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Soldagem
108 Corte & Conformação de Metais – Julho 2012
q uando se fala da geração de radiação em soldagem, 
é importante que se tenha em 
mente não apenas o conceito e 
os diferentes tipos de radiação, 
mas também o que realmente é 
a soldagem. Em termos de con-
ceituação, não fica bem claro 
para a comunidade a diferença 
entre solda e soldagem. É impor-
tante enfatizar que “soldagem” 
refere-se ao processo de fabrica-
ção, do grupo dos processos de 
união, que visa o revestimento, a 
manutenção e /ou a união de 
Exposição à radiação em 
processos a arco elétrico: 
consequências à saúde e 
formas de controle
Dentre os métodos de união usados industrialmente, os processos de soldagem 
a arco elétrico têm vantagens como a versatilidade para atingir as condições 
almejadas em um projeto, fácil treinamento e custos acessíveis. No entanto, pelo 
uso do arco elétrico como fonte de calor (temperaturas superiores a 3.000°C), 
há o surgimento de um espectro de radiação eletromagnética que pode acarretar 
injúrias ocupacionais nos olhos e na pele do soldador. Este artigo aborda os 
mecanismos de formação e os tipos de radiação associados ao arco elétrico, seus 
efeitos sobre a saúde e as formas normatizadas existentes para seu controle (uso 
de equipamentos de proteção coletiva e individual).
materiais, em escala atômica, com 
ou sem o emprego de pressão e 
com ou sem a aplicação de calor. 
Assim, sempre que a ideia se re-
ferir à operação (preparação, 
execução e/ou avaliação), o termo 
correto a ser utilizado é soldagem. 
Por sua vez, “solda” corresponde 
ao resultado final da operação, ou 
seja, o depósito/cordão.
Considerando as diferentes 
aplicações industriais do processo 
de fabricação por soldagem, os 
usuários têm a possibilidade de 
escolha de mais de 50 diferentes 
J. A. L. de Sousa, S. R. Barra
processos aplicáveis às condi-
ções de fabricação. Destes, os 
processos de soldagem a arco 
elétrico (como, por exemplo, TIG, 
MIG/MAG, eletrodo revestido, 
entre outros), pela adequada 
combinação custo/facilidade de 
operação /gama de aplicação, 
correspondem à maior parcela 
de aplicação no Brasil.
Para os processos de soldagem 
a arco elétrico, em razão da fonte 
de calor estar associada à for-
mação e à manutenção do arco 
elétrico (temperaturas superiores 
a 3.000°C), decorre o fenômeno 
de ionização da coluna gasosa e, 
como consequência, há a produ-
João Andrade Lopes de Sousa e Sérgio Rodrigues Barra são, respectivamente, pesquisadores do Departamento 
de Engenharia Mecânica e do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, em Natal, RN (contato por e-mail: jlopesrn@yahoo.com.br; barra@ct.ufrn.br). Publicação 
autorizada pelos autores.
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012110
Soldagem
ção de energia térmica e energia 
luminosa. Dessa forma, a radia-
ção eletromagnética emitida pela 
soldagem (arco elétrico) cobre os 
espectros das radiações ultravio-
leta (UV) e infravermelha (IV).
Segundo o Ministério da Saúde 
(MS), a radiação eletromagnéti-
ca proveniente do arco elétrico 
pode ser prejudicial à saúde do 
soldador, causando problemas 
visuais e/ou cutâneos(9). Por isso, 
a Sociedade Americana de Sol-
dagem (AWS, American Welding 
Society) e a Norma Regulamen-
tadora 6 (NR6) do Ministério do 
Trabalho brasileiro recomendam 
a utilização de equipamentos de 
proteção individual (EPIs) para 
evitar injúrias nas áreas do corpo 
citadas anteriormente.
