira Considera o candidato ____________ Recife, 24 de Agosto de 2012 _______________________________________ Prof. Dr. Maurício Alves da Motta Sobrinho DEQ/UFPE (Orientador) Prof a . Dr a . Marisete Dantas de Aquino DEHA /UFC (avaliadora externa) Prof. Dr. Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral DECivil/UFPE (avaliador interno) iii “Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize o seu desejo.” Paulo Coelho iv Dedico este trabalho primeiramente a Deus por esta sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis e por ter me abençoado com um filho pelo qual não só dedico este trabalho como também minha vida. v AGRADECIMENTOS Agradeço sempre a Deus em primeiro lugar pelas oportunidades dadas durante toda minha vida. Aos meus Pais e a todos os meus familiares, pelas demonstrações de confiança e incentivo. A minha esposa Juliana, pela sua dedicação, respeito e por estar sempre nos melhores momentos da minha vida, principalmente por ter me dado um filho maravilhoso (Luiz Guilherme, papai te ama). Ao professor Dr. Maurício Alves da Motta Sobrinho por aceitar ser meu orientador e por toda confiança, dedicação, profissionalismo e conselhos sobre os melhores caminhos a seguir. A Doutoranda Patrícia Maria de Souza Paulino pela atenção, paciência e importante participação neste projeto. Aos Doutorandos de Engenharia Civil da UFPE: Etiene, Claudio, por estarem sempre dispostos a ajudar. Aos meus Companheiros de Mestrado de Engenharia Civil da UFPE, Laís, Joany, Leandro pelo companheirismo e incentivos durante todo curso. A todos os meus Amigos, por me concederem momentos de descontração durante esses dois anos de mestrado. Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudo durante a participação neste projeto de pesquisa. A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a consolidação desta etapa da minha vida. vi AVALIAÇÃO PARAMÉTRICA E OTIMIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE LIXIVIADOS POR PROCESSOS FÍSICO-QUÍMICOS Diego Eugênio Bulhões de Oliveira RESUMO Devido à destinação inadequada dos resíduos sólidos produzidos pela população que grandes impactos ambientais e sociais vem sendo gerado. No Brasil, são produzidos anualmente cerca de 62 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, dos quais 6,4 milhões deixam de ser coletados e, por consequência, tiveram destino impróprio. Uma maneira apropriada para disposição desses resíduos são os aterros sanitários. Nestes locais, os resíduos em decomposição sob o solo juntamente com a água proveniente principalmente da chuva, geram o lixiviado ou percolado. Este liquido é escuro e com forte odor e possui alto potencial patogênico e toxicológico, cerca de 200 vezes mais que o esgoto domestico, motivo pelo qual deve ser tratado antes de ser lançado em cursos de água. De maneira geral o lixiviado quando submetido aos tratamentos convencionais (lagoa aeróbia, anaeróbia e facultativa), ainda apresentam grandes concentrações de poluentes potenciais, principalmente de carga orgânica representada pelas substancias húmicas responsáveis pela coloração do lixiviado. Entre as alternativas para tratamento deste liquido observou-se que para obter uma remoção de poluentes satisfatória uma combinação de tratamento físico-químico foi estudada devido à complexidade e o alto grau de poluição deste efluente. Neste trabalho foi utilizada a combinação das técnicas de coagulação/floculação e adsorção para o tratamento do lixiviado. Inicialmente o lixiviado foi coletado do Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca-PE, e pré-tratado pelo processo de coagulação/floculação utilizando hidróxido de cálcio (cal comercial de São Paulo) como coagulante, nas condições já otimizadas por estudos realizados anteriormente. Após o lixiviado ter sido pré-tratado, foi submetido à técnica de adsorção com o intuito principal em remover as substancias húmicas (responsável pela cor do lixiviado) através do uso de resíduo do cultivo de ostra como adsorvente. Os experimentos de adsorção foram realizados em batelada utilizando as melhores condições encontradas através da técnica de planejamento experimental fatorial: adsorvente com granulometria de 100 mesh calcinado a 1000 °C durante 30 minutos, quantidade de adsorvente 3 g e agitação de 300 rpm. A observação do comportamento cinético da adsorção da cor do lixiviado (substancias húmicas) sobre as conchas de ostra resultou na determinação de um tempo. Embora o processo adsortivo seguisse uma cinética de adsorção no tempo de aproximadamente 40 minutos, o estudo de equilíbrio foi realizado no tempo de 60 minutos para garantir o seu total equilíbrio. As isotermas de adsorção seguiram o modelo de Langmuir e capacidade máxima de adsorção foi de 45,45 Hazen.L/g. O pH do lixiviado que era de 8,7 passou a ser após a combinação de tratamento 12,55. No geral a combinação dos processos de tratamento em questão foi bastante eficiente em diversos aspectos, obtendo uma redução de aproximadamente 95% da DBO, 40% da DQO, 70% da cor do lixiviado e mostrou que na técnica de adsorção as conchas da ostra são bons adsorventes para redução dos poluentes potenciais. Palavras-chave: lixiviados, adsorção, resíduo da malacocultura, ostra. vii PARAMETRIC EVALUATIONAND OPTIMIZATION OF THE LEACHATE TREATMENT BY PHYSICO-CHEMICAL PROCESSES Diego Eugênio Bulhões de Oliveira ABSTRACT Due to improper disposal of solid waste produced by the large population that environmental and social impacts have been generated. In Brazil, are produced annually about 62 million tons of municipal solid waste, of which 6.4 million are no longer collected and therefore were improper destination. A proper way to dispose of these wastes are landfill. In these locations, the residue decomposition under the soil together with water from rain especially, produce the leachate or leachate. This liquid is dark and has a strong odor and high pathogenic potential and toxicology, about 200 times more than domestic sewage, why should be treated before being released into waterways. In general the leachate when subjected to conventional treatments (aerobic lagoon, anaerobic and facultative), still have large concentrations of potential pollutants, mainly organic load represented by humic substances responsible for color of the leachate. Among the alternatives for the treatment of liquid was observed that for a satisfactory removal of pollutants a combination of physico-chemical treatment has been studied due to the complexity and degree of pollution of the effluent. In this work the combination of the techniques used for coagulation / flocculation and adsorption for the treatment of leachate. Initially, the leachate was collected from the Solid Waste Landfill Muribeca-PE, and pre-treated by coagulation / flocculation using calcium hydroxide (lime trade of St. Paul) as a coagulant, the conditions already optimized by previous studies. After the leachate had been pretreated, he underwent technique of adsorption with the main intention of removing the humic substances (responsible for the color of the leachate) through the use of crop residue of oyster as adsorbent. The adsorption experiments were conducted in batch mode using the best conditions encountered by the technique of factorial experimental design: adsorbent with a particle size of 100 mesh calcined at 1000 ° C for 30 minutes, 3 g amount of adsorbent agitation of 300 rpm. The observation of the kinetic behavior of adsorption of the color of the leachate (humic substances) on the oyster shells resulted in the determination of a time. While the adsorptive process follow the kinetics of adsorption time of approximately 40 minutes, the balance study was performed in 60 minutes to ensure their total balance. The adsorption isotherms followed the Langmuir model and the maximum adsorption capacity was 45.45 Hazen.L / g. The pH of the leachate was 8.7 which became after combination treatment 12.55. In general, the combination of treatment processes in question is very effective in many respects, obtaining a reduction of approximately 95% of the BOD, COD of 40%, 70% of the color of the leachate in the art and found that adsorption of the shells of the oyster are good adsorbents for reducing the polluting potential. Keywords: leachate, adsorption, waste of malacoculture, oyster. viii SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................... vi ABSTRACT .............................................................................................................. vii LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. x LISTA DE TABELAS............................................................................................... xii LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ........................................ xiii 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 1.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 3 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 4 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .................................................................... 4 2.2 ATERRO SANITÁRIO CONTROLADO ........................................................... 5 2.3 CARACTERÍSTICAS E COMPOSIÇÃO DO LIXIVIADO ................................ 7 2.4 ATERRO CONTROLADO DA MURIBECA ................................................... 