Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de instituições financeiras que torna possível a circulação de moeda no Brasil. Esse Sistema possui o importante papel de interme- diar os recursos que circulam entre os agentes econômi- cos superavitários e os agentes deficitários, resultando em um crescimento da atividade produtiva. Conjunto de institui- ções que viabilizam essa transferência de recursos É tomador de recursos Agente Superavitário Agente Superavitário Agente Deficitário Possui recurso disponível Possui regulamenta- ção e fiscalização, o que dá maiores garantias e solidez aos negócios realizados Possui dificuldades financeiras ou falta de capital para investimentos Aplica (empresta) seu dinheiro em uma instituição financeira Sistema Financeiro Nacional (SFN) Agente deficitário $ 3 Composição Organograma: CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL O Conselho Monetário Nacional (CMN) é a maior entidade do SFN, cuja finalidade é formular a política cambial e de crédito, visando o progresso econômico e social do país e exercer atividades executivas. Os membros reúnem-se uma vez por mês para deliberar sobre assuntos relacionados com suas atribuições (em casos extraordinários, poderá ser realizada mais de uma reunião por mês). Este Conselho é composto por 3 pesso- as, que são: • Ministro de Estado da Fazenda • Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento • Presidente do Banco Central do Brasil Mercados Moeda, crédito e câmbio Capitais Seguro, previdência aberta, capitalização e resseguro Previdência fechada (fundo de pensão) Normativos Conselho Monetário Nacional (CMN) Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) Conselho Nacional de Previdência Comple- mentar Supervisores Banco Central do Brasil (BACEN) Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Superintendência de Seguros Privados (Susep) Superintendência Nacional de Previdên- cia Complementar SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Conselho Monetário Nacional (CMN) 4 Principais atribuições As principais atribuições do Conselho Monetário Nacional são: • Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamen- tária e de endividamento público interno e externo; • Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações de crédito em todas as suas modalidades, incluindo aceites, endossos e eventuais garantias por parte das instituições financeiras; • Definir a Meta da Inflação(IPCA); • Determinar o percentual da reserva legal; • Estabelecer diretrizes e regulamentos da política cam- bial, incluindo a compra e venda de ouro e quaisquer operações em Direitos Especiais de Saque e em moeda estrangeira; • Limitar taxas de juros, descontos, comissões, entre ou- tros, quando necessário; • Prever melhorias de instituições e instrumentos finan- ceiros; • Regular o funcionamento e supervisão de todas as enti- dades financeiras que operam no país; • Garantir a liquidez e solvência das entidades financeiras. Banco Central do Brasil O banco central de um país é a instituição de um país que foi incumbida da tarefa de regular o volume de dinheiro e crédito na economia e suas principais funções são: • Banco do governo; • Banco de bancos; • Supervisor do sistema financeiro; 5 • Executor da política monetária; • Executor da política cambial e depositário das reservas internacionais. O Banco Central do Brasil (BC ou BACEN) é uma autarquia de natureza especial, sem vínculo com Ministério, supervi- são ou subordinação hierárquica, ou seja, com autonomia. Seu principal objetivo é garantir a estabilidade de preços. Além disso, visa também assegurar a estabilidade e efici- ência do sistema financeiro, flutuações regulares do nível de atividade econômica e promover o pleno emprego. Em relação à sua autonomia, essa mudança ocorreu em 2021, o que significa que em alguns itens o Bacen não pre- cisa mais de autorizações do CMN, como, por exemplo, na emissão de papel-moeda. As metas de política monetária continuam sendo defini- das pelo CMN, mas o BC é o único responsável por condu- zir a política monetária necessária para atingir as metas estabelecidas. Principais atribuições As principais atribuições do Banco Central são: • Emitir papel-moeda; • Executar as regras e diretrizes do CMN; • Oferecer redesconto de liquidez e suas taxas; • Gerenciar o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e meio circulante; 6 • Autorizar e fiscalizar o funcionamento das instituições fi- nanceiras (*) e aplicar as sanções correspondentes, ou seja, é o supervisor dessas instituições; • Controlar o fluxo de capitais em moeda estrangeira ; • Executar (conduzir) políticas monetárias e cambiais, como, por exemplo, realizar operações de compra e venda de títulos públicos federais; • Exercer controle de crédito em todas as suas formas; • Receber depósitos de bancos; • Regular e administrar o Sistema Financeiro Nacional. (*)As Corretoras (CTVM) e as Distribuidoras (DTVM) são fiscalizadas pelo BACEN por serem instituições financeiras, mas por atuarem na intermediação de valores mobiliários, suas operações são supervisionadas pela CVM. Comissão de Valores Mobiliários De acordo com a Lei nº 10.411, a CVM é uma entidade au- tônoma de regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, personalidade jurídica e patrimônio próprio, do- tada de autoridade administrativa independente, ausên- cia de subordinação hierárquica, prazo fixo de mandato e estabilidade de seus diretores, e autonomia financeira e orçamentária. Sua missão é desenvolver, regular e fisca- lizar a Bolsa de Valores, como instrumento de captação de recursos das sociedades de capitais S/A, protegendo os interesses dos investidores (especialmente acionistas minoritários) e garantindo ampla divulgação de informa- ções sobre os emissores e seus valores mobiliários. 7 RESUMO: • Entidade autárquica, vinculada ao governo através do Ministério da Fazenda; • O presidente e seus diretores são eleitos pelo Presidente da República; • Órgão regulador para o fortalecimento e desenvolvi- mento do mercado de valores mobiliários (ações, de- bêntures, prêmios de subscrição, derivativos, venda de matérias-primas, fundos de investimento). Principais atributos As principais atribuições da CVM são: • Proteger os investidores; • Assegurar a lisura nas operações de compra e venda de valores mobiliários (emissão fraudulenta, manipulação de preços e outros atos ilegais); • Assegurar o funcionamento das Bolsas de Valores e Mer- cado de Balcão Organizado; • Fiscalizar permanentemente as atividades e os serviços do mercado de valores mobiliários, tais como as opera- ções na Bolsa de Valores (B3); • Fiscalizar a intermediação das operações Corretoras e Distribuidoras de Valores Mobiliários; e os Fundos de In- vestimento; • Fiscalizar e inspecionar as companhias abertas (S/A) dada prioridade às que não apresentem lucro em ba- lanço ou às que deixem de pagar o dividendo mínimo obrigatório; 8 • Propor ao Conselho Monetário Nacional a eventual fixação de limites máximos de preço, comissões, emolumentos e quaisquer outras vantagens cobradas pelos intermediá- rios do mercado. Superintendência de seguros privados A SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), uma au- tarquia vinculada ao Ministério da Fazenda. É o órgão super- visor responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e res- seguro. As Previdências Privadas Abertas, também são chamadas de EAPCs (Entidades Abertas de Previdência Complemen- tar), que são todas as previdências abertas ao público, ou seja, que qualquer pessoa física possa aderir um devido pla- no. Esta ênfase é de suma importância para a prova para que você não confunda com as EFPCs (Entidades FECHA- DAS), também conhecidas como fundos de pensão, e que são fiscalizadas pela PREVIC. Principais atribuições As principais atribuições da SUSEP são: • Autorizare fiscalizar a constituição, organização, funcio- namento e operação das Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP; • Zelar (proteger) pela defesa dos consumidores de segu- 9 ros e previdência aberta. • Atuar no sentido de proteger a captação de poupança que se efetua através das operações de seguro, previ- dência privada aberta, de capitalização e resseguro; • Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exer- cer as atividades que por este forem delegadas; • Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garanti- dores de provisões técnicas; • Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos ins- trumentos operacionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiência do Sistema Nacional de Seguros Priva- dos e do Sistema Nacional de Capitalização; • Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdi- ção, assegurando sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem; • Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. • Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que inte- gram o mercado. Previc A Superintendência Nacional de Previdência Complemen- tar (Previc) é uma autarquia especial vinculada ao Ministé- rio da Fazenda com a finalidade de fiscalizar e supervisio- nar as entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), também chamadas de fundos de pensão, e de executar políticas para o regime de previdência comple- mentar. 