Um estudo realizado pelo 
Instituto Nacional de Saúde e 
Segurança Ocupacionais dos 
Estados Unidos (NIOSH, Natio-
nal Institute for Occupational 
Safety and Health) no ano de 
2010 chegou à conclusão de 
que cerca de 6% dos danos 
causados à visão dos trabalhado-
res norte-americanos estão rela-
cionados ao processo de solda-
gem a arco elétrico, como pode 
ser visto na figura 1. Lombardi 
et al. (13), estudando a relação 
entre a operação de soldagem e 
a ocorrência de danos nos olhos, 
relatam que lesões traumáticas 
na região ocular caracterizam-se 
como um importante problema 
de saúde e segurança ocupacional 
para os trabalhadores que estão 
envolvidos na operação de solda-
gem (soldadores e operários 
que trabalham na área em que a 
operação é realizada). No mesmo 
estudo, os autores mostram que, 
das lesões oculares relatadas, 
5,1% foram em soldadores e 
8,2% corresponderam aos de-
mais operários que atuavam na 
região da operação.
Radiação
Em termos conceituais, a radia-
ção eletromagnética pode ser 
Fig. 1 – Acidente de trabalho na região ocular x porcentagem de casos. 
Adaptado de NIOSH(18).
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 111
definida como um conjunto de 
ondas elétricas e magnéticas 
irradiadas (7). Como forma de 
ilustrar o fenômeno, a figura 2 
mostra que as radiações emitidas 
pelo processo de soldagem a arco 
elétrico situam-se nas faixas de 
radiação infravermelha, luz visível 
e, uma grande parte, na região 
Fig. 2 – Representação esquemática da relação entre o espectro eletromagnético e suas respectivas fontes de 
emissão. Adaptado de Arpansa(5).
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012112
Soldagem
da radiação ultravioleta (UV). 
Tenkate (20), adotando o esque-
ma fotobiológico para explicar o 
fenômeno, mostra que as fron-
teiras que separam as regiões da 
radiação não são bem definidas, 
podendo variar de acordo com a 
aplicação.
Analisando o espectro ele-
tromagnético apresentado na 
figura 2, pode-se constatar que 
a faixa de luz visível é muito fina 
em comparação a outras regiões 
espectrais (7).
Para facilitar o entendimento 
da formação, dos tipos e das 
formas de controle da radiação 
ultravioleta, a figura 3 apresenta 
um mapa conceitual sobre os 
diferentes espectros de radiação 
UV (UVA, UVB ou UVC), os quais 
aparecem com maior intensidade 
no processo de soldagem a arco 
elétrico e, como consequência, 
podem causar danos maiores 
ao trabalhador. Essa emissão é 
originada pelo choque dos íons, 
átomos e elétrons presentes no 
arco. Seu contato com o opera-
dor pode causar doenças a curto 
(fotoqueratite, eritema cutâneo) 
ou longo prazo (catarata, câncer 
de pele, fotoenvelhecimento).
Os problemas oriundos da ex-
posição ao arco elétrico podem 
ser evitados com a seleção e a 
utilização correta dos equipa-
mentos de segurança (individuais 
ou coletivos). O equipamento de 
proteção individual (EPI) protege-
rá o soldador e/ou seu ajudante. 
Já a adoção do equipamento de 
Fig. 3 – Mapa conceitual sobre a radiação ultravioleta (tipo, origem, causas e forma de controle)
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012114
Soldagem
proteção coletiva (EPC) ampliará 
a proteção aos transeuntes e ao 
ambiente de trabalho vizinho à 
região da operação de soldagem. 
É interessante salientar que, além 
da radiação UV, existem outros 
efeitos físicos deletérios gerados 
no arco: exposição ao calor, aos 
respingos de metal, à luz visível e 
à radiação infravermelha.
O mecanismo de radiação 
no arco elétrico
Wainer(21) define o arco elétrico 
como “a descarga elétrica man-
tida através de um gás ionizado, 
iniciada por uma quantidade de 
elétrons emitidos do eletrodo 
negativo (cátodo) aquecido e 
mantida pela ionização térmica 
do gás aquecido”. 