11 2.5 MÉTODOS PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO ..................................... 12 2.5.1 Processos Biológicos .................................................................................. 13 2.5.2 Stripping de amônia ou arraste com ar ........................................................ 16 2.5.3 Processo de Separação por Membranas (PSM)............................................ 18 2.5.4 Processos Oxidativos Avançados (POAs) ................................................... 19 2.5.5 Coagulação/Floculação/Decantação ............................................................ 21 2.5.6 Adsorção .................................................................................................... 23 2.6 PLANEJAMENTO FATORIAL ....................................................................... 29 3. MATERIAIS E METODOLOGIA................................................................... 31 3.1 MATERIAIS ..................................................................................................... 31 3.1.1 Coagulante ................................................................................................. 32 3.1.2 Adsorvente ................................................................................................. 32 3.2 METODOLOGIA ............................................................................................. 33 3.2.1. Caracterização do Adsorvente .................................................................... 35 3.2.2 Estudos preliminares do lixiviado coagulado combinado com o processo de tratamento adsortivo. ........................................................................................... 37 3.2.3 Planejamento Fatorial dos Experimentos (otimização) ................................ 38 3.2.4 Estudo do Processo Adsortivo .................................................................... 40 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 42 ix 4.1 CARACTERIZAÇÃO DO LIXIVIADO ........................................................... 42 4.2. CARACTERIZAÇÃO DO ADSORVENTE ..................................................... 43 4.3 PRÉ-TRATAMENTO .................................................................................. 46 4.4 ESTUDOS PRELIMINARES DO LIXIVIADO COAGULADO COMBINADO COM O PROCESSO ADSORTIVO ............................................... 46 4.5 PLANEJAMENTO FATORIAL DOS EXPERIMENTOS ............................ 48 4.5.1 Planejamento experimental I – Otimização do Tratamento do Adsorvente .. 48 4.5.2 Planejamento experimental II – Otimização do Processo Adsortivo ............ 52 4.6 AVALIAÇÃO DO PROCESSO ADSORTIVO ............................................ 55 4.6.1 Estudo cinético de adsorção ........................................................................ 55 4.6.2 Estudo do equilíbrio de adsorção ................................................................ 56 4.7 AVALIAÇÃO GERAL DO PROCESSO ...................................................... 57 5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ............................................................... 59 5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................ 59 5.2 PERSPECTIVAS .......................................................................................... 60 6. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 61 x LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Destinação final dos RSU coletados no Brasil. (Dados da ABRELPE 2011). ..................................................................................................................................... 4 Figura 2.2: Composição gravimétrica dos RSU no Brasil. (Dados da ABRELPE 2011). ..................................................................................................................................... 4 Figura 2.3: Vista aérea do aterro da Muribeca e da estação de tratamento de lixiviados. ................................................................................................................................... 12 Figura 2.4: Composição gravimétrica do aterro da Muribeca. Fonte: Mariano, 2007. . 12 Figura 2.5: Classificação das Isotermas de adsorção. Fonte: McCABE et al. (2001). .. 26 Figura 3.1: Local exato onde foi coletado o lixiviado do aterro da Muribeca. ............. 31 Figura 3.2: Fotos das conchas de ostra: sem trituração e triturada com granulometria de 20, 60 e 100 mesh, respectivamente. ........................................................................... 32 Figura 3.3: Forno mufla Quimis Q318M21. ............................................................... 33 Figura 3.4: Foto do ensaio de coagulação no teste do jarro para o lixiviado ................ 34 Figura 3.5: Equipamento analisador de área específica do CETENE. ......................... 36 Figura 3.6: Mesa agitadora com experimento em andamento. .................................... 37 Figura 3.7: Espectrofotômetro - Spectroquant Nova 60 (MERCK). ............................ 38 Figura 4.1: Distribuição percentual do volume dos poros em função do diâmetro para o pós da ostra in natura (a) e calcinada (b). ..................................................................... 44 Figura 4.2: Isotermas de adsorção (∆) e dessorção (●) para a ostra calcinada. ............ 44 Figura 4.3: Espectro de difração do raios X sobre amostras de pó de ostra “in natura” (a) e calcinada (b). ...................................................................................................... 45 Figura 4.4: Variação da cor (●) e da capacidade de remoção de cor (Δ) do lixiviado coagulado combinado com o processo de adsorção com diferentes massas do pó calcinado. T=2 h, Agitação=400 rpm, Vol.= 0,1 L....................................................... 47 Figura 4.5: foto após o estudo preliminar com o adsorvente calcinado a 1000°C durante 3 horas com diferentes massas (0,5 a 10g) de adsorvente. ............................................ 48 Figura 4.6: Gráfico de Pareto referente à análise dos fatores que mais influenciaram na otimização no adsorvente. ........................................................................................... 49 Figura 4.7: Superfície de resposta para a redução da cor do lixiviado pelas variáveis, granulometria e temperatura. ....................................................................................... 51 xi Figura 4.8: Superfície de resposta para a redução da cor do lixiviado pelas variáveis, tempo de calcinação e granulometria. .......................................................................... 51 Figura 4.9: Gráfico de Pareto referente à análise dos fatores que mais influenciaram no processo adsortivo. ...................................................................................................... 53 Figura 4.10: Superfície de resposta para a redução da cor do lixiviado pelas variáveis, massa e agitação.......................................................................................................... 54 Figura 4.11: Evolução cinética da quantidade adsorvida da cor do lixiviado sobre as conchas de ostra. M = 3g, agitação = 300 rpm, vol = 0,1L. .......................................... 55 Figura 4.12: Ajuste dos resultados experimentais do estudo de equilíbrio na isoterma linearizada de Langmuir. ............................................................................................. 56 Figura 4.13: Ajuste dos resultados experimentais do estudo de equilíbrio na isoterma linearizada de Freundlich. ........................................................................................... 56 Figura 4.14: Foto do lixiviado coagulado e após adsorção. ......................................... 58 xii LISTA DE TABELAS Tabela 2.1: Prováveis características do lixiviado de aterros brasileiros. ....................... 8 Tabela 2.2: Diâmetro de poros e exemplos do uso de membranas. .............................. 19 Tabela 2.3: Potencial de oxidação para alguns oxidantes. ........................................... 20 Tabela 2.4: Tipos de sistemas em processos oxidativos avançados. ............................ 21 Tabela 2.5: Diferença entre adsorção física e química. ............................................... 24 Tabela 3.1: Métodos e equipamentos utilizados na caracterização do lixiviado. .......... 34 Tabela 3.2: Variáveis e níveis estudados no planejamento fatorial 2³. ......................... 39 Tabela 3.3: Variáveis e níveis estudados na otimização do processo adsortivo. .......... 39 Tabela 4.1: Resultado da caracterização do lixiviado do aterro da Muribeca-PE. ........ 42 Tabela 4.2: Resultado sumarizado da análise da área específica e volume dos poros do adsorvente. .................................................................................................................. 43 Tabela 4.3: Resultado da caracterização do lixiviado do aterro da Muribeca-PE pré- tratado pelo método de coagulação/floculação. ............................................................ 46 Tabela 4.4: Matriz de planejamento fatorial 2³.do tratamento do adsorvente. .............. 49 Tabela 4.5: Avaliação Estatística do Planejamento Experimental I. ............................ 50 Tabela 4.6: Matriz de planejamento do processo adsortivo para um fatorial 2². .......... 