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Revoluções europeias no século XIX

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Revoluções europeias no século XIX
Introdução
Após a derrota de Napoleão Bonaparte, em 1815, na batalha de Waterloo, a Europa reuniu-se no Congresso de Viena para decidir os rumos do continente.
Para conter a onda revolucionária das ideias iluministas, o Congresso estabeleceu a adoção do princípio da legitimidade que estabelecia o retorno das fronteiras europeias do período anterior à Revolução Francesa, 1789.
Estabeleceu também o retorno das monarquias legítimas, isto é, das dinastias derrubadas pela expansão napoleônica.
Apesar dessa proposta, o que se verificou, na prática, foi a divisão da Europa entre as potências da época – França, Inglaterra, Áustria, Rússia – que impuseram seu domínio sobre outras nações, desrespeitando, assim, o próprio “princípio da legitimidade”.
O retorno ao absolutismo monárquico, que se seguiu ao Congresso de Viena, provocou uma série de agitações políticas por toda a Europa, cujo momento culminante se deu em 1830, na França, e prosseguiu em 1848.
Em 1830, as agitações tiveram cunho liberal, enquanto as revoltas de 1848 foram influenciadas pelas ideias socialistas, que combatiam a exploração capitalista realizada pela burguesia e propunham uma sociedade comandada pelos trabalhadores.
A França pós-Congresso de Viena
Governo de Luís XVIII (1815-1824)
Com a derrota napoleônica, restaurou-se a dinastia Bourbon e subiu ao trono o rei Luís XVIII, que promulgou uma Constituição unindo os princípios do Antigo Regime e alguns princípios iluministas.
A monarquia tornou-se constitucional, adotaram-se a tripartição dos poderes e o voto censitário, isto é, estabeleceu-se uma determinada renda para ser eleitor e candidato, afastando a maioria da população do processo político.
Os grupos políticos que surgiram nessa época, dividiram-se em: ultrarrealistas, que pregavam o retorno ao absolutismo monárquico, sem concessões, e eram defendidos pela nobreza, que havia fugido do país durante a Revolução Francesa e exigia o retorno de seus antigos privilégios; constitucionalistas, que defendiam a aplicação da Constituição e a manutenção da ordem vigente; liberais, que englobavam os
bonapartistas e defendiam o retorno de Napoleão Bonaparte; e revolucionários radicais, que exigiam o fim dos Bourbons e a preservação das conquistas revolucionárias.
Luís XVIII
Governo de Carlos X (1824-1830)
Em 1824, com a morte de Luís XVIII, assumiu o trono Carlos X, irmão do rei, apoiado pelos ultrarrealistas.
As medidas tomadas pelo novo rei revoltaram os liberais, que passaram a combatê-lo. Nas eleições de 1830, os liberais obtiveram a maioria na Câmara.
Como resposta, Carlos X suprimiu a liberdade de imprensa, aumento o censo eleitoral e convocou novas eleições.
Carlos X
A Revolução Liberal de 1830
Em reação a essas medidas repressivas a oposição ergueu barricadas pelas ruas de Paris e, durante três dias (de 27 a 29 de julho de 1830) , a capital transformou-se em uma praça de guerra e, entraram para a história como os Três Dias Gloriosos.
Em 29 de julho, o povo cercou o Palácio das Tulherias, e Carlos X foi obrigado a fugir do país.
A Revolução Liberal de 1830 repercutiu pelo mundo absolutista, dando origem a vários movimentos de contestação política e nacionalista, que pregavam o fim da dominação estrangeira imposta pelo Congresso de Viena sobre alguns países europeus, como Bélgica, Itália e Alemanha.
No Brasil, o movimento liberal acarretou a crise do Primeiro Reinado e a abdicação de D. Pedro I, acusado de proteger os portugueses e ser um absolutista. 
Após a abdicação, D. Pedro I foi para Portugal lutar ao lado dos liberais contra seu irmão, D. Miguel, acusado de ser absolutista e usurpador do trono que pertencia a D. Maria da Glória, filha de D. Pedro.
