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Autor: Profa. Angela Martins Azevedo Colaboradores: Prof. Ricardo Tinoco Prof. José Carlos Morilla Complementos de Estradas e Aeroportos Professora conteudista: Angela Martins Azevedo É engenheira civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2003), mestre (2007) e doutoranda em Engenharia de Transportes pela mesma instituição. Possui cursos de especialização de curta duração nas áreas de topografia, pavimentação e drenagem de rodovias. É professora da Universidade Paulista (UNIP) desde 2006 nos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura nas disciplinas correlatas à área de infraestrutura de transportes: Topografia, Geodésia e Estradas e Aeroportos. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A944c Azevedo, Angela Martins. Complementos de estradas e aeroportos / Angela Martins Azevedo. – São Paulo: Editora Sol, 2019. 104 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-116/19, ISSN 1517-9230. 1. Pavimentação rodoviária. 2. Pavimentação aeroportuária. 3. Sinalização. I. Título. CDU 625.8 W503.32 – 19 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Fabrícia Carpinelli Bruno Barros Sumário Complementos de Estradas e Aeroportos APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 PROJETO DE TERRAPLENAGEM .....................................................................................................................9 1.1 Conceituação ............................................................................................................................................9 1.2 Compensação de volumes ................................................................................................................ 11 1.3 Fatores de conversão .......................................................................................................................... 12 1.3.1 Fator de empolamento ......................................................................................................................... 13 1.3.2 Empolamento ........................................................................................................................................... 13 1.3.3 Fator de contração ................................................................................................................................. 13 1.3.4 Fator de homogeneização ................................................................................................................... 13 1.4 Cálculo dos volumes de terraplenagem ...................................................................................... 14 1.5 Diagrama de massas – diagrama de Brückner ......................................................................... 17 2 PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA ................................................................................................................... 21 2.1 Conceituação ......................................................................................................................................... 21 2.2 Materiais de pavimentação .............................................................................................................. 26 2.2.1 Solos e agregados ................................................................................................................................... 27 2.2.2 Materiais asfálticos ................................................................................................................................ 28 2.2.3 Materiais cimentados ............................................................................................................................ 31 2.3 O pavimento como estrutura .......................................................................................................... 32 3 ESTUDOS DE TRÁFEGO APLICADOS À PAVIMENTAÇÃO ................................................................... 33 3.1 Introdução ............................................................................................................................................... 33 3.2 Composição do tráfego ..................................................................................................................... 33 3.3 Carga máxima por tipo de eixo ...................................................................................................... 36 3.4 Volume de tráfego ............................................................................................................................... 37 3.5 Projeção do tráfego no período de projeto ............................................................................... 38 3.5.1 Progressão linear ..................................................................................................................................... 38 3.5.2 Progressão exponencial ........................................................................................................................ 39 3.5.3 Curva logística ......................................................................................................................................... 39 3.6 Fatores de equivalência de carga ................................................................................................... 40 3.7 Cálculo do número N .......................................................................................................................... 42 3.7.1 Fator de veículo ....................................................................................................................................... 42 3.7.2 Cálculo do fator climático regional (FR) ....................................................................................... 43 4 PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO ..................................................................................................................... 48 4.1 Introdução ............................................................................................................................................... 48 4.2 Método clássico do DNIT de dimensionamento de pavimentos asfálticos .................. 48 4.2.1 Capacidade de suporte do subleito e das camadas inferiores (base, sub-base e reforço do subleito) ....................................................................................................... 49 4.2.2 Espessura mínima do revestimento................................................................................................. 50 4.2.3 Espessuras mínimas e coeficientes ..................................................................................................51 4.2.4 Dimensionamento .................................................................................................................................. 51 4.3 Análise mecanicista ............................................................................................................................. 57 Unidade II 5 SINALIZAÇÃO E SEGURANÇA VIÁRIA ...................................................................................................... 63 5.1 Sinalização vertical .............................................................................................................................. 65 5.1.1 Sinalização de regulamentação ........................................................................................................ 67 5.1.2 Sinalização de advertência ................................................................................................................. 68 5.1.3 Sinalização indicativa ou de orientação ....................................................................................... 70 5.1.4 Sinalização educativa ............................................................................................................................ 73 5.2 Sinalização horizontal ........................................................................................................................ 73 5.2.1 Padrão de cores ....................................................................................................................................... 74 5.2.2 Tipos de marcação .................................................................................................................................. 75 5.3 Sinalização semafórica....................................................................................................................... 76 5.4 Dispositivos de segurança ................................................................................................................. 77 6 PAVIMENTAÇÃO AEROPORTUÁRIA .......................................................................................................... 78 6.1 Considerações sobre as aeronaves ................................................................................................ 80 6.2 Conceito de cobertura ........................................................................................................................ 80 6.3 Critérios de projeto .............................................................................................................................. 80 6.4 Considerações sobre os materiais .................................................................................................. 81 7 SINALIZAÇÃO AEROPORTUÁRIA ................................................................................................................ 82 7.1 Sinalização horizontal ........................................................................................................................ 83 7.2 Luzes .......................................................................................................................................................... 