52 Tabela 4.7: Avaliação Estatística da Otimização do Processo Adsortivo. .................... 53 Tabela 4.8: Resultados obtidos no tratamento combinado do lixiviado. ...................... 57 xiii LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS A Área do aterro AF Ácidos fúlvicos AH Ácidos húmicos ARS Aterro de resíduos sólidos. 60CO Cobalto sessenta Ca Cálcio CaO óxido de cálcio Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio Cl Cloro CO2 Gás carbônico COT Carbono orgânico total. CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente. DQO Demanda química de oxigênio. DBO5 Demanda bioquímica de oxigênio. DBO/DQO Razão de biodegradabilidade Es Escoamento superficial Et Evapotranspiração Ev Evaporação FVMP Freqüência de valores mais prováveis. G grama. g/L gramas por litro HCO3 - Bicarbonato H2O2 Peróxido de hidrogênio H2O Água HU Huminas HZ Hazen K Coeficiente que depende do grau de compactação dos resíduos KGy Quilo Gray L Geração de lixiviado M concentração do coagulante MF Microfiltração MeV Megaeletronvolts mg/L miligramas por litro MM Massa molar. Mn Manganês Mg Magnésio Min Minuto NF Nanofiltração 60Ni Níquel sessenta NBR Norma brasileira NH4 + Amônia ionizada ou íon amônio NH3 Amônia livre Nm Nanômetro NTU Nephelometric Turbity Unit OI Osmose inversa xiv OH Hidroxila P Precipitação pH Potencial de hidrogênio POA Processos Oxidativos Avançados PSM Processo de separação por membranas Q Vazão média de lixiviado R Radiação Rc Recirculação de líquidos Rpm Rotação por minuto RSM Análise da superfície de resposta RSU Resíduos sólidos urbanos SDT Sólidos dissolvidos totais S Sólido. SBQ Sistema bioquímico. SMEWW Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater SO4 2- SulfatoSST Sólidos suspensos totais. ST Sólidos Totais TA Tempo de floculação TS Tempo de sedimentação UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket. UF Ultrafiltração UV Ultravioleta Vol. Volume VA Velocidade de floculação Wrs Água proveniente dos resíduos e do solo de cobertura Ws Água subterrânea Wv Vapor d’ água µm Micrometro μS/cm MicroSiemens por centímetro ΔW Consumo/produção de água proveniente de reações bioquímicas ΔWrs Água retida nos resíduos e no solo de cobertura % Porcentagem γ Gama 1 1. INTRODUÇÃO É de conhecimento geral que o crescimento populacional aliado à uma conseqüente demanda por bens de consumo gera quantidades significativas de resíduos sólidos que precisam ser tratado ou disposto em algum local. As formas de disposição final dos resíduos domésticos pode variar, sendo as mais empregadas no Brasil os lixões e os aterros. Os lixões respondem pelo destino final de aproximadamente 22,5% de todo resíduo produzido no Brasil e se caracterizam por serem depósitos a céu aberto onde o lixo é apenas dispensado, sem nenhum tratamento dos resíduos em decomposição ou proteção ambiental. Por isso, há alta contaminação do solo e da região ao redor desses lixões, assim como é possível a contaminação do lençol freático pela percolação do lixiviado no solo (JUCÁ, 2003). Este líquido poluidor, o lixiviado, contém altas concentrações de várias substâncias orgânicas e inorgânicas, além de possuir um potencial de poluição que pode ser de cerca de 200 vezes maior do que o esgoto doméstico (CECCONELLO, 2005). O chorume é uma substância líquida resultante do processo da decomposição de resíduos orgânicos. É viscoso e possui um cheiro muito forte e desagradável enquanto os lixiviados são o resultado da percolação de água, através da massa de resíduos que forma o chorume, na maior parte das vezes formam-se a partir de água com origem em fontes externas tais como a chuva, escoamentos superficiais, águas subterrâneas ou águas de nascente. A técnica mais utilizada mundialmente para a disposição de resíduos sólidos são os aterros sanitários. Os resíduos em decomposição sob o solo, juntamente com a água proveniente principalmente da chuva, geram o lixiviado ou percolado, o qual escoa até a base do aterro onde, posteriormente deverá ser drenado e tratado. O lixiviado é um líquido escuro e com forte odor e que possui alto potencial patogênico e toxicológico. Falha na impermeabilização do aterro e tratamento ou manejo inadequado do lixiviado podem comprometer o meio ambiente local, na medida em que este efluente pode se tornar uma fonte de contaminação hidrogeológica (MORAES; BERTAZZOLI, 2009). Portanto como se trata de um liquido extremamente tóxico para o meio ambiente é de grande necessidade a correta coleta, destinação e tratamento deste lixiviado. O lixiviado na maioria dos aterros brasileiros não possui nenhum tipo de tratamento ou é tratado de modo ineficiente. Desta forma, é relevante o 2 desenvolvimento de técnicas de tratamento eficientes na remoção da carga poluidora do mesmo e que sejam compatíveis com a realidade técnica e econômica dos municípios (MANNARINO et al., 2006). No tratamento do lixiviado de aterros sanitários, dentre os métodos físico- químicos, o processo de coagulação-floculação tem se mostrado eficiente e sido largamente empregado no pré-tratamento para remoção de compostos orgânicos não biodegradáveis e metais pesados. A execução da coagulação/floculação é muito importante no tratamento do lixiviado, pois visa proporcionar um pré-tratamento ou a diminuição dos parâmetros como, por exemplo, a cor, principal objeto de estudo deste trabalho. As vantagens deste tratamento físico-químico é principalmente sua simplicidade e baixo custo, eficiência e pode ser facilmente executado in loco (TATSI, 2003). De acordo com Kargi e Pamukoglu (2004) utiliza-se usualmente uma combinação de processos físicos, químicos e biológicos para o tratamento do lixiviado, visto que, segundo eles, é difícil se obter uma remoção de poluentes satisfatória usando- se apenas um destes processos, dada à complexidade e o alto grau de poluição deste efluente. Entre os tratamentos utilizados para remover compostos orgânicos recalcitrantes do lixiviado, a adsorção é um processo a se destacar entre as técnicas utilizadas, devido aos conhecimentos físicos e químicos a que esta inserida. Considerando que o momento atual é de obter uma combinação eficaz para o tratamento do lixiviado de aterros sanitários, o presente trabalho realiza um tratamento do lixiviado do aterro da muribeca, usando o processo adsortivo como um pós- tratamento, verificando a viabilidade do resíduo da ostreicultura para uso como adsorvente na remoção de parâmetros como cor e turbidez do lixiviado pré-tratado pelo processo de coagulação-floculação, no qual foi utilizado a cal hidratada comercial como coagulante. Neste estudo, o coagulante utilizado será o Hidróxido de Cálcio (Ca(OH)2), conhecida vulgarmente como cal hidratada comercial, que foi já utilizado para remoção de material coloidal por Semerjian (2003). A escolha do coagulante deu-se a partir dos estudos de SANTANA-SILVA (2008) e PAULINO (2011), onde constatou-se que a cal é mais apropriada ao pré- tratamento de lixiviados, devido ao seu custo-benefício. 3 1.1 OBJETIVO GERAL Avaliar a eficiência no tratamento do lixiviado, do aterro de resíduos sólidos da Muribeca (PE), utilizando os processos físico-químicos combinados de coagulação/floculação/decantação e adsorção. Além de verificar a viabilidade do resíduo da ostreicultura (concha da ostra) para uso como adsorvente e realizar estudos de otimização do processo na remoção da cor do lixiviado. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Realizar a caracterização da amostra de lixiviado do Aterro da Muribeca-PE; Aplicar o processo de coagulação/floculação/decantanção, como pré-tratamento do lixiviado, utilizando a otimização segundo Paulino (2011); Caracterização do lixiviado pré-tratado pelo processo de coagulação/floculação; Preparação e caracterização do adsorvente aproveitado de um resíduo da maricultura (concha da ostra) para pode realizar estudos adsortivos (tratamento combinado); Avaliar o tratamento do lixiviado pelo processo de adsorção combinado com o de coagulação/floculação/decantação, verificando a viabilidade do adsorvente de resíduo da maricultura (cocha da ostra) na remoção da cor do lixiviado, através de ensaios preliminares; Elaborar um planejamento experimental fatorial para determinação dos melhores parâmetros para realizar o estudo adsortivo e otimizar o adsorvente utilizado para remoção da cor do lixiviado (principal parâmetro estudado neste trabalho no tratamento do lixiviado); Obter o comportamento cinético e a capacidade máxima de adsorção da cor do lixiviado sobre as conchas de ostra; Caracterizar o lixiviado tratado com os processos combinado de coagulação/floculação e adsorção; Verificar o efeito da combinação do tratamento, comparando a caracterização do lixiviado antes do tratamento, após o pré-tratamento e depois do tratamento combinado. 