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SISTEMA DE ENSINO
DIREITOS 
HUMANOS
Comissão e Corte Interamericana de 
Direitos Humanos
Livro Eletrônico
2 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos . .....................................................................................................................4
Apresentação . ............................................................................................................................4
1. Sistema Interamericano de Direitos Humanos . ..................................................................4
1.1 Evolução histórica do sistema interamericano de proteção dos direitos humanos
....4
1.2. A Divisão do Sistema Interamericano em Dois Subsistemas . ......................................9
2. Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) . ................................................ 10
2.1. Regime Jurídico . ............................................................................................................... 13
2.2. Composição e Mandato . ................................................................................................. 13
2.3. Regime de Incompatibilidades e Impedimentos . .......................................................... 15
2.4. Funções da CIDH . ............................................................................................................. 16
2.5. Funcionamento, Período de Sessões e Quórum de Deliberação . .............................. 19
2.6. Relatorias e Grupos de Trabalho . ................................................................................ 20
3. Sistema de Petição e Procedimento Perante a CIDH ...................................................... 21
3.1. Fase Conciliatória . ............................................................................................................25
3.2. Fase do Primeiro Informe ou Primeiro Relatório . .......................................................25
3.3. Fase do Segundo Informe ou Segundo Relatório . .......................................................26
3.4. Procedimento Passo a Passo . .......................................................................................26
4. Casos Brasileiros perante a CIDH ..................................................................................... 28
4.1. Caso Maria da Penha Fernandes vs. Brasil (2001) ...................................................... 28
4.2. Caso Jailton Neri da Fonseca vs. Brasil (2004) . .......................................................... 31
4.3 Caso dos Meninos Emasculados do Maranhão vs. Brasil (2005) . ............................. 31
4.4. Caso Simone André Diniz vs. Brasil (2006) . ................................................................36
4.5. Caso Comunidades Indígenas da Bacia do Rio Xingu vs. Brasil (Caso Belo Monte) 
(2011) . .......................................................................................................................................37
***
C
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R
SO
S 
PA
R
A
CO
N
C
U
R
SO
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divisão
de custos
ClIqUe PaRa InTeRaGiR
Facebook
Gmail
Whatsapp
3 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
4.6. Caso José Pereira vs. Brasil (2013) . .............................................................................39
5. Medidas Cautelares . ...........................................................................................................39
6. Defensoria Pública Interamericana perante a CIDH . .......................................................44
Questões de Concurso . ...........................................................................................................46
Gabarito ....................................................................................................................................55
Questões Comentadas . ...........................................................................................................56
***
4 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
DIREITOS HUMANOS
ApresentAção
Olá, querido amigo e querida amiga! Vamos voltar com tudo aos estudos de direitos hu-
manos. Na nossa aula de hoje iremos tratar acerca da Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos. Eu fiz questão de deixar uma aula exclusiva para esse tema porque ele CAI DE-
MAIS!!!! Vamos lá!
Já organize sua rotina de estudos! Nosso curso de direitos humanos em PDF vai contem-
plar a matéria básica prevista nos editais de provas de Defensoria Pública. 
1. sistemA interAmericAno de direitos HumAnos
1.1 evolução HistóricA do sistemA interAmericAno de proteção dos
direitos HumAnos
Antes de começarmos essa aula, quero combinar algo com você. Eu sei que Di-
reitos Humanos é cheio de siglas... nomes meio estranhos. Mas não se preocupe, 
com o tempo você irá dominar todos eles e já farão parte do seu vocabulário jurídi-
co. Mas até lá, vou passar uma listinha de alguns termos que iremos usar bastante 
nessa aula, tá? Será uma espécie de glossário básico da aula de hoje!
CIDH = COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
CADH = CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, TAMBÉM CHAMADA 
DE PACTO DE SAN JOSE DA COSTA RICA
OEA = ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
CORTE IDH = CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
Consoante a doutrina, a evolução histórica do sistema interamericano de proteção dos 
direitos humanos pode ser dividida em cinco etapas:
***
5 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
1. Fase prévia à criação (1826-1948);
2. Fase da inauguração e formação do sistema (1948-1959);
3. Fase do início do período de monitoramento (1959-1969);
4. Fase da “Convencionalização” do sistema (1969- 1978); e
5. Fase de consolidação e aperfeiçoamento do sistema (1978 - atualmente).
Mas perceba uma coisa: não quero que você se preocupe em decorar essas datas. Na-
turalmente, uma ou outra você vai acabar decorando porque coincide com a data de alguns 
documentos internacionais super importantes, mas não se preocupe com isso, ok? Aqui é 
mais importante você entender o passo a passo da criação, compreender como iniciou e o 
momento que estamos.
1.1.1 Fase Prévia à Criação (1826-1948)
Nos primórdios da noção de sistema interamericano, houve a realização do Congresso 
do Panamá, em 1826, que foi o primeiro de uma série de encontros regionais para se discu-
tir formas de cooperação entre os Estados americanos. O ponto alto desse Congresso foi a 
aprovação do Tratado de União Perpétua, Liga e Confederação, que uniria a Grande Colômbia 
(formada por Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela), México, América Central e Peru. Nes-
se momento já houve uma preocupação concreta em buscar uma unidade americana.
Passados vários anos, em 1889, houve um ciclo de conferências internacionais america-
nas realizadas a cada quatro anos, em diferentes capitais do continente. Tais conferências 
***
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Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
aconteceram regularmente até 1938, não tendo ocorrido apenas no período da Primeira Guer-
ra Mundial.
Além dessas conferências regulares, os Estados Americanos realizaram seis encontros de 
1936 a 1947 para examinar problemas sobre guerra, paz e segurança.
Uma das conferências mais importantes foi a realizada em Buenos Aires, em 1936, opor-
tunidade em que se estabeleceu um novo mecanismo para responder a situações imprevistas 
e urgentes. Esse mecanismo tinha o nome de consulta.
Outra conferência de destaque foi a de Chapultepec, realizada na Cidade do México, em 
1945, para discutir os “Problemas da Guerra e da Paz”. Ali houveo início do processo de ins-
titucionalização jurídica do sistema da OEA.
Essa primeira fase se encerra com a inauguração do sistema interamericano, em 1948, 
na Nona Conferência Internacional Americana, realizada em Bogotá. Na oportunidade, dentre 
outros documentos, foram aprovados a Carta da Organização dos Estados Americanos (Carta 
da OEA) e da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (DADDH).
SE LIGA! A Carta da OEA é de 1948, mas entrou em vigor em 13.12.1951. Após, foi 
reformada pelos seguintes protocolos: Protocolo de Buenos Aires (1967), pelo Pro-
tocolo de Cartagena das Índias (1985), pelo Protocolo de Washington (1992) e pelo 
Protocolo de Manágua (1993).
RESUMO: a primeira etapa vai do ciclo de Conferências dos Estados Americanos 
até a Carta da OEA (1948)
1.1.2 Fase da Inauguração e Formação do Sistema (1948-1959)
A Carta da OEA e a Declaração Americana dos Direitos do Homem e do cidadão foram 
divisores de águas, documentos extremamente importantes, porém não catalogavam direitos 
de maneira cogente e não criavam mecanismos de proteção.
Obs.: � Lembra que vimos que a Carta da ONU também tinha essa característica? Pois é, 
ambas as Cartas estavam mais preocupadas em criar e estruturar a Organização dos 
Estados Americanos e a Organização das Nações Unidas.
***
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Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
No mesmo ano da Carta da OEA foi aprovada a Declaração Americana dos Direitos e De-
veres do Homem (1948). Você segue perceber uma coisa? Há uma simetria entre o modelo 
universal e o modelo interamericano: nós tivemos a criação da ONU (1945) e a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos (1948); e tivemos a criação da OEA (1948) e a Declaração 
Americana dos Direitos e Deveres do Homem (em 1948. Aqui só uma curiosidade: a declara-
ção americana foi de abril de 1948 e a declaração universal foi de dezembro de 1948).
Assim, com a Carta da OEA, de 1948, estava criado o sistema interamericano. Somente 
em 1959 houve a criação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), mediante 
a Resolução VIII da Quinta Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores. Com a 
criação da Comissão Interamericana houve o início da efetivação do sistema interamericano.
1.1.3 Fase do Início do Período de Monitoramento (1959-1969)
Esta fase teve início com a criação da CIDH, em 1959, por meio da resolução da Quinta 
Reunião de Consulta de Ministros das Relações Exteriores.
É super importante lembrar que a Comissão Interamericana não foi criada por tratado, 
apenas por regulamento. No seu nascimento, ela tinha poderes apenas para a promoção dos 
direitos humanos, isto é, apenas para formular recomendações gerais para os Estados mem-
bros da OEA, preparar relatórios geográficos e, com a anuência do respectivo Governo, proce-
der a visitas in loco.
Em 1965, as atribuições da CIDH foram ampliadas, por meio de uma resolução da Segun-
da Conferência Interamericana Extraordinária, que conferiu competência para receber peti-
ções ou comunicações sobre violações de direitos humanos.
Professora, a CIDH já nasceu com poderes de receber petições individuais? Ela nasceu 
com base em tratado ou convenção?
***
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Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
Errado! A CIDH nasceu sem base convencional, isto é, nasceu por meio de resolução e não 
de tratado ou convenção. Ademais, não tinha, inicialmente, poderes para receber petições.
