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23
INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS- IPEMIG
SILVANIA LOURENÇO DOS SANTOS
ORALIDADE E FLUÊNCIA LEITORA NA PRÁTICA ALFABETIZADORA
Belo Horizonte
2023
SILVANIA LOURENÇO DOS SANTOS
ORALIDADE E FLUÊNCIA LEITORA NA PRÁTICA ALFABETIZADORA
Trabalho de Conclusão de Curso, da IPEMIG, no Curso de Segunda Licenciatura em Pedagogia, como pré-requisito para aprovação.
Belo Horizonte
2023
RESUMO
No processo de aprendizagem da leitura é indispensável que, inicialmente, o aluno conheça e saiba utilizar o código alfabético, reconheça os sinais gráficos, e seja capaz de estabelecer relação com os sons da fala, tendo como base a fluência leitora e consequentemente a escrita autônoma e a diminuição do impacto causado pelo distanciamento da sala de aula, além de manter de “certa forma” os vínculos intelectuais e emocionais dos estudantes e da comunidade escolar. Para respaldar esta didática, tive como referência alguns aportes de documentos oficiais como a BNCC que é o documento que define as aprendizagens essenciais, as quais os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da educação básica, para então obter um alinhamento teórico e corroborar com as premissas aqui elegidas, além das contribuições de estudiosos da área de alfabetização e letramento por meio da pesquisa bibliográfica. É uma pesquisa de natureza qualitativa, pois pretende contribuir com a ampliação das capacidades de oralidade e fluência leitora na prática no decorrer do processo de alfabetização nas escolas.
Palavras-chave: Alfabetização, Oralidade, Fluência Leitora.
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	5
2	DESENVOLVIMENTO	7
2.1	A importância da leitura	7
2.2	Contextualização da fluência na leitura oral	9
2.3	Uma breve reflexão sobre o processo de Alfabetização	11
2.4	Oralidade e fala na fluência leitora no processo de Alfabetização	12
3	CONSIDERAÇÕES FINAIS	13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	15
INTRODUÇÃO
A fluência tem chamado a atenção dos pesquisadores no mundo todo pelo impacto que pode causar no final dos anos escolares no seu desempenho global. Isso porque se o escolar chega ao final dos ciclos do Ensino Fundamental sem fluência de leitura, provavelmente sua compreensão de leitura poderá estar prejudicada. Em decorrência da falta de fluência de leitura ao longo dos anos acadêmicos, consequências negativas em relação à quantidade de leitura realizada pelo escolar podem ser notadas. A falta de fluência gera desmotivação para a leitura, e faz com que o leitor leia cada vez menos, colocando-o em um ciclo de poucas leituras. A prática da leitura é necessária para o desenvolvimento da fluência, que estará estagnado e poderá comprometer a oportunidade de o escolar aprender o conteúdo acadêmico, que também depende consecutivamente de uma boa leitura (SOARES, 2017).
No processo de aprendizagem da leitura é indispensável que, inicialmente, o aluno conheça e saiba utilizar o código alfabético, reconheça os sinais gráficos, e seja capaz de estabelecer relação com os sons da fala. Morais (2013) considera a hipótese da existência de relação entre a aprendizagem da leitura e a capacidade de o indivíduo identificar os componentes fonológicos das unidades linguísticas e manipulá-los de forma intencional.
O processo de alfabetização em si é desafiador, por causa dos diferentes níveis de leitura e escrita que encontramos numa mesma sala de aula, isso em se tratando de um ano letivo peculiar, mas, quando olhamos para o processo educacional num período pandêmico, especificamente iniciado em 2020, esse desafio se torna ainda maior. Alfabetizar durante o período de ensino emergencial remoto exigiu repentinamente do professor a reinvenção de métodos e estratégias para contornar as dificuldades, como a questão do acesso à internet e equipamentos tecnológicos para possíveis aulas virtuais síncronas; e esse despreparo não foi somente dos alunos, o professor também está incluso neste processo.
Foi um turbilhão de coisas ao mesmo tempo, publicação do Decreto Legislativo nº 6 de 2020 em 20 de março, que abordou o estado de “Calamidade Pública” em virtude da pandemia da COVID-19, algo assustador por se tratar de uma doença totalmente desconhecida até então, e um termo muito forte que deixou todos em alerta quanto à importância do decreto e suas implicações diante da situação pandêmica. Em seguida foram aulas suspensas, escolas fechadas numa tentativa de preservar a saúde de estudantes, funcionários e das famílias, foi uma medida de afastamento social preventiva tomada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e autoridades competentes para tentar restringir a disseminação comunitária e frear o avanço da COVID-19 no Brasil.