85 7.3 Sinalização vertical .............................................................................................................................. 87 8 TEMAS COMPLEMENTARES RELACIONADOS AO PROJETO DE AEROPORTOS ......................... 89 8.1 Componentes do lado terra ............................................................................................................. 89 8.1.1 Hangares ..................................................................................................................................................... 89 8.1.2 Parque de combustível ......................................................................................................................... 89 8.1.3 Núcleo de combate a incêndio ......................................................................................................... 90 8.1.4 Comissaria .................................................................................................................................................. 90 8.1.5 Torre de controle ..................................................................................................................................... 91 8.1.6 Sala de tráfego ......................................................................................................................................... 91 8.2 Sistemas de acesso e estacionamento de veículos................................................................. 91 8.3 Terminal aeroportuário ...................................................................................................................... 92 7 APRESENTAÇÃO Olá, aluno! Neste livro-texto, vamos trabalhar com os temas de terraplenagem, pavimentação e sinalização. Sobre os dois últimos temas, vamos abordar as particularidades para os projetos viários e para os projetos aeroportuários. De início, vamos dar continuidade ao estudo de terraplenagem. Já estudamos as operações, materiais e equipamentos de terraplenagem. Agora, iremos aprender a calcular os volumes e o processo de movimentação de terra ao longo do traçado. Na sequência, iniciaremos o estudo da pavimentação. Para muitos, é o tema mais amplo da infraestrutura de transportes. Faremos um percurso pelos conceitos de pavimento, passando por tipos e materiais disponíveis. Na sequência, aprenderemos um dos principais parâmetros de projeto: o tráfego. Por fim, abordaremos como é feito o dimensionamento propriamente dito. Uma vez que a plataforma viária está pavimentada, devemos implantar a sinalização, tão importante para a operação e segurança viária. Encerramos o estudo das rodovias e voltamos para os aeroportos. Vamos estudar as particularidades necessárias para os projetos de pavimentação e sinalização aeroportuárias e, por fim, teremos contato com alguns temas complementares, relativos ao lado terra do sítio aeroportuário. Bom estudo! INTRODUÇÃO Vamos estudar alguns temas muito importantes para a implantação de uma via, seja ela rural ou urbana. Primeiramente, trata-se da pavimentação. É um assunto muito amplo. Para aqueles que tiverem o interesse despertado, é possível trabalhar com projeto, implantação e supervisão de obras, desenvolvimento de materiais etc. Se pensarmos na sequência construtiva, após a pavimentação da pista, ela já pode ser liberada ao tráfego, certo? Não! Antes, é necessário implantar aquelas pinturas na pista, a sinalização horizontal. E também instalar placas, indicando limites legais de velocidade e outras regras necessárias. Assim, apenas depois de executados os elementos de sinalização e segurança, podemos liberar a pista para o tráfego geral. Já que liberamos a pista rodoviária, então iremos para a pista aeroportuária. O aeroporto é um aeródromo estruturado, dotado de instalações, infraestrutura e pessoal para o embarque e desembarque, em aeronaves, de pessoas e cargas. Iremos aprender os critérios para a pavimentação e sinalização das pistas dos aeródromos e também quais as instalações necessárias para tornar o aeródromo um aeroporto. 9 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Unidade I 1 PROJETO DE TERRAPLENAGEM 1.1 Conceituação Quando desenvolvemos o projeto de uma via de transportes, começamos pela elaboração do traçado. Já vimos, na disciplina de Estradas e Aeroportos, os conceitos associados ao projeto geométrico. Usualmente, o projeto geométrico é apresentado por meio de desenhos em planta (referencial planimétrico) e em perfil (referencial altimétrico), os quais caracterizam principalmente o eixo da via. Além disso, para a definição de toda a plataforma viária, produzimos também os desenhos de seção transversal típica e as notas de serviço da plataforma acabada. A planta constitui-se de uma vista da faixa projetada. De modo geral, são apresentados: • o eixo de projeto, estaqueado convenientemente; • os bordosda plataforma de terraplenagem; • as projeções dos taludes de corte e aterro e a linha de encontro desses com o terreno natural (off-set); • as curvas de nível; • os cursos d’água; • os bueiros e as obras de arte especiais (pontes, viadutos, muros de arrimo etc.); • as interseções; • as construções existentes; • os limites da faixa de domínio. O desenho de perfil longitudinal corresponde a um corte efetuado no eixo de projeto, no mesmo sentido e com a mesma referência do estaqueamento da planta. Todos os elementos apresentados em planta, e que cortam ou fazem parte do eixo estaqueado, aparecem nesse perfil, como o greide de terraplenagem, a linha do terreno natural referente ao eixo de projeto, chamada de linha base (LB), e obras para transposição dos cursos d’água, como pontes, bueiros e galerias. Eventualmente, podem ser apresentados também os furos de sondagem efetuados ao longo do trecho e os resultados principais dos ensaios de laboratório executados com as amostras coletadas. 10 Unidade I As seções transversais correspondem aos cortes efetuados no terreno, ortogonalmente ao eixo de projeto, nos pontos referidos no estaqueamento (pontos locados). No desenho, é introduzida a plataforma de projeto, a qual conterá o ponto correspondente ao greide de terraplenagem (geralmente o seu eixo de simetria), obtido no perfil longitudinal. O eixo vertical que passa pelo ponto correspondente ao greide interceptará, na seção transversal, o ponto característico do terreno natural, referido à estaca da seção. Por consequência, são definidos os três tipos de seções transversais possíveis: em corte, quando o terreno natural está acima da plataforma projetada em toda a largura prevista; em aterro, quando a plataforma viária está integralmente acima do terreno natural; e mista, quando parte da seção projetada está em corte e parte, em aterro. A figura a seguir ilustra as três situações possíveis para a seção transversal: Mista Aterro Corte Figura 1 – Seções transversais típicas A terraplenagem é a operação necessária para a conformação do terreno aos gabaritos definidos em projeto. Engloba, basicamente, a realização de dois serviços: o corte, que consiste na escavação de materiais, e o aterro, que é a operação de deposição e compactação de materiais escavados. A finalidade da conjugação desses serviços é proporcionar condições geométricas compatíveis com o volume e tipos de veículos que irão utilizar a rodovia. As operações de corte são executadas em segmentos que requerem escavação no terreno natural para alcançar a linha do greide projetado, definindo transversal e longitudinalmente o corpo estradal. A figura a seguir ilustra a execução dos serviços de corte e aterro. 11 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Perfil Seções Terreno natural Corte Corte: escavação do terreno até atingir o greide de projeto Tr an sp or te d o m at er ia l Aterro: depósito e compactação dos materiais escavados até atingir o greide de projeto 1 1 1 1 3 3 2 2 Corte Aterro Greide projetado Figura 2 – Operações de terraplenagem 1.2 Compensação de volumes A execução de escavações em cortes ou empréstimos determina o surgimento de volumes de materiais que deverão ser transportados para aterros ou áreas de depósito de materiais excedentes (DMEs), os famosos bota-fora. Quanto à configuração do terreno onde se realiza uma operação de corte, ela poderá determinar uma seção dita de corte pleno ou uma seção mista. Dependendo da situação topográfica do segmento, teremos caracterizados dois tipos distintos de compensação de volumes: a longitudinal e a lateral. Uma compensação é longitudinal em duas situações: a escavação é em corte pleno ou provém de empréstimo não lateral. Nesse caso, todo o volume extraído será transportado para segmentos diferentes daquele de sua origem: de corte para aterro (ou bota-fora); de empréstimo para aterro, unicamente. A escavação do corte é em seção mista quando o volume de corte supera o volume de aterro. Nesse caso, o volume excedente de corte em relação ao volume necessário de aterro no mesmo segmento terá destinação a segmento distinto do de origem. A compensação lateral se caracteriza pela utilização de material escavado no mesmo segmento em que se processou a escavação. É o caso de segmentos com seções mistas ou em que a situação do terreno existente apresente pequenos aterros disseminados em cortes plenos ou vice-versa. 