1.1.4 Fase da “Convencionalização” do Sistema (1969- 1978)
Em 1969, na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, realizada 
em San José, na Costa Rica, foi celebrada a Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
(Sigla CADH, também chamada de Pacto de San José da Costa Rica). Essa fase se encerrou 
em 1978, quando a CADH entra em vigor, após o depósito do 11º instrumento de ratificação 
na Secretária-geral da OEA. Quinta etapa: consolidação e aperfeiçoamento do sistema (1978-
dias de hoje).
1.1.5 Fase de Consolidação e Aperfeiçoamento do Sistema (1978 - Atual-
mente)
A última do desenvolvimento histórico do sistema interamericano vai de 1978, data em 
que a CADH entra em vigor, por ter sido ratificada por 11 Estados.
Segundo o art. 74, 2, da CADH:
Esta Convenção entrará em vigor logo que onze Estados houverem depositado os seus respectivos 
instrumentos de ratificação ou de adesão. Com referência a qualquer outro Estado que a ratificar 
ou que a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor na data do depósito do seu instru-
mento de ratificação ou adesão.
Essa etapa é marcada pelo início da construção jurisprudencial – contenciosa e consul-
tiva – da Corte IDH, pela ampliação do corpus normativo do sistema interamericano e pela 
proposta ou implementação de medidas para aperfeiçoar o sistema, consoante a doutrina.
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Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
1. Fase prévia à criação: vai do ciclo de conferências até a criação da OEA e celebração da 
DADDH, em 1948);
2. Fase da inauguração e formação do sistema: vai da criação da OEA e da DADDH, em 1948, 
até a criação da CIDH, em 1959);
3. Fase do início do período de monitoramento: vai da criação da CIDH em 1959 até 1969, data 
do Pacto de San José da Costa Rica);
4. Fase da “Convencionalização” do sistema: vai da celebração do Pacto de San José, em 
1969, até a data da vigência, em 1978;
5. Fase de consolidação e aperfeiçoamento do sistema: vai da vigência do Pacto até os dias 
atuais.
1.2. A Divisão Do sistemA interAmericAno em Dois subsistemAs
Como resultado dessa evolução histórica, o sistema interamericano acabou se dividindo 
em dois subsistemas: Subsistema da OEA e Subsistema da Convenção Americana de Direitos 
Humanos.
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Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
• Subsistema da OEA: baseia-se na Carta da OEA, na Declaração Americana dos Direitos 
e Deveres do Homem e no Estatuto da CIDH, tendo a CIDH como órgão de proteção e 
aplicando-se a todos os Estados membros da OEA. ATENÇÃO: O SUBSISTEMA OEA SE 
APLICA A TODOS MEMBROS DA ORGANIZAÇÃO.
• Subsistema da Convenção Americana: baseia-se na Convenção Americana de Direitos 
Humanos e somente se aplica aos Estados que a tenham ratificado, tendo como órgãos 
de proteção a CIDH e a Corte IDH.
A CIDH participa de ambos os subsistemas como órgão de monitoramento dos direitos hu-
manos no continente americano, daí decorrendo o seu PAPEL DÚPLICE.
2. comissão interAmericAnA De Direitos HumAnos (ciDH)
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) é um dos órgãos – junto com a 
Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) – de monitoramento, proteção e pro-
moção dos direitos humanos no continente americano.
A Corte IDH integra exclusivamente a Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH), 
já a CIDH pertence tanto à Organização dos Estados Americanos (OEA) – é o seu principal 
órgão – quanto à CADH. Aliás, essa dupla integração possui repercussões práticas e veremos 
todas elas.
A CIDH tem sede em Washington (EUA), mas pode se reunir em qualquer Estado ameri-
cano quando for decidido por maioria absoluta de votos e com a anuência ou a convite do 
respectivo Governo.
Então: a sede é Washington, mas com voto da maioria absoluta + anuência do país ou a 
convite do país é possível que as reuniões possam ser em outro local, certo? Sim! Isso mesmo!
***
11 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
A CIDH foi criada em agosto de 1959 – ou seja, dez anos antes da adoção da Convenção 
Americana –, em Santiago, Chile, durante aV Reunião de Consulta de Ministros de Relações 
Exteriores (Resolução n. VIII).
Quando nasceu, a CIDH não tinha base convencional. O primeiro período de sessões da 
Comissão ocorreu em outubro de 1960, em Washington, EUA, após a aprovação do seu pri-
meiro Estatuto pelo Conselho da OEA, que também elegeu os primeiros membros da CIDH.
A partir de 1961, a Comissão deu início às visitas in loco para observar a situação geral 
dos direitos humanos nos países ou para investigar um caso em particular, publicando poste-
riormente informes especiais com suas observações.
A CIDH teve os seus poderes aumentados progressivamente, conquistando a competên-
cia para receber petições ou comunicações individuais sobre violações de direitos humanos 
em 1965, quando, na Segunda Conferência Interamericana Extraordinária, realizada no Rio de 
Janeiro.
Posteriormente, em 1967, durante a Terceira Conferência Interamericana Extraordinária, 
realizada em Buenos Aires, Argentina, foi aprovado um Protocolo de Reformas à Carta da OEA 
(Protocolo de Buenos Aires), incluindo a CIDH entre os órgãos permanentes da Organização 
dos Estados Americanos, conferindo-lhe, portanto, base convencional.
Com o Protocolo de Buenos Aires, o status jurídico da Comissão se fortaleceu assumindo 
o status de órgão de controle e supervisão da proteção de direitos humanos.
A institucionalização da CIDH ocorreu com a adoção da CADH em 1969 e com a sua en-
trada em vigor em 1978, que a previu como órgão competente – junto com a Corte – para 
conhecer de assuntos relacionados com o cumprimento dos compromissos celebrados pelos 
Estados.
�MEMORIZE!
O QUE É A CIDH?
A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA) en-
carregado da promoção e proteção dos direitos humanos no continente americano.
***
12 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
É integrada por sete membros independentes que atuam de forma pessoal e tem sua sede em 
Washington, D.C.
(...)
O SIDH iniciou-se formalmente com a aprovação da Declaração Americana de Direitos e 
Deveres do Homem na Nona Conferência Internacional Americana realizada em Bogotá em 
1948, onde também foi adotada a própria Carta da OEA, que afirma os “direitos fundamentais 
da pessoa humana” como um dos princípios fundadores da Organização.
(...) A Carta estabelece a Comissão como órgão principal da OEA, que tem como função pro-
mover a observância e a defesa dos direitos humanos e servir como órgão consultivo da OEA 
nesta matéria.
A CIDH realiza seu trabalho com base em três pilares:
• o Sistema de Petição Individual;
• o monitoramento da situação dos direitos humanos nos Estados Membros, e
• a atenção a linhas temáticas prioritárias.
Através dessa estrutura, a Comissão considera que, no contexto da proteção dos direitos de 
toda pessoa sob jurisdição dos Estados americanos, é fundamental dar atenção as popu-
lações, comunidades e grupos historicamente submetidos à discriminação. De forma com-
plementar, outros conceitos formam seu trabalho: o princípio pro homine - segundo o qual 
a interpretação de uma norma deve ser feita da maneira mais favorável ao ser humano -, 
a necessidade de acesso à justiça, e a incorporação da perspectiva de gênero em todas suas 
atividades.
Breve história do Sistema Interamericano de Direitos Humanos
Em abril de 1948, a OEA aprovou a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem, 
em Bogotá, Colômbia, o primeiro documento internacional de direitos humanos de caráter 
geral. A CIDH foi criada em 1959, reunindo-se pela primeira vez em 1960.
Já em 1961 a CIDH começou a realizar visitas in loco para observar a situação geral dos direi-
tos humanos em um país, ou para investigar uma situação particular. Desde então realizou 92 
visitas a 23 países membros. A respeito de suas observações de tipo geral sobre a situação 
de um país, a CIDH publica informes especiais, tendo publicado até agora 60 destes.
***
13 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
Desde 1965 a CIDH foi autorizada expressamente a receber e processar denúncias ou peti-
ções sobre casos individuais nos quais se alegavam violações dos direitos humanos. Até de-
zembro de 2011, tem recebido várias dezenas de milhares de petições, que se concretizaram 
em 19.423 casos processados ou em processamento. Os informes finais, publicados com 
relação a estes casos, podem ser encontrados nos informes anuais da Comissão ou por país.
Em 1969 foi aprovada a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, que entrou em vi-
gor em 1978 (...). A Convenção define os direitos humanos que os Estados ratificantes se 
comprometem internacionalmente a respeitar e a dar garantias para que sejam respeitados. 
Ela cria, também, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, e define atribuições e proce-
dimentos tanto da Corte como da CIDH. A CIDH mantém, além disso, atribuições adicionais 
e anteriores à Convenção e que não derivam diretamente dela, sendo estes, entre outros, de 
processar petições individuais relativas a Estados que ainda não são parte da Convenção.”
Fonte: https://www.oas.org/pt/cidh/mandato/que.asp
2.1. regime JuríDico
A CIDH é regida pelos seguintes documentos:
• pela Carta da OEA, já que figura como um órgão da OEA (art. 106);
• pela CADH (artigos 34 a 50);
• pelo Estatuto da CIDH, elaborado pela Comissão e aprovado pela Assembleia Geral da 
OEA em 1979;
• pelo seu Regulamento, expedido por ela própria em 1980.