No arco elétrico (figura 4), 
considerado uma região eletri-
camente “neutra”, observa-se a 
presença conjunta de cargas ne-
gativas em constante movimento 
(elétrons livres – e-), cargas posi-
tivas (prótons), vapores metálicos 
e moléculas do gás de proteção. 
Ao realizar-se a abertura do arco 
(colisão de cargas elétricas e 
efeito Joule), ocorre a geração 
de energia térmica e energia 
luminosa. Em complemento, 
como mostrado na figura 4 (b), o 
arco elétrico caracteriza-se ainda 
pela formação de três distintas 
regiões: a região anódica (com 
caráter positivo decorrente do 
acumulo de carga +), a região 
catódica (acumulo de carga -) e 
a coluna do arco (região eletrica-
mente neutra).
Nesta linha, a região anódica 
adquire o caráter “-” pela locali-
zação/acúmulo dos elétronsque 
foram emitidos da região cató-
dica. Em contrapartida, a região 
catódica adquire o caráter “+” 
pelo deslocamento e o ancora-
mento de cargas positivas. Por 
fim, observa-se a coluna locali-
zada entre as regiões anódicas 
e catódicas, denominada coluna 
do arco ou coluna de plasma, 
com característica de neutrali-
dade elétrica (igualdade entre as 
cargas + e -).
No processo de soldagem 
a arco elétrico, uma parte da 
energia que não se transforma 
em calor gera radiações eletro-
Fig. 4 – Representação do mecanismo de formação e manutenção do arco elétrico durante a 
soldagem: a) mecanismo comum para a abertura do arco; b) fenômenos observados na formação 
e manutenção do arco elétrico.
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 115
magnéticas, que são dissipadas 
para o meio exterior ao arco 
(figura 4b).
Radiação infravermelha
De acordo com Tenkate (20), a 
radiação infravermelha (IV) está 
compreendida no espectro ele-
tromagnético na faixa de 7,7.10-7 
até 1,00.10-3 m (figura 6). Ainda 
segundo o autor, a radiação IV 
pode se dividir em três faixas: IVA 
(7,70.10-7 até 1,40.10-6 m), IVB 
(1,40.10-6 até 3,00.10-6 m) e IVC 
(3,00.10-6 até 1,00.10-3 m). Obser-
va-se que a faixa de abrangência 
da radiação IV é significativamente 
mais ampla que a da ultravioleta. 
No entanto, em alguns casos, ela 
chega a ser considerada ausente 
em alguns processos de solda-
gem.
Assim, pode-se supor que no 
arco elétrico, a quantidade de 
radiação infravermelha emitida é 
muito menor, em comparação com 
a ultravioleta e a luz visível(20).
Radiação ultravioleta
No Brasil, o Ministério da Saúde 
enfatiza que, no processo de sol-
dagem a arco elétrico, a radiação 
ultravioleta é a que mais pode 
causar danos ao operador. Adi-
cionalmente, segundo a Agência 
Australiana de Proteção contra 
Fig. 6 – Representação esquemática do espectro eletromagnético contendo tipos de 
radiação em função do comprimento de onda (l). Adaptado de Extruflex (2012).
Fig. 5 – Fenômenos físicos associados ao arco elétrico – 
“distribuição de cargas”(21)
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012116
Soldagem
a Radiação e Segurança Nuclear 
(Arpansa, Australian Radiation 
Protection and Nuclear Safety 
Agency) (5) e Faber(9), a radiação 
ultravioleta (UV) está compreen-
dida no espectro eletromagnético 
com o comprimentos de onda 
entre 1,00.10-7 m e 4,00.10-7 m 
(figura 6). É importante ressaltar 
que a radiação UV não pode ser 
vista a olho nu, sendo somente 
detectada por equipamentos 
específicos para esse fim.