10 PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES: • Autorizar a constituição e o funcionamento das EFPC (FUNDOS DE PENSÃO) e a aplicação dos respectivos es- tatutos e dos regulamentos de planos de benefícios; • Apurar e julgar as infrações, aplicando as penalidades cabíveis; • Decretar intervenção e liquidação extrajudicial das enti- dades fechadas de previdência complementar e nome- ar interventor ou liquidante, nos termos da lei; • Nomear administrador especial de plano de benefícios específico, podendo atribuir-lhe poderes de intervenção e liquidação extrajudicial, na forma da lei; • Promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas de previdência complementar e entre as en- tidades e seus participantes, assistidos, patrocinadores ou instituidores. RESUMO Sistema financeiro nacional • CMN: É um órgão regulador (não exerce funções), então lembre-se de: Estabelecer diretrizes, Garantir, Regular, Determinar, Autorizar (emissão de papel-moeda), Disci- plinar, Estabelecer, Restringir. • BACEN: É ele quem faz cumprir TODAS as determinações do CMN, então lembre-se de: Executar, Fiscalizar, Punir, Gerenciar, Emitir (somente papel moeda), Cumprir, Re- ceber. É ele quem fiscaliza as INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS! • CVM: Ele é o BACEN do mercado de valores mobiliários, lembre-se: Valores Mobiliários, Fundos de Investimento, Ações, Mercado de Capitais, Bolsas de Valores, Derivati- vos. CVM fiscaliza operações e não INSTITUIÇÕES! 11 • SUSEP: É o BACEN do Sistema Nacional de Seguros Priva- dos, Capitalização e Previdência Complementar ABERTA! • PREVIC: FECHADA Instituições de Previdência Comple- mentar. Participantes do mercado financeiro Os participantes do mercado financeiro, quando são insti- tuições, também são chamados de Operadores. Eles ofe- recem serviços financeiros, na qualidade de intermediá- rios, ou seja, o elo final entre as pessoas e as empresas responsáveis. Os principais são: • Bancos comerciais; • Bancos de investimento; • Bancos múltiplos; • Corretoras de valores mobiliários; • Distribuidoras de valores mobiliários; • Câmaras de compensação. Bancos Comerciais • São instituições financeiras privadas ou públicas (sem- pre sendo pessoas jurídicas) cujos PRINCIPAIS OBJETIVOS FINANCEIROS A CURTO E MÉDIO PRAZO, • comércio, indústria, prestadores de serviços, pessoas fí- sicas e terceiros em geral. Sua captação pode ser por meio de depósitos à vista (conta corrente de livre circu- lação) ou depósitos a prazo, como os CDBs. Diante desse financiamento, os bancos comerciais têm a capacidade de criar moeda e colocá-la em circulação na economia, pois podem oferecer empréstimos e de alguma forma 12 aumentar a base monetária circulante na economia. Essas instituições podem oferecer o seguinte serviços: • EMPRÉSTIMOS E OPERAÇÕES DE CRÉDITO; • Aluguel de cofres; • Cobrança, a comissão; • Custódia de títulos; • Emissão de meios de pagamento, como cheques e car- tões de crédito; • Recibos de impostos e taxas públicas; • Serviços de câmbio; • Transferências de fundos. Bancos de Investimento • São instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação societária de caráter tem- porário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de CAPITAL FIXO E DE GIRO E DE ADMINIS- TRAÇÃO DE RECURSOS DE PRINCIPAIS FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES: • Podem manter contas correntes, desde que essas con- tas não sejam remuneradas e não movimentáveis por cheques (resolução 2.624); • Administração de recursos de terceiros (Ex: fundos de investimentos); • Abertura de capital e na subscrição de novas ações ou debêntures de uma empresa (IPO e underwriting); 13 • Assessorar empresas em operações de fusões e aquisi- ções; • Capital de Giro; • Capital Fixo (investimentos): sempre acompanhadas de projeto; • Captam recursos através de CDB/RDB ou venda de co- tas de fundos; • Intermediação de Câmbio e Derivativos; • Repasses de empréstimos externos. Bancos Múltiplos São instituições financeiras privadas ou públicas que rea- lizam as operações ativas, passivas e auxiliares das dife- rentes instituições financeiras. Para ser considerada como Banco Múltiplo, a instituição deve possuir pelo menos DUAS das carteiras abaixo mencionadas, sendo uma delas CO- MERCIAL ou INVESTIMENTO. Além disso, deve ser constituído um banco múltiplo com um CNPJ para cada carteira, po- dendo publicar um único saldo. CARTEIRA DE BANCO MÚLTIPLO: • COMERCIAL (MONETÁRIA); • INVESTIMENTOS; • Sociedade Crédito Imobiliário; - A Sociedade de Crédito Imobiliário (SCI) é um tipo de ins- tituição financeira especializada no financiamento habi- tacional, integrante do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). 14 - O foco da SCI consiste no financiamento para constru- ção de habitações, na abertura de crédito para compra ou construção de casa própria e no financiamento de capital de giro a empresas incorporadoras, produtoras e distribui- doras de material de construção. Atualmente, em decor- rência da sua condição de repassadora, as SCIs têm atu- ado de forma mais limitada, voltando-se para operações específicas, como o programa “Minha Casa, Minha Vida”. - A SCI é constituída na forma de sociedade anônima e é supervisionada pelo Banco Central. Deve constar de sua denominação social a expressão crédito imobiliário. • Sociedade de crédito, financiamento e investimento; - As sociedades de crédito, financiamento e investimen- to (SCFI), conhecidas como “financeiras”, são instituições privadas que fornecem empréstimo e financiamento para aquisição de bens, serviços e capital de giro. -Muitas das financeiras não ligadas a bancos fazem par- te de conglomerados econômicos e operam como braço financeiro de grupos comerciais ou industriais. É o caso, por exemplo, de algumas lojas de departamento e monta- doras de veículos que possuem suas próprias financeiras, concentrando suas operações no financiamento de seus próprios produtos. - As SCFIs também podem operar em nichos que não são atendidos pelos conglomerados bancários, principalmen- te nos empréstimos e financiamentos com características específicas (risco mais elevado, financiamento de veículos usados, convênios com estabelecimentos comerciais). - Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anô- 15 nima, em cuja denominação social deve constar a expres- são “Crédito, Financiamento e Investimento”. São supervi- sionadas pelo Banco Central. • Banco de Desenvolvimento(PÚBLICO); Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas pelos governos estaduais, e têm como objetivo precípuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao financiamento, a médio e a lon- go prazos, de programas e projetos que visem a promover o desenvolvimento econômico e social do respectivo Esta- do. As operações passivas são depósitos a prazo, emprés- timos externos, emissão ou endosso de cédulas hipotecá- rias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e de Títulos de Desenvolvimento Econômico. As operações ativas são empréstimos e financiamentos, dirigidos prioritaria- mente ao setor privado. Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima, com sede na capital do Estado que detiver seu controle acionário, devendo adotar, obrigatória e privativamente, em sua denominação social, a expressão “Banco de Desenvolvimento”, seguida do nome do Estado em que tenha sede (Resolução CMN 394, de 1976). • Sociedade de Arrendamento Mercantil (Leasing): - Sociedade de arrendamento mercantil (SAM) realiza ar- rendamento de bens móveis e imóveis adquiridos por ela, segundo as especificações da arrendatária (cliente), para fins de uso próprio desta. Assim, os contratantes deste ser- viço podem usufruir de determinado bem sem serem pro- prietários dele. Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil e 16 realizem operações com características de um financia- mento, as sociedades de arrendamento mercantil não são consideradas instituições financeiras, mas sim entidades equiparadas a instituições financeiras. As operações de arrendamento mercantil podem ser divi- didas em duas modalidades: leasing financeiro e leasing operacional. A diferença básica é que no leasing financeiro o prazo é usualmente maior e o arrendatário tem a possi- bilidade de adquirir o bem por um valor pré-estabelecido. Ao final do contrato, o arrendatário tem as opções de efe- tivar a aquisição do bem arrendado ou devolvê-lo. Ao fi- nal do leasing financeiro, em geral o cliente já terá pago a maior parte do valor do bem, não sendo a devolução, embora possível, financeiramente vantajosa. Corretores e Distribuidores de Valores Mobili- ários Corretores de Valores Mobiliários e Corretoras de Valores Mobiliários (CTVMs ) e as Distribuidoras de Valores Mobi- liários (DTVMs) são instituições financeiras cujas ativida- des são a intermediação de operações em mercados re- gulamentados de valores mobiliários, tais como bolsas e mercados de balcão para seus clientes; gestão de clubes e fundos de investimento, realizando alterações; estrutu- ração do IPO; Entre outras funções. Investidores pessoas físicas ou jurídicas não podem negociar ações (ou outros investimentos realizados na B3) sem a utilização de CTVM ou DTVM, ou seja, são os únicos autorizados a operar na B3 em nome de terceiros. 