12 Unidade I 1.3 Fatores de conversão Durante as operações de transporte, o solo está sujeito a variações volumétricas significativas. Assim, essa consideração é muito importante para o cálculo dos volumes de terraplenagem tanto na etapa de projeto, para o estabelecimento da destinação/origem dos materiais, quanto na etapa de construção, para definir a quantidade de viagens necessárias para o transporte. Podem ser definidos três volumes típicos: VCORTE: volume ocupado por massa de solo no corte de origem. VSOLTO: volume que, ao ser escavado, sofrerá desarranjo em suas partículas. VCOMP: volume ocupado pela mesma massa após descarregado e submetido a um processo mecânico de compactação. Para os solos envolvidos nas operações de terraplenagem, prevalece a seguinte relação entre esses volumes: VCOMP < VCORTE < VSOLTO A figura a seguir ilustra o processo de variação volumétrica durante a terraplenagem: Escavação VCORTE Transporte VSOLTO Compactação VCOMP Figura 3 – Variação volumétrica durante a terraplenagem A massa transportada é sempre a mesma (m). Entretanto, os volumes variam durante a operação de carga, transporte e compactação, conforme descrito anteriormente. Em se tratando de uma mesma massa m a ser terraplenada, é fácil concluir que as variações nas densidades (ou massas específicas aparentes) do material obedecerão às desigualdades a seguir: DCOMP < DCORTE < DSOLTA Assim, o material compactado no aterro terá uma densidade final superior àquela do seu local de origem e, consequentemente, ocupará um volume menor do que o ocupado originalmente. Dessa forma, são necessários fatores de conversão para permitir a transformação entre os volumes verificados nas etapas de terraplenagem. Os principais fatores utilizados serão apresentados a seguir. 13 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS 1.3.1 Fator de empolamento O fator de empolamento é um parâmetro adimensional, sistematicamente maior do que a unidade. Permite que, conhecidos o volume a ser cortado e a capacidade volumétrica das unidades transportadoras, se determine o número de veículos a ser empregado para permitir o transporte do material escavado e empolado. Também propicia a estimativa do volume ocorrente no corte a partir da cubação do material nas unidades transportadoras. É dado pela expressão: SOLTO e CORTE V F V = 1.3.2 Empolamento O empolamento representa, em termos percentuais, qual o incremento de volume que resulta após a escavação de um material de um corte. É dado pela expressão: SOLTO CORTE CORTE V V E 100 V − = × 1.3.3 Fator de contração O fator de contração é um parâmetro adimensional, assumindo valores inferiores à unidade para os solos. Quando a escavação for executada em materiais compactos (rocha sã), de elevada densidade in situ, resultará em fator de contração superior à unidade. Tal parâmetro permite que se faça uma estimativa do material, medido no corte, necessário à confecção de um determinado aterro. É dado pela expressão: COMP C CORTE V F V = 1.3.4 Fator de homogeneização O objetivo desse parâmetro é estimar o volume de corte necessário à confecção de um determinado aterro. Sua principal aplicação é voltada para a etapa de projeto, já que se constitui em subsídio fundamental ao bom desempenho da tarefa de distribuição do material escavado. Sendo o inverso do fator de contração, assume valores superiores à unidade para solos e inferiores para materiais compactos. A expressão de determinação é dada por: CORTE H COMP C V 1 F V F = =14 Unidade I Observação É muito fácil confundir os conceitos de fator de empolamento, empolamento, fator de contração e fator de homogeneização. Muitas vezes, todos são chamados simplesmente de empolamento. Mas a relação que eles expressam entre os volumes é distinta. Fique atento! 1.4 Cálculo dos volumes de terraplenagem O cálculo dos volumes de terraplenagem é precedido pela determinação da área das seções transversais. O processo mais simples é o das cotas vermelhas. Consiste na determinação da diferença entre a cota obtida no perfil do terreno no eixo de projeto, também chamado de linha base, e a cota obtida do greide de projeto. Faz-se uma hipótese de que as plataformas superior e inferior são perfeitamente horizontais, resultando em um trapézio. Pode-se, também, calcular a seção real pelo método topográfico de Gauss ou pelo apoio de softwares, caso a topografia esteja modelada em três dimensões. A estimativa do volume considera que duas seções consecutivas formam um prisma, cuja base são as seções transversais de áreas calculadas, e a altura é a distância entre as seções consideradas. A figura a seguir ilustra um exemplo, indicando a área da seção 1 (A1), a área da seção transversal 2 (A2), a área média entre elas (Am) e a distância entre as duas seções (L). A2 L Am A1 Figura 4 – Prisma formado pelas seções transversais O volume, então, é dado por: ( )i i 1 L V A A 2 + = ⋅ + Em que L é a distância entre as seções consideradas e Ai e Ai+1 são as áreas das seções transversais (considerada e a subsequente). Monta-se, então, uma tabela como a seguir. 15 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Tabela 1 – Cálculo de volumes Estaca Distância(m) Área (m²) Volume (m³) Comp. lateral (m³) Comp. longitudinal (m³) Volume acumulado (m³)Corte Aterro Corte Aterro Aterro corrigido (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) Coluna (1): estaca em análise, local onde foi levantada a área da seção transversal. Coluna (2): distância entre duas seções consecutivas. Colunas (3) e (4): áreas de corte e aterro, medidas nas seções. Coluna (5): volume de corte entre duas seções consecutivas. Coluna (6): volume de aterro entre duas seções consecutivas. Coluna (7): volume de aterro multiplicado pelo fator de homogeneização. Coluna (8): volume compensado lateralmente, não sujeito a transporte longitudinal. Consiste no menor valor entre o volume de corte (coluna 5) e o volume de aterro corrigido (coluna 7). Coluna (9): volume de compensação longitudinal. Trata-se do resultado do volume da seção (corte ou aterro) menos a compensação lateral. Utiliza-se a convenção de que o volume de aterro é representado pelo sinal negativo e o volume de corte, pelo sinal positivo. Coluna (10): considera o volume acumulado da compensação longitudinal ao longo do traçado. Com as colunas (1) e (10) monta-se um gráfico – o diagrama de massas ou diagrama de Brückner. Para o cálculo dos volumes de terraplenagem, deve-se tabular as áreas das seções transversais a cada estaca ou a cada ponto notável do traçado, como, por exemplo, os pontos de concordância das curvas circulares (PCs), pontos de tangência das curvas circulares (PTs), pontos de concordância das curvas verticais (PCVs), pontos de tangência das curvas verticais (PTVs) e os pontos de passagem (PPs). Exemplo de aplicação Considere um trecho de rodovia cujas áreas das seções transversais entre a estaca 20 + 0,0 m e a estaca 23 + 18,5 m foram tabuladas por meio eletrônico. Para cada estaca do segmento foram determinadas as áreas de corte e aterro, características de cada seção. Observe que algumas seções são apenas de corte, outras apenas de aterro e algumas, mistas. Considere que o fator de homogeneização é igual a 1,3. Determine os volumes acumulados ao longo do segmento. 16 Unidade I Tabela 2 – Áreas de terraplenagem Estaca Distância(m) Área (m²) Volume (m³) Comp. lateral (m³) Comp. longitudinal (m³) Volume acumulado (m³)Corte Aterro Corte Aterro Aterro corrigido (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) 20+0,0 4,00 - 21+0,0 36,00 6,50 21+4,5 2,50 18,00 22+0,0 - 55,00 23+0,0 - 30,00 23+18,5 6,50 24,00 Resolução Consiste no preenchimento da tabela. A primeira linha, correspondente à estaca 20 + 0,0 m, deve ficar vazia, sendo os volumes preenchidos a partir da segunda linha. Serão explicitados os cálculos para o segmento entre a estaca 20 + 0,0 e a estaca 21 + 0,0. Os demais serão apenas indicados na tabela, sendo calculados de forma análoga. ( )i i 1 L V A A 2 + = ⋅ + Para o segmento entre as estacas 20 + 0,0 e 21 + 0,0, a distância é de 20 m (uma estaca inteira). O volume de corte é dado por: ( )CORTE CORTE 20 V 4,00 36,00 V 400 m³ 2 = ⋅ + → = Da mesma forma, o volume de aterro é dado por: ( )ATERRO ATERRO 20 V 0,00 6,50 V 65 m³ 2 = ⋅ + → = O volume de aterro corrigido consiste na multiplicação do volume de aterro pelo fator de homogeneização. Assim: Aterro Corrigido ACV 65 1,3 V 84,5 m³= ⋅ → = A compensação lateral equivale ao volume para o qual não se exige transporte longitudinal. No caso, o volume da seção de corte é igual a 400 m³. Desse volume, retira-se a parte necessária para a 17 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS compactação do aterro igual ao volume do aterro corrigido. Assim, o volume de compensação lateral é igual a 84,5 m³. O volume restante transporta-se para outra seção ou para o bota-fora. Assim, o volume de compensação longitudinal é a diferença entre o maior e o menor volume. CLong 400 84,5 CLong 315,5 m³= − → = Como esse volume é de corte e está “sobrando”, na coluna dos volumes acumulados ele será representado como positivo. A tabela preenchida resulta da seguinte forma: Tabela 3 – Volumes de terraplenagem Estaca Distância(m) Área (m²) Volume (m³) Comp. lateral (m³) Comp. longitudinal (m³) Volume acumulado (m³)Corte Aterro Corte Aterro Aterro corrigido (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) 20+0,0 4,00 - 21+0,0 20 36,00 6,50 400,00 65,00 84,50 84,5 315,5 315,5 21+4,5 4,5 2,50 18,00 86,63 55,13 71,66 71,66 14,96 330,46 22+0,0 15,5 - 55,00 19,38 565,75 735,48 19,38 -716,10 -385,64 23+0,0 20 - 30,00 0,00 850,00 1.105,00 0,00 -1.105,00 -1.490,64 23+18,5 18,5 6,50 24,00 60,13 499,50 649,35 60,13 -589,23 -2.079,86 1.5 Diagrama de massas – diagrama de Brückner O diagrama de massas, ou diagrama de Brückner, é utilizado para o estudo da compensação corte-aterro, para a programação de bota-foras e empréstimos e para a programação dos equipamentos de terraplenagem. Consiste na representação gráfica dos volumes acumulados, em que o eixo das abscissas apresenta as estacas, e o das ordenadas, os volumes acumulados. Usualmente, é apresentado em conjunto com o perfil da via, a fim de facilitar o entendimento sobre o processo de terraplenagem no trecho. Porém, ele não é um perfil e não tem relação com a topografia do terreno. Um exemplo de apresentação é dado pela figura a seguir. 