Revolução de 1830
Governo de Luís Filipe (1830-1848)
Apoiado pela alta burguesia, Luís Filipe ficou conhecido como rei burguês e assumiu o trono, substituindo o destronado Carlos X.
Adotou uma política econômica de incentivo à industrialização, apoiando a burguesia no desenvolvimento capitalista.
Seu governo foi marcado pelo liberalismo burguês e pela repressão às massas operárias urbanas, cada vez mais numerosas.
Em nome da riqueza e circulação, ocupou a Argélia, no norte da África, para garantir o fornecimento de matérias-primas baratas (riquezas) e ampliar o mercado consumidor de produtos industrializados (circulação).
Rei Luís Filipe
A Revolução de 1848
Em 1846 e 1846, a França estava numa séria crise econômica, originada da agricultura e estendendo-se aos demais setores produtivos.
Nestes anos, as colheitas haviam sido péssimas e foi agravada por uma praga na plantação de batatas, alimento básico da população.
Com a alta violenta dos preços dos alimentos, os pequenos proprietários foram à ruína e os camponeses, sem trabalho, rumaram para as cidades.
Nas cidades, o consumo caiu, gerando crise no setor industrial, desemprego em massa e redução dos salários. A massa de miseráveis aumentava dia a dia, engrossada com o êxodo rural.
A oposição criticava o governo do rei burguês (Luís Filipe), apelidado pelo povo de rei dos banqueiros. 
Os republicanos exigiam a proclamação da República.
Os camponeses defendiam a reforma agrária, e os operários uma redistribuição da riqueza, que estava concentrada nas mãos da burguesia, levantando a bandeira do socialismo como alternativa à exploração do proletariado pela burguesia.
Em 22/2/1848, o governo proibiu uma manifestação oposicionista, sendo este o pretexto para o povo sair às ruas enfrentando as tropas oficiais.
A Guarda Nacional e a pequena burguesia aderiram à revolta popular e Paris tornou-se uma praça de guerra, com barricadas pelas ruas da cidade.
Sem apoio, Luís Filipe abdicou do trono e, em seu lugar, foi instalado, após a Proclamação da República, um governo provisório.
Proclamação da República
Mapa 1848
O governo provisório
No governo haviam liberais e socialistas, que adotaram o sufrágio universal masculino, criou oficinas nacionais para ocupar os desempregados e organizou a Guarda Móvel para reprimir as revoltas populares. Para solucionar a crise financeira, elevou os impostos, gerando nova crise popular, enquanto que a burguesia se sentia cada vez mais ameaçada pelos socialistas e pelos movimentos operários.
O Massacre de Cavaignac
Em abril de 1848, as eleições parlamentares deram vitória para os liberais moderados, que, ao começarem a elaborar uma nova Constituição para a França, afastaram os socialistas.
O proletariado reagiu erguendo barricadas, em junho de 1848, mas foram derrotados pelo general Louis-Eugéne Cavaignac.
A constituição foi promulgada, em novembro de 1848. As eleições para presidente da República realizaram-se no mês seguinte.
Massacre de Cavaignac
Louis-Eugéne Cavaignac
A primavera dos povos
As revoltas de 1848 expandiram-se pelo mundo, incentivando os povos dominados a se libertarem dos resquícios do Antigo Regime.
Atingiu Berlim, com os alemães exigindo o fim da hegemonia austríaca sobre seu território.
Essa onda libertária ficou conhecida como primavera dos povos.
Os vários povos dominados pelo Império Austro-Húngaro, que dominava toda a Europa Central, revoltaram-se contra Viena e manifestações de cunho nacionalista. 
O ministro Metternich, representante do absolutismo monárquico foi expulso, refugiando-se na Inglaterra.
No Brasil, as ideias do socialismo utópico influenciaram os líderes da Revolução Praieira, em Pernambuco, que protestavam contra as péssimas condições econômicas e sociais do Nordeste durante o Segundo Reinado.