17 CARACTERÍSTICAS: • Abrir o capital e subscrever novas ações ou debêntures de empresa (IPO e subscrição); • Constituída como SA e sujeita a autorização da CVM; • Operar no mercado de ações e commodities (ações, derivativos, ...); • Eles podem gerenciar fundos de investimento e clubes; • Eles também podem agir em nome próprio ou de tercei- ros; • Eles podem intermediar operações C MBIO; • Sua função é proporcionar maior liquidez e segurança ao mercado de ações. B3/SA - Brasil, Bolsa e Balcão A B3 é o resultado da combinação entre a BM&FBOVESPA (fusão entre a BOVESPA e a BM&F) e a CETIP, oferecendo serviços de negociação (bolsa), pós-negociação (clea- ring), registro de operações de balcão e de financiamen- to de veículos e imóveis. Desta forma, a B3 acaba sendo a clearing house de todos os títulos privados, juntamente com alguns títulos públicos. Principais características As principais características da B3 – Brasil, Bolsa e Balcão são: • Desenvolve, implanta e provê sistemas e serviços de 18 negociação e pós-negociação (compensação e liqui- dação) de ações, derivativos de ações, financeiros e de mercadorias, títulos de renda fixa, moedas à vista e commodities agropecuárias; • É uma sociedade de capital aberto, cujas ações B3SA3 são negociadas no Novo Mercado , sendo uma das 5 maiores bolsas de valores do mundo; • Possui receita também através de Emolumentos; • Possui tanto pregão eletrônico, quanto mercado de bal- cão; • Realiza o registro, negociações e pós-negociações de ações, títulos de renda fixa, câmbio pronto e contratos de derivativos referenciados em ações, ativos financei- ros, índices, taxas, mercadorias, moedas entre outros. B3 Conforme mencionado, a B3 tem como principais funções administrar os mercados organizados de títulos, valores mobiliários e contratos futuros (interfinanceiros). Além disso, ela presta o serviço de registro, depositária central, compensação e liquidação, chegando atuar até mesmo como contraparte em alguns tipos de negociação. Selic O SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), do BACEN, é o depositário central dos títulos públicos fede- rais, sendo sua atividade processar a emissão,o resgate, o pagamento dos juros e a custódia desses ativos. As suas liquidações são operadas no conceito de Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), que garante agilidade e segurança. 19 Prazo de liquidação Cada ativo tem um prazo de liquidação (tanto para o re- cebimento do ativo quanto para o seu pagamento eco- nômico). Por exemplo, as ações têm liquidação em D+2 (2 dias úteis após a realização da transação), portanto, mes- mo que um investidor venda suas ações na Bolsa hoje, ele só receberá os recursos após 2 dias úteis. Assim, os prazos de liquidação dos principais investimen- tos estão detalhados abaixo: • Tesouraria Direto: solicitações de resgate até as 13h em dias úteis será D+0 ou depois desse horário estará dis- ponível no próximo dia útil • Ações: realizada em 2 dias úteis (D+2) ; • Fundos de investimento: cada fundo de investimento tem suas próprias regras, pois depende de sua compo- sição e das regras que serão detalhadas em seu regu- lamento e outros documentos. Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) compreende as entidades, os sistemas e os procedimentos relaciona- dos com o processamento e a liquidação de operações de transferência de fundos, de operações com moeda es- trangeira ou com ativos financeiros e valores mobiliários, chamados, coletivamente, de entidades operadoras de Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF). Além das IMF, os arranjos e as instituições de pagamento também inte- 20 gram o SPB. Zelar pelo funcionamento normal, seguro e eficiente do sistema de pagamentos é função essencial de um banco central. Tal função tem como objetivo primordial garantir a eficiência e a segurança no uso de instrumentos de pa- gamento por meio dos quais a moeda é movimentada. Como forma de atingir esses objetivos, o BC tem as com- petências de regulamentar e exercer a vigilância e a su- pervisão sobre os sistemas de compensação e de liquida- ção, os arranjos e as instituições de pagamento. As IMF desempenham um papel fundamental para o sis- tema financeiro e para a economia de uma forma geral. É importante que os mercados financeiros confiem na qua- lidade e na continuidade dos serviços prestados pelas IMF. Seu funcionamento adequado é essencial para a estabili- dade financeira e condições necessárias para salvaguar- dar os canais de transmissão da política monetária. Assim, cumpre ao BC atuar no sentido de promover sua solidez, seu normal funcionamento e seu contínuo aperfeiçoa- mento. No caso dos pagamentos de varejo, o BC direciona suas ações no sentido de promover a interoperabilidade, a ino- vação, a solidez, a eficiência, a competição, o acesso não discriminatório aos serviços e às infraestruturas, o aten- dimento às necessidades dos usuários finais e a inclusão financeira. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: 21 • é o BACEN que administra o SPB e o meio circulante (mo- eda da economia);• O SPB proporciona mais segurança e agilidade nas transferências entre os agentes financeiros; • Qualquer transação econômica que envolva, como for- ma de pagamento ao TED, DOC, cartão de crédito, che- que, entre outros, envolve o SPB. Investidor Qualificado Segundo o órgão regulador, os Investidores Qualificados são aqueles que possuem mais condições de entender o mercado financeiro do que o investidor comum. A vantagem de se tornar um Investidor Qualificado é a possibilidade de ingressar em fundos restritos, como, por exemplo, Fundos de Direitos Creditórios (FIDC), exclusivo para Investidores Qualificados. São considerados INVESTIDORES QUALIFICA- DOS: • Investidores Profissionais; • Pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimen- tos financeiros em valor superior a R$ 1.000.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio; • As pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou possuam certifica- ções aprovadas pela CVM como requisitos para o re- gistro de agentes autônomos de investimento, adminis- 22 tradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários, em relação a seus recursos próprios. Investidor profissional Os Investidores Profissionais são os únicos que podem constituir Fundos Exclusivos, um tipo de fundo que possui um único cotista, que deve ser necessariamente um In- vestidor Profissional. São considerados INVESTIDORES PROFISSIO- NAIS: • Pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 10.000.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio; • Instituições financeiras, companhias seguradoras e so- ciedades de capitalização; • Fundos de Investimento; • Entidades abertas e fechadas de previdência comple- mentar; • Administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM em relação a seus re- cursos próprios. INVESTIDOR NÃO-RESIDENTE Os Investidores Não Residentes (INR’s) são pessoas físicas ou jurídicas, mas também podem ser fundos ou outras en- 23 tidades de investimento coletivo, desde que possuam re- sidência, sede ou domicílio no exterior e que invistam no Brasil. Tais investidores estão sujeitos ao registro prévio na CVM. Agentes que interagem com o cliente Agentes que interagem com o cliente: • Consultor de Valores Mobiliários: O consultor devida- mente registrado na CVM, é o profissional de investimen- tos que pode recomendar, orientar e aconselhar sobre qualquer tipo de investimento disponível no mercado financeiro, sem necessitar estar vinculado a nenhuma instituição, ou seja, é uma consultoria independente e individualizada. Este trabalho somente poderá ser exer- cido por pessoas físicas ou jurídicas previamente auto- rizadas pela CVM, conforme normas estabelecidas na Instrução CVM 592, com as principais certificações au- torizadas para isso... • Planejador Financeiro: É o profissional que auxilia as pessoas no processo de atingir as metas financeiras da vida por meio do gerenciamento adequado dos seus recursos financeiros. Ele ajuda a desenvolver uma visão holística e abrangente de suas finanças, determinando onde você está agora, onde gostaria de estar no futuro e o que deve fazer para alcançar seus objetivos através do planejamento financeiro, de aposentadoria, fiscal e sucessório. Vale ressaltar que o Planejador Financei- ro pode ter ou não o selo do curso, já que, todavia, não existe uma determinação da CVM sobre autorizações concedidas à Planejadores Financeiros. • Corretor de Seguros: é o profissional do ramo securitário 24 certificado através de prova pela FUNENSEG e com re- gistro na SUSEP. Ele é o representante autônomo (PF ou PJ) do segurado junto à seguradora, sendo também o consultor na indicação da apólice e defensor do segu- rado após a ocorrência do sinistro. • Agente Autônomo de Investimentos (AAI): é a pessoa natural que atua na prospecção e captação de clien- tes, recepção e registro de ordens e transmissão dessas ordens para os sistemas de negociação ou de registro cabíveis; e na prestação de informações sobre os pro- dutos oferecidos e sobre os serviços prestados pela ins- tituição integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários pela qual tenha sido contratado. Ou seja, o AAI apenas pode explicar e indicar os produtos ofereci- dos pela instituição que o contratou e não recomendar investimentos. PREVENÇÃO CONTRA A LAVAGEM DE DINHEIRO E O FINANCIAMENTO AO TERRORISMO Em uma época marcada pelos rápidos avanços tecnológi- cos e pela globalização, a lavagem de dinheiro é um tema de especial relevância e que ganha destaque na agenda dos países. Nesse sentido é que já em 1988 a Organização das Nações Unidas aprovou a Convenção de Viena contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias Psico- trópicas, cujo art. 3º estabeleceu que as partes signatárias deveriam se esforçar para transformar em delitos penais a conversão, transferência, ocultação ou encobrimento de bens provenientes de atividades ilícitas relacionadas ao 25 tráfico de drogas. Isso impôs uma obrigação internacional de esforços vi- sando coibir a lavagem de dinheiro, esforços esses que se estenderam ao combate do terrorismo e à corrupção. As- sim, convencionou-se que a fim de combater a corrupção, o crime organizado, o terrorismo e até mesmo a simples evasão de divisas – que pode comprometer a situação fiscal e monetária de um país – é necessário vigilância constante. Para isso, contudo, os reguladores de cada país dependem imensamente da cooperação das instituições financeiras. Nesse sentido, há uma série de dispositivos normativos em vigor no Brasil direcionados a garantir que as instituições financeiras cumpram o seu papel no com- bate e na prevenção à lavagem de dinheiro. 