2.2. composição e mAnDAto
A CIDH é composta por sete membros – chamados de comissários ou comissionados. 
Devem ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos 
humanos. Não se exige formação jurídica, diferentemente do que se exige para ser juiz da 
Corte Interamericana, pois se exige que seja jurista.
***
14 de 75https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
Não pode fazer parte da CIDH mais de um nacional do mesmo país, isto é, só pode haver, 
por exemplo, um comissário brasileiro, sendo vedado um segundo brasileiro.
Na CIDH todos os Estados-membros da OEA possuem direito de voto na escolha dos 
membros, diferentemente da Corte IDH, em que somente os Estados-partes da CADH podem 
votar.
Os membros da CIDH são eleitos para um mandato de quatro anos e somente podem ser 
reeleitos uma vez (CADH, art. 37.1; Estatuto, art. 6º; Regulamento, art. 2.1).
O mandato dos comissários é contado a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao da elei-
ção (Estatuto, art. 6º). Conforme estabelece o Regulamento da CIDH, “No caso de não have-
rem sido eleitos os novos membros da Comissão para substituir os membros cujos mandatos 
expiram, estes últimos continuarão no exercício de suas funções até que se efetue a eleição 
dos novos membros” (art. 2.2).
A CADH adotou o mecanismo da renovação parcial de modo que os novos membros sem-
pre trabalharão por um período com membros escolhidos na eleição anterior: “Os membros da 
Comissão serão eleitos por quatro anos e só poderão ser reeleitos uma vez, porém o mandato de 
três dos membros designados na primeira eleição expirará ao cabo de dois anos. Logo depois 
da referida eleição, serão determinados por sorteio, na Assembleia Geral, os nomes desses três 
membros” (art. 37.1 da CADH).
Ocorrendo vaga na CIDH que não seja decorrente do regular final do mandato, isto é, ha-
vendo renúncia ou morte de um comissário, o preenchimento da vaga deve obedecer ao que 
preveem a CADH (art. 38) e o Estatuto da Comissão (art. 11), funcionando da seguinte forma:
• o Presidente da Comissão notificará imediatamente ao Secretário-Geral da OEA, que, 
por sua vez, levará a ocorrência ao conhecimento dos Estados membros da Organiza-
ção;
• cada Governo poderáapresentar um candidato, dentro do prazo de 30 dias;
• O Secretário-Geral preparará uma lista, em ordem alfabética, dos candidatos e a enca-
minhará ao Conselho Permanente da Organização, o qual preencherá a vaga.
Segundo o art. 11.4 do Estatuto da CIDH, se a vaga surgir nos últimos seis meses de man-
dato, não haverá eleição para substituto, devendo aguardar a nova eleição.
***
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Karoline Leal
Comissão e Corte Interamericana de Direitos Humanos
DIREITOS HUMANOS
2.3. regime De incompAtibiliDADes e impeDimentos
A condição de membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos é incompatível 
com o exercício de atividades que possam afetar sua independência e sua imparcialidade, ou 
a dignidade ou o prestígio do seu cargo na Comissão.
Assim, há incompatibilidade entre o cargo de comissário e ao exercício de cargo político 
(de ministro ou secretário de Estado p. ex.). Quando se tratar de exercício de cargo por con-
curso público, se a legislação interna permitir, pode haver apenas o licenciamento. Aliás, esse 
é exatamente o caso da professora Flavia Piovesan, que atualmente é comissária (mandato 
de 2018 a 2021) e ocupa o cargo de procuradora do Estado de São Paulo.
Ademais, há ainda previsão de um prazo de quarentena: o art. 4.1 do Regulamento da 
CIDH dispõe que no momento de assumir suas funções, os membros se comprometerão a 
não representar a vítima ou seus familiares nem Estados em medidas cautelares, petições e 
casos individuais perante a CIDH, por um prazo de dois anos, contados a partir da expiração 
de seu mandato como membros da Comissão.
Ainda com relação a incompatibilidade, há previsão de um rito para declaração de incom-
patibilidade do comissário:
• Primeiro passo: a Comissão, ouve o membro ao qual se atribui a incompatibilidade;
• Segundo passo: a Comissão, com o voto afirmativo de pelo menos cinco de seus mem-
bros, determinará se existe uma situação de incompatibilidade;
• Terceiro passo: a decisão sobre incompatibilidade será enviada à Assembleia Geral da 
Organização, que decidirá a respeito; e
• Quarto passo: a declaração de incompatibilidade pela Assembleia Geral será adotada 
pela maioria de dois terços dos Estados membros da Organização e resultará na ime-
diata separação do cargo de membro da Comissão sem invalidar, porém, as atuações 
de que este membro houver participado.
No tocante aos impedimentos (art. 17.2, letras a e b, do Regulamento da CIDH) os comis-
sários não poderão participar de qualquer deliberação:
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• se forem cidadãos do Estado demandado ou se estiverem acreditados ou cumprindo 
missão especial como diplomatas perante esse Estado;
• se houverem participado previamente, a qualquer título, de alguma decisão sobre os 
mesmos fatos ou se houverem atuado como conselheiros ou representantes de uma 
das partes interessadas na decisão;
Também estarão impedidos de participar de visita in loco o membro da Comissão que for 
nacional ou que residir no Estado que será inspecionado.
2.4. Funções DA ciDH
No tocante às funções da CIDH, percebemos que a atuação da CIDH não foi sempre a 
mesma, pois ela nasceu com funções mais restritas e foi, pouco a pouco, ganhando mais 
atribuições.
Inicialmente, especialmente pela CIDH por não possuir base convencional, a função da 
Comissão Interamericana se limitava mais à uma atividade de promoção dos direitos huma-
nos por meio da preparação de estudos, de relatórios e de recomendações aos Estados.
Com o decorrer do tempo, a Comissão foi ampliando suas atribuições, de modo a contem-
plar visitas in loco e processar as petições individuais sobre violação de direitos humanos.
Atualmente, as funções da CIDH estão previstas no art. 41 da CADH e nos artigos 18, 19 
e 20 do seu Estatuto. Aliás, no Estatuto as funções estão divididas segundo o papel dúplice 
desempenhado pela Comissão: como órgão da OEA e da CADH.
Sabe qual a repercussão prática mais relevante desse papel dúplice da CIDH? É a possibi-
lidade de a Comissão atuar tanto em face de Estados que tenham aderido à Convenção Ame-
ricana quanto em face de Estados membros da OEA que não tenham aderido à Convenção.
Atuando em face dos Estados da OEA ou dos Estados que tenham aderido à CADH, a dife-
rença será o documento internacional que servirá de base para uma ou outra atuação da CIDH.
Você ter ficado um pouco confuso(a). Vou explicar melhor: quando a CIDH atua em face 
de Estados que atenham aderido à CADH (que também é chamado de Pacto de San José da 
Costa Rica) o seu instrumento de trabalho será o texto da CADH, isto é, o texto do Pacto. Ago-
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ra, quando a CIDH atua em face de Estados da OEA que não tenham aderido à CADH, o seu 
instrumento de trabalho será o texto da Carta da OEA e da Declaração Americana dos Direitos 
e Deveres do Homem.
Deu para entender? O documento de referência será diferente se o Estado fizer só parte da 
OEA ou se fizer parte da OEA e tiver aderido à CADH.
Sabe qual outra repercussão prática super importante do papel dúplice da CIDH? Cons-
tatada a violação de direitos humanos pelo Estado demandado, a consequência jurídica será 
diferente se o Estado tiver aderido ou não à CADH:
Situação 1: Estado aderiu à CADH (e aceitou a 
jurisdição contenciosa da CorteIDH)
Situação 2: Estado não aderiu à CADH ou, tendo aderido, 
não aceitou a jurisdição contenciosa da CorteIDH
A Comissão poderá ajuizar uma ação de res-
ponsabilidade internacional contra o respectivo 
Estado na Corte Interamericana.
A Comissão poderá apenas aplicar ao Estado uma 
medida de caráter político internacional, que pode ser 
a publicação de relatório e inclusão deste no Relató-
rio Anual da Assembleia-Geral da OEA ou em qualquer 
meio que considerar adequado.