Primavera dos povos- Alemanha
A França e o retorno do bonapartismo
Nas eleições francesas de dezembro de 1848, saiu vitorioso Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, com pouco mais de 70% dos votos. Em segundo lugar, ficou o general Cavaignac.
Em 1852, por meio de um golpe de Estado, contando com o apoio da burguesia, da Igreja e do exército francês, Luís Bonaparte tornou-se imperador daFrança, sob o título de Napoleão III, dando início ao Segundo Império Francês.
Napoleão III levou a França à condição de potência europeia, favorecendo mais a burguesia do que o proletariado. No plano externo dominou territórios na Ásia e na África, participou da unificação da Itália e da construção do Canal de Suez, no Egito.
Conseguiu reduzir a taxa de desemprego, melhorando um pouco a vida dos trabalhadores.
Na década de 1860, por iniciativa do Reino da Prússia, teve início o processo de unificação alemã. Ao final desse processo (1870), Napoleão III envolveu-se em um conflito com os prussianos.
A guerra entre França e Prússia ficou conhecida como Guerra Franco-Prussiana. Napoleão III foi derrotado e preso pelos prussianos e seu governo chegou ao fim em 1870, antes mesmo do fim da guerra.
Luis Bonaparte
GUERRA FRANCO-PRUSSIANA - CAUSAS 
No dia 19 de setembro de 1870, o cerco das tropas alemãs a Paris, marcou o início do fim da guerra de Bismarck contra Napoleão III. 
O fato que conduziu diretamente ao irrompimento da Guerra Franco-prussiana de 1870 foi a candidatura do príncipe Leopoldo von Hohenzollern-Sigmaringen, um parente distante do rei prussiano Guilherme I, ao trono espanhol, que havia ficado vago após a revolução de 1868. 
Embora sem o consentimento de Guilherme I, o então chefe de governo da Prússia, Otto von Bismarck, convenceu Leopoldo de que o trono espanhol deveria ser ocupado por alguém da dinastia Hohenzollern. Já a França, governada por Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, foi contra, por temer um desequilíbrio de poder na Europa em favor dos alemães. 
Otto von Bismarck
Num gesto extremo, Paris ameaçou a Prússia com guerra, caso não retirasse o apoio ao candidato ao trono espanhol. A pressão de Guilherme I cresceu, a ponto de Leopoldo desistir oficialmente. Mas Napoleão III, que pretendia ver a Prússia humilhada, exigiu do soberano alemão um pedido oficial de desculpas e, acima de tudo, a garantia de que também no futuro a dinastia Hohenzollern não ambicionaria o trono espanhol. 
Esta exigência foi manipulada por Bismarck para ser entendida como um ultimato da França. Ele não só acreditava que seu país estivesse preparado para um conflito armado; apostava, também, no efeito psicológico que uma declaração de guerra contra a Prússia teria nos países vizinhos. Contando com a solidariedade dos países de idioma alemão, estaria praticamente atingida a meta da unificação (que desembocaria no II Reich). 
Em setembro de 1870, os republicanos franceses voltaram ao poder, dando início à Terceira República Francesa.
Em 1871, foram eleitos para o governo da França, os monarquistas, que eram favoráveis à rendição diante dos prussianos.
O exército prussiano cercou Paris e o governo francês não reagiu, assinando a rendição francesa em janeiro de 1871.
Na derrota para a Prússia, a França assinou o Tratado de Frankfurt e arcou com uma indenização de 5 bilhões de francos, além de ceder os territórios de Alsácia e Lorena, ricos em carvão e ferro, para a Prússia.
Foi então que trabalhadores parisienses criaram a chamada Comuna de Paris, um governo de caráter socialista. Foi massacrada com extrema violência pela burguesia francesa, com a ajuda dos prussianos, temerosos com o socialismo.
Guerra Franco Prussiana
Comuna de Paris

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