2.1 Conceito de lavagem de dinheiro – legislação e regulamentação apli- cável Em termos simples, a lavagem de dinheiro corresponde à prática pela qual se inserem na economia formal recur- sos decorrentes de atividades ilícitas, por meio da ocul- tação ou dissimulação de sua verdadeira origem. Em sua forma mais recorrente, portanto, a lavagem de dinhei- ro envolve três etapas independentes, que muitas vezes ocorrem de forma sequencial ou simultânea. • Colocação: a primeira etapa do processo é a inser- ção do dinheiro no sistema econômico. A colocação se efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos 26 negociáveis ou compra de bens. Para dificultar a iden- tificação da procedência do dinheiro, os criminosos aplicam técnicas sofisticadas, tais como o fraciona- mento dos valores em quantias menores e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente tra- balham com dinheiro em espécie. • Ocultação: a segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento contábil dos recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências que conec- ta o dinheiro à sua origem ilícita. Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ati- vos para contas anônimas preferencialmente, em paí- ses amparados por fortes leis de sigilo bancário. • Integração: na última etapa, os ativos são incorporados formalmente ao sistema econômico. As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem suas atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços entre si. Uma vez formada a cadeia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal. Na legislação brasileira, o conceito de lavagem está ex- presso na Lei 9.613/986 (criada por força do compromisso assumido no já mencionado Tratado de Viena de 1988), que em seu art. 1º conceitua o crime de lavagem como “(...) ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direi- tos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de in- fração penal”. Contudo, é importante notarque o referido artigo, em seus parágrafos 1º e 2º, impõe as mesmas penas para quem: “(…) ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou 27 valores provenientes de infração penal os converte em ati- vos lícitos; “os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou rece- be em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere; importa ou exporta bens com valores não cor- respondentes aos verdadeiros”. “(…) utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, di- reitos ou valores provenientes de infração penal”; “(…) participa de grupo, associação ou escritório tendo co- nhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei”. Em suma, ficam sujeitas às punições aplicáveis aos crimes de lavagem de dinheiro todos que de alguma forma con- tribuem para qualquer uma das etapas do processo de lavagem de dinheiro. Não obstante, o que todas essas atividades têm em co- mum é que, para que sejam consideradas crime conse- quente de lavagem de dinheiro, é necessário haver fonte ilícita para o recurso original, ou seja, uma infração penal precedente. Por isso é habitual a expressão de que na la- vagem de dinheiro não há crime consequente sem crime precedente. Além disso, é importante observar que o com- bate à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo (LD-FT) no Brasil é capitaneado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que, a partir de 2020, pas- sou a ser vinculado administrativamente ao Banco Cen- tral do Brasil. Enquanto tal, o Coaf tem a incumbência legal de receber e analisar as comunicações suspeitas oriun- das dos segmentos econômicos elencados na Lei 9.613/98, além de produzir e gerir informações de inteligência finan- ceira para a prevenção e o combate à LD-FT. Da mesma forma, essa lei também confere ao Coaf o papel de su- pervisor das pessoas obrigadas lá elencadas que não têm 28 um supervisor próprio, como é o caso das joalherias, das factorings e aquelas pessoas ou empresas que comer- cializam bens de luxo ou alto valor, assim entendidos os bens móveis cuja valor unitário seja igual ou superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou equivalente em outra moeda (Resolução Coaf nº 25/2013). Além do Coaf, outras autoridades, tais como o BACEN, a CVM, a Polícia Federal, a Receita Federal, a Controladoria- -Geral da União e o Ministério Público cumprem importan- te papel no combate à LD-FT No que se refere ao sistema financeiro, merecem especial atenção ás normas emitidas pela CVM e pelo BACEN. As principais iniciativas regulatórias advindas desses órgãos para combate à LD-FT são: • Instrução CVM 6178 – dispõe sobre a prevenção à lava- gem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo – PL- DFT no âmbito do mercado de valores mobiliários. • Circular BACEN 3.9789 – dispõe sobre a política, os pro- cedimentos e os controles internos a serem adotados pelas instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil visando à prevenção da utilização do sistema financeiro para a prática dos crimes de “lava- gem” ou ocultação de bens, direitos e valores, de que trata a Lei nº 9.613/98 e de financiamento do terrorismo, previsto na Lei nº 13.260/16. 29 2.2. Responsabilidades administra- tivas e legais de entidades e pessoas físicas sujeitas à lei e à regulamen- tação A regulação da CVM e a do BACEN obrigam as instituições a designar um diretor responsável por implementação e cumprimento das medidas de prevenção à LD-FT, nos ter- mos do art. 8º da Instrução CVM 617 e do art. 9º da Circular BACEN 3.978. Essa obrigação carrega em si séria consequência ad- ministrativa, uma vez que, na eventualidade da verifica- ção de alguma irregularidade, esse diretor constará, junto com a instituição, como parte do Processo Administrativo Sancionador correspondente, estando sujeito a penalida- des administrativas na pessoa física. Ademais, outros ad- ministradores das instituições financeiras que deixem de cumprir as obrigações de prevenção à LD-FT também es- tarão sujeitos a penalidades administrativas, sem prejuízo de eventual responsabilização civil ou penal. Nos termos da Lei 9.613/98, as penalidades administrativas cabíveis – que podem ser aplicadas cumulativamente – são as se- guintes: • advertência; multa pecuniária variável não superior ao (i) dobro do valor da operação; (ii) dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente se- ria obtido pela realização da operação; ou (iii) valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), o 30 que for menor. • Inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de administrador das pessoas jurídicas referidas no art. 9º da Lei 9.613/98. • Cassação ou suspensão da autorização para o exercí- cio de atividade, operação ou funcionamento. Nos ter- mos da própria Lei 9.613/98, as penas de advertência são reservadas para irregularidades de menor poder ofensivo, como a verificação do cumprimento irregu- lar das obrigações de cadastro de clientes e registro de operações. As penas de multa, por sua vez, são reserva- das àqueles que deixem de sanar, no prazo assinalado, irregularidades objeto de advertência prévia, que dei- xarem de cumprir com suas obrigações de cadastro de clientes, de registro de operações, de adoção de proce- dimentos idôneos de controles internos e de manuten- ção de cadastro atualizado junto ao Coaf. A inabilitação temporária será aplicada quando forem verificadas in- frações graves quanto ao cumprimento das constan- tes obrigações de prevenção à LD-FT ou quando ocorrer reincidência específica, devidamente caracterizada em transgressões anteriormente punidas com multa. Por fim, a cassação da autorização será aplicada nos ca- sos de reincidência específica de infrações anteriormen- te punidas com a pena de inabilitação. Para as infrações administrativas ocorridas no âmbito da regulação do BA- CEN, um maior detalhamento da definição e aplicabilida- de das penalidades pode ser verificado na Circular BACEN 3.858/17. No caso da imputação criminal, como essa atinge não 31 apenas o núcleo do crime de lavagem, mas também os atos que o possibilitam, o Ministério Público e a Polícia Fe- deral têm defendido teses que imputam, às instituições financeiras e a seus representantes, corresponsabilidade pela prática de crimes de lavagem. Isso porque a capaci- dade de armazenamento e mobilização de recursos das instituições financeiras é vista como essencial para que criminosos pratiquem o crime de lavagem em larga esca- la. Portanto, não só para coibir as atividades criminosas em si, mas para a manutenção da confiança da sociedade no setor financeiro, necessária para o desenvolvimento deste, a atenção redobrada à prevenção à LD-FT se mos- tra fundamental. Ou seja, é importante ter em mente que independentemente de falhas na prevenção à LD-FT se- rem consideradas infrações administrativas, as práticas de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo são, ambas, consideradas crime no ordenamento jurídico brasileiro. No caso do financiamento ao terrorismo, a Lei 13.260/16 sujeita os responsáveis por sua prática à pena de reclusão de quinze a trinta anos. No caso da lavagem de dinheiro, as pessoas físicas e os representantes de pesso- as jurídicas considerados responsáveis por sua prática es- tão sujeitos à pena de reclusão de três a dez anos e multa. Contudo, também como visto, a pena descrita não se apli- ca somente a quem realizar a conduta principal referida como “ocultar ou dissimular a natureza, origem, localiza- ção, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”. Afinal, as mesmas penas são aplicá- veis também aos agentes que possibilitaram a ocorrência da lavagem de dinheiro em seu ciclo amplo, que, como 32 visto, engloba integração, ocultação e colocação. Como se sabe, a caracterização de algo como crime car- rega em si não apenas a possibilidade de responsabiliza-ção na esfera penal, mas também um forte estigma social. Logo, ao avaliar a situação das instituições financeiras, que dependem de sua imagem e credibilidade para conduzir seus negócios de forma satisfatória, fica clara a enormi- dade do risco que representa a associação do seu nome com atividade criminosa. Evidentemente, isso afeta, além das instituições financei- ras, também seus funcionários. Em razão disso, o profissio- nal deve sempre ter zelo especial para que um eventual relaxamento de controle não acabe por contribuir para a materialização do crime de lavagem. 