18 Unidade I Perfil co ta s 300 300 V = 123.55m3 DMT = 3.0 dam V = 128.44m3 DMT = 4.8 dam V = 465.42m3 DMT = 8.0 dam BF = 46.11m3 DMT = 8.0 dam V = 396.50m3 DMT = 8.0 dam 5 5 5 5 310 300 320 320 Diagrama de massas 123,55m3 123,44m3 485,42m 3 46.11m3 396.50m3 B.F i = -1.2% Figura 5 – Diagrama de massas Algumas propriedades do diagrama são: • Trechos ascendentes representam corte (ou predominância de corte em trechos de seções mistas). • Trechos descendentes dizem respeito ao aterro (ou predomínio de aterro em trechos de seções mistas). • Trechos de grande inclinação estão associados a grandes volumes de terraplenagem, ou seja, grandes movimentações de terra. Os pontos de máximo e mínimo do diagrama retratam os pontos de passagem entre corte e aterro no perfil longitudinal. Pontos de máximo equivalem à passagem de corte para aterro e pontos de mínimo, de aterro para corte. A diferença de ordenada consiste no volume de terra entre os dois pontos considerados. Qualquer linha horizontal determina trechos devolume compensados (ou seja, volume de corte igual ao volume de aterro corrigido). A medida do volume é dada pela diferença de ordenadas entre o ponto máximo (ou mínimo) e a linha de compensação. A posição da onda do diagrama (posição da linha de compensação) indica a direção do movimento de terra. Ondas positivas indicam transporte no sentido do estaqueamento, enquanto ondas negativas mostram o transporte no sentido contrário ao estaqueamento. 19 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS A área entre a curva de Brückner e a linha de compensação mede o momento de transporte da distribuição considerada. O momento de transporte (M) é o produto dos volumes transportados (V), multiplicado pela distância média de transportes (dm). mM V d= ⋅ Assim, o momento de transporte tem unidade (volume) x (distância). Geralmente, M é indicado em m3 x dam ou m3 x km. A distância média de transporte dm deverá ser igual à distância entre os centros de massa dos trechos de corte e aterro compensados. Lembrete Preste bastante atenção às unidades utilizadas no momento de transporte. Em um primeiro momento, você pode querer multiplicar a unidade de volume pela unidade de distância. Um exemplo seria m³ x m = m4. Para evitar essa situação, sempre utilizamos unidades múltiplas do metro para a distância, como o decâmetro (1 dam = 10 m) ou o quilômetro (1 km = 1.000 m). A figura a seguir exemplifica as propriedades apresentadas no diagrama de massas: Ponto de máximo Onda V B C D Ponto de mínimo Terreno Corte Greide EstacasPerfil longitudinal Distância média de transporte Aterro Corte PP2PP1 CG dm Trecho de volume V’ V’ A dm 0 Momento de transporte M = V.dm Diagrama de massas Vo lu m es a cu m ul ad os Co ta s Figura 6 – Propriedades do diagrama de massas 20 Unidade I A linha de compensação é toda linha horizontal traçada sobre o diagrama de massas que corte pelo menos uma onda, sendo que todas as ondas deverão ser cortadas ou tangenciadas por apenas uma linha de compensação. Para escolha das linhas de compensação mais adequadas, deve ser determinada a máxima distância econômica de transporte, isto é, o espaço a partir do qual é mais econômico fazer empréstimos e bota-fora do que transportar o solo dos cortes para os aterros. A distância econômica será função dos custos de escavação e transporte. Exemplo de aplicação O diagrama de Brückner apresentado a seguir foi utilizado na realização de um projeto de terraplanagem no intervalo entre as estacas 0 e 75 do trecho de uma rodovia. Observe que há três linhas de compensação. Uma entre as estacas 5 e 35, outra entre as estacas 40 e 50 e outra entre as estacas 55 e 75. Qual é o volume de corte total no trecho? E o volume de aterro? Haverá necessidade de empréstimo ou bota-fora? Qual é o volume de cada um? 35 30 25 20 Vo lu m es (1 03 m 3 ) 15 10 5 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 Estacas -5 -10 Figura 7 – Diagrama de Brückner Resolução Para determinação dos volumes de corte, deve-se verificar todas as curvas ascendentes. Para demarcação dos aterros, todas as curvas descendentes. Assim, tem-se: [ ] [ ] ( ){ } 3CORTE CORTEV 25 15 30 15 15 5 10 V 45.000 m³= − + − + − − × → = [ ] ( ) [ ]{ } 3ATERRO ATERROV 25 15 30 5 15 5 10 V 55.000 m³= − + − − + − × → = 21 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Quanto à necessidade de empréstimo ou bota-fora, temos que os volumes fora das linhas de compensação são aqueles destinados ao bota-fora ou que devem ser provenientes de empréstimo. Nesse caso, o volume entre as estacas 0 e 5 e entre 50 e 55 devem ir para o bota-fora. O volume entre as estacas 35 e 40 deve ser proveniente de empréstimo. Assim: ( ) 3BOTA FORA BOTA FORAV 5 10 10 V 15.000 m³− −= + × → = EMPRÉSTIMOV 20.000 m³= 2 PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA O estudo da pavimentação rodoviária é um dos temas mais ricos para análise da engenharia de transportes. Trata-se de área com uma ampla gama de estudos, que vai desde técnicas de dimensionamento, análise do comportamento de materiais à fadiga e à deformação permanente, técnicas construtivas, análise funcional, estrutural e de segurança, entre outros assuntos. Tanta demanda por estudos pode ser correlacionada ao fato de que o pavimento é o item mais palpável quando da análise de trafegabilidade de uma rodovia. É ele que governa o conforto ao rolamento quando trafegamos em uma via, seja ela uma rua, uma avenida, uma rodovia vicinal ou uma rodovia de elevado volume de tráfego. O conforto, por sua vez, está relacionado à economia de tempo e de valor, principalmente associado à manutenção dos veículos. Todos os anos, a Confederação Nacional de Transportes (CNT) elabora uma pesquisa contendo o estado atual de uma série de características das principais rodovias brasileiras, elaborando um ranking de qualidade. Com relação ao pavimento, são observados três itens: condição da superfície; velocidade no pavimento e pavimento do acostamento. Na pesquisa CNT referente a 2018, 50,9% da extensão total avaliada apresentava problemas, sendo 37% caracterizada como regular, 9,5% como ruim e 4,4% como péssima. Na outra metade avaliada, em 42,3% o pavimento foi considerado em ótimo estado e 6,8% em bom estado (CNT, 2018). Cabe ressaltar que boa parte da malha viária apontada como boa ou ótima é de rodovias sob gestão privada (concessionárias). 2.1 Conceituação Mas, afinal, o que é pavimento? O pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas de espessuras finitas, construída sobre a superfície final de terraplenagem, destinada técnica e economicamente a resistir aos esforços oriundos do tráfego de veículos e do clima e a propiciar aos usuários melhoria nas condições de rolamento, com conforto, segurança e economia. 22 Unidade I As camadas constituintes apresentam resistência decrescente do revestimento para o subleito, sendo que o material mais resistente da estrutura é, normalmente, o revestimento. A figura a seguir apresenta um esquema das camadas integrantes da estrutura de pavimento: Revestimento Base Sub-base Reforço do subleito Regularização Subleito Figura 8 – Camadas da estrutura de pavimento Vamos começar a caracterização de baixo para cima. A camada do subleito é a camada final de terraplenagem ou a camada de um leito antigo de estrada de terra. A resistência do subleito é caracterizada por meio de ensaios de capacidade de suporte Califórnia (CBR), ou índice de suporte Califórnia (ISC) ou de resiliência. Trata-se da camada de solo sobre a qual toda a estrutura será assentada. A camada de regularização consiste em uma camada de espessura mais ou menos regular sobre o subleito. Tem a finalidade de corrigir falhas da camada final. O reforço do subleito, quando existente, consiste em uma camada de espessura constante sobre o subleito regularizado. Tipicamente, é executado com um solo de qualidade superior à do subleito. A sub-base é a camada posicionada entre o subleito (ou seu reforço) e a camada de base. O material deve ter boa capacidade de suporte. Uma das suas funções é prevenir o bombeamento do solo do subleito para a camada de base. A camada de base é posicionada logo abaixo do revestimento, fornecendo suporte estrutural. Sua rigidez alivia as tensões no revestimento e distribui as tensões nas camadas inferiores. Normalmente, é constituída de materiais granulares com ou sem adição de ligantes cimentícios ou asfálticos. O revestimento é a camada superficial do pavimento. Tem a função de absorver as tensões provenientes do tráfego, distribuindo-as para as camadas inferiores, e promover condições adequadas ao rolamento em termos de conforto e segurança. Normalmente, é constituída de concreto asfáltico ou concreto de cimento Portland. 23 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Em função dos materiais constituintes, pode-se classificar os pavimentos em três tipos: • Flexíveis: revestido de camada asfáltica e com base de brita ou solo. Em termos de distribuição de tensões,o pavimento flexível sofre deformação elástica significativa sob o ponto de aplicação de carga, distribuindo a tensão de forma equivalente entre as camadas. Carga Pavimento flexível Subleito Base Figura 9 – Distribuição de cargas no pavimento flexível • Semirrígidos: revestido de camada asfáltica e com base estabilizada quimicamente (cal, cimento). Como a camada de base apresenta maior rigidez que a camada de revestimento, esta tende a ficar comprimido, e a maior parte da tensão é absorvida pela base. • Rígidos: com revestimento em placas de concreto de cimento Portland. Como o revestimento possui rigidez muito maior que as camadas inferiores, tende a absorver toda a tensão provocada pelo carregamento aplicado, distribuindo muito pouco para as camadas inferiores. Pavimento rígido Subleito Carga Figura 10 – Distribuição de cargas no pavimento rígido O quadro a seguir indica uma comparação entre as principais características dos pavimentos flexíveis e rígidos. 