Não estávamos preparados, (e ainda não estamos), fomos pegos de surpresa e isso nos trouxe desafios em meio ao caos, incertezas, medo, pânico... Muitas mudanças na rotina e na vida de todos! Medidas emergenciais precisavam ser tomadas, assim orientações sobre as atividades pedagógicas não presenciais a serem desenvolvidas pelas instituições escolares foram descritas no Parecer CNE/CP nº 5/2020, referente à reorganização do calendário e de organização da trajetória escolar, reordenamento curricular entre outras informações necessárias ao prosseguimento dos trabalhos pedagógicos.
Em face do ensino remoto, vemos a possibilidade de trabalhar atividades para auxiliar na fluência leitora, onde muitos pensaram que esta proposta seria inexequível por causa da ausência de interação pessoal, para tanto a parceria com a família é imprescindível, pois o professor adentrará o ensino em casa e neste processo todos se envolvem; de encontro a esta perspectiva MARCUSCHI 2010 diz que,
A alfabetização pode dar-se, como de fato se deu historicamente, à margem da instituição escolar, mas é sempre um aprendizado mediante ensino, e compreende o domínio das habilidades de ler e escrever. (MARCUSCHI, 2010, p. 21).
É importante frisar mediante a fala do autor acima, que nada substitui a ação mediadora do professor, as atividades não presenciais junto às famílias são de orientação e organização de uma rotina diária.
De tal modo, ao definirem a leitura como uma atividade na qual intervém um conjunto de processos cognitivos, Oliveira (2008) aponta que a primeira limitação enfrentada pelas crianças na etapa inicial da leitura é a identificação das letras que compõem o alfabeto, e a aprendizagem do som que corresponde a cada uma delas, pois para alcançar o significado, é indispensável o domínio do código escrito. Para decodificar informações gráficas, a pessoa precisa compreender que, além dos sinais gráficos (letras), cada letra ou combinações de letras representam os sons da fala.
Com base no exposto, este estudo teve como objetivo relacionar o desempenho na fluência de leitura oral com a alfabetização nas escolas.
DESENVOLVIMENTO
A importância da leitura
De forma contrária à linguagem, a leitura não representa uma capacidade humana natural. Segundo Brito-Mendes (1989), a leitura necessita de uma instrução formal. Desta forma, aprende-se a ler nos primeiros anos de escolaridade, para que posteriormente se possa aprender através da leitura. É através da leitura que obtemos a maioria das informações consideradas indispensáveis, tanto nas mais simples e variadas tarefas do nosso dia a dia, como no cumprimento das funções profissionais e sociais. É através da leitura que somos confrontados com ideias e mundividências que enriquecem o nosso património cultural e nos ajudam a refletir e a consolidar opiniões. De igual forma, é no ato de ler, que por vezes, encontramos um espaço lúdico e de evasão, que abre as portas a uma dimensão tão importante, no homem, como é a da imaginação e criatividade (SANTOS, 2000).
Dada a sua relevante importância, como via de acesso à informação, à partilha e à gestão de conhecimento, a literatura tem demonstrado alguns dos riscos associados a uma leitura não proficiente. Neste âmbito, tem-se comprovado que crianças com perturbações de leitura não diagnosticadas e tratadas na altura certa, são representativasde uma população em risco de não completar os estudos e de desenvolver problemas emocionais e sociais. Muitos destes problemas, na sua grande maioria associados ao insucesso escolar, com repercussão posterior a outros níveis. Esta população em risco, que tal como mencionado no ponto 1 do presente estudo constitui uma percentagem considerável da nossa sociedade, quando em idade adulta, torna-se muitas vezes representativa da taxa de desemprego com os consequentes problemas psicológicos, sociais e económicos que dela advêm e que acabam por a definir. Desta forma, qualquer défice que surja ao nível das competências na leitura poderá comprometer o sucesso académico, profissional, social e pessoal de cada indivíduo e até da própria comunidade onde ele se encontra inserido, pois a leitura é uma questão pública e um ato social (LYON, 2003; MORAIS, 1997).
Estudos realizados por Stahl, Heubach e Holcomb (2005), Rasinski e Padak (1998), Meisinger, Bloom e Hynd (2010) e Kuhn (2005) demonstraram que o nível da fluência na leitura é um fator preditivo de dificuldades na leitura, tendo contribuído para a conclusão de que a fluência de leitura constitui um importante indicador na definição de bons e maus leitores, bem como na definição de estratégias de intervenção adequadas aos problemas deletados.