Os raios UV podem ser classifi-
cados em três faixas, considerando 
a ordem crescente de perigo ao ser 
humano: UVA – presente na faixa de 
3,15.10-7 até 4,00.10-7 m; UVB – pre-
sente na faixa de 2,80.10-7 até 
3,15.10-7 m; e a faixa mais nociva 
ao soldador, denominada UVC, 
situada no espectro de 1,00.10-7 
a 2,80.10-7 m(5, 9, 20).
A emissão de radiação na 
região do arco elétrico pode ser 
influenciada por diversos fatores, 
tais como o tipo de eletrodo, o 
gás de proteção, o fumo gerado 
no processo, o metal de base, a 
corrente e a tensão de soldagem, 
entre outros. Essa condição pode 
ser visualizada na tabela 1, que 
demonstra o tempo máximo (tmax) 
de exposição à radiação (sem 
proteção de EPI, considerando 
uma distância de dois metros da 
fonte de radiação).
Neste caso, a radiação ul-
travioleta pode causar danos à 
saúde do soldador de acordo 
com o tempo de exposição. Os 
problemas ocasionados em curto 
prazo são a fotoqueratoconjun-
tivite (fotoqueratite) e o eritema 
cutâneo. Já os efeitos em longo 
prazo podem ser a catarata, o 
fotoenvelhecimento e o câncer 
de pele, como mostrado no mapa 
conceitual da figura 3(1, 19, 20).
Radiação ionizante
A American Welding Society(4) cita 
que a radiação ionizante (radiação 
com energia suficiente para induzir 
íons e elétrons livres na matéria 
exposta “superfície”(átomos e/ou 
moléculas) é produzida no pro-
cesso de soldagem por feixe de 
elétrons (imposição de um nível 
elevado de tensão elétrica) ou 
por partículas oriundas da ponta 
do eletrodo de tungstênio dopado 
com tório (Th).Outro exemplo des-
se tipo de radiação são os raios-X 
e os raios gama(4, 7).
Deve-se, portanto, definir dis-
tâncias seguras em relação à fonte 
de radiação ionizante e, para o 
particulado, sistemas de exaustão 
e máscaras de proteção adequadas 
para impedir a inalação.
Radiação não ionizante
Na soldagem, a radiação não 
ionizante (nível de energia não 
suficiente para destacar elétrons 
dos átomos), como já mencio-
nado anteriormente, tem sua 
intensidade e tamanho de onda 
variáveis de acordo com os parâ-
Tab. 2 – Transmitância luminosa em função da tonalidade do filtro(2)
Filtro: tonalidade 
“número” (visor) 
Transmitância 
luminosa na luz 
visível (valor 
nominal em %)
Transmitância 
luminosa
no ultravioleta 
distante (%) 
Exemplos de 
faixas de corrente 
associadas ao 
processo TIG*
Incolor 100 - –
5 1,93 0,02 –
6 0,72 0,001 –
7 0,27 0,007 –
8 0,1 0,004 Até 30 A
9 0,037 0,002 30 até 70 A
10 0,0139 0,001 70 até 120 A
11 0,0052 0,0007 120 até 200A
12 0,0019 0,0004 200 até 300 A
13 0,00072 0,0002 300 até 350 A
14 0,00027 0,0001 –
*Cada processo de soldagem terá relação adequada entre a tonalidade do filtro e a 
corrente regulada no equipamento de soldagem (fonte).
Tab. 1 – Duração da exposição máxima permissível para soldagem ao arco elétrico(20)
Processo de 
soldagem
Gás de 
proteção
Metal de base
Corrente de 
soldagem (A)
Exposição permitida à 
radiação UV
Tempo máximo tmax (s)
TIG He
Aço de baixo 
carbono
100 50
250 30
TIG Ar
Aço de baixo 
carbono
100 700
250 110
TIG Ar Alumínio
50 4.000
100 1.000
MIG/MAG Ar Alumínio
150 26
300 12
MIG/MAG CO2
Aço de baixo 
carbono
150 100
350 16
MIG/MAG Ar/O2
Aço de baixo 
carbono
150 30
250 10
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012118
Soldagem
metros de soldagem, o tipo de 
eletrodo, o fluxo de material e o 
revestimento.