24 Unidade I Quadro 1 – Pavimentos flexíveis x pavimentos rígidos Característica Pavimentos flexíveis Pavimentos rígidos Investimento inicial Varia de acordo com os materiais utilizados e os valores dos insumos por região Varia de acordo com os materiais utilizados e os valores dos insumos por região Vida útil (com manutenção) 8 a 12 anos 20 a 30 anos Manutenção Frequente e mais complexa Pouca necessidade e ações simples Distribuição das tensões A carga é distribuída em todas as camadas, as quais sofrem deformações elásticas significativas A placa absorve a maior parte das tensões e as distribui em uma área relativamente maior Materiais utilizados O asfalto, derivado de petróleo, é normalmente usinado a quente, dando origem ao concreto asfáltico O concreto é feito com materiais locais, misturado a frio Reação com produtos químicos Suscetíveis às alterações químicas irreversíveis Pouco suscetíveis às reações químicas e à contaminação Aderência da sinalização horizontal De textura mais rugosa, as demarcações têm melhor aderência Devido à baixa porosidade, as demarcações têm baixa aderência Difusão de luz Menor índice de reflexão (superfície preta) De coloração clara, apresenta melhor refletividade Segurança quanto à derrapagem Superfície escorregadia quando molhada Fornece boa aderência ao pneu, devido à texturização da superfície Adaptado de: CNT (2017, p. 30). Com relação ao primeiro item do quadro anterior, é importante citar que, como o valor do ligante asfáltico (cimento asfáltico de petróleo – CAP) está atrelado ao preço do barril do petróleo e à cotação do dólar, há períodos em que o custo da estrutura de concreto asfáltico é menor do que o de concreto de cimento Portland e, em outros, maior. Antigamente, o pavimento de concreto era viável apenas para estruturas robustas, para elevados volumes de tráfego. Hoje, a viabilidade já ocorre para volumes menores. Recomenda-se sempre elaborar estudo considerando as despesas ao longo da vida útil para a tomada de decisão por uma determinada estrutura de pavimento. A seleção do tipo de pavimento a ser aplicado depende de uma série de fatores, relacionados na sequência: • Imposição técnica de uma dada alternativa pelo contratante da obra. • Experiência local com técnicas e/ou materiais. • Disponibilidade de equipamentos e de materiais. • Processos construtivos. • Condições geotécnicas. 25 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS • Utilização de novas tecnologias de materiais, como incorporação de polímeros ou estabilizantes químicos. • Prazo e cronograma de obras. • Custos relacionados aos materiais, equipamentos e mão de obra. • Condições de drenagem. • Clima. • Meio ambiente. Entre os fatores citados, os três últimos referem-se às condições de drenagem, ao clima e ao meio ambiente. Em Estradas e Aeroportos, estudamos o projeto de drenagem viária. Sua principal função é tirar toda a água que escoa pela plataforma. Assim, sua eficácia está diretamente associada ao tipo de pavimento que será implantado na via. Outros fatores relacionados à drenagem que também impactam na escolha do tipo de pavimento são as condições de umidade locais, relacionadas à compactação do solo (umidade ótima) e à profundidade do lençol freático. Conforme o Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER) – atual Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) – preconiza no Manual de pavimentação (2006a), o topo da camada de subleito deve estar a, no mínimo, 1,5 m de profundidade do nível d’água. O clima diz respeito ao efeito da temperatura nas camadas de revestimento. O concreto asfáltico é um material de comportamento visco-elasto-plástico, ou seja, se deforma em função do carregamento por meio de uma parcela elástica, que é recuperável, e uma parcela plástica, permanente. Além das parcelas elástica e plástica, o concreto asfáltico também sofre deformação pelo efeito da viscosidade, que é ativada pelas altas temperaturas às quais o revestimento é submetido. No caso dos revestimentos em placas de concreto de cimento Portland, a situação é distinta. A variação térmica ao longo do dia induz a geração de tensões internas na placa e que podem acarretar no surgimento de trincas não associadas ao carregamento. Não é o caso no Brasil, mas o efeito de congelamento das camadas inferiores é questão a ser lembrada. O efeito gelo-degelo acarreta em umidade excessiva nas camadas em determinados períodos, o que afeta a capacidade de suporte dos materiais, em especial dos solos e materiais granulares. Por fim, a intensidade de precipitação pluviométrica também é variável a ser considerada. A instalação de drenos de pavimento (ou subsuperficiais) é em função da intensidade pluviométrica anual (maior que 1.500 mm). A pluviometria também está associada ao fator climático regional, utilizado no dimensionamento da estrutura pelo método do DNER (atual DNIT), conforme será visto adiante. 26 Unidade I 2.2 Materiais de pavimentação A seleção dos materiais a serem empregados na estrutura de pavimento é função, principalmente, da disponibilidade na região da obra a ser implantada e das características de natureza do material. De modo geral, os materiais de pavimentação compactados devem apresentar-se resistentes, pouco deformáveis e com permeabilidade compatível com a sua função na estrutura como um todo. Os materiais são constituídos por agregados, solos e ligantes, como cimento Portland, cal, cimento asfáltico de petróleo, emulsão asfáltica, entre outros. As figuras a seguir, reproduzidas do Manual de pavimentação do DNIT (2006a), indicam os principais tipos de materiais para bases e revestimentos: Base e sub-bases flexíveis e semirrígidas Granulares Estabilização granulométrica Solo brita Brita graduada Brita corrida Macadame hidráulico Com cimento Solo cimento Solo melhorado com cimento Solo-cal Solo melhorado com cal Solo-betume Bases betuminosas diversas Com cal Com betume Estabilizados (com aditivos) Figura 11 – Materiais de base e sub-base Betuminosos Por penetração Tratamentos superficiais betuminosos Macadames betuminosos Pré-misturado de graduação tipo aberta Pré-misturado de graduação tipo densa Areia betume Concreto betuminoso “Sheet-asphalt“ Na usina Pedra Betume Cimento Cerâmica Por mistura Alvenaria poliédrica Paralelepípedos Por calçamento Concreto cimento Macadame cimentado Revestimento flexíveis Pavimentos rígidos Figura 12 – Materiais de revestimento A caracterização dos materiais de pavimentação é realizada por meio de ensaios em função da camada em que será posicionada e do tipo de material em análise. 27 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS 2.2.1 Solos e agregados Os solos são utilizados preferencialmente nas camadas de subleito, reforço do subleito e, eventualmente, como sub-bases e bases, por meio de misturas com outros materiais. São caracterizados por ensaios de granulometria; limites de consistência; ensaio de compactação nas energiasnormal, intermediária e modificada; e pelo ensaio do CBR. O CBR é o principal ensaio utilizado para a caracterização do subleito, sendo, inclusive, parâmetro de entrada para o dimensionamento pelo método do DNER (atual DNIT). O parâmetro avalia o potencial de ruptura do subleito por meio de um ensaio penetrométrico. Outro ensaio também utilizado para a caracterização é o de módulo de resiliência (MR). O MR avalia a capacidade de resposta do material às deformações recuperáveis (elásticas) sob carregamentos repetidos. Em laboratório, é obtido a partir de ensaios de aplicação de cargas repetidas e controladas em um intervalo de tempo. Define-se o MR como o módulo elástico alcançado em ensaio triaxial de carga repetida, cuja definição é dada pela expressão: d r MR σ = ε Em que σd é a tensão desvio aplicada repetidamente no eixo axial do corpo de prova do material ensaiado, e εr é a deformação específica recuperável (resiliente). Normalmente, os modelos clássicos de comportamento resiliente de solos são da forma indicada na figura a seguir para solos coesivos (argilosos) e granulares (areias). Coesivo MR = k2 + k3 . |k1 -σd| MR = k2 + k4 . |k1 -σd| Granular MR = k1 . σ3 k2 k3 k2 lo g M R M R k2 k1 k4 k10 1 1 1 1 log (tensão confinante) Tensão-desvio Figura 13 – Exemplos de módulo de resiliência de solos Outro parâmetro para a caracterização dos materiais é o coeficiente de Poisson, que consiste na relação entre a deformação vertical e horizontal provocada por um carregamento. Esse parâmetro é utilizado principalmente na análise mecanicista para exame do dimensionamento. Essa pesquisa compara os níveis de 28 Unidade I tensões atuantes na estrutura de pavimento, provocados pelo carregamento, e o nível admissível, função das características dos materiais utilizados. Os materiais pétreos usados em pavimentação são genericamente chamados de agregados. Podem ser naturais ou artificiais. Quanto ao tamanho, podem ser classificados em graúdo, miúdo ou de enchimento (filler). Quanto à graduação, podem ser classificados em densos, abertos, uniformes ou descontínuos. A especificação granulométrica é semelhante à de mecânica dos solos. As características dos agregados que devem ser consideradas para obtenção e análise dos materiais de pavimentação são: granulometria, forma, absorção de água, resistência ao choque e desgaste, durabilidade, limpeza, adesividade, massa específica aparente, densidade real e aparente do grão. Os materiais mais empregados em pavimentação utilizando solos e agregados são a brita graduada simples (BGS), misturas estabilizadas granulometricamente e o solo brita. Cabe destacar o uso de solo arenoso fino laterítico (SAFL), que é uma mistura de argila e areia encontrada na natureza. No estado de São Paulo, foi amplamente utilizado desde a década de 1970 para a implantação de bases em vias com baixo volume de tráfego. 