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REPERCUSSÃO DA NATUREZA DÚPLICE DA CIDH, CONFORME PREVISTO NO ESTATUTO DA COMISSÃO:
Art. 18 e 20. Em relação aos Estados membros 
da OEA que não aderiram à CADH, a Comissão 
tem as seguintes atribuições:
Art. 19. Com relação aos Estados que aderiram à CADH, 
além das atribuições elencadas no art. 18 do Estatuto, 
a Comissão ainda terá as seguintes:
(I) estimular a consciência dos direitos huma-
nos nos povos da América; 
(II) formular recomendações aos Governos dos 
Estados no sentido de que adotem medidas 
progressivas em prol dos direitos humanos, 
no âmbito de sua legislação, de seus preceitos 
constitucionais e de seus compromissos inter-
nacionais, bem como disposições apropriadas 
para promover o respeito a esses direitos; 
(III) preparar os estudos ou relatórios que consi-
derar convenientes para o desempenho de suas 
funções;
(I) atuar acerca das petições e outras comunicações; 
(II) comparecer perante a Corte Interamericana de Direi-
tos Humanos nos casos previstos na Convenção; 
(III) solicitar à Corte Interamericana de Direitos Humanos 
que tome as medidas provisórias que considerar perti-
nente sobre assuntos graves e urgentes que ainda não 
tenham sido submetidos a seu conhecimento, quando se 
tornar necessário a fim de evitar danos irreparáveis às 
pessoas; 
(IV) consultar a Corte a respeito da interpretação da Con-
venção Americana sobre Direitos Humanos ou de outros 
tratados concernentes à proteção dos direitos humanos 
dos Estados americanos; 
(IV) solicitar aos Governos dos Estados que lhe 
proporcionem informações sobre as medidas 
que adotarem em matéria de direitos humanos; 
(V) atender às consultas que, por meio da Secre-
taria Geral da Organização, lhe formularem os 
Estados membros sobre questões relacionadas 
com os direitos humanose, dentro de suas pos-
sibilidades, prestar assessoramento que eles 
lhe solicitarem;
(V) submeter à Assembleia Geral projetos de protocolos 
adicionais à Convenção Americana sobre Direitos Huma-
nos, com a finalidade de incluir progressivamente no 
regime de proteção da referida Convenção outros direitos 
e liberdades; e 
(VI) submeter à Assembleia Geral para o que considerar 
conveniente, por intermédio do Secretário-Geral, propos-
tas de emenda à Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos.
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(VI) apresentar um relatório anual à Assem-
bleia Geral da Organização no qual se levará 
na devida conta o regime jurídico aplicável aos 
Estados Partes da Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos e aos Estados que não o são; 
(VII) fazer observações in loco em um Estado, 
com a anuência ou a convite do Governo res-
pectivo;
(VIII) apresentar ao Secretário-Geral o orça-
mento-programa da Comissão, para que o sub-
meta à Assembleia Geral; 
(IX) dispensar especial atenção à tarefa da 
observância dos direitos humanos menciona-
dos nos artigos I, II, III, IV, XVIII, XXV e XXVI da 
Declaração Americana dos Direitos e Deveres 
do Homem; 
(X) examinar as comunicações que lhe forem 
dirigidas e qualquer informação disponível; 
dirigir-se ao Governo de qualquer dos Estados 
membros não Partes da Convenção a fim de 
obter as informações que considerar pertinen-
tes; e formular-lhes recomendações, quando 
julgar apropriado, a fim de tornar mais efetiva a 
observância dos direitos humanos fundamen-
tais; e 
(XI) verificar, como medida prévia ao exercício 
da atribuição indicada no item anterior, anterior, 
se os processos e recursos internos de cada 
Estado membro não Parte da Convenção foram 
devidamente aplicados e esgotados.
2.5. FuncionAmento, períoDo De sessões e Quórum De DeliberAção
O funcionamento da CIDH está regulado em seu Estatuto, em seu Regulamento e na CADH. 
A Comissão possui uma Diretoria que se compõe de um Presidente, um Primeiro Vice-Presi-
dente e um Segundo Vice-Presidente, os quais cumprem mandato de um ano, podendo serem 
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reeleitos para seus respectivos cargos apenas uma vez em cada quatro anos (Arts. 6 e 8.1 do 
Regulamento).
No tocante ao período de sessões, a CIDH deve realizar pelo menos duas sessões ordi-
nárias por ano. Não há limite máximo ou mínimo de sessões extraordinárias. No ano anterior, 
a CIDH deve determinar, antes do término do período de sessões, a data e o lugar do período 
de sessões do ano seguinte (Regulamento, art. 14.1).
As sessões da CIDH são realizadas em sua sede, em Washington, EUA, mas por voto da 
maioria absoluta dos seus membros, pode reunir-se em outro lugar, com a anuência ou a 
convite do respectivo Estado (Regulamento, art. 14.2).
Os idiomas oficiais da CIDH são o espanhol, o francês, o inglês e o português, nada im-
pedindo, porém, que a Comissão determine outro idioma de trabalho conforme os idiomas 
falados por seus membros.
Com relação ao quórum da CIDH, é necessário um quórum de maioria absoluta para insta-
lação da sessão, ou seja, para o início da sessão, o que significa quatro comissários. Também 
se exigirá a maioria absoluta dos seus membros para decidir a respeito dos seguintes assun-
tos (Regulamento, art. 18.1):
(I) eleição dos membros da Diretoria da Comissão;
(II) interpretação do Regulamento da CIDH;
(III) aprovação de relatório sobre a situação dos direitos humanos em determinado Estado; e
(IV) quando esse quórum estiver previsto na CADH, no Estatuto ou no Regulamento.
Para os demais assuntos, será suficiente o voto da maioria dos membros presentes na 
sessão (Regulamento, art. 18.2).
2.6. relAtoriAs e grupos De trAbAlHo
A Comissão Interamericana passou a criar, a partir de 1990, relatorias temáticas para 
fortalecer, impulsionar e sistematizar o trabalho da própria CIDH no tocante a temáticas es-
pecificas (art. 15 do Regulamento).
A primeira relatoria temática foi criada em 1990 e diz respeito aos direitos dos povos in-
dígenas, a qual foi seguida, posteriormente, pelas relatorias temáticas sobre os direitos das 
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mulheres (1994), dos migrantes (1996), para a liberdade de expressão (1997), sobre os direi-
tos da criança (1998), sobre defensoras e defensores de direitos humanos (2001), sobre os 
direitos das pessoas privadas de liberdade (2004), das pessoas afrodescendentes e contra a 
discriminação racial (2005), dos direitos da população LGBTI (2011) e sobre direitos econô-
micos, sociais e culturais (2012).
Já estudamos muitas coisas sobre a Comissão. Vamos fazer um breve resumo da CIDH?
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
Criação Em 1959 por Resolução da OEA. Em 1965 recebeu atribuição para as petições 
individuais. Em 1967 foi formalmente inserida na Carta da OEA pelo Protocolo 
de Buenos Aires.
Composição 7 comissários, de alta autoridade moral, reconhecido saber em matéria de 
direitos humanos (não se exigindo que seja jurista), mandato de 4 anos, admi-
tida uma recondução. Os membros são eleitos a título pessoal, pela Assem-
bleia da OEA, de uma lista de candidatos propostos pelos governos dos Esta-
dos da OEA. Cada Estado pode propor até 3 nomes, nacionais do Estado que 
os proponha ou de qualquer outro Estado membro da OEA. Quando for pro-
posta uma lista tríplice de candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacio-
nal de Estado diferente do proponente.
Competência De acordo com as competências previstas na Carta da OEA e Estatuto da 
Comissão: promover estudos e capacitação em DH; criar relatorias especiais 
e receber petições individuais e recomendar reparação.
De acordo com as competências previstas na CADH: receber petições indivi-
duais ou interestatais, recomendar reparação e, caso não cumprida a reco-
mendação, e admitida a jurisdição da Corte, encaminhar à Corte IDH; solicitar 
opiniões consultivas; atuar perante a Corte IDH como custos legis.
3. sistemA De petição e proceDimento perAnte A ciDH
Você sabe o passo a passo de uma petição perante a CIDH? Sabe quais são os requisitos 
para admissão perante a CIDH? Não? Não tem problema! Iremos resolver isso agora! Saiba 
que, em especial, o tema de requisitos de admissão CAI BASTANTE! Então, vamos lá!
A Comissão tem atribuição para receber petições individuais ou interestatais. Assim, 
a CIDH pode ser acionada por meio de petição escrita da própria vítima, bem como de ter-
ceiros, incluindo as organizações não governamentais. Pode também ser acionada por um 
Estado que indica violação de Direitos Humanos por outro Estado (demandas interestatais).
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Vale destacar também que a Comissão pode agir de ofício.
Resumindo: a CIDH pode atuar de ofício, mas também pode receber petições individuais (de 
autoria da própria vítima, de terceiros, inclusive organizações nacionais ou internacionais) e 
petições interestatais, para os Estados que houverem aderido a tal possibilidade.
E quais são os requisitos dessa petição? Já vimos que ela precisa ser escrita! Ademais, 
o peticionante deve apontar os fatos que comprovem a violação de direitos humanos denun-
ciada. Deve indicar, ainda, o nome da vítima e de qualquer autoridade que tenha tido conhe-
cimento da situação, ou seja, deve indicar o máximo de dados possíveis sobre a vítima, sobre 
as circunstâncias da violação de Direitos Humanos e sobre as autoridades agressoras.
Caso nessa primeira análise, a CIDH considere que a demanda é inadmissível poderá ar-
quivar o caso, não havendorecurso disponível à vítima. Nada obsta, contudo, que instruindo 
melhor a demanda seja proposta novamente.
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O professor André de Carvalho Ramos sistematizou as condições de admissibilidade da petição 
individual à CIDH:
“As condições de admissibilidade da petição individual à Comissão IDH são as seguintes:
i) o esgotamento dos recursos locais;
ii) ausência do decurso do prazo de seis meses, contados do esgotamento dos recursos internos, 
para a apresentação da petição; (ATENÇÃO PARA ESSE PRAZO)
iii) ausência de litispendência internacional, o que impede o uso simultâneo de dois mecanismos 
internacionais de proteção de direitos humanos; e
iv) ausência de coisa julgada internacional, o que impede o uso sucessivo de dois mecanismos 
internacionais de proteção de direitos humanos.