2.2.1 Modelo de abordagem baseada em risco Seguindo a abordagem proposta pelas recomendações mais recentes do Grupo de Ação Financeira contra a Lava- gem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gafi), a estratégia de combate à utilização do sistema financeiro para a prática de LD-FT por parte dos reguladores passou nos últimos anos a focar mais na imposição às institui- ções do sistema financeiro do dever de identificar, avaliar e compreender os riscos de LD-FT incidentes sobre si. Com isso, a ideia é que cada instituição deve conhecer bem seu público (clientes, parceiros, fornecedores e fun- 33 cionários), os produtos e serviços que oferece e como es- ses fatores podem vir a interagir para criar condições fa- voráveis à LD-FT, a fim de mitigar o risco desta ocorrência. Ou seja, os reguladores do sistema financeiro não devem se preocupar tanto em prescrever regras e parâmetros universais, mas sim impor às instituições o dever de esta- belecer controles efetivos aos riscos que lhe são próprios. A ideia por traz disso é justamente um preceito de eficiên- cia. Afinal, as instituições do sistema financeiro possuem funções, estruturas e públicos diversos, pelo que uma estratégia única deixaria de levar em consideração par- ticularidades que são cruciais para um ajuste fino de fer- ramentas de controle e prevenção. Isso não quer dizer que a regulação não impõe algu- mas regras objetivas de observação obrigatória a to- das as instituições, como será visto, por exemplo, no item 2.2.5.2 abaixo, mas sim que, no geral, o modelo de combate à LD-FT deve ser um modelo personaliza- do por instituição, considerando os riscos relevantes a si. Na prática, o que isso significa ao profissional é que, di- ferente do que ocorria anteriormente, as práticas de pre- venção à LD-FT passam a variar mais de uma instituição para a outra e a serem atualizadas com maior frequên- cia, exigindo do profissional capacidade de adaptação e constante atenção. 34 2.2.2 Avaliação Interna de Risco Para efetivação da estratégia de combate à LD-FT base- ada em risco, tanto o BACEN (Circular BACEN 3.978, arts. 10 a 12) como a CVM (Instrução CVM 617, arts. 5º e 6º) exigem que as instituições por eles reguladas realizem uma Ava- liação Interna de Risco relacionada aos produtos e servi- ços por ela prestados e à natureza de seus clientes, par- ceiros, fornecedores e funcionários. É esse documento que servirá como parâmetro para as políticas e procedimentos de prevenção e combate à LD- -FT a serem implementadas pela instituição. Essas avalia- ções devem ser documentadas e encaminhadas aos ór- gãos de controle e da alta administração da instituição, sendo que a CVM exige sua elaboração a cada ano e o BACEN exige sua revisão a cada dois anos, ou em período inferior, caso haja alteração significativa no perfil de ris- co da instituição. 2.2.2.1 Política direcionada às carac- terísticas e riscos relevantes da ins- tituição Seguindo o modelo de abordagem baseada em risco, cada instituição deve, com o auxílio de sua Avaliação Interna de Risco, definir e parametrizar sua política de prevenção e combate à LD-FT. A referida política deve ser formaliza- da em documento próprio da instituição, o qual deve ser 35 aprovado por sua alta administração, mantida atualizada e que também deve ser clara, acessível e em nível de de- talhamento compatível com o porte, a estrutura, a com- plexidade dos produtos e serviços, assim como das ativi- dades desempenhadas pelas instituições. Como conteúdo, a Política de prevenção e combate à LD- -FT deve prever a governança relacionada ao cumpri- mento das obrigações regulatórias respectivas, diretrizes específicas de registro e monitoramentos de operações financeiras, processos relacionados ao conhecimento de seus clientes, parceiros, fornecedores e funcionários e, no caso de instituições reguladas pelo BACEN, as diretrizes a serem observadas para a capacitação contínua de seus funcionários sobre o tema. 2.2.2.2 Controle de efetividade das políticas e procedimentos Se por um lado o modelo de abordagem baseado em ris- co para prevenção e combate à LD-FT confere maior li- berdade para que cada instituição estabeleça controles e procedimentos mais adequados à sua realidade, por ou- tro lado há a necessidade de verificar a efetividade desses. Para isso, tanto o BACEN (Circular 3.978, art. 62 e 65) como a CVM (Instrução CVM 617, art. 6º) exigem de seus jurisdi- cionados a avaliação contínua da efetividade dos proce- dimentos e controles implementados a partir da Política de prevenção e combate à LD-FT, a ser realizada mediante testes periódicos que devem observar metodologias ade- quadas. 36 Portanto, os profissionais também passam a experienciar maior monitoramento sobre a forma como suas condu- tas impactam os controles e procedimentos destinados à prevenção e combate à LD-FT por parte da instituição à qual estejam ligados. 2.2.3 Clientes/investidores Como é perceptível pela conceituação vista, a LD-FT pode ser praticada tanto por instituições financeiras quanto por seus clientes e investidores. Logo, mesmo uma instituição financeira idônea precisa tomar as devidas cautelas a fim de que sua estrutura não seja utilizada para a prática de crime de lavagem, uma vez que isso pode difamar a ins- tituição e diminuir a confiança do público no sistema fi- nanceiro. Tendo isso em vista é que o BACEN e a CVM im- põem, sobretudo por meio dos normativos mencionados, uma série de obrigações procedimentais às instituições financeiras referentes a identificação, cadastro, registro e comunicações de operações de seus clientes. 2.2.3.1 Ações preventivas: princípio do “conheça seu cliente” Embora as disposições regulatórias advindas do BACEN e da CVM sejam de observância fundamental para as insti- tuições financeiras, ações preventivas adicionais também podem e devem ser tomadas a fim de preservar a repu- tação das instituições financeiras. Nesse sentido, observa- mos na sequência algumas dessas medidas preventivas. 37 2.2.3.1.1 Função do cadastro e impli- cações de um cadastro desatuali- zado e análise da capacidade finan- ceira do cliente Uma das principais atuações preventivas ao alcance das instituições financeiras diz respeito à manutenção de um cadastro completo e atualizado dos clientes. Nesse senti- do, quanto mais completo um cadastro, mais facilmente são identificadas operações suspeitas. Tão importante quanto a existência de um cadastro com- pleto quando da abertura de um relacionamento de inter- mediação financeira, contudo, é a constante atualização dele. Afinal, as pessoas passam por uma série de mudanças em suas vidas, muitas das quais repercutem em altera- ções patrimoniais relevantes, de tal forma que apenas a manutenção de um cadastro atualizado periodicamente é capaz de fornecer às instituições financeiras os elemen- tos necessários para averiguar a regularidade das opera- ções de cada cliente. Portanto, as instituições devem prever e realizar as rotinas de atualização de dados cadastrais descritas em seus manuais internos, respeitando, no mínimo, a periodicidade definida na regulamentação vigente. Essa atualização dos dados cadastrais pode ser realizada via canais de aten- dimento, mas precisa ser evidenciada por meio de fichas cadastrais e/ ou cartas assinadas pelos clientes, logs de sistemas, gravações telefônicas, ououtro comprovante 38 idôneo de confirmação de dados. Igualmente, recomen- da-se especial cautela na realização de operações com clientes cujo cadastro esteja incompleto ou desatualizado, afinal essa prática pode sujeitar a instituição financeira a sanções administrativas, conforme será visto em detalhe adiante. Dessa forma, como na atividade de LD-FT a utilização de pessoas aleatórias para a colocação, ocultação ou inte- gração de recursos é prática recorrente, torna-se funda- mental observar, entre outras características, a capacidade financeira do cliente, a fim de verificar se as movimenta- ções dele são compatíveis com sua situação financeira. 