2.2.2 Materiais asfálticos Os materiais asfálticos são constituídos pelos ligantes asfálticos, que são os derivados do petróleo utilizados em pavimentação e que, quando unidos aos agregados pétreos, formam as misturas asfálticas. Os ligantes asfálticos usados em serviços de pavimentação são decorrentes da destilação fracionada do petróleo. São empregados os seguintes tipos de materiais: cimentos asfálticos, asfaltos diluídos e emulsões asfálticas. O cimento asfáltico de petróleo (CAP) possui características de flexibilidade, durabilidade, aglutinação e impermeabilização. Precisa de aquecimento para ter consistência apropriada para o envolvimento de agregados. Os CAPs são classificados pelo grau de dureza retratado no ensaio de penetração ou pela viscosidade. A Agência Nacional do Petróleo (ANP), por meio do Regulamento Técnico ANP n. 003/2005, especifica quatro tipos de CAP pela penetração: CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100 e CAP 150/200. O asfalto diluído é obtido pela solvência do cimento asfáltico em solventes de volatilidade adequada, utilizado quando há necessidade de eliminar o aquecimento do CAP ou de usar um aquecimento moderado. Os asfaltos diluídos são classificados em três tipos, de acordo com o tempo de cura ou tempo de evaporação do solvente: 29 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS • CR – cura rápida: CAP + gasolina (fração leve). • CM – cura média: CAP + querosene (fração média). • CL – cura lenta: CAP + óleo diesel (fração pesada). As especificações brasileiras contemplam os asfaltos diluídos de cura média, classificados a partir de suas viscosidades: CM-30 e CM-70. A emulsão asfáltica de petróleo (EAP) é uma dispersão de uma fase asfáltica em uma fase aquosa, ou o contrário, com a ajuda de um agente emulsificante. As emulsões são classificadas em função da velocidade de ruptura, que é a separação do material betuminoso da água. São classificadas em três tipos: ruptura rápida (RR), ruptura média (RM) e ruptura lenta (RL). O quadro a seguir apresenta uma diretriz de utilização dos ligantes nos serviços de pavimentação: Quadro 2 – Ligantes asfálticos x serviços de pavimentação Tipo de serviço Ligante recomendado Imprimação Asfalto diluído Pintura de ligação Emulsão asfáltica Tratamento superficial Cimento asfáltico ou emulsão asfáltica Macadame betuminoso Cimento asfáltico ou emulsão asfáltica Pré-misturado a frio Emulsão asfáltica Pré-misturado a quente Cimento asfáltico Concreto asfáltico Cimento asfáltico Areia asfalto Cimento asfáltico Lama asfáltica Emulsão asfáltica Solo betume Emulsão asfáltica Adaptado de: Pinto e Pinto (2015, p. 41). Lembrete Não confunda emulsão com solução asfáltica. O processo de obtenção é distinto e os produtos e serviços executados em pavimentação também. Conforme mostrado anteriormente na figura de materiais de revestimento, os revestimentos asfálticos podem ser subdivididos pelo modo de produção: por penetração ou por mistura. Os revestimentos por penetração são construídos em camadas sucessivas de agregado e ligante. Já os por mistura são aqueles em que os materiais são previamente trabalhados em conjunto, ou seja, misturados. A mistura pode ser a quente, quando os materiais são aquecidos, ou a frio. 30 Unidade I A principal mistura a quente utilizada em pavimentação é o concreto asfáltico (CA), que também pode ser chamado de concreto betuminoso usinado a quente, o popular CBUQ, ou ainda concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ). O concreto asfáltico é uma mistura constituída de agregado graúdo, agregado miúdo, material de enchimento e ligante betuminoso (cimento asfáltico de petróleo), misturados a quente em usina apropriada, devendo ser espalhada e comprimida a quente. Além do concreto asfáltico fabricado com o CAP convencional, dependendo da obra que está sendo executada, é possível a adoção de algumas alternativas, como o uso de cimento asfáltico com adição de polímero ou com o uso de asfalto borracha. O concreto asfáltico é uma mistura usinada, ou seja, fabricada em usina dosadora dos materiais, que aquece e realiza o processo de mistura. Além dele, a areia asfalto e o pré-misturado a quente também são materiais usinados. Todos são misturas de granulometria contínua dos agregados, ou seja, há uma variação sem quebras na dimensão dos materiais pétreos. Outro grupo de revestimentos asfálticos são os materiais usinados descontínuos, como o SMA, gap graded e open graded. O primeiro material é um revestimento de elevado desempenho, no qual o esqueleto pétreo é preenchido por ligante finos e fibras. O gap graded tem função de melhorar a aderência em pistas molhadas, reduzindo o spray proveniente do espalhamento da água pelo tráfego de veículos. A camada porosa de atrito (CPA) é uma mistura do tipo gap graded. A mistura do tipo open graded tem funções semelhantes, porém com maior teor de vazios. A figura a seguir apresenta a comparação da granulometria das misturas densa, gap e open: Bem graduado ou denso Descontínuo (gap graded) Aberto (open graded) Figura 14 – Comparação de granulometriasOs tratamentos superficiais são misturas executadas em pista. Trata-se de camada delgada de rolamento, utilizada para constituir a camada de revestimento ou como recapeamento de revestimentos antigos. Dependendo da quantidade de aplicações de ligante, podem ser classificados em simples (TSS), duplo (TSD) ou triplo (TST). A figura a seguir apresenta exemplos de corpos de prova de misturas asfálticas. Repare na diferença das matrizes de agregados de cada uma. 31 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS (a) Concreto asfáltico na faixa B do DNIT; graduação densa (d) Camada porosa de atrito (CPA) (c) Camada porosa de atrito; graduação aberta (b) SMA na faixa alemã 0/11S; graduação descontínua (e) Concreto asfáltico (CA) Figura 15 – Exemplos de misturas asfálticas 2.2.3 Materiais cimentados Os materiais cimentados são misturas do cimento Portland ou cal (ligante) com agregados. São materiais que recebem a adição do ligante que, por sua vez, aumenta a coesão e a rigidez em relação ao material de origem, melhorando as propriedades de resistência à compressão e à tração. Os materiais mais frequentemente utilizados são a brita graduada tratada com cimento (BGTC), o solo cimento, o solo cal, o concreto compactado com rolo (CCR) e o concreto de cimento Portland. Este é utilizado principalmente como revestimento de vias de elevado volume de tráfego ou pátios e pistas de aeroportos. Os demais são utilizados como base ou sub-base tanto de pavimentos asfálticos quanto de concreto. A BGTC é formada pela brita graduada com a adição de 3 a 4% de cimento em peso. 32 Unidade I O CCR começou a ser utilizado no Brasil nos anos 1980. É fabricado em usina, sendo misturados agregados, cimento Portland e água. O CCR apresenta uma consistência dura e seca, que permite receber a compactação com um rolo liso vibratório. As principais características construtivas do CCR são o baixo consumo de cimento, que pode variar de 80 a 380 kg/m3, e o slump (abatimento do tronco de cone) nulo, por conta da sua consistência seca. Saiba mais Para saber mais sobre materiais de pavimentação, uma sugestão de leitura é o livro Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros, de autoria dos professores Liedi Legi Bariani Bernucci, Laura Maria Goretti da Motta, Jorge Augusto Pereira Ceratti e Jorge Barbosa Soares. De 11 capítulos do livro, seis são dedicados aos materiais. São eles: capítulo 2 “Ligantes asfálticos”; 3 “Agregados”; 4 “Tipos de revestimentos asfálticos”; 5 “Dosagem de diferentes tipos de revestimentos”, 6 “Propriedades mecânicas das misturas asfálticas” e 7 “Materiais e estruturas de pavimentos asfálticos”. BERNUCCI, L. L. B. et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro: Petrobras/Abeda, 2006. 2.3 O pavimento como estrutura Muitas vezes, os engenheiros civis acabam negligenciando o cuidado na implantação e manutenção da pavimentação em prol de estruturas mais nobres, como edifícios, obras de arte especiais (pontes e viadutos) ou barragens. Entretanto, embora o investimento por área seja baixo em comparação com outras estruturas, como a área de aplicação é sempre muito grande, os investimentos são sempre altos, principalmente quando comparamos a vida útil de tais infraestruturas (sempre acima de 50 anos) com o pavimento (no máximo 20 a 25 anos, se bem executado e mantido). Em uma rodovia, os gastos de execução mais altos geralmente estão relacionados com a implantação da pavimentação, a não ser que haja túneis ou obras de arte especiais não convencionais. Assim, em vista dos custos envolvidos, devemos ter muita atenção quando do projeto e da execução do pavimento. 