O esgotamento dos recursos internos exige que o peticionante prove que tenha esgotado os meca-
nismos internos de reparação, quer administrativos, quer judiciais, antes que sua controvérsia possa 
ser apreciada perante o Direito Internacional. Fica respeitada a soberania estatal ao se enfatizar o 
caráter subsidiário da jurisdição internacional, que só é acionada após o esgotamento dos recursos 
internos. Contudo, os Estados têm o dever de prover recursos internos aptos a reparar os danos 
porventura causados aos indivíduos. No caso de inadequação destes recursos, o Estado responde 
duplamente: pela violação inicial e também por não prover o indivíduo de recursos internos aptos a 
reparar o dano causado.
Há casos de dispensa da necessidade de prévio esgotamento dos recursos internos, a saber:
1) não existir o devido processo legal para a proteção do direito violado;
2) não se houver permitido à vítima o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele 
impedido de esgotá-los;
3) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos (artigo 46.2);
4) o recurso disponível for inidôneo (por exemplo, o recurso não é apto a reparar o dano);
5) o recurso for inútil (por exemplo, já há decisão da Suprema Corte local em sentido diverso) ou
6) faltam defensores ou há barreiras de acesso à justiça.
Atualmente, a Corte IDH consagrou o entendimento que a exceção de admissibilidade por ausên-
cia de esgotamento dos recursos internos tem que ser invocada pelo Estado já no procedimento 
perante à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Assim, se o Estado nada alega durante 
o procedimento perante a Comissão, subentende-se que houve desistência tácita dessa objeção. 
Após, não pode o Estado alegar a falta de esgotamento, pois seria violação do princípio do estoppel, 
ou seja, da proibição de se comportar de modo contrário a sua conduta anterior (non concedit venire 
contra factum proprium).”
Fonte: Curso de Direitos Humanos. André de Carvalho Ramos. 2018
No tocante ao sistema de petições interestatais é importante observar alguns detalhes:
• Os requisitos para admissão da petição interestatal são basicamente os mesmos pre-
vistos para as petições individuais (Art. 46 da CADH);
• Para a admissibilidade da petição interestatal é indispensável que tanto o Estado acu-
sador quanto o Estado acusado tenham aceitado a competência da CIDH para receber 
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e examinar as comunicações interestatais. A aceitação pode ocorrer no momento do 
depósito do instrumento de ratificação da Convenção Americana de Direitos Humanos 
(Pacto de San José) ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior. A aceita-
ção dessa competência pode ser feita para que vigore por tempo indefinido, por período 
determinado ou para casos específicos;
• Caso apenas o Estado acusador tenha aceitado a competência da CIDH para análise 
de petições interestatais, ainda assim será dada ciência ao Estado acusado, permitindo 
que este reconheça a competência do sistema de petições interestatal no caso especí-
fico a que se refira a comunicação (Art. 50 do Regulamento da CIDH);
• No sistema europeu as petições interestatais têm caráter mandatório, já no sistema 
interamericano têm caráter facultativo;
• O Brasil não aderiu ao sistema de petições interestatais.
Tratando agora sobre o procedimento perante a CIDH, vale lembrar que diferentemente da 
Corte IDH, em que o procedimento culmina em uma sentença, na CIDH procedimento culmina 
no Primeiro ou no Segundo Informe. Só para que você tenha uma noção do passo – a – passo, 
poderíamos ilustrar assim:
FASE DE ADMISSIBILIDADE
FASE CONCILIATÓRIA
FASE DO PRIMEIRO INFORME OU PRIMEIRO RELATÓRIO
FASE DO SEGUNDO INFORME OU SEGUNDO RELATÓRIO
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3.1. FAse conciliAtóriA
Vimos acima os requisitos de admissibilidade. Analisada a petição, a CIDH se considerar 
que foram atendidos todos os requisitos de admissibilidade recebe a petição e passa-se à 
fase conciliatória. Nesse momento, abre-se à possibilidade de conciliação entre Estado e víti-
ma. Vale observar que é possível a qualquer tempo a conciliação, mesmo após ultrapassada 
essa etapa.
3.2. FAse Do primeiro inForme ou primeiro relAtório
Não havendo conciliação, a CIDH faz a análise e constatando a ocorrência de violações 
de Direitos Humanos elabora o Primeiro Informe ou Primeiro Relatório, em que a recomenda 
a tomada de providências pelo Estado infrator. Este primeiro Relatório ou Informe é confiden-
cial, somente o Estado infrator tem ciência. A CIDH concede o prazo de 3 (três) meses para a 
tomada de providências e reparação do dano. É comum que a CIDH prorrogue esse prazo de 
3 meses, bastando a anuência da CIDH e do Estado.
Obs.: � O Estado que foi beneficiado pela prorrogação não pode, posteriormente, alegar deca-
dência do direito de a CIDH levar o caso à Corte. Isso porque a prorrogação somente 
é concedida se o Estado e a CIDH anuírem e se trata de algo benéfico ao Estado, que 
disporá de mais tempo para sanar a violação de direitos humanos. Ademais, aqui 
também se aplicaria o princípio do stoppel, isto é, a vedação do comportamento con-
traditório, já que o Estado anui, é beneficiado e posteriormente tenta alegar decadên-
cia do direito, em clara ofensa ao princípio do venire contra factum proprium.
A fase do Primeiro Informe ou Primeiro Relatório finaliza com o envio, confidencial, da 
recomendação de reparação ao Estado e a concessão do prazo, em regra, de 3 meses para 
reparação.
Ultrapassado o prazo sem o cumprimento, a CIDH possui dois caminhos: 
• enviar o caso para a Corte IDH, isso apenas para os Estados que reconheceram a juris-
dição da Corte; 
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• elaborar um Segundo Informe ou Segundo Relatório para os Estados que não reco-
nheceram a jurisdição da Corte ou se os fatos foram cometidos antes da aceitação da 
jurisdição da Corte.
3.3. FAse Do segunDo inForme ou segunDo relAtório
O Segundo Informe ou Segundo Relatório somente é elaborado se o caso não tiver sido 
remetido à Corte IDH. Esse Segundo Relatório não é confidencial (como o Primeiro). A CIDH 
elabora o Segundo Relatório ou Segundo Informe e remete às partes com as conclusões e 
recomendações, fixando prazo para informar o cumprimento das medidas recomendadas.
Escoado o prazo, a CIDH consolida em um documento as recomendações e o cumpri-
mento. Assim, a CIDH publica o Segundo Relatório ou Segundo Informe. Você percebe que a 
CIDH primeiro elabora o relatório, remete às partes e aguarda cumprimento. Somente depois 
publica o Segundo Relatório ou Segundo Informe.
No caso de descumprimento das recomendações do Segundo Informe ou SegundoRela-
tório, a CIDH encaminha seu relatório aual à Assembleia da OEA. O objetivo do encaminha-
mento à Assembleia da OEA é gerar um constrangimento internacional.
3.4. proceDimento pAsso A pAsso
Acima descrevemos, sinteticamente, o passo a passo do procedimento. Mas vamos vê-lo 
graficamente e de maneira um pouco mais detalhada? Observe um ponto: o Primeiro Informe 
ou Primeiro Relatório também pode ser chamado de Relatório Preliminar; o Segundo Informe 
ou Segundo Relatório também pode ser chamado de Relatório Definitivo, ok? Fique atento(a) 
para essa diferença terminológica não atrapalhar sua compreensão.
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4. cAsos brAsileiros perAnte A ciDH
Vamos tratar agora sobre alguns casos brasileiros que foram objeto de análise pela CIDH. 
Vamos lá?
4.1. cAso mAriA DA penHA FernAnDes vs. brAsil (2001)
Em 1983, Maria da Penha Fernandes foi vítima de tentativa de homicídio por parte do 
seu então marido, Marco Antonio Heredia Viveiros. Logo que retornou do hospital, ele tentou 
matá-la novamente, eletrocutando-a. Maria da Penha ficou paraplégica por conta das agres-
sões. Em 1984, o Ministério Público ofereceu denúncia contra o réu. Passados mais de 15 
anos da data dos fatos, a Justiça Brasileira não havia decidido o caso e o réu permanecia em 
liberdade.
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Em 1998, a CIDH recebeu a denúncia e em 2001 o Estado Brasileiro foi considerado res-
ponsável pela violação de direitos humanos, em específico por violação à proteção judicial e 
pelo cenário de violência sistêmica contra a mulher1.
Neste caso, foi a primeira vez que a CIDH aplicou a Convenção de Belém do Pará. Já na 
Corte IDH, a referida convenção foi invocada pela primeira vez no caso do Presídio Miguel 
Castro.
Sem dúvida nenhuma, um dos grandes consectários do caso foi a edição da Lei n. 
11.340/06, Lei Maria da Penha.