A pertinência do constructo de fluência de leitura é também salientada pelo Currículo Nacional que a define como uma das competências essenciais da língua portuguesa (Ministério da Educação, 2006/2007) “ser um leitor fluente e crítico” (meta número 3, p.31), sendo a expressão “fluente” ou “fluência” referida de forma repetitiva.
A importância da leitura pode ser analisada, tanto em função dos processos psicológicos acionados pelo sujeito, como em função das utilizações que são possibilitadas por si mesma, enquanto instrumento indispensável para as práticas culturais e intelectuais de uma sociedade (Giasson, 1993). A importância da conjugação destas dimensões é realçada quando analisamos o que um leitor fluente tem possibilidades de fazer. Um leitor fluente consegue, entre outras coisas, compreender o conteúdo essencial do texto, distinguindo o acessório do fundamental; relaciona as diferentes partes do texto em esquemas de sequência causa e efeito e aprofunda a sua compreensão através do estabelecimento de relações com conhecimentos anteriores. Outra das vantagens que acompanham um leitor fluente corresponde à sua capacidade de adaptar e flexibilizar a sua atitude de leitor tendo em conta o suporte, a estrutura do texto (narrativa, descritiva, argumentativa etc.) e os objetivos que pretende atingir com o seu exercício de leitura. Assim sendo, consegue orientar o seu procedimento para uma leitura mais integral, mais seletiva, mais na diagonal, mais atenta ou mais superficial.
Assim, o domínio da leitura é considerado por muitos (e.g., Cruz, 2007) como sendo uma habilidade académica fundamental para todas as aprendizagens escolares, profissionais e sociais. A leitura ocupa um lugar indispensável, dotado de particular 6 relevância e pertinência, motivo pelo qual foi, é, e será um tema capital da escola, criando dúvidas e expectativas a pais, professores e à sociedade em geral (Cruz, 2007). 
Sem dúvida que saber ler funciona como o meio principal para uma aprendizagem multidisciplinar.
Contextualização da fluência na leitura oral
A leitura é um processo complexo que envolve múltiplos desafios linguísticos e cognitivos, processando-se de forma interativa entre o leitor e o texto, no qual o primeiro reconstrói o significado do segundo. Para Fuchs, Fuchs, Hosp e Jenkins (2001), ler é considerada uma tarefa complexa que requer a coordenação de múltiplas competências.
De acordo com Samuels (2006) podemos considerar a fluência na leitura como uma medida da habilidade para decifrar e compreender um texto (Samuels, 2006 citado por Penner-Wilger, 2008).
Aprofundando o conceito de fluência na leitura, podemos dizer que se trata de um constructo multidimensional que inclui diversas competências. Considera-se fluente um leitor que possui um conjunto de competências que lhe possibilitem um processamento eficaz do texto escrito. São estas as competências que lhe possibilitam a compreensão daquilo que lê. Ler de forma fluente envolve mais do que a rapidez e precisão na leitura. Segundo Walker, Mokhtari e Sargent (2006) inclui também a expressividade e a naturalidade com que se lê. Fatores que, segundo estes autores, são, também eles, necessários para a compreensão do que é lido. Podemos dizer que a fluência na leitura se refere desta forma, ao grau de facilidade em, simultaneamente descodificar e compreender um texto com pouco esforço.
Ainda nesta linha definidora, Rasinski (2004) define a fluência na leitura oral como a capacidade de descodificar palavras escritas com precisão e sem esforço, dando-lhes sentido através de uma expressão oral adequada. 
No que concerne a uma leitura fluente, Walker et al. (2006) traçaram um modelo representativo do desenvolvimento de uma leitura fluente, no qual evidenciam três atributos fundamentais: atributos de desempenho; atributos de competência e atributos deposicionais. Os atributos de desempenho dizem respeito à precisão, à velocidade e à expressividade da leitura. Por “precisão” entende-se a capacidade para descodificar corretamente as palavras e requer que o participante tenha desenvolvido a consciência fonológica, sendo capaz de identificar a correspondência letra-som. A “velocidade”, define-se pela capacidade em ler rapidamente e com pouco esforço, sílabas e palavras frequentes. A “expressividade” refere-se à qualidade da leitura oral, considerando o respeito pela pontuação e desenvolvendo uma entoação que respeita o significado do que se lê, favorecendo a sua compreensão. Os atributos de competência incluem a consciência fonológica e morfológica, o conhecimento de sintaxe, conhecimento da estrutura do discurso e as competências metacognitivas relativas à leitura. Por fim, os atributos deposicionais referem-se às atitudes relativamente à leitura (e.g., autopercepção enquanto leitor e hábitos de leitura).