4 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS De acordo com a ABRELPE 2011, no Brasil são produzidos anualmente cerca de 62 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU), das quais 6,4 milhões não são sequer coletadas, sendo abandonadas em locais inadequados. Já a destinação final adequada dos resíduos coletados houve uma singela evolução de 2010 para 2011, cerca de 58,06% dos resíduos tiveram uma disposição adequada, um aumento de aproximadamente 0,5 pontos percentuais em relação a 2010, no entanto a destinação inadequada cresceu proporcionalmente, em termos quantitativos. A Figura 2.1 mostra esta evolução. Figura 2.1: Destinação final dos RSU coletados no Brasil. (Dadosda ABRELPE, 2011) A geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil registrou crescimento de 1,8%, de 2010 para 2011, índice percentual que é superior à taxa de crescimento populacional urbano do país, que foi de 0,9 % no mesmo período (ABRELPE, 2011). A Figura 2.2 permite visualizar de modo geral a participação de diferentes materiais na fração total dos RSU no Brasil. Figura 2.2: Composição gravimétrica dos RSU no Brasil. (Dados da ABRELPE, 2011) 5 2.2 ATERRO SANITÁRIO CONTROLADO A técnica mais utilizada mundialmente para disposição de resíduos sólidos urbanos é o aterro sanitário. Sua construção baseia-se na criação de uma estrutura impermeabilizada, com o objetivo de impedir que elementos tóxicos, produzidos pela decomposição do lixo, entrem em contato com a água e o solo, poluindo o meio ambiente, seguindo critérios de engenharia e normas de operação. Em aterros sanitários, o resíduo sólido urbano é depositado em camadas, compactado e coberto com argila no final de cada operação (QASIM, 1994). Os resíduos, após chegarem ao aterro, passam por processos físicos, químicos, e principalmente biológicos, gerando dois produtos principais: gases e líquidos (PACHECO, 2004). Porém, um dos grandes problemas encontrados na gestão de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos diz respeito à produção e ao tratamento do lixiviado, ou percolado, produzido. Após o fechamento dos aterros sanitários (fim da vida útil), é imprescindível que haja um monitoramento cuidadoso dos gases, bem como o emprego de técnicas de tratamento dos líquidos percolados gerados, no caso o chorume. O chorume é definido como “liquido produzido pela decomposição de substâncias contidas nos resíduos sólidos, que tem como características a cor escura, o mau cheiro e a elevada DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio)”, de acordo com a norma NBR 8849/1985. No entanto, lixiviado é composto pelo chorume e pelo líquido que entra na massa de lixo dos aterros sanitários advindo de fontes externas, tais como sistemas de drenagem superficial, chuva, lençol freático, nascentes e aqueles resultantes da decomposição do lixo (SEGATO, 2000). De acordo com El-Fadel et al. (2002), os fatores que influenciam no processo de formação de lixiviados podem ser divididos naqueles que contribuem diretamente no teor de umidade do aterro (drenagem superficial, chuva, águas subterrâneas, conteúdo de umidade inicial, recirculação e a decomposição dos resíduos) e aqueles que afetam a distribuição da umidade dos resíduos aterrados (compactação, permeabilidade, granulometria, vegetação, camada de cobertura, impermeabilização, entre outros). Dentre as fontes que contribuem para a formação do lixiviado, a água da chuva que percola através da camada de cobertura é, sem dúvida, a mais relevante (D’ALMEIDA e VILHENA, 2000 apud ALCÂNTARA, 2007). Nem toda a água que alcança a superfície do aterro se converte em lixiviado. Parte desta água se perde por 6 escoamento superficial, se os resíduos do aterro estão cobertos superficialmente com solo, e pode ser tratada como água limpa. Outra parte da água se perde por evaporação direta do solo e transpiração vegetal. Ambos os processos normalmente se combinam e denomina-se evapotranspiração. O restante da água infiltrar-se-á na cobertura de solo e uma porção desta ficará retida no solo (MONTEIRO, 2003). Teoricamente, nenhum lixiviado será formado até, que a umidade do meio exceda a capacidade de campo, que de acordo com Alcântara (2007) representa a quantidade de água provável que será retida pelos resíduos, antes da produção de lixiviado. Segundo Lins (2003), os resíduos sólidos inicialmente agem como um absorvente, pois simplesmente retém a água. Entretanto, o material atinge um teor de umidade tal que, uma vez ultrapassado, inicia-se a produção de lixiviado. Este fenômeno é conhecido como capacidade de campo ou de retenção que é definida como o máximo conteúdo de umidade que é retido num meio poroso sem produzir percolação. A capacidade de campo dos resíduos sólidos urbanos está diretamente relacionada com a composição física e peso específico do mesmo e o seu conhecimento é essencial para implementar um controle do teor total de umidade no aterro, uma vez que esse pode influenciar as condições de biodegradação e produção de metano. A biodegradação da massa de lixo se dá pela ação conjunta de diferentes grupos de microrganismos, sejam eles: fungos e bactérias. Assim que ocorre a disposição dos RSU, estão presentes os microrganismos aeróbios, onde existe uma fonte de oxigênio (oxidante) para suas atividades metabólicas. Após um determinado tempo há proliferação de organismos anaeróbios, que degradam a matéria orgânica sem presença de oxigênio e perduram durante toda a vida em um aterro (MELO, 2003). Fungos, juntamente com as bactérias heterotróficas, são os principais decompositores da biosfera, quebrando os produtos orgânicos e reciclando carbono, nitrogênio e outros compostos do solo e do ar. Muitos fungos são economicamente importantes para o homem como destruidores de alimentos estocados e outros materiais orgânicos (LEITE, 2008). Em compostos de RSU, têm sido encontrados fungos do gênero Aspergullus, inclusive da espécie A. fumigatus, que é responsável por infecções graves em seres humanos e animais. Como os fungos são microrganismos esporógenos, a sua presença ao longo do processo de degradação de RSU em aterros, sugere que eles possam permanecer por muito tempo, no ambiente do aterro, mesmo após a estabilização do material orgânico (ALCÂNTARA, 2007). 7 As bactérias encontradas em RSU podem ser aeróbias, anaeróbias ou facultativas a depender da fase de decomposição dos resíduos e das condições de oxigenação do ambiente. Em geral a decomposição aeróbia é relativamente curta em um aterro de RSU. Em aterros pouco profundos (inferiores a 3m) ou quando se garante suprimento extra de oxigênio, essa fase pode se estender por um tempo maior. Para uma melhor caracterização da composição qualitativa do lixiviado gerado em um aterro, é importante o conhecimento da fase do processo de degradação anaeróbia em que a matéria orgânica aterrada se encontra, uma vez que as características de cada fase influenciam diretamente na qualidade do lixiviado ao longo do processo de estabilização (CASTRO, 2001 apud PAES, 2003). O ecossistema de um aterro é o resultado de interações complexas entre diferentes grupos microbianos e isso pode ser evidenciado pela cadeia degradativa, onde determinado substrato fornece produtos para um grupo e este para outro e assim sucessivamente (VILLAS BÔAS, 1990 apud ALVES, 2005). Essa diferença de microrganismos encontradas nos RSU é dada por sua heterogeneidade que disponibiliza diversos substratos a esses grupos microbianos. As reações de degradação da matéria orgânica acontecem sequencialmente em fases, compreendendo uma fase aeróbia e quatro fases anaeróbias com a formação do lixiviado e de biogás, principalmente o metano. A duração dessas fases depende das condições físicas, químicas e microbiológicas que se desenvolvem dentro do aterro ao longo do tempo (POHLAND; HARPER, 1985). A composição do lixiviado pode variar amplamente em função das sucessivas fases de degradação. A divisão em fases facilita a compreensão dos processos de estabilização dos resíduos sólidos e seus impactos sobre as composições do lixiviado e das emissões gasosas, embora na prática, durante a vida ativa de um aterro, estas fases não são bem delimitadas. Desta forma o lixiviado recebido na base do aterro, provindo de um conjunto de células, será de composição média e com características que tendem para a fase de degradação predominante na maior parte do aterro (MORAIS, 2005). 2.3 CARACTERÍSTICAS E COMPOSIÇÃO DO LIXIVIADO Existem três estágios mais significativos na produção de lixiviado: a compressão ecompactação da massa de lixo devido ao próprio peso dos resíduos, a decomposição da matéria orgânica, e pela infiltração de águas das chuvas nas camadas superficiais, laterais ou inferiores dos aterros sanitários (VENKATARAMANI et al., 1983). 8 A dificuldade de se encontrar dados concretos referentes à descrição das características físico-químicas dos lixiviados típicos de aterros sanitários brasileiros é o principal problema enfrentado pelos projetistas nacionais, para se determinar o melhor método a ser aplicado para o tratamento de lixiviado. Solto e Povinelli (2007), reuniram dados disponíveis na literatura referentes a 25 aterros localizados em nove estados no Brasil. Com base neste levantamento foram construídas distribuições de frequência que permitiram determinar as faixas mais prováveis de concentração para 30 variáveis físico-químicas do lixiviado (Tabela 2.1). Tabela 2.1: Prováveis características do lixiviado de aterros brasileiros. Variável Faixa máxima Faixa mais provável FVMP pH 5,7 – 8,6 7,2 – 8,6 78% Alcalinidade total (mg/L de CaCO3) 750 – 11 400 750 - 7 100 69 % Dureza (mg/L de CaCO3) 95 - 3 100 95 – 2 100 81 % Condutividade (μS/cm) 2 950 - 25 000 2 950 - 17 660 77 % DBO (mg/L) < 20 - 30 000 < 20 - 8 600 75 % DQO (mg/L) 190 – 80 000 190 - 22 300 83 % Óleos e Graxas (mg/L) 10 – 480 10 – 170 63 % Fenóis (mg/L de C6H5OH) 0,9 – 9,9 0,9 – 4,0 58 % NTK (mg/L) 80 - 3 100 não há - N-amoniacal (mg/L) 0,4 - 3 000 0,4 - 1 800 72 % N-orgânico (mg/L) 5 - 1 200 400 - 1 200 80 % N-nitrito (mg/L) 0 – 50 0 – 15 69 % N-nitrato (mg/L) 0 – 11 0 – 3,5 69 % P-total (mg/L) 0,1 – 40 0,1 – 15 63 % Sulfeto (mg/L) 0 – 35 0 – 10 78 % Sulfato (mg/L) 0 - 5 400 0 - 1 800 77 % Cloreto (mg/L) 500 - 5 200 500 - 3 000 72 % Sólidos totais (mg/L) 3 200 - 21 900 3 200 - 14 400 79 % Sólidos totais voláteis (mg/L) 630 - 20 000 630 - 5 000 60 % Sólidos totais fixos (mg/L) 2 100 - 14 500 2 100 - 8 300 74 % Sólidos suspensos totais (mg/L) 5 - 2 800 5 – 700 68 % Sólidos suspensos voláteis (mg/L) 5 – 530 5 – 200 62 % Ferro (mg/L) 0,01 – 260 0,01 – 65 67 % Manganês (mg/L) 0,04 – 2,6 0,04 – 2,0 79 % Cobre (mg/L) 0,005 – 0,6 0,05 – 0,15 61 % Níquel (mg/L) 0,03 – 1,1 0,03 – 0,5 71 % Cromo (mg/L) 0,003 – 0,8 0,003 – 0,5 89 % Cádmio (mg/L) 0 – 0,26 0 – 0,065 67 % Chumbo (mg/L) 0,01 – 2,8 0,01 – 0,5 64 % Zinco (mg/L) 0,01 – 8,0 0,01 – 1,5 70 % FVMP: freqüência de ocorrência dos valores mais prováveis. (Fonte: Souto e Povinelli, 2007.) 