O principal tipo de radiação 
não ionizante gerado no processo 
de soldagem a arco elétrico é a 
radiação ultravioleta (UV). Adi-
cionalmente, é importante citar 
que também há a geração de luz 
visível (situada entre os espectros 
de UV e IV), que provoca incômo-
do ao operador (soldador).
É importante salientar que a ra-
diação ultravioleta é independente 
do brilho visível, ou seja, os raios 
UV podem chegar ao soldador 
mesmo que aparentemente a lumi-
nosidade não esteja associada. Essa 
observação reforça a importância 
da utilização de EPIs que garantam 
a segurança do trabalhador duran-
te a exposição ao arco elétrico(4).
Na soldagem a arco elétrico, a 
proteção coletiva (PC) pode ser 
feita por placas que avisam sobre 
os riscos associados à operação 
para aqueles que estão expostos 
às radiações. Esse tipo de prote-
ção pode ser usado largamente 
em avisos com dizeres como: 
“Cuidado, ambiente submetido à 
radiação!” e “Perigo!”, entre ou-
tros. Geralmente, esses avisos são 
posicionados na entrada do local 
ou em um ponto onde sua visua-
lização seja fácil e rápida(14).
Outra medida para proteger 
a integridade dos trabalhadores 
é o afastamento da fonte de 
radiação ou o seu enclausura-
mento entre paredes, tapumes, 
cortinas, biombos ou cabines de 
soldagem(10). A proteção também 
pode ser feita pela pintura das 
Em operações de soldagem, 
os principais equipamentos para 
proteção contra a radiação do 
arco elétrico são as máscaras com 
lente protetora (filtros) no visor 
e as roupas especiais (avental, 
magote, touca, entre outras), que 
impedem que os raios atinjam a 
pele e os olhos do soldador(3, 19).
Equipamento 
de proteção
Equipamento de 
proteção coletiva
Segundo Lyon(14), os equipamentos 
de proteção coletiva (EPCs) têm o 
objetivo de impedir que problemas 
ou injúrias possam ser causados a 
mais de um trabalhador ao mesmo 
tempo ou aos transeuntes em uma 
área de operação.
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 119
paredes e superfícies com tintas 
que diminuem a reflexão da ra-
diação. Essa pintura é especial, 
pois possuicomponentes que 
têm alta absorção da radiação 
ultravioleta, como óxido de zinco 
ou óxido de titânio(14).
Outra possibilidade de pro-
teção são rotas demarcadas 
com distâncias seguras para 
os transeuntes e trabalhadores 
vizinhos.
Equipamento de 
proteção individual
Segundo a Norma Regulamen-
tadora número 6 do Ministério 
do Trabalho (NR 6), considera-se 
equipamento de proteção indi-
vidual (EPI) todo dispositivo ou 
produto de uso individual pelo 
trabalhador destinado à proteção 
contra riscos suscetíveis de amea-
çar a segurança e a saúde no 
trabalho. No caso da soldagem, 
o EPI deve impedir que ocorram 
injúrias principalmente na pele e 
nos olhos do soldador (1, 4).
Considerando o que foi exposto, 
a proteção da região de operação 
pode ser feita de duas maneiras, 
ou seja: individualmente (EPI) ou 
Fig. 7 – EPI básico usado durante a operação de soldagem a arco elétrico
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012120
Soldagem
coletivamente (EPC). Deve-
se sempre aliar as duas 
modalidades de proteção, 
visto que uma pode com-
plementar a outra. Assim, 
pode-se inferir que, antes 
do início da operação, é 
preciso fazer um estudo 
completo sobre os riscos 
que podem prejudicar o 
trabalhador alocado para 
a referida atividade(16).