2.2.3.1.2 O princípio “conheça seu cliente” como forma de proteção da instituição financeira e do profissio- nal Conforme já discutido neste capítulo, o processo de ave- riguação detalhada do perfil do cliente é conhecido como “conheça seu cliente”. Esse processo busca reunir informa- ções das mais diversas sobre os clientes, desde dados do- cumentais até profissão, grau de escolaridade, patrimônio e renda. Isso tudo a fim de possibilitar uma análise mais precisa sobre quais operações realizadas por algum clien- te caracterizam ou não operações suspeitas. Mais especificamente, as informações mínimas requeri- das podem variar a depender da natureza do cliente, se pessoa física, jurídica ou outro (como clubes de investi- 39 mento, fundos de investimento, investidores não residen- tes e fundações). As informações mínimas requeridas pela CVM estão descritas nos Anexos 11-a e 11-b da Instrução CVM 617 e as informações mínimas requeridas pelo BACEN estão descritas no art. 16 da Circular BACEN 3.978. É impor- tante salientar que toda a documentação comprobató- ria das informações prestadas deve ser armazenada pela instituição junto ao cadastro. Fazer isso, longe de consistir em mera formalidade para atender ao regulador, pode proteger o profissional e a ins- tituição financeira tanto de um escândalo que atingiria sua imagem quanto de penas administrativas, caso sejam ve- rificados descumprimentos pela autoridade reguladora. Além do mais, é importante lembrar que as irregularida- des, quando verificadas, normalmente o são em um tem- po considerável após sua ocorrência, razão pela qual é recomendável que mesmo os arquivos antigos referentes aos cadastros dos clientes sejam mantidos por pelo me- nos dez anos, a fim de que se possa demonstrar não só o estado final do cadastro, mas a sua trajetória. Igualmente, o cadastro de antigos clientes deve ser mantido no mí- nimo pelo mesmo prazo, contado após o primeiro dia do ano seguinte ao término do relacionamento com a insti- tuição, como forma de proteção contra questionamentos posteriores ao fim do relacionamento financeiro. 2.2.4 Registros de operações Além de ser importante manter um cadastro completo e atualizado dos clientes, é fundamental a manutenção de 40 registros de todas as transações, com sua devida identifi- cação e, em especial, daquelas operações caracterizadas como de comunicação obrigatória ao Coaf. Isso a fim de permitir uma análise posterior por parte do regulador, tan- to do histórico de operações de determinado cliente como do cumprimento, por parte da instituição, do seu dever de informar operações suspeitas. O BACEN também exige que os sistemas de registro tenham filtros que permitam iden- tificar transações específicas de determinada natureza e valor. No que se refere à obrigatoriedade de manutenção dos registros das operações, a Lei 9.613/98 diz que o prazo de manutenção é de, no mínimo, cinco anos da conclusão da transação, podendo ser estendido pela autoridade com- petente. No que se refere às autoridades responsáveis pela regulação financeira, tem-se que a CVM exige sua manu- tenção por cinco anos e o BACEN exige a manutenção dos registros por prazos que variam de cinco a dez anos, a de- pender das características da operação. 2.2.5 Operações suspeitas Conforme visto até aqui, parte substancial das obriga- ções imputáveis às instituições financeiras na prevenção da lavagem de dinheiro diz respeito à obrigatoriedade de comunicação de operações suspeitas ao Coaf, enquanto unidade de inteligência financeira. Em razão disso, cabe detalhar o que são indícios de lavagem de dinheiro e quais hipóteses geram a obrigatoriedade de comunicação. 41 2.2.5.1 Caracterização Embora as práticas de lavagem de dinheiro se reinventem com o tempo, exigindo das instituições financeiras aten- ção constante, a experiência sugere alguns traços comuns a essas operações. Com base nisso, os normativos da CVM e do BACEN listam uma série de situações que, a depen- der de análise, podem ser consideradas suspeitas ou que necessitam de monitoramento contínuo. Para a CVM, são exemplos de situações que podem configurar indícios de LD-FT: • Situações em que não seja possível manter atualizadas as informações cadastrais de seus clientes. • Situações em que não seja possível identificar o benefi- ciário final. • Operações cujos valores se afigurem incompatíveis com a ocupação profissional, os rendimentos ou a situação pa- trimonial ou financeira de qualquer das partes envolvidas, tomando-se por base as informações cadastrais respec- tivas. • Incompatibilidade da atividade econômica, do objeto social ou do faturamento informados com o padrão ope- racional apresentado por clientes com o mesmo perfil. • Operações realizadas entre as mesmas partes ou em be- nefício das mesmas partes, nas quais haja seguidos ga- nhos ou perdas no que se refere a algum dos envolvidos. • Operações que evidenciem oscilação significativa em relação ao volume ou frequência de negócios de qualquer das partes envolvidas. • Operações cujos desdobramentos contemplem caracte- 42 rísticas que possam constituir artifício para burla da identi- ficação dos efetivos envolvidos e beneficiários respectivos. • Operações cujas características e desdobramentos evi- denciem atuação, de forma contumaz, em nome de ter- ceiros. •Operações que evidenciem mudança repentina e objeti- vamente injustificada relativamente às modalidades ope- racionais usualmente utilizadas pelos envolvidos. • Operações cujo grau de complexidade e risco se afigu- ram incompatíveis com o cliente. • Operações realizadas com a aparente finalidade de gerar perda ou ganho para as quais falte, objetivamente, funda- mento econômico ou legal. • Transferências privadas de recursos e de valores mobili- ários sem motivação aparente. • Depósitos ou transferências realizadas por terceiros, para a liquidação de operações de cliente, ou para prestação de garantia em operações nos mercados de liquidação futura. • Pagamentos a terceiros, sob qualquer forma, por conta de liquidação de operações ou resgates de valores depo- sitados em garantia, registrados em nome do cliente. • Operações realizadas fora de preço de mercado. • Operações e situações relacionadas a pessoas suspeitas de envolvimento com atos terroristas. • Operações com a participação de pessoas naturais, pes- soas jurídicas ou outras entidades que residam, tenham sede ou sejam constituídas em países, jurisdições, depen- dências ou locais (i) que não aplicam ou aplicam insufi- cientemente as recomendações do GAFI, conforme listas emanadas por aquele organismo e/ou (ii) com tributação favorecida e submetidos a regimes fiscais privilegiados, conforme normas emanadas pela Receita Federal do Bra- 43 sil. Já para o BACEN, deve ser conferida especial atenção a: • Operações realizadas e os produtos e serviços contrata- dos que, considerando as partes envolvidas, os valores, as formas de realização, os instrumentos utilizados ou a falta de fundamento econômico ou legal, possam configurar a existência de indícios de lavagem de dinheiro ou de finan- ciamento do terrorismo. 14 Art. 39 da Circular Bacen 3.978 • Operações realizadas ou os serviços prestados que, por sua habitualidade, valor ou forma, configurem artifício que objetiveburlar os procedimentos de identificação, quali- ficação, registro, monitoramento e seleção estabelecidos pela regulação e pelas políticas da própria instituição. • Operações de depósito ou aporte em espécie, saque em espécie, ou pedido de provisionamento para saque que apresentem indícios de ocultação ou dissimulação da na- tureza, da origem, da localização, da disposição, da movi- mentação ou da propriedade de bens, direitos e valores. • Operações realizadas e os produtos e serviços contra- tados que, considerando as partes e os valores envolvi- dos, apresentem incompatibilidade com a capacidade fi- nanceira do cliente, incluindo a renda, no caso de pessoa natural, ou o faturamento, no caso de pessoa jurídica, e o patrimônio. • Operações com pessoas expostas politicamente de na- cionalidade brasileira e com representantes, familiares ou estreitos colaboradores de pessoas expostas politicamen- te. • Operações com pessoas expostas politicamente estran- geiras. • Clientes e operações em relação aos quais não seja pos- 44 sível identificar o beneficiário final. • Operações oriundas ou destinadas a países ou territórios com deficiências estratégicas na implementação das re- comendações do Grupo de Ação Financeira (Gafi). • Situações em que não seja possível manter atualizadas as informações cadastrais de clientes. • Operações e situações que possam indicar suspeitas de financiamento do terrorismo. Por meio da Carta Circular BACEN 4.001, o BACEN divulgou uma extensa lista de exem- plos de operações e situações que podem configurar indí- cios de ocorrência de crimes de LD-FT. 2.2.5.2 Obrigatoriedade de comuni- cação e controle – instituições, em- presas e autoridades competentes Embora nem sempre seja tão clara, há diferença entre si- tuações em que as circunstâncias sugerem haver indícios de lavagem de dinheiro – tais como as já expostas – e si- tuações que obrigam a instituição financeira a comunicar automaticamente o fato ao Coaf. Essas hipóteses variam substancialmente a depender se a instituição financeira está sujeita à regulação da CVM ou do BACEN. Portanto, primeiramente é importante relem- brar quem está sujeito às regras de prevenção à lavagem de dinheiro do BACEN ou da CVM. Às regras da CVM, estão sujeitas: 45 • As pessoas naturais ou jurídicas que prestem no mer- cado de valores mobiliários, em caráter permanente ou eventual, os serviços relacionados à distribuição, custódia, intermediação, ou administração de carteiras. • As entidades administradoras de mercados organizados e as entidades operadoras de infraestrutura do mercado financeiro (como a B3). • As demais pessoas referidas em regulamentação espe- cífica que prestem serviços no mercado de valores mobi- liários, incluindo: • Escrituradores; • Consultores de valores mobiliários; • Agências de classificação de risco (rating); • Representantes de investidores não residentes; e • Companhias securitizadoras. • Auditores independentes no âmbito do mercado de va- lores mobiliários. Nesse sentido, vale lembrar que os analistas de valores mobiliários e as companhias abertas que não realizem nenhuma das atividades listadas acima não se sujeitam à Instrução CVM 617. Ademais, no caso dos