De acordo com a diversidade de autores que definem a fluência na leitura oral, penso que não podemos isolar o reconhecimento das palavras da sua compreensão, ao falarmos de fluência. Desta forma, leitores fluentes que são capazes de identificar palavras com precisão e automaticamente podem concentrar a maior parte da sua atenção na compreensão. Os leitores menos fluentes necessitam de concentrar grande parte da sua atenção no reconhecimento de palavras, não conseguem fazê-lo rapidamente, lendo palavra por palavra, fazendo repetições ou até mesmo saltando a leitura de palavras. Frequentemente agrupam palavras de forma diferente do discurso natural, tornando instável o ritmo da leitura (Dowhower, 1987, citado por Hudson, Lane, & Pullen, 2005). De acordo com o National Reading Panel (2000), os leitores menos fluentes acabam por ter maior dificuldade na compreensão dos textos porque possuem uma menor atenção disponível, uma vez que despendem grande parte da sua concentração no reconhecimento das palavras.
Uma breve reflexão sobre o processo de Alfabetização
É certo que a alfabetização é um processo em constantes debates e permeado por frequentes atualizações, assim é preciso considerá-lo como permanente, ou seja, se estende por toda a vida e como afirma Soares (2017) “não se esgota na aprendizagem da leitura e da escrita”.
A luz das pesquisas de SOARES (2017) em sua obra que trata sobre “Alfabetização e Letramento” é preciso que saibamos diferenciar o processo de aquisição da linguagem (oral e escrita) de um processo de desenvolvimento da linguagem (oral e escrita), este último nunca é interrompido. Desta forma, alfabetização em seu sentido próprio é “processo de aquisição do código escrito, das habilidades da leitura e escrita.”, (SOARES, 2017, p. 16). Neste pensar, as habilidades de leitura e escrita são ampliadas pela inserção do indivíduo na cultura letrada, e de sua participação autônomana vida social, permeada principalmente pela oralidade; Para MARCUSCHI (2001, p.64) “A oralidade é uma prática social no uso da língua, enquanto a fala seria a forma assumida pela expressão oral”, considerada como elemento linguístico - materialidade linguística, e em certas práticas de oralidade, funciona de determinados modos/gêneros.
Paulo Freire (1985) afirma que o processo de alfabetização se caracteriza no interior de um projeto político, garantindo o direito a cada estudante de afirmar sua própria voz, para o autor,
A alfabetização não é um jogo de palavras; é a consciência reflexiva da cultura, a reconstrução crítica do mundo humano, a abertura de novos caminhos (...). A alfabetização, portanto, é toda a pedagogia: aprender a ler é aprender a dizer a sua palavra. (FREIRE, 1985, p. 14).
Na visão de FREIRE o conceito de alfabetização possui um significado abrangente, vai além do domínio do código escrito, que, enquanto prática discursiva, “possibilita uma leitura crítica da realidade”. Assim, entende-se que a aprendizagem/desenvolvimento da linguagem acontece de diversas maneiras, sendo um processo complexo, principalmente num período de isolamento social, exige metodologias diferenciadas e facilitadoras para práticas leitoras criativas, participativas e dialógicas.
Oralidade e fala na fluência leitora no processo de Alfabetização
Muitos autores tratam sobre oralidade e fala de variadas formas na área da linguística, mas recorremos a MARCUSCHI (2001), que estabelece uma definição para cada uma das modalidades da língua e com quem corroboramos:
A oralidade seria uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora; ela vai desde uma realização mais informal à mais formal nos mais variados contextos de uso. (MARCUSCHI, 2001, p.25).
A fala seria uma forma de produção textual-discursiva para fins comunicativos na modalidade oral (situa-se na oralidade, portanto), sem a necessidade de uma tecnologia além do aparato disponível pelo próprio ser humano (...) (MARCUSCHI, 2001, p.25).
A partir destas postulações, é possível perceber que há uma relação intercambiável entre essas duas práticas sociais. Desta feita, entendemos que a fala é uma expressão mais espontânea. Já a oralidade pode ser aprimorada ao ser adquirida e desenvolvida. O que ainda é dada pouca ênfase na prática pedagógica, apesar da BNCC a constituir como objeto de ensino. Esta prática social interativa da língua é, portanto, a nosso ver, pensada, organizada previamente e, por conseguinte, mais planejada. A relação entre elas é indissociável.