Questão 1 (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO/2012) Em relação ao caso da senhora Ma-
ria da Penha Maia Fernandes, que transcorreu perante o Sistema Interamericano de Direitos 
Humanos, a
1 Recomendações da CIDH no caso Maria da Penha: “A Comissão Interamericana de Direitos Humanos reitera ao Estado 
Brasileiro as seguintes recomendações: 1. Completar rápida e efetivamente o processamento penal do responsável da 
agressão e tentativa de homicídio em prejuízo da Senhora Maria da Penha Fernandes Maia. 2. Proceder a uma investiga-
ção séria, imparcial e exaustiva a fim de determinar a responsabilidade pelas irregularidades e atrasos injustificados que 
impediram o processamento rápido e efetivo do responsável, bem como tomar as medidas administrativas, legislativas e 
judiciárias correspondentes. 3. Adotar, sem prejuízo das ações que possam ser instauradas contra o responsável civil da 
agressão, as medidas necessárias para que o Estado assegure à vítima adequada reparação simbólica e material pelas 
violações aqui estabelecidas, particularmente por sua falha em oferecer um recurso rápido e efetivo; por manter o caso 
na impunidade por mais de quinze anos; e por impedir com esse atraso a possibilidade oportuna de ação de reparação e 
indenização civil. 4. Prosseguir e intensificar o processo de reforma que evite a tolerância estatal e o tratamento discrimi-
natório com respeito à violência doméstica contra mulheres no Brasil. A Comissão recomenda particularmente o seguinte: 
a) Medidas de capacitação e sensibilização dos funcionários judiciais e policiais especializados para que compreendam 
a importância de não tolerar a violência doméstica; b) Simplificar os procedimentos judiciais penais a fim de que possa 
ser reduzido o tempo processual, sem afetar os direitos e garantias de devido processo; c) O estabelecimento de formas 
alternativas às judiciais, rápidas e efetivas de solução de conflitos intrafamiliares, bem como de sensibilização com res-
peito à sua gravidade e às consequências penais que gera; d) Multiplicar o número de delegacias policiais especiais para a 
defesa dos direitos da mulher e dotá-las dos recursos especiais necessários à efetiva tramitação e investigação de todas 
as denúncias de violência doméstica, bem como prestar apoio ao Ministério Público na preparação de seus informes judi-
ciais. e) Incluir em seus planos pedagógicos unidades curriculares destinadas à compreensão da importância do respeito 
à mulher e a seus direitos reconhecidos na Convenção de Belém do Pará, bem como ao manejo dos conflitos intrafamilia-
res.”
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a) Corte Interamericana de Direitos Humanos, reconhecendo a tolerância do Estado brasileiro 
em punir o agressor, responsabilizou as autoridades públicas e fixou uma indenização em 
favor da vítima a ser paga pelo Brasil.
b) Comissão Interamericana de Direitos Humanos, após constatar que a violação dos direitos 
humanos da vítima era de responsabilidade de seu marido, decidiu pelo arquivamento da de-
manda, pois o Estado brasileiro não poderia ser responsabilizado por ato de particular.
c) Comissão Interamericana de Direitos Humanos reconheceu que o Estado brasileiro des-
cumpriu o dever de garantir às pessoas sujeitas à sua jurisdição o exercício livre e pleno de 
seus direitos humanos e recomendou que o Brasil simplificasse os procedimentos judiciais 
penais.
d) Corte Interamericana de Direitos Humanos, acionada pela vítima, condenou criminalmente 
o senhor Marco Antonio Heredia Viveiros, tendo em vista que a Justiça brasileira não julgara 
o caso após quinze anos de tramitação.
e) Corte Interamericana de Direitos Humanos entendeu que a agressão sofrida pela vítima é 
parte de um padrão geral de negligência e falta de efetividade do Estado brasileiro para pro-
cessar e condenar os agressores nos casos de violência contra a mulher, ordenando ao Brasil 
que multiplicasse o número de delegacias policiais especiais para a defesa dos direitos da 
mulher.
Letra c.
a) Errado. Estaria correta se indicasse CIDH, em vez de Corte IDH.
b) Errado. De fato, a violência foi praticada por um cidadão, contudo o Estado brasileiro foi 
omisso na proteção da vítima, daí a possibilidade responsabilização.
c) Certo.
d) Errado. A CIDH não condenou o agressor. Ela reconheceu a responsabilidade do Estado por 
violação de direitos humanos e recomendou a responsabilização criminal do agressor pelas 
instituições judiciais brasileiras.
e) Errado. Estaria certa se indicasse a CIDH, em vez de Corte IDH.
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4.2. cAso JAilton neri DA FonsecA vs. brAsil (2004)
Em 1992, o menino de 13 anos Jailton Neri da Fonseca foi assassinado por policiais do 
Rio de Janeiro durante uma operação na Favela Ramos. Em 1996, o Conselho Permanente da 
Justiça Militar absolveu os policiais acusados, em virtude do princípio do in dubio pro reu. 
Porém, a CIDH considerou que as investigações das polícias militar e civil eram frágeis e con-
cluiu que o menino foi preso indevidamente, não foi apresentado imediatamente a um juiz e 
foi morto logo após sua prisão.
Assim, o Estado violou o direito à liberdade pessoal, à integridade pessoal, à vida, às me-
didas especiais de proteção de crianças, à proteção judicial e garantias judiciais da CADH.
Dentre as recomendações, houve a determinação de reparação à família de Jailton; a re-
alização de investigação completa e imparcial por órgãos não militares; a alteração do art. 9º 
do CPM e 82 doCPPM ou qualquer outra norma que permita à Polícia Militar investigar viola-
ções de direitos humanos perpetradas por policiais militares, devendo ser remetido à Polícia 
Civil, além de adotar medidas de educação dos funcionários da justiça e da polícia para evitar 
discriminação racial nas operações policiais, nas investigações, no processo e na sentença 
penal.
Curiosidade: foi o primeiro caso brasileiro que tratou sobre o direito de apresentação à 
audiência de custódia, estampado no art. 7.5 da CADH.
4.3 cAso Dos meninos emAsculADos Do mArAnHão vs. brAsil (2005)
De 1991 a 2003 houve, no Estado do Maranhão, uma série de assassinatos de meninos 
de 8 a 15 anos de idade sem que fossem realizadas as investigações de maneira adequada. 
Ademais, não houve a devida prevenção das agressões e repressão dos assassinatos pelo 
Estado Brasileiro. Foram 28 mortes e a maioria dos corpos dos meninos estavam com os 
órgãos sexuais mutilados.
Inconformadas, as famílias de dois jovens apresentaram petições à CIDH, alegando vio-
lação ao direito à vida (art. 4º da CADH); à proteção judicial (art. 25 da CADH); à proteção da 
criança (art. 19 da CADH) e garantias judiciais (art. 8º da CADH). Também houve menção à 
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violação dos artigos da Declaração Americana sobre Direitos e Deveres do Homem no tocante 
aos mesmos temas.
Em 15/12/2005, o Brasil assinou um acordo de solução amistosa, reconhecendo a res-
ponsabilidade na morte das vítimas e pactuando promover a reparação dos familiares dos 
meninos mortos.
Pela primeira vez, o Estado Brasileiro celebrou um acordo de solução amistosa na CIDH 
após a admissão do caso perante a Comissão e antes da deliberação final.
Neste caso, a CIDH reavivou a discussão acerca da cláusula federal, segundo a qual o Es-
tado responde, internacionalmente, pelos atos praticados pela União, Estados, municípios ou 
até mesmo particulares que atuem em nome do Estado. A referida cláusula está estampada 
no art. 28 da CADH.
Outro ponto de destaque desse caso foi a prática da Paradiplomacia, também chama-
da de cooperação descentralizada ou diplomacia federativa, segundo a qual outro ente, que 
não o Ministério das Relações Internacionais, participa das negociações internacionais. Nes-
te caso, houve autorização presidencial para que o Estado do Maranhão negociasse com a 
CIDH. Cumpre reforçar que a Paradiplomacia não figura como uma prática comum.
Questão 2 (FCC/DPE-AP/DEFENSOR PÚBLICO/2018) O Estado brasileiro, de forma inédita, 
celebrou uma solução amistosa perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, 
após a sua admissibilidade e antes da deliberação final, no Caso
a) Meninos Emasculados do Maranhão vs. Brasil.
b) Simone André Diniz vs. Brasil.
c) José Pereira vs. Brasil.
d) Maria da Penha Maia Fernandes vs. Brasil.
e) Jailton Neri da Fonseca vs. Brasil.
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Letra a.
Vamos fazer uma análise rápida de cada um desses casos, que foram analisados pela CIDH.
a) Certo. MENINOS EMASCULADOS DO MARANHÃO: foi a primeira vez que o Estado brasileiro 
celebrou uma solução amistosa na Comissão IDH após a admissibilidade do caso e antes da 
deliberação final.
b) Errado. SIMONE ANDRÉ DINIZ. Síntese do caso: uma moça negra se ofereceu para uma 
vaga de emprego anunciada nos classificados do jornal “A Folha de SP”. No anúncio, havia 
a indicação que a interessada deveria ser branca. Assim, Simone foi rejeitada por causa de 
sua cor de pele. Nesse caso, não houve acordo de solução amistosa, o Brasil foi considerado 
culpado por violação de direitos humanos.
c) Errado. JOSÉ PEREIRA: foi a primeira solução amistosa do Brasil perante a Comissão IDH 
após o relatório de mérito.
d) Errado. MARIA DA PENHA: foi a primeira vez que a Comissão IDH aplicou a Convenção de 
Belém do Pará. Não houve acordo de solução amistosa.
e) Errado. JAILTON NERI. Síntese do caso: execução do menino Jailton, de 13 anos, por poli-
ciais, durante uma incursão da polícia na favela de Ramos, RJ. Esse caso foi o primeiro caso 
brasileiro sobre violação do direito à audiência de custódia. Não houve acordo de solução 
amistosa.