agentes autôno- mos de investimento, tem-se que as instituições integran- tes do sistema de distribuição se responsabilizam por fazer com que estes, na qualidade de seus prepostos, observem a regulação e a política de combate e prevenção à LD-FT da instituição. Já às regras do BACEN, estão sujeitos: • bancos; • caixas econômicas; • cooperativas de crédito; • administradoras de consórcios; 46 • instituições de pagamento; • corretoras e distribuidoras; • demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN. Como se pode notar, algumas entidades, como as corre- toras e as distribuidoras, estão sujeitas à fiscalização de ambos os órgãos, o que exige cautela adicional. Para as instituições reguladas pela CVM, uma vez verifica- da uma situação suspeita, essa deve ser objeto de uma análise tempestiva (a CVM não prevê prazo específico para essa análise) pela área responsável nos termos da política de prevenção e combate à LD-FT da instituição. Concluída a análise, caso se entenda haver indícios de LD- -FT, o Coaf deve ser comunicado em até 24 horas – com a devida abstenção de ciência da comunicação às partes envolvidas na referida situação. Ou seja, a lógica aqui é que o profissional deve sempre reportar situações atípicas percebidas por si para análise pelas áreas responsáveis de sua instituição e essa área irá formalizar essa análise e decidir pelo seu encaminhamen- to, ou não, ao Coaf. O BACEN, por sua vez, segue lógica análoga. Contudo, dife- rentemente da CVM, o BACEN prevê um prazo de 45 (qua- renta e cinco) dias para a análise das situações consi- deradas suspeitas. A partir da conclusão da análise, se a situação for de fato considerada suspeita, a comunicação deve ser realizada ao Coaf até o dia útil seguinte. Além disso, o BACEN trabalha com situações objetivas para algumas operações em espécie, para as quais não é ne- cessária a análise e a comunicação ao Coaf deve ser rea- lizada até o dia útil de sua ocorrência. 47 Sendo essas: • Operações de depósito ou aporte em espécie ou saque em espécie de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cin- quenta mil reais). • Operações relativas a pagamentos, recebimentos e transferências de recursos, por meio de qualquer instru- mento, contra pagamento em espécie, de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais). • Solicitação de provisionamento de saques em espécie de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais). • Também nesses casos as comunicações ao Coaf devem ser realizadas sem que seja dada ciência aos envolvidos ou a terceiros. De modo geral, é importante também consignar que o dever de comunicação ao Coaf não exime as instituições financeiras de manter registro e monitorar com especial atenção às atividades suspeitas ou pouco usuais. Vale ainda lembrar que diversas outras empresas, por desen- volverem atividades sujeitas a sua utilização para a la- vagem de dinheiro, têm obrigações de comunicação de operações suspeitas ao Coaf. Entre elas, podemos destacar: As administradoras de car- tões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços. As pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis. As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antigui- dades. As empresas de transporte e guarda de valores. As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de 48 luxo ou de alto valor, intermedeiam a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie, tal como concessionárias automoti- vas. 2.2.6 Indisponibilidade de bens, di- reitos e valores em decorrência de resoluções do Conselho de Segu- rança das Nações Unidas Como parte das políticas de combate ao financiamento do terrorismo, a Lei 13.810/19, a Instrução CVM 617 e a Re- solução BCB 40 preveem a obrigatoriedade de as institui- ções financeiras cumprirem de forma imediata e sem avi- so prévio aos sancionados as medidas estabelecidas nas resoluções sancionatórias do Conselho de Segurança das Nações Unidas – CSNU ou as designações de seus comitês de sanções que determinem a indisponibilidade de ativos, de quaisquer valores, de titularidade, direta ou indireta, de pessoas naturais, de pessoas jurídicas ou de entidades. Isso quer dizer que cabe às instituições reguladas pela CVM e pelo BACEN (i) monitorar listas de sanções CSNU, (ii) dis- por de controles aptos a efetivar imediatamente bloqueio de ativos e (iii) comunicar imediatamente a indisponibili- dade de ativos e as tentativas de sua transferência ao BA- CEN ou CVM (conforme aplicável), ao Ministério da Justiça e SegurançaPública e ao Coaf. Da mesma forma, o Minis- tério da Justiça e Segurança Pública também deve ser co- municado sem demora sempre que, por qualquer razão, a instituição regulada deixar de dar cumprimento imediato 49 às medidas de indisponibilidade determinadas pelo CSNU ou designadas por seus comitês de sanções. Desse modo, cabe ao profissional estar atento a essas determinações tendo em vista que eventual descumprimento pode acar- retar a aplicação de penalidades administrativas. 2.2.7 Princípio do “conheça seu par- ceiro” Além da obrigação de conhecer bem os seus clientes, conforme vista acima, a regulação também exige que as instituições conheçam bem seus parceiros, fornecedores e funcionários. Esse princípio norteador da prevenção e combate à lavagem de dinheiro é popularmente conheci- do como “conheça seu parceiro” e também referenciado pela sigla KYP, do inglês “know your partner”. A observân- cia desse princípio é importante porque parceiros, forne- cedores e funcionários têm acesso e interagem o sufi- ciente com as instituições para que suas ações possam impactar os controles de prevenção e combate à LD-FT da instituição. Ou seja, um parceiro, um fornecedor ou um funcionário, com ou sem intenção, pode acarretar no uso da instituição para a prática de LD-FT, prejudicando a sua imagem e sujeitando a instituição e seus administrado- res a penalidades. Para que isso seja evitado, a instituição deve não só conhecer bem as características e a índole de seus parceiros, fornecedores e funcionários, como tam- bém garantir que eles estejam capacitados a auxiliar no bom funcionamento dos controles de prevenção e com- bate à LD-FT promovidos pelas políticas e procedimentos da instituição. Também neste quesito a regulação é pau- tada pela ideia de abordagem baseada em risco, pelo que a instituição deve mapear seus parceiros, fornecedores e 50 funcionários mais vulneráveis/ suscetíveis a incorrer ou se deparar com práticas de LD-FT, devendo dar uma aten- ção maior a esses. Nesse sentido, merecem destaque as obrigações de capacitação e treinamento de funcionários (art. 3º, I, “g” da Circular 3.978 e art. 7º, II, da Instrução CVM 617), bem como as exigências de que fornecedores e par- ceiros conheçam as políticas de prevenção e combate à LD FT da instituição (art. 6º da Circular 3.978 e art. 7º, II, da Instrução CVM 617), bem como tenham controles específi- cos para essas finalidades, quando aplicável (arts. 59, IV e 60, IV da Circular 3.978 e arts. 3º, § 2º e 17, § 1º, I da Instrução CVM 617). Convenção de Viena A Convenção de Viena é uma convenção contra o tráfico ilícito de entorpecentes e de substâncias psicotrópicas. A Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas foi concluída em Viena em 20 de dezembro de 1988. A referida Convenção foi aprovada pelo Congresso Nacio- nal, pelo Decreto Legislativo n° 162 em 14 de junho de 1991. NORMAS E PADRÕES ÉTICOS CONTROLES INTERNOS Art. 1º - Determinar às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do 51 Brasil a implantação e a implementação de controles in- ternos voltados para as atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações financeiras, operacionais e gerenciais e o cumprimento às normas legais e regula- mentares aplicáveis. Parágrafo 1º - Os controles internos, independentemente do porte da instituição, devem ser efetivos e consistentes com a natureza, complexidade e risco das operações por ela realizadas. Parágrafo 2º - São de responsabilidade da diretoria da ins- tituição: I A implantação e a implementação de uma estrutura de controles internos efetiva mediante a definição de ativida- des de controle para todos os níveis de negócios da insti- tuição; II O estabelecimento dos objetivos e procedimentos perti- nentes aos mesmos; III A verificação sistemática da adoção e do cumprimen- to dos procedimentos definidos em função do disposto no inciso II. 2.8 SEGREGAÇÃO DE ATIVIDADES E POLÍTICA DE SEGURANÇA DA INFOR- MAÇÃO A Segregação de Atividades deve ser realizada de forma que evite possíveis conflitos de interesses (Barreira de In- formação) e efetue a definição de responsabilidades. Os controles internos devem conter disposições acessíveis 52 a todos os funcionários da instituição, para assegurar que sejam conhecidas a respectiva função no processo e as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da orga- nização. Além disso, os controles internos devem prever, em especial: • A definição de responsabilidades dentro da instituição; • A segregação das atividades atribuídas aos integrantes da instituição de forma a que seja evitado o conflito de in- teresses, bem como meios de minimizar e monitorar ade- quadamente áreas identificadas como de potencial con- flito da espécie; • A existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o correspondente nível de atu- ação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades; • A contínua avaliação dos diversos riscos associados às atividades da instituição; • A existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em especial para os mantidos em meio eletrônico. Os controles internos devem ser periodicamente revisados e atualizados, de forma a que sejam incorporadas a eles medidas relacionadas a novos riscos ou, então, riscos an- teriormente não abordados. A atividade de auditoria inter- na deve fazer parte do sistema de controles internos. 