Equipamentos de 
proteção individual 
aplicados à soldagem
Segundo a Norma Regulamenta-
dora número 6, o EPI é recomen-
dado para os profissionais que 
estejam diretamente ligados com 
a operação e também os seus 
ajudantes. No Brasil, por força 
de lei, o EPI deve ser fornecido 
gratuitamente aos trabalhadores, 
quando estes estão sujeitos ao 
risco de acidentes de trabalho ou 
de doenças profissionais.
No processo de soldagem a 
arco elétrico, um dos EPIs mais 
lembrados é a máscara de sol-
dagem (elmo), que, além de 
impedir que níveis prejudiciais 
de radiação luminosa e ultra-
violeta entrem em contato com 
os olhos e o rosto do soldador, 
não permitem que as partículas 
que se desprendem do processo 
(por exemplo, salpicos de metal) 
atinjam o rosto, o pescoço ou 
as orelhas do operário (14, 17, 19). 
O filtro presente nesse EPI (más-
cara de soldagem) tem algumas 
tonalidades padronizadas pela 
entidade norte-americana Ame-
rican National Standards Institute 
(ANSI), de acordo com a norma 
Z87.1(2). Esses tons têm como 
objetivo reduzir a quantidade de 
radiação (luz visível e radiação 
UV) que chega ao operador, ou 
seja, diminuir (controlar) a trans-
missividade do visor (atuação 
sobre a transmitância luminosa) 
em função da corrente de solda-
gem aplicada.
Segundo Incropera et al. (11), 
considera-se a transmitância 
como a fração da radiação inci-
dente transmitida pela matéria, 
ou seja, neste caso, a porcen-
tagem de radiação que o filtro 
permite que chegue ao solda-
dor. Geralmente, ela é dada em 
porcentagem. Alguns valores de 
transmitância para certas tonali-
dades de filtros podem ser vistos 
na tabela 2 (pág. 116).
Em relação ao restante da 
vestimenta, as roupas para pro-
teção são compostas de perneira, 
braceira, avental e luvas (figura 7, 
pág. 119). Esses EPIs impedem 
que respingos de metal líquido 
em altas temperaturas provenien-
tes do processo atinjam a pele do 
soldador ou que o operador, aci-
dentalmente, se queime ao tocar 
uma superfície quente. Por fim, 
também impedem a penetração 
dos raios UV(16).
Por gravidade, as partículas 
quentes provenientes da poça 
de fusão tendem a cair, podendo 
assim atingir o pé do operador. 
Nesse contexto está a função das 
botas. Além disso, esse EPI protege 
o trabalhador de impactos decor-
Tab. 3 – Levantamento de mercado do preço médio 
dos EPI utilizados pelo soldador
EPI (unidade) Valor médio (R$)
Avental de raspa de couro 20,00
Botas 70,00
Braceira 20,00
Luva de raspa de couro 15,00
Máscara de proteção (elmo) 30,00
Perneira de raspa de couro 20,00
Visor de policarbonato (filtro) 2,00
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 121
rentes da queda, sobre os pés, dos 
instrumentos e peças utilizados no 
processo de soldagem(16).
É importante ressaltar que o uso 
correto dos equipamentos de pro-
teção em questão é um acréscimo 
para evitar ou diminuir problemas 
ocasionados pelo trabalho(14, 16).
Custo do EPI versus 
cultura de uso
Para entender a importância do 
uso do EPI e os respectivos custos 
associados, a tabela 3 (pág. 120) 
mostra uma estimativa do custo 
médio, em reais, dos EPIs utilizados 
no processo de soldagem(N. E.). Para 
o cálculo da média foram levanta-
dos no mercado (via pesquisa na 
Internet) os preços dos EPIs em três 
diferentes revendas.