33 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS 3 ESTUDOS DE TRÁFEGO APLICADOS À PAVIMENTAÇÃO 3.1 Introdução Em pavimentação, um dos principais fatores considerados para o dimensionamento é o volume de tráfego solicitante da via. Também é verdadeira a afirmação de que o tráfego é um dos principais agentes de deterioração da estrutura do pavimento. Assim, a caracterização do volume solicitante é muito importante para avaliação inicial da estrutura necessária, previsão da manutenção e estimativa do comportamento do pavimento ao longo do tempo. A caracterização do tráfego é feita, essencialmente, pelo volume total de veículos comerciais solicitante ao longo do período de projeto. Percebeu a nuance? Apenas veículos comerciais são considerados no projeto de pavimentação. Os veículos de passeio, por terem uma carga por eixo baixa, são desconsiderados. Os estudos de tráfego com foco em pavimentação consistem na determinação do volume classificado de veículos; ou seja, o volume por tipo de veículo solicitante da via. O DNIT estabelece uma classificação em função do tipo e quantidade de eixos de cada veículo. Na sequência, são analisados os tipos de eixo presentes na frota e o respectivo carregamento. Dependendo do método de dimensionamento de pavimentos adotado, há uma consideração a ser realizada para o tráfego. Muitos métodos, incluindo o do DNIT, utilizam o conceito do Número N ou ESAL, em inglês. Consiste na conversão de todos os eixos solicitantes e respectivas cargas em um número equivalente de passagens de um eixo padrão. No Brasil, o eixo padrão consiste em um eixo simples, de rodas duplas, com 80 kN (8,2 tf) de carga. Outros métodos consideram a lei de Miner de dano acumulado. Nesse método, é calculado um dano padrão para cada eixo/carga da frota, sendo que ele não pode superar 100%, ou a estrutura estaria comprometida. 3.2 Composição do tráfego O tráfego é composto por veículos que diferem entre si em termos de tamanho (dimensões), peso e velocidade. A composição é aferida em porcentagem dos diferentes tipos de veículos. A contagem classificada é normalmente realizada em postos de pedágio de vias existentes ou ainda é feita de forma manual ou automática, a fim de determinar a porcentagem de cada veículo integrante da frota. Os veículos são classificados em leves (automóveis e camionetes) e pesados (caminhões e ônibus). Os veículos pesados são mais lentos, ocupam maior espaço na via, interferem na mobilidade dos outros veículos, acarretam em diminuição da vazão do tráfego das vias. Assim, tanto na avaliação da capacidade das vias quanto no dimensionamento do pavimento, o gargalo está na determinação do volume de veículos comerciais em relação à frota total solicitante. Porém, na avaliação de capacidade e nível de serviço, toda a frota é convertida para o veículo equivalente, que corresponde a um veículo de passeio. Para o dimensionamento de pavimento, toda a frota é transformada para um eixo padrão de um veículo comercial. 34 Unidade I Os eixos dos veículos comerciais podem ser de rodagem simples, com um pneumático em cada extremidade, ou dupla, com dois pneumáticos em cada extremidade. Normalmente, os eixos dianteiros são de rodagem simples, e os traseiros são de rodagem dupla, ou seja, com dois pneus de cada lado do eixo. Eixo simples rodagem singela Eixo duplo rodagem singela direcionais Eixo simples rodagem dupla Figura 16 – Configuração dos eixos O DNIT estabelece uma classificação dos veículos comerciais em função dos tipos de eixos que o veículo possui. A classificação apresenta também o peso bruto total máximo (PBT) e configurações básicas de cada veículo. As diversas classes são representadas por um código alfanumérico. O primeiro algarismo representa o número de eixos do veículo simples ou da unidade tratora. O segundo algarismo simboliza, caso exista, a quantidade de eixos da unidade rebocada. As letras significam: • C = veículo simples ou veículo trator + reboque. • S = veículo trator (cavalo mecânico) + semirreboque. • I = veículo trator + semirreboque com distância entre eixos inferior a 2,40 m. • J = veículo trator + semirreboque com um eixo isolado e um eixo em tandem. • D = combinação dotada de 2 articulações. • T = combinação dotada de 3 articulações. • Q = combinação dotada de 4 articulações.• X = veículos especiais. • B = ônibus. Assim, um veículo do tipo 3C é um caminhão simples com 3 eixos. Um caminhão do tipo 2S3 é um caminhão trator (cavalo mecânico) com dois eixos mais um semirreboque com 3 eixos. A figura a seguir apresenta as configurações mais comuns entre os veículos de carga. 35 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Classe N. de eixos PBT (t) Denominação/silhueta 2C 2 16 Caminhão E1 E2 d12 3C 3 23 Caminhão trucado E1 E2 E3 d12 d23 2S2 4 33 Caminhão trator + semirreboque E1 E2 E3 E4 d12 d23 d34 2S3 5 41,5 Caminhão trator + semirreboque E1 E2 E3 E4 E5 d12 d23 d45d34 2I3 5 45 Caminhão trator + semirreboque E1 E2 E3 E4 E5 d12 d23 d45d34 3C3 6 45 Caminhão trucado + reboque E1 E2 E3 E4 E5 E6 d12 d23 d34 d45 d56 3D3 6 50 Romeu e Julieta E1 E2 E3 E4 E5 E6 d12 d23 d34 d45 d56 2CB 2 16 Ônibus E1 E2 d12 3CB 3 19,5 Ônibus trucado E1 E2 E3 d12 d23 2SB1 26 Ônibus urbano articulado E1 E2 E3 d12 d23 Figura 17 – Tipos de veículos na classificação do DNIT 36 Unidade I Essa classificação é de grande utilidade para os levantamentos de tráfego a serem executados, já que permitem a estimativa de números N utilizados nos projetos de pavimentos flexíveis e receitas das praças de pedágio nas concessões rodoviárias. 3.3 Carga máxima por tipo de eixo Para estabelecimento dos limites de dimensões e cargas dos veículos, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) emitiu as Resoluções n. 12/98, 62/98 e 184/2005 para regulamentação dos arts. 98 e 99 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) – Lei n. 9.503/97 e alterações posteriores –, as quais tratam do tema. Os valores podem ser vistos a seguir: • PBT por unidade ou combinação de veículos: 45 t. • Peso bruto por eixo isolado: 10 t. • Peso bruto por conjunto de dois eixos em tandem: 17 t. • Peso bruto por conjunto de dois eixos não em tandem: 15 t. • Peso bruto por conjunto de três eixos em tandem: 25 t. Diz-se que o eixo está em tandem quando a distância entre os dois planos verticais que contêm os centros das rodas está entre 1,20 m e 2,40 m, e que constituam um conjunto integral de suspensão. A figura a seguir indica a configuração dos eixos e respectivas cargas máximas legais: Tipo de eixo Configuração Carga máxima legal (t) Eixo simples de rodas simples (ESRS) 6,0 t 6,0 Eixo simples de rodas duplas (ESRD) 10,0 t 10,0 Dois eixos direcionais de rodas simples 12,0 t 12,0 37 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Eixo tandem duplo (ETD) 17,0 t 17,0 Eixo tandem triplo (ETT) 25,5 t 25,5 Figura 18 – Configuração de eixos A Lei n. 7.408/85 determinou que fosse atribuída uma tolerância de 5% ao limite de 45.000 kg para o PBT, passando o marco de autuação para 47.250 kg (BRASIL, 1985). Com relação à tolerância por eixo, o Contran alterou, por meio da Resolução n. 104/99, a tolerância de 5% para 7,5% (DENATRAN, 1999). Em 2015, novamente houve alteração. A Resolução Contran n. 526/2015 aumentou a tolerância de 7,5% para 10% por eixo de veículo. Não houve alteração em relação ao PBT (DENATRAN, 2015). 3.4 Volume de tráfego O volume de tráfego é o número de veículos que passa por uma seção de uma via ou de uma faixa durante uma unidade de tempo (dias, horas ou anos). O volume diário médio (VDM) – também encontrado em publicações como volume médio diário (VMD) – é a quantidade de veículos que circula durante 24 horas em um dado segmento da via. Esse volume é, normalmente, representativo para um ano, sendo chamado também de volume diário médio anual (VDMa). O volume de tráfego inclui todos os veículos que circulam pela via em um só sentido (unidirecional) ou em ambos (bidirecional). Pode ser expresso pela soma de todos os veículos, independentemente de suas categorias – volume misto ou expresso em unidades de veículos de passeio. O volume de tráfego não é constante ao longo do tempo e espaço. Sua variação é generalizada: varia dentro da hora, do dia, da semana, do mês e do ano. Em um mesmo trecho, pode variar por faixa e também por sentido. A variação horária no volume de tráfego é bem perceptível. Se você mora em uma grande cidade, onde boa parte das pessoas começa a trabalhar entre 8 e 9 da manhã, repare na variação do trânsito quando as pessoas vão para o trabalho. Se saímos às 6h da manhã, o volume de tráfego é baixo. Às 6:30, já aumentou bastante. Às 7h, já estamos em momento de pico, volume máximo ou perto disso. Mas se você perder a hora e acordar às 8 e só sair de casa às 9, o trânsito já diminuiu bastante em 38 Unidade I relação à hora “normal” de ir para o trabalho. É por isso que algumas cidades instituíram o rodízio de veículos na hora de pico. Em São Paulo, funciona das 7h às 10h da manhã e das 17h às 20h no final do dia. Serve para tentar reduzir a quantidade de veículos nos momentos de maior movimento. 3.5 Projeção do tráfego no período de projeto Normalmente se dispõe, por meio de contagens ou extrapolações, do VDM para o ano 0 do horizonte de projeto. Para a previsão de uma situação futura, o ideal é que se tenha conhecimento suficiente sobre variáveis de população, emprego, renda, frota e dados gerais sobre a economia da região, para que se possa estimar uma taxa de crescimento coerente com a realidade. Quando se dispõe de uma série de dados de tráfego de uma via em estudo ou de uma via com características similares, pode-se adotá-la como base para previsão do tráfego futuro. Esse método isola a evolução do tráfego, não considerando outros fatores intervenientes. Ou, ainda, pode-se admitir que esses fatores estão incorporados à taxa de crescimento adotada. Usualmente, são utilizados três métodos para a progressão do tráfego: projeção linear, semelhante a uma progressão aritmética (PA); progressão exponencial, semelhante a uma progressão geométrica (PG); e curvas do tipo logístico, nas quais há uma estabilização do volume após dado período. 