53 DOS CRIMES CONTRA O MERCADO DE CAPITAIS Manipulação do Mercado Art. 27-C. Realizar operações simuladas ou executar ou- tras manobras fraudulentas destinadas a elevar, manter ou baixar a cotação, o preço ou o volume negociado de um valor mobiliário, com o fim de obter vantagem inde- vida ou lucro, para si ou para outrem, ou causar dano a terceiros: Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. Uso Indevido de Informação Privilegiada Art. 27-D. Utilizar informação relevante de que tenha co- nhecimento, ainda não divulgada ao mercado, que seja capaz de propiciar, para si ou para outrem, vantagem in- devida, mediante negociação, em nome próprio ou de ter- ceiros, de valores mobiliários: Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência do crime. § 1o Incorre na mesma pena quem repassa informação sigilosa relativa a fato relevante a que tenha tido aces- so em razão de cargo ou posição que ocupe em emissor de valores mobiliários ou em razão de relação comercial, profissional ou de confiança com o emissor. § 2o A pena é aumentada em 1/3 (um terço) se o agente comete o crime previsto no caput deste artigo valendo-se 54 de informação relevante de que tenha conhecimento e da qual deva manter sigilo. Exercício Irregular de Cargo, Profissão, Atividade ou Fun- ção Art. 27-E. Exercer, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, a atividade de administrador de cartei- ra, de assessor de investimento, de auditor independente, de analista de valores mobiliários, de agente fiduciário ou qualquer outro cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado na autorida- de administrativa competente, quando exigido por lei ou regulamento: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e mul- ta. Art. 27-F. As multas cominadas para os crimes previstos nos arts. 27-C e 27-D deverão ser aplicadas em razão do dano provocado ou da vantagem ilícita auferida pelo agente. Parágrafo único. Nos casos de reincidência, a multa pode serde até o triplo dos valores fixados neste artigo. Churning Churning é a expressão cunhada pelos americanos para a prática de negociação excessiva de ativos pelo gestor com o objetivo primordial de auferir as taxas de correta- gem em detrimento dos melhores interesses do investidor. Layering A estratégia de layering tem como característica a inser- ção de sucessivas ofertas de um lado do livro a preços melhores que a última oferta registrada, que formam ca- 55 madas de ofertas sem propósito de fechar negócio, com o objetivo de atrair outros participantes para a negociação e executar negócios no lado oposto do livro. Todas as ocorrências são identificadas a partir do seguin- te ciclo: 1. Criação de falsa liquidez: Inserção de ofertas artificiais que formam camadas de ofertas sem propósito de fechar negócio e alteram o spread do livro de ofertas, com inten- ção de influenciar investidores a incluir ou melhorar suas ofertas. 2. Reação de investidores: Investidores reagem ao registro da camada de ofertas artificiais. 3. Posicionamento e execução do negócio: registro de oferta no lado oposto com consequente execução de ne- gócios contra as ofertas dos investidores que reagiram ao registro da camada de ofertas artificiais. 4. Cancelamento: após a realização dos negócios, a ca- mada de ofertas artificiais é cancelada. Também são consideradas práticas abusivas de layering as ocorrências que apresentam como etapa inicial o posi- cionamento em um dos lados do livro e posterior inserção de ofertas que formam camadas manipuladoras de ofer- tas sem propósito de fechar negócio. Spoofing A estratégia de spoofing tem como característica a inser- ção de ofertas de compra ou de venda com lote expres- sivo, com o objetivo de exercer pressão compradora ou 56 vendedora no livro de ofertas e, com isso, atrair contrapar- tes para execução de ofertas constantes no lado oposto do livro. Após a realização dos negócios, os clientes can- celarem as ofertas expressivas. Todas as ocorrências são identificadas a partir do seguinte ciclo: 1. Criação de falsa liquidez: Registro de oferta expressiva com o propósito de exercer pressão compradora ou ven- dedora e influenciar a decisão de operações de outros in- vestidores (“oferta artificial”). Compartilhamento de aler- tas de Layering e Spoofing 2. Reação de investidores: Investidores reagem ao registro da oferta expressiva. 3. Posicionamento e execução do negócio: registro de oferta com consequente execução de negócios contra as ofertas dos investidores que reagiram ao registro da oferta expressiva. 4. Cancelamento: após a realização dos negócios, a ofer- ta expressiva (“oferta artificial”) é cancelada. Também são consideradas práticas abusivas de spoofing as ocorrências que apresentam como etapa inicial o posi- cionamento em um dos lados do livro e posterior inserção de oferta expressiva sem propósito de fechar negócio. RESOLUÇÃO CVM Nº 62, DE 19 DE JANEIRO DE 2022 Art. 1º Esta Resolução dispõe sobre a vedação às práticas de criação de condições artificiais de demanda, oferta ou 57 preço de valores mobiliários, manipulação de preço, rea- lização de operações fraudulentas e uso de práticas não equitativas. Art. 2º Para fins desta Resolução, aplicam-se as seguintes definições: I – condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valores mobiliários: aquelas criadas em decorrência de negociações pelas quais seus participantes ou intermedi- ários, por ação ou omissão dolosa provocarem, direta ou indiretamente, alterações no fluxo de ordens de compra ou venda de valores mobiliários; II – manipulação de preços: a utilização de qualquer pro- cesso ou artifício destinado, direta ou indiretamente, a ele- var, manter ou baixar a cotação de um valor mobiliário, induzindo terceiros à sua compra e venda; III – operação fraudulenta: aquela em que se utilize ardil ou artifício destinado a induzir ou manter terceiros em erro, com a finalidade de se obter vantagem ilícita de natureza patrimonial para as partes na operação, para o intermedi- ário ou para terceiros; e IV – prática não equitativa: aquela de que resulte, direta ou indiretamente, efetiva ou potencialmente, um tratamento para qualquer das partes, em negociações com valores mobiliários, que a coloque em uma indevida posição de desequilíbrio ou desigualdade em face dos demais parti- cipantes da operação. Art. 3º É vedada aos administradores e acionistas de com- panhias abertas, aos intermediários e aos demais parti- cipantes do mercado de valores mobiliários, a criação de condições artificiais de demanda, oferta ou preço de valo- res mobiliários, a manipulação de preços, a realização de 58 operações fraudulentas e o uso de práticas não equitati- vas. Art. 4º Considera-se infração grave, para efeito do dispos- to no § 3º do art. 11 da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, a infração à norma contida nesta Resolução CÓDIGO PENAL Relação de causalidade Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Consi- dera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente § 1º - A superveniência de causa relativamente inde- pendente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O de- ver de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigi- lância; 59 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocor- rência do resultado. Operações Mesmo Comitente (zé com zé): Esta operação consiste em o mesmo player comprar e vender de si mesmo com a finalidade de jogar o preço a seu favor. A Bolsa há poucos anos atrás liberou em algu- mas ocasiões estas operações, porém o excesso da mes- ma passou a ocasionar situações em que o player pode ser advertido, suspenso e até mesmo multado, principalmen- te se usar destas práticas repetidas vezes. Comprar e ven- der de si mesmo em contratos com baixa liquidez e fazer isto fora de preço para jogar o mercado a seu favor, ou até mesmo acionar stops, pode ocasionar o enquadramento do player. Realizar operações diversas no mesmo pregão a fim de influenciar os demais participantes a acreditarem que no mercado existem lotes saindo em determinada di- reção e com isso acabar forçando os demais a irem na mesma direção, faz com que o player também possa ser enquadrado. Nos contratos agros, com a tela cega, onde não aparece mais o nome das corretoras, o player pas- sou a ter como consequência a possibilidade de se tor- nar mais suscetível a estes erros, portanto, deve-se evitar cometê-los seguidamente. Cabe ressaltar que comprar e vender de si mesmo em corretoras diferentes também se enquadra nesta modalidade. 60 Spoofing: Atualmente no mercado financeiro existem players que utilizam algoritmos que executam automaticamente ope- rações de acordo com os parâmetros configurados. Es- tes “robôs” tomam decisões de acordo com o comporta- mento de ordens no livro de ofertas, ou seja, se entra um lote grande comprando ele antecipa e entra na frente. Isso abre brechas para que os players que queiram vender pa- guem lotes grandes, a fim de fazer estes robôs atraves- sarem e comprarem seus lotes á venda. Também pode- -se caracterizar esta operação quando um determinado player comprado começa a encher de lotes maiores que as ordens normais no book na compra, a fim de dar a im- pressão de que há uma força compradora maior que o normal e com isso desestimular os demais players a ven- derem e até mesmo forçá-los a comprar, jogando assim o mercado a seu favor. Isto pode ocorrer tanto na compra quanto na venda. Estas ordens spoofing costumam ficar pouco tempo na tela
Compartilhar