9 Há inúmeros fatores que afetam as características físicas, químicas e biológicas dos lixiviados, por exemplo: idade do aterro, composição e características dos resíduos aterrados (em função das características da população), conteúdo de umidade, precipitação pluviométrica, aspectos climáticos e hidrogeológicos, estações do ano, características do solo, tipo de operação e gerenciamento do aterro, atividade da flora microbiana, além das próprias condições internas do aterro (temperatura, conteúdo de umidade, fase de biodegradação entre outros) (EL-FADEL et al., 2002; KARGI e PAMUKOGLU, 2003; RENOU et al., 2007). A variação da composição química do lixiviado depende, dentre os fatores apresentados, da idade do aterro. Segundo Lins (2003), a composição do lixiviado varia com o transcorrer dos anos, de acordo com as fases de vida do aterro, nas quais compostos químicos podem ser gerados ou consumidos. O lixiviado é um líquido de alto poder poluidor, cuja principal característica é a variabilidade de sua composição em decorrência do esgotamento progressivo da matéria orgânica biodegradável resultando em inúmeros compostos orgânicos e inorgânicos. Christensen et al. (2001) propõem a classificação dos poluentes presentes no lixiviado de aterros sanitários em quatro grandes grupos: 1. Matéria orgânica dissolvida, expressa como demanda química de oxigênio (DQO) ou carbono orgânico total (COT), incluindo metano (CH4), ácidos graxos voláteis e mais compostos recalcitrantes, como por exemplo as substâncias húmicas (ácidos húmicos e fúlvicos); 2. Macrocomponentes inorgânicos: cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio (Na), potássio (K), amônia (NH3), ferro (Fe), manganês (Mn), cloro (Cl), sulfato (SO4 2- ) e bicarbonato (HCO3 - ). 3. Metais pesados: cádmio (Cd), cromo (Cr), cobre (Cu), chumbo (Pb), níquel (Ni) e zinco (Zn); 4. Compostos orgânicos xenobióticos, presentes em baixas concentrações, que incluem uma variedade de hidrocarbonetos aromáticos, compostos fenólicos e alifáticos clorados; Além desses constituintes, Christensen et al. (2001) citam outros componentes do lixiviados encontrados em baixíssimas concentrações como boro (B), arsênio (As), selênio (Se), bário (Ba), lítio (Li), mercúrio (Hg) e cobalto (Co). Nesse tipo de efluente 10 é possível também encontrar um número elevado de bactérias, sendo as mais comuns: acetogênicas, redutoras de sulfato, desnitrificantes e espécies patogênicas como as pertencentes ao grupo coliforme. No lixiviado são encontradas também Archaeas metanogênicas, microrganismos fundamentais no processo de digestão anaeróbia (BARLAZ et al., 1989). Além desses organismos são encontrados também cisto de protozoários e ovos de helmintos (PAES, 2003). O lixiviado é considerado um efluente tóxico devido à presença de compostos recalcitrantes, metais pesados, elevadas concentrações de amônia e alcalinidade. Entretanto, segundo Clèment et al. (1997), a toxicidade do lixiviado não pode ser associada à uma substância isoladamente e nem a soma de todas as substâncias presentes, mas sim ao efeito sinérgico entre as diferentes substâncias existentes nesse efluente. Os parâmetros físico-químicos e biológicos mais frequentemente utilizados para caracterizar o lixiviado são pH, DQO, DBO5, COT, Nitrogênio Total (NKT) e amoniacal, alcalinidade, série de sólidos, ácidos orgânicos voláteis e metais pesados (CLÈMENT et al., 1997; RENOU et al., 2007, BAUN et al., 2004). Tais parâmetros são essenciais para controlar o descarte do lixiviado tratado nos corpos hídricos receptores. Dentre esses parâmetros pode-se destacar a DBO e DQO, uma vez que a biodegradabilidade da matéria orgânica presente no lixiviado é comumente determinada pela relação DBO/DQO. A relação DBO5/DQO pode sugerir o estágio de degradação dos resíduos sólidos e, consequentemente, indicar a maturidade do aterro e do lixiviado a qual aumenta com o tempo (a relação DBO/DQO é inversa à maturidade, diminuindo com o tempo. Aterros novos, cujo lixiviado apresenta grande quantidade de matéria orgânica de fácil biodegradação, a relação DBO5/DQO encontra-se na faixa de 0,4 a 0,6. Para aterros mais antigos, esta relação situa-se normalmente na faixa entre 0,05 e 0,2. A relação é menor porque o lixiviado proveniente de aterros antigos contém tipicamente mais ácidos húmicos e fúlvicos, constituintes considerados recalcitrantes ou de difícil biodegradação e a matéria orgânica biodegradável já foi quase todo degradada (EL FADEL et al.,2002; TCHOBANOGLOUS et al., 1993). Para alguns autores, o lixiviado pode ser classificado em novo (jovem), intermediário e estabilizado (velho) (BRAIG et al. ,1999). 11 A quantidade de substâncias químicas nos resíduos é finita e a qualidade do lixiviado alcança um limite de diversidade de seus componentes depois de aproximadamente 2 ou 3 anos, seguidos pelo declínio gradual nos anos seguintes (PAES, 2003). 2.4 ATERRO CONTROLADO DA MURIBECA O Aterro de Resíduos Sólidos da Muribeca está localizado a 16 km da Cidade do Recife, situado na zona rural do município de Jaboatão dos Guararapes/PE, possui uma área total de 64 hectares, com perímetro de 3,85 km. O Aterro recebia dos municípios de Recife e Jaboatão todo tipo de resíduos sólidos durante toda sua vida útil, onde no inicio (1985) funcionou como vazadouro a céu aberto (lixão). Em 1994 se iniciou oprocesso de transformação do lixão em um aterro sanitário, após um diagnóstico do local começou-se um estudo para tratamento dos resíduos e recuperação ambiental, visando à recuperação da área, com o intuito de aumentar o tempo de vida útil do aterro, transformando o lixão em aterro controlado. Esse processo consistiu na construção de nove células, com largura e comprimento médios de 200m x 200m, respectivamente, com altura variando de 20 a 40 m, aproximadamente (LINS, 2003). O lixiviado gerado no Aterro da Muribeca parou de ser lançado diretamente no Rio Muribequinha em 2002 e passou a ser drenado e encaminhado para a Estação de Tratamento de Lixiviado (ETL), onde após ser tratado era direcionado através de um emissário até o Rio Jaboatão para ser descartado. Antes deste sistema já avia duas lagoas de decantação, de onde uma parte do lixiviado era recirculado para o aterro, seguido de uma caixa de medição de vazão. O aterro foi fechado em meados de 2009. A ETL no Aterro controlado da Muribeca é composta de um tratamento biológico que consiste numa série de lagoas de estabilização ordenadas (01 anaeróbia seguida de 03 facultativas) e de um tratamento bioquímico, constituído por duas barreiras bioquímicas que utilizam a fitorremediação, para polimento final do lixiviado. A Figura 2.3 apresenta o aterro Controlado da Muribeca e sua ETL. 12 Figura 2.3: Vista aérea do aterro da Muribeca e da estação de tratamento de lixiviados. O aterro da Muribeca quando na sua plena atividade, recebia diariamente 2.800 toneladas de resíduos domésticos, hospitalares e industriais. A Figura 2.4 exibe a composição gravimétrica do aterro baseada em dados obtidos para a célula experimental da CHESF (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) (MARIANO et al., 2007). Figura 2.4: Composição gravimétrica do aterro da Muribeca. (Fonte: Mariano, 2007). 