Questão 3 (FCC/DPE-SP/DEFENSOR PÚBLICO/2013) Quanto ao Sistema Interamericano 
de Proteção dos Direitos Humanos, é correto afirmar:
a) O Brasil aderiu à cláusula facultativa do sistema das comunicações interestatais com pre-
visão na Convenção Americana de Direitos Humanos, reconhecendo a competência da Co-
missão Interamericana de Direitos Humanos para receber e examinar comunicações em que 
um Estado alega que outro tenha cometido violação a direito previsto na referida Convenção.
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b) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no caso dos presos sem acusação e 
sem julgamento de Guantánamo, constatou a existência de violações a direitos humanos por 
parte dos Estados Unidos da América e elaborou um relatório com recomendações, mas não 
adotou medidas cautelares, visto que as consequências de encaminhamento à Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos, em caso de descumprimento dessas medidas, não poderiam 
ser aplicadas ao referido Estado por não reconhecer a jurisdição obrigatória da Corte.
c) Apesar de a Comissão Interamericana de Direitos Humanos ser uma relevante instância in-
ternacional competente para examinar comunicações ou petições individuais que denunciem 
violações a direitos assegurados na Convenção Americana de Direitos Humanos ou nos tra-
tados do sistema interamericano, a sua utilização ainda é incipiente na experiência da litigân-
cia internacional brasileira, sendo mais comum o acionamento dos treaty bodies do sistema 
global de proteção dos direitos humanos.
d) A Comissão Interamericana de Direitos Humanos utiliza-se frequentemente das visitas e 
inspeções in loco, porém o Brasil, ao depositar a carta de adesão à Convenção Americana, fez 
uma declaração interpretativa no sentido de não reconhecer um direito automático dessas 
visitas e inspeções, dependendo de anuência expressa do Estado.
e) A demanda perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos pode ser resolvida por 
meio de solução amistosa entre a vítima e o Estado infrator, como ocorreu no Caso Damião 
Ximenes Lopes e no Caso dos Meninos Emasculados, ambos tendo o Brasil como infrator.
Letra d.
a) Errado. O Brasil não aderiu à cláusula facultativa do sistema de petições interestatais.
b) Errado. Questão interessantíssima! Sabemos que a CIDH tem papel dúplice, atuando tan-
to perante os Estados signatários da OEA quanto perante os Estados signatários da CADH. 
Quando atua perante os Estados signatários somente da OEA, o seu documento de regência 
é a Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem (DADDH) e não a Convenção 
Americana de Direitos Humanos (CADH), também chamada de Pacto de San José da Costa 
Rica, já que o Estado não aderiu à CADH. No caso específico de Guantánamo, a CIDH elabo-
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rou relatório, publicou no Informe Anual da OEA, além de ter expedido medidas cautelares e 
solicitado visitas à prisão. Todas as iniciativas da CIDH não foram atendidas. No governo do 
ex-presidente Barack Obama houve a notícia do fechamento da prisão de Guantánamo, que 
não ocorreu a presente data, em março de 20202. Assim, o erro da questão está na indicação 
de que não houve concessão de medidas cautelares. O artigo 25, lido com o art. 1 do Regula-
mento da CIDH, prevê a possibilidade de concessão de medida cautelar em desfavor de Esta-
dosda OEA. O fato de os EUA não terem aderido à CADH e não reconhecerem a jurisdição da 
Corte IDH não impede a concessão de medida cautelar pela CIDH.
c) Errado. Primeiro, você precisa saber que treaty bodies são mecanismos de proteção de di-
reitos humanos, normalmente os Comitês são chamados de treaty bodies. Assim, é errado o 
trecho que indica que o acionamento da CIDH é incipiente, sendo mais comum o acionamento 
de mecanismos de proteção do sistema global. O acionamento dos mecanismos de proteção 
(treaty bodies) do sistema global é bem menor que o acionamento dos casos perante a CIDH, 
órgão do Sistema Interamericano de proteção.
d) Certo. Ao depositar a carta de adesão à CADH, em 25 de setembro de 1992, o Governo bra-
sileiro fez a seguinte declaração interpretativa: “O Governo do Brasil entende que os arts. 43 
e 48, alínea d, não incluem o direito automático de visitas e inspeções in loco da Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos, as quais dependerão da anuência expressa [ou convite] 
do Estado”.
e) Errado. No caso Damião Ximenes Lopes não houve acordo de solução amistosa, mas con-
denação do Estado Brasileiro.
2 Resolução 2/11 da CIDH: Sobre a Situação dos Detentos da Baía de Guantánamo, Estados Unidos; Medida Cautelar 259-
02, 22 de julho de 2011: “En conclusión, la falta de cumplimiento de Estados Unidos con las medidas cautelares dictadas 
por la Comisión ha ocasionado un daño irreparable a los derechos fundamentales de los detenidos en la Bahía de Guan-
tánamo, tal como la Comisión lo ha indicado en ocasiones previas. El Estado ha reconocido que los detenidos tienen el 
derecho a que los tribunales revisen las razones por las cuales se los mantiene en detención; sin embargo, los tribunales 
estadounidenses parecen diferir consistentemente al Poder Ejecutivo de manera que este derecho se vuelve ilusorio. La 
Comisión nuevamente insta a Estados Unidos cerrar las instalaciones de la Bahía de Guantánamo sin demora y disponer 
el procesamiento o la liberación de los detenidos. Los juicios deberían llevarse a cabo de manera expedita, respetando los 
derechos de los procesados a debido proceso y a las garantías judiciales. La Comisión además insta a Estados Unidos 
revelar la identidad de los detenidos cuyos traslados se han aprobado y asegurar de que éstos y todos los detenidos en 
la misma situación tengan acceso a una revisión adecuada e individualizada de los hechos que fundamenten su traslado 
a un país específico por parte de un órgano independiente e imparcial. Finalmente, la Comisión considera fundamental 
que Estados Unidos permita que visite las instalaciones de detención en la Bahía de Guantánamo y que pueda entrevistar 
libremente a cualquier persona que se encuentra detenida.”
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4.4. cAso simone AnDré Diniz vs. brAsil (2006)
Em 2/3/1997, Aparecida Gisele Mota da Silva publicou, no jornal “A Folha de São Paulo”, 
um anúncio de contratação de empregada doméstica branca. Simone André Diniz, uma moça 
negra, se ofereceu para a vaga, tendo sido rejeitada por causa de sua cor de pele. Sentindo-se 
discriminada, Simone apresentou notitia criminis, tendo sido instaurado inquérito para apu-
ração do crime de racismo. Contudo, o Ministério Público oficiou pelo arquivamento do feito, 
o que foi homologado pelo Judiciário.
Nesse caso, não houve acordo de solução amistosa, o Brasil foi considerado culpado por 
violação na condução dos recursos internos para apurar a discriminação racial.
Foi a 1ª vez em que um país membro da OEA foi responsabilizado na Comissão IDH por 
racismo. O caso tornou-se paradigma do denominado “RACISMO INSTITUCIONAL”, entendido 
como ato racista praticado ou não punido por autoridades estatais3.
3 Recomendações da CIDH no Caso Simone André Diniz:
“1. Reparar plenamente a vítima Simone André Diniz, considerando tanto o aspecto moral como o material, pelas violações 
de direitos humanos determinadas no relatório de mérito e, em especial; 2. Reconhecer publicamente a responsabilidade 
internacional por violação dos direitos humanos de Simone André Diniz; 3. Conceder apoio financeiro à vítima para que 
esta possa iniciar e concluir curso superior; 4. Estabelecer um valor pecuniário a ser pago à vítima à título de indeni-
zação por danos morais; 5. Realizar as modificações legislativas e administrativas necessárias para que a legislação 
anti-racismo seja efetiva, com o fim de sanar os obstáculos demonstrados nos parágrafos 78 e 94 do presente relatório; 
6. Realizar uma investigação completa, imparcial e efetiva dos fatos, com o objetivo de estabelecer e sancionar a res-
ponsabilidade a respeito dos fatos relacionados com a discriminação racial sofrida por Simone André Diniz; 7. Adotar 
e instrumentalizar medidas de educação dos funcionários de justiça e da polícia a fim de evitar ações que impliquem 
discriminação nas investigações, no processo ou na condenação civil ou penal das denúncias de discriminação racial e 
racismo; 8. Promover um encontro com organismos representantes da imprensa brasileira, com a participação dos peti-
cionários, com o fim de elaborar um compromisso para evitar a publicidade de denúncias de cunho racista, tudo de acordo 
com a Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão; 9. Organizar Seminários estaduais com representantes 
do Poder Judiciário, Ministério Público e Secretarias de Segurança Pública locais com o objetivo de fortalecer a proteção 
contra a discriminação racial e o racismo; 10. Solicitar aos governos estaduais a criação de delegacias especializadas na 
investigação de crimes de racismo e discriminação racial; 11. Solicitar aos Ministérios Públicos Estaduais a criação de 
Promotorias Públicas Estaduais Especializadas no combate ao racismo e a discriminação racial;12. Promover campanhas 
publicitárias contra a discriminação racial e o racismo.”