A fala, apesar das diferenças individuais e culturais, articula harmoniosamente os fonemas (unidades linguísticas distintivas mínimas) de determinadas línguas. Cada língua possui um número limitado de fonemas (vogais e consoantes), é através da articulação desses fonemas que se dá a fala. Quando visualizamos a leitura em si, não se pode pensar em fala sem prosódia, isto é, sem entonação, acentuação e ritmo, e essas habilidades é que permitem uma leitura sem embaraço, sem dificuldades em relação ao texto - o que podemos caracterizar como fluência na leitura; e é no processo de alfabetização que se faz necessário uma boa interação entre esses elementos para que se possa garantir que a leitura seja fluente.
Na alfabetização, “a fluência depende de ler reconhecendo mais rápido as palavras e automatizar algumas estruturas (de frases, de textos), para que não haja atropelos no ato de ler. Assim, quanto maior for à familiaridade de uma criança com determinado gênero textual, e quanto mais cedo ela puder deixar de se preocupar com a decodificação, para pensar no sentido do que lê, maior sua possibilidade de desenvolver fluência de leitura” (Glossário CEALE).
Dessa forma, a criança que ainda está presa à decifração dificilmente consegue entender o que aborda o texto lido, pois não utiliza as estratégias mais adequadas para a compreensão, e por isso é preciso pensar em estratégias que se possa desenvolver a fluência leitora, uma vez que, esta é a ponte que liga a capacidade de ler com a capacidade de compreender. E, em se tratando de ensino remoto, oralidade e fala foi que pensamos em ter como grande aliada do trabalho com fluência foi a leitura em voz alta, em casa os alunos podem ler para os pais, irmãos, avós ou responsáveis e a gravação de áudios e vídeos, o que permite ao aluno se preparar para ler, ensaiar, compreender para comunicar e expressar a outros um sentido. Ler para outras pessoas requer habilidade, concentração e expressividade, ou seja, envolve entonação, ritmo e ênfase. Para Goodman (1986), “a leitura veloz está associada a uma alta compreensão”. Trabalhar fluência leitora é o desafio em qualquer modalidade, e no ensino remoto do ponto de vista imediato, isto não seria possível na visão de muitos colegas professores, a proposta didática é ampliar a experiência dos alunos com os textos e colaborar na compreensão do que se lê, ajudando-os a compreender o texto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho permitiu entender como a oralidade, a fala e a fluência se complementam no sentido de contribuir para ampliação das capacidades expressivas de forma mais intensa, de modo a garantir uma significativa aprendizagem para consolidação das habilidades necessárias às competências leitoras e consequentemente a progressão do conhecimento das práticas de linguagem, aprendizagem e seus usos em nosso meio social. Cheguei a conclusão que as estratégias usadas e a mediação pedagógica do professor para consolidação adequada do processo de alfabetização é extremante relevante na vida de uma criança, pois define a qualidade desta aprendizagem, o que é determinante para a atuação futura deste indivíduo no contexto social e cultural. Portanto, não basta aprender a falar, se expressar, ler e escrever, é preciso muito mais, é necessário se fazer entender, interpretar e gerar opiniões.
Os achados encontrados neste estudo permitiram responder ao objetivo proposto - verificar se há relação entre o desempenho em taxa de leitura, o número de pausas e o número de respostas erradas diante da avaliação da compreensão textual de escolares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, M. - Volochinov, V. N. - Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo/SP: Hucitec; 1988.
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica – BNCC - Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2018.
________, Decreto Legislativo Nº 6, de 2020. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/portaria/dlg6-2020.htm> Acesso em: 22 set/2023.
________, Parecer CNE/CP nº 5/2020. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/atos-normativos--sumulas-pareceres-e-resolucoes/33371-cne-conselho-nacional-de-educacao/85201-parecer-cp-2020> Acesso em 22 set/2023.
________, Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução CNE/CP nº 2, de 10 de dezembro de 2020. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2020-pdf/167141-rcp002-20/file> Acesso em: 23 set/2023.
FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por Uma Pedagogia da Pergunta. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
___________Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa/Paulo Freire – 57ª ed – Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018.
GOODMAN, Kenneth S. NH: Heinemann, 1986. PDF disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/136/a-importancia-da-leitura-em-sala-de-aula-para-a-fluencia- leitora> Acesso em 27/06/2021.
GLOSSÁRIO CEALE, disponível em: http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/> Acesso em: 23 set/ 2023.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização – 10ª Edição – 2ª reimpressão. São Paulo: Cortez; 2010.
_____________, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001. 133 p. ISBN 8524907711
SITE, https://novaescola.org.br/conteudo/136/a-importancia-da-leitura-em-sala-de-aula-para- a-fluencia-leitora>. Acesso em 23 set/2023.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento /Magda Soares – 7. Ed, 1ª reimpressão. –São Paulo: Contexto 2017. 192 p.

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