2.5 MÉTODOS PARA TRATAMENTO DE LIXIVIADO No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), através das Resoluções 357/2005 e 430/2011 (que altera e complementa a 357), estabelecem condições e padrões de lançamento de efluentes para qualquer fonte poluidora. Boa parte dos efluentes descartados nos corpos d´água não atendem as normas de descarte 13 estabelecida nestas resoluções, que dispõe também sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento. O lançamento de efluentes sem tratamento nas águas superficiais pode alterar sua tonalidade natural e provocar o desenvolvimento de espumas na superfície do corpo hídrico. De modo geral, o lixiviado dos aterros de resíduos sólidos (ARS), quando submetido aos sistemas convencionais de tratamento de efluentes, dos quais pode-se citar lagoas aeróbias, anaeróbias e facultativas, ainda apresenta concentrações de poluentes elevados, principalmente de carga orgânica, que representam riscos de impacto ambiental e à saúde publica (CECCONELLO, 2005). A determinação do processo a ser adotado para o tratamento de lixiviado deve ser motivada por uma análise de critérios técnicos e econômicos, avaliando parâmetros quantitativos e qualitativos, ligados necessariamente à realidade ambiental. De acordo com Souto e Povinelli (2007), as falhas na operação de uma estação de tratamento podem ser resultado da aplicação de tecnologia inapropriada ou do dimensionamento inadequado das unidades. De maneira geral, não há tecnologia que, atuando isoladamente, consiga tratar o efluente tão complexo como o lixiviado. Os métodos convencionais de tratamento de lixiviado podem ser classificados em quatro grandes grupos: transferência de lixiviado – recirculação, evaporação e tratamento combinado com esgotos; métodos biológicos aeróbios e anaeróbios; métodos físicos e químicos – adsorção, precipitação química, coagulação/floculação, oxidação química, air stripping ou remoção de amônia por injeção de ar e filtração por membranas; e por fim, métodos alternativos – wetlands construídos e o sistema de barreira bioquímica. (RENOU et al. 2007; KURNIAWAN et al., 2006b; WISZNIOWSKI et al., 2006; IWAI, 2005; BELTRÃO, 2005). Nesta revisão bibliográfica procurou-se abordar de forma breve algumas das técnicas usadas no tratamento de lixiviado, enfatizando os métodos de coagulação/floculação/decantação e Adsorção, por serem os métodos utilizados nesta pesquisa. 2.5.1 Processos Biológicos Este tratamento objetiva a estabilização da matéria orgânica, realizada por microrganismos (bactérias). A estabilização transforma a matéria orgânica do meio em compostos inertes não prejudiciais ao meio ambiente. Quando o esgoto bruto é lançado diretamente num corpo d'água, ocorre um impacto ambiental devido à mudança nas 14 propriedades ecológicas do meio e nos grupos que habitam a região em equilíbrio natural. Isto se deve, basicamente, ao consumo de oxigênio pelos microrganismos, quando da estabilização da matéria orgânica. Os processos biológicos de tratamento utilizam os mesmos mecanismos naturais de estabilização, porém de maneira controlada e a taxas mais altas. Para o tratamento de lixiviado por processos biológicos, além da recirculação, realizado no próprio aterro, também podem ser utilizados sistemas aeróbios (lagoas aeradas, filtros biológicos, lodos ativados), anaeróbios (lagoas anaeróbias, filtro anaeróbio, reator anaeróbio de fluxo ascendente) e os facultativos, representados pelas lagoas facultativas (MORAIS, 2005). As lagoas aeradas são usadas como tratamento de descargas orgânicas leves provenientes de efluentes de outras lagoas. As eficiências de remoções de DBO e DQO são geralmente baixas. Porém, a função principal é a destruição de microrganismos patogênicos, além da redução de nutrientes e sólidos em suspensão (MARA E PEARSON, 1986). Este tipo de lagoas para tratamento de águas residuárias compreende unidades rasas necessárias para manter as condições aeróbias. O desempenho da lagoa depende exclusivamente do oxigênio produzido pelas algas, sendo ele transferido quase que por toda a lagoa através da turbulência dos ventos. De acordo com Pearson et al (1995), reduzindo a profundidade da lagoa também reduz-se o tempo de detenção, mas isto não afeta a qualidade do efluente. Pelo contrário, isto traduz que as lagoas mais rasas são de melhor eficiência quanto à desinfecção natural do que as lagoas de maturação mais profundas. STEGMANN e HEYER (2005), partem do principio de que o tempo de detenção do lixiviado seja longo o suficiente para que as bactérias, embora transportadas para fora da lagoa com o lixiviado, possam se desenvolver e realizar a nitrificação da amônia. COSSU et al. (1982), estimam que este tempo de detenção deva ser entre 50 e 100 dias. Os filtros biológicos são unidades constituídas de leitos de pedras britadas que servem de suporte de fixação de microrganismos aeróbios responsáveis pela conversão e oxidação de matéria orgânica e nutriente. O mecanismo dos filtros biológicos caracteriza-se por uma contínua alimentação e percolação do lixiviado nos interstícios do meio suporte onde ocorrem o crescimento e a aderência da massa biológica nesta superfície. O material para o meio suporte depende http://pt.wikipedia.org/wiki/Oxida%C3%A7%C3%A3o 15 da disponibilidade local, custos de transporte e montagem. A biomassa fica aderida à superfície do leito do meio suporte formado por brita, areia, plástico, bambu, etc. (SCHIMANKO, 2008). O tratamento por lodos ativados trata-se de um processo destinado a degradação de poluentes orgânicos por um sistema heterogêneo de microrganismos, continuamente recirculado e concentrado. Neste processo há contato destes microorganismos com a matéria orgânica do efluente a ser tratado na presença de oxigênio introduzido no sistema. Estes microrganismos têm a capacidade de estabilizar e remover a matéria orgânica biodegradável. O processo pode ser inibidopela presença de substâncias tóxicas (principalmente a nitrificação) e pela variação de temperatura e do pH do lixiviado (FERREIRA et al., 2001). O tratamento por lodos ativados removem aproximadamente 90% de DBO, 99% de DQO e de 80 a 99% de metais pesados para esgoto. Entretanto para lixiviados esta remoção é bem menor devido à elevada concentração de amônia e da carga orgânica (VAN HAANDEL e GERRIT, 1999). A principal vantagem no processo de lodos ativados é a eficiência na remoção dos parâmetros de poluição tais como sólidos suspensos, DQO, DBO5, nutrientes, nitrogênio por nitrificação e desnitrificação. Também apresentam algumas desvantagens como, a necessidade de longos períodos de aeração, acarretando alto consumo de energia; sensibilidade a sobrecargas hidráulicas; grande volume de lodo produzido em excesso e inibição microbiana devido às elevadas concentrações de nitrogênio amoniacal (WISZNIOWSKI et al. 2006). As lagoas anaeróbias são reatores biológicos modelados para receber altas cargas orgânicas por unidade de volume do reator, fazendo com que a taxa de consumo de oxigênio seja muito superior à taxa de produção, sendo assim completamente isentas de oxigênio dissolvido e de atividade fotossintética, mas associando os mecanismos de fermentação e respiração anaeróbicos. Nesses reatores, segundo Oleszkiewicz e Koziarski (1986), a maior parte da matéria orgânica é destruída por via metanogênica e sulfetogênica. Segundo Merkel (1981), o tratamento anaeróbio é um processo sequencial que envolve três estágios: na primeira fase, hidrólise de materiais complexos, o material orgânico complexo é transformado em matéria orgânica simples solúvel via hidrólise e enzimática. Na segunda etapa, produção de ácidos, que são formados pelas bactérias anaeróbias e facultativas, convertendo os compostos orgânicos solúveis em ácidos orgânicos pelas bactérias anaeróbias conhecidas como produtoras de ácidos e, no 16 terceiro período, fermentação metanogênica, os ácidos orgânicos simples são convertidos em metano e dióxido de carbono através de bactérias anaeróbias produtoras do metano. São usadas com grandes vantagens como tratamento primário de águas residuárias, industriais e/ou de dejetos suínos com grande concentração de compostos orgânicos e altos teores de sólidos. Os filtros anaeróbios são unidades que contém superfície para o crescimento de colônias de bactérias anaeróbias e facultativas. A filtração se dá pela passagem do lixiviado pelo meio do filtro, onde há adsorção e posterior metabolismo da matéria orgânica solúvel e particulada presente no efluente que se converte a gás metano e gás carbônico (CASAGRANDE, 2006). Embora eficaz, o tratamento de lixiviado em filtro anaeróbio necessita, em geral de tratamento posterior. Reator UASB consiste de um leito de lodo denso no qual o fluxo ascendente atravessa. O perfil de sólidos no reator varia, de muito denso próximo ao fundo, até um lodo mais disperso e leve, próximo ao topo do reator. Uma das características principais do reator UASB é reter, por tempo elevado, os sólidos, mesmo com a aplicação de elevadas cargas hidráulicas ao sistema (CHERNICHARO, 1990). As lagoas facultativas são sistemas baseados numa mistura de microrganismos, aeróbios próximos à superfície superior e anaeróbios próximos ao fundo da lagoa, onde a matéria orgânica em suspensão é sedimentada. As principais características desse tipo de lagoa são: cor verde, devido à elevada concentração de algas e de oxigênio dissolvido (produzido pela fotossíntese) e uma grande quantidade de sólidos suspensos. No Brasil, os métodos biológicos são os mais empregados no tratamento de lixiviados de aterros sanitários. Devido à sua confiabilidade e simplicidade eles são comumente usados para lixiviado contendo altas concentrações de DBO e DQO (RENOU et al., 2007). Inúmeras dificuldades são encontradas ao utilizar este tipo de tratamento para lixiviado de aterro sanitário, como a vazão e a carga orgânicas muito variáveis, necessidade de uma grande área para implantação, inibição do crescimento microbiano em função dos metais pesados, altas concentrações de amônia (toxicidade), acarretando em baixa eficiência para o tratamento de lixiviado estabilizado ou pouco biodegradável (ALVES; LANGE, 2004; LANGE et al., 2006). 