Pela análise dos preços expostos 
na tabela 3, pode-se chegar a um 
valor médio total por soldador 
(conjunto de EPI) na ordem de 
R$ 200,00(N.E.). Observa-se que o 
menor valor entre os EPIs listados 
na referida tabela está associado 
ao visor de policarbonato (filtro), 
que, em comparação com os ou-
tros equipamentos, representa 
apenas 1% do valor total inves-
tido na segurança do soldador. 
Portanto, constata-se que o valor 
associado ao filtro é inversamente 
proporcional ao valor da segurança 
proporcionada por este EPI, quando 
comparado, por exemplo, com os 
custos associados ao afastamento 
não programado do operário por 
queimadura nos olhos (tempo de 
afastamento de até 15 dias). Além 
disso, esse é o único dos equipa-
mentos de proteção individual que, 
Nota dos editores: os preços informados 
correspondem a valores aferidos em no primeiro 
semestre de 2012, período em que foi elaborado o 
artigo.
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012122
Soldagem
quando adequadamente seleciona-
do, permite a visualização da região 
do arco e mantém os olhos do 
soldador sob níveis de transmitância 
(radiações UV) previstos em norma 
(controle da penetração da intensa 
luminosidade e dos raios UV).
Por fim, de acordo com Lyon(14), 
ressalta-se que o uso do equipa-
mento de proteção não é o único 
fator responsável pela saúde do 
operador. Se o seu uso não for feito 
de maneira correta, o soldador po-
derá sofrer com os efeitos nocivos 
da radiação emitida pelo arco elé-
trico. Isso significa dizer que, além 
da disponibilidade dos EPI, é ne-
cessário que haja um treinamento 
e o acompanhamento periódico e 
eficiente da mão de obra para que 
injúrias não venham a ocorrer.
Conclusões
Com base nos dados pesquisados 
e na normatização vigente, é 
possível afirmar que:
a) O arco elétrico, por sua nature-
za, emite dois tipos principais 
de radiação, ionizante e a 
não ionizante. Excetuando-se 
o processo de soldagem por 
feixe de elétrons e as partícu-
las decorrentes da preparação 
do eletrodo de tungstênio 
dopado com tório (que geram 
radiação ionizante), a radiação 
predominante no arco elétrico 
é a não ionizante (UVA e IV). 
Esse tipo de radiação varia de 
acordo com uma série de fato-
res (parâmetros de soldagem, 
tipo de eletrodo, metal de 
base e/ou revestimento);
b) A radiação não ionizante é a 
responsável pela luminosidade 
emitida no processo de sol-
dagem a arco elétrico e, tam-
bém, pelos raios ultravioleta 
(UVA, UVB e UVC), sendo que 
os raios UVC são potenciais 
causadores de danos ao solda-
dor (pele e olhos). Observa-se 
ainda que a radiação infraver-
melha tem uma pequena faixa 
associada à soldagem (arco 
elétrico), muitas vezes nem 
sendo detectada;
c) Para garantir condições de se-
gurança, EPI e EPC são adota-
dos como forma de permitir a 
visibilidade da região soldada 
(região do arco) e, ao mesmo 
tempo, controlar a exposição 
do soldador à radiação eletro-
magnética gerada pelo arco 
elétrico (principalmente os 
raios UV – controle da trans-
mitância luminosa);
d) É necessário que haja o acom-
panhamento e o treinamento 
periódico da mão de obra asso-
ciada com a operação de solda-
gem, como forma de garantir a 
verificação da certificação dos 
equipamentos e possibilitar seu 
emprego correto;
e) Na soldagem, mesmo havendo 
normatização e órgãos fisca-
lizadores indicando a obriga-
toriedade do uso dos EPIs, 
observa-se que, por falta de 
conscientização do empresárioe do soldador, o uso do EPI 
ainda é uma questão polêmica 
e pouco discutida no chão de 
fábrica.
Corte & Conformação de Metais – Julho 2012 123
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