3.5.1 Progressão linear A progressão linear admite que o tráfego varia conforme uma progressão aritmética. Tem-se: ( )p 0V V 1 P t= ⋅ + ⋅ Em que: Vp = volume de tráfego no ano p. V0 = volume de tráfego no ano base (ano 0). P = número de anos decorridos entre o ano p e o ano 0. t = taxa de crescimento anual. O volume total solicitante ao longo do período de projeto é dado por: t mV 365 P V= ⋅ ⋅ Sendo: 0 p m V V V 2 + = Normalmente, o crescimento linear é adotado para horizontes de projeto em torno de 5 anos. 39 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS 3.5.2 Progressão exponencial A progressão exponencial admite que o tráfego varie conforme uma progressão geométrica. Tem-se: ( )Pp 0V V 1 t= ⋅ + Em que: Vp = volume de tráfego no ano p. V0 = volume de tráfego no ano base (ano 0). P = número de anos decorridos entre o ano p e o ano 0. t = taxa de crescimento anual. O volume total solicitante ao longo do período de projeto é dado por: ( )P t 0 1 t 1 V 365 V t + − = ⋅ ⋅ É comum, na falta de dados sobre crescimento da frota e da economia, adotar taxa de crescimento anual igual a 3%. Essa projeção é utilizada para períodos de projeto usuais em pavimentação, em torno de 10 a 15 anos. 3.5.3 Curva logística A curva logística é a representação de uma função que leva a uma condição de saturação ou de capacidade da rodovia. A forma da curva está indicada na figura a seguir: Função logística 1 + ae-x C y = y x Figura 19 – Curva logística O C indicado no numerador da expressão corresponde à capacidade da rodovia, ou seja, ao volume de tráfego máximo. O y diz respeito ao volume de tráfego em um ano x. A letra a é uma constante que ajusta a curva. 40 Unidade I 3.6 Fatores de equivalência de carga Já vimos que o tráfego rodoviário é bastante heterogêneo e apresenta variações relativas aos tipos de veículos e cargas transportadas. As alterações das condições do tráfego refletem-se em dificuldades no dimensionamento de pavimentos, como na previsão da evolução do tráfego ao longo do tempo e, principalmente, na avaliação do poder de destruição queexercem as várias cargas a diferentes níveis de repetição. Assim, é necessária a comparação de diferentes tipos de eixos em termos de danos causados aos pavimentos. Devido às variações das condições do tráfego, os efeitos cumulativos das suas solicitações são expressos em termos de fatores de equivalência de operações – ou de carga (FEO – FEC). A análise consiste na conversão do tráfego misto em um equivalente de operações de um eixo considerado padrão, que deverá produzir um efeito equivalente na estrutura do pavimento. Os principais métodos considerados são o da Aashto (American Association of State Highway and Transportation Officials) e o do Usace (US Army Corps of Engineers), que serviu de base para o método do DNIT. Essas entidades construíram trechos experimentais nos Estados Unidos nas décadas de 50 a 60. Esses trechos possuíam estruturas de pavimento cuja construção foi controlada e monitorada ao longo do experimento, controlando-se também o carregamento com diferentes tipos de eixos e cargas. Os dados obtidos forneceram subsídios para o desenvolvimento de fatores de equivalência de operações para converter cargas variadas de tráfego em cargas equivalentes padronizadas. O critério da Aashto baseia-se na perda de serventia, que é a habilidade de um pavimento servir ao tráfego com segurança, conforto e economia. O critério do Usace avalia os efeitos do carregamento na deformação permanente (afundamento nas trilhas de roda) e na ruptura do subleito por cisalhamento. As expressões para a determinação dos fatores de equivalência de carga pela Aashto e pelo Usace estão apresentadas nas tabelas a seguir: Tabela 4 – Fatores de equivalência de carga (Aashto) Tipo de eixo Expressões (utilizar P em tf) Eixo simples de rodas simples (ESRS) 4,32 P FEC 7,77 = Eixo simples de rodas duplas (ESRD) 4,32 P FEC 8,17 = Eixo tandem duplo (ETD) 4,14 P FEC 15,08 = Eixo tandem triplo (ETT) 4,22 P FEC 22,95 = Adaptado de: DNIT (2006b, p. 244). 41 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Tabela 5 – Fatores de equivalência de carga (Usace) Tipo de eixo Faixas de cargas (tf) Expressões (utilizar P em tf) Eixo simples de rodas simples (ESRS) e eixo simples de rodas duplas (ESRD) 0 – 8 4 4,0175FEC 2,0782 10 P−= × × > 8 6 6,2542FEC 1,8320 10 P−= × × Eixo tandem duplo (ETD) 0 – 11 4 3,4720FEC 1,5920 10 P−= × × > 11 6 5,4840FEC 1,5280 10 P−= × × Eixo tandem triplo (ETT) 0 – 18 5 3,3549FEC 8,0359 10 P−= × × > 18 7 5,5789FEC 1,3229 10 P−= × × Adaptado de: DNIT (2006b, p. 244). O Manual de pavimentação do DNIT (2006a) também apresenta, além das expressões, os gráficos a seguir, para leitura dos fatores de equivalência de carga: Triplo 0,0001 0,0001 0,001 0,001 0,01 0,01 0,1 0,1 1,0 1,0 30 28 26 24 22 20 20 18 18 16 16 14 14 12 12 10 10 8 8 6 6 4 4 2 2 0 0 10 10 100 100 1000 1000 FEO Ca rg a po r e ix o em to ne la da Duplo Eixo em tandem Eixo simples Figura 20 – Fatores de equivalência de carga ou operações 42 Unidade I 3.7 Cálculo do número N O número N indica quantas repetições de carga o pavimento irá receber ao longo de sua vida útil (lembrando que o eixo padrão é o ESRD: eixo simples de roda dupla de 8,2 tf). A determinação do número N para subsidiar o dimensionamento de pavimentos novos e de restauração de pavimentos existentes requer a definição dos seguintes elementos: • VDMa. • Classificação da frota. • Carregamento da frota. A partir da classificação e carregamento, são determinados os fatores de equivalência de carga e, a partir deles, o número N. A expressão de determinação é dada por: tN V FV FR⋅= ⋅ Em que: Vt = volume total de veículos ao longo do período de projeto. FV = fator de veículo. FR = fator climático regional. Com relação ao volume total de veículos, deve-se ter em mente que o tráfego considerado para efeito de projeto é o da faixa mais solicitada. Na falta de dados mais precisos, o DNIT recomenda a adoção dos percentuais indicados na tabela a seguir. Tabela 6 – Percentuais de veículos comerciais na faixa mais carregada Número de faixas de tráfego Veículos comerciais na faixa mais carregada 2 (pista simples) 50% 4 (pista dupla) 35 a 48% 6 ou mais (pista dupla) 25 a 48% Fonte: DNIT (2006b, p. 246). 3.7.1 Fator de veículo O fator de veículo é resultado do produto do fator de eixo pelo fator de carga. FV FE FC= ⋅ O FV é o número que, multiplicado pelo volume total, faz a conversão para o número de eixos equivalentes ao eixo padrão. 43 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS O FE é um número que, multiplicado pelo número de veículos da frota, indica o número de eixos correspondentes. O fator de carga (FC), aponta o número de eixos equivalentes ao eixo padrão. O fator de eixo transforma o tráfego de veículos em número de passagens de eixos equivalentes por meio da expressão a seguir: ( ) ( ) ( )2 3 nFE p 2 p 3 p n= × + × +…+ × Em que: FE = fator de eixo. p2 = porcentagem de veículos de dois eixos. p3 = porcentagem de veículos de três eixos. pn = porcentagem de veículos de n eixos. O cálculo do FC baseia-se no fator de equivalência de operações, que relaciona o efeito da passagem de qualquer tipo de veículo com o efeito da passagem do veículo padrão. Por exemplo, se o fator de equivalência de operações de um eixo é igual a 7, entende-se que se trata de um eixo cuja passagem representa o mesmo efeito que 7 passagens do veículo padrão. Multiplicando-se o FEO, ou FEC, pela correspondente porcentagem de veículos, obtém-se a equivalência de operações. ( ) ( ) ( )1 1 2 2 n nFC FEC P FEC P FEC P= × + × +…+ × Outra abordagem é por meio da determinação do fator de veículo para cada classe de veículo presente na frota, multiplicando os fatores de veículos individuais pela porcentagem de cada um na frota representativa. 3.7.2 Cálculo do fator climático regional (FR) O fator climático regional (FR) é utilizado para considerar as variações de umidade às quais os materiais constituintes do pavimento estão sujeitos durante as estações do ano, que influem diretamente na capacidade de suporte. Na pista experimental da Aashto, obteve-se valores de FR variando entre 0,2 a 5,0. Em versões anteriores do Manual de pavimentação do DNIT (2006a), havia uma previsão de variação do FR em função da altura média de chuva anual, prevendo uma amplitude para o FR de 0,7 para intensidades pluviométricas de até 800 mm para 1,8 em locais com intensidade pluviométrica acima de 1.500 mm. 44 Unidade I Tendo em vista a utilização do parâmetro CBR para caracterização da resistência ao subleito, obtido após saturação do corpo de prova, dado que o material deve ficar submerso durante 72 horas, a versão atual do Manual de pavimentação (DNIT, 2006a) indica a utilização de FR igual a 1,0. Exemplo de aplicação Determine o número N para o dimensionamento de um pavimento asfáltico pelo método do DNIT, considerando a frota descrita nas tabelas a seguir. Suponha que o tráfego apresenta taxa de crescimento linear igual a 4%. Considere que o período de projeto é de 8 anos. Dados: Tabela 7 – Exemplo de composição da frota Classe Número de eixos VDM ESRS ESRD ETD ETT 2C 1 1 0 0 220 3C 1 0 1 0 100 2S2 1 1 1 0 20 2S3 1 1 0 1 32 3S3 1 0 1 1 16 3Q4 1 4 1 0 12 Total 400 Tabela 8 – Exemplo de caracterização das cargas Carga (tf) Quantidade de eixos ESRS ESRD ETD ETT 3 40 5 32 6 320 15 6,3 40 9 5 10 256 10,5 32 17 118 17,85 15 25,5 38 26,775 5 Total 400 320 148 48 Total geral 916 45 COMPLEMENTOS DE ESTRADAS E AEROPORTOS Resolução A primeira etapa consiste em calcular o VDM total ao longo do período de projeto. Do enunciado, temos que o V0 é 400 veículos, que o período de projeto é igual a 8 anos e que a taxa de crescimento é 4%. ( ) ( )p 0V V 1 P t 400 1 8 0,04= ⋅ + ⋅ = ⋅ + ⋅ pV 528 veículos→ = 0 p m V V 400 528 V 2 2 + + = = mV 464 veículos→ = t mV 365 P V 365 8 464= ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ tV 1.354.880 veículos→
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