2.5.2 Stripping de amônia ou arraste com ar O arraste com ar consiste na injeção de ar no líquido através de difusores ou outros mecanismos de aeração com o intuito em transferir compostos voláteis. Segundo 17 Metcalf e Eddy (1991), os fatores responsáveis pela eficiência de remoção dos compostos voláteis envolvem a área de contato (gás de arraste - líquido), a solubilidade do contaminante na fase aquosa, a difusividade do contaminante no ar e na água, a turbulência das fases e a temperatura de operação. Para remoção de amônia em lixiviado um dos métodos físico-químicos mais comumente utilizado é o de arraste com ar (air stripping). A obtenção de eficiências de remoção de amônia com valores acima de 93% a partir de lixiviados com concentrações iniciais de amônia relativamente altas de 500 a 700 mg/L (MARTTINEN et al. 2002). Segundo estes autores esta tecnologia envolve cinéticas de reação de 1ª ordem, onde a taxa de transferência de massa do líquido para o gás depende da concentração inicial de amônia. Consequentemente, espera-se que a taxa de remoção de amônia seja menor em lixiviados diluídos do que em concentrados. A remoção de amônia com ar é um processo que pode ser útil em lixiviado, embora esta tecnologia seja mais amplamente utilizada no tratamento de efluentes industriais, os quais apresentam baixas concentrações de nitrogênio (LIAO et al, 1995). Este processo de tratamento envolve a injeção forçada de ar através de um reator, resultando na liberação da amônia volátil (amônia livre) para o ar. Este tipo de tratamento fornece uma série de vantagens, como por exemplos, a não necessidade de construção de equipamento, a simplicidade e baixo custo do processo. A remoção por arraste com ar, em contrapartida, necessita de uma torre de remoção e, portanto, envolve alguns custos de construção. O efluente é bombeado para o topo da torre e depois escorre em direção oposta, deslizando suavemente através do material de recheio no interior da torre. Paralelamente, o efluente vai de encontro ao ar em escoamento forçado em contra corrente, resultando na liberação da amônia livre para o ar (LIAO et al., 1995). A quantidade de amônia que pode ser removida de um efluente qualquer através do arraste com ar é dependente de dois equilíbrios termodinâmicos: o equilíbrio de amônia no gás/líquido e o equilíbrio de dissociação da amônia no líquido. O equilíbrio da amônia em solução aquosa depende do pH e da temperatura. A concentração de amônia livre está expressa na Equação 2.1 (BONMATI & FLOTATS, 2002). (Eq. 2.1) 18 na qual: [NH3] = concentração de amônia livre (mg/L) [NH3 + NH4 + ] = concentração total de amônia (livre e ionizada) (mg/L) [H + ] = concentração de hidrogênio ionizado (mol/L) Ka = constante de ionização de amônia em fase acida (mol/L) A amônia é um gás incolor, mais leve do que o ar. É facilmente liquefeito devido à formação de pontes de hidrogênio entre as suas moléculas (MARTINEZ RODRIGUEZ, 2007). A amônia livre é mais tóxica que a amônia na forma ionizada para as espécies aquáticas, cerca de cem vezes mais, mesmo em baixas concentrações. Essa maior toxicidade certamente ocorre devido à difusão da amônia pela membrana epitelial das espécies aquáticas, dificultando, por exemplo, mecanismos naturais de eliminação dessa substância por esses organismos (SILVA & JARDIM, 2007). Este poluente pode ser acumulado nos tecidos dos peixes, podendo causar efeitos secundários como alteração do metabolismo e o seu efeito pode estar relacionado com a perda de equilíbrio,hiper-excitabilidade, aumento da atividade respiratória, aumentos de batimentos cardíacos e bloqueando as funções vitais, danos ao fígado e rins, etc. No ser humano, a amônia gasosa pode causar problemas respiratórios, queimaduras na mucosa nasal, necrose dos tecidos, edema pulmonar e bronquite crônica (LEYTÓN CERNA, 2008). A Resolução do CONAMA nº 20/1986 limitava para lançamentos de efluentes em corpos de água o valor de 5,0mg/L de amônia. Na legislação CONAMA nº 357/05, a amônia passou a ser expressa como nitrogênio amoniacal total, cujo limite de lançamento aumentou para 20,0 mg/L, no qual este valor foi mantido pela nova resolução CONAMA nº 430/2011. 2.5.3 Processo de Separação por Membranas (PSM) Os processos de separação por membranas (PSM) tiveram inicio no século XVIII, porém seus progressos mais expressivos ocorreram principalmente na segunda metade do século XX. De modo geral uma membrana é um obstáculo que separa duas etapas e que restringe, total ou parcialmente, o transporte de uma ou varias espécies químicas presentes nestas etapas. No tratamento de lixiviado, os processos de separação por membranas em especial a osmose inversa, tem sido amplamente usada nos países europeus (França, 19 Alemanha, Itália, etc.), na América do Norte (Estados Unidos e Canadá) e na Ásia (China e Coréia), devido à capacidade de reter ambos contaminantes orgânicos e inorgânicos (TREBOUT et al., 2001; RENOU et al., 2008). Os processos de separação por membranas são uma modificação da filtração clássica convencional onde os elementos filtrantes (membranas) apresentam poros muito inferiores em comparação aos processos convencionais. Os processos utilizando membranas baseados na diferença de pressão são: microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose inversa, onde, o que varia é o tamanho da partícula retida em cada um dos processos (NASCIMENTO, 2004). No geral, o que diferencia e caracteriza cada uma das categorias é o diâmetro dos poros das membranas, conforme a Tabela 2.2. Tabela 2.2: Diâmetro de poros e exemplos do uso de membranas. Tipo de membrana Diâmetro do poro Aplicação típica Microfiltração (MF) 0,1 a 2,0 µm Remover sólidos em suspensão. Ultrafiltração (UF) 0,01 a 0,1 µm Remover substâncias coloidais, bactérias, pirogênio. Nanofiltração (NF) 0,001 a 0,01 µm Remover vírus, íons inorgânicos e substâncias com peso molecular > 400g/mol Osmose inversa (OI) 0,0001 a 0,001 µm Remover compostos orgânicos, sais dissolvidos, vírus, bactérias e pirogênio. Fonte: NASCIMENTO, 2004 A principal vantagem do sistema de membranas é a seletividade, em alguns casos apresentam-se como única alternativa na separação de compostos. O elevado custo de operação, provenientes do elevado consumo de energia para aplicação de alta pressão e dos problemas de incrustação dos poros das membranas, ainda é sua principal desvantagem, principalmente no caso de lixiviado, devido às altas concentrações de sólidos e a disposição do concentrado gerado. Desta forma, a limpeza periódica das membranas é de fundamental importância, pois visa à restauração do fluxo permeado a valores próximos do fluxo inicial. 2.5.4 Processos Oxidativos Avançados (POAs) A oxidação química é um processo de tratamento que se baseia na utilização de um agente oxidante, responsável pela degradação dos contaminantes. Os principais oxidantes utilizados são: peróxido de hidrogênio, reagente Fenton, permanganatos e persulfatos (US EPA, 2004). 20 A principal via de reação química deste processo oxidativo é o radical hidroxila (•OH) devido a seu alto pode oxidante capazes de oxidar praticamente todas as classes de compostos orgânicos. Em relação a outros agentes oxidantes, o radical hidroxila apresenta alto potencial de oxidação termodinâmico, conforme mostrado na Tabela 2.3. Tabela 2.3: Potencial de oxidação para alguns oxidantes. Agente oxidante Potencial de oxidação Radical fluoreto 3,06 Radical Hidroxila (• OH) 2,80 Ozônio (O3) 2,07 O2 1,23 Peróxido de hidrogênio (H2O2) 1,77 Permanganato (KMnO4) 1,67 Dióxido de cloro (Cl2) 1,50 Cloro 1,36 Bromo 1,09 Iodo 0,54 Radical Peroxila (•OOH) 1,70 Fonte: BÉLTRAN et al. (1997) Segundo Silva 2009a, o radical hidroxila é um poderoso oxidante de natureza não seletiva a compostos orgânicos, sendo capaz de oxidá-los gradativamente a alcoóis, aldeídos ou cetonas, ácidos carboxílicos, ou até sua completa mineralização, encerrando em gás carbônico e água. Os POA são classificados em dois grandes grupos: sistemas homogêneos, que envolvem reações com ozônio (O3), peróxido de hidrogênio (H2O2) com ou sem radiação e sistemas heterogêneos, que utiliza semicondutores foto-sensíveis no estado sólido, que em contato com a massa líquida, catalisam a reação de geração do radical (•OH), como o dióxido de titânio (TiO2). A Tabela 2.4 apresenta alguns dos principais sistemas homogêneos e heterogêneos, diferenciando-os. 21 Tabela 2.4: Tipos de sistemas em processos oxidativos avançados. Sistema homogêneo Sistema heterogêneo Com irradiação Sem irradiação Com irradiação Sem irradiação O3/UV O3/H2O2 TiO2/O3/UV Eletro-Fenton H2O/UV O3/OH - TiO2/H2O2/UV Feixe de elétrons H2O2/Fe 2+ (Fentron) Ultrasom (US) H2O2/US UV/US H2O2/Fe2+/UV (Foto Fenton) Fonte: Renou et al., (2007). De um modo geral, existem muitas vantagens para tratamento de lixiviados utilizando processos oxidativos avançados, tais como: simplicidade de implantação, facilidade de operação e insensibilidade à mudança de temperatura. Surgindo como principais desvantagens os altos custos operacionais (produtos químicos utilizados) e o grande consumo de energia (KARGI, 2004). Fares (2003) cita a tendência de uma combinação de técnicas para o tratamento de efluentes, ou seja, a utilização de processos agrupados que reúnem as vantagens de dois ou mais processos de tratamento como, por exemplo, utilizar reagente de Fenton para degradar moléculas persistentes e gerar intermediários menos tóxicos que podem ser, posteriormente, destruídos por tratamentos biológicos (FARES, 2003). 