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4.5. cAso comuniDADes inDígenAs DA bAciA Do rio Xingu vs. brAsil 
(cAso belo monte) (2011)
O projeto envolvendo a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, na Bacia do Rio 
Xingu, no Pará, data de 1975. Trata-se de uma obra de grande complexidade, que gera enorme 
impacto ambiental e grande prejuízo às comunidades indígenas ribeirinhas. Em 2011, a CIDH 
concedeu medida cautelar determinando a suspensão do processo de licenciamento da usi-
na, de modo a impedir qualquer obra de execução. A CIDH determinou também que fosse 
assegurado o direito de consulta às comunidades. Entretanto, o governo brasileiro se negou 
a cumprir a determinação, sob o argumento que as medidas cautelares da CIDH não seriam 
dotadas de força vinculante. Assim, a CIDH alterou a medida cautelar para não impedir o li-
cenciamento de Belo Monte, mas para indicar medidas para proteger as comunidades4.
A doutrina indica que teria ocorrido, no caso de Belo Monte, um esverdeamento ou “gre-
ening”, já que haveria a proteção (indireta) de direitos ambientais a partir do manejo de fer-
ramentas do sistema interamericano que foram construídas originalmente para tratar de 
violações de direitos civis e políticos. Por isso, a doutrina indica que teria havido um “esver-
deamento do direito à vida e à integridade física das comunidades indígenas”.
4 A primeira medida cautelar (também de n. 382/10), data de 1/4/2011). A medida cautelar n. 382/10, revista em 11 de 
julho de 2010, orientou que o Brasil: “1) Adote medidas para proteger a vida, a saúde e integridade pessoal dos membros 
das comunidades indígenas em situação de isolamento voluntario da bacia do Xingu, e da integridade cultural de men-
cionadas comunidades, que incluam ações efetivas de implementação e execução das medidas jurídico-formais já exis-
tentes, assim como o desenho eimplementação de medidas especificas de mitigação dos efeitos que terá a construção 
da represa Belo Monte sobre o território e a vida destas comunidades em isolamento; 2) Adote medidas para proteger a 
saúde dos membros das comunidades indígenas da bacia do Xingu afetadas pelo projeto Belo Monte, que incluam (a) a 
finalização e implementação aceleradas do Programa Integrado de Saúde Indígena para a região da UHE Belo Monte, e (b) 
o desenho e implementação efetivos dos planos e programas especificamente requeridos pela FUNAI no Parecer Técnico 
21/09, recém enunciados; e 3) Garantisse a rápida finalização dos processos de regularização das terras ancestrais dos 
povos indígenas na bacia do Xingu que estão pendentes, e adote medidas efetivas para a proteção de mencionados ter-
ritórios ancestrais ante apropriação ilegítima e ocupação por não- indígenas, e frente a exploração ou o deterioramento 
de seus recursos naturais. Adicionalmente, a CIDH decidiu que o debate entre as partes no que se refere a consulta previa 
e ao consentimento informado em relação ao projeto Belo Monte se transformou em uma discussão sobre o mérito do 
assunto que transcende o âmbito do procedimento de medidas cautelares.
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Questão 4 (FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO/2013) A outorga de medida cautelar a favor 
dos membros das comunidades indígenas da bacia do Rio Xingu, relativa à usina hidroelétrica 
Belo Monte, no Estado do Pará (Brasil), foi expedida pela
a) Corte Interamericana de Direitos Humanos e determinou a paralisação das obras da usi-
na até que as comunidades indígenas beneficiárias tivessem acesso ao Estudo de Impacto 
Social e Ambiental do projeto, em um formato acessível, incluindo a tradução aos idiomas 
indígenas respectivos.
b) Comissão Interamericana de Direitos Humanos e solicitou a adoção de medidas para pro-
teger a vida, a saúde e integridade pessoal dos membros das comunidades indígenas em 
situação de isolamento voluntário.
c) Corte Interamericana de Direitos Humanos e solicitou a rápida finalização dos processos 
de regularização das terras ancestrais dos povos indígenas que estão pendentes, e a adoção 
de medidas efetivas para a proteção de mencionados territórios ancestrais.
d) Comissão Interamericana de Direitos Humanos e referendada pela Corte Interamericana 
de Direitos Humanos, determinando o reassentamento das populações indígenas em área 
equivalente à atingida pelas obras.
e) Comissão Interamericana de Direitos Humanos e determinou realização de processos de 
consulta, em cumprimento das obrigações internacionais do Brasil, com o objetivo de chegar 
a um acordo em relação a cada uma das comunidades indígenas afetadas pelas obras.
Letra b.
a) Errado. Estaria certa se tivesse indicado a CIDH, em vez da Corte IDH e se tivesse indicado 
que se tratava da primeira cautelar. Na primeira medida cautelar, a CIDH determinou a para-
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lisação e o acesso das comunidades indígenas a um Estudo de Impacto Social e Ambiental 
do projeto, em um formato acessível, incluindo a tradução aos idiomas indígenas respectivos.
b) Certo. Foi uma das três orientações expedidas na segunda medida cautelar da CIDH.
c) Errado. Estaria certa se indicasse CIDH, em vez de Corte IDH.
d) Errado. Não houve “referendo” pela Corte IDH.
e) Errado. Este era um dos tópicos da medida cautelar original. A segunda medida cautelar da 
CIDH decidiu que:
O debate entre as partes no que se refere a consulta prévia e ao consentimento informado em 
relação ao projeto Belo Monte se transformou em uma discussão sobre o mérito do assunto que 
transcende o âmbito do procedimento de medidas cautelares
4.6. cAso José pereirA vs. BrAsil (2013)
Consoante petição apresentada por ONGs, o trabalhador rural José Pereira restou grave-
mente ferido e outro foi morto após escapar de uma fazenda no sul do Pará, onde trabalhava 
em condições análogas a de escravo. O Estado Brasileiro foi ineficiente na investigação dos 
processos que tratavam sobre assassinatos e exploração de trabalhadores rurais.
Neste caso, houve uma solução amistosa entre os peticionários e o Brasil, que reconhe-
ceu sua responsabilidade internacional e se submeteu a uma série de compromissos, dentre 
os quais o de garantir a competência federal para o julgamento do crime de redução à condi-
ção análoga de escravo. O acordo de solução amistosa data de 24/10/2013.
Observe, entretanto, que a despeito da assunção de compromissos pelo Brasil, isso não 
impediu a condenação brasileira no caso dos Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Bra-
sil em virtude de fatos que ocorreram na mesma região e no mesmo período, final da década 
de 80.
5. medidAs cAutelAres
As medidas cautelares (no âmbito da CIDH) e as medidas provisórias (no âmbito da Corte 
IDH) atuam numa dimensão pré-violatória. Assim, tanto a Comissão Interamericana de Direi-
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tos Humanos (CIDH) quanto a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) podem 
expedir medidas de urgência, havendo, porém, algumas diferenças que devem ser ressaltadas.
Consoante dispõe o art. 25.1 do Regulamento da CIDH, em situações de gravidade e ur-
gência a Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedido da parte, solicitar que um Estado 
adote medidas cautelares para prevenir danos irreparáveis às pessoas ou ao objeto do pro-
cesso relativo a uma petição ou caso pendente.
Em situações de gravidade e urgência a Comissão poderá, por iniciativa própria ou a pedi-
do da parte, solicitar que um Estado adote medidas cautelares para prevenir danos irrepará-
veis a pessoas que se encontrem sob sua jurisdição, independentemente de qualquer petição 
ou caso pendente.
As medidas cautelares poderão ser de natureza coletiva a fim de prevenir um dano irrepa-
rável às pessoas em virtude do seu vínculo com uma organização, grupo ou comunidade de 
pessoas determinadas ou determináveis.
A Comissão considerará a gravidade e urgência da situação, seu contexto, e a iminência 
do dano em questão ao decidir sobre se corresponde solicitar a um Estado a adoção de me-
didas cautelares.
A Comissão também levará em conta:
• se a situação de risco foi denunciada perante as autoridades competentes ou os moti-
vos pelos quais isto não pode ser feito;
• a identificação individual dos potenciais beneficiários das medidas cautelares ou a de-
terminação do grupo ao qual pertencem;
• a explícita concordância dos potenciais beneficiários quando o pedido for apresentado 
a Comissão por terceiros, exceto em situações nas quais a ausência do consentimento 
esteja justificada.
Antes de solicitar medidas cautelares, a Comissão pedirá ao respectivo Estado informa-
ções relevantes, a menos que a urgência da situação justifique a concessão imediata das me-
didas. A Comissão avaliará periodicamente a pertinência de manter a vigência das medidas 
cautelares outorgadas.
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Em qualquer momento, o Estado poderá apresentar um pedido devidamente fundamenta-
do a fim de que a Comissão faça cessar os efeitos do pedido de adoção de medidas cautela-
res. A Comissão solicitará observações aos beneficiários ou aos seus representantes antes 
de decidir sobre o pedido do Estado. A apresentação de tal pedido não suspenderá a vigência 
das medidas cautelares outorgadas.
A Comissão poderá requerer às partes interessadas informações relevantes sobre qual-
quer assunto relativo à concessão, ao cumprimento e à vigência das medidas cautelares.

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