2.5.5 Coagulação/Floculação/Decantação Este tipo de tratamento considera a simplicidade do processo e o uso de equipamentos de baixo custo como um dos fatores determinantes à sua escolha para remoção de compostos orgânicos não-biodegradáveis, metais pesados e NH3-N do lixiviado. Este tratamento físico-químico permite a remoção de sólidos suspensos e particulas coloidais da solução a ser tratada (JORDÃO, 1995). A coagulação é definida como sendo o processo no qual as forças de repulsão das partículas dissolvidas ou em suspensão são anuladas, permitindo que elas possam se agrupar. O processo da coagulação inicia-se pela adição de um coagulante em uma câmara de mistura rápida no efluente que se pretende tratar (BUCHARD, 1979). Para aumentar o tamanho da partícula e facilitar sua posterior remoção, por exemplo pela decantação ou flotação, o processo da coagulação é geralmente seguido 22 pela floculação. Neste as partículas se aglomeram formando flocos volumosos por agruparem-se mais facilmente. Esta técnica permite a remoção de sólidos suspensos e partículas coloidais da solução (JORDÃO, 1995). O processo de coagulação/floculação é uma técnica que pode ser empregada para remoção de sólidos suspensos, matéria orgânica não-biodegradável, e metais pesados de chorume de aterros sanitários (KURNIAWAN, 2006). A última fase deste processo é a de sedimentação, que é a etapa de clarificação do efluente. À medida que os flocos agregados, os mesmos aumentam de densidade e tendem a decantar (BUCHARD, 1979). A coagulação/floculação tem sido empregada tanto no tratamento de água quanto no tratamento de diferentes tipos de efluentes, visando principalmente à remoção de compostos orgânicos não-biodegradáveis, nitrogênio amoniacale metais pesados. Este método envolve a adição de produtos químicos que promovem a remoção de substâncias dissolvidas e suspensas por sedimentação (METCALF e EDDY, 2003). Os agentes químicos empregados para os métodos de coagulação/floculação são geralmente classificados em dois grandes grupos: agentes inorgânicos - sulfato de alumínio (alume), sulfato ferroso, cloreto férrico, clorosulfato férrico, cloreto de polialumínio (PAC); e polímeros orgânicos derivados de poliacrilamida (ou polietileno) ou biopolímeros (polímeros produzidos por organismos biológicos) (ZOUBOULIS et al., 2004). Amokrane et al. (1997) afirmam que o hidróxido de cálcio é o reagente mais utilizado na precipitação química, requerendo, geralmente, entre 1 a 15 mg/L deste reagente no tratamento de lixiviado de aterros. O hidróxido de cálcio pode ser implementado como um pré-tratamento de um sistema biológico uma vez que a cal hidratada remove da solução grande quantidade de metais pesados e parte da matéria orgânica, em especial as substâncias húmicas responsáveis por conferir cor ao lixiviado e inibir processos fotossintéticos e fotoquímicos essenciais ao desenvolvimento dos microrganismos, principalmente nas lagoas facultativas e aeradas (LINS et al., 2007). O grau de clarificação ou remoção de cor de um efluente está diretamente relacionado com a quantidade de agente químico usado e dos cuidados necessários para o controle do processo, sendo possível obter por precipitação química um efluente claro e livre de matéria orgânica em suspensão ou em estado coloidal (METCALF e EDDY, 2003). 23 O coagulante hidróxido de cálcio O termo Cal, refere-se ao óxido de cálcio ou cal virgem (CaO), hidróxido de cálcio ou cal hidratada Ca(OH)2 e a cal dolomítica, porém as mais usadas são CaO e Ca(OH)2 (SANTANA-SILVA, 2008). A cal é obtida através de uma reação química de calcinação que consiste na remoção térmica do calcário, dolomitas e conchas calcárias, o que resulta na formação de dois produtos: CaO e CO2 (REBELATO, 2006). O principal uso da cal, é na correção de pH, sendo também utilizadas para outros fins como: precipitação de matéria orgânica, fosfatos e metais pesados, e como coagulante para remoção de material coloidal (SEMERJIAN, 2003). A cal hidratada é aplicada em diversas áreas como na fabricação de argamassa, asfalto na construção civil, tratamento de efluentes, etc. Esta cal, segundo SANTANA- SILVA (2008), é a cal mais apropriada para o tratamento do lixiviado devido à relação custo/remoção quando comparada às demais. 2.5.6 Adsorção A adsorção refere-se ao acúmulo de uma substância em uma interface (FOGLER, 2002). Considerando o sistema sólido-líquido, a adsorção constitui em um processo de separação em que componentes de uma fase fluida são transferidos para a superfície de um sólido adsorvente. O adsorvato é o material adsorvido, enquanto que a substância a ser adsorvida (aquela que ainda não está em contato com a superfície) é chamada de adsortivo. O material sobre o qual a adsorção ocorre é chamado de adsorvente (FOUST et al., 1982). Por causa das diferentes forças de ligação que ocorrem entre as moléculas do adsorvato e do adsorvente que estão envolvidas no fenômeno de adsorção, esse comumente diferencia-se em adsorção física (fisiossorção) ou química (quimiossorção). A adsorção pode ocorrer em uma única camada de moléculas ou em diversas camadas (CARVALHO, 2010). A adsorção física envolve forças intermoleculares fracas, que inclui as forças de van der Waals (dispersão-repulsão) e interações eletrostáticas incluindo polarização, dipolo e interação quadrupolo (ZUIM, 2010). Na adsorção física, não se observa troca de elétrons; o que ocorre, mais propriamente, são atrações intermoleculares entre sítios de energias favoráveis, independentemente das propriedades eletrônicas das moléculas 24 envolvidas. O adsorvato é mantido na superfície por forças relativamente fracas, chamadas forças de van der Waals, e camadas múltiplas podem se formar com aproximadamente o mesmo calor de adsorção. O calor de adsorção na fisiossorção é baixo e, por isso, esse tipo de adsorção é estável apenas a temperaturas abaixo de 150°C (CARVALHO, 2010). A adsorção química envolve uma troca de elétrons entre sítios específicos da superfície e moléculas do soluto, resultando na formação de uma ligação química. A quimiossorção é caracterizada por energias de interação entre a superfície e o adsorvato, energias comparáveis às forças de ligações químicas; consequentemente, a quimiossorção é mais forte e mais estável a elevadas temperaturas do que a adsorção física. Apenas uma única camada molecular pode ser adsorvida. As ligações formadas podem ser iônicas, covalentes ou a mistura das duas. Para as ligações iônicas, a facilidade de passagem de elétrons através da superfície plana pode decidir tanto a facilidade de formação quanto à força de ligação. No caso das ligações covalentes, elas somente podem ser formadas se o adsorvente possuir orbitais com elétrons solitários capazes de entrar em covalência (CARVALHO, 2010). As características gerais que diferenciam a adsorção física da química estão apresentadas na Tabela 2.5. Tabela 2.5: Diferenças entre adsorção física e química. Adsorção Física Adsorção Química Baixo calor de adsorção (2 ou 3 x menor que o calor latente de vaporização) Alto calor de adsorção (2 ou 3 vezes maior que o calor latente de vaporização) Não específica Altamente específica Monocamada ou Multicamada Somente monocamada Nenhuma dissociação das espécies adsorvidas Pode envolver dissociação Significante somente a temperaturas relativamente baixas Possível em uma ampla faixa de temperatura Rápida, não ativada, reversível Ativada, pode ser lenta e irreversível Sem transferência de elétrons. Transferência de elétrons com formação de ligações entre adsorvato e adsorvente Fonte: Ruthven (1984). A capacidade adsortiva do adsorvente em remover adsorvato (ou adsorbato) no processo de adsorção é definida pela Equação 2.2: 25 V M CC q AAt 0 (Eq 2.2) na qual: qt = capacidade adsortiva no tempo t (mg.g -1 ); CA0 = concentração inicial de adsorvato (mg.L -1 ); CA = concentração final de adsorvato (mg.L -1 ); V = volume da solução de corante (L); M = massa de adsorvente (g). a) Fatores que influenciam na adsorção O processo de adsorção depende de vários fatores segundo Fernandes (2005), tais como: natureza do adsorvente, adsorvato e as condições de adsorção. As características dos adsorventes incluem: área superficial; distribuição do tamanho dos poros e tipo de grupos funcionais presentes na superfície. Os principais fatores no mecanismo de adsorção em soluções aquosas diluídas são a superfície química do adsorvente e as características químicas da substância a ser adsorvida, pois influenciam fortemente nas interações eletrostáticas e não eletrostáticas. Grupos funcionais presentes no adsorvente ou na fase a ser adsorvida afetam profundamente as interações de dispersão. Assim, é importante analisar as características químicas da substância que se deseja adsorver e do adsorvente para determinar a escolha do melhor adsorvente (ZUIM, 2010). Segundo Fogler (2002) a natureza do adsorvato depende da: polaridade; hidrofobicidade; tamanho da molécula; solubilidade: grupos polares diminuem a adsorção; acidez ou basicidade, determinado pela natureza do grupo funcional presente. A capacidade adsortiva depende do tamanho da molécula a ser adsorvida porque isso define seu acesso aos poros do adsorvente (microporos, mesoporos ou macroporos) e a solubilidade determina as interações hidrofóbicas (ZUIM, 2010). As condições de contorno (características químicas e temperatura de adsorção) incluem a (FOGLER, 2002): temperatura: geralmente a adsorção é exotérmica; velocidade de agitação:
Compartilhar